eu sube, de um cumpadi meu aqui da minha terra, que viu nas tevê daí da capital, que o sinhô ficou aborrecido com o resultado das eleição pra presidente do nosso Brasil, e chamou a gente daqui do norte de boi.
Sinhô Mainardi, nóis semo boi sim, mas também somo vaca. Porque as muié da gente trabaia junto com nóis pra poder criar os fi com muita dificuldade. No tempo do meu pai é que os home dizia que muié não trabaiava. Besteira! Trabaia duas vez, em casa e na roça do patrão… e com salário menor!
O sinhô também chamou nóis de atrasado. Sinô Mainardi, nóis num atrasa nem um minuto todo dia pra ir pra roça trabaiá. Os patrão, seus amigo, é que vez quase sempre atrasa o pagamento do nosso salariozinho.
Eu nem quero fazer briga com o sinhô, porque o sinhô é moço letrado, estudado e mora até nas Europa. Eu só quero ajudar o sinhô, porque Do tempo que o cumpadi Lula foi presidente pra cá nóis mora numa casa nossa e recebe a tal bolsa família que ajuda muito no dia-a-dia da gente. Não resolve os pobremas não, mas que ajuda, ajuda. Nóis ficamu sabendo também que vóis mecê e seus colega são contra as nossas bolsa. Encarecido sinhô Mainardi, deixe disso! As bolsa é boa, e quando nóis não precisá mais nóis passa pra outro companheiro mais necessitado. Num se aperreie não, sinhô Mainardi, que essas bolsa num vai prejudicá nem o sinhô, nem os seus amigos.
Incrusive, sinhô Mainardi, nóis ficamo sabendo que a cidade que o sinhô mora tá afundando e os seus amigo da Veneza tão preocupado com a situação. Mas não se preocupe não, sinhô Mainardi, porque os nossos companheiro trabaiadores daí das Veneza não vão deixar essa cidade tão linda afundá. Até porque foram eles que construíram ela, num é sinhô Mainardi?
De qualquer jeito, nóis aqui do norte ficamo muito satisfeitos com a vitória da presidenta Dilma, e tamo confiante no futuro da gente. Hoje, nóis ganha o bolsa família, amanhã vamos conquistá nossa reforma agrária e depois mais mudança pro povão do Brasil. E um dia, como disse o cumpadi Julião, das Liga, nóis faz a revolução. Aí é que vai ficá bão!!
Movimentos sociais convocaram um ato unitário com concentração para esta quinta-feira, 17 horas, no Masp, avenida paulista. Entre os movimentos que convocaram o ato, está o Movimento dos Trabalhadores Sem-teto, MTST, que pretende cobrar do governo federal a aplicação de medidas de interesse popular por parte dos governos estadual e federal.
Logo após a divulgação dos resultados da eleição, a extrema direita paulista procurou se organizar e, liderada por deputados como Bolsonaro filho e Coronel Telhada, passou a ocupar as ruas alimentando intenções golpistas e falando, inclusive, em intervenção militar golpista no Estado. Mesmo que essas intenções possam parecer lunáticas, o papel do movimento popular de se manter alerta e nas ruas para exigir direitos é premente.
A manifestação defenderá a punição aos torturadores da Ditadura e dos dias atuais, as reformas urbana e agrária, imposto sobre as grandes fortunas, a democratização das comunicações, e a mudança no sistema político nacional.
Combater o ajuste econômico
Não apenas em São Paulo, mas em todo o Brasil é necessário que os movimentos sociais ocupem as ruas exigindo que o governo federal cumpra o mandato de esquerda para o qual foi eleito. Mídia, banqueiros, grandes capitalistas e políticos corruptos manejam para fazer com que o governo do PT implante o programa de seus adversários de direita, neoliberal e de ajuste econômico contra os trabalhadores.
Vários acontecimentos políticos recentes dão sinais de que o governo Dilma se renderá a tese do ajuste e fará um novo arrocho econômico. São eles: a subida de juros, três dias após as eleições; aumento linear da gasolina; promessas, por parte do ministro Mantega, de corte nas pensões e no seguro-desemprego; possibilidade de indicação de um banqueiro para o ministério da fazenda. Até agora, o governo não deu nenhum sinal de que atenderá as pautas da esquerda, bravamente defendida por vários militantes nas ruas durante o segundo turno das eleições.
