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terça-feira, 15 de outubro de 2024

Trabalhadores franceses vão às ruas e organizam greves por todo país

Após 4 semanas de paralisação das refinarias de combustível na França, trabalhadores voltam a se organizar em grande paralisação dos transportes públicos de Paris por aumento geral de salários e contra a medida de criminalização das greves do governo Macron.

Pedro Andrade | Paris, França


INTERNACIONAL – No segundo semestre desse ano, a França está se tornando um grande palco da luta sindical no mundo com trabalhadores de setores diversos se organizando e acumulando experiências. Os operários avançam numa pauta comum a todos os trabalhadores: o aumento geral dos salários que seja capaz de compensar a inflação que está entre 6.2%.

O acúmulo de forças para desembocar nesse movimento generalizado pode ser observado a partir dos primeiros piquetes que definiram o começo da greve dos operários da refinaria de Port-Jérôme-Gravenchon. Eles demandavam um aumento de 7.5% dos salários para compensar a inflação, além do pagamento atrasado de 8000 euros em bônus de trabalho.

O movimento inicial serviu como ensaio e preparação do que viria nos próximos meses. Os trabalhadores começaram a ganhar mais experiência com as mobilizações, experimentar formas democráticas de organização e debater inclusive com quem ainda não havia aderido à greve, num processo  de chamar mais trabalhadores à luta. 

A partir do anúncio de um recorde de lucro de mais de US$10 bilhões pela empresa Total Energies (grande monopólio do setor de energia) os trabalhadores consideraram que o acordo proposto pela empresa era insuficiente e reforçaram as mobilizações. 

Centrais sindicais aderem à luta

Às vésperas de alguns dos acordos entre as empresas de energia, o Governo Macron anunciou um decreto pela obrigatoriedade dos trabalhadores de voltarem a seus postos. 

Essa ação foi recebida pelas centrais sindicais como um ataque direto ao direito de greve. A partir daí, a CGT, uma das maiores centrais sindicais do país, começa a dar indícios da necessidade de expandir a greve para outros setores que estavam experimentando situações parecidas.

Em 13 de outubro, a CGT conclamam uma jornada geral de greves para o dia 18 de outubro. As mobilizações do dia 18 teriam como objetivo atrair trabalhadores de áreas de grande peso sindical como trabalhadores ferroviários, de  centrais instalações nucleares, professores, especialmente em escolas secundárias funcionários públicos ligados ao ministério de trabalho (do Pôle Emploi), setores das empresas de trem (RATP), funcionários da Stellantis, e de distribuição em massa.

Além da questão do aumento geral de salários  para todos os trabalhadores, a defesa do direito de greve apareceu como pauta latente dos mobilizadores da greve como resposta ao decreto do Governo.

Trabalhadores ocupam as ruas e param os transportes na capital francesa

“Respeite o direito de greve” é uma das frases comuns que se podia observar na manhã do dia 18 de outubro, junto com demandas pelos aumentos de salários, pelo fim das políticas de austeridades e fortes críticas ao Presidente Macron e sua agenda neoliberal, também era possível observar ataques diretos a empresas como a Total Energies.

Segundo a CGT, mais de 300 mil trabalhadores participaram das mobilizações denunciando os baixos salários, as reformas do seguro-desemprego e a carestia crescente devido à inflação e à conjuntura da guerra, além de exigirem maiores investimentos públicos em setores sociais.

Com a entrada dos trabalhadores dos setores de transporte na greve, muitas linhas de trem e metrô não funcionaram durante a greve.

A greve como um exercício de democracia e organização dos trabalhadores

Há quem diga que as greves não representam mais uma ferramenta eficaz na luta por direitos e não possuem mais a força que tiveram no passado.

O exemplo francês é só mais um dos muitos mundo afora que nos revelam a atualidade e o impacto das greves nos movimentos proletários. Demonstra a necessidade da luta tanto como uma arma contundente pela ampliação de direitos quanto na formação e no avanço da consciência dos trabalhadores acerca dos males do capitalismo e da necessidade de organização para se avançar cada vez mais na construção de uma nova sociedade.

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