UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quinta-feira, 28 de novembro de 2024
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Educação pública vai mal e professores vão à luta

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A situação que atravessa a educação brasileira não é novidade para ninguém. Violência física e verbal contra professores, funcionários das escolas e estudantes; baixos salários, jornadas extensas de trabalho; superlotação de salas de aula; falta de material pedagógico; autoritarismo de algumas direções; inexistência de planos de carreira e de concursos públicos; grades e mais grades, que fazem das escolas não espaços agradáveis e que favoreçam a aprendizagem, mas espaços que mais se parecem com prisões. Estes são alguns dos problemas que enfrenta a escola pública atualmente.

Para que se possa educar com qualidade, o professor precisa conhecer sua turma, conhecer os estudantes, planejar aulas que façam parte da realidade com a qual trabalha. Além disso, a escola precisa oferecer uma série de materiais pedagógicos para que isso se torne possível: computadores, acesso à internet, som, projetor etc. No entanto, isto é um sonho distante para a maioria das escolas e educadores brasileiros.

Além de uma rotina estressante, o fato de muitas vezes não conseguir ensinar, devido à enorme precarização do seu trabalho, causa uma profunda frustração neste profissional. Este se formou para educar, para ensinar e, quando não consegue realizar o que seria sua tarefa principal, adoece. No Estado de São Paulo, segundo pesquisa realizada pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo), todos os dias, cerca de 20 professores se afastam do trabalho devido a doenças adquiridas, causadas principalmente pelas jornadas extensas, barulho e frustração. Doenças como depressão, estresse, síndrome do pânico e de burnout atingem um número cada vez maior de professores. Ainda segundo a Apeoesp, 46% dos professores paulistas sofrem de estresse; e, no Espírito Santo, de acordo com o     Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes), até outubro cerca de 700 professores haviam se licenciado devido a problemas de saúde.

Ao mesmo tempo, a iniciativa privada invade as escolas públicas, transvertidas de “parceiros da educação”. ONGs como os Amigos da Escola e Todos pela Educação são alguns dos exemplos. Bancos, grandes indústrias e construtoras estão entre os patrocinadores como, por exemplo, Santander, DPaschoal, Unibanco, HSBC, Camargo Correa, Odebrecht, Itaú Social, Gerdau, Fundações Bradesco, Suzano papel e celulose.

É uma estranha lógica: o Estado paga a essas empresas os juros e as tais amortizações de dívida, enquanto eles “investem” em educação e são agraciados com as isenções de impostos. O dinheiro público investido em iniciativa privada e a iniciativa privada “ajudando” as escolas que sofrem com falta de investimento público.

Este ano, a União deixará de arrecadar R$ 116,1 bilhões isentando ou reduzindo tributos de empresas. Tamanha generosidade do governo representa mais que o dobro do orçamento do Ministério da Educação. Ora, a educação é um direito previsto na Constituição. Esta deve ser, portanto, uma obrigação do Estado. Isso significa que a riqueza produzida pelos trabalhadores brasileiros faz bancos e capitalistas enriquecerem cada dia mais, enquanto seus filhos e filhas e seus educadores amargam uma triste realidade escolar.

Mas por que as coisas são assim?

Investir em educação não parece ser, como mostram os dados, interesse do Estado. Como bem escreveu Lênin, no livro O Estado e a Revolução, o Estado é o aparelho de dominação de uma classe sobre a outra. Desta maneira, vivendo sob o capitalismo, o Estado é o aparelho de dominação da burguesia sobre os trabalhadores. A burguesia utiliza-se das mais variadas formas de oprimir e explorar os trabalhadores para conseguir se manter no poder e uma dessas formas é o que faz com a educação pública.

Uma juventude que receba uma educação de qualidade, na qual aprenda a pensar criticamente, a questionar a situação na qual vive, não é o interesse dos patrões. Imaginem se todos os trabalhadores se dessem conta de que, enquanto recebem míseros salários, seus patrões enriquecem às suas custas? Imaginem se os jovens aprendessem na escola toda a história de luta de nosso povo contra as injustiças; toda a história de luta da juventude?  Por isso não é natural encontrarmos a educação nesta situação. É intencional privilegiar o interesse de meia dúzia de capitalistas e reservar pouquíssimo do orçamento público para a educação. É intencional que tenhamos milhares de analfabetos e jovens abandonado os bancos escolares.

A Lei do Piso

A lei do piso – Lei nº 11.738 – foi aprovada em 2008, devendo entrar em vigor em janeiro de 2009. Tem vigência nacional, ou seja, deve ser cumprida por todos os Estados brasileiros. Ela prevê um piso salarial mínimo de R$ 1.187 aos professores da educação básica pública para 40 horas semanais, reajustáveis anualmente, e determina que ao menos 33% de sua jornada seja cumprida em atividades extraclasse. Este tempo fora da sala de aula deve ser destinado ao preparo de aulas, correção de provas e trabalhos e à formação do profissional.

A lei, no entanto, passou por alguns percalços. Apenas em abril deste ano a Suprema Corte julgou constitucional o dispositivo que vincula o piso aos vencimentos iniciais da carreira docente.  Entre 30 de abril de 2009 e 24 de agosto de 2011 esteve suspensa por decisão do Supremo Tribunal Federal, sendo questionada a jornada extraclasse e, a partir da última data, a validou em definitivo, reconhecendo que “é constitucional a norma geral federal que reserva o percentual mínimo de 1/3 da carga horária dos docentes da educação básica para dedicação às atividades extraclasse”.

