UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quarta-feira, 12 de novembro de 2025
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Cresce movimento contra demissões do Governo de Minas

Cresce movimento contra demissões do Governo de Minas Há poucas semanas, o governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, anunciou na imprensa que cortará gastos do orçamento do Estado. Para algumas pessoas, isso foi novidade, mas para os trabalhadores da Minas Gerais Serviços (MGS), infelizmente, isso já é uma realidade, já que estão sendo demitidos, em média, 270 trabalhadores por mês!

Por isso, na manhã do dia 23 de agosto, os trabalhadores da MGS da Secretaria de Defesa Social (SEDS) e da Secretaria de Saúde, organizados pelo Movimento Luta de Classes, fizeram um ato na Praça 7, no Centro de Belo Horizonte, denunciando com faixas, panfletos e apitos as demissões em massa e as arbitrariedades que estão ocorrendo.

O ato foi muito importante para dizer à população que o “choque de gestão” só está prejudicando os trabalhadores e que é preciso mobilizar outras secretarias. Muitos desses trabalhadores se sentiram motivados e também querem seguir o mesmo exemplo. Outros sindicatos também marcaram presença, como o Sindmetro-MG, Sindados-MG, Sindieletro-MG, Sindmetal de Mário Campos e Sindmasas de Contagem.

A política do “choque de gestão” dos governos tucanos, mais uma vez, esmaga os trabalhadores. O que acontece é que o corte no orçamento não afeta quem já tem muito, pois não atinge os contratos e superlucros das empreiteiras, das empresas terceirizadas que assaltam todos os cofres públicos. As maiores vítimas são os trabalhadores, que pouco têm para se sustentar no dia a dia. Antônio Anastasia, junto com a direção da MGS, está demitindo trabalhadores concursados, sem abrir processo administrativo, somente com a desculpa de redução de gastos, quando, na verdade, estão abrindo caminho para desviar milhões dos cofres públicos para contratar empresas privadas para substituir a atividade fim do Estado, que deve ser exercida por funcionários públicos de carreira e concursados. Mas o que se pergunta é por que eles não pensaram em cortes quando construíram o palacete da Cidade Administrativa ou por que não cortam os cargos comissionados, por exemplo, que oneram a folha de pagamento?!

A MGS é uma empresa pública, 100% ligada à Secretaria de Planejamento e Gestão de Minas Gerais (Seplag). Mesmo sendo regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), os trabalhadores não podem ser demitidos sem processo administrativo, assim como os trabalhadores dos Correios, por exemplo. Mas o Governo de Minas e a direção da MGS estão desconsiderando as leis e demitindo arbitrariamente, descumprindo, inclusive, a norma interna da empresa e a Resolução 40 da própria Seplag, que impede que haja demissões imotivadas e sem processo administrativo.

A MGS possui cerca de 22 mil trabalhadores, está em todos os órgãos e secretarias do Governo, como Secretaria de Saúde, de Educação e de Defesa Social, as Unidades de Atendimentos Integrados (UAIs), no Hospital João XXIII, no IPSEMG e até no Palácio das Artes.

A luta está só no começo, pois as demissões ainda continuam!.

Leonardo Zegarra, Movimento Luta de Classes (MLC)

Greve na Guaraves paralisa produção no maior abatedouro de aves da Paraíba

estamos em greve MLCCansados da exploração de que são vítimas, os trabalhadores da Guaraves, maior abatedouro industrial de aves da Paraíba, situado na cidade de Guarabira, entraram em greve na madrugada do dia 04 de setembro para reivindicar melhores condições de trabalho. O movimento parou toda a produção durante o dia inteiro, e só após a empresa se comprometer em resolver os problemas de imediato o serviço foi normalizado, já no turno da noite.

Em reuniões anteriormente organizadas pelo Movimento de Luta de Classes (MLC), os trabalhadores elaboraram uma pauta de reivindicações: fim do banco de horas; garantia de intervalo para os trabalhadores utilizarem o banheiro; fim do assédio moral por parte dos supervisores; e apresentação de uma proposta de pagamento de adicional de insalubridade, no prazo de 60 dias, de acordo com laudo a ser realizado com acompanhamento da Superintendência Regional do Trabalho.

