“As trincheiras do silêncio”, quarto livro de Pedro Laurentino, sindicalista piauiense, nos apresenta uma poesia combatente, militante, viva. Tão atual quanto o desejo de mudar o mundo presente nas manifestações de junho de 2013 ou ao redor do mundo, como estamos vendo. Os dois primeiros livros de Pedro foram escritos em prosa, logo após ele envereda pela poesia, com o livro “Do que sei do Mundo”, onde já demonstra suas qualidades de “poeta preocupado com o mundo”. Porém, em suas Trincheiras, Pedro não nos apresenta uma continuação de seu 3º livro, e sim nos brinda com uma poética ainda mais completa.
Tomada de consciência pautada na luta de classes cotidiana, detalhada e observada nos mínimos detalhes da vida, que só o poeta que milita consegue extrair, perceber, transmitir. Assim é a poética de Pedro, que mesmo quando fala sobre o amor, o lazer com os amigos num sábado de futebol ou o time da Várzea, nos apresenta com um lirismo daqueles que vivem de perto as delícias, agruras e privações dessa nossa sociedade decadente e tão carente de poesia.
Em todo seu livro notamos a preocupação do autor em escrever algo real, natural, concreto. Podemos dizer que os poemas de Pedro têm público e endereço certo: quando exalta algum acontecimento lembra-se de Canudos e sua inspiração é o Abaixo-assinado,o operário na pedreira, o vigia que não dorme para proteger o sono alheio, os vulgos, o vendedor de queijo, o entregador de papéis, a mulher lutadora, brasileira, e a vida da gente.
É preciso salientar as origens desse poeta do Piauí, que militou no movimento estudantil desde cedo, contribuiu para a reconstrução do movimento estudantil em Pernambuco depois no fim da ditadura, período confuso, defendeu o povo no parlamento, militando até hoje e tudo isso sem deixar de viver e fazer poesia.
Ao perguntar sobre essa sua militância poética e política, mesmo durante a ditadura militar, Pedro, poeta, modesto, nos respondeu: “O verdadeiro poema era a luta contra a ditadura. Levantar a bandeira da liberdade, acender os corações para a luta, despertar o ódio contra o fascismo e o amor pela justiça. A poesia está nos olhos de quem vê a matéria prima da vida com toda a magia que ela nos oferece. Além do que, como já disse o poeta, a vida é amiga da arte e a poesia é companheira da luta. Vivemos, lutamos, amamos e sorrimos melhor se temos a poesia ao nosso lado, nos fazendo companhia. A poesia é a minha nova trincheira de luta para me fazer mais merecedor da vida e de tudo o que ela nos oferece”.
O livro “As Trincheiras do Silêncio” foi lançado em 2014, ano que se completaram os 50 anos do golpe militar de 64, e represente uma enorme contribuição no resgate da poesia de resistência feita no Brasil, após os 21 anos de ditadura que dizimou nossa cultura e deixou o país mergulhado em tristezas e sem poesias. “As Trincheiras do Silêncio” é um bom livro e uma boa leitura.
Cloves Silva, estudante de Letras da UFRPE, militante da UJR-PE.
Deputados da direita comemoram revogação do decreto 8234
A câmara dos deputados aprovou ontem a revogação do Decreto presidencial 8243 que criava o Plano Nacional de Participação Social. A proposta de revogação do decreto partiu do deputado pernambucano do DEM, Mendonça Filho, mas sua aprovação foi toda articulada por partidos da base do governo, que supostamente deviam apoiar as medidas da presidente, como o PMDB e o presidente da Câmara, Henrique Alves, candidato derrotado nas eleições ao governo do Rio Grande do Norte.
Ao revogar o Plano de Participação, a maioria do congresso demonstra que pretende legislar de costas para o povo brasileiro e que está disposto a fazer tudo para impedir a livre expressão popular em espaços democráticos. É importante lembrar que o legislativo é o poder que mais tem acusações e condenações em casos de corrupção.
