Desde início de julho, o movimento estudantil peruano tem ocupado as ruas de Lima e das principais cidades em luta por mais investimentos na educação e contra a mercantilização desta. Cresce neste momento no Peru a quantidade de instituições pagas de ensino superior e básico, e mesmo nas instituições públicas há cobranças individuais por serviços de assistência estudantil como alimentação e o cartão da meia-passagem, além de abusivas taxas também existentes no Brasil, como a taxa para a obtenção do diploma.
O Peru é um dos países mais pobres da América Latina e mesmo os índices de pobreza extrema do próprio governo apontam para 38% da população vivendo nestas condições.
A mobilização dos estudantes em defesa de uma educação pública que atenda a todos, acontece em parceria com as mobilizações populares contra a privatização das riquezas naturais do país. Grandes mineradoras estrangeiras utilizam a água do país em detrimento do abastecimento de vilas inteiras que passam semanas sem água potável. Toda essa indignação, somada à dos trabalhadores que veem o lucro das empresas crescerem enquanto seus salários continuam insuficientes, fizeram explodir uma revolta popular que já dura um mês.
Nas ruas, a juventude peruana diz: “primeiro foi Santiago, depois São Paulo e agora Lima!”. A juventude brasileira em luta se solidariza com os jovens peruanos que não aceitam migalhas, que querem mais direitos e uma educação pública para todas e todos!
Descontentes com o sucateamento das escolas e com a carreira do magistério, profissionais em Educação das redes municipal e estadual do Rio de Janeiro deflagraram greve por tempo indeterminado. Foi no dia 8 de agosto que a luta dos professores da Rede Pública do Rio ganhou mais força e combatividade.
O prefeito Eduardo Paes e o governador Sérgio Cabral, ambos do PMDB, vêm adotando políticas meritocráticas a fim de melhorar o índice de avaliação da educação a qualquer custo. Eles são responsáveis por medidas que passam por cima da autonomia pedagógica do professor com o objetivo de aprovar o maior número de alunos e elevar o Ideb da cidade e do Estado, e ainda economizar com a educação.
Na rede municipal foram estabelecidas metas de aprovação por série segundo as quais as direções escolares pressionam os professores a atingi-las custe o que custar. Já no Estado, turmas são fechadas e alunos são obrigados a procurar escolas longe de suas casas, tudo para “otimizar” a educação pública, segundo o discurso do secretário estadual de Educação.
O que observamos é que tanto no Estado como no município prevalece uma lógica economicista e empresarial a fim de aumentar a produtividade das escolas, ou seja, aumentar a aprovação e reduzir os custos, pois o dinheiro deve sobrar para ser investido em outras áreas em que prevalece o interesse destes governos.
As reivindicações dos profissionais de Educação do Estado são reajuste de 28%, derrubada do veto ao projeto de lei que vincula cada professor a apenas uma escola (que já foi aprovado na Assembleia Legislativa e vetado pelo governador), eleição para direção de escolas, redução da jornada de trabalho de 40 para 30 horas semanais para funcionários administrativos.
Na rede municipal, a categoria reivindica um reajuste salarial de 19%, plano de carreira unificado, autonomia pedagógica, melhores condições de trabalho e que os recursos do Fundeb (verba federal) sejam aplicados de forma transparente.
Os profissionais das redes estadual e municipal também querem o direito de reservar 1/3 da sua carga horária para o planejamento pedagógico, e o fim do plano de metas, que prevê gratificações para escolas que alcançarem metas estabelecidas pelo governo.
Os profissionais de Educação do município, que não faziam greve há muitos anos, conseguiram adesão de mais de 80% da rede. Realizaram grandes assembleias e passeatas, chegando a ter até 20 mil profissionais marchando pelas ruas da cidade. A greve da rede estadual vem ganhando força a cada semana com assembleias cada vez maiores.
Os educadores lutam contra a política de desvio do dinheiro público para empresas e fundações privadas. A greve é mais um instrumento na luta por uma educação de qualidade, pública e gratuita para o povo.
