UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quarta-feira, 23 de abril de 2025
Início Site Página 693

Patrões gastam bilhões nas eleições para assegurar exploração dos trabalhadores

1

Dinheiro derramado nas eleiçõesExcetuando a derrota do PSDB para o PT em São Paulo, houve pouca mudança nas eleições de 2012 em relação à posição dos partidos nos 5.564 municípios brasileiros.  O PMDB foi o partido que mais elegeu prefeitos: 1.031, redução de 15% em relação a 2008. O PSDB ficou em segundo lugar, elegendo 702 prefeitos, e o PT em terceiro, com 636 prefeituras. Somadas, as prefeituras vencidas pelo PT concentram 20% do eleitorado. Destaque para São Paulo, que tem cerca de 6% dos eleitores brasileiros.

Nas capitais, o PT elegeu quatro prefeitos: Goiânia, João Pessoa, São Paulo e Rio Branco. Em 2008 foram seis. O PSDB venceu as eleições para prefeito em Maceió, Belém, Manaus e Teresina; o PSB ganhou em Recife, Fortaleza, Belo Horizonte, Cuiabá e Porto Velho. Os peemedebistas elegeram dois prefeitos de capital: Rio de Janeiro (RJ) e Boa Vista (RR). O DEM ganhou em Salvador e Aracaju. O PDT venceu em Porto alegre, Curitiba e Natal; o PP em Campo Grande (MS) e Palmas (TO); o PPS venceu em Vitória (ES); o PSOL elegeu o prefeito de Macapá, no Amapá, e o PSD (nova mutação do PFL), venceu em Florianópolis.

No total, PMDB, PSDB, PTB, DEM, PSD, PPS, PP, PR, etc, têm mais de 4.000 prefeituras. Portanto, a imensa maioria dos municípios brasileiros continua sendo governada por partidos claramente de direita.

Como, então, explicar após 10 anos de governo do PT, que a hegemonia da maioria das  prefeituras do país continue com os partidos conservadores?

Em primeiro lugar, tal resultado é fruto da política de alianças adotada pelo PT desde as eleições de 2002. Uma política que em vez de enfraquecer os partidos de direita, os fortalece  com ministérios, cargos no governo e financiamento eleitoral legal e ilegal. De fato, em São Paulo, para assegurar mais tempo de TV para Fernando Haddad, o PT fez acordo com o PP de Paulo Maluf. Não bastasse, conforme revelou à imprensa no dia 27 de novembro, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), a presidente Dilma Rousseff convidou o PSD para ocupar um ministério e integrar a base aliada do governo federal. Segundo Kassab, a presidente chegou a oferecer mais de uma opção de ministério.

Maluf, aliás, acabou de ser condenado pelo tribunal de Jersey, paraíso fiscal da Inglaterra, a devolver US$ 22 milhões (R$ 45 milhões) à Prefeitura de São Paulo por ter superfaturado obras em favor da empreiteira Mendes Júnior que, em troca, depositou 11,1 milhões de dólares em  contas bancárias de empresas de Maluf e de seu filho.

Em segundo lugar, da mesma forma que não fez nenhuma reforma nas Forças Armadas mantendo seu alto mando reacionário, que continua nos quartéis, chamando o golpe militar de 1964 de revolução, o PT também não realizou nenhuma mudança profunda no regime econômico que segue sendo capitalista e dominado pelo capital financeiro e por grandes monopólios nacionais e internacionais. Ora, como o controle da economia continua nas mãos da burguesia, esta classe utiliza de forma cada vez mais descarada seu poder econômico (o capital) nas eleições, visando a aumentar seu controle sobre o Estado. Pode parecer algo secundário, mas quando observamos o rio de dinheiro que é gasto nas campanhas eleitorais, vemos que faz toda a diferença.

Com efeito, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os candidatos a prefeito e a vereador gastaram R$ 3,59 bilhões nas campanhas eleitorais deste ano. Vale ressaltar que esse número é parcial, pois falta serem incluídas nele as despesas totais dos 100 candidatos que foram para o segundo turno.  Tal situação determinou, inclusive, uma composição ainda mais à direita nas câmaras municipais do país e a não eleição de vários parlamentares de esquerda.

Boa parte dessa dinheirada veio das empreiteiras que doaram diretamente aos partidos políticos legais R$ 270 milhões. Somente a Andrade Gutierrez doou R$ 18,5 milhões ao PT; R$ 15,9 milhões ao PMDB; R$ 13,5 milhões ao PSDB; R$ 6,7 milhões ao PSB e R$ 4,6 milhões ao PSD. Coincidentemente, os partidos que mais conquistaram prefeituras no país.

Repete-se o que ocorreu nas eleições de 2010, quando grandes empresas foram responsáveis por 70% dos recursos gastos nas eleições de deputados federais e senadores e 90% dos candidatos a governador e a Presidente da República.

Por isso, passadas as eleições, os governantes optam por prestar contas aos seus financiadores e não aos eleitores. Basta observar os constantes subsídios, isenção de impostos e financiamentos dados pelos governos para as grandes empresas, e as leis aprovadas no Congresso Nacional. São os casos, por exemplo, do Código Florestal, da Lei da Copa e do Orçamento da União, que não reserva dinheiro para aumentar o salário dos servidores públicos, mas garante subsídios para montadoras de automóveis, empreiteiras e o chamado agronegócio, enquanto a Reforma Agrária aguarda na fila, além de manter o superávit primário e o pagamento religioso dos juros da famigerada divida pública.

