UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

terça-feira, 18 de novembro de 2025
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Trabalhadores terceirizados na UFRGS enfrentam patrão por melhores salários

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Trabalhadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), membros da empresa terceirizada Multiágil, paralisaram suas atividades, no dia 09 de fevereiro, tendo em vista o não pagamento dos salários. “Deveria ter caído no quinto dia útil do mês”, ressalta a funcionária Antônia*.

E esta não é a primeira vez que os salários atrasaram. No mês de dezembro, a angústia era com que carne os filhos iriam se alimentar, pois o patrão já estava até por beber o sangue dos trabalhadores.

Assédio moral foi o que não faltou. A pressão da empresa para que os funcionários trabalhassem sem a garantia de salário passava do ridículo: “quero pedir encarecidamente que trabalhem hoje e quarta-feira […]. O salário pode cair até as 17h do dia 10”, informava Pinheiro, representante da empresa.

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Chamava a atenção naquele instante de embate político com a patronal, além da raiva em ver que uma única pessoa dava ordens a toda uma maioria, as jóias caras e um terno que sequer acumulava o suor, mesmo debaixo de um calor de 30 ºC. Assim, todos se chocavam em ver onde estava o seu salário e quem estava acumulando sobre o árduo trabalho exercido.

O descaso com os terceirizados na UFRGS é um absurdo, as condições de trabalho que são submetidos mais ainda. Em setembro de 2014, ocorreu a explosão de uma caldeira, ferindo quatro trabalhadores, os quais ficaram com sequelas e com o custeio de remédios caros e a necessidade de ficarem durante o dia todo em frente a um ar condicionado, sem mais possibilidades de exercerem nenhum ofício, em virtude dos traumas físicos e psicológicos.

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O quadro de funcionários da maior empresa terceirizada na universidade é de cerca de 650 funcionários, aonde segundo informações da própria universidade – 500 funcionários estão sem salário. Não a justificativa para o não pagamento, se não o lucro, pois a UFRGS já repassou a verba para a empresa. É importante ressaltar que mais da metade destes funcionários são mulheres, mães e em sua maioria negras; possibilitando assim fazermos um recorte de classe de quem é mais explorado na sociedade capitalista.

Fora o atraso do salário, referente ao mês de janeiro, o mais corriqueiro é o atraso diário do valor da passagem de ônibus, como também o dinheiro da alimentação. Os trabalhadores não possuem refeitórios, muitas vezes, comem em banheiros, sequer local para trocar de uniforme existe e, como se não bastasse, os equipamentos de trabalho são impróprios.

A auxiliar de serviços gerais Ana* ressalta: “a gente é tratado aqui pior que cachorro, aqui os cachorros são bem tratados, e a gente é tratada como lixo. Até o lixo é recolhido, e a gente fica aqui atirada sem nenhuma satisfação”.

Da Redação RS

*Nome fictício.

Diretor do Sinttel-PE agride operadores de telemarketing

Foto SintelmarketingDois dirigentes sindicais foram agredidos covardemente por um grupo de cinco pessoas, entre as quais foi identificado o agressor José Eugênio, atual diretor do Sinttel – PE (Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações de Pernambuco). A covardia ocorreu às 9:30h do dia 12/02/2015 em frente à empresa Contax, no bairro de Santo Amaro em Recife-PE. As vítimas são Thiago Santos, presidente do Sindicato dos Operadores de Telemarketing de Pernambuco (SINTELMARKETING – PE) e Rodrigo Rafael, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Têxtil de Ipojuca (SINDTEXTIL – Ipojuca), ambos ligados ao Movimento Luta de Classes. Na ocasião, uma trabalhadora também foi atingida por um dos agressores e chegou a cair no chão, mas, ela não foi identificada até o momento.

O motivo da agressão: o Sinttel – PE defendia que a negociação da campanha salarial se encerrasse com o valor do salário mínimo ( R$ 788,00) e um aumento de míseros R$ 0,81 no tíquete alimentação; enquanto isso, os sindicalistas ligados ao SINTELMARKETING defendiam pagamento de R$ 1.000,00 para o piso, pagamento imediato da PLR(  Participação nos Lucros e Resultado, conforme a Lei) e aumento de R$ 2,00 no tíquete.

Foragidos, os agressores foram procurados pela Polícia Militar e as vítimas seguiram para a delegacia no bairro de Santo Amaro. Agora, Eugênio irá responder a um processo criminal por agressão e ameaça.