Gabriela Gonçalves (professora da rede estadual) e Igor Andrade (professor da rede municipal)
Convocado a cada três anos, o Congresso da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Processamento de Dados e Informática (Fenadados) teve sua 18ª edição realizada entre os dias 2 e 6 de agosto na cidade de Búzios, Rio de Janeiro. Contando com cerca de 250 delegados vindos de todo o País, o Congresso discutiu pontos fundamentais da categoria e definiu algumas bandeiras de luta para o próximo triênio, além de eleger a nova diretoria da Federação.
No primeiro dia, foi escolhida a tese guia do Congresso, após uma exposição relâmpago de 15 minutos para cada uma das três teses em disputa e sem nenhuma discussão sobre elas. Não fosse isso estranho o suficiente, a tese vencedora, da Articulação Sindical, não tinha sido enviada previamente para os estados. O que havia sido encaminhado em seu lugar era um pequeno texto de duas laudas apenas, enquanto que a “tese surpresa” apresentada no Congresso tinha mais de vinte páginas. Segundo Rosane Cordeiro, diretora do Sindados-MG, “não existe inocência em política. Foi uma manobra da Articulação Sindical para evitar a discussão sobre sua tese”.
Isso não evitou, no entanto, que a “tese surpresa” fosse duramente criticada no painel de “Conjuntura Nacional e Internacional”, que teve lugar logo após a votação. Glauber Ataide, diretor do Sindados-MG, denunciou que a tese majoritária, em sua análise de conjuntura, defende meras reformas no capitalismo, sob o nome de “desenvolvimento sustentável”, e, em momento algum, coloca a questão do socialismo como solução da classe trabalhadora para a superação deste sistema agonizante que passa por uma crise estrutural.
Vários outros painéis durante o Congresso colocaram em discussão temas relevantes tanto à categoria quanto à sociedade, como o de “Mulheres, juventude, igualdade racial e combate à homofobia no mundo do trabalho”, “Organização sindical” e “Sindicalismo (livre) no Brasil: por que movimentos sindicais progressistas devem apoiar softwares livres?”.
Neste último painel, Breno de Paula, da delegação do Sindados-MG, defendeu que o movimento de software livre deve ser impulsionado pela categoria, pois a produção de software livre, além de mostrar que os programadores – assim como todos os outros trabalhadores – não precisam de patrões para produzir software e menos ainda para ser explorados, resulta em um conhecimento que não é propriedade privada de nenhum indivíduo ou empresa, mas pertence a toda a humanidade. A produção de software livre é uma produção sem capitalistas e sem alienação do produto do trabalho.
No penúltimo dia do evento, foi eleita a nova diretoria. Embora o Congresso tenha se iniciado com três teses em disputa, apenas uma chapa se inscreveu no pleito, já que o grupo da tese “Oposição de Esquerda” decidiu compor com a corrente da situação, abdicando da tentativa de construção de uma chapa de oposição unificada com o Sindados-MG.
Diante disso, a delegação mineira se absteve da votação, pois somente a abstenção dava direito à declaração de voto, que foi uma verdadeira tribuna de denúncias: criticou o processo eleitoral, as manobras da unificação das chapas, a tese capitalista eleita como guia do Congresso e principalmente a condução conciliadora das lutas da categoria nos últimos anos, especialmente no que diz respeito às empresas federais Serpro e Dataprev.
Para o próximo triênio, o Congresso definiu, entre várias outras propostas, que a Fenadados deve impulsionar o desenvolvimento de software livre no Brasil, apoiando a organização das iniciativas que se apresentam no País. Além disso, foi aprovada por unanimidade a criação de um fundo de previdência complementar, considerando que grande parcela da categoria não está coberta atualmente por nenhum plano.
