UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

domingo, 16 de novembro de 2025
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Os ratos da FIFA

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Aldo e BlatterEntre pênaltis que não ocorreram, mas foram marcados, e cotoveladas, carrinhos e pisões no tornozelo que não receberam nem cartão amarelo, a mordida dada no jogador italiano Chiellini pelo artilheiro uruguaio Luis Suárez e a dura pena imposta pela Fifa ao atleta – nove jogos e seu banimento de qualquer atividade relacionada ao futebol no mundo por quatro meses –  foi um dos assuntos mais debatido na Copa da Fifa.

A punição ocorreu logo após a eliminação da Itália e da Inglaterra, do torneio, e teve repúdio até da sempre conciliadora Federação Internacional de Jogadores de Futebol Profissional (FIFPro, na sigla em francês). Para a FIFPro, Luis Suárez tem direito a um julgamento justo, e suspender o jogador até de treinamentos por quatro meses seria “uma violação de seu direito de trabalhar”. O próprio Chiellini declarou que a punição foi excessiva e defendeu que Suárez  “seja autorizado a, pelo menos, seguir perto de seus colegas durante os jogos porque um banimento desses é realmente alienante para um jogador”.

Fred, jogador da seleção brasileira, também criticou a pena da Fifa,  “Como jogador, como ser humano, compreendendo que lá dentro o jogador está à flor da pele, com tensão, disputa por espaço. Enxergo a punição como severa demais. Uma punição pode acabar com a vida do atleta, quatro meses, nove jogos. Tem que ser punido, mas queria vê-lo jogar a Copa ainda”, disse Fred.
Mas por que Suárez é banido do futebol e Joseph Blatter, presidente da Fifa, que rouba o futebol mundial, nada sofre?

Segundo Andrew Jennings, jornalista inglês autor do livro Um jogo cada vez mais sujo, Blatter é um chefe poderoso, compromissado com o próprio enriquecimento por meio de atividades criminosas que envolvem corrupção e propinas no fechamento de contratos. Além disso, o sr. Blatter manipula resultados das partidas para favorecer familiares e a ele próprio nas bolsas de apostas, e promove a extorsão de bilhões de dólares de governos”.

Um exemplo sobre o enriquecimento da família Blatter: como a Fifa  tem o poder de ganhar os lucrativos direitos televisivos de qualquer canal do mundo para transmissão da Copa, ela concedeu 50% destes direitos para a Infront, uma empresa suíça de marketing de esportes, cujo chefe da empresa é seu sobrinho, Philippe Blatter.

A exemplo da máfia italiana, a Fifa possui um código de honra e silêncio que impede  que qualquer um dos seus membros denuncie outro membro e se beneficia de tribunais privados da Fifa,  que não pode ser contestado nos tribunais civis. Além disso, formada por 209 associações nacionais com poder de voto nos congressos, a Fifa mantém essa  máquina, “lubrificada por doações de milhões de dólares para essas associações, valores que não são auditados, e pelo enorme comércio clandestino dos preciosos ingressos da Copa do Mundo, que vão parar debaixo do tapete.”  Dessa forma, o presidente da Fifa se torna praticamente  vitalício e impõe  uma verdadeira ditadura sobre jogadores e clubes do mundo inteiro. João Havelange ficou 24 anos na presidência e Blatter está há 16 anos.

Jamil Chade, autor do livro A Copa como ela é, da Companhia das Letras, relatou assim como ocorreu o último congresso da Fifa realizado em junho deste ano no Brasil:

“Em 10 de junho, 209 federações nacionais se reuniram no Transamérica Expo Center, no bairro de Santo Amaro, em São Paulo, em um encontro que explicitou a guerra pelo poder dentro da Fifa e escancarou manobras para comprar votos e ganhar aliados. Tudo graças ao sequestro da emoção de milhões de garotos e famílias pelo mundo que dão parte de seu dinheiro ao futebol. No centro do debate nesta semana estava a permanência de Joseph Blatter como presidente da organização, um cargo que ele ocupa desde 1998. Na Fifa, ele já está desde 1975. Mas sua avaliação é de que sua missão “ainda não acabou”.

Logo no início do Congresso – que contou com a cicerone Fernanda Lima apresentando o suiço como “o homem que guiou a Fifa com sucesso desde 1998″ – Blatter fez questão de anunciar que estava usando parte da receita da Copa do Mundo no Brasil, a mais lucrativa da história, para repartir bônus a todas as federações nacionais. No total, o cartola usou US$ 200 milhões para ganhar aliados. “Nunca estivemos tão ricos e tão fortes como agora”, declarou.

Pois bem, cada dirigente saiu de São Paulo com US$ 700 mil a mais no bolso. Se o valor não seria significativo para um alemão ou inglês, o dinheiro fez delegações menores ovacionarem o “grande líder”. “Vocês estão felizes?”, gritava de seu púlpito o dirigente suíço.

A distribuição do “presente” não era por acaso. Momentos depois, surgiria na pauta do Congresso a proposta de limitar o mandato do presidente da Fifa. (…) No momento de apurar o resultado, nenhuma surpresa: as propostas feitas para reformar a Fifa e permitir uma mudança de geração no comando da entidade foram enterradas. E os dirigentes comemoraram como se tivessem feito um gol.” (http://apublica.org/2014/06/).