Esses fatos lamentáveis, que tem se repetido, deixam claro quem é o Sinttel – PE e de que lado eles estão. Repudiamos a agressão promovida pelo Sinttel – PE e seus capangas e reafirmamos nosso compromisso com a categoria dos operadores de telemarketing.

Vamos prosseguir na luta em defesa do piso salarial de R$ 1.000,00, pagamento imediato da PLR e um tíquete de alimentação decente. Exigimos a punição dos agressores e já encaminhamos a denúncia para que a Assembléia Legislativa, a Câmara Municipal e a OAB acompanhem o processo.

Movimento Luta de Classes – PE

“Pega o lenço e vai”: Honrando aos mestres dos antigos carnavais

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Pega o lenço e vaiVamos o tamborim esquentar

É chegada a grande hora

Vamos apresentar

O que há de bom na nossa escola

E quem não conhece a nossa bateria

Vai ficar arrepiado

Pós o apito do diretor de harmonia

(Robson e Márcio – Terra Brasileira)

Realizou seu cortejo no último sábado 07 de fevereiro, pelo quarto ano consecutivo, na cidade de Mauá no ABC Paulista, o Bloco de Samba “Pega o lenço e Vai”. O tema deste ano foi a Revolta dos Balaios, a história de Manuel Balaio, Preto Cosme e luta pela libertação do Brasil na história do Maranhão.

Fundado em 2010, o “Pega o lenço e vai” é uma homenagem ao almirante negro João Cândido, tema do primeiro cortejo do Bloco. O lenço é uma referência a vestimenta dos marinheiros que lutaram pela liberdade no evento histórico que ficou conhecido como Revolta da Chibata. Comprometido com o Samba e com história dos negros no Brasil, o bloco trabalha para fazer do carnaval um momento de alegria, de reflexão e de resgate da cultura popular.

O ponto de encontro, no bairro mauaense do Parque das Américas, é o Centro Cultural Dona Leonor, localizado próximo à estação Guapituba do trem. Lá se encontra quem valoriza o Samba de terreiro, os grupos Terreiro de Mauá e Terra Brasileira. É um lugar de reverenciar aos mestres do Samba, Xangô da Mangueira, Carlos Cachaça, Alvaiade, Paulo da Portela e muitos outros.

Como coletivo de trabalhadores e trabalhadoras, o bloco debate os temas, prepara o lenço que a vestimenta oficial e organiza o cortejo de carnaval a cada ano. Além do João Cândido (2011) e a Revolta dos Balaios, foram homenageadas a negra Luiz Mahin e a Revolta dos Malês (2012) e Luiz Gama, o trovador da liberdade (2013).

No momento em que a festa e a cultura popular vão se transformando em mercadoria e que os elementos da cultura negra vão sendo apropriados por racistas mal ou bem disfarçados, o carnaval do “Pega o lenço e vai” fica ainda mais importante. Que tenha muitos anos de vida!

Samba tema do bloco em 2015:

Balaiada

No Brasil

O opressor

Recebe condecoração

Nosso bloco vem cantar a história da união

Do quilombola Preto Cosme,

Manuel Balaio e seu povo guerreiro

Que honraram este solo brasileiro

Lara Lara

Lara Lara

Lara Lará

Várias Colunas de balaios

Tomaram a cidade de Caxias

Após desmontarem toda tropa imperial

Cantavam triunfante melodia

Ô, ô, ô, ô, ô

Ô, ô, ô, ô, ô

Cadê o Branco?

Não há mais branco!

Não há mais sinhô

A esperança

Ressoou em revoada

Por quatro anos

Resistiu a lendária Balaiada.

(Ala de Compositores)

Da Redação, São Paulo.

FPLP e a luta pela libertação palestina

A Verdade entrevistou Khaled Barakat, membro do Comitê Central da Frente Popular de Libertação da Palestina – FPLP* e Charlotte Kates, coordenadora da campanha internacional pela libertação de Ahmad Sa’adat, secretário geral da FPLP preso desde 2002.

Abaixo, transcrevemos extratos da entrevista que revelam o atual estágio da luta do povo palestino pela sua libertação e a necessidade de fortalecer a solidariedade anti-imperialista para derrotar o sionismo.

Khaled Barakat e Charlotte Kates em visita ao Brasil.
Khaled Barakat e Charlotte Kates em visita ao Brasil.

Balanço da guerra com Israel

Israel sofreu uma dura derrota na guerra que empreendeu contra os palestinos no ano passado. Ainda que pesem os massacres e os criminosos bombardeios que destruíram muitos prédios em Gaza, os tanques israelenses não puderam avançar mais de vinte metros sobre o território palestino em virtude da resistência popular e da guerrilha organizada. Essa é uma verdade que os próprios sionistas reconhecem.