Tal situação prova, mais uma vez, o quanto é ilusória a ideia de que eleições dentro do capitalismo são democráticas e de que é possível promover profundas transformações políticas  e sociais mantendo a propriedade privada dos meios de produção.

Entretanto, partidários da tese nazista de que uma mentira repetida mil vezes torna-se uma verdade, os ideólogos burgueses afirmam que em Cuba, onde não existe influência do capital nas eleições, não há democracia, mas no Brasil – onde se compra voto por até R$ 200 – e os EUA, país  onde as eleições são um paraíso para os ricos e um enganação para os pobres, vive-se numa democracia. Bela democracia essa!

Tal realidade nos países capitalistas impõe a necessidade dos revolucionários, se quiserem realizar uma verdadeira revolução, se vincularem, como unha e carne, aos trabalhadores e às massas exploradas, organizarem e desenvolverem muito mais lutas e trabalharem sem descanso para elevar a consciência das massas e sua organização. Em outras palavras, é preciso realizar uma profunda reflexão sobre o trabalho que atualmente desenvolvemos no seio do povo, questionar se ele vem sendo realizado de forma cotidiana e de maneira correta e se estamos recrutando novos militantes e organizando-os no ritmo necessário. Trata-se de uma questão urgente, pois, como sabemos, só um partido profundamente ligado ao povo pode enfrentar e derrotar o poder do capital. Ademais, não demorará muito para os enfrentamentos de classes que hoje acontecem em várias partes do mundo, ocorrerem também no Brasil, e o mal só acaba cortando-o pela raiz.

Lula Falcão,
membro do Comitê Central do Partido Comunista Revolucionário

Trabalhadores de Suape enfrentam repressão policial

0

Repressão policial em SUAPEOs trabalhadores das obras da Refinaria Abreu e Lima e do complexo petroquímico de Suape, localizadas em Ipojuca na Região Metropolitana do Recife-PE, realizaram duas greve em menos de dois meses. O motivo da última greve, que teve início dia 30 de outubro, foi o descumprimento do acordo coletivo de equiparação salarial entre as empresas do complexo, que pagavam salários diferenciados por trabalhadores que exerciam a mesma função. A diferença chega a ser de até 47%.

Do mesmo modo como tem reprimido as lutas operárias, o Tribunal Regional do Trabalho decretou a ilegalidade do movimento no dia 16 de novembro, e logo a Polícia, a serviço dos patrões, desencadeou uma brutal repressão, abrindo fogo contra os manifestantes e deixando dezenas de operários feridos.

A maior repressão aconteceu quando os trabalhadores marchavam em direção à PetroquímicaSuape, onde iriam se reunir em assembleia na sexta-feira, dia 16. Quando os trabalhadores estavam próximos da portaria, foram reprimidos com bombas de efeito moral e balas de borrachas. Revoltados com a violência da Polícia, os funcionários que estavam na parte de dentro saíram em passeata para se unir a um grupo do lado de fora e realizar mais uma assembleia, que aprovou a continuidade da greve.

Na segunda-feira, dia 19, o aparato policial era gigantesco: cinco ônibus do Batalhão do Choque, dois helicópteros, dezenas de motos e dezenas de viaturas policias, dois caminhões pipas e um veículo do corpo de bombeiros, além da infiltração de agentes da polícia civil e militar entre os operários para descobrir e prender os principais dirigentes do movimento grevista. No dia 21, os operários retornaram ao trabalho.

Rodrigo Rafael, presidente do Sindtêxtil-Ipojuca

Congresso dos Jornalistas cria Comissão da Verdade e Justiça

0

Congresso dos Jornalistas no AcreA Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) realizou, entre os dias 07 e 10 de novembro, em Rio Branco-AC, seu 35º Congresso Nacional, com tema: “Os desafios do Jornalismo e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável”.

A programação girou sobre questões como aquecimento global, política energética, desmatamento, Código Florestal, etc., contando com debatedores de diversos órgãos e institutos, porém com pouca representação dos movimentos sociais e dos povos da floresta. Coube então ao professor Hélio Scalambrini (UFPE) ressaltar, durante sua palestra, que é impossível alcançar desenvolvimento sustentável na sociedade capitalista: “a lógica do consumismo e do lucro, sempre será colocada à frente do interesse da maioria da sociedade e da preservação do meio ambiente”, sentenciou.

Um importante momento do Congresso foi o ato político de criação da Comissão Memória, Verdade e Justiça da Fenaj, que vai apurar perseguições a jornalistas e à imprensa durante a Ditadura Militar. O foco dos trabalhos serão os casos de censura, “empastelamento” de jornais e revistas, impedimento do trabalho dos jornalistas, prisões, torturas, mortes e desaparecimentos. Dentre os nomes cotados para integrar a Comissão estão os jornalistas Audálio Dantas (ex-presid. Fenaj), Carlos Alberto Oliveira (ex-presid. Sind. Jornalistas do Município RJ), Nilmário Miranda (ex-presid. Sind. Jornalistas MG, ex-deputado federal e agora membro da Comissão de Anistia), Rose Nogueira (ex-presa política e diretora do Sind. Jornalistas SP) e Sérgio Murillo de Andrade (diretor e ex-presid. Fenaj).