Aldo Rebelo, Ministro do Esporte, também esteve presente e o ex-atacante Ronaldo foi outra presença ilustre e teve a responsabilidade de levar a taça ao palco do evento.

Em resumo, “são os pequenos ratos agradecendo ao rato-chefe pelo estilo de vida de magnatas que levam” (Jennings).

Que a Fifa tá cada vez mais rica e, em particular, seus dirigentes, não há dúvida. Somente com a Copa no Brasil a entidade vai lucrar 15 bilhões de dólares e não pagará nenhum centavo de imposto. (Veja A Verdade, nº 162).

Por tudo isso, quem deveria ser realmente banido do futebol não é o Luisito Suárez, mas Blatter e sua corja. Pois, além de roubarem, impõem, com base na filosofia capitalista de ganhar a qualquer preço, um futebol robotizado, de choques físicos  e chutões, e enterram o futebol-arte.

Luiz Falcão, diretor de A Verdade

Liberdade imediata para os lutadores do povo arbitrariamente presos!

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2014_06_Moradorerua_rebaixada-orgNa manhã do dia 12 de julho, a Justiça do Rio de Janeiro cumpriu o papel de cão de guarda dos interesses econômicos da Fifa, Itaú, Rede Globo e dos governos envolvidos na organização da Copa no Brasil. O juiz Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau (27ª Vara Criminal da Cidade do Rio de Janeiro), em papel comparável ao dos generais fascistas da Ditadura Militar, emitiu 60 mandados de prisão, busca e apreensão motivado pela perseguição política aos que protestam contra a precária situação de nosso povo frente a uma Copa elitizada e sob a lógica do lucro.

Entre os presos estão, em sua maioria, estudantes, professores e jornalistas. São 26 encaminhamentos de cinco dias de prisão no complexo penitenciário de Bangu. A conotação de perseguição política ganha força com a prisão das mesmas pessoas que foram detidas na véspera do primeiro jogo da Copa (11 de junho), porém, na ocasião ocorreram apenas a detenção e a averiguação.

Nas palavras de Marcelo Chalreo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, “as prisões têm caráter intimidatório, sem fundamento legal, e têm nítido viés político, de tom fascista bastante presente. O objetivo é claramente afastar as pessoas dos atos públicos”.

A tática de criar um clima de medo fica clara na declaração do chefe de polícia Fernando Veloso: “Hoje nós começamos a desmantelar uma quadrilha organizada. A investigação começou em setembro”. Chega-se à acusação absurda de formação de quadrilha armada, por ter sido encontrado um revolver calibre 38 em posse de um dos presos. A arma era registrada no nome do pai do acusado, algo comum em nosso país, mas foi o motivo para a Polícia Civil juntar “alhos com bugalhos” e ligar jovens mascarados e ativistas políticos a “terroristas que queriam impedir a final da Copa”.

Abaixo a repressão!

A questão está clara, após 30 anos da derrubada da Ditadura Militar: os representantes do autoritarismo, incrustados nas esferas judiciais, hegemônicos nas fileiras dos batalhões fardados da repressão de nossos dias e acomodados no poder político do Estado Brasileiro, não aceitam um povo indignado e que luta. Desrespeitam a Constituição, que garante a liberdade de expressão e de manifestação, e prendem, sem nenhuma prova, deixando evidente que o fascismo ainda sobrevive em nosso país.

O aparato repressor montado para o último jogo da Copa nunca foi visto nesse país. No total, 20 mil homens das forças de repressão na Cidade do Rio de  Janeiro para garantir uma partida de futebol e a segurança da máfia da Fifa, que, não satisfeita com os bilhões arrecadados livres de impostos, ainda vende milhares de ingressos superfaturados. Não bastasse, nas favelas cariocas, os mini-estados de exceção por via de ocupações policiais e das forças armadas, visam a segurar o ímpeto de uma população que perde seus filhos todos os dias sob o jugo da violência comparada a países em guerra civil. Em que pese tal situação, neste domingo, 13 de julho, o movimento popular relembra um ano do desaparecimento do pedreiro Amarildo, na Favela da Rocinha, durante operação policial.

O Partido Comunista Revolucionário (PCR) e a União da Juventude Rebelião (UJR) repudiam as arbitrárias prisões realizadas em nosso país e convoca todos os trabalhadores e a juventude rebelde a continuarem a lutar pela libertação imediata de todos os que foram arbitrariamente presos. Com a união e a luta de todos os movimentos e forças políticas que defendem o direito às manifestações, derrotaremos, mais um vez, o fascismo.