O jornal A Verdade entrou em contato com Neilda Pereira da Silva, coordenadora-geral da Cáritas Diocesana e coordenadora-executiva da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA) pelo Estado de Pernambuco, para falar sobre a transposição do Rio São Francisco. “As obras do Projeto São Francisco estão em andamento e apontam mais de 43% de avanço. Estão em construção túneis, canais, aquedutos e barragens, conforme dados atualizados em 24 de junho do Ministério da Integração Nacional”. Neilda é formada em Filosofia, com especialização em Gestão Pública e Controladoria.
A Verdade – Que avaliação a ASA faz sobre o Projeto de Integração do Rio São Francisco?
Neilda Pereira da Silva – A ASA acredita que o Semiárido precisa é da descentralização dos recursos hídricos e do aproveitamento da água da chuva que costuma ser desperdiçada. O Semiárido brasileiro é o mais chuvoso do mundo. Em anos com precipitação normal, chove de 300 a 800 mm/ano. Por isso que a ASA defende e implementa ações que descentralizam a água para as famílias agricultoras que vivem na zona rural de todo o Semiárido. Só através desta descentralização, da criação de uma infraestrutura hídrica colocada na propriedade de cada família agricultora, é que se superará a dificuldade do acesso à água na região.
O Tribunal de Contas da União diz que o projeto não beneficiará o número de pessoas propagandeado. A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) observou que pelo menos 30% da água se perderia por evaporação. Por isso, acreditamos em políticas que, de fato, cheguem até as pessoas considerando suas especificidades.
De acordo com o Governo, esta obra vai assegurar oferta de água para 12 milhões de habitantes de 390 municípios do Agreste e do Sertão dos Estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Qual a opinião da ASA sobre os dados apresentados pelo Governo?
Estudos apontam que o projeto de transposição do Rio São Francisco atingirá apenas 5% do território do Semiárido brasileiro e 0,3 % da população, ou seja, 66 mil pessoas. Enquanto isso, as ações da ASA já alcançaram 1.076 municípios e mais de 2,5 milhões de pessoas. Apenas 4% da água do São Francisco, transportada a um custo altíssimo, será destinada à chamada população difusa – público direto do trabalho das organizações da ASA. Ao passo que 26% do volume transportado será para uso urbano e industrial e 70% para irrigação (carcinicultura – criação de camarão –, floricultura e hortifrutigranjeiros) de produtos para exportação.
O custo da transposição é de R$ 8,2 bilhões. A ASA Brasil chegou a avaliar quais ações poderiam ser feitas para beneficiar a população urbana e rural do Semiárido, de modo a ter uma convivência com este clima?
A ASA tem pautado em vários espaços um conjunto de propostas na linha da convivência com o Semiárido, entre elas, podemos citar: acesso à terra, segurança hídrica e alimentar, acesso a mercado, assistência técnica e outros. Acreditamos que o Semiárido brasileiro é rico, porém precisamos pensar em políticas públicas adequadas ao clima.
O Semiárido brasileiro corresponde a 86,48% dos Estados do Nordeste. Pessoas afirmam que uma das principais dificuldades para o desenvolvimento da região é a cerca e não a seca. Existe algum estudo sobre a concentração de terras nesta região?
Esse trocadilho serve e não se refere somente à questão da terra no Nordeste, mas também à água. Os reservatórios acima do São Francisco acumulam 10 bilhões de metros cúbicos. O Ceará acumula 80% deste manancial. Os 70 mil açudes da região perdem 95% de água por evaporação. Por isso que a solução para o Semiárido, onde “chove pra cima” três vezes mais do que para baixo, não são as grandes obras, que acumulam grande volume de água. Com relação à concentração de terra, fazendo uma retrospectiva dos últimos anos, não temos avançado em nada no debate da reforma agrária.
Ao que parece, a transposição será muito importante para as grandes empresas de fruticultura irrigada (agronegócio) em toda sua cadeia (empresas de adubos, agrotóxicos, máquinas e equipamentos de irrigação, etc.). Na sua avaliação, após a conclusão dessa obra, que benefícios concretos ficarão para a população pobre do Semiárido?
