UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sábado, 15 de novembro de 2025
Início Site Página 657

Guerras imperialistas geram número recorde de refugiados

0

Sem títuloSão 52,1 milhões de mulheres, crianças, idosos e homens que foram obrigados pelas guerras a abandonarem suas casas, seus empregos, seus familiares e seus países. Segundo a Agência de Refugiados da Organização das Nações Unidas – UNHCR (sigla em inglès) este é um número recorde, só alcançando antes no período da segunda guerra mundial.

O Afeganistão é o país mais afetado, com  2,5 milhões de refugiados. Desde 2001, quando o país foi bombardeado e invadido pelo exército dos Estados Unidos, os afegãos vivem quase uma década e meia em guerra. O Afeganistão tem sido o laboratório para o teste de todo o tipo de armamento pelos EUA, inclusive os aviões não tripulados, chamados Drones, que bombardeiam na fronteira com o Paquistão, atingindo milhares de civis. O pretexto de todos esses assassinatos era o de capturar Osama Bin Laden, que foi morto pelos EUA em 2011. Mesmo assim, a guerra e as mortes continuam.

Outro país com números alarmantes de refugiados de guerra é a Síria onde 2,4 milhões de pessoas estão expulsas de suas casas. No caso Sírio também os EUA e outras potências imperialistas têm responsabilidade na guerra fratricida que o país vive, pois armaram e financiaram uma oposição de terroristas islâmicos, alguns vinculados à Al Qaeda. Hoje, as armas doadas pelos EUA aos “rebeldes” sírios estão sendo usadas pelos fundamentalistas radicais do ISIL (Estado Islâmico do Iraque e do Levante) para tomar o controle de várias cidades e de uma refinaria no norte do Iraque.

Os números fornecidos pela ONU comprovam que o mundo vive uma situação de guerra das mais agudas em sua história. São guerras de rapina, de saque aos povos. Guerras promovidas pelas potências imperialistas para roubar os recursos naturais e implantar governos ditatoriais, completamente submetidos aos interesses estrangeiros. É preciso fortalecer a solidariedade a todos os povos do mundo em guerra ou ameaçados de guerra pelo imperialismo. Ao mesmo tempo, é preciso fortalecer a denúncia contra as guerras imperialistas e os governos que as promovem.

Fonte: http://www.unhcr.org/

Jorge Batista, São Paulo

Mobilização do Sindlimp busca melhorias no trabalho

Foto 01No ultimo dia 10 de junho os trabalhadores da empresa LOCAR em Caruaru-PE, realizaram mobilização em frente à garagem da empresa exigindo uma série de reivindicações para a categoria que esta cansada de tanta exploração e assédio moral.

Mesmo com a pressão dos fiscais, diretores, gerente e até do Secretário de Limpeza Urbana da cidade, que chegaram ao local as 5:30h acompanhados de carros da policia, os trabalhadores não se intimidaram realizaram ato onde não deixaram nenhum caminhão saiu para fazer a coleta de lixo na cidade.

Após muita pressão e negociação o SINDLIMP (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Limpeza Urbana) de Caruaru-PE, conseguiu entregar a pauta de reivindicação à direção da empresa e aprovaram que se não houver melhorias a categoria vai parar durante os festejos juninos na capital do forro.

Entre as reivindicações por melhores condições de trabalho estão: Aumento do ticket alimentação de R$ 105,00 para R$ 300,00; Banheiros nos setores; Pagamento da hora-extra em dinheiro; Melhores salários; Fornecimento de EPI´s e Café da manha.

Marcelo Pessoa. coordenador do Movimento Luta de Classes (MLC)

Militante do PCR é anistiado em Minas Gerais

Brás da CruzEm audiência da Comissão Nacional de Anistia e Comissão Nacional da Verdade, realizada em Belo Horizonte, na Faculdade Dom Helder Câmara, no dia 12 de maio, um militante comunista histórico foi finalmente anistiado, tendo recebido o perdão do Estado brasileiro por todos os crimes praticados contra ele pela Ditadura Militar fascista.

Braz Teixeira da Cruz nasceu em fevereiro de 1939, filho de uma família pobre na capital mineira. Aos 12 anos, perdeu seus pais; não tendo mais ninguém, acabou morando na rua.

O menino chamava atenção por sua inteligência. Debatia sobre vários temas e era muito interessado com as coisas que acontecia no país. Foi quando um homem que o encontrou na rua o incentivou a estudar, matriculando-o em uma escola no centro de Belo Horizonte. Nesta época, já na década de 1950, Braz inicia sua militância política. Sua primeira luta foi pelo passe-livre nos bondes de capital mineira. Fez atos na escola em apoio à Revolução Cubana, e, em meio a esta efervescência política, ingressou na Polop – Organização Revolucionária Marxista Política Operária, e depois no PCB.

Sua primeira prisão se deu quando panfletava na porta da fábrica Mannesman, onde trabalhava. Meses depois, foi solto e ingressou na luta armada, atuando na região industrial entre Belo Horizonte e Contagem. Neste momento, estava sendo formada a Corrente Revolucionária, organização que mantinha contato direto com a Ação Libertadora Nacional (ALN), de Carlos Marighella. Foram várias as ações revolucionárias de expropriações, comícios relâmpagos e panfletagens nas fábricas da região, além da atuação na grande greve de 1968, em Contagem, um episódio muito importante para a luta dos trabalhadores que viviam oprimidos debaixo das baionetas da Ditadura Militar.