“Pela primeira vez, vamos montar um acervo a partir do olhar dos jornalistas. Eles contarão a sua história desse período”, Celso Schröder, presidente da Federação. Além de casos conhecidos como a perseguição ao tabloide “O Pasquim” e a morte do jornalista de Vladimir Herzog, espera-se que muitas outras histórias ainda desconhecidas sejam reveladas. “Tenho viajado e percebido que há casos por todo o país que estão pouco registrados ou registrados muito localmente”, afirmou.

O jornalista Ricardo Carvalho, também presente ao evento, representou o Instituto Vladimir Herzog no ato e revelou que eles já contam com mais de cem horas de gravações de depoimentos de militantes e jornalistas do período da Ditadura, em especial sobre diversas publicações de esquerda, muitas vezes esquecidas propositalmente pela grande mídia quando se fala em censura da imprensa.

Gilney Amorim Viana, coordenador do projeto Direito à Memória e à Verdade da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, proferiu uma palestra sobre o tema, emocionando a todos com seu depoimento, exibindo também o documentário “Valeu a Pena”, que retrata a greve de fome de 32 dias realizada pelos presos políticos do Presídio Frei Caneca, no Rio (da qual ele mesmo participou), em defesa da “Anistia ampla, geral e irrestrita”.

O congresso da Fenaj também reafirmou as bandeiras de lutas específicas, com prioridade para a luta em defesa da formação de nível superior (aprovação da PEC do Diploma na Câmara Federal em 2013); o PL do Piso Nacional de R$ 3.270,00; a aprovação de um Marco Regulatório para as comunicações no Brasil; entre outras.

Da Redação

Ministério Público investiga Prefeitura por incêndio em favela

0

Incêndios em favelas de SPApós a denúncia dos movimentos de moradia que associam as dezenas de incêndios em favelas paulistanas à pressão exercida pela especulação imobiliária (ver A Verdade, nº 144), o Ministério Público do Estado de São Paulo abriu uma investigação contra a Prefeitura da Capital, dirigida pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM). Entre os casos investigados está o do incêndio na favela do Piolho, ocorrido no dia 3 de setembro, que deixou 1.140 pessoas sem casa.

Em especial, o Ministério Público investiga a situação de comunidades do entorno da Av. Chucri Zaidan, situadas próximas a um polo comercial de alto padrão no Campo Belo, na Zona Sul. Nesta região, estão em construção 14 empreendimentos imobiliários tocados por consórcios de grandes empreiteiras.

Existe na região um programa da Prefeitura que tem o objetivo de “revitalizar” a área (provavelmente o prefeito queria usar a palavra higienizar). Ao programa, chamado Operação Urbana Consorciada (OUC) Águas Espraiadas, foram destinados R$ 3,2 bilhões, sendo R$ 2,9 bilhões oriundos de um leilão do direito de construir acima do estabelecido em lei. Através da bolsa de valores, a Prefeitura leiloou certificados que garantem às empreiteiras o direito de construir empreendimentos com mais andares e unidades do que o plano diretor da cidade permite para a região.

Com esses certificados na mão, as empreiteiras passam a fazer lobby para que os pobres sejam retirados da região, rápido e de qualquer jeito.

Do dinheiro até agora utilizado pela Prefeitura na OUC, R$ 106 milhões foram para realizar desapropriações e só R$ 77 milhões (2,2% do total) para construir habitações de interesse social. Pior. Muitas dessas famílias estão sendo enviadas para bairros distantes, como o Jabaquara e Americanópolis, contrariamente ao que está definido na lei que aprovou a operação urbana, ou seja, as famílias tinham que ser assentadas em moradias na região.

Enquanto isso, a Prefeitura quer fazer crer que os mais de 32 incêndios ocorridos em favelas paulistanas são frutos de acidentes particulares ou de “gatos” de energia. “Acompanhei esses casos e acho muito estranho, pois normalmente as favelas bem localizadas se incendeiam mais frequentemente do que as mal localizadas. Além disso, esses incêndios mostram despreparo total da Prefeitura em atender essas pessoas”, afirmou a arquiteta Lucila Lacreta, do Movimento Defenda São Paulo.

O fato é que a busca por lucros da parte das grandes empreiteiras não conhece limites. Pouco importa se as pessoas serão desalojadas, deslocadas para longe do lugar onde trabalham e seus filhos estudam ou mesmo se a casa dessas pessoas será incendiada.

Redação São Paulo

Biografia de Jorge Amado – A obra revolucionária do baiano rebelde

0

Jorge Amado e Zélia Gattai“…Minha criação romanesca decorre da intimidade, da cumplicidade com o povo. Aprendi com o povo e com a vida, sou um escritor, não um literato; em verdade, sou um obá – em língua iorubá da Bahia, obá significa ministro, velho, sábio: sábio da sabedoria do povo”. 

Falar de Jorge Amado remete-nos à adolescência. Assim como eu, grande parte dos(as) militantes revolucionários(as) se emocionou, aderiu ou fortaleceu sua adesão à causa da liberdade e do socialismo ao beber na fonte dos Ásperos Tempos, Agonia da Noite e Luz no Túnel, que compõem a trilogia dos Subterrâneos da Liberdade. E os Capitães da Areia, de cujas aventuras se ergue Pedro Bala para lutar na Seara Vermelha da luta camponesa e da Rebelião de 1935? A luta pela posse da terra na região cacaueira da Bahia, tão bem retratada em São Jorge dos Ilhéus e Terras do Sem-Fim. E o Mundo da Paz, mostrando as mudanças promovidas pelo socialismo na URSS e nas democracias populares do Leste europeu? O Cavaleiro da Esperança com sua Coluna, percorrendo o país de Sul a Norte, chamando o povo a se levantar contra a opressão, por uma democracia de verdade!