Essa obra está consumindo dos cofres públicos R$ 8,2 bilhões. Enquanto a ASA, desde o seu início, em 2003, até o 2011, investiu R$ 677 milhões (8,25% do total estimado com a transposição) em ações que construíram uma malha hídrica descentralizada em todo o Semiárido, através de parcerias com o Governo Federal, empresas privadas e entidades de cooperação internacional.
Rincon Sapiência lança o clipe “Transporte Público”, é o segundo clipe do rapper e aborda a questão do transporte coletivo. O assunto é algo que está diretamente ligado à vida do paulistano e é um grande desafio para políticos, urbanistas e engenheiros.
O número de passageiros cresce a cada ano. Faltam investimentos nos corredores de ônibus e em mais construções de estações de metrô. Além disso moramos em locais distantes do trabalho, muitos trabalhadores atravessam a cidade para chegar ao seu emprego.
Como também é passageiro Rincon soube muito bem traduzir na letra a encrenca que é depender do transporte coletivo, como superlotação, atrasos, mudanças de itinerários e logicamente o aumento constante no preço das passagens.
Há alguns meses tivemos a divulgação dos dados do último censo realizado pelo IBGE em 2010, publicados pelo relatório do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). O Estado de Alagoas ficou em último lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH (0,631), e nos subíndices longevidade (0,755) e educação (0.520), e ficou na 3º pior colocação quando se tratou de renda (0,641). Apesar de se perceber que os índices melhoraram em relação ao último censo, esse crescimento não acompanhou o ritmo de outros estados do Nordeste. Mas é preciso pensar nos motivos que fazem Alagoas deter esta ingloriosa colocação.
Com uma economia baseada na monocultura da cana-de-açúcar desde a origem e formação do estado e altamente dependente de recursos provindos da União, como o Bolsa Família e o Fundo de participação dos Municípios (FPM), o estado, não investe em obras estruturantes para o desenvolvimento de indústrias, tampouco há reforma agrária para acabar com o alto índice de concentração de terras.
Percebe-se, ainda, o total descompromisso com a educação pública, deixando centenas de jovens e crianças sem aulas durante quase um ano para realização de reformas nas escolas em 2012.
Alagoas também detém o famigerado título de estado mais violento, e esta violência pode estar sendo gerada pela grande desigualdade social vivida no estado, que tem, ainda, sua juventude, que sofre por falta de emprego, sendo paulatinamente exterminada nas periferias.
Para que realmente os índices que medem a qualidade de vida melhorem em Alagoas, é preciso projetos e planos continuados para as áreas de educação, saúde, para que se erradique o analfabetismo e que não tenhamos mais as pessoas morrendo nas filas dos hospitais. É preciso uma ampla reforma agrária para pôr fim ao coronelismo existente, e que o dinheiro gasto com a dívida pública pare de ser pago e sirva para a criação de emprego, principalmente no setor industrial.
E para isso, a população alagoana também tem um grande histórico de lutas e organização do seu povo contra a exploração, desde Zumbi dos Palmares na luta contra a escravidão passando por Manoel Lisboa, que lutou contra a famigerada ditadura civil militar no Brasil e pela revolução socialista, jovens e trabalhadores têm ocupado prédios e terrenos por reformas urbana e rural, indo às ruas pra dizer que Alagoas e todo o mundo não têm mais que ser terra dos coronéis e marechais, mas sim uma terra próspera e do povo.
Em 16 de setembro de 1973, era assassinado pela ditadura de Pinochet o cantor, compositor, diretor de teatro e comunista Victor Lidio Jara Martínez. Victor foi precursor da chamada “Canção Nova”, movimento cultural que pretendia resgatar a cultura latino-americana em uma época na qual a cultura Pop dos EUA invadia todos os países do mundo.