Já nas primeiras horas, o piquete recebeu a adesão de mais de 100 trabalhadores, que, mesmo sob forte chuva, mostraram-se unidos e confiantes naquela ação. Ao longo do dia, mais operários se somaram à greve e permaneceram firmes, na frente da empresa, até que uma comissão do movimento fosse recebida.

Os grevistas receberam total o apoio da população do município, que expressou sua solidariedade ao movimento nas rádios locais.

Já passava das três da tarde quando a comissão foi recebida. Muita apreensão e expectativa se verificavam na fisionomia dos grevistas, que passaram por cima da pressão da empresa, tentando intimidá-los, inclusive com a presença da Polícia, e tentando impedir a participação do MLC na comissão que seria recebida.

Após algumas horas de negociação, foi realizada uma assembleia na porta da empresa, dando o informe de que todas as reivindicações do movimento foram atendidas. Com palmas e palavras de ordem, os trabalhadores encerraram a greve dispostos a continuar a luta, inclusive, planejando a fundação de um sindicato específico da categoria na cidade de Guarabira.

Representantes do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Limpeza Urbana da Paraíba (SINDLIMP-PB), do Sindicato dos Urbanitártios da Paraíba (STIUPB), do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil e do Mobiliário da Grande João Pessoa (SINTRICOM), do Sindicato dos Motoristas e Ajudantes de Entrega da Paraíba (SINDMAE) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) estiveram presentes em frente à empresa, organizando o piquete e engrossando as fileiras da greve.

Emerson Lira

Trabalhadores da MGS lotam audiência pública em Minas Gerais

Demissões na MGS - audiência pública na ALMGEm audiência pública realizada nesta quarta-feira (4) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, com a presença de mais de 150 trabalhadores da empresa MGS, foram denunciadas as demissões em massa e as privatizações das UAI’s. O governo de Antônio Anastasia está demitindo cerca de 300 trabalhadores da empresa pública MGS, por mês – trabalhadores que fizeram concurso público e que não poderiam ser demitidos sem motivação e muito menos sem abrir processo administrativo.

O companheiro Jobert Fernando, diretor do Sindieletro, denunciou a irregularidade das demissões e o absurdo da MGS descumprir a orientação da própria Secretaria a que está submetida, e ainda, propondo contratos de trabalhos mais precários com redução de direitos. Já o companheiro Leonardo Zegarra, presidente do SindMetal de Mário Campos, Brumadinho e região, e coordenador estadual do Movimento Luta de Classes, denunciou a opção política do governo de Minas de demitir trabalhadores concursados ao mesmo tempo em que garante o lucro dos empresários, onde se enriquece mineradoras e empreiteiras, e se empobrece ainda mais os trabalhadores mineiros. O Governo de Minas aumentou em 451% os gastos com publicidade, construiu o palacete da Cidade Administrativa gastando 1,5 bilhão financiado pela Codemig (com dinheiro do povo) e agora quer demitir trabalhadores para cortar gastos!

O trabalhador da MGS, Antônio de Pádua, lotado na Secretaria de Meio Ambiente, denunciou a apreensão a qual vive todos os trabalhadores da ativa, a incerteza diária de permanecer no emprego. Já os trabalhadores demitidos, Adriana Sebastião e Ezedequias Ventura, relataram o que aconteceu a eles, todas as humilhações que passaram e o fato de até hoje estarem demitidos, sem maiores explicações e com falsas promessas de empregos e novos contratos de trabalho, muito mais precários e nem esses cumpridos.

Mas a “cara de pau” do governo de Minas não tem limite. Os representantes da empresa e da Secretaria de Planejamento e Gestão disseram que nada está acontecendo, que as 300 demissões por mês são normais e corriqueiras.

Em resposta a isso o trabalhador da MGS Tarcísio denunciou o Quadro de apoio, como um local de humilhação e assédio moral aos trabalhadores. Já o companheiro Renato Campos, do SindMassas Contagem e da Coordenação Nacional do Movimento Luta de Classes, denunciou a precaridade de trabalho na MGS, questionou as demissões que vem ocorrendo e as falas dos representantes da Seplag e da MGS. Denunciou a privatização das UAIs e o quanto isso seria prejudicial aos trabalhadores e à população do estado.

O Deputado Sávio Souza junto com o Deputado Rogério Correia entraram com um requerimento pedindo o fim das demissões na MGS e o impedimento das PPP’s nas Unidades de Atendimento Integrado – UAI, mas os deputados do governo (PSDB) se retiraram impedindo que tivesse quorum.