Contra o lobby político e financeiro que os capitalistas realizam nos bastidores, a resposta não pode ser outra senão a rua, a mobilização e a luta de massas para exigir nossos direitos.
O crime que vitimou 43 jovens no povoado de Iguala, estado de Guerrero, no México ocorreu há mais de um mês. No início, a estratégia do governo e da mídia foi a de vincular os jovens com o cartel de traficantes da região, conhecido pelo nome de “Guerreros Unidos”. A mobilização popular por justiça e punição dos assassinos, no entanto, comprovou as ligações do governo local com o narcotráfico e quando os policiais acusados de praticar os assassinatos foram presos, o cartel realizou ataques exigindo que fossem libertados.
O povo mexicano decidiu dar um basta às milícias, ao uso do narcotráfico para amedrontar a população e à violência oficial do Estado. Neste último mês, sedes de governos e prefeituras foram ocupados, grupos de autodefesas foram formados, marchas multitudinárias foram realizadas na capital do país e em outras importantes cidades e uma greve geral está sendo preparada para o início de Dezembro. Uma verdadeira corrente de solidariedade se fortalece em todo país exigindo que a morte dos jovens de Iguala não seja em vão.
Nem a distância geográfica, nem a falta de informações mais profundas por parte da grande mídia pode nos fazer pensar que estamos longe da realidade do México. É verdade que a televisão brasileira fez mais reportagens nesse período sobre eventuais problemas climáticos nos Estados Unidos do que sobre a tragédia que ocorre com nossos irmãos da América Latina. Mas a chacina que ocorreu em Belém na madrugada do dia 05 de novembro talvez nos faça atentar para a realidade.
Há relatos que dão conta de até 35 mortes nos bairros de Guamá, Terra Firme e Jurunas, periferia de Belém. Até agora, o governo do estado confirma apenas 10 mortes. Entre essas pessoas está um jovem de 16 anos – Eduardo Galucio Chaves – que voltava da escola. Uma pessoa com necessidades especiais foi alvejada com cinco tiros e morreu após se assustar com o barulho e correr, conforme denúncia de Francisco Batista da Comissão de Justiça e Paz.
A estratégia do governo e da mídia brasileira é similar a de seus pares mexicanos: vincular as mortes ao envolvimento com o tráfico. É muito óbvio, no entanto, encontrar os verdadeiros responsáveis uma vez que a chacina teve início como vingança após o assassinato de um cabo da Polícia Militar. A chacina foi abertamente organizada e propagandeada pelos policiais através de diferentes redes sociais mas, até hoje, ninguém foi preso.
Diferente do que ocorreu no México, a chacina de Belém não despertou a mobilização social contra o assassinato de inocentes. A revolta permanece surda e restrita aos lugares impactados pelas mortes.
O que a chacina de Belém talvez nos faça ver é que México e Brasil vivem situações muito parecidas. Em ambos países existe um forte poder econômico nas mãos do narcotráfico, este mesmo narcotráfico está profundamente ligado aos órgãos estatais através das milícias e grupos de extermínio, e os governos manejam com narcotráfico e milícia para impôr o medo à população. O povo do México percebeu que a luta social é a forma de dar um basta a essa situação. Quantas chacinas como a de Belém serão necessárias para que os brasileiros tomem a mesma decisão?
Em fevereiro de 2014, os trabalhadores da limpeza urbana da cidade do Rio de Janeiro viraram exemplo nacional. Em uma greve histórica em pleno carnaval, conquistaram 37% de aumento salarial e uma elevação de 66% no ticket alimentação. Este processo desencadeou greves de trabalhadores de limpeza urbana em todo o país e inspirou a luta da classe trabalhadora por vários meses.
A categoria segue organizada e já planeja novas mobilizações. No último dia 30 de novembro, uma comissão de 30 garis começou a elaborar a pauta de reivindicações para 2015. Entre as propostas, estão reajuste salarial de 40% acima da inflação, extensão do aumento para os demais trabalhadores da COMLURB, fim das perseguições e plano de carreira.