Victor, profundo estudioso do folclore e das tradições de seu país, exerceu grande influência na cultura chilena. Desempenhou grande papel na eleição de Salvador Allende em 1970, que traria mudanças profundas ao país. Allende, presidente eleito democraticamente, foi derrubado por um golpe militar apoiado pela CIA, que colocou no poder o fascista general Augusto Pinochet.
Em 1998, Joan Jara, viúva de Victor, lançou o livro “Canção Inacabada: a vida e a obra de Victor Jara”, que narra, além de sua vida e origem de sua obra grandiosa, a visão de quem viveu os turbulentos dias que precederam o golpe e a convicção inabalada de Victor Jara, membro do Partido Comunista Chileno, no socialismo e na força do povo. Leitura obrigatória para quem deseja se aprofundar nesse momento tão importante para a história da América Latina, seja no âmbito cultural ou politico.
Em 2013, completam-se 40 anos da imortalidade de Victor Jara, como também lembramos no Brasil a imortalidade de Manoel Lisboa, fundador do PCR, assassinado em 4 de Setembro de 1973. Assim como Manoel, Victor Jara deixou seu legado para nossa geração, como seu último verso, escrito no estádio do Chile, enquanto ele tentava acalmar seus companheiros, afirmando que tudo ficaria bem. Os versos não foram completados, mas nem por isso deixam de ter sua força e beleza:
“Somos cinco mil
nesta pequena parte da cidade.
Somos cinco mil.
Quantos seremos no total,
nas cidades e em todo o país?
Somente aqui, dez mil mãos que semeiam
e fazem andar as fábricas.
Quanta humanidade
com fome, frio, pânico, dor,
pressão moral, terror e loucura!
Seis de nós se perderam
no espaço das estrelas.
Um morto, um espancado como jamais imaginei
que se pudesse espancar um ser humano.
Os outros quatro quiseram livrar-se de todos os temores
um saltando no vazio,
outro batendo a cabeça contra o muro,
mas todos com o olhar fixo da morte.
Que espanto causa o rosto do fascismo!
Colocam em prática seus planos com precisão arteira,
sem que nada lhes importe.
O sangue, para eles, são medalhas.
A matança é ato de heroísmo.
É este o mundo que criaste, meu Deus?
Para isto os teus sete dias de assombro e trabalho?
Nestas quatro muralhas só existe um número
que não cresce,
que lentamente quererá mais morte.
Mas prontamente me golpeia a consciência
e vejo esta maré sem pulsar,
mas com o pulsar das máquinas
e os militares mostrando seu rosto de parteira,
cheio de doçura.
E o México, Cuba e o mundo?
Que gritem esta ignomínia!
Somos dez mil mãos a menos
que não produzem.
Quantos somos em toda a pátria?
O sangue do companheiro Presidente
golpeia mais forte que bombas e metralhas.
Assim golpeará nosso punho novamente.
Como me sai mal o canto
quando tenho que cantar o espanto!
Espanto como o que vivo
como o que morro, espanto.
De ver-me entre tantos e tantos
momentos do infinito
em que o silêncio e o grito
são as metas deste canto.