Sendo Braz um militante muito procurado na região industrial, decidiu-se que ele deveria ajudar a organização captando finanças de um modo diferente da expropriação. Junto com sua esposa, seus quatro filhos pequenos e outro militante da Corrente, Braz abriu uma pequena indústria de produção de temperos artesanais, a “PC Condimentos” e foi morar na cidade de Divinópolis, interior do Estado de Minas Gerais, onde produzia e comercializava os produtos, repassando o dinheiro para a organização. Foi nessa cidade que aconteceu a sua segunda, e mais violenta prisão, quando homens em carros com placas de São Paulo e documentos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), foram até sua casa interessados na produção da “PC Condimentos”. Na verdade, eram policiais que utilizaram esse disfarce para sequestrá-lo e iniciar um processo de intensa tortura física e psicológica. O absurdo dessa violência chegou ao ponto de os militares espancarem sua esposa, que estava grávida, com inúmeras pancadas na barriga, o que a levou a perder o bebê.

Depois de sofrer várias torturas, Braz foi solto ainda no início dos anos de 1970. Vivia sobre as tormentosas lembranças do tempo de prisão, sofria constantes desmaios, sendo internado centenas de vezes em hospitais psiquiátricos. Mais tarde, casou-se novamente e teve mais quatro filhos. Conseguiu emprego só no final da década de 1970, como porteiro de um colégio particular. O companheiro conheceu o Partido Comunista Revolucionário em 2010, ingressando na organização, na qual milita até hoje, fazendo palestras, participando de debates e levando a defesa da luta revolucionária pelo socialismo como saída para a humanidade.

“Quem resgatou minha memória foram os militantes do PCR, com o apoio do doutor Élcio Pacheco. Só aí, entramos com o processo junto à União para que eu fosse anistiado. Pela primeira vez, me senti mais confiante com essa comissão, por tudo que vi acontecendo naquela audiência. Até me deu vontade de chorar quando disseram: “Senhor Braz Teixeira da Cruz, em nome do Estado brasileiro, a comissão aqui presente, pede perdão ao senhor e o consideramos anistiado pela sua luta de resistência ao golpe militar de 1964”. Me senti mais forte para continuar minha luta pela vitória do socialismo, resgatei minha cidadania e dignidade.”

Renato Campos, Belo Horizonte – MG

Conheça a minoria que manda e desmanda no Brasil

Sem títuloQuando falamos em Capital, da maneira como Karl Marx definiu este conceito, estamos falando não de um objeto ou de uma coisa. Estamos falando de um processo, de uma determinada quantidade de trabalho acumulado (ou morto, como disse Marx) que se reproduz quando é colocado a serviço do atual processo de produção, seja da produção concreta de mercadorias, seja da produção de capital fictício no mercado financeiro, através de juros, royalties, bônus, etc.

Mas os capitalistas, os burgueses donos do capital, não são alguma coisa subjetiva. A burguesia é uma classe social concreta, ou seja, um conjunto de seres humanos, com nome, sobrenome, CPF e RG que podem e devem ser identificados no interior da sociedade. São os inimigos da classe trabalhadora na luta de classes pela emancipação do capital.

Alguns desses membros da classe burguesa são vaidosos e adoram aparecer na televisão, nas capas das revistas, na ilha de caras, ostentando sua riqueza conseguida à custa da exploração do trabalho alheio. Mas outros são soturnos, ficam na sombra exercendo seu poder, assinando demissões, cortando direitos, comprando e vendendo políticos, ninguém sabe quem são.

Uma importante pesquisa do portal Repórter Brasil, no entanto, resolveu desvendar quem é esse punhado de capitalistas que manda e desmanda no Brasil. A pesquisa comprovou que as principais empresas brasileiras estão conectadas em uma rede de poder que tem seus tentáculos no interior dos governos. É possível conhecer, através da pesquisa, quais são os conselhos diretores de todas as principais empresas e a relação entre estas através do compartilhamento do seu capital acionário.

Acesse a pesquisa aqui e descubra quem faz parte da classe capitalista no Brasil.

Jorge Batista, São Paulo

Despejo truculento na reintegração do cais José Estelita

Despejo truculento da polícia na reintegração do cais José Estelita 01Ocupe Estelita é um movimento organizado em prol do Cais José Estelita, ameaçado pelo projeto intitulado “Novo Recife” do consórcio formado pelas construtoras Moura Dubeux, Queiroz Galvão, G.L. Empreendimentos e Ara Empreendimentos, que compraram o terreno da RFFSA em leilão no ano de 2008 a preço de banana. O empreendimento imobiliário, orçado em R$ 800 milhões e que prevê a construção de 12 torres com até 40 andares, é objeto de cinco ações judiciais que questionam sua legalidade. O movimento entende que há outras alternativas para a área, como parques públicos e uma melhor ocupação do solo, de forma popular.

No dia 21 de maio de 2014, a construtora Moura Dubeux deu início, à noite, à demolição das estruturas que ainda existem no Cais. A partir daquele dia, o local foi ocupado, tornando-se ponto de cultura, debates e contestação ao modelo atual de planejamento da cidade. Passaram por lá os cantores Otto, Karina Buhr, Junio Barreto, Cannibal, Siba e Lia de Itamaracá.