Em resposta, a empresa e a prefeitura seguem perseguindo e demitindo injustamente as lideranças do movimento. Desde junho, 18 trabalhadores já foram demitidos. “Existe um forte assédio político da base de apoio da prefeitura do Rio tentando amortecer o movimento”, afirma Célio Gari, um dos principais líderes do movimento.
Segundo Bruno Rosa, outra liderança da categoria, o momento é de unidade dos trabalhadores. “A vitória tem que ser coletiva. A categoria precisa que cada um toque a luta e chame a base de sua regional para debater a pauta”.
O próximo passo da mobilização será um ato em frente ao Sindicato de Asseio e Conservação no dia 19 de novembro para pressionar a direção da entidade a apoiar a pauta construída pela comissão de luta dos garis.
A Verdade entrevistou o militante do movimento negro no ABC Paulista, músico e ativista do hip-hop Ba Kimbuta.
Ba Kimbuta lançou junto com a banda Makomba um dos discos mais elogiados de 2012 tanto pelo seu conteúdo político quanto pela sua musicalidade, Universo Preto Paralelo.
Nesta entrevista, o cantor fala sobre o papel do Rap, a luta contra o machismo e o capitalismo
No dia 25 de outubro foi realizada em Recife-PE, uma feijoada de apoio à construção do Partido UNIDADE POPULAR PELO SOCIALISMO, o evento contou com dezenas de pessoas, em clima de confraternização e disposição para construção do Partido. Nesta atividade participaram trabalhadores e trabalhadoras, estudantes e militantes dos movimentos sociais organizados. Atualmente é necessário fazer uma grande campanha, pois apesar de já ter sido preenchido cerca de 2.500 Fichas de Apoiamento na região metropolitana do Recife, precisamos ampliar pelo interior do estado, a tarefa não é fácil, pois é preciso quase 500 mil assinaturas na Ficha de Apoiamento em no mínimo nove estados brasileiros.
O Partido UNIDADE POPULAR PELO SOCIALISMO defende o fim da sociedade capitalista e entre as suas propostas para este exito defende: 1) Controle social da economia para atender às necessidades da população e acabar com as desigualdades regionais e sociais; 2) fim da espoliação imperialista sobre a economia nacional; 3)Garantia de emprego e trabalho para todos e proibição do trabalho infantil; 4) Ampla reforma agrária; nacionalização da terra e fim do monopólio privado da terra; 5) Anulação dos impostos extorsivos cobrados do povo; imposto sobre as grandes fortunas e progressivo; 6) Estatização de todos os meios de transporte coletivo; 7) Educação pública e gratuita para todos e em todos os níveis; garantia de livre acesso do povo à universidade e/ou cursos técnicos profissionalizantes; 8) Democratização dos meios de comunicação; 9) Fim da discriminação das mulheres; direitos iguais; fim do racismo e da discriminação dos negros e punição aos infratores; firme combate à exploração sexual de mulheres e crianças; 10) Fim de qualquer discriminação religiosa, de raça ou sexo; plena garantia à liberdade religiosa; 11) Defesa e proteção do meio ambiente e da natureza; proibição da destruição de florestas; estabelecimento do controle popular sobre a Amazônia; 12) Demarcação e posse imediata de todas as terras indígenas; defesa da cultura e dos direitos dos povos indígenas; 13) Garantia de Saúde pública e gratuita para todos; 14) Defesa e incentivo à cultura nacional e popular; 15) Garantia de moradia digna, saneamento e coleta de lixo para todas as famílias brasileiras; 16) Apoio à luta de todos os povos e países pela libertação da dominação capitalista e da espoliação imperialista; defesa da soberania, independência e autodeterminação dos povos; 17) Efetivação de uma justiça de transição relativa ao regime vigente antes da Constituição de 1988.
