UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

domingo, 16 de novembro de 2025
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Movimento de Solidariedade a Cuba realiza convenção neste sábado

10410839_747470278644085_3838960338264422935_nO Movimento Paulista de Solidariedade à Cuba realizará, no próximo sábado, dia 26 de Julho, dia da Rebeldia Cubana que lembra o assalto ao quartel Moncada em 1953, sua 7o convenção estadual. O evento ocorre no memorial da resistência, no bairro da Luz, capital paulista, a partir das 9:30h.

A atividade terá como objetivo, também, prestar homenagem ao povo cubano por ter acolhido, durante o período da ditadura militar, diversos perseguidos políticos brasileiros e suas famílias. Ativistas vão contar sua experiência no exílio com o objetivo de fortalecer os laços de unidade latino-americana.

Nota da ILPS em defesa da Palestina

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Israel attacks Gaza civilians-ekantipur-comA Liga Internacional de Luta dos Povos (ILPS, sigla em Inglês) condena as últimas atrocidades perpetradas por Israel contra a Palestina e expressa seu incondicional apoio ao direito dos palestinos de se tornarem livres das décadas de ocupação sionista em suas terras. Ao mesmo tempo a ILPS condena as potências ocidentais lideradas pelos EUA por sua vergonhosa hipocrisia e apoio ao regime terrorista e sionista de Israel.

A atual agressão contra o povo palestino na faixa de Gaza já gerou centenas de mortes entre a população civil, milhares de feridos, e casas, hospitais, mesquitas e escolas destruídas. O sistema de abastecimento de energia e água está sendo aniquilado pelas bombas. Uma alta proporção dos mortos pelos bombardeios são crianças. Centenas de palestinos estão sendo ilegalmente presos, detidos e torturados.

Na última vez que os sionista invadiram Gaza, em 2008, eles mataram pelo menos 1100 palestinos enquanto a resistência pôde infringir ao inimigo apenas 13 baixas. Neste momento, Israel proclama alegremente que seus sistema anti-mísseis impediu qualquer morte em seu território. Mesmo assim, permanecem obcecados em destruir vidas e propriedades palestinas em escala massiva.

O crime de mais longa data do sionismo Israelense é a tomada violenta e ocupação da maior parte da Palestina, forçando os palestinos a permanecerem cercados em pequenos enclaves na faixa de Gaza e na Cisjordânia (West Bank) e sujeitos a flagrantes violações de direitos humanos. Na Faixa de Gaza, 1,5 milhões de palestinos são empilhados em um espaço de apenas 350 quilômetros quadrados. É óbvia a estratégia de Israel de tornar impossível o Estado palestino inviabilizando seus territórios com o uso do muro do apartheid, com a expansão de assentamentos e com os ataques violentos, expulsado-os a partir do mar e o forçando a população a fugir.

O pretexto para as recentes atrocidades de Israel foi o sequestro e assassinato de três adolescentes israelenses em um assentamento construído em terras roubadas dos palestinos. Sem apresentar nenhuma prova, Netanyahu culpou imediatamente ao Hamas e prometeu vingança. O Hamas negou qualquer envolvimento nas mortes. Netanyahu ignorou, inclusive, as exigências da ONU de que apresentasse evidências.

Há indícios de que a morte de três colonos pode ser uma bandeira falsa, usada para justificar mais uma agressão. Não seria a primeira vez, considerando eventos do passado, que falsos ataques foram usados como pretextos para justificar muitas medidas punitivas relacionadas com a chamada “guerra ao terror” e guerras de agressão contra países soberanos. Na se trata, portanto, de uma opinião fantasiosa.

Em Abril, o Fatah e o Hamas assinaram um acordo para pôr fim a sua longa rivalidade e formaram um governo unificado. Esse acordo acionou o sinal de alerta entre os sionistas e seus apoiadores em Washington. Os sionistas morrem de medo da possibilidade de unificação da resistência palestina contra a ocupação de Israel. Eles farão tudo para sabotar qualquer tentativa de que essa unidade ocorra.

A mídia monopolista do ocidente, como sempre, cumpre seu papel de justificar toda agressão israelense contra o povo palestino, inclusive culpando as próprias vítimas das atrocidades de Israel pelo sofrimento. Dão larga cobertura e horas e mais horas de reportagem com os parentes dos três colonos enquanto praticamente ignoram o brutal assassinato e carbonização de um adolescente palestino por colonos israelenses.

A hipocrisia sem limites dos políticos ocidentais é, da mesma maneira, condenável. Obama denunciou a morte dos três colonos israelenses como um “ato de terror insensível contra jovens inocentes” (um dos três era um soldado do exército israelense). Cameron (da Inglaterra) tentou superar Obama dizendo: “este foi um absurdo e imperdoável ato de terror perpetrado contra jovens adolescentes. A Inglaterra estará junto com Israel enquanto não houver justiça aos responsáveis”. Obama e Cameron alguma vez condenaram o assassinato de uma criança palestina em tão contundente maneira?