De onde vem tanta inspiração, capaz de traduzir-se em personagens bravas, sempre gente simples enfrentando o poder, esquecendo o “eu” para pensar no “coletivo”? Mesmo quando deixa de escrever romances políticos para dedicar-se ao romanceiro de costumes, os heróis e heroínas não saem das classes dominantes, mas do seio dos excluídos, tais como Gabriela, Tereza Batista, Tieta do Agreste. São mulheres negras, terra.

Menino grapiúna (do litoral)

Quem diria, Jorge Amado era filho de coronel do cacau, João Amado, casado com Eulália Leal, dona Lalu. Nasceu em Itabuna, mas, ainda criança, a família se mudou para Ilhéus. O nascimento foi no dia 10 de agosto de 1912. “Aprendi com os camponeses nas roças de cacau, os coronéis em Ilhéus e os proletários nas universidades dos becos e ladeiras de Salvador”. Para a capital, foi aos 11 anos, estudar em colégio interno dos jesuítas. Era comum. Os coronéis se orgulhavam de ter filhos doutores. Mas Jorge demorou pouco. Não cursou o terceiro ano, Fugiu da portaria onde um tio o deixara. Os padres até gostaram, pois no ano anterior, o “moleque” os escandalizara, proclamando-se ateu e bolchevique.

Aos 14 anos, começou a trabalhar em jornal, aos 18, publicou seu primeiro romance, País do Carnaval, do qual ele não gostava, considerando que ainda não tinha um estilo próprio, estava sob influência europeia. No seguinte, Cacau, tudo muda, o estilo é próprio, é brasileiro, com o povo em cena no enredo e na linguagem. Será um romance proletário? Perguntou. Era. E vieram outros tantos, alguns citados no início desta louvação.

Em 1928, entrou na Academia dos Rebeldes, formada por jovens escritores baianos que pretendiam afastar as letras baianas da retórica, da oratória balofa, da literatice. Dar à literatura um caráter nacional e social, reescrever a linguagem, aproximando-a da fala do povo. Conseguiram. “Sentíamo-nos brasileiros e baianos, vivíamos com o povo em intimidade e com ele construímos, jovens e libérrimos, nas ruas pobres da Bahia”.

A família

Aos 20 anos, casou com Matilde, com quem ficou até 1944 e teve uma filha, Lila. Mas o grande amor de sua vida foi Zélia Gattai. Eles se conheceram em 1945, no Primeiro Congresso de Escritores Brasileiros, realizado em São Paulo. Zélia era casada, mas Jorge não desistiu. Deu certo. Ela também separou-se e passaram a viver juntos em julho do mesmo ano, assim permanecendo sob o signo da paixão até a morte. Tiveram dois filhos: João Jorge e Paloma.

Militância política

Homem da escrita e da ação, desde jovem, Jorge Amado se filiou ao Partido Comunista do Brasil (PCB), fundado em 1922. Ele se definia como um militante de base que cumpria tarefas de direção. Em 1946, com a abertura política, candidatou-se a deputado federal, eleito por São Paulo.Não queria exercer o mandato; sua ideia era atrair votos, renunciando após a eleição, quando assumiria um suplente do Partido. Mas, atendendo ao pedido de Prestes, permaneceu até os parlamentares comunistas terem seus mandatos cassados, 1947.

Sobre sua atuação, fala Jorge Amado: “Custou-me muito esforço; tarefa difícil e chata; fiz o possível”. Considera que o resultado mais importante foi a apresentação de emenda constitucional, vitoriosa, garantindo a liberdade de crença no Brasil. Apesar de a República ter proclamado o Brasil um Estado laico, na prática, a Igreja Católica conservava todos os privilégios e recebia altos subsídios dos cofres públicos. Já os protestantes, os espíritas e, sobretudo, as religiões de origem africana não tinham apoio algum. No caso dos cultos africanos, assim como toda cultura negra, a ordem era exterminar mesmo. Jorge Amado se engajara na luta contra a discriminação e opressão aos terreiros desde os 14 anos. Expõe essa luta em romances como Jubiabá e Bahia de Todos os Santos. Ele próprio foi consagrado como Obá de Xangô.

Foi muito atuante também na Comissão de Educação e Cultura. Dedicado, chegava à Câmara Federal às 14 horas e retornava pelas 20 horas. Quando havia sessão noturna, não tinha hora para chegar. Zélia, também militante, sentia a ausência do amado, mas compreendia.

Com a cassação dos mandatos e a colocação do PCB na ilegalidade, a família se muda para a França, de onde também é expulsa em 1948, seguindo para a Tchecoslováquia. Participou da organização de inúmeros eventos de caráter político e cultural pela paz mundial. Em1952, recebeu em Moscou o Prêmio Internacional Stálin da Paz.

Retorna ao Brasil. Em março de 1953, ano em que morre Josef Stálin, Jorge estaria entre os integrantes da representação do PCB às solenidades funerais do grande líder. Por problemas de voo, a comissão não conseguiu embarcar, o que permitiu que Jorge Amado pudesse sepultar o escritor e amigo muito querido, Graciliano Ramos, falecido no mesmo mês.

Em 1954, o 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética, agora revisionista, faz denúncias de uma série de crimes pretensamente cometidos por Stálin. Jorge Amado, que o chamara de Pai do Povo em várias obras, vacila. O famoso arquiteto Oscar Niemeyer, também grande amigo, tenta convencê-lo: “É tudo invencionice capitalista”. Mas não teve jeito.