O que vejo nunca vi,
o que tenho sentido e o que sinto
fará brotar o momento…”
Certo dia no metrô de Recife, passei por uma “prova” que me fez ter certeza do porquê estou na militância. Conheci um senhor, o Sebastião Carlos da Silva, morador de Taquaritinga e pai de família. Ele estava indo pela quarta vez para o Hospital da Restauração, depois de ter ido para o Regional de Caruaru e não ter sido atendido por falta de médicos. Seu Sebastião sofreu um AVC, que o deixou quase sem andar (ele mal consegue dobrar a perna) e com os dedos da mão esquerda tortos. Ele contou que veio à Capital por conta própria. Estava há dois dias na rodoviária de Caruaru esperando uma vaga no ônibus. Não comia fazia três dias. Uma senhora, que o ajudou a pegar o metrô, disse que no hospital lhe dariam comida. Ele logo negou e disse que, das outras vezes que veio tentar fazer o tratamento, teve que tirar o que comer do lixo do hospital, e não era o único a fazer isto. Também disse que dormia no chão e, em dias de “sorte”, conseguia papel para se cobrir, porque não disponibilizavam lençóis. Disse também que tinha muita fé e que acreditava que algo melhor está sendo preparado para ele, o que surpreendeu a todos. A senhora que estava do seu lado lhe deu R$ 10,00 para que ele se alimentasse por aquele dia. Seu Sebastião não se conteve e chorou enquanto agradecia quase que sem parar à mulher que lhe ajudara. Disse que em seu caminho, sempre encontrava pessoas boas que, da forma que podiam, lhe ajudavam e isso não tinha preço, e voltou a sorrir ao lembrar-se dessas pessoas. Depois ele nos contou como era sua vida em Taquaritinga. Disse que morava num sítio com sua esposa e um filho. Lá não tem luz, só candeeiro; não tem camas, só papelões. “Lá tem muita cobra, a gente deita no chão e sente elas passando por cima da gente, são pesadas. Chamo meu filho, e ele afasta elas, mas elas sempre voltam. “Passei a viagem toda chorando, emocionada com sua história, imaginando quantos ‘Sebastiões’ não existem por aí, quantas pessoas não passam por isso todos os dias… Sem comida, com frio, sem amparo. Ele nem sabe, mas desde o instante em que saí do metrô, penso nele. Penso se chegou bem ao Hospital, se conseguiu ser atendido, se se alimentou, se encontrou pessoas boas em seu caminho, se ele está bem.. Ele nem sabe, mas hoje me fez ter a certeza de que minha luta é justa, que estou no caminho certo. Me fez ter mais força para construir uma nova sociedade, onde o Seu Sebastião não precisará viajar horas atrás de tratamento médico, onde ele não sinta o peso das cobras em seu cobertor, onde ele não coma do lixo. Uma sociedade onde não só ele será o beneficiado e sim todos; Uma sociedade onde ninguém precise passar por isso. Onde alguns não se beneficiem à custa do sofrimento de outros. Onde as Marias, os Sebastiões, os/as Silvas, todos nós possamos viver com dignidade. Por isso, escolhi ser comunista, para libertar o meu povo, construir essa sociedade que tem nome: sociedade socialista! E seguirei firme o meu caminho rumo à libertação do povo!
Desmatamento, destruição de nascentes, ataques à produção de alimentos e remoções violentas de famílias. Estes são os rastros que um grande empreendimento de mineração tem deixado por onde passa. Para resistir ao projeto idealizado pelo megaespeculador da área de energia Eike Batista e executado em conjunto com uma multinacional inglesa, comunidades das áreas afetadas pelo Projeto Minas Rio se reuniram nos dias 23, 24 e 25 de agosto, na cidade de Açu, norte do Rio de Janeiro, no 2º Encontro das Comunidades em Resistência ao Projeto Minas Rio. O encontro foi promovido pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e pelo Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais da UFMG (Gesta).
O empreendimento tem como objetivo a construção de um mineroduto ligando as cidades de Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais, e o 5º Distrito de Barra do Açu, em São João da Barra, no Rio de Janeiro, onde está em curso a construção do Porto de Açu. No projeto também estão previstas uma indústria siderúrgica e usinas termelétricas. No caminho de 525 km do mineroduto, 32 municípios serão atingidos. O minério será exportado para a China e Oriente Médio, servindo para aumentar os lucros dessas empresas à custa da vida de vários agricultores e a destruição do meio ambiente.
O Projeto Minas Rio
Presente ao 2º Encontro, o pesquisador e professor do Instituto Federal Fluminense Roberto Morais afirmou que o projeto do Porto do Açu surgiu em 1999, como parte do programa de privatização completa da Petrobras do então presidente FHC. Com o fracasso do plano de privatização pela pressão popular, o projeto é retomado no final do primeiro mandato de Lula, desta vez integrando a lista de grandes empreendimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O aumento da exportação de commodities e a descoberta do pré-sal aumentam as possibilidades do projeto.