A mídia monopolista do ocidente, extremamente tendenciosa a favor de Israel, é igualmente condenável. Grandes meios de mídia de massa, como a BBC, dedicou várias manchetes e extensas reportagens para a morte dos três colonos, incluindo entrevistas com seus parentes. Uma dos principais canais de TV transmitiu ao vivo os funerais por mais de 9 horas. Isso nunca aconteceu com as vítimas palestinas do terror israelense.

Em contraste, houve completo silêncio dos políticos ocidentais quando dois palestinos de 16 e 17 anos foram mortos a tiro por forças de segurança israelenses em maio. A BBC fez uma breve menção dos assassinatos mas se apressou em apresentar a versão do exército israelense.

A ILPS convoca a todos os comitês regionais, aos comitês nacionais, a todos os membros da organização, as forças aliadas e todo o povo que deseja justiça e paz a protestar contra os crimes cometidos pelo sionismo israelense contra o povo da palestina apoiados pelos governos imperialistas do ocidente. A ILPS defende a luta dos palestinos para se libertar da ocupação e opressão sionistas e estabelecer seu próprio estado soberano.

Traduzido de: http://ilps.info/

Cerca de 10% da Itália está abaixo da linha da pobreza

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linha da pobreza na itáliaSegundo dados oficiais da agência italiana ISTAT, cerca de 6 milhões de pessoas, o que representa quase dez por cento da população, vivem em “pobreza absoluta”. Os números representam 1,2 milhão a mais que 2012.

A “pobreza absoluta”, como definida no relatório, significa não ter recursos suficientes para comprar “bens e serviços para uma vida digna”. Para tal o dinheiro deve permitir que cada pessoa tenha uma dieta diária de 1.700 calorias, que uma moradia para quatro pessoas tenha um espaço de pelo menos 56 metros quadrados e que seja possível arcar com eletricidade, telefone, aquecimento, vestuário, meio de transporte, serviços de saúde e medicamentos.

Na linha de frente da pobreza absoluta estão casais com três ou mais filhos, mas também idosos. A situação dos desempregados é pior do que a daqueles que possuem emprego. No total, cerca de 1,43 milhão de crianças vive na pobreza.

Segundo a organização católica Caritas, estes dados apenas confirmam o que ela vinha denunciando, já que cada vez mais famílias com pelo menos dois filhos ou homens com menos de 35 anos buscam auxílio da entidade.

A situação mais dramática está no sul da Itália: apesar de concentrar menos de um terço da população, a região possui a metade dos pobres do país, dos quais 50% são crianças e jovens. No ano passado o número de pobres era de 10%, subindo agora 12,6%. Além disso, 26% estão apenas ligeiramente acima da linha da pobreza.

Glauber Ataide, com informações de Neues Deutschland

24 anos do Estatuto da Criança e Adolescente – ECA

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sem terrinhaNeste mês de julho comemoramos 24 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente. Há um movimento midiático e conservador que tenta deslegitimar a sua importância, com argumentos que não consideram o que o ECA representa para as crianças e para os adolescentes brasileiros – principalmente aos pobres, periféricos e em situação de vulnerabilidade. Por isso, fazemos um convite para revisitar a nossa história.

Um pouco da História Social da Infância Brasileira

Nem sempre, ao longo da história, existiu o conceito de criança ou de adolescente como nós utilizamos nos dias de hoje. Até os anos de 1500, na baixa Idade Média, não existia infância ou adolescência. Talvez, para entendermos isso, nem precisamos voltar 500 anos na história. Basta resgatar a história de nossas famílias, com nossos avós ou bisavós, perguntando com qual idade eles começaram a trabalhar ou com qual idade se casaram, constituíram família.

Essas duas etapas da vida, com suas necessidades, prioridades e especificidades não existiam. Elas eram excluídas em todos os sentidos e esferas da vida, quer seja familiar, moral ou econômico. É a partir de 1600 que a noção de criança começa a aparecer; adolescente, somente em 1900.

A primeira demonstração oficial de interesse público pela criança no Brasil data de 1693, com o envio de uma carta da Coroa Portuguesa ao Governador da Capitania do Rio de Janeiro. Reproduzindo um pouco das ideias escritas na carta, ela dizia sobre a pouca piedade que existia com as crianças enjeitadas, sendo que muitas eram achadas mortas ao desamparo, sem que a misericórdia as recolhesse, dizendo não terem rendas para cria. Dessa forma, o Rei ordena que sejam criadas obras pias destinadas a recolher e manter os abandonados.