Partido Comunista Revolucionário (PCR)

União da Juventude Rebelião (UJR)

Liberdade já para:

– Eliza Quadros Pinto Sanzi, “Sininho”
– Gerusa Lopes Diniz, “GLo”
– Tiago Teixeira Neves da Rocha
– Eduarda Oliveira Castro de Souza
– Gabriel da Silva Marinho
– Karlayne Moraes da Silva Pinheiro, “Moa”
– EloysaSamy Santiago
– Camila Aparecida Rodrigues Jourdan
– Igor Pereira D’ Icarahy
– Emerson Raphael Oliveira da Fonseca
– Rafael Rêgo Barros Caruso
– Filipe Proença de Carvalho Moraes, “Ratão”
– Felipe Frieb de Carvalho
– Pedro Brandão Maia, “Pedro Funk”
– Bruno de Souza Vieira Machado
– Rebeca Martins de Souza
– Joseane Maria Araújo de Freitas
– Eronaldo Araújo da Fonseca
– Sarah Borges Galvão de Souza
– Outros dois menores apreendidos 


Ativistas perseguidos:
– Luiz Carlos Rendeiro Junior, “Game Over”
– Luiza Dreyer de Souza Rodrigues
– Ricardo Egoavil Calderon, “Karyu
– Igor Mendes da Silva
– Drean Moraes de Moura Corrêa, “DR”
– Shirlene Feitoza da Fonseca
– Leonardo Fortini Baroni Pereira
– Pedro Guilherme Mascarenhas Freire
– André de Castro Sanchez Basseres

Brasil pagou R$ 3,4 bi por dia de dívida pública em 2014

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Maria Lúcia Fatorelli, coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida.
Maria Lúcia Fatorelli, coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida.

Segundo os números compilados pela Auditoria Cidadã da Dívida que teve como base dados coletados junto ao Senado Federal e ao Banco Central, o estoque total da dívida pública brasileira era, em 14 de maio deste ano, de R$ 2,986 trilhões em dívida interna e mais US$ 485,128 bilhões em dívida externa.

O Brasil pagou R$ 419,717 bilhões de juros e amortizações dessa dívida pública durante este ano, ou seja, R$ 3,4 bilhões por dia o que significa 54% de todo o gasto federal no período. Essa é uma notícia que não vamos ver nos grandes meios de comunicação dominados pelos capitalistas.

Os títulos da dívida pública, tanto externa quanto interna, pertencem principalmente aos bancos e a fundos de investimento em nível internacional. Os juros pagos por essa dívida, correm de acordo com a taxa selic fixada pelo governo que, no momento, está em 10,9% uma das mais elevadas no mundo. É por esse motivo que os bancos brasileiros alcançam recorde de lucro a cada ano.

Para Maria Lúcia Fatorelli, coordenadora da Auditoria Cidadã, “O Brasil precisa investigar de maneira profunda os contratos de toda essa dívida e explicar para todo o povo por que a maior parte dos nossos recursos está servindo hoje para enriquecer os banqueiros ao invés de solucionar os graves problemas sociais do País”.

Fonte: www.auditoriacidada.org.br

Da redação

 

Snowden: líder do grupo terrorista EIIS (Estado Islâmico) foi formado pelo Mossad israelense

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ISIS executionO antigo funcionário da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, sigla em inglês) revelou que os serviços de inteligência britânica, norte-americana e o Mossad colaboraram na criação do grupo terrorista Estado Islâmico (antigo EIIS, ou ISIS, na sigla em inglês), segundo indica a agência iraniana Farsnews.

Edward Snowden afirmou que os serviços de inteligência de três países, a saber EUA, Reino Unidos e Israel, cooperaram juntos a fim de criar uma organização terrorista que seja capaz de atrair todos os extremistas do mundo para um só lugar que lhe interesse, dentro de uma estratégica batizada como “o Ninho dos Zangões”.

Os documentos da NSA mencionam “a recente colocação em prática de um velho plano britânico conhecido como o ‘Ninho dos Zangões’ para proteger a entidade sionista e criar uma religião fanática que inclua lemas islâmicos e que repudie qualquer outra religião ou seita”.

Segundo os documentos de Snowden, “a única solução para proteger o Estado judeu é criar um inimigo próximo de suas fronteiras, porém dirigi-lo contra os estados islâmicos que se opõem a Israel”.

As informações revelam que Abu Bakr el Bagdadi, o líder do EIIS e autoproclamado “califa”, recebeu formação militar intensiva por parte do Mossad, além de vários cursos dirigidos a dominar o discurso da oratória e um curso de teologia.

Fonte: http://www.almanar.com.lb/main.php
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

O Pronatec é o desvio de verba pública para educação privada

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O Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) é um programa criado pelo governo federal em 2011 que tem como objetivo ampliar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica. Os cursos podem ser de nível técnico ou de qualificação profissional de curta duração, denominados FIC (Formação Inicial e Continuada), que são cursos com carga horária mínima de 160 horas e em sua maioria, não exigem escolaridade.

Mas este programa vem causando, nos debates sobre educação, vários dilemas, por que será?

O primeiro é relacionado à oferta dos cursos vinculados ao Pronatec que tanto podem ser feitos nas escolas públicas federais, estaduais e municipais como também em instituições ligadas ao Sistema S (Sesi, Senai, Senac, Senat, Senar) ou ainda em outras particulares como o Sistema Anhanguera. O que tem acontecido na prática é que o investimento público destinado a este programa vai parar na iniciativa privada, ou seja, dinheiro público beneficiando mais uma vez as escolas particulares.