Reintegração violenta

Na madrugada desta terça, dia 17 de junho, a Polícia Militar de Pernambuco promoveu uma violenta reintegração de posse, com bombas de gás lacrimogêneo, pancadas com cassetetes e arrancando as pessoas das barracas.

Durante o dia, a população chegou aos poucos ao local, em solidariedade ao movimento Ocupe Estelita, crescendo o número de pessoas a todo instante, além de notas de repúdio à ação policial.

Despejo truculento da polícia na reintegração do cais José Estelita 02A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) afirmou, em nota, que “expressa sua estranheza e indignação pelo ocorrido, que desrespeita frontalmente o acordo envolvendo diversas instituições, a Prefeitura do Recife e os empreendedores”. O Ministério Público do Estado também repudiou a reintegração: “Em audiência realizada no MPE, na data de 23 de maio de 2014, presentes a Polícia Militar, a Prefeitura do Recife, representantes do Projeto Novo Recife, Movimento Direitos Urbanos e sociedade civil, foi acordado que, enquanto perdurassem as negociações entre as partes, não haveria ação policial para eventual desocupação do local, sem a prévia comunicação ao Ministério Público de Pernambuco.” Mas não foi isso o que ocorreu.

As centenas de pessoas que se concentraram em frente ao Cais José Estelita repudiaram a truculência da Polícia, mas tempestivamente foram surpreendidas com uma chuva de gás lacrimogênio e bala de borracha, com o objetivo de dispersar. Logo depois, manifestantes se reagruparam numa das principais vias de Recife, o viaduto Capitão Temudo, parando o trânsito por cerca de duas horas, onde foram novamente atacadas com gás de pimenta.

Manifestantes permanecem acampados em frente ao Cais, e a solidariedade da população tem crescido.

Alexandre Ferreira, Recife

Stiupb organiza nova greve por melhores condições de trabalho na Paraíba

greve cagepa 2014Mais de dois mil trabalhadores da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) estão em greve desde segunda-­feira (16/06). A paralisação toma todo o Estado, com ampla adesão da categoria, sob a direção do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas da Paraíba (Stiupb) e do Movimento Luta de Classes (MLC). A única exceção é a capital João Pessoa, onde a categoria é representada legalmente por outro sindicato, o Stipdase, que, aliado da direção da empresa, aceitou a proposta rebaixada de reajuste.

Apesar do período de festejos juninos (que em Campina Grande, centro do movimento, começou já no dia 6 de junho) e dos jogos da Copa do Mundo, o clima da categoria é de revolta e indignação diante da política de arrocho salarial e de sucateamento imposta pela Direção da Cagepa e pelo governo de Ricardo Coutinho (PSB).

Com a greve, exceto a distribuição de água, todos os demais setores da empresa estão parados: leitura, corte, instalação, atendimento comercial, inspeção, manutenção, etc.

Pauta de reivindicações

A decisão de realizar o movimento paredista ocorreu após a diretoria da Cagepa propor um Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2014/­2016 que fica muito aquém das necessidades da categoria, que, nos últimos anos, só vem tendo perdas salariais em relação ao salário mínimo.

“Há dez anos, por exemplo, os trabalhadores da faixa salarial 1 (FS1), que é a mais baixa, ganhavam o correspondente a quase dois salários mínimos. Atualmente eles só ganham o equivalente a um salário mínimo. Então não podemos mais deixar que situações iguais a essa se repitam. Com a intransigência da empresa em não oferecer um reajuste digno, a alternativa que encontramos para lutar por nossos direitos foi entrar em greve”, enfatizou o presidente do Sindicato, Wilton Maia.

IMG-20140617-WA0002Na quarta mesa redonda, que ocorreu na semana passada, na sede do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em Campina Grande, a Direção da Cagepa ofereceu reajuste salarial de 6,54% e ticket alimentação de R$ 630,00. Em contrapartida, propôs que o trabalhador arque com 6,54% do reajuste de 8,5% do plano de saúde, e não mais com 5%.

“Esses valores estão muito abaixo do que reivindicamos. A empresa dá com uma mão e tira com a outra, aumenta o reajuste salarial para 6,54%, mas também aumenta o repasse do plano de saúde para os trabalhadores”, afirmou Wilton Maia.

A greve continua forte por todo o Estado, mobilizando trabalhadores em todas as regionais da Cagepa, enfrentando a política de intransigência da empresa e a conciliação e o peleguismo do outro sindicato da categoria.

Clodoaldo Oliveira e Assessoria de Imprensa do Stiupb

Usineiro deputado escraviza trabalhadores

joão lyra 02O usineiro João Lyra (PSD-AL), deputado federal mais faltoso da Câmara dos Deputados (apenas cerca de 30% de presença), além de deputado mais rico do país com uma fortuna de mais de R$ 240 milhões, coleciona em sua trajetória diversos crimes, personificando tudo que existe de pior na prática do coronelismo.

Fundador e presidente do Grupo João Lyra. Foi presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar do Estado (1971-1974), conselheiro da Associação Comercial (1994) e é presidente da Associação dos Produtores Independentes de Açúcar e Álcool desde 1995.

Começou a sua carreira como usineiro na década de 1950, com a Usina Laginha, fundada na cidade de União dos Palmares, na Zona da Mata alagoana. Em mais de meio século de vida empresarial, acumulou mais quatro usinas, uma delas em Minas Gerais – a Uruba. Além dela, empresa de táxi aéreo, adubo, jornal, rádio, concessionária de veículos, entre outras.