A partir daí, temos início a uma fase de atendimento à criança enjeitada, conhecida por filantrópica. Isso quer dizer que o que mobilizou os nossos colonizadores, a partir da escrita desta carta, a destinar algum recurso para recolher crianças recém-nascidas ou ainda bebês que eram abandonadas para não deixá-las ao relento, foi apenas um sentimento baseado na piedade e na caridade. É assim que com as doações de nobres e ricos comerciantes, além de uma ínfima parte das riquezas exploradas e usurpadas do Brasil Colonial, foram destinadas às Santas Casas de Misericórdia existentes em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, para que fossem criadas as Rodas dos Expostos.

As Políticas de Atendimento à Criança e Ao Adolescente no Brasil

As Rodas dos Expostos (símbolo da filantropia na época) existiam desde os anos de 1500 na Europa. Eram compostas por um mecanismo com uma portinhola que, ao ser aberta, revelava um cilindro embutido na parede, que girava 180 graus. Para funcionar, bastava acomodar a criança no interior desse cilindro e girá-lo, passando o bebê para o interior do prédio. Quem deixava a criança tocava uma campainha, acionando um sinal sonoro no dormitório das freiras. Uma delas, então, recolhia a criança e providenciava sua internação. A imagem abaixo é um exemplar que funcionava em Portugal.

A taxa de mortalidade das crianças que eram deixadas na Roda chegava a 70% e, ao contrário do que se possa imaginar, muitas delas não eram crianças oriundas de famílias pobres que não possuíam provisões para criá-las. Muitas vinham de famílias abastadas, mas eram frutos de infidelidade da mulher; filhos de mães solteiras ou das próprias freiras; filhos de senhores com escravas; entre outros casos. Na grande maioria das vezes, caso sobrevivessem, todas permaneciam internadas até serem encaminhadas para famílias que as mantinham como agregadas, como criadas ou serviçais.

A partir dos anos de 1850, o modelo filantrópico começou a ser permeado por uma política higienista, na qual a legislação procurava garantir procedimentos em relação ao parto, à mãe e criança. Desta informação poderíamos supor um avanço, mas fato é que esses cuidados seguiram um rumo bastante controverso: a tentativa de arbitrar na vida reprodutiva das famílias que recebiam qualquer subsídio assistencial para a manutenção de sua vida material. Teorias conservadoras defendiam a esterilização de mulheres pobres que procriassem, por exemplo.

É nesta época que é construída a ideia de “menor” para nomear as crianças e os adolescentes imersos na situação de pobreza na sociedade brasileira. Até o fim de 1800 a palavra “menor” não tinha um significado negativo. Até então menor era palavra utilizada para se definir as pessoas de acordo com a faixa etária. Até meados de 1900, então, menor era sinônimo de criança, adolescente ou jovem que, pela idade, ainda não podiam contrair determinadas responsabilidades (ser responsável por si, casar, ter responsabilidades civis e canônicas).

Já nos anos de 1900, as contradições do processo de industrialização e de expansão não estruturada das cidades, a palavra “menor” passou a ter um significado negativo, que estava ligado à pobreza. Não foi por indicar uma condição de privação econômica e social que o termo passou a ser pejorativo; mas pelo fato da pobreza ser interpretada quase como sinônimo de delinquência e de abandono.

Para os legisladores e juristas da época, os menores eram um problema social que precisava ser combatido. Foi assim que a palavra deixou de ser uma designação de característica etária e adquiriu valores ligados aos aspectos sociais, qualificando crianças e adolescentes desprovidos de condições materiais e em situação de abandono.

Crendo na probabilidade de esses sujeitos incorrerem em atividades ilícitas e criminosas, no começo dos anos de 1900, o Brasil começou a pensar em formas de “proteger” os menores de caírem no banditismo, apesar de não ter qualquer prova ou estudo relacionando diretamente pobreza e delinquência. De qualquer forma, as crianças e os adolescentes pobres sofriam com essas determinações.

É neste momento que ocorre a aprovação do primeiro Código de Menores, de 1927, marcando a fase de atendimento que alguns estudiosos denominam Assistencial. Aqui ocorreu a regulamentação de todas as instituições filantrópicas, que até aquele momento se encarregavam dos “abandonados” e “desvalidos”, pelo Juizado de Menores. Dessa forma, o Estado passou a se responsabilizar pela tutela das crianças e dos adolescentes, com o objetivo de manter a “ordem pública” e o “patrimônio” que este contingente parecia ameaçar. Apesar dos legisladores identificarem que a miséria era motivadora de abandonos e poderia ser responsável pela delinquência, optaram em atribuir ao Estado uma função paternalista ao invés de problematizar as incontáveis contradições do sistema capitalista.

