As décadas de 60 e 70 do século passado serão sempre lembradas na América Latina por um triste episódio: a ocorrência de ditaduras em todos os países. Todas essas ditaduras deixaram nesses países rastros de brutalidade, opressão e violação completa dos direitos humanos, e vários são os casos que dariam filmes ou livros. Neste caso, o filme se chama Dawson: ilha 10, e se trata de um campo de concentração no Chile de Pinochet, destinado a aprisionar ministros, secretários e assessores de Salvador Allende, além de médicos, engenheiros etc. Esses homens, alguns de confiança da Unidade Popular (coalizão de esquerda que elegeu Allende), ao entrarem em Dawson, região de gelo e deserto do Chile, passavam a ser conhecidos apenas por números e eram chamados de Ilha 1, Ilha 2, Ilha 3, e assim por diante. O livro em que o filme se baseia chama-se Isla 10, e é a autobiografia de Sergio Bittar (Benjamín Vicuña) ex-ministro das Minas e Energia do governo Allende, que era chamado por esse código em Dawson.
Como filme de denúncia política, acerca dos campos de concentração da América Latina, a película retrata agressões, torturas e trabalhos forçados para os prisioneiros. “Mantenha-os ocupados. Temos que quebrar a sua vontade” sentencia um dos comandantes da Ilha. Homens os mais diversos, de ideologias e credos os mais diversos, tinham algumas coisas em comum, e o que os diferenciava do resto do Chile era sua devoção à defesa da democracia e, consequentemente, do governo de Allende, e a antipatia e ódio que geraram nos que assassinaram Allende e a democracia no Chile.
Emocionante em diversos momentos, o filme aborda todo o abismo que existe dentro dos amantes e lutadores da liberdade que se encontram privados dela. Especial demonstração disso, quando são anunciados da morte de Pablo Neruda, ao som de passagem de O carteiro e o poeta: “Aqui na Ilha, o mar, e quanto mar. Sai de si mesmo a cada momento. Diz que sim, que não, que não. Diz que sim, em azul, em espuma, em galope. Diz que não, que não. Não pode sossegar. Me chamo mar, repete se atirando contra uma pedra sem conhecê-la. E então, com sete línguas verdes, de sete tigres verdes, de sete cães verdes, de sete mares verdes, percorre-a, beija-a, umedece-a e golpeia-se o peito repetindo seu nome”. Também emociona ver o ânimo melhorando um pouco quando conseguem sintonizar a Rádio Moscou que saúda a resistência chilena, dizendo não a haver esquecido.
Baseado em fatos reais e duros, Dawson: ilha 10 apresenta várias contradições próprias dos regimes de exceção, como o fato de um jovem recruta pedir encarecidamente ao “senhor ministro” (na verdade, ministro deposto) Ilha 10 para achar o seu pai, um operário socialista, preso em alguma outra parte do Chile, pelo mesmo motivo pelo qual era obrigado a manter o mesmo “senhor ministro” preso.
Todo baseado em fatos históricos verídicos, o filme do experiente Miguel Littin nos convida a fazer uma reflexão sobre as atrocidades cometidas pelas burguesias latino-americanas em nome do combate aos “ateus marxistas” que visavam transformar a América Latina numa ditadura sanguinária. Na verdade, a contradição que gerou essas ditaduras foi a luta do povo latino-americano contra a carestia da vida, contra a opressão do Estado capitalista, pela reforma agrária, pela reforma universitária e, de outro lado, uma burguesia mesquinha e reacionária que viu a possibilidade concreta de perder seus privilégios e benefícios, que adquiriram através do roubo das riquezas desses mesmos povos. Como nos mostram as gigantescas manifestações estudantis do ano passado no Chile e a greve geral em apoio a ela, essa contradição não acabou – e é preciso lutar para que nunca se esqueça e para que nunca mais aconteça.
Yuri Pires, São Paulo
O jornal A Verdade provou que é mesmo um instrumento dos trabalhadores na luta pelo socialismo. No último mês de dezembro, completou 12 anos de existência, e, em vários estados, foram realizadas festas e debates para comemorar a data e convocar mais pessoas para se somar a este projeto de imprensa popular.