Porém, toda esta riqueza acumulada é resultado da superexploração dos trabalhadores canavieiros e de benesses recebidas por parte do Estado e bancos públicos.

Prova disso é a recente decisão do juiz titular da Vara do Trabalho de Coruripe, Sérgio Queiroz, que determinou o bloqueio de 30% de seu salário de deputado federal, que, segundo o Portal da Câmara, é de R$ 26.723,13. A condenação tem por objetivo garantir o pagamento de um dos cerca de 500 processos que seu grupo responde por desrespeito a direitos trabalhistas somente na vara do município.

Apenas em 2013, os trabalhadores de uma de suas usinas, a Guaxuma, sofreram com mais de seis meses de salários atrasados. Romperam com o medo e realizaram várias lutas, greves, protesto na frente da residência do usineiro e até fechamento de rodovias. A mesma situação também foi vivenciada por trabalhadores de outras usinas que João Lyra possui em Alagoas.

Punição é necessária

A influência do poder econômico de João Lyra na Justiça alagoana é conhecida há tempos. Em 1991, Lyra foi acusado pelo Ministério Público de mandar matar o amante da ex-esposa. O deputado, por meio de sua rede de influência, conseguiu engavetar os processos até que prescrevessem.

Não bastasse, em 2007, no auge do escândalo do Senado que envolveu seu conterrâneo Renan Calheiros (acusado de ter contas pessoais pagas por um lobista), João Lyra confirmou sociedade oculta com o senador alagoano, que durou entre 1999 e 2005, incluindo um jornal e duas rádios.

Em 2008, as usinas do deputado foram devassadas por uma Força Tarefa do Ministério do Trabalho, onde foi detectado trabalho escravo. A situação foi verificada em 56 dos mais de três mil trabalhadores de suas usinas de açúcar. Recebeu multa de R$ 20 milhões. Em março de 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) acatou ação penal contra o deputado. Apesar disso, em 2012, foi novamente denunciado pelo Ministério Público do Trabalho, acusado de manter 207 trabalhadores rurais em situação análoga à escravidão, em uma usina localizada no Município de Capinópolis (MG).

A trajetória de João Lyra evidencia como agem os capitalistas para alcançar seus objetivos: desconhecem a vida humana e praticam toda a espécie de desmandos para enriquecer. O Estado burguês e a sua justiça, pela própria natureza, não garantem a punição devida contra os exploradores do povo.

Magno Francisco, Maceió

Governo do Equador vai assinar TLC com União Europeia

0

Hillary-Clinton-and-the-E-006Não é casualidade que o Governo equatoriano encerre a última rodada de negociação de um Tratado de Livre Comércio (TLC) com a União Europeia (UE) no primeiro dia da Copa da Fifa.

Em torno do assunto do TLC foi montada uma grande farsa, recorrendo a diversas mentiras, como exibir várias vezes a declaração presidencial afirmando que “não se firmará um TLC”. De fato, o mesmo presidente é autor de várias publicações que descrevem com detalhes as falácias do livre comércio. Mas isso é coisa do passado, pois agora aquelas preocupações são vistas apenas como parte de uma campanha de propaganda para tratar de não mencionar a crua realidade: o TLC com a UE. Sim é um TLC.

O deslize, há alguns meses, do ministro que encabeça as negociações, admitindo que o Equador deverá aderir ao Acordo firmado por Colômbia e por Peru foi estranhamente encoberto na memória graças a inumeráveis frases oficiais ambíguas e oscilantes.

Com efeito, na Colômbia e no Peru dificilmente alguém poria em dúvida que o que foi firmado com a União Europeia é um tratado de livre comércio; reconhece-se melhor que nome de “Acordo Comercial Multipartes” é temporal para a UE, enquanto se unem Equador e Bolívia, as partes faltantes… Nem tampouco México e Chile, onde os acordos de Associação com a UE já têm vários anos de aplicação, há dúvidas que estes acordos são, em realidade, acordos de livre comércio.

Desta maneira, a UE vai completando seu plano de domínio na região. Já firmou Acordos de Associação com México, Chile, América Central, Colômbia, Peru e está abrindo caminho para retomar as negociações com o Mercosul.

O TLC Equador-UE constrói, na prática, uma ALCA maquiada com outro nome e outro autor. O plano geoestratégico dos grandes países europeus é, ao final das contas, controlar territórios e mercados com “as regras de jogo claras” (não soa conhecida essa frase?) que garantam plenamente os seus investimentos (relacionadas com o abastecimento – o controle do negócio – de petróleo, minerais, energia, água, comunicações, transporte, etc.) e os direitos de propriedade intelectual (por exemplo, as patentes sobre fármacos; os direitos de propriedade sobre as sementes e outros).

Então, a pergunta é por que tanta demagogia e eufemismo no caso do Equador? A resposta, nos parece, tem a ver com o país, pois o Equador derrubou com a resistência passada ao modelo neoliberal, com as mobilizações contra a ALCA e o TLC bilateral com os EUA e, depois, com o processo constituinte, com passos concretos para fazer frente ao livre comércio e as pretensões das corporações transnacionais, ponta de lança do capitalismo selvagem.