Uma grande campanha midiática foi feita pela Globo e pelos principais jornais e revistas dos monopólios contra o decreto. Colunistas de extrema direita estabeleceram paralelo entre o Plano de Participação e revolução bolivariana na Venezuela. Toda essa campanha prova duas coisas. Primeiro que o povo venezuelano tem, de fato, vivido momentos de maior democracia para os trabalhadores e de perda de privilégios das classes dominantes. Essa é a única explicação para os capitalistas brasileiros, entre eles a família Civita e Marinho, donas da Veja e da Globo, terem tanto medo do “modelo venezuelano”.
Outra questão que fica provada com essa campanha é que os meios de comunicação monopolistas do Brasil fazem um discurso completamente hipócrita com relação à corrupção. É evidente que a corrupção, filha dileta da relação promíscua entre o público e o privado, diminui sempre em que há maior participação, fiscalização e transparência. Este é exatamente o objetivo do decreto. Quem tem medo da fiscalização e participação popular em programas e ações de governo está querendo esconder o que?
O segundo governo de Dilma ainda nem começou e o PMDB já mostra seu papel de quinta coluna da direita reacionária no interior do governo. A votação do Plano de Participação apenas prova que os governos que ficam reféns dos acordos de gabinete no interior do parlamento, dispensando a mobilização e desconsiderando a vontade popular, estão fadados à derrota e e a serem alvo do ódio do próprio povo.
Afinal, Dilma Rousseff garantiu mais um mandato, derrotando o tucano Aécio Neves. Foi por um triz, como na eleição de 2010, ao enfrentar o também tucano José Serra. Naquele ano, como agora, votei em Dilma, não por apoiar a agenda de seu governo e sim por acreditar que as coisas podem não melhorar, mas certamente podem piorar, e no meu entendimento, Aécio Neves simboliza o retrocesso, o agravamento de um problema.
Meu voto não é um cheque em branco a Dilma e seu partido, nem tão pouco é um voto de confiança no sistema eleitoral. Com sua política de alianças com o que há de mais patife na política brasileira, o governo de Dilma Rousseff não me representa, como também não representa os indígenas e quilombolas, estes sequer citados nos debates e propagandas dos candidatos. Quero crer também que não representa os moradores de favelas cuja ocupação por tropas do exército foi autorizada pela presidenta. E acredito ainda que não representa a parcela do movimento social que não foi cooptada pela máquina do governo.
Claro que me agrada aos olhos ver os “coxinhas” se consumindo no próprio ódio ao saber que a “ditadura comunista do PT” terá um fôlego adicional de 4 anos, mas não tenho qualquer esperança de que o Partido dos Trabalhadores, com todos os compromissos firmados com o agronegócio, banqueiros, empresários, e mesmo a “guerra contra as drogas” de Washington, possa retomar às velhas bandeiras de luta do movimento social. O movimento social no Brasil precisa livrar-se dessa polarização entre PT e PSDB, livrar-se da cooptação, e trabalhar por uma alternativa à esquerda, uma alternativa que não busque como meta o governo e sim o poder. Acabar de vez com essa oligarquia, com o coronelismo, com o poder de famílias que possuem terras, emissoras de TV e rádio, e mesmo estados inteiros. São estes os verdadeiros detentores do poder no Brasil.
Quanto a mim, retorno agora à oposição de esquerda e continuo colocando minha arte a serviço do movimento social. A quem acredita que pelo meu voto crítico eu aderi ou capitulei ao governismo, peço que refreie sua leviandade e guarde essa carta como referência futura.
As eleições uruguaias do último domingo além de eleger o parlamento e realizar o 1º turno das eleições presidenciais contaram com um plebiscito que rejeitou o rebaixamento da maioridade penal de 18 para 16 anos.
A frente de partidos no governo conhecida como Frente Ampla, do presidente José Mujica, defendeu o não no plebiscito sobre a maioridade penal e foi também a lista mais votada com 1,1 milhão de votos.
No próximo dia 30 de novembro ocorrerá o segundo turno das eleições presidenciais onde vão se confrontar o ex-presidente Tabaré Vázquez (Frente Ampla) e Lacalle Pou (Partido Nacional). O candidato do Partido Colorado, Pedro Bordaberry, que contou com 13% dos votos, logo declarou apoiou a Lacalle, firmando a aliança dos setores de direita contra a Frente Ampla.