A luta está avançando a cada dia. Para efeito de denúncia e de mobilização foi muito importante a audiência, pois mostrou a capacidade que os trabalhadores tem de se organizarem e lutar por seus direitos.

Fonte:  Movimento Luta de Classes

Ditadura: 40 anos da morte de Manoel Lisboa

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Manoel LisboaHoje é uma data marcante para o Estado de Alagoas – apesar de desconhecida da grande maioria da população -, pois simboliza a continuação de uma luta travada ainda na época do regime militar. Há exatos 40 anos, era assassinado, provavelmente em Recife, Manoel Lisboa, um dos líderes alagoanos que deram a vida pela democracia brasileira.

“Ele [Manoel Lisboa] é um herói por sua vitória política e histórica e nos serve de inspiração”, declarou o diretor estadual do Partido Comunista Revolucionário (PCR), Magno Francisco – partido fundado por Lisboa, durante a ditadura.

Simpatizantes da luta de Lisboa prestam homenagem ao alagoano ilustre. A vereadora por Maceió, Heloísa Helena (PSol), preparou para hoje um pronunciamento na Câmara Municipal de Maceió para lembrar os 40 anos da morte de Lisboa.

A mesma homenagem promete o deputado federal, Paulo Fernando dos Santos, o Paulão (PT), na Câmara Federal, em Brasília. Ontem, a homenagem foi do deputado estadual Judson Cabral (PT), na Assembleia Legislativa Estadual. Na próxima sexta-feira, a direção estadual do PCR prepara um ato, no Centro de Maceió, para lembrar seu idealizador e grande ícone.

Além de continuar a luta iniciada por Lisboa, o PCR luta para que os torturadores e assassinos de Lisboa, bem como de todos os que foram vítimas da ditadura sejam punidos.

Novas lutas

Magno Francisco afirmou que as indenizações às famílias e também aos sobreviventes, assim como a criação das Comissões da Verdade foram um avanço de grande importância, porém é necessário punir os torturadores.

“Vamos lutar para que as novas gerações, sobretudo os jovens, conheçam um pouco da luta do nosso herói, para que a história não se repita”, ressaltou o líder do PCR, em Alagoas, acrescentando que o partido luta ainda pela abertura dos arquivos secretos do regime militar, que ainda seguem vetados.
O alagoano Manoel Lisboa foi perseguido, torturado e morto pela ditadura militar brasileira, em 1973. Seus restos mortais só foram localizados quase 30 anos depois e há 10 anos, seus familiares puderam enfim, sepultá-lo com dignidade.

Andrezza Tavares
Fonte: Tribuna Hoje

Impunidade! Julgamento do Massacre de Felisburgo é adiado

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Julgamento do Massacre de Felisburgo é adiadoUma manobra do advogado de defesa do fazendeiro Adriano Chafik Luedy levou, pela terceira vez, no dia 21 de agosto, ao adiamento do julgamento do caso do Massacre de Felisburgo. Foi alegado motivo de saúde para a ausência do acusado de ser o mandante do assassinato de sem-terra em Minas Gerais, em 20 de novembro de 2004.

O Massacre de Felisburgo é um dos maiores crimes cometidos por fazendeiros contra trabalhadores sem-terra, num ataque promovido por capangas, que invadiram o acampamento Terra Prometida, localizado na cidade de Felisburgo, região do Vale do Jequitinhonha, Norte do Estado, queimando barracos e plantações. Nesse episódio, cinco trabalhadores foram covardemente assassinados e outros 20 ficaram feridos.

Esta não é a primeira vez que o julgamento é adiado. Em outras duas ocasiões, em 17 de janeiro e em 15 de maio, os acusados não foram julgados por causa de manobras jurídicas. Uma manifestação reunindo cerca de 500 trabalhadores, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), protestou em frente ao Tribunal de Justiça, exigindo mais determinação por parte da justiça.

Diante da impossibilidade de realização do julgamento, o magistrado acatou o pedido de prisão preventiva dos quatro réus. Além de Chafik, também foram detidos Francisco de Assis Rodrigues de Oliveira, Milton Francisco de Souza e Washington Agostinho da Silva. A nova data para o julgamento é 10 de outubro.