Apesar da enorme diferença de recursos entre o exército de Israel e o povo palestino de Gaza, mais de 32 soldados israelenses foram mortos em combate, demonstrando toda a vitalidade da resistência.

Essa situação demonstra que, por mais que Israel tenha superioridade técnica para vencer guerras contra formas clássicas de Estado, quando se encontra em luta contra movimentos sociais com forte apoio popular, fica em grande dificuldade. Este fato também ocorreu quando da guerra com o Hezbollah na fronteira com o Líbano, em 2006.

Condições para a vitória

A unidade dos grupos palestinos em resposta à agressão foi um fator fundamental para conquistar essa vitória. No mesmo sentido, a divisão sectária dos palestinos em regiões (Fatah, na Cisjordânia, e Hamas, em Gaza) enfraquece e joga contra os objetivos palestinos. A FPLP defende que a unidade lograda no campo de batalha se transforme também em unidade política na frente única de luta.

No momento atual, a FPLP trabalha pela construção de Frente Nacional que reúna os diferentes movimentos de mulheres, de trabalhadores, de camponeses e de estudantes para lograr avanços na batalha política pela libertação palestina.

A luta na frente internacional

A agressão sionista gerou um enorme movimento de solidariedade aos palestinos em todo o mundo, em uma proporção nunca antes vista. Marchas foram organizadas em todas as grandes cidades, e mais gente ficou ciente da situação dos palestinos e da sua luta por liberdade.

A FPLP considera que é necessário fortalecer esta unidade na frente internacional, impulsionando ações de boicote ao Estado sionista de Israel. Esse boicote deve acontecer em várias frentes: comercial, cultural, em convênios de cooperação científica e militar.

É preciso que os povos do mundo se reúnam para exigir que seus países não colaborem com um Estado que promove um verdadeiro genocídio contra o povo palestino.

A situação no mundo árabe

A principal estratégia dos imperialistas para com os árabes é a de promover divisões sectárias no meio da nacionalidade, impedindo a luta conjunta pela autodeterminação do nosso povo. Dividir o povo entre Xiitas, Sunitas, Alauitas, Maronitas, etc. é a principal estratégia de EUA e Israel para a região.

O imperialismo percebe que a questão palestina unifica todos os árabes na defesa de nossa autodeterminação. Dessa maneira pretende implantar no seio dos palestinos as diferenças sectárias.

Assim, é fundamental para o imperialismo que as guerras sejam sempre implementadas em nossa região, não apenas para vender armas, mas também para manter Israel forte em relação aos outros países. O sonho do imperialismo é o de implantar o modelo de divisão e degeneração estatal do Afeganistão e do Iraque em todos os países árabes.

É também dentro desse contexto que a FPLP enxerga as atuais lutas políticas no interior de países como a Síria, por exemplo.

Ao entender o contexto político dentro da Síria é preciso separar o povo de seu governo.

A FPLP foi uma das primeiras organizações palestinas a defender o direito das manifestações populares na Síria, contra a corrupção, por direitos sociais e por verdadeira democracia. Ao mesmo tempo, condenamos as intervenções estrangeiras de financiamento a grupos de oposição. Obviamente, nossa posição não agradou nem ao governo nem a oposição, em uma situação muito parecida ao que já havia ocorrido no Iraque antes da invasão dos EUA.

Trata-se de uma região complexa, onde o imperialismo tem sido capaz de promover as divisões nacionais em seu interesse, como no caso do Irã contra o Iraque, ou da Síria, em apoio ao Kuwait. Em nossa opinião, as forças políticas de matriz religiosa e conservadora não podem oferecer uma resposta para a situação árabe. Esta tarefa cabe à esquerda revolucionária.

Campanha de libertação de Ahmed Sa’adat

Ahmed Sa’adat é o secretário-geral da FPLP desde 2001. Deputado do parlamento palestino, Ahmed foi preso injustamente pela Autoridade Palestina em virtude de suas opiniões contrárias À invasão israelense e pelo direito de autodeterminação do povo palestino.

No dia 14 de março de 2006, as forças israelenses atacaram e invadiram a prisão da cidade de Jericó, onde Ahmed encontrava-se preso. Nessa ocasião, o exército israelense sequestrou Ahmed e o mantem preso até hoje, sem julgamento.