Vemos um exemplo claro disso com as Faculdades Anhanguera, que após sua fusão com a Kroton, criam o maior conglomerado de ensino do mundo, instaurando um monopólio no setor. Esse conglomerado, de faturamento bilionário, possue 20% das matrículas de todo país, grande parte das quais à custa de dinheiro público, através de programas como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), o Universidade para Todos (ProUni) e agora o Pronatec.

Uma outra questão deste programa a ser debatida é a formação integrada dos trabalhadores (que busca superar a dualidade muita vezes imposta na educação entre o fazer e o pensar) , que foi uma conquista histórica dos que lutam por uma educação pública de qualidade deste país, reconhecida no Decreto nº5154/04 do Governo Lula que vinha na direção de contemplar as formas concomitantes, subsequente e integrada de formação. Com o Pronatec a forma integrada é omitida, o que na prática torna-se um retrocesso aos tempos do Decreto nº 2.208/97, instituído pelo Governo Fernando Henrique Cardoso. É uma farsa acreditarmos que os cursos FIC, cursos rápidos, de baixa complexidade tecnológica, desvinculados da elevação de escolaridade, possam garantir uma boa formação ao trabalhador, o que ele perpetua é a lógica de manutenção de um sistema em que os trabalhadores e trabalhadoras continuam recebendo uma formação rasa, para execução de tarefas rudimentares, de maneira fragmentada e aligeirada.

A qualificação profissional integrada a Educação de Jovens e Adultos, é inclusive uma das metas do PNE ( Plano Nacional de Educação) recentemente aprovado pela presidenta Dilma.

Temos que ter consciência dessas questões e perceber o nível de flexibilidade política e orçamentária que vem marcando esse programa que na máscara de melhorar a oferta de mão de obra e a vida da população brasileira tem atendido, sobretudo, aos interesses privatistas da educação.

Carolina Mendonça, São Paulo

Metalúrgicos da África do Sul estão em greve desde 01 de julho

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Uma greve convocada pela União Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos da África do Sul (pela sigla em ingês, Numsa) em defesa de aumento salarial vem se somar a um processo de luta da classe trabalhadora que está em franco crescimento no país sul-africano. Em junho, terminou uma greve de seis meses realizada por trabalhadores da mineração, setor chave da economia do país.

A greve dos metalúrgicos teve início no dia um de julho, reivindicando aumento de 15%  e com várias manifestações de rua na Cidade do Cabo e em Johannesburgo. Cerca de 200 mil trabalhadores aderiram à greve.

Os patrões reforçaram a repressão e perseguição ao movimento e chegaram a oferecer um aumento de 10% que foi rechaçado nas assembleias dos trabalhadores que também reivindicam subsídios para a construção de moradias.

Outra tática dos patrões e dos governos foi a de procurar explorar certas diferenças étnicas e religiosas que podem existir entre os trabalhadores, procurando reviver a situação de Apartheid no país. A Numsa respondeu à essa manobra com formação de uma Frente Unificada de todos os trabalhadores e sindicatos, objetivando conquistar direitos para todos e unificar todas as greves e mobilizações em curso no país.

Mais informações podem ser obtidas no sítio eletrônico da Numsa: www.numsa.org.za

Redação

Romário defende cadeia para mandatários da CBF

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romário 02Passado o luto das primeiras horas seguidas da derrota, vamos ao que verdadeiramente interessa! Quem tem boa memória, vai lembrar da minha frase: Fora de campo, já perdemos a Copa de goleada!

Infelizmente, dentro de campo, não foi diferente.

Ontem foi um dia muito triste para nosso futebol. Venceu o melhor e ninguém há de questionar a superioridade do futebol alemão já há alguns anos. Ainda assim, o mundo assistiu com perplexidade esta derrota, porque nem a Alemanha, no seu melhor otimismo, deve ter imaginado essa vitória histórica.

Porém, se puxarmos da memória, vamos lembrar que nossa seleção já não vinha apresentando nosso melhor futebol há muito tempo. Jogamos muito mal. Infelizmente, levamos sete e, por mais que isso cause mal-estar, devemos admitir que a chuva de gols foi apenas reflexo do pânico, da incapacidade de reação dos nossos jogadores e da falta de atitude do treinador de mudar o time.

Vivemos uma crise no nosso esporte mais amado, chegamos ao auge dela. Acha que isso é problema só dos jogadores ou do Felipão? Nem de longe.

Nosso futebol vem se deteriorando há anos, sendo sugado por cartolas que não têm talento para fazer sequer uma embaixadinha. Ficam dos seus camarotes de luxo nos estádios brindando os milhões que entram em suas contas. Um bando de ladrões, corruptos e quadrilheiros!

O meu sentimento é de revolta.

Estou há quatro anos pregando no deserto sobre os problemas da Confederação Brasileira de Futebol, uma instituição corrupta gerindo um patrimônio de altíssimo valor de mercado, usando nosso hino, nossa bandeira, nossas cores e, o mais importante, nosso material humano, nossos jogadores. Porque não se iludam, futebol é negócio, business, entretenimento e move rios de dinheiro. Nunca tive o apoio da presidenta do País, Dilma Rousseff, ou do ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Que todos saibam: já pedi várias vezes uma intervenção política do Governo Federal no nosso futebol.