Esses fatos demonstram o quanto a Justiça é controlada pelas classes dominantes, agindo sempre na defesa de seus interesses, principalmente, considerando que, neste caso, Chafik é réu confesso, mas foi premiado pela Justiça para responder o processo em liberdade.

Redação MG

Trabalhadores realizam ato para cobrar CPI em Alagoas

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Trabalhadores realizam ato para cobrar CPI em AlagoasOrganizados pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e pelo Movimento Via do Trabalho (MVT), trabalhadores da cidade e do campo realizaram, no último dia 28 de agosto, um importante ato denunciando a corrupção na Assembleia Legislativa de Alagoas.

Há meses, as denúncias sobre funcionários fantasmas e altos salários na folha da Assembleia têm tomado conta do Estado e, mesmo com a tentativa da Mesa Diretora e do Governo em esconder essa realidade, cada vez mais cresce a indignação popular contra esta situação.

Assim, centenas de manifestantes se concentraram em frente à Catedral de Maceió, utilizando-se de carro de som e de muita agitação para denunciar e convocar a população para a luta contra a corrupção e pela instalação imediata da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa.

“Estamos aqui para apresentar a lista dos deputados que ainda não assinaram a instalação da CPI. Vamos pressionar para que acabe a farra do dinheiro público”, declarou a presidente da CUT, Amélia, presente no ato.

Os manifestantes se dirigiram até a frente da Assembleia e ocuparam a sua entrada, contando com o apoio dos servidores da casa, que se solidarizam com o ato. Vale lembrar que, enquanto vários funcionários fantasmas ganham gordos salários, o plano de carreira dos servidores continua sem ser implementado.

Presente no ato, o companheiro Magno Francisco, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Supermercados (Sindsuper-AL) e representante do Movimento Luta de Classes (MLC), fez uso da palavra para saudar os participantes do ato e chamar todo o povo de Maceió para cobrar a instalação da CPI e exigir a prisão dos envolvidos em mais um escândalo de corrupção do poder legislativo alagoano.

“Há alguns anos, o povo esteve nas ruas e denunciamos os mais de R$ 300 milhões que foram roubados. Agora, estão tentando esconder para debaixo do tapete mais um caso de corrupção. A pressão popular vai ser fundamental para darmos um basta nessa situação”.

Após a ocupação, uma comissão de sindicalistas foi recebida pelo presidente da Assembleia Legislativa enquanto os manifestantes seguiram para o Palácio do Governo, onde outra comissão foi recebida pelo governador para tratar do Plano de Cargos e Carreiras dos servidores públicos do Estado.

Redação Alagoas

Guerra na Síria: declaração do Partido do Trabalho da Turquia

Guerra na SíriaO governo do AKP entusiasmado com a guerra na Síria

O governo do AKP (Partido Justiça e Desenvolvimento) da Turquia recebeu com entusiasmo a decisão dos imperialistas de lançar uma ofensiva armada contra a Síria, encabeçada pelos Estados Unidos e Inglaterra. O AKP espera que, com o ataque, seja possível levar a cabo uma intervenção militar direta.

Ahmet Davutoğlu, o ministro turco de Assuntos Exteriores, declarou que participaria sem vacilação em uma possível coalizão de intervenção na Síria. No entanto, apenas a Grande Assembleia Nacional de Turquia (TBMM), o parlamento turco, está autorizado em assuntos exteriores, como mandar soldados aos países estrangeiros e declarar a guerra.

O governo do AKP, antes de iniciarem os levantamentos populares no Oriente Médio, tinha a estratégia de desenvolver relações comerciais com os países da região e, mediante a pressão militar e econômica, aumentar sua força política na região sendo o principal aliados dos países imperialistas.

Depois dos levantamentos que se iniciaram primeiramente na Tunísia e que se estenderam por todos os países árabes, a Irmandade Mulçumana e outras forças religiosas conseguiram chegar ao poder na Tunísia, Líbia e no Egito. A partir dessa fase, o governo do AKP pretendeu-se protetor dos partidos políticos e governos islamitas-sunitas do Oriente Médio. Apoiou financeiramente os governos da Irmandade Mulçumana na Tunísia e no Egito. Transferido sua experiência de dez anos no governo, os ajudou a construir suas instituições policiais e agências de inteligência.

O primeiro ministro Recep Tayyip Ergdogan tinha relações íntimas com Bashar Al Assad antes dos levantamentos árabes, facilitando a obtenção de vistos entre ambos os países, organizando reuniões comuns do Conselho de Ministros, planificando aumentar o volume do comércio com a Síria, etc.