Manteve, entretanto, a coerência de princípios. Afirmou: “…não me sinto desligado do compromisso assumido de não revelar informações a que tive acesso por ser militante comunista. Mesmo que a inconfidência não traga mais consequência alguma, não me sinto no direito de alardear o que me foi revelado em confiança”.

No Governo Médici, em 1970, assinou, junto com Érico Veríssimo um manifesto contra a censura prévia à publicação de livros (já era aplicada nos jornais, televisão e letras de canções) e articulou sua publicação na imprensa. Os principais jornais o publicaram, provocando declarações de apoio de muitos escritores, um verdadeiro movimento nacional contra a censura.

Em 1974, ainda sob a Ditadura Militar, escreveu no livro Bahia de Todos os Santos: “Retiro da maldição e do silêncio e aqui inscrevo seu nome de baiano, Carlos Marighella”.

Em 1986, tendo o Governo Sarney reatado relações com Cuba, Jorge Amado e Zélia Gattai tiveram encontro com Fidel Castro. Na ocasião, o Governo cubano estava dialogando com a Igreja Católica, com a assessoria de teólogos da libertação, especialmente frei Betto. Jorge propôs a Fidel que o mesmo diálogo fosse realizado com as religiões de origem africana tão populares em Cuba como no Brasil. O Comandante ouviu, reflexivo, não respondeu. Avalia Jorge Amado: “Na sala do Comitê Central, deixei soltos os orixás para reflexão de Fidel Castro”.

Para que prêmios?

Jorge Amado recebeu muitos prêmios pelo mundo inteiro. Mas o prêmio maior que ele considerava era o fato de ter revolucionado a literatura, levando o povo e seu jeito de falar para ser o sujeito de suas obras. Nada de academicismo, embora tenha ganhado assento na Academia Brasileira de Letras, em 1961. “Não escrevo para ganhar prêmios; outros motivos me inspiram e ordenam; não receber o Nobel não me aflige, nunca pensei merecê-lo. Opino por infeliz o escritor que trabalha e cria em função de prêmios e honrarias”.

Obra revolucionária, eterna, universal

Impossível melhor balanço da vida de Jorge Amado, que faleceu em 2001, que o feito por ele mesmo: “A vida me deu mais do que pedi, mereci e desejei. Vivi ardentemente cada dia, cada hora, cada instante. Briguei pela boa causa, a do homem e a da grandeza, a do pão e da liberdade. Bati-me contra os preconceitos, ousei práticas condenadas, percorri os caminhos proibidos, fui o oposto. Chorei e ri, sofri, amei, me diverti”. Sobre a sua obra, avalia o escritor do povo: “Recolho-me à minha modesta condição de intérprete menor do povo da Bahia com o que me basta e sobra”.

Em relação à sua obra, não posso concordar. Peço licença ao mestre Guimarães Rosa para devolver a Jorge Amado a dedicatória que fez ao romancista mineiro: “Sua obra é eterna (e revolucionária, acrescento) porque você a escreveu com sangue e não com tinta as histórias do povo brasileiro”. Salve, Jorge Amado. Axé!

Nota: A fonte de informações e das citações deste artigo foi Navegação de Cabotagem, livro de memórias do autor publicado pela Editora Record, Rio de Janeiro, 1992.

José Levino é historiador

Nova biografia de Lênin é lançada pelas Edições Manoel Lisboa

0

Biografia ilustrada de Lênin

No marco dos 95 anos da Revolução Russa, as Edições Manoel Lisboa lançarão o livro Breve História Ilustrada de Lênin. Em sua quinta edição, revisada e ampliada, Elio Bolsanello, autor do livro e colaborador do jornal A Verdade, espera alcançar principalmente o público jovem. Elio, 77 anos, que é advogado e acompanhou atentamente o processo de editoração desta nova edição do livro, afirma que “a revolução vale pena”.

A Verdade – Elio, o que o motivou a escrever uma biografia sobre o Lênin desta forma tão simples e didática? Para quem você escreveu?

Elio Bolsanello – Eu considero Lênin a mais importante personalidade do século XX. A Revolução Russa de 1917 é, sem dúvida, o acontecimento político mais importante do século passado e por meio dela Lênin fundou o primeiro país socialista do mundo, que proporcionou enormes avanços sociais para seu povo e para o planeta. Somente um grande estrategista poderia tê-la conduzido sem promover um grande derramamento de sangue.

Eu não encontrei biografia do Lênin escrita por brasileiros e achei necessário escrevê-la. Visitei Moscou e consegui material que não tinha no Brasil para poder fazer essa produção.

Escrevi este livro principalmente para a juventude, por isso é um livro simples, muito claro, para que todos possam entender. Eu também não queria um livro complexo, falando de Lênin já durante o processo revolucionário, porque queria mostrar por que Lênin fez a Revolução.

E mais, queria tirar o medo do que é uma Revolução. No início, Lênin queria fazer uma Revolução pacífica, mas isso não foi possível e teve que partir para armas… eu queria mostrar que fazer a Revolução não é optar pelo morticínio. Lênin queria melhorar o mundo, e melhorou.

Como você vê os avanços alcançados com a Revolução Russa?

