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sábado, 23 de setembro de 2023

Polícia de São Paulo mata inocente e intimida população da Vila Baiana, no Guarujá

Testemunhas viram Felipe ser abordado, torturado e baleado com 9 tiros por policiais militares das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar, batalhão de elite da Polícia Militar paulista, conhecida por seu alto índice de letalidade em ações.

Redação São Paulo


BRASIL – Felipe Vieira Nunes, 30 anos, foi brutalmente assassinado em 29 de julho, no Guarujá, litoral sul de São Paulo. Pai de uma filha, mudou-se para o litoral para trabalhar como ambulante após sofrer um acidente com espelho e perder o movimento de dois dedos, não conseguindo mais atuar como cabeleireiro.

A população ouviu os pedidos de socorro de Felipe, que dizia não estar armado, o que não adiantou, pois, além de baleá-lo, os policiais apenas o assitiram agonizar e esperaram sua morte para levá-lo até a Unidade de Pronto Atendimento mais próxima.

Uma outra testemunha relatou por meio de um aplicativo de mensagens: “A favela toda ouviu o que fizeram. Eles gritavam ‘joga a arma no chão, solta’ e ele gritava ‘Eu não tenho arma, senhor, eu não tenho’. Aí eles atiraram e ele começou a gritar por ajuda. Eles esperaram ele morrer, jogaram no camburão e já era. Entregaram ele sem vida na UPA igual um lixo”.

Outra testemunha pediu, por áudio: “Fala aí que ele era trabalhador. Fala que ele tinha acabado de montar a casinha dele, trabalhando na praia, não tinha envolvimento com nada. Não tinha uma arma”. Além disso, há relatos de que outras 9 pessoas também foram executadas e que a polícia permanece no local, intimidando os moradores da favela com muitas viaturas, não deixando ninguém entrar nem sair.

Assassinato de policial pode ter causado onda de violência

A operação policial acontece em represália à morte de Patrick Bastos Reis, soldado da Rota baleado em uma operação no bairro Vila Zilda na última quinta-feira, 27 de julho. Não é a primeira vez que as forças policiais vingam a morte de um colega com um banho de sangue de inocentes.

Há relatos de que os policiais estão com uma lista de nomes para executar e que há uma ordem velada para matar também quem possui passagem pela polícia. O clima é de muito medo.

É preciso recordar que a prática do justiçamento da morte de policiais pelas forças de segurança públicas é uma prática rotineira nas periferias urbanas do Brasil. Essa macabra tradição remonta ao juramento feito por Astorige Correa, o Correinha, investigador que, em novembro de 1968, durante o enterro de um policial morto por um traficante na zona norte de São Paulo, bradou: “Para cada policial morto, dez bandidos vão morrer”.

Esse momento, capturado em vídeo por jornalistas, é tido como a pedra fundamental da consolidação do Esquadrão da Morte, grupo liderado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, que causou terror entre a classe trabalhadora mais pobre durante a ditadura empresarial militar.

O legado desses facínoras mancha de sangue a nossa história, fomentando a ação criminosa da polícia em casos como as chacinas de maio de 2006 e de Barueri, onde a brutal prática do justiçamento ceifou a vida de muitos trabalhadores.

Os assassinatos praticados na Vila Baiana nos últimos são mais uma série de crimes covardes cometidos pela polícia que mais mata no mundo e debocha das vítimas nas redes sociais, veiculando mentiras para legitimar suas ações.

As testemunhas temem por suas vidas, mas, ainda assim, algumas pessoas denunciaram o caso para a grande mídia, que, em grande parte, mostrou apenas a versão mentirosa da polícia para manipular a opinião pública.

Felipe era um trabalhador e a população da Vila Baiana está em choque com o acontecido. É preciso denunciar essa violência e lutar por justiça para Felipe.

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