Importante frisar, ainda, que até aqui a criança e o adolescente jamais tiveram um status social de sujeito. Sempre foram tutelados, tratados enquanto sujeitos passivos e sem qualquer garantia de que sua vontade e anseio pudessem ser considerados. Não eram tratados como sujeitos em desenvolvimento que precisam, paulatinamente, serem preparados para a vida adulta. Eram tutelados, simplesmente. Não tinham direito à voz.

Em dezembro de 1964, a inoperância do sistema assistencial resultou na extinção das instituições filantrópicas e das Rodas dos Expostos que existiam país a fora.  É nessa ocasião que se inaugura uma nova fase de atendimento: a Institucional, com a criação da FUNABEM (Fundação Nacional para o Bem Estar do Menor), subordinada ao Serviço de Apoio ao Menor (SAM) existente desde 1940. A FUNABEM era vinculada à Escola Superior de Guerra e, portanto, fortemente influenciada pela Ideologia da Segurança Nacional.

A Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (FEBEM), que fora criada em âmbito nacional pela FUNABEM e implantada nos Estados Brasileiros logo no início dos anos 70. A FEBEM foi uma política pública, amplamente propagandeada no período da Ditadura Civil- militar (1964-1985), que serviria como abrigo aos carentes e como casa correcional aos infratores.  No entanto, a FEBEM não conseguiu, ao longo de sua história, efetivar as questões que se propunha em seu estatuto: proporcionar tratamento específico aos menores que teriam sido atingidos pelo processo de marginalização. O carro chefe deste tratamento era o confinamento, em um sistema de internato. Além disso, ao longo de sua história, a instituição esteve entre as manchetes de jornais e foi denunciada sobre os maus tratos, espancamentos, a violência psíquica, violência sexual e múltiplas violações. Todos esses elementos ocasionaram na falência deste modelo.

Em 1990, frente aos problemas apresentados pelo desgastado modelo institucional da FEBEM e frente às lutas que surgiram e propunham outro paradigma para a questão da criança e do adolescente, foi sancionada a Lei 8.069 em 13 de julho de 1990. Conhecida como ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), ela regulamenta uma série de direitos garantidos a partir da Constituição de 1988.  Sua importância está em proclamar a criança e o adolescente como sujeitos de direitos, colocando-os como prioridade da sociedade brasileira e merecedora de proteção integral.

Entre outras questões de suma importância, o ECA visa superar a concepção de menor. A partir de então, esse termo caiu em desuso. Dizer menor para se referir a uma criança ou um adolescente é resgatar toda a carga histórica que essa palavra carrega. A partir do Estatuto, utilizamos criança para sujeitos de 0 a 12 anos incompletos; e adolescentes para sujeitos de 12 anos completos até 18 anos. Brasileiros, sem distinção de raça, cor ou classe social, passaram a ser reconhecidos como sujeitos de direitos e deveres, considerados como pessoas em desenvolvimento; sujeitos a quem devemos sempre priorizar.

O novo ordenamento jurídico introduziu uma série de inovações na política de promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente aplicáveis a todas essas crianças e adolescentes e não apenas a uma parcela do segmento infanto-juvenil caracterizada por sua situação socioeconômica – movimento que acabava por estigmatizar os filhos dos trabalhadores e dos excluídos do modo de produção capitalista. A partir do ECA, todos são responsáveis pela formação e proteção desses sujeitos de direitos, não importando a consanguinidade, a religião e a política pública.

É evidente que ainda hoje há distinção entre crianças e adolescentes, inclusive do ponto de vista institucional. Porém, após o breve resgate histórico das fases da política de atendimento no Brasil, queremos ressaltar a importância do ECA como instrumento para exigirmos direitos para as crianças e os adolescentes, pelos quais também somos responsáveis e que outrora eram tratadas como vítimas ou como potenciais criminosos. Agora, do ponto de vista legal, eles são sujeitos em formação, dignos de proteção, cuidados e respeito.

Apesar de toda a luta que resultou no ECA, a realidade nos coloca frente ao desafio de fazer com que ele saia do papel e seja cumprido. Em primeiro lugar, pelo fato de forças conservadoras produzirem discursos deslegitimando os processos de mobilização e construção que garantiram que a lei 8.069/1990 fosse sancionada. Além disso, as alarmantes cifras apresentadas por estudos a respeito do alto índice de mortalidade de adolescentes pobres, negros e periféricos, as sistemáticas denúncias de maus tratos na Fundação CASA, a falta de estrutura dos Conselhos Tutelares e das redes de atendimento à criança e ao adolescente, entre outras dificuldades, são empecilhos para a efetivação dos dispositivos da lei. A luta, embora tenha sido árdua, não acabou.