A Rússia era um país que tinha 80% de analfabetos em 1917 e, quarenta anos depois, a URSS lançou o primeiro satélite artificial da Terra para o espaço, o Sputnik I. Isso para você ver o valor de uma Revolução Socialista. Ainda hoje, mesmo com a derrocada da URSS – com tudo que aconteceu na Rússia capitalista, que não tem nada a ver com a proposta de Lênin –, o que ainda sobra de avançado é resquício da Revolução. O povo, até hoje, é muito culto; se não fosse a revolução, o país estaria até hoje com analfabetos. No livro eu trato disso; meu objetivo é mostrar que a Revolução valeu e vale a pena.

Lênin é ainda um exemplo?

Sem dúvida, ele é uma personalidade que deveria ser mais seguida no mundo de hoje. Por isso aí está a quinta edição do livro, e acho que essa edição do Centro Cultural Manoel Lisboa vai ser a melhor, vai ser o livro mais benfeito.

Você, que é assíduo leitor e colaborador do jornal A Verdade, gostaria de deixar uma mensagem para nossos leitores?

Eu gostaria que, em cada Estado onde se encontra o jornal A Verdade, se multiplicassem as vendas por mil, porque eu gosto muito desse jornal. Aliás, ele tem um ótimo nome também. É um jornal fácil de ser lido, com ótimos artigos, com conteúdo aprofundado. Sou assinante do jornal com muito prazer.

Vivian Mendes, São Paulo

“Jorge Amado fez de sua obra um campo de estudo da luta de classes”

José Leite de Oliveira Júnior é professor do Departamento de Literatura da UFCGraduado em letras pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), mestrado em letras pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e doutorado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), José Leite de Oliveira Júnior é professor do Departamento de Literatura da UFC e estudioso da obra de Jorge Amado, além de artista plástico. Em entrevista a A Verdade sobre a vida e a obra de um dos maiores escritores da humanidade, Leite afirma que “Jorge Amado foi um militante marxista que fez de sua obra um campo de estudo da luta de classes.”

A Verdade – Jorge Amado é considerado um dos maiores autores brasileiros do séculoXX, um dos mais lidos fora do País. Sua obra é rica emregionalismos e contrastes sociais. Qual o significado para o Brasildesses inúmeros livros produzidos por ele?

Professor José Leite – A obra de Jorge Amado se alinha entre aquelas que vêm construindo oque se pode chamar de “mitologia da nacionalidade”. Autores como GonçalvesDias, José de Alencar, Érico Veríssimo, Patativa do Assaré e Jorge Amado estabeleceram poeticamente o espelho pelo qual nos reconhecemosbrasileiros. Não há Estado-nação, vale lembrar, sem essa base poético-mítica.

A vida de Jorge Amado foi marcada por uma intensa intervenção política – ele até foideputado constituinte, em 1946, pelo Partido Comunista Brasileiro.Como medir essa influência comunista na obra dele?

Jorge Amado foi um militante marxista que fez de sua obra um campode estudo da luta de classes. Seus primeiros romances trazem a marcatípica do combate ideológico desferido no período entre a Primeira e aSegunda Guerra. Obras ficcionais, como Suor (1931), Cacau (1933),Jubiabá (1934), às quais acrescento a narrativa nãoficcional de O Cavaleiro da Esperança (1942), representam o que demelhor se produziu no Brasil no ramo da literatura engajada. Ao contrário do que muitos afirmam – certamente sem uma leitura séria desses romances –a qualidade dessas produções é admirável do ponto de vista daliterariedade. Prova disso é a riqueza de metáforas, o expressionismoaplicado na construção das personagens, a coerência figurativa no desenhodos ambientes da Bahia e a intertextualidade com o naturalismo, porexemplo, tudo a comprovar a precocidade do jovem escritor. Mais adiante,superada a fase do engajamento mais ortodoxo, ele deslocaria o olhar parasubprodutos da alienação, como a marginalidade, a prostituição, o racismo, a intolerância religiosa e mesmo a depredação da natureza, portanto semjamais perder o fio ideológico que liga o velho escritor já afastado doPartido ao jovem militante.

O local que esse autor ocupa no cenário literário atual é merecido? Osestudos acadêmicos e outras pesquisas sobre ele são suficientes?

Jorge Amado é infinitamente maior do que a crítica acadêmica de seutrabalho. Faltam estudos acadêmicos profundos sobre o que ele produziu esobram cacoetes e farpas automatizadas de uma pretensa crítica burguesa,com ressonância restrita aos corredores das faculdades, que tenta diminuiro valor de sua obra, mas não se traduz numa produção intelectualmerecedora de atenção. A poética de um Mar morto, o valor humanístico deum Tenda dos milagres ou a crônica inspirada de Gabriela, cravo e canela, entre muitos outros exemplos, ficarão como patrimônio do povobrasileiro, enquanto a mesquinhez da depredação enviesada não resistirá aosopro da História.

Existe alguma influência estrangeira na obra de Jorge Amado?

As maiores influências, a meu ver, vêm do século dezenove, o queinclui os autores europeus. Ele recuperou o romantismo, que o conservousempre apaixonado, e também o naturalismo, sobretudo pelo interessesocial. No século vinte, a ficção russa de um Gorki transparece no jovem
Jorge Amado e o chileno Neruda, de quem foi grande amigo, certamente seharmoniza com a prosa poética do escritor baiano amadurecido.

Ele sempre falou do papel de Zélia, sua esposa, na sua carreiraliterária. Você poderia nos contar brevemente como essa relação foiimportante?