A necessidade deste novo partido é uma ideia amadurecida a vários anos e foi impulsionada com as manifestações populares iniciadas em junho de 2013, onde ficou demostrado que o povo, a juventude e a classe trabalhadora brasileira querem que se realizem as transformações há muitos anos prometidas e sempre adiadas. Durante a feijoada ficou claro que as pessoas têm recebido muito positivamente a proposta de construção da Unidade Popular pelo Socialismo. No evento foi renovado o compromisso de todas realizarem atos de coleta nos bairros, locais de trabalho, praças, escolas e nas universidades pernambucanas.
Partido Comunista Revolucionário do Alto Volta (PCRV)
Comunicado sobre a insurreição popular no Alto Volta, também chamado de Burkina Faso
O Alto Volta, também chamado de Burkina Faso, atravessa uma situação revolucionária que desembocou em uma insurreição popular no dia 30 de outubro, resultando na deposição do autocrata Blaise Compaore, malgrado suas sórdidas manobras para se manter a todo preço à frente do Estado nacional.
Nosso povo, dentro de suas diferentes composições e através da juventude popular, logrou uma importante vitória em uma atitude de determinação e de maturidade política frente aos diversos complôs fabricados. Também demonstrou uma coragem heróica contra a bárbara repressão que deixou muitas dezenas de mortos e feridos. Este movimento popular histórico, que rapidamente se espalhou como fogo em todo o país na esteira de grandes eventos recentes organizados pela oposição burguesa reacionária e a Coalizão Contra a carestia, na terça-feira 28 e quarta-feira 29 outubro, confirma amplamente que quando o povo se levanta nem a repressão nem o terror podem evitar a vitória.
Este movimento insurrecional se situa dentro do prolongamento da irrupção na cena política, com suas reivindicações urgentes, setores populares que haviam se deixado oprimir sem reclamar, que aprenderam a tomar conta de seu destino através de lutas poderosas para escapar da pobreza e da angústia profunda que os atacam por décadas e, particularmente, sob o poder da Quarta República de Compaoré, devido à exploração neo-colonial.
De fato, desde as manifestações de 2008, não há um dia que passe sem que os agricultores pobres, trabalhadores e empregados das cidades mais pobres, aprendizes, pequenos comerciantes, artesões e, principalmente, o segmento jovem da população rejeitado no setor informal, não se rebele, desenvolvendo ações insurrecionais, pelo direito a uma vida digna, à justiça e à liberdade e a uma mudança real para as pessoas.
Esta é a expressão prática e concreta do aprofundamento da crise revolucionária em nosso país desde o assassinato do jornalista Norbert Zongo e seus três companheiros de infortúnio no dia 13 de dezembro de 1998. Esta crise revolucionária se desenvolve em etapas, desde então, assumiu uma escala sem precedentes. Hoje, com esse movimento popular sem precedentes no nosso país, ocorrem várias mobilizações massivas, várias marchas e comícios, tanto da oposição burguesa reacionária, como da Coalizão contra a Carestia e dos sindicatos em junho, julho de 2013 e ao longo de 2014. A profundidade da crise é tal que levou à explosão do partido no poder, o CDP (Convenção democracia e Progresso), e a uma reconfiguração do cenário político nacional em que a mudança fundamental para o povo é a transformação do sistema de dominação neocolonial, principalmente da França sobre nosso país. Vários destaques também refletem o fracasso do regime autocrata da máfia de Blaise Compaoré, a raiva e as lutas de massas estão focadas nos seguintes pontos:
– a disfunção e o total descrédito que afetam as instituições da República (governo, parlamento, justiça), verdadeiros brinquedos na mão do capitão Blaise Comaoré e de seu clã mafioso no poder que abusam dessas instituições ao seu bel prazer;
– inclinações pronunciadas de monarquizar o poder, com uma coalizão reforçada por líderes empresariais, chefes tradicionais e autoridades religiosas;
– uma política de segurança implementada sob o pretexto de luta contra o grande banditismo que gerou desaparecimentos forçados e execuções extrajudiciais, além do fortalecimento da guerra entre as quadrilhas armadas e do assassinato político maquiado.
– a persistente impunidade dos crimes de sangue trazidos à luz pelo movimento democrático e revolucionário.
– uma situação sócio-econômica gangrenada pelos fenômenos da corrupção e da impunidade dos crimes econômicos.