A campanha foi marcada por divergências internas na Frente Ampla, com Tabaré demonstrando contrariedade à lei de legalização da maconha aprovada durante o governo de Mujica. O Uruguai é ainda o único país da América do Sul que legalizou o aborto, garantindo a redução do índices de mulheres mortas em virtude de abortos clandestinos.
O país que deu início à Primavera Árabe realizou neste domingo suas eleições parlamentares. Localizada no norte da África, a Tunísia assistiu ao fortalecimento dos islamitas da irmandade muçulmana que, organizados no partido Ennahda venceram as primeiras eleições após a derrubada do regime de Ben Ali. Após cumprir seu governo, o Ennahda sofre sua primeira derrota, sendo vencedor o partido liberal e secularista Nidda
A esquerda do país se organizou na Frente Popular e é liderada pelo Partido dos Trabalhadores Tunisianos – PTT (anteriormente chamado de Partido Comunista dos Trabalhadores Tunisianos). Nesses eleições a esquerda teve importante crescimento, alcançando 12 deputados no parlamento e 5% dos votos. Os vencedores do Nidda tiveram 38% dos votos e o Ennahda 31%.
No início de novembro, ocorrerão eleições para presidência da república e a Frente Popular está em campanha pela eleição do comunista Hama Hanami para a presidência.
Dos países que foram palco de grandes manifestações durante a primavera árabe, a Tunísia é um único que derrubou seu regime ditatorial evitando a guerra civil ou a volta de ditaduras sanguinárias. Apesar do clima de terror instalado durante os primeiros momentos do governo do Ennahda, a luta social e a unidade da esquerda na Frente Popular foram capazes de evitar a ingerência do imperialismo no país e seguir avançando as conquistas do povo tunisiano por liberdade e justiça social.
Publicação do Coronel Telhada logo após as eleições.
Derrotada no 2º turno das eleições presidenciais, a extrema direita brasileira prepara suas estratégias para pressionar o governo e disputar a consciência popular.
Sabemos que o governo Dilma teve sua campanha financiada por empreiteiras e capitalistas e do agronegócio. Os capitalistas vão agora fazer lobby para cobrar a fatura desse financiamento, procurando fazer com que o governo aplique medidas em seu próprio benefício. Na oposição de direita, há um conjunto de forças políticas e especuladores interessados em manipular a opinião pública para impedir qualquer medida do governo que sirva para reduzir as injustiças sociais que existem no Brasil.
De cara, é preciso saber que essa estratégia não é fruto de geração espontânea nem tampouco floresce apenas de preconceitos e atitudes despolitizadas já arraigadas em parte da população. É uma estratégia formulada por órgãos da mídia e institutos de propaganda fortemente financiados pelos capitalistas que respondem de maneira unificada em nível internacional. Após anos de repetição midiática das teses da extrema direita, é compreensível que essas ilusões tenham certa ressonância na sociedade.
Tirar proveito das divisões regionais do País
A primeira parte dessa estratégia consiste em criar um mito e separar o país entre “ignorantes” e “inteligentes”, “preguiçosos” e “bem-sucedidos”. O alvo preferencial dessa propaganda são os moradores da região nordeste do país e o argumento principal é o pagamento do Bolsa-família.
O nordeste votou massivamente contra o candidato Aécio Neves por que é a região mais afetada pela política antipopular da extrema direita desde antes da ditadura militar. Políticas básicas de industrialização e incentivo à educação nunca haviam sido implantadas na região, obrigando grande parte de seus habitantes a emigrarem em verdadeiro êxodo até a década de 1990. Foi com pleno conhecimento do perigo que o candidato do PSDB representa que os brasileiros do nordeste foram votar.