Lei efetiva é lei que se cumpre. Porém, segundo pesquisa realizada pela Folha de S.Paulo  (em 16 de novembro de 2011), a lei nacional do piso do magistério não é cumprida em pelo menos 17 Estados. Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pará e Bahia são os campeões em não cumprimento da lei: os salários dos docentes estão abaixo do estipulado e sua jornada extraclasse é menor do que a que a lei determina. Segundo a Unesco, os professores brasileiros têm o pior salário, quando comparado a 32 países de economia comparável à do Brasil.

A resposta dos professores

Milhares de professores, trabalhadores de escolas e estudantes foram às ruas este ano protestar contra essa situação, dando uma verdadeira aula a todos aqueles que dizem que nosso povo é acomodado. Suas salas de aulas foram transferidas para as avenidas de mais de uma dezena de capitais brasileiras e não apenas os estudantes, mas todos os trabalhadores brasileiros puderam aprender a lição que tinham para ensinar: a educação pública está mal e somente a luta pode salvá-la. Essa lição foi ensinada sem giz e com muita combatividade.

Os Estados do Ceará, Goiás, Bahia, Espírito Santo, Sergipe, Santa Catarina, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Paraná, Rio de Janeiro, Amapá e Pará realizaram greves em 2011. Isso sem falar nas inúmeras paralisações e manifestações não apenas nestes, mas em praticamente todos os Estados brasileiros. A bandeira comum foi a implementação da lei do piso e condições dignas de trabalho. Reivindicavam a implementação da lei, simplesmente isto. Enfrentaram tropa de choque, as difamações da grande mídia burguesa, a truculência dos governos estaduais e punições das mais diversas simplesmente porque exigiram que uma lei fosse cumprida.

No Ceará, onde um professor de nível médio tem salário-base de R$ 739,84 por uma jornada de 40 horas semanais, a greve durou 63 dias apesar da forte repressão do batalhão de choque aos professores. No Rio Grande do Norte, os professores após uma grande luta conquistaram 34% de reajuste salarial.

Os professores mineiros ficaram 112 dias de braços cruzados. Realizaram passeatas e greve de fome.  Seu salário estava abaixo do piso e o governo também não tinha demonstrado a intenção de cumprir a parte da lei do piso referente à jornada de trabalho. O governador Anastasia negou-se a negociar com os grevistas e financiou com dinheiro público propaganda na televisão contra a greve e contra os professores.

Professores cariocas, em uma greve que durou dois meses, também realizaram passeatas e um acampamento em frente à Assembleia Legislativa. Ao final, algumas conquistas importantes foram alcançadas, como o descongelamento do Plano de Carreira dos Funcionários Administrativos, embora o reajuste para os professores tenha sido de apenas 5%.

No Pará, a Secretaria de Educação contratou professores em regime temporário para furar a greve. Esta greve, como tantas outras, foi considerada abusiva pela justiça, que também estabeleceu multa para o sindicato.

Em Mato Grosso, mais de 50% da categoria possui contrato temporário. No Rio Grande do Norte, antes da greve os professores recebiam R$ 664,33 por uma jornada de 30 horas semanais, segundo dados do próprio governo.

Em Santa Catarina o piso salarial dos professores de nível médio era de R$ 609,46 e de R$ 993,12 para professores de nível superior, segundo dados informados pela Secretaria de Educação deste Estado, para uma jornada de 40 horas semanais.

No Espírito Santo, além dos professores da educação básica, educadores do Instituto Federal cruzaram os braços com apoio dos estudantes, e, em São Paulo, os trabalhadores do Centro Paula Souza também ficaram um mês em greve.

Educação pública e gratuita

A lei do piso, embora não resolva o problema da educação pública brasileira, se aplicada ajudaria a minorar o caos da educação, pois elevaria os salários dos professores.

A educação pública precisa de mais investimentos. Portanto, apenas dizer que se defende 10% do PIB para educação não ajuda. É preciso que se mostre de onde esses recursos devem ser retirados. Ou seja, da enorme fatia que vai para o pagamento da dívida pública, para o pagamento de juros a bancos e grandes empresas. Segundo a Auditoria Cidadã da Dívida, em 2010, enquanto 44,93% do PIB brasileiro foi utilizado para o pagamento de juros, amortizações e refinanciamento da dívida pública, apenas 2,89% foram destinados à educação. Em 2011, o Orçamento-Geral da União foi de R$ 1, 4 trilhão e, no entanto, o investimento em educação não aumentou.

Além disso, os professores, todos os trabalhadores da escola, comunidade e os estudantes são quem devem decidir como a escola deve ser. Como querem aprender e o que necessitam aprender e ensinar.

Por tudo o que foi dito a luta não é e não pode ser apenas dos trabalhadores da educação. A luta em defesa da educação pública é a luta contra as privatizações. É a luta pelo direito à greve. É a luta pelo direito que os milhões de jovens têm de receber uma educação de qualidade e os educadores de ter condições dignas para realizar tal tarefa. É a luta em favor de que o dinheiro público, o dinheiro que é fruto da riqueza produzida por trabalhadores e trabalhadoras, seja usufruído por estes e utilizado em suas necessidades básicas, como saúde e educação.