Em 2012, eu apresentei um pedido de CPI da CBF, baseado em um série de escândalos envolvendo a entidade, como o enriquecimento ilícito de dirigentes, corrupção, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e desvio de verba do patrocínio da empresa área TAM. O pedido está parado em alguma gaveta em Brasília há dois anos. Em questionamento ao presidente da Câmara dos Deputados, sr. Henrique Eduardo Alves, mas ouvi como resposta que este não era o melhor momento para se instalar esta CPI. Não concordei, mas respeitei a decisão. E agora, presidente, está na hora?

Exceto por um vexame como o de ontem, o Brasil não precisaria se envergonhar de uma derrota em campo, afinal, derrotas fazem parte do esporte. Mas vergonha mesmo devemos sentir de ter uma das gestões de futebol mais corruptas do mundo. A arrogância dessa entidade é tão grande que até o chefe da assessoria de imprensa chega ao absurdo de bater em um atleta de outra seleção, como fez o Rodrigo Paiva contra o jogador Pinilla, do Chile. Paiva pegou quatro jogos de suspensão e foi proibido de acessar o vestiário dos jogadores. Este ato foi muito simbólico e diz muito sobre eles. O presidente da entidade, José Maria Marin, é ladrão de medalha, de energia, de terreno público e apoiador da ditadura. Marco Polo Del Nero, seu atual vice, recentemente foi detido, investigado e indiciado pela Polícia Federal por possíveis crimes contra o sistema financeiro, corrupção e formação de quadrilha. São esses que comandam o nosso futebol. Querem vergonha maior que essa?

Marin e Del Nero tinham que estar era na cadeia! Bando de vagabundos!!!

A corrupção da CBF tem raízes em todos os clubes brasileiros, vale lembrar que são as federações e clubes que elegem há anos o mesmo grupo de cartolas, com os mesmos métodos de gestão arcaicos e corruptos implementados por João Havelange e Ricardo Teixeira e mantidos por Marin e Del Nero. Vale lembrar, que estes dois últimos mudaram o estatuto da entidade e anteciparam a eleição da CBF para antes da Copa. Já prevendo uma possível derrota e a dificuldade que eles teriam de se manter no poder com um quadro desfavorável.

E os clubes? Sim, eles também são responsáveis por essa crise. Gestões fraudulentas, falta de investimento na base, na formação de atletas. Grandes clubes brasileiros estão falindo afogados em dívidas bilionárias com bancos e não pagamentos de impostos como INSS, FGTS e Receita Federal.

E toda essa má gestão que tem destruído o nosso futebol, infelizmente, tem sido respaldada há anos pelo Congresso Nacional com anistias e mais anistia destes débitos. Este ano tivemos mais um projeto desses vexatórios para salvar os clubes. Um projeto que previa que clubes pagassem apenas 10% de suas dívidas e investissem 90% restante em formação de atletas. Parece até deboche. Uma soma de aproximadamente R$ 4 bilhões ou muito mais, não se sabe ao certo. Corajosamente, o deputado Otávio Leite, reconstruiu o texto e apresentou uma proposta honesta estruturada em responsabilidade fiscal, parcelamento de dívidas e a criação de um fundo de iniciação esportiva, com obrigações claras para clubes e CBF.

Em resumo, a nova proposta além de constituir a Seleção Brasileira de Futebol e o Futebol Brasileiro como Patrimônio Cultural Imaterial – obrigava a CBF a contribuir com alíquota de 5% sobre as receitas de comercialização de produtos e serviços proveniente da atividade de Representação do Futebol Brasileiro nos âmbitos nacional e internacional. O tributo também incidiria sobre patrocínio, venda de direitos de transmissão de imagens dos jogos da seleção brasileira, vendas de apresentação em amistosos ou torneios para terceiros, bilheterias das partidas amistosas e royalties sobre produtos licenciados. O valor seria destinado a um fundo de iniciação esportiva para crianças e jovens de todo o Brasil. Esses e outros artigos dariam responsabilidade à CBF, punição à entidades e outros gestores do futebol, a CBF estaria sujeita a fiscalização do TCU e obrigada a ter participação de um conselho de atletas nas decisões.

Mas este texto infelizmente não foi para a frente. Sete deputados alemães fizeram os gols que desclassificaram nosso futebol e nos tirou a chance de moralizar nosso esporte. Estes deputados, como todos sabem, fazem parte da Bancada da CBF, mudei o nome porque Bancada da Bola é muito pejorativo para algo que amamos tanto. Gosto de dar os nomes: Rodrigo Maia (DEM -RJ), Guilherme Campos (PSD-SP), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), José Rocha (PR-BA) , Vicente Cândido (PT-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Valdivino de Oliveira (PSDB-GO).

Essa partida ainda pode ser revertida com a votação do projeto no Plenário da Câmara. Será que esses sete deputados voltarão a prejudicar o nosso futebol?