Depois da Primeira Guerra Mundial, o Partido Social-Democrata (na época um partido combativo e de inspiração marxista) chegou ao governo de Viena e iniciou um programa de habitação social progressista que é exemplo até hoje. A época dos anos vinte e do início dos anos trinta do século passado ficou conhecida como “Viena Vermelha” e fez pela primeira vez moradia de qualidade acessível para muitos trabalhadores da cidade.
Para garantir os lucros dos empresários, o prefeito de Teresina anunciou em dezembro um novo aumento, que entrou em vigor no dia 1° de janeiro passado. Em contrapartida, os estudantes também não ficaram parados e deram continuidade ao movimento contra o aumento, que desta vez tem sido duramente reprimido desde o primeiro dia de manifestação.
Com a participação de estudantes, sem-teto, professoras e, enfim, de mulheres em busca de uma sociedade de igualdade de direitos, foi organizado na cidade paraibana de Patos, o Movimento de Mulheres Olga Benário. O movimento já existe em diversos Estados do Brasil e no ano passado enviou representantes à Conferência Mundial de Mulheres de Base, em Caracas, onde foram definidas estratégias para o avanço da organização das mulheres.
O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas, presente desde 2008 na cidade de Diadema, São Paulo, tem travado importantes batalhas e, hoje, organiza cerca de 500 famílias em núcleos que se reúnem semanalmente, debatendo e discutindo não somente o problema da falta de moradia, mas também da saúde, da educação e do transporte.
No penúltimo dia do ano passado, a população de Belo Horizonte foi surpreendida por mais um aumento abusivo das passagens no transporte coletivo na Capital e Região Metropolitana. O reajuste pegou toda a população de surpresa, pois neste período ocorrem as festividades de fim de ano. O preço das passagens subiu de R$ 2,45 para R$ 2,65.
O lucro acima de tudo. Esse foi o motivo que levou os empresários do transporte coletivo em Pernambuco a aumentar o valor das tarifas de ônibus no dia 20 de janeiro. Em resposta, no mesmo dia, cerca de 400 estudantes organizados por diversas entidades estudantis como a Uespe, DCEs da UFPE, UFRPE e Unicap, além da Federação Nacional dos Estudantes de Escolas Técnicas (Fenet), além da União da Juventude Rebelião (UJR), fizeram uma manifestação contra o aumento durante a reunião do Grande Recife Consórcio Metropolitano de Transportes, realizada a portas fechadas sob a proteção da Polícia Militar de Pernambuco.
No início da tarde, ainda não satisfeitos com diversos presos e feridos, a Polícia deu início a uma perseguição aos estudantes pelo Centro da cidade até chegar a Faculdade de Direito da UFPE, onde se reorganizavam todos os manifestantes que foram cercados e impedidos de sair pelo Batalhão de Choque, que continuou disparando bombas de gás e balas de borrachas contra os estudantes que ali estavam na esperança de que se protegiam.
O governo do estado de Pernambuco tem realizado uma intensa campanha de propaganda de seus feitos no cenário social e econômico: as empresas instaladas em Suape, o Estaleiro Atlântico Sul, as obras da Copa, o anúncio de um novo estaleiro na zona da mata norte, instalação de novas empresas, etc. Para acompanhar o ritmo de desenvolvimento e com o discurso de valorizar o trabalhador pernambucano qualificando a mão de obra, o governo inaugurou várias escolas técnicas estaduais no Estado.
Com a participação de centenas de trabalhadores e trabalhadoras revolucionários, realizou-se com grande êxito o VIII Encontro Latino-Americano e Caribenho de Sindicalistas (ELACS) na República Dominicana. O principal objetivo do Encontro foi debater as consequências da crise do capitalismo sobre os trabalhadores e a necessidade de fortalecer e consolidar a ideologia revolucionária nos trabalhos dirigidos por sindicatos classistas.
Os agentes de trânsito dos municípios do Sertão paraibano fundaram no auditório do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Patos, o Sindicato Intermunicipal dos Agentes de Trânsito da Paraíba – Sinatran. Com o sindicato, profissionais ligados às superintendências de trânsito e transporte público dos municípios terão maior representatividade nas suas lutas por melhores condições de serviço e salários.