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domingo, 22 de dezembro de 2024

“As eleições em Mogi das Cruzes”

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CAMPANHA EM DEFESA DO SOCIALISMO – Em Mogi das Cruzes, a Unidade Popular (UP) defendeu uma campanha pautada na educação e na construção do poder popular. (Foto: Giovanna Lancellotti/Jornal A Verdade)
“A Unidade Popular pelo Socialismo (UP) tem uma posição muito clara, combater o crescimento do Fascismo e a direita. Combater o racismo, machismo, homofobia em todos os momentos, construir o poder popular e o Socialismo.”
Carolina de Mendonça, Marcelo Viola e Thales Camarante

MOGI DAS CRUZES (SP) – No primeiro turno em Mogi das cruzes, a Unidade Popular Pelo Socialismo (UP) fez parte da histórica coligação “Mogi de toda sua gente”, formada também pelo PSOL e pelo PT, tendo como candidato a prefeito Rodrigo Valverde do PT e Waldir Fernandes do PSOL como vice.

A coligação elaborou coletivamente um programa de governo que priorizava a participação popular e a criação de políticas públicas voltada aos bairros mais pobres e que historicamente são esquecidas pelas elites que governaram a cidade.

Durante a campanha foi denunciado os privilégios das oligarquias locais, o racismo, o machismo, a homofobia e o fascismo. Ainda não foi possível vencer o poder econômico e midiático daqueles que submetem a cidade aos interesses de um punhado de milionários.

Passado o primeiro turno, configurou-se em Mogi um cenário eleitoral em que dois candidatos de partidos de direita disputaram uma vaga à Prefeitura. De um lado, Marcus Melo (PSDB) e de outro Caio Cunha (Podemos). Ambos já estiveram juntos durante o início do mandato do atual prefeito. A UP defendeu, em nota, o voto nulo de protesto, já que não via-se representada por nenhum destes programas ou partidos.

Correu entre setores da esquerda local que chamar voto nulo seria o mesmo que reeleger o atual Prefeito Marcus Melo e que, por isso, era necessário votar em Caio Cunha para alterar uma suposta correlação de forças entre progressistas e reacionárias. Este posicionamento é defendido por uma das diversas alas dentro do Partido dos Trabalhadores (PT), que então optaram por fazer a campanha em torno do nome de Caio Cunha.

Dentro deste grupo ainda tiveram aqueles que, para buscar tornar legítimo o apoio a um candidato da chamada “nova direita”, passaram a atacar uma posição política que defendia o voto nulo nesse cenário e apontava para a necessidade de construir o poder popular e o socialismo. Não reconhecendo o candidato Caio Cunha carrega todas as características da “velha direita” de Marcus Melo, isto é: liberalismo e coronelismo, machismo, homofobia, anticomunismo e arrocho para os trabalhadores e trabalhadoras.

É necessário reafirmar: Caio Cunha e Marcus Melo estão em partidos que nacionalmente votaram a favor da Reforma Trabalhista, Reforma da Previdência, pela Emenda 95 – que congela gastos sociais –, pela terceirização irrestrita, etc., ou seja, votam contra o povo e são hoje base de sustentação de Bolsonaro e Dória.

Vale destacar também que ambos pertencem a grupos que não dialogam com movimentos sociais e que, por exemplo, nenhum dos dois candidatos assinou a carta-compromisso do Fórum Mogiano LGBT, como também não aderiram ao “Termo de Compromisso pela Cidadania e Direitos de LGBTI+” do programa “Voto com Orgulho” da Aliança Nacional LGBTI+.

Caio Cunha não abraçou o programa de governo da frente “Mogi de Toda Sua Gente”, pelo contrário, em troca do voto, prometeu apenas estudá-la, o que politicamente não significa nada.

“Nem tudo o que reluz é ouro”: houve muito brilho e barulho nos argumentos em defesa do voto a Caio Cunha e contra o voto nulo, mas conteúdo não. Os partidários e partidárias deste discurso defendem o acordo com qualquer pessoa em nome do “combate ao coronelismo”, mas sem expressar claramente para as trabalhadoras e trabalhadores quais condições e meios para esse combate, ou melhor, abstraindo dos trabalhadores qualquer arma de combate, inclusive o voto nulo.

 

PELO SOCIALISMO – O voto nulo no segundo turno mostrou uma defesa de princípios da Unidade Popular contra o liberalismo e em defesa do socialismo. (Foto: Giovanna Lancellotti/Jornal A Verdade)

A Unidade Popular compreende também que as eleições não são a simples disputa entre o nome um ou dois, entre o ruim e o menos ruim, mas é a oportunidade de debater a política no sentido de transformar consciências, discutir e dialogar com os trabalhadores.

Quando se declara apoio ao candidato que representa a política que se combate, não se educa, pelo contrário, confunde. A confusão se manifesta até mesmo nos núcleos dirigentes dos setores socialdemocratas, tornando impossível discutir o fundo destas questões quando se não tem nenhum princípio ou ideias firmes senão o do oportunismo.

Evidentemente que é mais prático se desviar para a direita e prometer voltar à esquerda quando o tempo pedir do que estabelecer uma política de princípios e inflexível de defesa da classe trabalhadora. Melindrar entre um e outro é sempre simples quando se não lida com a fome, a miséria, o desemprego e a incerteza do dia seguinte. Até porque, afinal, não se fala em “trabalhadores” na socialdemocracia, e sim somente na “governabilidade” neste ou naquele momento em que se combate um “representante dos coronéis” com um outro “representante dos coronéis”.

A Unidade Popular pelo Socialismo (UP) tem uma posição clara: combater o crescimento do fascismo e a direita, combater o racismo, machismo, homofobia em todos os momentos, construir o poder popular e o Socialismo. Isso dita de imediato que não se pensa nesta eleição com olhos para a próxima, não se vive para a próxima eleição, mas para a luta do dia seguinte, para a organização popular.

A UP defende construir junto com a classe trabalhadora uma força de transformação social que passará como rolo compressor sobre a democracia burguesa e os coronéis da cidade. Ou seja, voto nulo em Mogi das Cruzes foi a expressão da coerência política do programa do partido, daquilo que a Unidade Popular defende desde que surgiu.

E como Vladimir Lênin aconselha: “Os homens sempre foram em política vítimas ingénuas do engano dos outros e do próprio e continuarão a sê-lo enquanto não aprendem a descobrir por trás de todas as frases, declarações e promessas morais, religiosas, políticas e sociais, os interesses de uma ou de outra classe. Os partidários de reformas e melhoramentos ver-se-ão sempre enganados pelos defensores do velho, enquanto não compreenderem que toda a instituição velha, por mais bárbara e apodrecida que pareça, se mantém pela força de umas ou de outras classes dominantes. E para vencer a resistência dessas classes há um meio: encontrar na própria sociedade que nos rodeia, educar e organizar para a luta, os elementos que possam – e, pela sua situação social, devam – formar a força capaz de varrer o velho e criar o novo.”

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