Paula Rodrigues, São Paulo

Greve de Servidores do IBGE denuncia precarização

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ibge_0Em greve desde o dia 26 de maio, os servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) saíram de sua primeira reunião de negociação com a Secretaria de Relações de Trabalho (SRT), órgão vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego, sem avanços. Segundo o movimento grevista, o governo usou o acordo firmado em 2012, que vence em 2015, para dizer que não poderia apresentar nada em resposta à atual pauta de reivindicações da categoria.

Apesar das dezenove unidades estaduais paralisadas e da intensa mobilização em nome de equiparação e valorização salarial, condições dignas de trabalho e democracia na gestão, as respostas concretas que os trabalhadores do IBGE obtiveram do governo foram a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), solicitada pela direção do instituto, que determina o mínimo de 70% do contingente trabalhando em cada unidade durante os dias de greve, e a ameaça de corte de ponto dos grevistas.

O incômodo do governo com os resultados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados em janeiro, que indicou alta nas taxas de desemprego do país, evidenciou um instituto em crise. O questionamento sobre a autonomia técnica acabou desvendando outros problemas. Só neste ano, o IBGE sofreu um corte de R$ 300 milhões, 15% da verba total prevista para 2014. Junto a isso, o número de servidores efetivos tem sido drasticamente reduzido enquanto os servidores temporários já constituem mais de 40% de todo o pessoal, proporção que tende a aumentar e representa uma clara indicação de precarização do trabalho.

O próprio ministro do Trabalho, Manoel Dias, declarou ser desproporcional o serviço temporário no IBGE, reconhecendo que é baseado em um contrato ruim, instável e de baixa remuneração. De fato, a situação dos temporários é crítica. Com baixos salários, sem férias, sem plano de saúde e sem protetor solar no trabalho em campo, os servidores temporários realizam as mesmas funções que técnicos efetivos enfrentando constante pressão, principalmente devido à instabilidade do contrato (aditivado a cada três meses), ao aumento do número de pesquisas e ao encurtamento de prazos. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatísticas (ASSIBGE-SN) chegou entregar um dossiê sobre o contrato dos temporários à Organização Internacional do Trabalho (OIT), solicitando a intervenção do órgão junto ao governo brasileiro.

Os cortes no orçamento e a mudança da natureza do quadro de funcionários do IBGE são refletidos nas péssimas condições de trabalho, nas defasagens salariais, na insuficiência de recursos, na desvalorização profissional e na falta de democracia da gestão do instituto.

Com 80 anos de história, o IBGE é um dos órgãos de pesquisa mais importantes do país. Com seus estudos, fornece os retratos nacionais nos mais diversos aspectos, um instrumento importante para embasar análises e a construção de políticas. É preciso denunciar e rechaçar o sucateamento do instituto e a flagrante precarização do trabalho. A credibilidade do IBGE deve ser construída não só através de autonomia técnica, mas com respeito aos seus trabalhadores.

Carolina, Servidora Temporária do IBGE

A jornada de trabalho – Karl Marx

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Karl MarxTexto retirado do capítulo 8 do livro O Capital, de Karl Marx

O capitalista compra a força de trabalho pelo valor diário. Seu valor de uso lhe pertence durante a jornada de trabalho. Obtém, portanto, o direito de fazer o trabalhador trabalhar para ele durante um dia de trabalho.

Mas o que é um dia de trabalho?

Será menor que um dia natural da vida. Menor quanto?

O capitalista tem seu próprio ponto de vista sobre essa extrema, a fronteira necessária da jornada de trabalho. Como capitalista apenas personifica o capital. Sua alma é a alma do capital. Mas o capital tem seu próprio impulso vital, o impulso de valorizar-se, de criar mais valia, de absorver com sua parte constante, com os meios de produção, a maior quantidade possível de trabalho excedente.

O capital é trabalho morto que como um vampiro se reanima sugando o trabalho vivo e quanto mais o suga mais forte se torna. O tempo em que o trabalhador trabalha é o tempo durante o qual o capitalista consome a força de trabalho que comprou. Se o trabalhador consome em seu proveito o tempo que tem disponível, furta o capitalista. O capitalista apóia-se na lei de troca de mercadorias. Como qualquer outro comprador procura extrair o maior proveito possível do valor de uso de sua mercadoria.