Em 2006, o Governo Federal entrega o projeto do Porto de Açu graciosamente para a empresa EBX, de Eike Batista, que, por sua vez, negocia e vende o Sistema Minas Rio por seis bilhões de dólares para a Anglo American, gigante do ramo de mineração, com sede no Reino Unido. Esse montante de presente auxilia Eike a investir no ramo do petróleo ao mesmo tempo em que se mantém sócio do projeto. Além disso, Eike adquire terras na região e lucra com o aluguel delas para os empreendimentos, uma verdadeira farra.
Fraude no licenciamento
Apesar de se tratar de um empreendimento, o licenciamento ambiental foi fatiado. A mina foi licenciada pelas Superintendências Regionais Ambientais de Minas Gerais (Supram), o mineroduto pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) e o Porto de Açu, pelo Instituto de Meio Ambiente do Rio de Janeiro (Inea). Segundo o professor Eduardo Barcelos, da Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB), isso foi feito para impedir que se tenha clareza do real impacto ambiental das obras, pois não há uma visão de conjunto.
Além disso, em 2012, houve mais de 50 mudanças no trajeto original do mineroduto, o que obrigaria um novo estudo de impacto ambiental. Mesmo questionado pelo Ministério Público Federal, o Ibama autorizou as modificações, mostrando a conivência dos órgãos federais. As mudanças no trajeto farão com que as obras atinjam 260 km de Mata Atlântica, e já causaram danos irreparáveis no sítio arqueológico de Córrego do Maranhão, onde havia uma antiga aldeia tupi-guarani do ano 400 depois de Cristo.
O lucro acima da vida e da natureza
O 2º Encontro das Comunidades em Resistência ao Projeto Minas Rio possibilitou uma importante troca de experiências entre as comunidades de Açu e Conceição do Mato Dentro. As famílias denunciaram a falta de água nas regiões e a destruição de nascentes. Em Açu, a salinização da água e do solo provocada pela areia do mar retirada para a formação de um canal prejudica o plantio que abastecia feiras no Rio de Janeiro. A região tinha o maior plantio de maxixe e abacaxi do Estado. Em Conceição, a erosão provocada pelas obras da mina torna imprópria para consumo a água de rios e destrói cachoeiras e reservas ambientais.
As comunidades resistem às remoções violentas e ilegais. Dona Noêmia, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) de Açu, denuncia o caso da família Toledo. Enquanto a família enterrava seu José Irineu Toledo, de 83 anos, vítima de um infarto pelas pressões da ameaça de despejo, a Companhia de Desenvolvimento Industrial (Codin), órgão do Governo do Estado do Rio de Janeiro, despejou a família, invadindo a casa, retirando pertences e levando o gado. Lá viviam seu Irineu, a esposa, sete filhos e 11 netos. A família estava na comunidade de Água Preta há 60 anos. A indignação aumentou, e os protestos se intensificaram em Açu.
O Encontro aprovou um calendário de luta para as comunidades, e as famílias afirmaram que vão resistir. “No campo, o homem trabalhava e preservava, ajudava os bichos. Agora, Açu está morrendo. Queremos justiça. Respeitem o homem do campo e a natureza. Temos que gritar aos quatro cantos do mundo, sair nas ruas como fizeram agora os jovens. Pegar as terras de volta e entregar ao homem do campo que abastece a cidade. Quero saber que progresso e desenvolvimento são esses”, afirmou seu Pinduca, morador da comunidade de Açu.
Apesar de não apresentar nenhuma prova de que o Governo sírio usou armas químicas contra a população de um bairro de Damasco; apesar de o próprio povo norte-americano ter deixado claro que é contra uma intervenção militar na Síria e de vários governos e parlamentos no mundo terem também condenado uma agressão militar ao país, e de a própria ONU ter recusado dar seu aval a um ataque à Síria, o Governo do principal país capitalista do mundo, os EUA, visando a atender os interesses das grandes empresas petrolíferas e de sua indústria armamentista, decidiu, mais uma vez, atacar de forma covarde e criminosa um povo árabe, tirando a vida de milhares e milhares de inocentes.