Carolina Vigliar, São Paulo

Carnaíba: 1º lugar geral na educação em Pernambuco

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Carnaíba é um município pernambucano situado no Sertão do Pajeú, a 356 km da capital Recife, divisa Norte com o Estado da Paraíba. Com menos de 20 mil habitantes e apenas 58 anos de emancipação política, alcançou neste ano uma importante marca na área de educação: o 1º lugar no Índice de Desenvolvimento Educacional de Pernambuco (Idepe), isto porque obteve a melhor colocação entre os alunos da 5ª e 9ª séries analisados.

O Idepe de 2010, que é organizado pela Secretaria de Educação do Governo Estadual, abrangeu 5.056 escolas municipais (74% do total), totalizando 256.446 estudantes (21%). Com o resultado, as 32 escolas do município receberam laboratórios de informática, os quase 200 professores um computador com impressora e a Prefeitura um ônibus para transporte escolar.

Segundo o prefeito Anchieta Patriota, um dos motivos para o sucesso de Carnaíba na avaliação é que “temos 1,3 mil alunos hoje em tempo integral por, pelo menos, três dias na semana, o que significa um aumento de 60 horas-aulas no mês, somando, ao final do ano, 600 horas-aulas. Isso é muito importante. É o grande divisor de qualidade do ensino público”.

Além de mirar o aluno, Anchieta afirma que “também estamos investindo na formação continuada dos professores”, considerando que o bom desempenho destes profissionais é determinante para que a política educacional da Prefeitura chegue até as crianças.

Da Redação

Brigada do Jornal A Verdade no Rio de Janeiro

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Brigada do Jornal A Verdade na Central do Brasil – Rio de Janeiro, realizada no dia 16/12/2011.

MLB – PA organiza Campanha Natal Sem Fome e garante 150 cestas básicas

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Com muita agitação e puxando palavras de ordem como “com luta, com garra, a cesta sai na marra”, cerca de 90 pessoas participaram da Campanha Nacional Natal Sem Fome organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas – MLB – em Belém, no Pará.

Com o objetivo de garantir que na mesa do povo pobre tenha uma ceia neste natal, o movimento decidiu ocupar na manhã do dia 15 de dezembro a Ação Social Integrada do Governo – ASIPAG – para solicitar cestas básicas para todas as famílias cadastradas pelo movimento. Com muita disposição e consciência de que só organizados é possível garantir os seus direitos, os militantes se mantiveram firmes até serem recebidos pela presidente da ASIPAG, Sra. Rosimery Teixeira.

No final da manhã uma comissão representando o MLB foi recebida pela presidente e seus assessores. Durante a conversa foram apresentados o movimento e o objetivo da Campanha Natal Sem Fome, além de ter sido entregue um documento solicitando 150 cestas básicas. Este compromisso foi assumido por escrito pela presidente da ASIPAG.

Fernanda Lopes, MLB – PA


Campanha Natal Sem Fome

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NENHUMA SÓ PESSOA COM FOME NESTA NATAL!

O preço dos alimentos, do transporte, dos remédios, do aluguel, não para de subir.

O governo fala que a inflação está controlada, mas as suas contas nunca batem com as nossas. A verdade é que entra governo, sai governo, quem continuam rindo à toa e lucrando milhões são os ricos empresários capitalistas, que repassam todos os impostos que deveriam pagar para os preços das mercadorias que a população paga.

De fato, no Brasil, os pobres pagam mais imposto que os ricos. Entre os anos 2000 e 2006, os bancos recolheram somente R$ 51,9 bilhões de Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica, enquanto os trabalhadores pagaram R$ 233,8 bilhões.

Até quando vamos viver assim? Por mais que o trabalhador se mate trabalhando, nunca consegue melhorar de vida. Ao contrário; a vida está ficando cada vez mais difícil.

É por tudo isso que o povo não tem outra saída: ele tem que se organizar e lutar pelo fim de tantas injustiças e desigualdades.

Para denunciar as altas nos preços dos alimentos e exigir a abertura de postos de trabalho em todos as comunidades pobres do país, o MLB organizará em dezembro mais uma jornada do Natal sem fome e exploração, ocupando supermercados nas principais cidades brasileiras.

O Natal sem fome e exploração já faz parte da agenda de luta do MLB há vários anos, sempre chamando a atenção da sociedade para as contradições do sistema capitalista, numa época do ano onde se fala bastante de solidariedade e paz, mas se esquece que não pode haver paz enquanto pessoas morrem de fome nas ruas e não têm sequer os mínimos direitos sociais previstos na Lei garantidos. Participe!

Movimento de Lutas nos Bairros, Vilas e Favelas – MLB

Crise econômica leva estudantes inglesas à prostituição

Desde 2008, a economia capitalista mundial vive uma crise de trágicas consequências para os trabalhadores e a juventude. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), atualmente o número de desempregados no mundo ultrapassa 200 milhões de pessoas e mais de um bilhão de seres humanos vivem em situação de completa miséria.

Nem mesmo países ricos como a Inglaterra, que já ocupou o lugar de principal potência econômica do mundo e que há pouco tempo atrás era tida como exemplo de sociedade harmônica e de elevado bem-estar social, escapam da degeneração social fruto da crise capitalista.