Mas, subitamente levanta-se a voz do trabalhador que estava emudecida no turbilhão do processo produtivo:

A mercadoria que te vendo se distingue da multidão das outras porque seu consumo cria valor e valor maior que seu custo. Este foi o motivo por que a compraste. O que de teu lado aparece como aumento de valor do capital, é do meu lado dispêndio excedente de força de trabalho. Tu e eu só conhecemos, no mercado, uma lei, a da troca de mercadorias. E o consumo da mercadoria não pertence ao vendedor que a aliena, mas ao comprador que a adquire. Pertence-te assim a utilização de minha força diária de trabalho. Mas, por meio de seu preço diário de venda, tenho de reproduzi-la diariamente para poder vendê-la de novo. Pondo de lado o desgaste natural da idade etc., preciso ter amanhã, para trabalhar, a força, saúde e disposição normais que possuo hoje. Estais continuamente a pregar-me o evangelho da parcimônia e da abstinência.

Muito bem. Quero gerir meu único patrimônio, a força de trabalho, como um administrador racional, parcimonioso, abstendo-me de qualquer dispêndio desarrazoado. Só quero gastar diariamente, converter em movimento, em trabalho, a quantidade dessa força que se ajuste com sua duração normal e seu desenvolvimento sadio. Quando prolongas desmesuradamente o dia de trabalho, podes num dia gastar, de minha força de trabalho, uma quantidade maior do que a que posso recuperar em três dias.

O que ganhas em trabalho, perco em substância. A utilização de minha força de trabalho e sua espoliação são coisas inteiramente diversas.

Se um trabalhador, executando uma quantidade razoável de trabalho, dura em média 30 anos, o valor da força de trabalho que me pagas por dia é de 1 / 365 x 30 ou 1/10.950 de seu valor global. Se a consomes em 10 anos, pagas-me diariamente 1/10.950 e não 1/3.650 de seu valor global, portanto, apenas 1/3 de seu valor diário, e furtas-me assim diariamente 2/3 do valor da minha mercadoria.

Pagas-me a força de trabalho de um dia, quando empregas a de três dias. Isto fere nosso contrato e a lei de troca de mercadorias. Exijo, por isso, uma jornada de trabalho de duração normal, e sem fazer apelo a teu coração, pois quando se trata de dinheiro não há lugar para bondade. Podes ser um cidadão exemplar, talvez membro da sociedade protetora dos animais, podes estar em odor de santidade, mas o que representas diante de mim é algo que não possui entranhas. O que parece pulsar aí é o meu próprio coração batendo.

Exijo a jornada normal, pois exijo o valor de minha mercadoria como qualquer outro vendedor.

Vemos que, abstraindo de limites extremamente elásticos, não resulta da natureza da troca de mercadorias nenhum limite à jornada de trabalho ou ao trabalho excedente. O capitalista afirma seu direito, como comprador, quando procura prolongar o mais possível a jornada de trabalho e transformar, sempre que possível, um dia de trabalho em dois. Por outro lado, a natureza específica da mercadoria vendida impõe um limite ao consumo pelo comprador, e o trabalhador afirma seu direito, como vendedor, quando quer limitar a jornada de trabalho a determinada magnitude normal.

Ocorre assim uma antinomia, direito contra direito, ambos baseados na lei de troca de mercadorias. Entre direitos iguais e opostos decide a força. Assim, a regulamentação da jornada de trabalho se apresenta, na história da produção capitalista, como luta pela limitação da jornada de trabalho, um embate que se trava entre a classe capitalista e a classe trabalhadora.

Deputado Renato Simões (SP) presta solidariedade aos perseguidos políticos

Com o objetivo de fazer crescer a solidariedade aos presos e perseguidos políticos em São Paulo e outros estados, o Deputado Federal Renato Simões – (PT/SP) fez pronunciamento na câmara federal denunciando a criminalização do protesto social.

Renato Simões afirmou que “foi verificada uma ofensiva do setor de inteligência das delegacias de Polícia Civil em vários estados buscando a criminalização de ativistas de movimentos sociais que, com o pretexto de coibir violência nas manifestações, impõem aos militantes uma pecha que é inaceitável, a de que os militantes são contrários ao processo democrático”.

Renato ainda declarou apoio à libertação de Fábio Hideki, que encontra-se preso de maneira arbitrária na cadeia de Tremembé, município paulista.

Governo federal declara apoio às prisões ilegais no Rio

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10463883_750520204990581_8249735634594267248_nA decisão de prender, de maneira totalmente ilegal, na manhã do dia 12 de julho a vinte e seis ativistas sem nenhuma comprovação de atividade ilícita e de maneira preventiva, foi apoiada pelo governo federal. É o que declarou ontem à agência Estado o ministro da justiça, Eduardo Cardozo.

Cardozo declarou que confia nas alegações do Secretário de Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro, José Beltrame, o mesmo que mantem livre os policiais que fizeram desaparecer Amarildo de Souza e os que assassinaram Cláudia Silva e o dançarino DG. Para Cardozo, a declaração do secretário é suficiente para concluir que há consistentes provas de organização de atos ilícitos e até de uma suposta bomba no metrô.