– o problema persistente dos preços elevados, com maior empobrecimento das camadas populares.
– um aumento da vitalidade da luta social e uma determinação crescente de lutar pelo pão e pela liberdade como demonstraram as múltiplas ações e lutas organizadas e dirigidas por nosso partido.
A insurreição popular de 30 de outubro se justifica plenamente se for considerada a situação de crise revolucionária que tem lugar em Burkina Faso. Muito rapidamente a classe operária e o povo percebem que suas conquistas estão ameaçadas e confiscadas pela oligarquia do exército neocolonial, que operaram um reacionário golpe de Estado em substituição à Compaoré. Seu objetivo final é sufocar o processo revolucionário e salvar o regime neocolonial. A oposição burguesa reacionária conduz as negociações com o alto comando militar para um “governo de transição” que permitiria manter suas oportunidades de acesso ao poder neocolonial.
As potências imperialistas (França, Estados Unidos e União Européia) tentam impor uma solução que preserve seus interesses econômicos e geoestratégicos em Burkina Faso e dentro da região da África Ocidental substituindo o papel de seu ex-peão, Compaoré, que ajudou a presença militar imperialista no país, fazendo de Burkina Faso uma plataforma estratégica de agressão aos povos da região.
Mas o movimento popular permanece vigilante e expressou sua vontade de lutar para não perder sua vitória. O movimento democrático revolucionário dirigido pelo partido dentro desta situação complexa se opôs ao golpe de estado militar e apelou às massas a persistir na luta pelo aprofundamento do processo revolucionário.
O PCRV convoca a classe operária, o povo e a juventude a reforçar as organizações de luta, notadamente a Coalizão Contra a Carestia e a se organizar pela derrubada revolucionaria do regime neocolonial colocando em seu lugar um Governo Revolucionário Provisório e realizando uma constituinte que edifique uma república democrática moderna. O PCRV solicita a solidariedade das organizações internacionais em face à repressão contra o movimento democrático e revolucionário e à ingerência das potências imperialistas em nosso país.
Governos têm sucesso quando executam políticas públicas que respondem aos desafios apresentados, e criam assim condições para um futuro melhor. No caso do que se convencionou chamar da crise de desabastecimento de água em São Paulo, algumas características deste evento foram sendo delineadas, e hoje estão bem definidas.
O sistema Cantareira, que abastece 364 municípios paulistas, de um total de 645, atendendo 27,7 milhões de pessoas que respondem por 73% da receita da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo, a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo detém 50,26% das ações da companhia, e os outros 49,74% estão nas mãos de acionistas privados), poderá deixar 6,5 milhões de paulistanos sem água em suas torneiras. A culpa é menos de São Pedro do que do governo de São Paulo que administra a Sabesp, e que subestimou os impactos das mudanças climáticas, da extração desordenada e descontrolada de recursos hídricos, da falta de conservação e proteção dos mananciais, e, não menos relevante, da poluição.
Faltaram planejamento estratégico na gestão integrada e compartilhada dos recursos hídricos, e os investimentos necessários em obras que poderiam ter amenizado o racionamento existente (sobre o qual o presidente da Sabesp demonstrou descaso ao dizer que “Não existe racionamento, existe uma administração da disponibilidade de água”).
Em 2004, uma série de seminários com especialistas debateram a crise de 2003 do sistema Cantareira, e apontaram para a necessidade de ampliar a disponibilidade de água do sistema, indicando que o melhor caminho para isso era buscar água no Vale do Ribeira através de uma obra que demoraria aproximadamente 10 anos para ser estudada, projetada e concluída, mas que, caso tivesse sido realizada, provavelmente não haveria problema de escassez de água como ocorre atualmente.
E a falta de transparência ficou evidenciada, mais do que nunca, quando foi tornado público um relatório de 2012 da própria Sabesp, revelando o risco de desabastecimento no sistema Cantareira, e alertando investidores da Bolsa de Valores de Nova York para a estiagem prevista e seus impactos nas finanças da empresa. Somente encarou o problema a partir do inicio de 2014, quando criou um bônus para quem economizasse água.