Chalotte Kates nos contou que o desenvolvimento da campanha pela libertação do secretário-geral da FPLP é muito importante para denunciar os crimes de Israel na região, mas também para denunciar a apatia e cumplicidade de alguns setores da Autoridade Palestina para com os invasores sionistas. Ahmed foi mantido preso em uma prisão palestina contra o julgamento do Supremo Tribunal do país, e observadores dos EUA e do Reino Unido se retiraram da prisão para facilitar seu sequestro por Israel.

Mas a campanha pela libertação de Ahmed também é uma campanha de divulgação de suas ideias, da necessidade de se construir uma Palestina democrática e laica em todo o território invadido. A luta anti-imperialista internacional e todos os amantes da democracia e da liberdade devem fortalecer a campanha pela libertação de Ahmed, realizando e divulgando os atos em suas cidades e locais de atuação.

Outra ação importante é a de escrever cartas para a prisão onde se encontra Ahmed, demonstrando apoio à sua luta. Mais formas de se envolver na campanha podem ser encontradas no sítio oficial: http://freeahmadsaadat.org/.

*Frente de Luta pela Libertação da Palestina – FPLP: Fundada em 1967, a FPLP tem origem nos movimentos nacionalistas árabes, mas suas raízes são anteriores a 1948. É considerada um partido político da esquerda revolucionária, palestino, árabe e internacionalista. Enquanto frente, participou das lutas de libertação nacional em Omã, Síria, Jordânia e Arábia Saudita. Em seu 7º Congresso, realizado em 2013, a FPLP se  definiu com uma organização marxista-leninista da classe trabalhadora, que adota o centralismo-democrático como método de organização. Para a frente, os povos árabes vivem ainda na fase de libertação nacional, e a esquerda revolucionária tem a responsabilidade de apontar o caminho e dirigir esta luta. A FPLP também se posiciona contra o nacionalismo árabe de corte fascista e de extrema-direita. Na luta comum contra o imperialismo e o sionismo, a FPLP colabora no âmbito militar com organizações islâmicas como o Hamas e o Hezbolah. No âmbito político, a frente desenvolve ações comuns com o Partido Comunista Palestino e o Partido do Povo Palestino, organizações que não contam com braços armados. Sítio oficial em inglês:  http://pflp.ps/english/

Da Redação

Assassinado no México um dirigente da Frente Popular Revolucionária

Momento do enterro de Gustavo Salgado.
Momento do enterro de Gustavo Salgado.

Gustavo Alejandro Salgado Delgado, 32 anos de idade, dirigente da Frente Popular Revolucionária do México (FPR) foi brutalmente assassinado e também decapitado há cerca de dois dias, depois de ter sido declarado desaparecido por seus familiares.

Seu corpo foi encontrado por um grupo de trabalhadores rurais ontem no município de Ayala, estado de Morelos (centro do México). Esta é mais uma violência política que causa comoção popular no país.

Gustavo era uma dos militantes envolvidos na organização de marchas que pediam justiça pelo desaparecimentos dos 43 estudantes de Ayotzinapa, desde o dia 26 de setembro do ano passado no estado de Guerrero (sul do México). De larga trajetória militante, Gustavo também fez parte da União da Juventude Revolucionária do México (UJRM), sendo membro de seu Comitê Central.

Até agora, quatro suspeitos pelo sequestro e assassinato de Gustavo foram detidos.

Logo após o aparecimento do corpo, dirigente da FPR e de outras organizações que exigem o aparecimento com vida dos estudantes de Ayotzinapa responsabilizaram o governo federal pelo crime e denunciaram que essa é uma estratégia para desmobilizar as manifestações populares no país.

Membros da família dos estudantes de Ayotzinapa repudiaram o assassinato de Gustavo e qualificaram de hipócritas os pronunciamentos governamentais em torno da crescente violência que vive o país.

Várias manifestações foram convocadas pelos movimentos sociais para 6 de fevereiro, inclusive no Zócalo, principal praça da capital do país. Em nota oficial, a direção da FPR declarou:

“Nos despedimos do camarada Gustavo Salgado com as bandeiras vermelhas da Frente Popular Revolucionária, da qual ele foi construtor incansável. Perdemos uma parte de nossa existência com a partida do camarada. Este maldito regime necessariamente vai cair junto com seus burgueses, caciques e testas-de-ferro que assassinaram nosso camarada. Só assim poderemos fazer com que descanse em paz. O sangue vermelho semeia o futuro e constrói a revolução proletária”.