A verdade é que o estado de São Paulo é o segundo estado do Brasil com maior número de beneficiários do Bolsa Família, ficando atrás apenas do Ceará. Dilma teve a maior parte de seus votos no sul e sudeste, vencendo as eleições inclusive no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. No entanto, faz parte da estratégia do fascismo encontrar um inimigo interno, que esconda a divisão da sociedade em classes e turve a percepção das pessoas sobre a verdadeira origem dos problemas sociais.
No Brasil, não existe um número suficiente de imigrantes, judeus ou ciganos que possam servir como alvo desse preconceito, assim como acontece na Europa. A solução então foi mirar na povo do nordeste e realizar uma propaganda sistemática, certas vezes subliminar, certas vezes direta, para fomentar a xenofobia e colocar o povo do nordeste como responsável pelos problemas do Brasil.
Os representantes da extrema direita mais radical são mais explícitos nesse ataque aos brasileiros do nordeste. Entre eles está Diogo Mainardi, fiel puxa-saco da burguesia paulista, que afirmou logo após as eleições: “O nordeste é atrasado em tudo, inclusive na linguagem. É uma região bovina que sempre se conformou com o poder”. Outros são mais discretos, como os jornalistas servidores da família Marinho, que na manhã após as eleições apresentaram um mapa com os estados do nordeste pintados de vermelho, escondendo os milhões de votos em Dilma no sul e sudeste.
Lei, ordem e força bruta
A segunda parte da estratégia consiste em convencer a população que existe um estado de anarquia instalado em toda a parte, que ao país faltam leis, punição, regras e limitações. A mídia investe pesadamente em programas policiais que fazem um verdadeiro terror jornalístico ao meio-dia e no fim da tarde em vários canais e têm à sua disposição helicópteros e diversos pontos ao vivo.
Esses programas televisivos promovem a força militar como solução para todos os problemas. Querem convencer de que um código penal mais punitivo, a redução da maioridade penal, a pena de morte e a prisão perpétua vão transformar o Brasil em um verdadeiro paraíso. Eles sonham em tornar popular uma liderança militar que possa ser o “redentor” do Brasil.
Não à toa, o deputado estadual eleito conhecido pela alcunha de Coronel Telhada foi o único parlamentar a se posicionar publicamente defendendo a separação de São Paulo do restante do país como solução para a questão social.
Eles escondem que, considerando apenas as punições feitas dentro da lei, o Brasil é um país campeão em prender e punir, em especial os jovens e os negros. São hoje mais de 700 mil pessoas presas no Brasil, a terceira maior população carcerária do mundo. Temos mais presos do que a Índia, país com mais de 5 vezes nossa população. Por fora da lei, temos uma das polícias que mais mata no mundo fazendo com que a própria ONU recomendasse ao Brasil a desmilitarização das polícias. Se prender e matar pessoas gerasse mais segurança, certamente o Brasil seria mais seguro que a Suíça.
O objetivo dessa estratégia é ganhar a simpatia da classe trabalhadora às medidas de restrição da liberdade e do uso da força bruta contra o protesto social. Ganhando a tese da lei e da ordem será mais fácil criminalizar os movimentos sociais, as lutas sindicais, a luta das mulheres pelo direito ao aborto seguro e contra a violência e a luta da população LGBT por igualdade.
Os corruptores gritam corrupção
Manipular a percepção popular sobre a corrupção consiste na terceira parte dessa estratégia. O povo brasileiro evidentemente repudia quem se corrompe e usa o dinheiro público para enriquecer. O mito que eles querem criar, no entanto, tem o seguinte fundamento: a corrupção é uma invenção dos políticos e são os políticos os principais beneficiados com a corrupção.
A verdade porém é outra. A corrupção é uma invenção dos capitalistas que usam o pagamento de propina para obterem benefícios do estado e assim reunirem mais lucros. Os políticos não passam de marionetes dos capitalistas na gestão do estado, manobrando com o objetivo de beneficiar um ou outro especulador e recebendo seus 10% em troca disso. Os corruptores (ou seja, os que pagam a propina), nunca têm evidência nas materiais dos jornais e, comumente, nada acontece com eles e suas empresas.