Exemplo disso é o fato de que tem crescido o número de estudantes inglesas que, por não conseguirem se manter e tocar seus estudos por conta das medidas de austeridade do governo, estão recorrendo à prostituição, aos jogos de azar e a outras atividades “perigosas” para financiar a universidade, como atesta a Cooperativa Inglesa de Prostitutas (ECP, na sigla em inglês).

De acordo com a cooperativa, o número de pessoas que procurou a entidade em busca de ajuda dobrou no último ano. “O governo conhece os cortes e os programas de austeridade e a remoção dos empréstimos, ele sabe que quando remove esses recursos empurra as mulheres para a pobreza”, disse Sarah Walker, da ECP. “O modo como as mulheres sobrevivem à pobreza geralmente é a prostituição. O governo sabe disso e, francamente, não parece se importar”, completou.

No Reino Unido a juventude foi a mais atingida pela crise econômica, com o desemprego entre os jovens chegando a 1,03 milhão dos 2,64 milhões de desempregados do país, o maior índice desde 1992. Hoje, quase um em cada quatro jovens está desempregado por mais de 12 meses.

No ano passado, o governo inglês anunciou o fim da Pensão para a Educação, uma espécie de bolsa para estudantes permanecerem na escola, e aumentou as mensalidades nas universidades para 9.000 libras por ano (cerca de R$ 26 mil reais) a partir de 2012. Em consequência, estudo feito por uma universidade de Londres e publicado no ano passado mostrou que 16% dos estudantes estavam dispostos a se prostituir para pagar sua mensalidade e 11% trabalharia para agências de acompanhamento.

“’Eu não poderia ir para a universidade sem a ajuda de custo. Eu gasto com transporte um total de 70 libras por mês (cerca de R$ 200). Não tinha a quem recorrer na universidade e não queria ter de contar com a minha família. Comecei a procurar empregos, mas os horários eram incompatíveis. Muitas amigas começaram a procurar empregos e acabaram largando os estudos. Eu não queria fazer o mesmo”, afirmou uma estudante inglesa. “’Eu tinha um amigo que vinha tentando me convencer a entrar para uma agência de garotas de programa desde que eu tinha 16 anos. Ele me contava histórias sobre o quanto eu poderia ganhar, como os horários seriam flexíveis, que eu poderia escolher quem eu gostaria de encontrar, assim que os visse e com que frequência. Parecia uma opção melhor. Eu não conseguia ver nenhuma outra. Fiz isso para poder ir para a universidade, mas sou uma pessoa diferente de quando eu comecei. Perdi muito da minha auto-estima e a confiança em muitas pessoas”, completou.

De acordo com a União Nacional dos Estudantes do Reino Unido, com empregos cada vez mais escassos e o custo de vida entre os mais altos do mundo, não têm restado muitas alternativas de sobrevivência para a juventude inglesa. “Em alguns casos é a prostituição, mas também escutamos histórias de testes como cobaia em clínicas, jogos de azar… atividades perigosas, em que praticamente não há nenhum tipo de direito trabalhista”, disse Estelle Hart, da dirigente da União. “Em um ambiente econômico em que há poucos empregos, onde políticas de apoio a estudantes sofreram cortes profundos, as pessoas estão cada vez mais buscando trabalho junto à economia informal, como a indústria do sexo. São todos trabalhos perigosos e sem regulamentação, mas que permitem que elas permaneçam estudando”, afirmou Hart.

Da Redação

Fortaleza registra 42 casos de agressão à mulher por dia

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Uma mulher vivia com o marido há 22 anos. Ela é mãe, batalhadora, universitária, queria um futuro melhor para ela e para os filhos. Mas o crescimento profissional da esposa despertou o ciúme do homem. Ele começou com agressões verbais e, da última vez, passou de qualquer limite. Desferiu 22 golpes de faca pelo corpo inteiro da mulher.
Mulher agredida e morta pelo marido

Após 5 anos da aprovação da Lei Maria da Penha, as mulheres continuam sendo agredidas diariamente. Somente em Fortaleza, capital do Ceará, de janeiro de 2009 a outubro de 2011 foram registrados 20.728 casos de agressões. Em 2011, a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) já registrou 8.909 boletins de ocorrência. Em apenas um dia do mês de novembro, foram registrados 42 casos. Do total de mulheres agredidas em Fortaleza, 23%, isto é, 1.451 mulheres são de uma mesma região (Regional V). E os municípios onde houveram os maiores números de mulheres agredidas no estado são: Itapajé, Assaré e Barbalha. Em conseqüência, o Ceará é o terceiro estado do Nordeste em registros de homicídios de mulheres.

Vale ressaltar que em 94,44% dos casos o agressor é um homem, o que demonstra o sentimento de posse existente nas maiorias das relações, onde a mulher é vista como propriedade privada, lembrando muitas vezes a mesma relação de opressão existente na época da escravidão, onde o senhor de escravos podia espancar, torturar ou até mesmo matar.

Outro dado alarmante é o numero de mulheres que solicitaram abrigo na Delegacia de Defesa da Mulher: 3.115 medidas foram requeridas somente este ano. Em Fortaleza, atualmente, só existe um abrigo para mulheres agredidas, o que acaba se tornando outro problema, isto é, a falta de políticas públicas específicas para o apoio e o combate à violência contra as mulheres.