Zélia Gattai é filha de anarquista italiano. A imagem do pai, numaSão Paulo dos primeiros anos do século vinte, ela deixou no delicioso livrode memórias Anarquistas, graças a Deus (1979). Seu encontro com JorgeAmado remonta ao contexto da luta pela anistia, no fim do Estado Novo.Pelos depoimentos que ficaram, sabe-se que Jorge Amado sempre encontrounela a primeira leitora, atenta à produção dos originais, convivendo comas personagens ainda no estado de nascença ficcional. Não há como imaginarum sem o outro.

Qual é para você a maior marca e a mais importante inovação de Jorge Amado?

A maior marca é a brasilidade de sua obra. E a maior invenção foi aternura com que tratou as vítimas da alienação.

Serley Leal e Michell Plattini, Fortaleza

“Da Unidade Vai Nascer a Novidade” vence eleição do Sintufal

sintufal

No dia 12 de dezembro, aconteceu a eleição do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal de Alagoas (Sintufal), que representa os servidores técnico-administrativos da instituição. A chapa “Da Unidade Vai Nascer a Novidade”, formada por companheiros ligados ao Movimento Luta de Classes (MLC) e a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), sagrou-se vitoriosa na disputa, recebendo 296 votos. Em segundo lugar, a chapa autodenominada de “Independentes”, recebeu 207 votos, em terceiro, a chapa dos coletivos Vamos à Luta, Conlutas e Unidade Sindical, com 199 votos, e, em quarto lugar, a chapa da CUT, com 151 votos.

Para Emerson de Oliveira, militante da CTB e coordenador-geral eleito, o resultado da eleição foi uma resposta da categoria aos rumos do sindicato: “Encaramos essa vitória como uma vitória daqueles que querem fazer política com responsabilidade e luta dentro e fora da universidade, e não dos que se escondem através de mentiras e calúnias e não vão às ruas para fazer o bom combate da classe trabalhadora, mas conclamamos todos à união, para o bem e o fortalecimento de nossa categoria”.

Já na opinião de Jeamerson dos Santos, militante do MLC e também coordenador-geral eleito do Sintufal, “este foi um ano importante para a categoria em nível local e nacional. Depois de uma longa greve contra o arrocho salarial proposto pelo Governo Federal e a realização do Congresso do Sintufal, a eleição foi acompanhada com muita atenção por todos os setores da universidade e do movimento sindical em Alagoas”.

O fim da proporcionalidade na diretoria da entidade, que, na prática, apenas a dividia, a tentativa de implantação do ponto eletrônico por parte da Reitoria, o debate sobre a adesão ou não da UFAL à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), foram alguns dos temas tratados ao longo da campanha, que contou com a participação de quatro fortes chapas e o comparecimento de mais de 900 trabalhadores nas urnas.

Durante os próximos três anos, a nova diretoria do Sintufal terá uma série de desafios, e a unidade política construída nessa campanha será decisiva para o sucesso da gestão e das lutas da categoria. Um desses primeiros enfrentamentos, será a luta contra a adesão da UFAL à Ebserh, que altera o regime de trabalho e a gestão dos Hospitais Universitários.

“Essa é uma luta que vai além do movimento sindical. Envolve toda a sociedade, porque se trata de defender o serviço público, em especial a saúde pública. Em Alagoas, o HU é uma referência no atendimento de qualidade, e nossa gestão estará comprometida com esta luta”, afirma Jeamerson dos Santos.

Redação Alagoas 

Aumento da escalada terrorista na Síria

0

Aumento da escalada terrorista na SíriaEm meio aos recentes esforços das potências imperialistas de conseguir dar legitimidade aos “rebeldes” sírios, e as frequentes ameaças de guerra vindas sobretudo da Turquia, (país que, junto ao Catar e a Arábia Saudita, fornece armas, dinheiro e todo o tipo de ajuda material aos rebeldes) houve um aumento dos atentados terroristas e um recrudescimento da atividade dos grupos opositores armados.

No dia 13 de Dezembro, um carro bomba matou 16 pessoas na periferia de Damasco. O objetivo, longe de ser o de atingir alvos militares, foi o de gerar pânico e terror na população civil. Na véspera, um atentado em frente ao Ministério do Interior matou 07 pessoas, deixando dezenas de feridos. No dia 17, um engenheiro italiano, que não exercia atividades políticas, foi sequestrado, tão somente por ser estrangeiro. Estas ações provam mais uma vez a necessidade da esquerda mundial, dos trabalhadores e de todos os lutadores sociais, de condenar energicamente a atividade criminosa destes opositores. Não podemos cair no engano de, em virtude de alguns erros cometidos pelo presidente Bashar al-Assad, de não manifestar nossa irrestrita solidariedade ao povo sírio, que é a vítima preferencial destes grupos terroristas. Além disto, devemos prestar nossa solidariedade ao Exército Árabe Sírio, e principalmente aos mais de 10 mil soldados que morreram – grande parte, após serem rendidos, torturados e assassinados a sangue frio – defendendo heroicamente sua pátria destas hordas assassinas.

Estes grupos opositores em essência são compostos de gangues de lumpens armados e treinados pela CIA, que abriga desde bandoleiros profissionais, a terroristas islâmicos estrangeiros ligados a Al-QAEDA e mercenários saqueadores a soldo das potências imperialistas. Esta aliança macabra possui como objetivo recolonizar a Síria, fortalecer a influência de Israel e das monarquias árabes, bem como preparar o terreno para a invasão do Irã e do Líbano, garantindo assim um oriente médio submisso e ordeiro aos ditames do sionismo e do imperialismo norte-americano.