O futebol brasileiro tomou uma goleada e a derrota retumbante, infelizmente, não foi só em campo. Nem sequer tivemos o prazer de jogar no Maracanã, um templo do futebol mundial, reformado ao custo de mais de R$ 1 bilhão. Acha que foi porque não chegamos a final? Não. Poderíamos ter jogado qualquer outro jogo lá. A resposta disso é ganância e arrogância. É a CBF que escolhe onde o Brasil vai jogar, mas, obviamente, poderia ter tido interferência do Ministério do Esporte e da presidência da República, mas nenhum destes se manifestou. Quem levou com essas escolhas?

Para fechar com chave de ouro, a CBF expulsou do vestiário Cafu, capitão de seleção do pentacampeaonato. Cafu foi expulso do vestiário enquanto cumprimentava os jogadores ontem. Este é o retrato do nosso futebol hoje, não honramos a nossa história.

Dilma tem sim que entregar a taça para outra seleção. Este gesto será o retrato do valor que ela deu ao nosso futebol nos últimos anos! Eles levarão a taça e nós ficaremos com nossos estádios superfaturados e nenhum legado material, porque imaterial, mostramos para o mundo que com toda nossa dificuldade, somos um povo feliz.

Romário foi atacante da Seleção Brasileira durante vários anos e atualmente  é deputado federal

Encontro Nacional de Educação acontece em agosto no Rio

10169455_1410272829254996_866255202431896567_nEntre os dias 8, 9 e 10 de agosto de 2014 acontecerá no Rio de Janeiro o Encontro Nacional de Educação. A proposta do encontro – que pretende reunir cerca de 2 mil pessoas – é debater e construir uma proposta de projeto de educação para o país, privilegiando a educação pública, em contraponto às debilidades do PNE aprovado nos últimos meses.

O ENE surgiu de uma proposta de diversos setores da sociedade ligados à educação com destaque ao ANDES-SN (Sindicato que representa nacionalmente os professores do ensino superior), Oposição de Esquerda da UNE (UJR e juventudes do PSOL), FENET (Federação Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico), AERJ, ANEL, Conlutas, Sinasefe e diversos(as) organizações, sindicatos, partidos, executivas de curso e entidades estudantis e de trabalhadores da educação e coletivos negros, feministas e LGBTs.

As inscrições para o ENE já estão abertas e devem ser realizadas aqui. A taxa que custeará alimentação e alojamento será de apenas R$30,00 e movimentos sociais pagarão apenas R$5,00 para se inscrever. As inscrições serão encerradas ao atingir o número esperado de participantes, por isso, indicamos que os interessados não adiem suas inscrições.

Não é simples construir um projeto que garanta à educação seu papel de prioridade na construção de uma sociedade mais justa, sabendo disso o ENE está passando pelo processo de construção pela base, com destaque para a participação de pessoas envolvidas ou interessadas na educação como estudantes, professores, funcionários e toda a sociedade.

Essa construção está sendo feita nos encontros preparatórios que acontecem estadual e regionalmente. Alguns já ocorreram como no Rio Grande do Sul e Pará e outros têm data marcada como é o caso do Rio de Janeiro, Ceará, São Paulo, Feira de Santana e Paraná. Dessa forma será possível chegar ao ENE com debates já iniciados, garantindo um maior aproveitamento e o entendimento entre os diversos setores que constroem o encontro. Além disso, qualquer pessoa, coletivo ou movimento social pode contribuir com textos de até 14 páginas.

Como forma de orientar os debates, foram propostos sete pontos principais que ajudarão a nortear as propostas: Privatização e mercantilização da Educação: das creches a pós graduação; Financiamento da Educação Pública; Precarização das atividades dos trabalhadores da Educação; Avaliação meritocrática na educação; Democratização da educação; Acesso e Permanência; Passe Livre e Transporte Público.

Mais informações podem ser encontradas no blog do ENE:http://ene2014.wordpress.com/ e no facebook:http://www.facebook.com/2014ENE.

Pelo investimento de 10% do PIB na educação pública! E para que ela seja gratuita e de qualidade em todos os níveis do ensino básico à universidade!

Lucas Marcelino, São Paulo

Famílias ocupam órgãos da prefeitura de BH e conquistam vitórias

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Ocupações em MG conquistam vitórias 03Cerca de mil familias de nove ocupações urbanas de Belo Horizonte e região metropolitana (Eliana Silva, Dandara, Nelson Mandela, Esperança, Rosa Leão,Vitoria, Jardim Getsêmani, Cafezal e Guarani Kaiowa), organizadas pelos movimentos MLB (Movimento De Luta Nos Bairros,Vilas e Favelas), Brigadas Populares, CPT (Comissão Pastoral da Terra) e COPAC (Comitê dos Atingidos Pela Copa), realizaram ocupações no último 2 de julho em três pontos diferentes da cidade de Belo Horizonte. Por volta de 9hs30 um grupo de cerca de duzentas pessoas entraram no prédio da Advocacia Geral do Estado (AGE) e outras cem permaneceram acampadas do lado de fora. Outro ponto ocupado foi a Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (URBEL), quase ao mesmo tempo em que 250 pessoas ocuparam a sala do presidente Genedempsey Bicalho, onde centenas de apoiadores e moradores das ocupações permaneceram acampados durante todo o tempo que o prédio esteve ocupado. Outras centenas de famílias que não paravam de chegar foram se organizando e também ocuparam a frente da prefeitura de Belo Horizonte.