Tanto é verdade que a principal corrupção que acontece nas eleições é totalmente legalizada. Ela consiste no financiamento privado das candidaturas. Os capitalistas da empresa Friboi, por exemplo, doaram R$ 51 milhões para vários partidos da situação e da oposição neste ano. É possível acreditar que alguém faça uma doação de R$ 51 milhões sem esperar nada em troca?
O objetivo dessa estratégia é paralisar o governo e ela é usada sempre que a extrema direita sente que o governo pretende avançar em alguma medida popular. Do ponto de vista dos reacionários, é melhor um governo paralisado do que um que democratize a mídia, faça a reforma agrária, re-estatize as estatais privatizadas e faça a auditoria da dívida pública.
Com estratégia definida, a extrema direita está em campo para defender seus interesses e já mostrou que não tem limite em impôr o ódio para conseguir o que quer. O movimento popular não poderá sair vitorioso dessa disputa se se limitar a responder aos ataques ou permanecer em uma postura defensiva em relação ao governo, pregando o medo de que este não se sustente. A maioria do povo brasileiro mostrou nas urnas que quer mudanças profundas no país e os movimentos populares precisam ser os primeiros defendendo essas mudanças, empurrando e exigindo do governo.
A campanha de libertação do ativista palestino Ahmad Sa´adat, liderança da Frente Popular de Libertação da Palestina – FPLP que se encontra ilegalmente preso em cárcere israelense, realiza uma semana de mobilizações em diferentes cidades do mundo desde o dia 17 até hoje.
Ocorreram atos pela libertação de Ahmad em várias cidades da Europa, América e Ásia, fortalecendo a conscientização das pessoas sobre o papel das forças de invasão israelenses em solo palestino e estreitando os laços da resistência com os movimentos populares de todo o mundo.
Na internet, a campanha impulsiona a hashtag #FreeAhmadSaadat e convida todos os apoiadores a divulgarem as notícias do site: http://freeahmadsaadat.org/
Emocionante ato, realizado em 23 de outubro, marcou a fundação do Coletivo Feminista do IGc USP (Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo), com uma homenagem à Dinalva Oliveira Teixaira e discussões sobre a situação da mulher na Universidade e especificamente no curso de Geologia.
O coletivo foi nomeado de “Coletivo feminista Geóloga Dinalva” em memória dessa heroína do povo brasileiro. Dina, como era conhecida, é uma das militantes desaparecidas do Araguaia. Pertencia ao PCdoB e foi a única mulher a ser vice-comandante da guerrilha. Por sua habilidade militar e facilidade de escapar aos cercos montados pelo Exército havia um mito de que se tornava borboleta, o que inspirou a linda imagem utilizada pelo coletivo como logomarca. Dina era geóloga e na guerrilha também atuava como professora e parteira.
A importância de nomear o coletivo com essa lutadora do povo é muito significativa, tanto para homenagear na pessoa dela todas as mulheres que deram suas vidas por uma sociedade mais justa, como pelo fato de ser do curso de Geologia que vieram diversos militantes, exemplos da luta e resistência, que foram covardemente assassinados pela Ditadura Militar. Dentre eles Antônio Carlos Monteiro Teixeira, geólogo desaparecido no Araguaia em 1972, Alexandre Vanucchi, estudante da USP assassinado pelos agentes do DOI-CODI em 17/03/1973, e Ronaldo Mouth Queiróz, também estudante da USP, assassinado em 06/04/1973 por agentes do DOI-CODI.
As lutas travadas na Geologia são exemplo para o movimento estudantil e para todos/as nós. As mulheres geólogas há tempos vêm sofrendo com o tratamento desigual com relação aos homens na profissão. Um artigo publicado no jornal “Brasil Mulher”, nº 01, de 01/12/1975, trazia uma charge com um desenho de um prédio escrito “Petrobrás-BR” e logo abaixo os dizeres “menina não entra”, como maneira de denunciar que geólogas e químicas que quiseram prestar o concurso para a empresa foram barradas sob alegação de que o trabalho era insalubre. Hoje essa situação melhorou, mais há muito que avançar.