Após o ano de 2011 e das movimentações armadas de grupos com Al-Qaeda e Al-Nusra, virou as costas para Assad e se posicionou junto ao Qatar e a Arábia Saudita, os aliados mais importantes dos grupos terroristas islâmicos na região.

Enquanto o Qatar e a Arábia Saudita financiavam grupos terroristas, o governo do AKP lhes permitiu o estabelecimento de bases e acampamentos na Turquia e que realizassem ataques militares na fronteira da Turquia contra o Estado Sírio.

O AKP pretende colocar um governo islâmico-sunita na Síria, depois de já ter conseguido isto na Tunísia, Egito e na Líbia. Não obstante, a pesar do grande desejo de intervenção militar do governo do AKP, o povo da Turquia não apoia nenhuma intervenção militar na Síria. Pesquisas de opinião indicam que mais de 70% do povo está contra uma guerra com a Síria. Há 10 anos, antes da ocupação do Iraque, os Estados Unidos planejava usas as forças armadas da Turquia para intervir neste país. No entanto, em uma votação no parlamento foi rechaçada a autorização pedida pelo governo do AKP para enviar tropas ao Iraque. Naquele momento, inclusive, alguns deputados do governo votaram contra a proposta.

Hoje, todos os partidos políticos com representação no parlamento, exceto o AKP, estão contra a intervenção na Síria e a participação da Turquia em qualquer campanha militar contra este país. Desta maneira, o AKP pretende atropelar o parlamento para realizar a intervenção. Por isso, é muito provável que se produzam algumas provocações, a exemplo das que ocorreram antes com lançamento de morteiros a partir da Síria, a explosão de bombas que causaram a morte de 53 civis turcos em um distrito fronteiriço e vários disparos vindos do território Sírio que mataram civis turcos.

O EMEP, Partido do Trabalho da Turquia, está contra a intervenção na Síria e pede o fim do apoio imperialista às forças armadas não-sírias, ou seja, a grupos como Al-Qaeda e Al-Nusra.

Defendemos que o povo Sírio deve decidir sobre o futuro da Síria, de forma democrática e livre de qualquer ingerência externa.

Ante a situação política atual, nosso partido põe no centro de seu trabalho a luta pela paz, trabalhando pelo estabelecimento de uma frente popular de paz.

No dia 01 de setembro, o Dia de Paz, serão realizadas marchas pela Paz em Istanbul e em muitas outras cidades da Turquia. O Partido do Trabalho convoca a todos os partidos irmãos, às forças revolucionárias e democráticas a rechaçar a intervenção militar contra a Síria e apoiar a luta pelo estabelecimento da paz em todo Oriente Médio.

Emek Partisi (EMEP)
Partido do Trabalho
Turquia

Bertolt Brecht: a cultura em favor de um mundo novo

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Playwright Bertolt BrechtQual boletim de sindicato, de movimento popular, jornal ou outras publicações de esquerda não citaram o “Analfabeto Político”; não mencionaram que ninguém chama de violentas as margens que oprimem o rio; não alertaram para o individualismo e o comodismo de quem não se preocupa que alguém lhe tire uma rosa do jardim, que sequestrem o vizinho porque não tem nada a ver com isso, até que seja tarde demais; “Há homens que lutam a vida toda…”. Às vezes, sim, às vezes, não, escreve-se o nome de quem elaborou esses pensamentos tão profundos e eternos.

A mesma Alemanha que gerou Hitler para a destruição da Humanidade, produziu seu antídoto sintetizado pelo filósofo que não veio para interpretar, mas para transformar o mundo (Karl Marx) e no campo da cultura, pelo genial Eugen Bertholt Friedrich Brecht. Ele nasceu no dia 10 de fevereiro de 1898, em Augsburg, extremo sul da Alemanha. Mudou-se para Berlim no final da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Viveu na juventude toda a efervescência e acirradas lutas de classes da República de Weimar.

Poucos e Frutíferos Anos

As perdas humanas e territoriais que a Rússia teve na Primeira Guerra Mundial foram compensadas pelo avanço que significou a Revolução Bolchevique (1917). Já o povo alemão, nada ganhou. Derrotada, a Alemanha teve de assinar o Tratado de Versalhes em condições humilhantes. Com o rabo entre as pernas, o Império (II Reich) saiu de cena e cedeu lugar à República, fundada na cidade de Weimar.