A irresponsabilidade técnica e gerencial da empresa merece ser destacada. O plano enviado a ANA (Agência Nacional de Águas) para operar o sistema Cantareira até abril de 2015 não tem amparo adequado na realidade. A probabilidade de recuperação do sistema é altamente arriscada, com um cenário traçado que já não se confirma neste mês de outubro (2014).
A arrogância e soberba dos gestores da água em São Paulo levaram a Justiça Federal a proibir a captação da segunda cota do volume morto do sistema Cantareira, já que a empresa vinha captando mais água que o autorizado. Tudo se faz para não decretar oficialmente o racionamento, nem prejudicar o valor de suas ações na bolsa. A água é tratada como um mero “negócio”, não como um bem coletivo.
Apesar dos problemas verificados nos anos 2000, o que se constatou foi um aprofundamento ainda maior da política da água como mercadoria, e da empresa a serviço do mercado e de interesses políticos escusos, com diretorias indicadas por estes interesses inconfessos, sem nenhuma abertura para um planejamento técnico sério, vinculado às necessidades da população. Prova disso é o quadro funcional da Sabesp, reduzido de 21 mil trabalhadores para 14 mil. Em particular, o setor de engenharia e operação foi diminuído a ponto de, atualmente, várias unidades terem um quadro de técnicos capacitados abaixo da necessidade para a atividade fim da companhia. Por outro lado, no último balanço divulgado foi comemorado um lucro de 1,9 bilhões de reais da companhia, mostrando que do ponto de vista mercadológico a empresa vai bem.
O centro da questão está na malfadada gestão dos recursos hídricos de responsabilidade do governo do estado de São Paulo. Não por acaso o Ministério Público possui, segundo a Promotoria de Justiça do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente, 50 investigações sobre a gestão da água feita pela Sabesp.
A mercantilização de um bem essencial a vida, cujo lucro, ao invés de usar na realização de obras, paga dividendos a acionistas e especuladores é que tem provocado uma crise de tal dimensão, e conseqüentemente o sofrimento da população paulista.
Heitor Scalambrini Costa é professor da Universidade Federal de Pernambuco
Em votação realizada no último dia 28 de outubro, a Assembleia Geral da ONU condenou por maioria absoluta e pela 23ª vez consecutiva o criminoso bloqueio econômico, financeiro e comercial imposto pelos EUA a Cuba. Dos 193 países presentes, 188 votaram pelo fim do embargo, três se abstiveram (Palau, Ilhas Mashall e Micronésia) e apenas Estados Unidos e Israel foram a favor da manutenção do bloqueio promulgado em 1960, após a Revolução Cubana decidir pela nacionalização das propriedades pertencentes às multinacionais norte-americanos na ilha.
Apesar do cumprimento das resoluções da Assembleia Geral não ser obrigatório, a votação fortalece a solidariedade internacional a Cuba e aprofunda o isolamento político dos Estados Unidos nessa questão. De fato, desde a primeira votação, em 1992, quando 59 países votaram a favor do desbloqueio, três contra e 71 se abstiveram, o repúdio ao bloqueio só aumenta.
Em seu discurso, o ministro das relações exteriores de Cuba, Bruno Rodriguez, denunciou o sofrimento causado pelo bloqueio ao povo cubano e afirmou que a medida é responsável por um prejuízo de mais de 1 trilhão de dólares desde que foi implantada. “São já 77% os cubanos que nasceram sob estas circunstâncias. O sofrimento de nossas famílias não pode ser contabilizado”, disse o diplomata cubano. “Convidamos o governo dos Estados Unidos a uma relação mutuamente respeitosa, sobre bases recíprocas, baseada na igualdade soberana, nos princípios do Direito Internacional e na Carta das Nações Unidas. Cuba nunca renunciará a sua soberania, nem o caminho livremente escolhido por seu povo para construir um socialismo mais justo e eficiente, próspero e sustentável”, concluiu Rodriguez.
Já o representante estadunidense, Ronald Godard, insistiu na manutenção das medidas contra a ilha caribenha e afirmou com todas as letras que “a economia de Cuba não se desenvolverá até que não abra seus monopólios à concorrência privada”.