A pauta era única: fim dos despejos e urbanização imediata, o que na prática significa ligação de água, luz, esgoto, calçamento e título de posse.

Ocupações em MG conquistam vitórias 01Depois 48 horas sem se alimentar, pois a entrada de comida foi barrada pela policia militar, o governo do estado de Minas Gerais marcou uma reunião para o dia 17 de julho na Cidade Administrativa, o que assegura também não ocorreu nenhum despejo até essa data, o que deu fim à ocupação da AGE. As famílias saíram em marcha em direção a outros dois locais para se solidarizar com os demais ocupantes.

A prefeitura de Belo Horizonte, mais uma vez, se mostrou intransigente para garantir a reunião com o presidente da URBEL, a qual durou mais de 8 horas. Para isso foi preciso uma ordem judicial expedida pelo juiz da 1ª Vara da Fazenda Municipal, Magid Abraão, onde também foi ordenada a entrada de comida.

Ocupações em MG conquistam vitórias 02Este mesmo juiz também lavrou em ata uma reunião marcada para o dia 10 de julho, com a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (SUDECAP), Secretaria Municipal Adjunta de Planejamento Urbano (SMAPU) e a Secretaria Municipal Adjunta de Regulação Urbana (SMARU), como condição para a saída das famílias da URBEL.

Na porta da prefeitura de Belo Horizonte foi realizada ainda uma homenagem as vitimas da queda do viaduto que desmoronou na cidade.

Poliana Souza, MLB-MG

Haiti: 200 anos de luta contra a exploração

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Haiti02O Haiti é um país muito pouco conhecido por nós brasileiros. Quando ouvimos algo sobre ele normalmente são notícias na grande mídia acerca de um país pobre, sem infraestrutura, com uma economia subdesenvolvida e que sofre uma intervenção da ONU, encabeçada por tropas brasileiras, para supostamente “garantir a ordem e o desenvolvimento econômico” naquele país. O que poucos sabem é que o povo haitiano vem escrevendo, ao longo de mais de 200 anos de independência, algumas das páginas mais bonitas da luta dos povos oprimidos do mundo.

A revolução negra haitiana

O Haiti foi o primeiro país latino-americano a se tornar independente das potências europeias, em 1804. Liderados por Toussain L’Ourveture, os escravos haitianos fizeram uma revolução que expulsou os colonizadores franceses e pôs fim à escravidão no país.

A Revolução Haitiana ou Revolução Negra, como ficou conhecida, começou na verdade em 1791, quando milhares de escravos se revoltaram contra seus senhores e mataram muitos deles, tomando posse de suas terras. Naquela época, o Haiti era um dos principais exportadores de açúcar das Américas e a colônia economicamente mais importante para a França.

Os escravos eram 90% da população do país, enquanto os senhores brancos eram apenas 10%. Submetidos a um regime de trabalho extremamente injusto e explorador, a mortalidade entre os negros chegava a níveis estratosféricos, tanto que no início da revolução, em 1791, a maioria dos escravos tinha nascido na África e chegado ao Haiti menos de dez anos antes da primeira rebelião.

Inspirado no lema da Revolução Francesa (Igualdade, Liberdade e Fraternidade), Toussaint inicia a luta, que dura 13 anos. Nesse período, os haitianos enfrentaram 60 mil soldados ingleses, que intervieram para impedir que a revolução se expandisse para suas colônias, além de 50 mil soldados franceses, do exército de Napoleão Bonaparte, que naquela época havia vencido a maioria dos exércitos europeus, mas foi incapaz de vencer a resistência do povo haitiano. Foi uma luta encarniçada, mas os escravos conseguiram vencer todas as diferenças étnicas e culturais que eles traziam da África e se unir em torno da luta contra a exploração.

No dia 1º de janeiro de 1804 é declarada a independência do Haiti. O líder da revolução, Toussaint L’Ouverture, entretanto, foi preso e levado para a Europa, onde morre na prisão. Assume a liderança do país Jean Jaques Dessalines, também negro, ex-escravo e analfabeto. Após a independência, os haitianos assumem a posse das terras de seus antigos senhores e a dividem entre a população, estabelecendo a primeira sociedade livre dos povos negros nas Américas.

As invasões estrangeiras e a resistência do povo haitiano

No entanto, as classes dominantes dos países europeus e, durante o século 20, o imperialismo norte-americano, nunca admitiram a liberdade e a soberania, e se vingaram da ousadia haitiana intervindo militarmente no país inúmeras vezes: 1891, 1915, 1994 e 2004.

Além disso, as classes dominantes haitianas que surgiram após o processo de independência sempre tentaram impor seus interesses e atacar a liberdade do povo haitiano para colocá-lo novamente sob o jugo da exploração, realizando, para isso, sucessivos golpes de Estado.

Entretanto, o povo haitiano nunca esqueceu as raízes de suas históricas e sempre se rebelou quando qualquer injustiça era realizada em seu país. Porém, tantas invasões e ditaduras acabaram com a economia do país, que hoje é o mais pobre das Américas e um dos mais pobres do mundo.