De fato, a Constituição do Equador proíbe a privatização da água e estabelece que sua gestão será exclusivamente pública e comunitária. Também reconhece que a soberania alimentar é uma obrigação do Estado para garantir a autossuficiência de alimentos sãos e culturalmente apropriados. Assinala que, no âmbito das compras públicas, os produtores nacionais, particularmente os médios e pequenos, terão um trato preferencial. Menciona de forma clara que não poderão ser celebrados tratados internacionais que cedam soberania em tribunais de arbitragem internacional. Posição que, com certeza, ajudou o impulso de uma auditoria de tratados bilaterais de inversão que, nas atuais circunstâncias, fica em respaldo político.

A União Europeia é o maior exportador de alimentos elaborados, o segundo maior exportador de leite e seus derivados e de carne de vaca e o terceiro maior exportador de aves. É, além disso, o segundo maior provedor de serviços. Em condições de crise, como a que atravessa o ano de 2008, a UE espera que estes acordos a ajudem a sair de sua grave situação econômica.

É um jogo de cartas marcadas. A goleada parece iminente. E, para completar o panorama, alguns espaços oficiais vêm trabalhando para “harmonizar” a Constituição com os  termos do Acordo, preparando assim um gol contra.

Traduzido de www.ecuadorlibrered.tk

Quem vai lucrar com a Copa do Mundo?

NCopao dia 30 de outubro de 2007, quando a Fifa anunciou de maneira oficial o Brasil como sede da Copa de 2014, o Estado brasileiro assinou um contrato com uma das mais corruptas organizações em atividade no mundo. A comitiva enviada a Zurique, Suíça, para firmar esse pacto, demonstrou o compromisso dos capitalistas brasileiros com o evento e afastou, desde o início, qualquer pretensão de popularizar o campeonato. Lá estavam, além do presidente Lula, dois candidatos a presidente da velha e da nova direita: Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Estavam também José Serra e José Roberto Arruda, o primeiro investigado por corrupção no metrô de São Paulo e o segundo, filmado e provado como corrupto, foi expulso do Governo do Distrito Federal anos depois.

Estavam acompanhados de Ricardo Teixeira (ex-presidente da CBF) e Nicolás Leoz (ex-presidente da Conmebol), ambos afastados das presidências dessas entidades e dos cargos de membros da Fifa após provadas acusações de que receberam propina na escolha das sedes da Copa e de que participaram de fraude nos contratos de publicidade com a empresa ISL, juntamente com João Havelange, o brasileiro ex-presidente da Fifa.

Da descrição dos personagens podemos prever o roteiro da história. A Copa da Fifa é, no Brasil – assim como foi em todos os países onde se realizou até hoje –, um conluio da classe capitalista nacional e internacional com uma organização mafiosa que controla os clubes e federações de futebol. Uma festa onde o povo é convidado a assistir de fora, enquanto eles roubam na construção dos estádios, na venda de ingressos, pacotes turísticos e contratos publicitários.

Empreiteiras lucraram milhões com obras

Logo o Governo Federal anunciou as obras que seriam necessárias para receber a Copa. Em todas as 12 cidades-sedes foram construídos ou completamente reformados novos estádios.

Até mesmo o Estádio do Maracanã, que, há poucos anos, foi reconstruído para a realização dos Jogos Pan-Americanos, foi de novo reconstruído pelo custo de R$ 1,2 bilhão. As empreiteiras (Odebrecht, Camargo Correa, OAS, Andrade Gutiérrez, etc.) ficaram muito felizes.

Ao todo foram gastos R$ 8,32 bilhões na construção de estádios, R$ 2,28 bilhões a mais do que estava inicialmente previsto nos orçamentos. É de destacar o caso do Estádio Mané Garrincha, em Brasília. Com custo inicial previsto de R$ 745 milhões, as verbas para o estádio tiveram um aumento de 110%, passando o valor inicial a R$ 1,56 bilhão, o que transformou o Mané Garricha numa das praças de esportes mais caras do mundo. E, como na maioria dos estádios da Copa, as obras do entorno estão atrasadas.

As empreiteiras souberam retribuir a gentileza. Apesar de 2013 não ser ano eleitoral, esse foi o ano em que as empreiteiras mais doaram dinheiro aos partidos políticos no Governo. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PT recebeu, no ano passado, R$ 79,8 milhões de empresas privadas, sendo 65% desse dinheiro oriundo de empreiteiras. Partidos que controlam os governos estaduais também receberam sua parte: R$ 20,4 milhões para o PSDB (86% de empreiteiras), R$ 17,7 milhões para o PMDB (71% de empreiteiras) e R$ 8,3 milhões para o PSB (88% de empreiteiras).

Das 149 obras previstas no plano inicial da Copa, 39 eram relacionadas à segurança, e essas estão quase todas concluídas, o que mostra que a prioridade é mesmo o aumento da repressão. Outras 42 obras estavam relacionadas à ampliação e reforma de portos e aeroportos; como sabemos, os recursos públicos investidos nessas obras servirão ao lucro de empresas privadas, já que os portos e aeroportos estão sendo privatizados através do regime de concessão.

Para o principal problema das grandes cidades, a mobilidade urbana, foram planejadas 65 obras, mas destas apenas 26 tratavam da construção de vias de ônibus BRT, Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) e metrô – ou seja, obras que, de fato, atacam o problema do transporte coletivo. Dessas, 10 obras foram abandonadas (quase a metade) e várias estão atrasadas.

Todos esses números servem para provar que o objetivo das obras da Copa não é deixar nenhum legado de benefício para o povo, mas sim enriquecer as empreiteiras e concessionárias privadas.