Por isso, e por todo o machismo existente nessa carreira, a iniciativa de criar um coletivo para organizar as mulheres e travar as lutas gerais e específicas do curso é muito louvável.
Na ocasião do ato, com o saguão lotado de estudantes, houve uma fala inicial com participantes do coletivo contextualizando a necessidade da organização das mulheres na Universidade.
Participaram Comissão da Verdade do Estado de São Paulo e do Movimento de Mulheres Olga Benário, falando sobre a história da Dinalva e relatando as opressões específicas vivenciadas pelas mulheres no período ditatorial. Também falaram as companheiras Agatha do coletivo Juntas, representando a Frente Feminista da USP, e Luiza Mançano da Marcha Mundial de Mulheres, estudante do curso de Letras, ressaltando a importância da organização das mulheres na Universidade e as lutas gerais e específicas de cada curso, bem como lembrando as situações de machismo existentes na Universidade como um todo.
Foi apresentado também um estudo por Mônica Perrota, representante do Comitê de Pró-equidade de gênero e raça da CPRM Serviço Geológico do Brasil, uma empresa pública de atuação na área, falando sobre as relações de trabalho, no qual é demonstrado como ainda hoje as mulheres estão em número menor nos cargos de chefia, mais ainda quando os cargos tem maior poder decisório. O estudo traz ainda as já conhecidas diferenças salariais para o mesmo tipo de trabalho, além do fato de, apesar de uma melhora, as mulheres terem mais dificuldade no ingresso na profissão do que os homens.
Também participou da atividade a professora Lucelene Martins, do Instituto de Geociências da USP, que falou sobre o machismo no Instituto
Foi apresentada, ainda, uma importante pesquisa feita pelo próprio Coletivo FeministaGeóloga Dinalva com as mulheres que frequentam o Instituto de Geociências, como professoras, funcionárias e as próprias alunas.
Encerrou-se a mesa com a fala do Felipe do USP Diversidades, um projeto que visa desenvolver ações de estímulo e promoção dos Direitos Humanos.
Todos os movimentos parabenizaram a iniciativa da formação do coletivo, especialmente em um curso onde o machismo é tão presente, e ressaltaram a importância da organização das mulheres, na transformação da Universidade e da sociedade em geral.
Que iniciativas como essa possam se reproduzir em todos os cantos do nosso país e que o movimento de mulheres como um todo possa se organizar, se unir e fortalecer essa luta, pois somente com as mulheres organizadas poderemos de forma efetiva transformar nossa realidade social.
Everaldo Rodrigues, Coordenador Regional Norte do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores da Industria Energética de Minas Gerais (Sindieletro – MG), concedeu entrevista exclusiva ao Jornal A Verdade. Na entrevista Everaldo fala sobre a situação da Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), condições a que são submetidos os trabalhadores da indústria energética mineira, expectativas do sindicato quanto o resultado das eleições para governador em Minas, além de analisar o 2° turno das eleições presidenciais em uma perspectiva sindical.
O Sindieletro – MG é referência no movimento sindical, vanguarda de inúmeras lutas em defesa do trabalhador eletricitário. Qual o papel do sindicato hoje?
Everaldo: Bem, o papel do sindicato hoje, extrapolou a questão corporativa. Temos uma ação voltada para construção da sociedade. O Sindeletro não se limita a estar nas lutas da CEMIG. Entendemos que o movimento sindical só pode sair vitorioso, só pode ter ganho político na essência, através cooperação com movimentos sociais e juventude. Fortalecendo assim, a classe que representamos, como também forças políticas aliadas.
Qual a análise que o sindicato faz da CEMIG em âmbito estadual?
Everaldo: A CEMIG hoje não atua apenas em âmbito estadual, é uma empresa que administra mais de cem empresas, não só em Minas. Diante disso, entendemos que a CEMIG não pode perder seu foco fundamental que é fomentar o desenvolvimento do estado de Minas Gerais, através da produção, transporte e distribuição de energia elétrica. Isso é mais um dificultador. A CEMIG se diversificou tanto, que é difícil manter a unicidade dos trabalhadores. A ampliação da terceirização e redução do quadro pessoal também dificultam a atuação do Sindieletro.