Outro representante do governo federal, o ministro da Advocacia Geral da União (AGU) Luís Adams, declarou que todas as prisões foram feitas com base no respeito à legalidade.

Sabemos que todas essas prisões, assim como as de Fábio Hideki e Rafael Lugharski em São Paulo, foram feitas para atender aos interesses econômicos da FIFA, do Itaú e da Rede Globo, que auferiram fabulosos lucros com a realização da Copa no Brasil. Com as declarações dos ministros, ficou claro para quem ainda tinha dúvida, que os governos de São Paulo (Alckmin/PSDB), Rio de Janeiro (Pezão/PMDB) e o governo federal estão unidos na repressão ao movimento popular.

É o momento de levantar a solidariedade a todos os perseguidos políticos e defender a liberdade de organização e manifestação como valores fundamentais para que o Brasil seja um país democrático.

Lista dos presos no Rio de Janeiro:

– Eliza Quadros Pinto Sanzi, “Sininho”
– Gerusa Lopes Diniz, “GLo”
– Tiago Teixeira Neves da Rocha
– Eduarda Oliveira Castro de Souza
– Gabriel da Silva Marinho
– Karlayne Moraes da Silva Pinheiro, “Moa”
– EloysaSamy Santiago
– Camila Aparecida Rodrigues Jourdan
– Igor Pereira D’ Icarahy
– Emerson Raphael Oliveira da Fonseca
– Rafael Rêgo Barros Caruso
– Filipe Proença de Carvalho Moraes, “Ratão”
– Felipe Frieb de Carvalho
– Pedro Brandão Maia, “Pedro Funk”
– Bruno de Souza Vieira Machado
– Rebeca Martins de Souza
– Joseane Maria Araújo de Freitas
– Eronaldo Araújo da Fonseca
– Sarah Borges Galvão de Souza
– Outros dois menores apreendidos 


Ativistas perseguidos:
– Luiz Carlos Rendeiro Junior, “Game Over”
– Luiza Dreyer de Souza Rodrigues
– Ricardo Egoavil Calderon, “Karyu
– Igor Mendes da Silva
– Drean Moraes de Moura Corrêa, “DR”
– Shirlene Feitoza da Fonseca
– Leonardo Fortini Baroni Pereira
– Pedro Guilherme Mascarenhas Freire
– André de Castro Sanchez Basseres

Da redação

 

Movimento de mulheres Olga Benário promove Arraial em São Paulo

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No próximo sábado, 19 de julho, o Movimento de Mulheres Olga Benário promoverá, na cidade de São Paulo, um Arraial com o show do Trio Rabutaio. Um grupo de cantores que valorizam a cultura nordestina tradicional e tem como prática manter o palco aberto para quem quiser se juntar ao grupo, colaborando com o show.

A festa tem como finalidade arrecadar fundos para o trabalho de combate à violência contra as mulheres que o Olga Benário realiza na cidade. A festa inicia-se às 16h e acontecerá no Núcleo dos Ferroviários localizado na região do Brás.

Mesmo sendo um Movimento nacional e com ações deste caráter de amplitude, o Olga Benário se preocupa em realizar ações nas regiões das periferias da cidade, onde moram as mulheres trabalhadoras.

Serviço
Data 19/07/2014 (sábado)
Horário 16h
Local Núcleo dos Ferroviários
Rua Dr. Almeida Lima, 462
Evento: https://www.facebook.com/events/251436495055292/?fref=ts

Ato contra o aumento das passagens em Natal

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ato contra aumento das passagens em natal 2O Fórum de Mobilidade Urbana, composto por organizações políticas, sindicatos, coletivos, partidos de esquerda e ativistas independentes, promoveu um ato no dia 09/07/2014, contra o aumento abusivo da tarifa do transporte coletivo de Natal. A manifestação tomou as ruas do Centro denunciando a precariedade do transporte coletivo, reivindicando a tarifa zero e o direito à cidade. No final da manifestação, houve um roletaço com os trabalhadores e, logo depois, uma rápida plenária para dar os informes e fazer o balanceamento do ato. A manifestação se dispersou na Praça Cívica com muita fraternização entre os ativistas.

“O racismo no futebol espelha o racismo na sociedade”

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racismo no futebolEm ano de Copa do Mundo, têm sido cada vez mais frequentes notícias sobre o racismo no futebol brasileiro e internacional. Casos ocorridos no Brasil mostram que o racismo existe em nosso país, e não somente na Europa ou nos EUA, como muitos acreditam.