O dia 25 de novembro ficou conhecido como o Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher em homenagem às irmãs Mirabal (Minerva, Patria, Maria Teresa e Dede Mirabal) assassinadas de forma brutal por lutarem contra a ditadura em seu país (República Dominicana) contra o machismo e pelo socialismo. Dessa forma, cabe ao movimento de mulheres  seguir o exemplo de luta das irmãs Mirabal por uma sociedade sem qualquer tipo de opressão ou violência, bem como a realização de lutas e mobilizações não só em novembro, mas até a conquista dessa sociedade tão sonhada, a sociedade socialista.

Paula Colares, Movimento de Mulheres Olga Benário do Ceará

Shostakovich, Prokofiev e a música erudita na União Soviética

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ShostakovichDois dos maiores nomes da música erudita mundial do século XX tiveram sua projeção na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), e mais especificamente, na URSS do período de Stalin: Dmitri Shostakovich e Serguei Prokofiev.

Dmitri Dmitriyevich Shostakovich (25/09/1906 – 09/08/1975), de nacionalidade russa, é responsável por uma das mais belas sinfonias de todos os tempos: a Sinfonia Nº 7, também chamada Leningrado. Esta sinfonia começou a ser composta em julho de 1941, quando a cidade de Leningrado era cercada pelos nazistas. Ele e sua família foram evacuados a tempo pelo Exército Vermelho, permitindo assim que ele finalizasse sua grandiosa obra ainda em dezembro daquele ano. Richard Whitehouse, crítico de música e autor de vários libretos para a gravadora Naxos, afirmou que poucas sinfonias desde a 5ª Sinfonia de Beethoven tem atraído tanta especulação extramusical como a 7ª Sinfonia de Shostakovich.

No momento da estreia da obra, que foi transmitida ao vivo por toda a URSS em março de 1942, Shostakovich se dirigiu ao público com as seguintes palavras: “…o artista soviético nunca ficará à margem do confronto histórico que ocorre neste momento entre a razão e o obscurantismo, entre a cultura e a barbárie, entre a luz e as trevas… Eu dedico minha Sétima Sinfonia à nossa luta contra o fascismo, à nossa iminente vitória sobre o inimigo, à minha cidade nativa, Leningrado.”

Destacam-se também na obra de Shostakovich sua terceira sinfonia, chamada O Primeiro de Maio, a 5ª Sinfonia, que em sua estreia foi ovacionada por mais de meia hora, e a trilha sonora do grande épico A queda de Berlim* (1949), do diretor Mikhail Chiaureli.

Cartaz anuncia a 7ª Sinfonia de Shostakovich na URSS
Cartaz anuncia a 7ª Sinfonia de Shostakovich na URSS

Serguei Sergueievitch Prokofiev (23/04/1891 – 05/03/1953), nascido na Ucrânia, tentou carreira em alguns países da Europa e nos EUA antes de se consagrar definitivamente na URSS. Ao deixar o país, em 1918, afirmou que os motivos eram estritamente musicais, não políticos. Lunacharsky, na época Comissário do Povo para a Educação, lhe disse: “Você é um revolucionário na música, nós somos revolucionários na vida. Temos que trabalhar juntos. Mas se você quer ir para a América não ficarei em seu caminho.”

Mas as coisas não correram bem na terra do Tio Sam. Diversos problemas dificultaram a estreia de sua ópera O Amor das Três Laranjas, para a qual havia conseguido um financiamento. Em dificuldades financeiras, deixou os EUA e foi para a França, retomando alguns projetos inacabados. Aos poucos conseguiu se estabelecer e fez algumas turnês pela Europa. Em 1927, a convite do governo soviético, fez uma bem-sucedida turnê também pela URSS.

Leia também: Encontrada ópera inédita de Shostakovich

Alguns anos mais tarde, em 1935, Prokofiev volta de forma definitiva para a URSS. Entre outras grandes composições deste novo período podemos citar a Sinfonia Nº 5 (composta ainda durante a guerra, em 1944), as trilhas para os filmes Alexander Nevsky e Ivan, o Terrível (ambos de Eisenstein), os balés Romeu e Julieta e Cinderela, a ópera Guerra e Paz e o conto Pedro e o Lobo, uma composição para ensinar as crianças soviéticas sobre os instrumentos da orquestra.

Pedro e o lobo

Esta última, a propósito, foi uma obra de grande reconhecimento mundial. A própria Walt Disney lançou uma versão desta obra em desenho animado, sendo seguida por diversas outras produtoras no decorrer do século XX e início do século XXI. Mais recentemente, no ano de 2008, o vocalista da banda U2, Bono Vox, lançou um livro chamado Pedro e o lobo, baseado na obra homônima de Prokofiev, contendo ilustrações da história feitas por ele mesmo e por suas duas filhas. No Brasil esta obra já foi gravada com as narrações de Rita Lee e Roberto Carlos, além de até hoje ser apresentada em eventos que vão desde festivais em jardins de infância até produções profissionais com orquestra, como a que aconteceu em 2008, em São Paulo, com a participação da atriz Giulia Gam.