Apesar destas graves situações, o povo sírio não se ajoelhará, como recentemente afirmaram os comunistas sírios. Apesar de toda campanha de desinformação na imprensa mundial, os sírios contam com a solidariedade dos povos de vários países, e também de governos como o da Venezuela, de Cuba, da Coréia do Norte e do Irã. Entretanto, é de se espantar o olhar com que alguns setores da esquerda ainda encaram o problema Sírio. Alguns grupos ultraesquerdistas não se contentaram em criticar massivamente o regime de Assad, mesmo neste momento difícil, como passaram a defender com orgulho os grupos “rebeldes”, realizando até campanhas financeiras para ajuda-los. É como se uma pequena parte da esquerda brasileira resolvesse dar o pouco que têm de presente para os cofres da CIA, maior patrocinadora da insurgência Síria. Seria cômico, se não fosse trágico.

Entretanto, com a amizade, o internacionalismo e a solidariedade dos verdadeiros revolucionários e amantes da paz, os sírios certamente podem contar, como sempre contaram.

Rodrigo Dantas

Triunfou a luta pela liberdade dos 10 de Luluncoto

10 de LuluncotoApesar das mentiras do governo organizadas através de cadeias nacionais que tentaram sustentar a mentira que acusou aos 10 de Luluncoto de violar a segurança do Estado e atos terroristas, esta noite, há poucos minutos, foi concedido habeas corpus para 7 homens (Paulo Castro, Royce Gomez, Santiago Gallegos, Luis Merchan, Hector Estupiñan Vinueza Victor Hugo, Cesar Zambrano), mas as duas mulheres, Cristina e Heras Campanha Abigail, ainda permanecem detidas na prisão de mulheres no setor Inca, porque elas não receberam o Habeas Corpus.
Para tudo isso, o advogado Luis Maldonado Villacis disse: “A liberdade dos 10 de Luluncoto é a prova de que só a unidade, a organização e a luta irão impor a observância dos direitos humanos no Equador, é inaceitável que a primeira turma do Trabalho, Infância e Adolescência do Tribunal Provincial concedeu liberdade aos sete jovens e a negue às companheiras Abigail Heras e Cristina Campanha detidas no mesmo local, pelas mesmas razões e considerações em uma prisão arbitrária e inconstitucional e ilegal. Exigimos sua liberdade e iremos aos tribunais superiores para fazer valer o direito à liberdade e defender a vida de duas jovens inocentes, mãe e filha de famílias pobres “
Além disso, o líder emepedista, fez chamado de unidade a todos os equatorianos eque se mobilizem em defesa da liberdade e pela vigência plena dos direitos consagrados na Constituição, o direito de falar e ser ouvido, sem qualquer repressão.
Sabe-se que neste momento a família, amigos, simpatizantes, membros de organizações sociais se dirigem ao antigo Presídio Garcia Moreno, onde se realizará um comício para a liberdade dos 10 ajuizados de sabotagem e terrorismo, ja que até o momento, apesar da ordem judicial existente é omitida a ordem constitucional de liberdade.

FENAJ instalará Comissão da Verdade dos Jornalistas

0
Jornalista Vladimir Herzog, morto sob torturas
Jornalista Vladimir Herzog, morto sob torturas

A FENAJ e a Federação dos Jornalistas da América Latina e do Caribe (FEPALC) realizarão, em janeiro de 2013, em Porto Alegre, o Seminário Internacional Direitos Humanos e Jornalismo, com apoio da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) e do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul. No evento será instalada a Comissão da Verdade, Memória e Justiça dos Jornalistas Brasileiros.

Aprovada no 35º Congresso Nacional dos Jornalistas, a Comissão Nacional da Verdade da categoria será composta pelos jornalistas Audálio Dantas (SP), Nilmário Miranda (MG), Rose Nogueira (SP), Carlos Alberto Caó (RJ) e Sérgio Murillo de Andrade (SC), que vai coordenar os trabalhos. Sua instalação oficial se dará durante a realização do Seminário Internacional Direitos Humanos e Jornalismo, programado para os dias 18 e 19 de janeiro de 2013, no Centro Cultural Érico Veríssimo (Rua dos Andradas,1223), no Centro Histórico de Porto Alegre.

Alguns Sindicatos de Jornalistas já criaram e instalaram suas comissões. A direção da FENAJ e sua Comissão da Verdade estão estimulando que todos os Sindicatos da categoria constituam suas comissões locais para construção do mais amplo levantamento documental e iconográfico possível, recuperando a história dos jornalistas vítimas da ditadura militar. “O propósito é registrar não apenas os casos de jornalistas mortos e desaparecidos, mas também de todos os que foram comprovadamente perseguidos, ameaçados, cassados, indiciados em processos, condenados, exilados, presos e torturados”, explica o diretor de Relações Institucionais da entidade, Sérgio Murillo de Andrade.

O levantamento nacional terá como base os documentos oficiais produzidos no período da ditadura militar pelos órgãos de informação e que estão sob a guarda do Arquivo Nacional. “Também pretendemos realizar pesquisas junto à Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, entrevistar e colher depoimentos de vítimas ou testemunhas e pesquisar publicações da época”, complementa Sérgio Murillo.

A expectativa é de que o levantamento nos estados ocorra até o dia 31 de março de 2013, para posterior sistematização e coleta de dados complementares. A ideia é produzir uma publicação especial e encaminhar o resultado do trabalho à Comissão Nacional da Verdade do governo federal até agosto próximo.