Apesar de o atual governo norte-americano ter modificado algumas de suas políticas em relação a Cuba, no setor financeiro o embargo se endureceu. Desde 2009, multas de mais de dois bilhões de dólares são impostas a empresas e pessoas de outros países que têm negócios com Cuba. Além disso, o país também não pode exportar ou importar produtos e serviços dos EUA, nem utilizar o dólar norte-americano em negócios internacionais ou possuir contas com essa moeda em bancos de outros países.
Logo, fica claro que não é pela democracia, nem pela liberdade, que os EUA insistem no bloqueio contra Cuba, mas para garantir aos grandes monopólios capitalistas a possibilidade de voltar a explorar as riquezas e a força de trabalho do povo cubano.
Os curdos que lutam contra o Estado Islâmico na cidade de Kobane, ao norte da Síria, convocam toda as organizações sociais a realizarem atos de solidariedade, por todos os meios, neste 01 de novembro.
A luta heroica que os curdos vêm realizando para barrar a ofensiva do Estado Islâmico, financiada pela Arábia Saudita, Qatar e Israel é uma luta de todos e todas que defendem a democracia e a liberdade. Atualmente, as forças curdas do PYD (Exército de auto-defesa) são as únicas a enfrentarem por terra as forças fascistas do Estado Islâmico.
Enquanto a Turquia, com a política do presidente Edorgan aniquilamento dos curdos e dos sírios, nega um apoio efetivo às forças curdas e os EUA realizam bombardeios que têm como fim prolongar o conflito e gerar dividendos financeiros, é papel das forças democráticas defenderem a paz na região e o direito dos curdos ao seu governo autônomo.
No facebook, a página em francês que organiza as ações de solidariedade é: Kobane. Participe!
Massivos protestos de rua que reuniram milhões de pessoas na capital, Ouagadougou, puseram fim ao governo de 27 anos do ditador Blaise Campaore em Burikina Faso, país localizado na África Ocidental. Campaore assumiu o poder em 1987 e desde então vem sendo reeleito em eleições fraudulentas questionadas pela oposição e por várias organizações internacionais.
O estopim das manifestações foi a votação no parlamento de uma lei que permitiria uma nova reeleição para Campaore. Os protestos de rua, no entanto, impediram a votação da lei após enfrentar a repressão policial que deixou mais de 30 pessoas mortas, segundo dados da oposição.
Na última quinta-feira, Campaore anunciou sua renúncia e fugiu da capital para uma cidade próxima a fronteira com Ghana. O chefe militar Honoré Traore assumiu o controle do governo e declarou que pretende realizar eleições para o país em até 90 dias.
Em apoio às mobilizações burkinabes atos de solidariedade foram realizados pela comunidade de exilados na França.
Um Coletivo contra a Confiscação da Democracia em Burkina Faso foi formado em Paris, liderado pelo exilado Didier Ouedraogo. Na opinião de Didier: “uma cólera legítima percorre o país e está no coração dos homens íntegros, da juventude que ocupa as ruas das cidades e nas mobilizações de protestos que exprimem através da força sua vontade de mudança”.
Um pouco da história de Burkina Faso
Thomas Sankara
Burkina Fasso – nome que no idioma More significa terra de pessoas íntegras – chamava, até 1984, República do Alto Volga e está localizado no oeste da África. É um país sem saída para o mar, fazendo fronteira com a Costa do Marfim, o Mali, Ghana e Benin, além de outros. Grande parte do norte do país é desértica.
Uma revolução levou Thomas Sankara ao poder, e um programa de refundação do país com a nacionalização da terra e das reservas naturais foi implementado, inclusive com a mudança de nome. Atualmente, a agricultura é a principal atividade econômica, respondendo por 35% do PIB e empregando 80% da força de trabalho em um país com 18 milhões de habitantes.
Em 1987, Thomas Sankara foi assassinada em condições até hoje não esclarecidas e logo Campaore assumiu o poder começando sua ditadura de 27 anos.
Durante as mobilizações que levaram à derrubada do atual governo, o nome de Sankara foi por muitas vezes lembrado como um líder revolucionário que lançou as bases da independência do país.
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