No início de março, na partida entre Esportivo e Veranópolis, torcedores do time da casa ofenderam o árbitro Márcio Chagas da Silva com xingamentos racistas, amassaram seu carro e deixaram bananas na parte superior do veículo e no cano de escape. Também em março, numa partida entre Grêmio e Inter, o zagueiro Paulão sentiu o peso do racismo. Ao olhar para a torcida do Grêmio, viu que um grupo imitava sons de macacos.

No mês seguinte, o apresentador do SBT Lourival dos Santos, da cidade de Maringá, foi preso por chamar de macaco o jogador Maicon, do Londrina. Também o jogador Arouca foi chamado de macaco por torcedores do Mogi-Mirim após marcar um gol.

É evidente que a grande mídia não pode deixar de exibir as recorrentes atitudes criminosas de racismo contra negros no futebol – ainda mais em partidas transmitidas ao vivo para milhões de telespectadores. Porém, esta mesma mídia burguesa vem deixando de mostrar casos bem anteriores, passando a ideia de que este é um problema recente na história do futebol brasileiro.

Na verdade, a visão racista sobre negros e mestiços no futebol vinha se formando desde o nascimento do esporte no País. No início do século 20, o esporte era praticado pelos filhos das elites cariocas. Portanto, em espaços da elite era proibida a presença de negros. O Fluminense, um dos maiores clubes brasileiros, ainda hoje é conhecido pelo apelido “pó de arroz” (o nome vem dos casos, ocorridos nas primeiras décadas do clube, de jogadores negros que somente conseguiram ingressar no time após uso de “maquiagem” com pó de arroz para “disfarçar” a cor da pele).

A partir de 1954, após a Seleção ser eliminada na Copa do Mundo, análises – que logo se comprovariam carentes de fundamento – foram divulgadas atribuindo a culpa pelos fracassos aos jogadores afrodescendentes. Isto porque “estes seriam inseguros em momentos decisivos”.

Em entrevista ao site UOL, o ex-jogador Paulo César Caju contou um caso ocorrido em 1968: “Fiz uma excursão com o Botafogo para Bagé, no interior do Rio Grande do Sul, que era a cidade de um dirigente do clube. Fomos lá no Country Club da cidade, jogamos, vencemos e depois teria um jantar. Quando chegamos à noite, paramos em uma outra porta do clube e tinha a placa ‘proibida a entrada de negros’. Voltamos para o hotel na mesma hora, pegamos o ônibus até Porto Alegre e depois embarcamos para o Rio. Nunca mais voltei lá”, recordou.

Também identificamos o racismo no futebol brasileiro quando observarmos quão poucos são os técnicos de futebol negros nos diversos clubes do País, em comparação com a quantidade de jogadores negros nos mesmos clubes. Poucos jogadores negros conseguem se tornar técnicos, e os que o fazem, treinam, em sua maioria, clubes das séries B e C. Um dirigente do Flamengo disse, em 2011, que o ex-jogador e auxiliar técnico Andrade não poderia ser treinador da equipe por ser um negro que falava mal. O também ex-jogador e hoje comentarista esportivo Júnior se manifestou em apoio ao profissional. Após a contratação, Andrade conduziu o time ao título do Campeonato Brasileiro.

O ex-jogador francês Lilian Thuram diz que no Brasil ocorre o que ele mesmo chama de “racismo velado”: “O racismo no futebol espelha o racismo na sociedade. O que é mais violento: ser xingado num campo de futebol ou não conseguir um emprego pelo fato de ser negro? É uma hipocrisia da sociedade associar o racismo apenas ao futebol”. Thuram fala também da omissão das federações em relação aos casos ocorridos: “As federações tendem a não aceitar as decisões mais radicais porque desejam garantir o espetáculo e todo o negócio envolvido num torneio de futebol”.

O pensamento racista considera que existe uma “raça superior à outra”. As agressões praticadas no futebol são uma forma de afirmar a esses jogadores negros que, apesar de bons jogadores, ricos (como manda a sociedade capitalista) e famosos, serão sempre inferiores porque são negros. Nossa cultura associa “ser negro” a “ser inferior”, seja na cor da pele, na cultura, no cabelo crespo, na religião de matriz africana… desde os tempos da escravidão. Tal visão ideológica vem sendo aprofundada na educação infantil, que não ensina a importância da população negra na história do nosso país; pela grande mídia, que banaliza o tema ao dizer que “somos todos macacos”; pela Fifa e pela CBF, que não punem os agressores, e por todo o sistema opressor em que vivemos.  Esse racismo, apesar de banalizado, ainda é forte em nosso país. Lutar contra ele, contra a discriminação e o preconceito racial é uma tarefa de todos aqueles que desejam construir aqui uma sociedade mais justa e igual para todos!

Luiz Antônio dos Santos e Eloá dos Santos, Rio de Janeiro