Porque a terceirização prejudica o trabalhador eletricista da CEMIG?
Everaldo: A terceirização é tratada pela CEMIG como forma de aumento da produtividade. Na verdade, ela tem única e exclusivamente, a finalidade de aumentar os lucros através do subemprego e da mais-valia. A cobrança do aumento de produtividade com fornecimento equipamentos de baixa qualidade, torna o trabalho do eletricitário, ainda mais insalubre e perigoso. A cada 45 dias, um trabalhador sofre acidente fatal em serviço.
Quais os principais problemas da CEMIG no Norte de Minas?
Everaldo: Não dá para enumerar –risos-. Os problemas vão da política de centralização e fechamento de agências até a falta de renovação dos quadros funcionais, realidade dos 12 anos de gestão do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) sobre o Estado mineiro. É crescente, também, o déficit de mão de obra e de conhecimento técnico. O sucateamento das redes é um dos piores problemas. Por exemplo, Montes Claros, tem a subestação Montes Claros 3 que já deveria ter sido construída a mais de 5 anos. Não se pode ligar uma nova indústria em Montes Claros, porque não é possível cobrir a demanda. Ao norte de Montes Claros, existe um gargalho estrutural nas linhas de transmissão, que pode colocar em risco todo fornecimento energia elétrica para a região. Por fim, o objetivo da empresa é o aumento dos lucros, em detrimento de redução de investimentos necessários em infraestrutura, sempre cobrando aumento da produtividade.
Você comentou sobre a gestão de 12 anos do PSDB em Minas Gerais. Qual a relação do governo estadual com o sindicato?
Everaldo: É até difícil falar porque não tem relação. Quando conquistamos algum diálogo com o governo, é através da direção da CEMIG, e mesmo assim, é muito restrito: somente questões básicas ou situações críticas. As principais medidas da gestão do PSDB são voltadas para os interesses de acionistas e seus lucros. A gestão da CEMIG deveria pautar em primeiro plano o respeito a classe trabalhadora. Logo, tomamos posição enquanto oposição ao governo, pela forma com que ele vem conduzindo a CEMIG e outros seguimentos da sociedade.
Quais as expectativas da direção do Sindieletro- MG para o novo governo de Minas Gerais, agora sobre direção de Fernando Pimentel do Partido dos Trabalhadores?
Everaldo: A expectativa é positiva. As bandeiras colocadas durante a campanha de Pimentel, passam pela questão reconstrução das empresas estatais. Sobre possibilidade de perda de apoio, ele defendeu pautas como a revisão dos dividendos da CEMIG. O que não podemos achar, que por ser um governo progressista, mais à esquerda, nossas lutas ficarão de lado. Mais do que nunca devemos nos posicionar de maneira firme e critica e fortalecer o sindicato diante esse novo cenário.
Sobre o senador Aécio Neves, ex-governador de Minas, disputar a presidência, qual é a análise da direção?
Everaldo: Não temos dúvidas que Aécio não é a pessoa mais indicada para governar o país. Conhecemos bem a forma que ele governou o estado de Minas. Amordaçou as mídias, usou de empresas públicas para fortalecer “caixa” de campanha, as ingerências na saúde, na educação pública. A própria CEMIG é um exemplo, temos a tarifa mais cara do Brasil em decorrência de alíquotas de impostos extremamente altas, podendo chegar até 40% do valor total de uma conta de luz.
Tem alguma consideração para encerrar entrevista?
Everaldo: Como o Jornal A Verdade, a UJR, o próprio PCR, o recado que fica é que a luta não pode parar. É importante o que vocês fazem, porque precisamos fortalecer a luta e permitir sua continuidade. Esse é o grande ganho por estar levando nossa bandeira para a sociedade, agregar o movimento sindical, os movimentos sociais. Não podemos deixar lacuna no movimento, temos que estar buscando a reformulação e ampliar a participação popular. É importante ampliar o controle social nas empresas públicas, nos mandatos, na sociedade como um todo, para prevenir problemas e escândalos em questões políticas do Brasil.