Serguei ProkofievUma curiosidade sobre Prokofiev é que ele morreu exatamente no mesmo dia que Stalin: em 05 de março de 1953, aproximadamente uma hora antes do grande líder bolchevique. Conta-se que como ele morava próximo à Praça Vermelha foi muito difícil conseguir remover seu corpo de sua casa, devido ao grande afluxo de pessoas no local por conta da morte do fiel discípulo de Lenin.

Não podendo negar que dois dos maiores gênios da música erudita do século XX são soviéticos, e que produziram belíssimas obras justamente no período de Stalin, a crítica anticomunista espalhou muitos mitos sobre uma suposta relação conflituosa entre os compositores e o governo. Tentam, dessa forma, efetuar uma leitura desses grandes compositores à sua própria imagem e semelhança reacionária.

Mas contra fatos não há argumentos: se é verdade que algumas de suas obras não foram bem recebidas pela crítica especializada da época – o que é muito natural e acontece, num momento ou outro, com qualquer artista em qualquer parte do mundo -, basta mencionar alguns dos vários prêmios que estes receberam no período de Stalin a fim de mostrar que, na prática, o que realmente havia era uma grande abertura às suas composições, muitas das quais receberam o reconhecimento máximo então existente na URSS.

Shostakovic recebeu o prestigioso Prêmio Stalin por diversas vezes: 1941, 1942, 1946, 1948, 1949 (3 vezes neste ano), 1950 e 1952. Em 1940 ele recebeu o Prêmio da Ordem da Bandeira Vermelha do Trabalho, e em 1946 o Prêmio da Ordem de Lenin. Recebeu ainda o prêmio de Artista do Povo da URSS, em 1948.

Prokofiev foi reconhecido com o Prêmio Stalin nos anos 1943, 1946 (3 prêmios neste ano), 1947 e 1951. Recebeu também o Prêmio de Artista do Povo da URSS, em 1947, e o Prêmio da Ordem da Bandeira Vermelha do Trabalho em 1943.

A obra destes compositores continua sendo apreciada em todo o mundo. A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, por exemplo, executou a Sinfonia nº 6 de Prokofiev no último dia 22 de novembro, juntamente com outras peças de Mozart. Para o ano de 2012 já estão programadas execuções de obras de Prokofiev para os dias 01 de março (Concerto para piano nº 1) e 24 de maio (Sinfonia nº 5). De Shostakovich a orquestra interpretará a dramática Sinfonia nº 7, Leningrado, no dia 26 de julho, e a pujante Sinfonia nº 6, no dia 29 de novembro. As trilhas para filmes, sinfonias e óperas desses gigantes da música erudita continuam recebendo novas gravações e relançamentos por respeitados selos da música clássica.

NOTAS

* Este filme, de 1949, foi censurado por Kruschev após a morte de Stalin, sob acusação de “culto à personalidade”, e só recentemente foi recuperado por um instituto de filmes históricos nos EUA. A obra recebeu legendas em português pelo Centro Cultural Manoel Lisboa.

Glauber Ataide

 

Shostakovich – Sinfonia Noº 7 – Leningrado

 

Prokofiev – Sinfonia Nº 5

 

Prokofiev – Pedro e o lobo (versão Walt Disney)

A “Viena Vermelha” – Exemplo histórico de habitação social

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Conjunto habitacional „Karl-Marx-Hof“, construído 1927-1930 (imagem atual)
Conjunto habitacional Karl-Marx-Hof, construído 1927-1930

Depois da Primeira Guerra Mundial o partido socialdemocrata (na época um partido combativo e de inspiração marxista) chegou ao governo de Viena e iniciou um programa de habitação social progressista que possui caráter de exemplo até hoje. A época dos anos vinte e do inicio dos anos trinta do século passado ficou conhecida como “Viena Vermelha” e fez pela primeira vez moradia de qualidade acessível para muitos trabalhadores da cidade.

Até 1918 havia um grande déficit habitacional em Viena. A imigração dos países da Monarquia Austro-Húngara levou a um forte crescimento populacional e o número de habitantes subiu para mais que dois milhões de pessoas em poucas décadas. Para abrigar os trabalhadores imigrantes e suas famílias um grande número de cortiços privados foi construído. Mas neles, 92% dos apartamentos estavam sem banheiro próprio, 95% sem água, 86% sem gás e 93% sem eletricidade. Devido à especulação imobiliária, os alugueis, portanto, eram altos e a maioria dos apartamentos superlotados. Cerca de 300.000 pessoas não possuíam uma moradia própria e quase 90.000 de pessoas conseguiram apenas alugar uma cama para dormir por algumas horas cada dia.

Depois do fim da Primeira Guerra Mundial surgiu um movimento de moradia que começou a erguer construções ilegais nos arredores da cidade. Várias cooperativas e mutirões foram organizados e exigiram da prefeitura de Viena um apoio financeiro e a aprovação da urbanização de terrenos. Com as eleições municipais depois da guerra, Viena obteve pela primeira vez uma administração socialdemocrata e esta começou a subsidiar o movimento pela moradia. Geralmente os futuros moradores participavam ativamente no processo de construção das casas e da infra-estrutura comunitária. Em poucos anos cerca de 15.000 unidades habitacionais foram construídas em 50 conjuntos que eram administrados pelos moradores de forma participativa.