O roteiro de realização da Copa em um país se repete a cada quatro anos, no fundamental, da mesma maneira desde a década de 1970, quando a Fifa se transformou em uma máfia internacional sob o comando de João Havelange.

Como denunciou o jornalista Andrew Jennings em seu livro Um jogo cada vez mais sujo (recém-lançado no último mês de maio), um determinado país é escolhido ao custo de muita propina paga aos membros das confederações continentais. Depois disso, anuncia-se que a Copa gerará um grande legado, muitas obras e desenvolvimento econômico com quase nenhum dinheiro público gasto. Passam-se os anos, e os membros da Fifa (Joseph Blatter e Jerôme Valcke) visitam o país para fazer críticas públicas sobre o atraso nas obras, pressionando o Governo a gastar dinheiro do povo com o evento. Foi assim na Alemanha, em 2006, na África do Sul, em 2010, e não poderia ter sido diferente no Brasil.

A Copa do trabalho precário e da prostituição

Todos os operários mortos em obras dos estádios da Copa trabalhavam em empresas terceirizadas, em regime de trabalho que, muitas vezes, superava as 10 horas diárias, como revelou a investigação do Ministério do Trabalho após os desabamentos no estádio em Itaquera. Terceirizar a mão de obra foi a forma encontrada pelas grandes empreiteiras para não assumir a responsabilidade pelo sangue de trabalhadores derramado em vários estádios.

Em setembro de 2013, fiscais do Ministério do Trabalho encontraram 111 trabalhadores em situação de escravidão nas obras de ampliação do Aeroporto de Guarulhos, o maior do Brasil. Eles foram aliciados nos Estados do Maranhão, Sergipe, Bahia e Pernambuco, e ficaram alojados em situação degradante nos arredores de Cumbica. A obra é de responsabilidade da empreiteira OAS, mas a empresa transferiu para uma terceirizada a responsabilidade pela contratação desses trabalhadores.

Todos os indícios apontam também para o crescimento do turismo sexual e da prostituição, inclusive infantil, no período da Copa.

Muitas empresas de turismo vendem pacotes que incluem exploração sexual disfarçada para o público europeu. Casas de prostituição de São Paulo já anunciam seus serviços através de outdoors. Durante a Copa das Confederações, no ano passado, até os jogadores da Seleção da Espanha se envolveram em disputa com a gerência de um hotel por tentarem levar prostitutas para os quartos.

Como denunciou a agência de notícias Pública (http://apublica.org/) na reportagem Meninas em Jogo, uma rede de prostituição que existe no Ceará e tem ligações com políticos brasileiros e investidores italianos tem fortalecido sua atuação às vésperas da Copa, aliciando menores de idade nas cidades mais pobres do interior e levando-as para bordéis em Fortaleza ou lugares turísticos como Canoa Quebrada.

Nenhum centavo dos recursos da Copa, no entanto, serviu para fortalecer os conselhos tutelares ou para aplicar medidas de educação e trabalho que possam combater a prostituição infantil.

A Lei Geral da Copa ataca a soberania do País

O esquema obscuro de venda de ingressos é a forma através da qual os dirigentes da Fifa mais ganham dinheiro. Milhares de ingressos são vendidos de maneira casada na Europa, inflacionando os preços de hospedagem e transporte. Essa prática, aliás, fez ficarem vazios os estádios da África do Sul, obrigando o Governo de Pretória a comprar os ingressos que sobraram.

Já temos sofrido com uma enorme alta nos preços dos aluguéis e de praticamente todos os serviços, fruto da especulação imobiliária e dos donos de empresas nesse período que antecede a Copa.

Dessa maneira, praticamente todo o dinheiro que circula através do turismo, venda de ingressos, comércio de itens relacionados à Copa, etc., vai parar mesmo é no bolso da Fifa e dos monopólios que a patrocinam.

Com a aprovação da Lei Geral da Copa (Lei nº 12.663/12), em junho de 2012, o Congresso Nacional realizou uma das maiores ofensas à soberania do Brasil, praticamente alugando o país à Fifa.

A Lei Geral da Copa retirou o direito à meia-entrada dos estudantes (artigo 26); restringiu todo o comércio no entorno dos estádios, estabelecendo como território da Fifa essas regiões (artigo 11); impediu as transmissões públicas dos jogos em espaços não autorizados pela Fifa (artigo 16, inciso IV); tornou o Governo responsável por qualquer dano causado ao patrimônio da Fifa durante o evento (artigos 22, 23 e 24); e estabeleceu regime especial para registro de marcas em favor da Fifa, que logo registrou marcas como Brasil 2014, Natal 2014 e até Pagode. Quem queira usar esses nomes terá que pagar à Fifa (artigos 4 a 7).

Para tornar ainda mais eficaz o aparato repressivo, o Governo brasileiro contratou, no mês de março, a empresa estadunidense Blackwater para realizar treinamento com policiais brasileiros. Essa empresa de mercenários de guerra é uma das mais usadas pelo Governo dos EUA na perseguição ao povo do Iraque e Afeganistão.

Dia 12 de junho, acontece a abertura de uma Copa da Fifa na qual não temos nada a ganhar. Os trabalhadores e o povo brasileiro, no entanto, conseguiram marcar um gol de placa que servirá para mudar o resultado no decorrer da partida que vamos continuar jogando.