A última intervenção da ONU, liderada pelo Brasil, só fez piorar a situação, principalmente após o terremoto ocorrido em 2010, na capital, Porto Príncipe. Hoje, são quase 10 mil soldados estrangeiros que ocupam diversas cidades e o interior, numa intervenção que já custou R$ 1,3 bilhão, dinheiro que poderia ser usado para ajudar o povo haitiano.

O povo do Haiti não perdeu a esperança. Nos últimos meses foram registradas diversas manifestações pela retirada das tropas da ONU do país e contra o atual governo. Com isso, se coloca para nós brasileiros a necessidade de apoiar a luta dos trabalhadores haitianos por um país mais justo e igual, onde todos tenham direitos e acesso aos serviços básicos. Nosso país infelizmente cumpre um papel vergonhoso em participar da “missão de paz” da ONU. O Brasil pode e deve ajudar o povo haitiano, mas não com tropas, e sim com médicos, professores, tecnologia, etc.

Hoje, mais do que nunca, o povo do Haiti reafirma as palavras do libertador Toussaint L’Ouverture: “Eu quero que a liberdade e a igualdade reinem em São Domingos (nome do Haiti na época). Uni-vos irmãos e combateis comigo pela mesma causa. Arranquemos pela raiz a árvore da escravidão”.

Felipe Annunziata, Rio de Janeiro

Violência contra mulheres na copa do Mundo FIFA

Fotografia na copaO número de estrangeiros em visita ao Brasil aumentou muito nos dois últimos meses devido à Copa do Mundo da FIFA. Segundo dados oficiais, a expectativa é de até 500 mil turistas a mais do que a média para essa época do ano. Infelizmente, parte da propaganda realizada pela mídia no estrangeiro reforça a ideia de que, além das qualidades culturais e naturais que nosso país oferece o que temos de melhor é a beleza da mulher brasileira. O reflexo disso são as denúncias de assédio sexual e moral. Prevendo o fato, algumas campanhas contra a violência e exploração sexual passaram a ser divulgadas nos canais de TV e redes sociais, mas não foi o bastante para barrar esse crime que vitima milhares de mulheres todos os dias e que em períodos como esse de megaeventos tende a crescer.

Desde a abertura da Copa do Mundo, cresce o número de denuncias contra estrangeiros que tentaram abusar de mulheres de diversas formas nos espaços de festa, como é o caso da FanFest, onde o clima é de descontração e festa, regado a bebidas alcoólicas. As denuncias se somam todos os dias, como o caso de mineiras que relatam que os “gringos” já chegam agarrando e forçando o beijo. Muitas vezes, não fica só no assédio, como no caso da brasileira de 22 anos que foi atacada por um chileno na primeira rodada dos jogos esportivos em Cuiabá. O mais espantoso é que o Chileno foi liberado pela polícia logo depois de prestar declarações na delegacia. Quando questionados quanto à forma com que tratam as mulheres brasileiras, os estrangeiros relatam que a mulher brasileira é “liberal e quente”.

Outro cartão vermelho vai pra mídia brasileira, nenhum dos casos de violência contra mulher foi notificado nos noticiários, que a exemplo da rede globo, dedica praticamente toda sua programação aos jogos e aos bastidores dos times e suas estrelas. Pior ainda é quando essas emissoras dedicam seus programas de “entretenimento” para exibir mulheres com corpos seminus alegando ser uma das maravilhas brasileira, foi o caso do quadro do Programa da Sabrina exibido pela Rede Record, onde a apresentadora Sabrina Sato e a funkeira Mulher Melancia foram à praia de Copacabana para encontrar os turistas estrangeiros. A apresentadora fez questão de deixar claro por várias vezes que “os gringos não vieram ao Brasil só para vê os jogos”, se referindo ao corpo da funkeira.

Essa forma de exibir a mulher brasileira é ainda muito presente e reflete que a sociedade em que vivemos é uma sociedade que tenta transformar tudo e todos em mercadorias. As mulheres pobres são as que mais sofrem no dia a dia as ações machistas e são essas mulheres que devem tomar para si a luta pela sua libertação. Por isso, só poderemos por fim a ações machistas como estas, com a transformação do modelo social e a libertação da mulher.

 

Camila Falcão, UJR – Recife, PE.

 

Fontes:

 

http://unisinos.br/blogs/ndh/2014/03/02/o-turismo-sexual-e-a-exploracao-de-mulheres-na-copa-do-mundo-de-2014/

http://www.brasilpost.com.br/2014/06/14/estupro-copa-do-mundo_n_5495672.html

http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2014/06/26/interna_gerais,542695/mineiras-relatam-assedio-de-gringos-em-festas-da-copa.shtml

http://entretenimento.r7.com/programa-da-sabrina/videos/mulher-melancia-e-sabrina-vao-atras-dos-gringos-na-praia-de-copacabana-rj-23062014

http://negrobelchior.cartacapital.com.br/2014/06/25/luciano-huck-envolvido-em-polemica-de-turismo-sexual/