Em 1922 Viena ganhou status de governo estadual, deixando de ser apenas um município e podendo a partir de então introduzir novos impostos como os incidentes sobre imóveis, restaurantes luxuosos, empregados domésticos e automóveis. Estes novos recursos foram usados para financiar um próprio programa de habitação social para melhorar as condições de moradia para os trabalhadores. A maioria dos apartamentos construídos nesse programa do governo era pequena, mas equipada com um banheiro, água e energia. Várias unidades tinham também uma varanda e acesso a pátios verdes e bem iluminados. As mais importantes características dos conjuntos eram a densidade construtiva baixa e a infra-estrutura coletiva com lavanderias, piscinas, creches, instituições de saúde, bibliotecas, áreas verdes e de lazer. A distribuição dos apartamentos ocorria de acordo com um sistema de pontuação e o aluguel era de cerca de 4% (!) da renda de um trabalhador da época. Até 1934 foram construídos 66.402 apartamentos em 390 conjuntos habitacionais – entre eles os grandes conjuntos “Reumannhof”, “Karl-Marx-Hof”, “Friedrich-Engels-Platz” e “Karl-Seitz-Hof. Na época, aproximadamente um décimo da população Vienense já morava nestes apartamentos
estatais.

Com o início do fascismo o programa habitacional foi interrompido e pôde ser retomado somente depois da Segunda Guerra Mundial. Um crescente déficit habitacional levou à implantação de um programa de construção em grande escala a partir de 1950. Nos anos 60 e 70 foram construídos vários conjuntos novos na periferia de Viena que atenderam as necessidades de 9.000 famílias cada ano, mas possuíam cada vez menos infra-estrutura comunitária, instituições coletivas e espaços de lazer.

Desde os anos 90 a construção de apartamentos estatais ficou suspendida quase completamente, no lugar disso a prefeitura de Viena subsidia agora financeiramente a construção de conjuntos habitacionais por construtoras. Mesmo assim ainda hoje cerca de 25% das moradias em Viena pertencem à prefeitura. Mas, a administração desses conjuntos, com cerca de 220.000 apartamentos e 6.000 escritórios e lojas, se tornou um empreendimento desincorporado da prefeitura. Em 2000 foi retirado do controle da câmara municipal para trabalhar de forma “moderna, eficaz e econômica”. Sendo assim, a submissão de diversos setores da sociedade às leis de mercado alcançou também a administração dos apartamentos estatais. Como conseqüência, a distribuição e o valor dos alugueis para os apartamentos lamentavelmente já não são mais tão acessíveis como na época da “Viena Vermelha”.

Mas é um fato que especialmente os habitantes mais pobres da cidade ainda necessitariam de moradia mais acessível. Isso é comprovado pela grande demanda como também pelo tempo longo de espera de vários anos para poder morar nos conjuntos da prefeitura. Dados atuais mostram que famílias com despesas mensais de até 1.634 Euros gastam em média 42,9% – quer dizer quase a metade das despesas totais – para moradia e energia. Especialmente imigrantes são particularmente atingidos por condições de habitação precárias. Por isso, diversos grupos e organizações – como a iniciativa “Construir juntos, morar juntos“ – lutam ativamente por formas alternativas de realizar a moradia própria e construir o ambiente em que vivem. Nos últimos meses, estudantes e jovens passaram também a ocupar vários prédios na cidade para mostrar o seu descontentamento com o acesso a imóveis, meramente definido pelo mercado imobiliário capitalista, e iniciar projetos de moradia e cultura desenvolvidos e promovidos pelos moradores de forma coletiva.

Sob condições capitalistas a comercialização de apartamentos segundo interesses de lucro nunca poderá ser eliminada totalmente. Mas, a volta para um programa de habitação social de qualidade e financeiramente acessível com recursos públicos através do próprio estado – com o controle democrático e a participação ativa dos moradores – poderia significar uma vida mais digna para muitos que hoje precisam. As influências dominantes do capital, dos bancos e da especulação imobiliária precisam ser combatidas. Ao mesmo tempo, devem ser promovidas discussões e ações na sociedade referentes a questões como: De que forma deveria se organizar na atualidade um modelo de habitação social de verdade? Quais grupos sociais deveriam ser atendidos? Como a moradia pode se tornar financeiramente mais acessível? Enfim, como seria possível garantir moradia de qualidade
também às amplas massas trabalhadoras?

Katharina Kirsch-Soriano da Silva, de Viena

Conjunto habitacional „Karl-Marx-Hof“, construído 1927-1930 (imagem histórico)
Conjunto habitacional Karl-Marx-Hof, construído 1927-1930
Conjunto habitacional „Karl-Seitz-Hof“, construído 1926-1931
Conjunto habitacional Karl-Seitz-Hof, construído 1926-1931
Conjunto habitacional „Reumannhof“, construído 1924-1926
Conjunto habitacional Reumannhof, construído 1924-1926

CUT-DF realiza ato pela libertação de cubanos presos nos EUA

Ato da CUT-DF pelos cinco presos cubanosDurante ato político-cultural realizado nessa terça-feira (6), a CUT-DF pediu a libertação de cinco patriotas cubanos presos nos Estados Unidos. “A simbologia do ato significa a perspectiva da libertação dos povos oprimidos. A postura dos EUA é um contínuo ataque à Revolução Cubana”, explica o secretário de Política Social da CUT-DF, Ismael José Cesar.