Da Redação, com informações de Telesur e do sítio da FPR

18 anos sem o malungo Chico Science

chico 2No último dia 2 de fevereiro, completaram-se 18 anos da morte de um dos maiores nomes de nossa cultura popular contemporânea: Chico Science. Com apenas 30 anos de idade e muito para contribuir com a nossa música, Francisco de Assis França partia em uma noite de 1997 em um trágico acidente automobilístico. Apesar de pouco tempo de carreira, ele deixava um novo caminho traçado na música popular brasileira, o “Manguebeat”, um movimento cultural estabelecido e um imenso vazio a ser preenchido.

A perda de Chico Science representou também a perda de um grande líder, como afirmou Lenine, ao dizer que “ele não se contentava apenas em estar no palco, queria dividi-lo com todos”. Sua figura demonstra a importância da formação política do artista, reforça a necessidade da organização coletiva, a ligação estreita com as grandes massas, bem como o papel do indivíduo na construção da história.

O líder do movimento Manguebeat representou, por meio de suas letras, necessidades sociais e humanas de um modo verdadeiramente inovador, com uma música que rompia com tudo que acontecia no país, ao mesmo tempo em que dialogava com diversas linguagens musicais, artísticas e culturais sem esquecer temas como desemprego, preconceito, consciência ambiental e as desigualdades sociais.

Como não bastasse apenas mostrar uma arte inovadora, sedimentou seu movimento, lançou um manifesto e, junto com outros grandes nomes como Fred 04 e Otto, apontaram uma direção a ser seguida para modificar a realidade da juventude de uma região, na época esquecida e entregue ao crime, ociosidade, preconceito e violência.

Criado em Rio Doce, subúrbio de Olinda, filho de um enfermeiro, ex-vereador e líder comunitário, Chico Science cresceu e formou sua identidade cultural entre os becos das casas populares e as manifestações de rua. “Antenado”, conseguiu interpretar a realidade e carências de uma geração recém saída de uma ditadura militar de 21 anos, que roubou, aprisionou e escondeu o que havia de mais avançado em nossa cultura até então. Com a censura e o controle dos meios de comunicação pelo regime, era difícil ter acesso até mesmo a discos e livros considerados “subversivos”, ausência que marcou a infância da geração de Chico (ele contava com 13 anos quando a censura foi extinta e decretada a Lei da Anistia).

Chico Science soube trazer para o centro do debate a necessidade de se valorizar a nossa cultura local de verdade. Ver a influência deixada por ele após a explosão do Manguebeat, e que se espalha até hoje, mostra o quanto sua obra teve profundidade, e o quanto ainda é moderna e atual. Chico cantou a cidade, o mangue, o morro, os anseios da juventude e hoje está mais presente do que nunca.

Chico Science Vive!

Cloves Silva, estudante de Letras da UFRPE e militante do MLC

*O termo malungo remete À história dos negros escravos, vindos para o Brasil nos chamados navios negreiros. Era assim que eles se chamavam, tanto nas embarcações quanto nos quilombos. O nome significa companheiro.

Servidores públicos federais lançam campanha salarial unificada

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As entidades dos servidores públicos federais encontraram-se, nos dias 31 de janeiro e 01 de fevereiro, em Brasília, para a reunião ampliada do Fórum de Entidades Nacionais dos Servidores.

Com a presença de 358 delegados, o Fórum debateu a situação dos trabalhadores brasileiros diante dos ataques aos direitos trabalhistas que começam a ser implementados pelo governo federal.

Ao todo, estiveram presentes 15 entidades nacionais, representando os diversos setores da administração pública federal, e mais três centrais (CUT, CTB e CST-CONLUTAS).

Na plenária, ficou claro pelas posições das centrais sindicais presentes que a composição dos titulares dos ministérios, em sua maioria ligados ao capital financeiro e ao agronegócio, e a emissão das Medidas Provisórias 664 e 665, que alteram a política do seguro desemprego e da aposentadoria no Regime Geral de Previdência, que o governo Dilma segue na direção da retirada de direitos dos trabalhadores para manter o lucro dos banqueiros, dos monopólios privados e dos latifundiários.

Mas, se a avaliação predominante na reunião foi de que os capitalistas avançam sobre os direitos dos trabalhadores, estes também estão começando a responder à altura. As manifestações dos movimentos contra o aumento das passagens e das centrais sindicais contra a retirada de direitos no dia 28/01 são demonstrações que o movimento popular está disposto a reagir à retirada de direitos e avançar em suas reivindicações por uma vida melhor.

Mobilização

A CONDSEF aprovou em seu Conselho de Entidades a seguinte agenda de mobilizações:

– 04/02 – Ato público das Centrais no Congresso Nacional para afirmar a agenda dos trabalhadores.