Em comemoração aos 15 anos de existência do jornal A Verdade, preenchidos por uma luta conseqüente em defesa dos trabalhadores, da juventude e pela revolução e o socialismo, ocorrerão no próximo mês de dezembro diversas festas em todas as regiões do estado de Pernambuco. A novidade é que os eventos desse ano serão palcos do 1º Prêmio Poesia da Verdade com o tema: Memória, Verdade e Justiça – 50 anos do golpe militar e a poesia como resistência.
O evento será realizado pelo Centro Cultural Manoel Lisboa (CCML) em parceria com o Jornal A Verdade e tem como objetivo incentivar a produção de poesia no estado estado através de uma política editorial que visa democratizar o acesso à literatura por via dos meios de informatização e apresentar-se como uma estratégia de promover a circulação da literatura contemporânea de cunho engajado.
Poderão participar pernambucanos (as) residentes dentro ou fora do estado e cada autor(a) poderá́ participar com até duas poesias, podendo ser premiado por apenas uma delas. As inscrições deverão ser feitas no período de 01 de novembro a 03 de dezembro de 2014 e poderão ser feitas na sede do Centro Cultural Manoel Lisboa, enviando os documentos necessários pelos Correios ou através do e-mail do concurso premiopoesiadaverdade@gmail.com, com todos os documentos devidamente digitalizados e anexados de acordo com o edital. A inscrição terá o custo simbólico de R$ 10,00 a ser depositado na conta do Centro Cultural Manoel Lisboa (CCML).
O concurso fará a entrega de prêmios para os cinco primeiros colocados. Ao primeiro colocado a premiação será de um Notebook, um certificado de vencedor e uma assinatura do jornal A VERDADE por um ano. Ao segundo colocado a premiação será uma coleção de livros das Edições Manoel Lisboa e um certificado de segundo colocado.
Ao terceiro colocado uma assinatura do jornal a verdade por um ano e um certificado de terceiro colocado. Ao quarto e quinto receberam certificados de colocação. Para mais informações acesse o blog do evento: www.premiopoesiadaverdade.wordpress.com
Nos dias 18 e 19 de outubro, em Extremoz, região metropolitana de Natal, realizou-se o 1⁰ Congresso Estadual da União da Juventude Rebelião no Rio Grande do Norte. Para dar início todos cantaram o hino dos trabalhadores do mundo inteiro, A Internacional.
Muito debate, formação política, cultura e um espírito de coletividade entre os presentes foi o tom do Congresso. A primeira parte dos trabalhos foi dedicada ao debate da conjuntura e o papel da UJR diante desta. Destacou-se nesse ponto a importância da UJR na campanha pela legalização da Unidade Popular pelo Socialismo.
Em seguida foi debatido o texto de Lênin “As Tarefas das Juventudes Comunistas”. Durante as falas todos os companheiros e companheiras ressaltaram a importância do estudo do marxismo-leninismo e como esse aprendizado deve ter como base uma prática revolucionária cotidiana. O primeiro dia foi encerrado com um sarau de poesia e apresentações musicais em um clima de alegria e fraternidade.
O segundo dia foi iniciado com o debate sobre as tarefas no movimento de massas, dando destaque ao congresso da UESP, construção de grêmios, trabalho nas escolas técnicas e o desafio de em 2015 efetivamente concentrar esforços para estabelecer uma atuação organizada no movimento estudantil universitário. Mas também não foi esquecida que é um dever também a atuação junto aos jovens trabalhadores e das periferias junto ao MLC e do MLB.
Antes da plenária final debateu-se o texto de Che “O que deve ser um jovem comunista”. As palavras “exemplo”, “estudar e lutar” estiveram presentes em todas as falas e resumem bem o debate.
Por fim foram eleitos os delegados a etapa nacional do Congresso da UJR e a Coordenação Estadual da UJR que terá a honrosa tarefa de mobilizar e travar as lutas da juventude pelos seus direitos e crescer sua organização revolucionária na terra do herói comunista potiguar Emmanuel Bezerra dos Santos.
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