Foi um gol convertido por centroavantes como os garis do Rio de Janeiro, do ABC Paulista e de outros estados. Por atacantes como os rodoviários de Porto Alegre e do Rio de Janeiro. Um gol preparado por meias-armadores como as famílias da ocupação Eliana Silva (Belo Horizonte), da ocupação Copa do Povo (São Paulo) e da Telerj (Rio de Janeiro). Ajudaram na armação da jogada os volantes da juventude rebelde e do movimento estudantil, que ocupam as ruas desde junho do ano passado.

Ao marcar esse gol, passamos a viver um novo momento na partida por um Brasil justo e soberano. Nosso time está ocupando o campo de ataque e tem mais consciência da sua força e capacidade de vencer. É o momento de avançarmos ainda mais e mostramos que é possível virar esse jogo.

Sandino Patriota, São Paulo

Operários que produzem bola da Copa ganham R$ 220 por mês

1

bola da copaChamada de Brazuca, a bola que será usada no Copa da Fifa já está à venda nos shoppings e lojas de material esportivo do país, ao preço de R$ 400.

Mas, antes de chegar às lojas, milhares de trabalhadores a produzem. E bem longe do Brasil: no Paquistão, mais precisamente na cidade Sialkot. É ali que os operários paquistaneses trabalham dia e noite para atender às ordens da multinacional alemã Adidas, dona da bola da Copa, após fechar contrato milionário com os donos da Fifa.

A cidade Sialkot tem no total 2.000 empresas produzindo não só bolas, mas vários materiais esportivos para a Nike, Adidas e Reebok e que depois serão vendidos em shoppings do mundo inteiro.

A cidade paquistanesa, no entanto, não foi escolhida por acaso para receber as fábricas dessas grandes empresas. Após o pequeno aumento de salários que ocorreu na China, as empresas foram em busca de outros países que lhes permitissem continuar obtendo seus superlucros. Encontraram o Paquistão. Lá podem pagar salários ainda mais miseráveis aos operários e impor jornadas de trabalho de mais de dez horas. Prova disso, é que os 1.800 trabalhadores da empresa Foward Sports, contratada pela Adidas para produzir as bolas, recebem por mês o salário de 10.000 rúpias ou cerca de R$ 220. Ou seja, ganham, por mês, metade do preço que a Adidas vai ganhar por cada bola vendida. A essa violenta exploração dos trabalhadores paquistaneses os economistas burgueses chamam de globalização da economia.

Da Redação

Fifa vai lucrar bilhões com a Copa e levará todo dinheiro para Suíça

brasilA Copa 2014, que acontece no Brasil entre 12 de junho e 13 de julho, baterá todos os recordes financeiros da história do futebol e será a Copa mais lucrativa de todos os tempos, pelo menos para a Fifa: a previsão da entidade é arrecadar cerca de US$ 15 bilhões, sem pagar nenhum centavo de impostos ao Brasil, já que o Governo lhe concedeu 100% de isenção fiscal. Depois, levará todo o dinheiro para a Suíça.

Por outro lado, esta Copa será também a mais cara: o último balanço oficial do Governo Federal é de que foram gastos R$ 25,8 bilhões para realizar o torneio. Porém, ao contrário do que havia sido assegurado ao povo brasileiro quando o país foi escolhido para ser a sede do mundial, em 2007, 83,6% do total dinheiro saiu dos cofres públicos (União, estados e municípios). Se essa quantia fosse investida em moradias, por exemplo, seria possível construir mais de 500 mil casas ou apartamentos pelo programa Minha Casa, Minha Vida, ou ainda 430 hospitais de última geração.

Corrupção “padrão Fifa”

Fundada em 1904, em Paris, pelas associações de futebol da França, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Espanha, Suécia e Suíça, a Fifa tinha como objetivo original desenvolver o futebol, organizar competições internacionais e estabelecer as regras para a prática do esporte mais popular do mundo.

Passados 110 anos, a Federação Internacional de Futebol Associado é hoje conhecida por ser uma das entidades mais corruptas do mundo e por ter transformado o futebol num grande negócio, que movimenta bilhões de dólares anualmente de maneira, no mínimo, suspeita.

De fato, no ano passado, a Fifa obteve o maior faturamento de sua história, arrecadando US$ 1,386 bilhão (R$ 3,2 bilhões) e lucrando US$ 720 milhões (R$ 1,63 bilhão), 20% a mais que em 2012.

Nessa conta, evidentemente, não estão inclusos os ganhos advindos das negociatas envolvendo a entidade e seus cartolas. E não são poucas.

Recentemente, o presidente da Confederação Centro e Norte-Americana de Futebol (Concacaf), Jack Warner, acusou dois membros do Comitê Executivo da Fifa de terem recebido US$ 20 milhões para votar no Catar como sede da Copa 2022. O próprio Warner recebeu US$ 1,2 milhão de uma empresa de Mohamed Bin Hammam, coordenador da campanha do Catar para sediar o mundial, pouco depois de o país ter sido escolhido.

Denúncia semelhante foi feita pelo jornalista escocês Andrew Jennings, em seu livro Jogo Sujo, o Mundo Secreto da Fifa (2006). Segundo ele, durante o processo de escolha do país que sediaria a Copa de 2006, “a candidata Alemanha tinha tradição no futebol, mas não contava com votos importantes de países da África. Até que um magnata da TV alemã, Leo Kirch, entrou no jogo. Ele tem várias estações de TV esportiva e ganharia uma fortuna com contratos de direito de transmissão da Copa em seu país. Ele então vendeu contratos com Tailândia, Trindad e Tobago e alguns países africanos para transmissão de jogos do Bayern de Munique contra a seleção de Malta. O dinheiro foi para as federações que, assim, votaram na Alemanha”.