– 26/02 – Ato público das Centrais contra a retirada de direitos trabalhistas na Av. Paulista.

– 12/03 – Ato público em frente ao Ministério do Planejamento.

– Abril: Construção de uma grande marcha dos servidores federais a Brasília.

Na pauta dessas mobilizações destacam-se:

– Política salarial com correção das distorções;

– Reposição das perdas inflacionárias com o índice linear de 27,3%;

– Data-base em 1º de maio;

– Direito de negociação coletiva (convenção 151 da OIT);

– Paridade salarial entre ativos e aposentados;

– Retirada dos projetos de leis do congresso nacional que atacam os direitos dos servidores;

– Aprovação imediata dos projetos de interesse dos servidores;

– Isonomia dos benefícios.

Mais do que nunca, é fundamental construir um movimento de massas organizado que tome as ruas das grandes cidades, aliado aos movimentos da juventude combativa, às organizações populares do campo e da cidade que capaz de impedir o retrocesso nas conquistas históricas da classe trabalhadora e que avance nas demandas do povo brasileiro na luta por saúde, trabalho, moradia e serviços públicos de qualidade.

Victor Madeira, diretor da CONDSEF e militante do Movimento Luta de Classes (MLC)

Governo proíbe greve dos metalúrgicos na Turquia

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Após uma preparação de vários dias, os trabalhadores metalúrgicos da região de Birleşik, organizados em seu sindicato e na Confederação de Sindicatos Progresssistas da Turquia (DISK, por sua sigla em Turco), convocaram uma greve da categoria que teve início no dia 29 de janeiro.

A principal reivindicação da greve é a de suspender o acordo firmado entre o sindicato pelego Türk Metal e o sindicato patronal MESS, que estabeleceu o contrato temporário de três anos de trabalho, um verdadeiro contrato de escravidão que aprofunda a precarização do trabalho na Turquia.

A greve também levantou a reivindicação do aumento do salário mínimo nacional e combateu a imposição do governo de ilegalizar todas as greves no país, como aconteceu com os trabalhadores vidreiros, aeronautas e da indústria do chá.

Vinte e duas fábricas de dez cidades, totalizando mais de 15 mil operários paralisaram suas atividades na quinta e nesta sexta-feira.

O governo de Edorgan, do partido Justiça e Desenvolvimento, no entanto, declarou a ilegalidade da greve e proibiu sua realização baseado em uma lei do período do golpe militar de 1980 e argumentando questões de segurança nacional.

Abaixo, reproduzimos a nota da central sindical DISK sobre a ilegalidade da greve:

Declaração da Confederação de Sindicatos Progressistas da Turquia (DISK)

Greve dos metalúrgicos foi proibida na Turquia

O governo da Turquia emitiu um decreto de gabinete suspendendo a greve dos metalúrgicos realizada pela DISK/Birlesik Metal-Is. A greve atinge mais de 40 locais de trabalho com 15 mil trabalhadores da indústria metalúrgica da Turquia.

A lei turca sobre sindicatos e contratos de trabalho, em seu artigo 6356, prevê que “uma greve ou lock-out legal que foi convocada ou iniciada pode ser suspensa pelo Conselho de Ministros por 60 dias através de decreto se for prejudicial à saúde pública ou à segurança nacional. A suspensão deve forçosamente ocorrer na data de publicação do decreto”.

O decreto governamental, assinado pelo presidente Recep Tayyip Erdogan, pelo Primeiro-ministro Ahmet Davutoğlu e pelo gabinete de ministros inteiro, considera a geve dos metalúrgicos como “prejudicial à segurança nacional”.

“O direito de greve está previsto na constituição Turca. A aplicação desse decreto relembra os dias do golpe militar de 1980.” disse Arzu Çerkezoğlu, Secretário Geral da DISK, ” isto é um golpe conta os direitos fundamentais dos trabalhadores. A desculpa é a segurança nacional mas, na verdade, trata-se da segurança dos patrões e dos pelegos. Lutaremos contra isso!”.

“O direito de greve não existe mais na Turquia”, disse Kemal Özkan, assistente da secretaria geral do sindicato industriALL. “Esse direito fundamental, garantido pela constituição do país e pelas normas internacionais ratificadas pelo governo, exite apenas no papel, não na realidade”. Kemal Özkan também disse: “É vergonhoso que o governo da Turquia viole um direito fundamental de uma maneira tão imprudente. Em todo caso, nunca desistiremos de apoiar o sindicato dos metalúrgicos de Birlesik.