A manifestação, que contou com a participação de mais de 100 pessoas, resultou na constituição do Comitê regional pela libertação dos cubanos. A instalação oficial do grupo está agendada para quarta-feira, dia 14, às 18h, no auditório da CUT-DF.

Para mobilizar a sociedade brasileira e pedir ao presidente dos EUA, Barack Obama, a libertação dos cubanos, estão sendo montados em dez estados brasileiros comitês de divulgação e esclarecimento sobre o caso. “A intenção é reunir assinaturas que serão enviadas ao governo americano. Queremos dar visibilidade à luta no Brasil, que pode se posicionar na Organização das Nações Unidas (ONU) e pedir a libertação desses heróis anti-terroristas”, explica Ismael José Cesar.
Segundo o ex-presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e membro honorário vitalício da entidade, Cezar Britto, juristas do mundo inteiro analisaram o processo dos cinco cubanos e é de entendimento geral que não existe relação deste com justiça. “O que temos neste caso é a condenação de cinco pessoas apenas para afrontar a resistência cubana. Qualquer decisão contra Cuba é benéfica aos EUA e, nessa situação, a decisão é política, e não jurídica. Todos os povos têm direito a resistir quando seu território está em perigo e foi isso o que essas pessoas fizeram. Não podem ser condenadas por isso”, destacou Cezar.

Entenda o caso
Os cidadãos cubanos Antonio Guerrero, Fernando González, Gerardo Hermández, Ramón Labañino e René González foram presos nos Estados Unidos sob a acusação de espionagem quando cumpriam missão de colher informações que pudessem evitar ataques terroristas frequentemente realizados por grupos anticubanos. As prisões foram realizadas em 1998.

A instalação dos comitês é uma ação internacional e já somou a constituição de mais de 300 grupos como este em todo o mundo. No Brasil, a ação é encampada pela CUT, junto com a Coordenação de Movimentos Sociais. A intenção é de que exista um Comitê pela libertação dos cinco cubanos em cada estado.

Da CUT-DF, com Sindicato dos Bancários de Brasília

Aprovado: militares estão a um passo de ter poder “supremo” nos EUA

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A Lei Nacional de Autorização de Defesa S. 1867 foi aprovada pelo Senado norte-americano e pela Câmara dos Deputados, com direito a emenda. Pela lei, qualquer cidadão norte-americano, sobre o pretexto institucional de “guerra ao terror”, pode ser preso pelas Forças Armadas por tempo indeterminado, com total independência ao judiciário. E isto inclui, claro, em próprio solo americano.

Passando pelo senado norte-americano por uma votação esmagadora de 93 votos a favor e 7 contrários, também aprovada pelos deputados, está a um passo de ser promulgada a lei que dá total poder às Forças Armadas. Com esta lei, estas terão total autonomia, a controle de Washington, para prender por tempo indeterminado qualquer cidadão norte-americano que se enquadre na “guerra ao terror”, enquanto esta estiver ativa.

“Guerra ao terror” é uma série de medidas declaradas por Washington para defender a paz e a democracia onde permanece a nação em estado de guerra e pode passar por cima das próprias leis, quando estas tornarem-se obstáculos para as metas estabelecidas de segurança nacional. A aprovação da Lei 1867 é um reflexo de tentar legitimar esta política, tanto questionada.

A lei foi pouco a pouco aprovada, sem maiores alardes e sem acompanhamento da mídia nacional e internacional, em meio às organizações dos festejos de Natal. Para próximo, vêm os feriados e a população dos EUA estará entretida com os festejos natalinos, enquanto Obama provavelmente assinará a lei.

Uma lei contra a lei

A Lei aprovada afronta várias das leis de referência aos americanos. A citar a Constituição Americana, a Carta de Direitos Civis e a lei conhecida como Posse Comitatus, que limita as ações dos militares em solo civil americano. Muitos têm lembrado a guerra civil de 1755, onde a população se rebelou contra o governo autoritário do período e alicerçou seu estado e suas leis, acabando por declararem independência.

Um problema que os EUA terão que enfrentar é que é signatário da Convenção de Genebra. Então, terão que admitir o Estado de Guerra, o que é totalmente insano.

Um passo para lei marcial institucionalizada

Há poucos dias os advogados de Obama já haviam declarado favoráveis à execução sumária de cidadãos que se enquadrarem também na guerra ao terror. Isso abre o caminho para incluir qualquer cidadão que não se sinta representado pela guerra em escala mundial que os EUA vêm montando sobre a desculpa de terrorismo. Qualquer cidadão que questionar o governo americano pode ser enquadrado e executado sem ação judicial, ou mesmo que tenha sido declarado inocente ao final de algum processo.

Na verdade a prisão arbitrária, tortura e desaparecimento de pessoas já é uma realidade e os EUA têm sofrido com isso. A comunidade internacional tem questionado as práticas ditas “democráticas” made in Washington. O caso mais popular é o da prisão de Guantánamo, em Cuba, onde os norte-americanos mantêm dezenas de prisioneiros, sem qualquer controle ou acompanhamento internacional e onde muitos casos de tortura e morte estouraram nos últimos anos, desde a institucionalização da “guerra ao terror”.