Para perpetrar esse crime, os EUA, com apoio dos grandes meios de comunicação, tentam enganar a opinião pública com velhas mentiras. Dizem ter provas, mas apresentam imagens e fotos que nada provam sobre o autor dessas atrocidades. Na realidade, a hipocrisia do imperialismo é tão grande que o Sr. Obama afirmou que “a investigação da ONU não vai revelar quem usou as armas químicas”.
Ademais, como confiar na palavra de um Governo que já mentiu várias vezes, inclusive para o seu próprio povo, quando disse que não vigiava ninguém, e hoje o mundo inteiro sabe que os EUA montaram uma rede mundial de espionagem de e-mails e de escuta de telefones? Aliás, mentiu também em relação ao Iraque, que acusou de ter um poderoso arsenal de armas químicas, e ao afirmar que Osama Bin Laden poderia destruir os EUA.
Diz ainda o Governo norte-americano, com base em informações da famigerada CIA, que o objetivo dessa covarde agressão é “castigar o Governo sírio”, mas a verdade é que o povo sírio vem sendo impiedosamente castigado com um violento bloqueio econômico e com as armas e o dinheiro fornecidos aos mercenários e aos terroristas do Al-Qaeda, agora chamados pela grande mídia burguesa de “rebeldes”.Depois, se é para castigar quem usou armas químicas, então o primeiro país a pagar por esse crime deveriam ser os EUA por terem jogado bombas atômicas sobre as cidades de Nagasaki e Hiroshima, no Japão, por terem despejado toneladas de napalm e de agentes químicos sobre o povo do Vietnã ou por terem utilizado o “fósforo branco” em Fallujah, no Iraque, em 2004.
O que realmente pretendem as potências imperialistas – EUA, Inglaterra, França e Alemanha – é o genocídio do povo árabe. Por quê? Porque este povo é dono das maiores reservas de petróleo e de gás do mundo, e os governos dos países imperialistas a serviço dos monopólios e bancos capitalistas querem continuar roubando essas riquezas, como fizeram e fazem na África e em alguns países da América Latina.
Quem concedeu a Obama e ao Governo dos EUA o direito de espalhar guerras no mundo, de derrubar governos e impor ditaduras militares, como fazem no Egito, e destruir nações como o Iraque e o Afeganistão? Ninguém, nem mesmo o trabalhador norte-americano que sofre com o desemprego e com os enormes gastos militares realizados pelo Governo.
Vamos às ruas barrar o genocídio dos povos árabes e a escalada de guerras imperialistas. É hora de nos unirmos e lutar por um verdadeiro mundo novo, um mundo de paz e sem a opressão e a dominação de um país sobre outro país.
Pelo direito à soberania e independência dos povos!
Em homenagem aos 40 anos da morte do poeta chileno Pablo Neruda (23/09/1973), publicamos um de seus poemas mais revolucionários.
A meu Partido
Me deste a fraternidade para o que não conheço.
Me acrescentaste a força de todos os que vivem.
Me tornaste a dar a pátria como em um nascimento.
Me deste a liberdade que não tem o solitário.
Me ensinaste a acender a bondade, como o fogo.
Me deste a retidão que necessita a árvore.
Me ensinaste a ver a unidade e a diferença dos homens.
Me mostraste como a dor de um ser morreu na vitória de todos.
Me ensinaste a dormir nas camas duras de meus irmãos.
Me fizeste construir sobre a realidade como sobre uma rocha.
Me fizeste adversário do malvado e muro do frenético.
Me fizeste ver a claridade do mundo e a possibilidade da alegria.
Me fizeste indestrutível porque contigo não termino em mim mesmo.
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