A lei também prevê que “se um acordo não é alcançado depois de expirada a data da suspensão da greve (60 dias), o Alto Conselho de Arbitragem resolve o litígio mediante a aplicação de qualquer das partes no prazo de seis dias úteis. Caso contrário, a competência do sindicato dos trabalhadores será nula”.

Isso significa, claramente, que a chamada “suspensão” é, na verdade, uma proibição que impede a greve de continuar mesmo depois do período de 60 dias. Birlesik Metal-Is irá, certamente, apelar ao Conselho de Estado pela anulação do decreto governamental para que a greve possa continuar. No entanto, a experiência na indústria do vidro em 2014 não foi positiva, pois o Conselho de Estado legislou em favor do governo e contra a jurisprudência anterior.

Da Redação

Abaixo, um vídeo de uma das assembleias de preparação da greve:

Kobane venceu: a derrota do Estado Islâmico no norte da Síria

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Curdistão

A região do norte da Síria e fronteiriça com a Turquia que vinha sendo vítima há vários meses dos ataques concentrados do Estado Islâmico se libertou dos invasores ontem. Trata-se de um a forte derrota militar para o chamado Estado Islâmico – EI – e uma vitória para a resistência curda e para as forças populares da região.

O EI foi expulso de quase toda a região, chamada pelo povo curdo de Rojava. Alguns combates ainda aconteciam na periferia da cidade de Maqtala. Uma declaração pública do comando central da Unidades de Proteção do Povo (YPG, pela sigla em curdo), afirmou:

“Hoje, a cidade de Kobane foi libertada completamente dos gangsteres invasores. Após 133 dias, nossas forças superaram as esperanças do nosso povo e da humanidade e realizaram uma luta épica contra o terror. Nossas forças cumpriram completamente a promessa de vitória. É uma vitória da revolução de Rojava, uma vitória humanitária da Síria democrática”. 

A vitória de Kobane foi comemorada por curdos e turcos em várias partes da Europa. Essa foi, também, uma vitória da solidariedade internacional que pressionou os governos dos EUA e UE para que realizassem bombardeios atrás das fileiras do EI e pressionou, também, o governo da Turquia para que permitisse a passagem de suprimentos para as forças do YPG.

A vitória de Kobane abre novas perspectivas para a luta do povo curdo pela sua autonomia nacional, fortalecendo a luta por um Curdistão livre e democrático.

Da Redação

Vitória da Coalizão de Esquerda na Grécia abre novas possibilidades para a luta social na Europa

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Os primeiros dados de apuração de votos dão conta de uma contundente vitória da Coalizão de Esquerda (Syriza, em grego) nas eleições para o parlamento grego. Essa expressiva votação deve eleger o líder da coalizão, Alex Tsipras, como novo primeiro-ministro do país.

A Grécia teve sua economia praticamente destruída não apenas pelos efeitos da crise econômica que abala a Europa desde 2008, mas também pelos supostos remédios para a crise receitados pelo Banco Central Europeu – BCE, Fundo Monetário Internacional – FMI e a Comissão Europeia. Esse trio de instituições, conhecido na Europa pela expressão russa troika, impôs uma verdadeira humilhação ao povo grego, obrigando cortes em todas a áreas sociais, demitindo funcionários públicos, reduzindo salários e aposentadorias.

Os governos do Partido Socialista Pan-Helênico (PASOK) e da Direita (Nova Democracia-ND) aplicaram como mansos carneirinhos os ditames da troika, caindo em desgraça na opinião pública. Enquanto isso, os banqueiros e monopólios, os ricos da Grécia, mantiveram seus privilégios fazendo crescer a desigualdade social no país.

Com mais de 90% das urnas apuradas, a Coalizão de Esquerda alcança 36% dos votos e 149 assentos no parlamento, faltando 2 deputados apenas para formar a maioria absoluta. Em segundo lugar fica o partido do governo, ND, com 27% dos votos e 77 parlamentares.

Outra boa notícia é a diminuição, ainda que pequena, dos votos do partido nazifascista Aurora Dourada. Depois de estar envolvido em vários atos de violência contra lutadores sociais e imigrantes, os fascistas obtiveram 6,3% dos votos, um deputado a menos que nas últimas eleições de 2012, ou seja, 17 deputados. Em quarto está outra agremiação de direita chamada “O Rio”, com o mesmo número de deputados do Aurora Dourada.

Ocupando o quinto lugar está o tradicional partido revisionista, KKE (Partido Comunista da Grécia), que cresceu 1% em relação às últimas eleições e pode jogar papel importante se entrar em acordo com o Syriza para a formação do novo governo, ocupando 15 assentos no parlamento.