Sobre a escolha do Brasil como sede da Copa 2014, o jornalista afirma que uma empresa de Ricardo Teixeira (ex-presidente da CBF) vai ter participação no lucro obtido pela Copa. Teixeira, aliás, é figurinha carimbada em casos de corrupção envolvendo o futebol. Em 2011, David Triesman, ex-presidente da Associação de Futebol da Inglaterra, acusou quatro membros do Comitê Executivo da Fifa, incluindo o então presidente da CBF, de ter conduta imprópria durante a campanha dos países para sediar a Copa de 2018, vencida pela Rússia.

Em abril do ano passado, o Ministério Público da Suíça divulgou um relatório no qual João Havelange, presidente da Fifa de 1974 a 1998, e Ricardo Teixeira são acusados de receber propina da agência de marketing esportivo ISL, contratada pela Fifa para vender os direitos de transmissão das Copas de 2002 e 2006.

Segundo o documento, Teixeira recebeu da ISL 12,7 milhões de francos suíços entre 1992 e 1997, e Havelange 1,5 milhão, em 1997. Os promotores afirmam que a Fifa sabia do esquema: “A conclusão de que a Fifa tinha conhecimento dos pagamentos de subornos a pessoas dentro dos seus órgãos não é questionada”, disse o relatório. “Com a constante alimentação financeira que ocorreu ao longo de vários anos, os serviços não só de João Havelange, mas também de Ricardo Teixeira, foram comprados”, concluíram os promotores.

Havelange renunciou ao cargo de presidente de honra da Fifa em abril do ano passado, após as denúncias, e Ricardo Teixeira deixou o comando da CBF em 2012, sendo substituído por outro ladrão, José Maria Marin. O ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol ainda responde processo por ter participado de 27 negociatas envolvendo lavagem de dinheiro, tráfico de divisas e fraude fiscal, além de ter usado recursos da CBF para financiar campanhas eleitorais de políticos aliados.

A corrupção no futebol é algo tão generalizado que os próprios cartolas já não se constrangem em admitir sua existência, como prova a declaração de Joana Havelange, filha de Teixeira e neta de João Havelange, que afirmou numa rede social: “Não vou torcer contra, até porque o que tinha que ser gasto, roubado, já foi. Se fosse para protestar, que tivesse sido feito antes”. Joana é diretora do Comitê Organizador Local da Copa 2014 e responsável pelas áreas de marketing, eventos, compras, recursos humanos, responsabilidade social, protocolo e planejamento do mundial.

“A máfia é amadora comparada à Fifa”

blatter 03Em seu livro, Andrew Jennings relata outros casos de eleições compradas, manipulação de resultados de jogos e negociatas para a escolha de países-sede da Copa do Mundo: “São negócios que fariam corar a máfia italiana”.

“A Fifa está roubando a paixão das pessoas. O futebol é uma paixão, e a paixão cega. Esses crápulas que dirigem a Fifa enriquecem às custas do dinheiro da paixão. Todo o sistema das grandes confederações do esporte está contaminado. A corrupção está lá”, denuncia Jennings. E continua: “Blatter (presidente da Fifa) vende a imagem de ser um amante do futebol, um homem que dorme e acorda pensando em como melhorar e desenvolver o esporte. Mas ele é um parasita. Um sanguessuga grudado na jugular do futebol. Um homem de negócio que usa o esporte para se autopromover e ganhar dinheiro. O melhor que ele poderia fazer pelo futebol é deixá-lo, ir embora”.

Jennings explica como os atuais cartolas da Fifa mantêm a entidade sob seu controle: “A Fifa dá, no mínimo, US$ 250 mil por ano para cada país investir em futebol. Na Europa esse dinheiro é irrelevante. Mas pense no Congo, Mauritânia, Tailândia. Esse dinheiro nunca é auditado. Blatter diz que é eleito de maneira democrática. Não há nada que mereça ser chamado de democracia na Fifa. Em uma democracia existe discordância, oposição. Na Fifa, não. O que vemos na Fifa são os pequenos ratos agradecendo ao rato-chefe pelo estilo de vida de magnatas que levam”. E conclui: “Por mais de 30 anos, eu investiguei máfias, corrupção policial, corrupção política e crime organizado. Eles são amadores comparados com o que se faz na Fifa”.

Não bastasse, para proteger os lucros das empresas que patrocinam essa roubalheira, a Fifa exigiu que o Governo brasileiro reprima qualquer tentativa de comercializar produtos que não tenham sua autorização oficial. Resultado: milhares de trabalhadores informais, que pensavam em faturar alguns trocados durante o mundial, estão proibidos de trabalhar durante a Copa em seu próprio país.

Com todo esse dinheiro sujo, a Fifa compra o silêncio e a cumplicidade de governos, tribunais, imprensa burguesa, dirigentes de clubes e até de ex-jogadores.  Só não compra a consciência dos trabalhadores e da juventude que vão às ruas e organizam greves por aumento dos salários e pela melhoria das condições de vida do povo.

Heron Barroso e Redação