O PASOK, que por vários anos governou a Grécia e se constituía como principal grupo de centro-esquerda desde o fim da ditadura militar, reduziu sua votação em quase 70% caindo para apenas 13 deputados no parlamento. É uma clara expressão do repúdio popular às traições cometidas por esse partido.

Causas e consequências da vitória

A vitória da Coalizão de Esquerda nestas eleições é o resultado direto de toda a luta travada pela classe trabalhadora e pelo povo grego nos últimos 5 anos. Nenhuma das chamadas medidas de austeridade que retiraram direitos e atacaram a dignidade dos gregos passou sem uma heroica resistência realizada pelo povo nas ruas. Foram dezenas de greves gerais; marchas multitudinárias; ocupações por casa para morar; manifestações de estudantes que desde 2008 honram a memória de Alexis Grigoropoulos.

Toda essa luta fez transformar a consciência do povo grego e teve consequências, também, na luta geral travada em outros países da Europa.

Uma vez no governo, o Syriza tem o desafio de fazer valer a vontade popular de romper com a União Europeia e seus organismos econômicos. Os capitalistas vão usar seus instrumentos de pressão, midiáticos e de terrorismo econômico para fazer a esquerda capitular. É preciso coragem e forte pressão popular para que o Syriza aplique de fato as medidas que enfrentem os capitalistas, começando pela suspensão do pagamento ao Banco Europeu e pela revogação das chamadas medidas de austeridade.

É preciso, além de tudo, enfrentar o fascismo que conta na Grécia com um partido organizado, militarizado, useiro e vezeiro em praticar a violência contra seus adversários. O perigo do fascismo não pode jamais ser subestimado e deve ser combatido com energia pelo novo governo.

Para o restante da Europa, e talvez do mundo, trata-se de uma vitória que anima a luta popular. Prova que é viável construir uma alternativa à esquerda e que não há nenhuma fatalidade que obrigue os partidos a seguirem o que mandam os bancos para vencer eleições. O resultado das eleições na Grécia repercutirá nas próximas eleições da Espanha, Portugal e outros países.

De fato, um novo capítulo se inicia na luta do povo grego pela sua libertação. Mais uma vez a luta popular e a organização da classe trabalhadora serão o caminho seguro para vencer.

Jorge Batista, São Paulo

Polícia ataca ato contra o aumento da tarifa em São Paulo

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Trabalhadores do McDonalds manifestam apoio à marcha contra a tarifa
Trabalhadores do McDonalds manifestam apoio à marcha contra a tarifa

O quarto ato contra o aumento da tarifa, realizado no centro de São Paulo na sexta-feira, 23, foi mais uma vez duramente reprimido pela polícia militar. Incapazes de responder às demandas populares por qualidade no transporte e sem querer enfrentar a máfia que comanda as empresas capitalistas de transporte da capital, o prefeito Hadad e o governador Alckmin resolveram que a luta contra o aumento deve ser resolvida como caso de polícia.

A disposição do movimento de não ceder às provocações da polícia é encarada com ironia por parte das forças de segurança. Enquanto a marcha segue organizada, com comissões de segurança e convencimento em toda a sua extensão de mais de quase 10 mil pessoas, a polícia cerca a marcha e espera o melhor momento para provocar um tumulto, dispersar a manifestação deter algumas pessoas.

Na última marcha, a assembleia aprovou um trajeto que percorria algumas ruas do centro e terminava na praça da república. O apoio da população mais uma vez foi massivo, com papel picado jogados dos prédios e várias pessoas se juntando a marcha após sair do trabalho. Nem uma grande chuva diminuiu a presença da marcha na altura do metrô São Bento.

Quando a marcha passava por trás do Teatro Municipal, a polícia resolveu provocar a partir do lançamento de um rojão por parte de um desconhecido. Muitas bombas de gás e balas de borracha conseguiram dividir a marcha em três partes que não puderam se reagrupar. Muitos manifestantes ficaram feridos.

No vídeo abaixo, podemos ver a polícia atacando uma aglomeração de manifestantes.

A decisão de barrar o aumento, no entanto, continua firme por parte do povo paulista. Na quinta-feira, 22, o MTST realizou atos em diversas regiões de São Paulo engrossando o caldo das manifestações. O 5º ato contra o aumento das passagens está marcado para a próxima terça-feira, 27, no largo da Batata, zona oeste de São Paulo.

Da redação, São Paulo