Nas condições em que surgiu, tendo de assinar a rendição, sem provocar alterações no sistema econômico (capitalista), o povo não entendeu a República como uma conquista. Consideravam-na fraca, elemento que seria muito bem explorado pelos nazistas para obter a adesão popular a um regime totalitarista que acenava com a perspectiva de uma nação forte, dominadora, e anunciava a superioridade da raça ariana e o resgate do seu poderio. O fim do regime republicano ocorre em 1933, com a ascensão de Adolf Hitler ao Governo e ao poder.

Mas foram anos intensos em que, influenciado pela Revolução Russa, o povo alemão viveu lutas memoráveis, inclusive uma tentativa de tomada do poder à bolchevique, com a Revolução Espartaquista (1919)(1). No campo da cultura, a efervescência dos anos 20 do século passado não teve precedente nem consequente.

Brecht, que já iniciara sua produção teatral no interior, bebe das fontes revolucionárias, representadas na Alemanha por Erwin Piscator, por meio do qual conhece, assimila e se aprofunda na teoria e na prática da Proletkult (Cultura Proletária) russa (1917-1926). Inspiram-no Emilevitch e Victor Chklovski , com sua teoria do estranhamento.

Isto é, tirar o convencional do palco, causar estranheza para provocar a reflexão. O público deixa de ser mero espectador para participar de todo o processo da produção teatral: montagem, ensaios, encenação, debates posteriores, sempre contribuindo, questionando, intervindo. O Construtivismo negava a arte pela arte, arte como simples entretenimento ou produto de mercado. O teatro épico se contrapõe ao teatro dramático, de origem grega, cuja definição se faz por ninguém mais, ninguém menos que Aristóteles, em sua Poética: “…conduz o espectador a uma ilusão da realidade e redução da percepção crítica”.(2) No teatro épico revolucionário a diferença não está apenas na objetividade do conteúdo, mas também na forma, dialeticamente relacionados: o proletariado vai para o palco (conteúdo) e o palco vem para o meio do proletariado (forma). A criação também se tornou prioritariamente coletiva; a esta prática, Brecht não aderiu inteiramente, dada a sua genialidade como autor.

Brecht não foi apenas dramaturgo. Foi poeta, pensador e pôs a mão no cinema. Nesses aspectos, as influências também são grandiosas e revolucionárias: o grande poeta Maiakovski (3), o não menos festejado cineasta Sergei Eisestein e as técnicas de colagem de Picasso (4)adaptadas para o teatro e o cinema(5).

Nos anos 20, o rádio era, ainda, uma experiência embrionária. Brecht previu sua importância como instrumento de educação, mobilização, formação de opinião do povo. Escreveu a TEORIA DO RÁDIO, à qual a esquerda não deu muita importância, infelizmente, porque Hitler soube utilizá-la magistralmente.

Com a subida de Hitler e do nazismo ao poder, qualquer sopro de criação, qualquer movimento de massa à esquerda foi esmagado sem dó nem piedade. Além de artista revolucionário, Bertolt Brecht se filiara ao Partido Comunista da Alemanha no final dos anos 20. Antes de ser massacrado pela bota opressora, exilou-se. Longe do movimento de massas, dedicou-se à reflexão sobre o teatro e a arte em geral, escreveu poemas e produziu peças. Nestas, sem abrir mão da objetividade revolucionária, deu ênfase também ao comportamento, aos sentimentos humanos, sem esconder que eles provêm da vida social. Foram as peças desse período que o tornaram conhecido mundialmente. Entre outras, A Mãe, O Casamento do Pequeno-Burguês, O Círculo de Giz Caucasiano, Os Fuzis da Senhora Carrar.

Passou pela Áustria, Suíça, Dinamarca, Finlândia, Suécia, Inglaterra, Rússia, Estados Unidos. Em 1947, dois anos após o término da Segunda Guerra Mundial, retorna à Alemanha, vivendo na parte oriental, que passou a compor o bloco socialista. Aí, fundou a Companhia Teatral Berlim Ensemble, que encenava, principalmente, suas peças, e publicou suas Obras Completas. Recebeu o Prêmio Stalin da Paz em 1954. Faleceu no dia 14 de agosto de 1956, aos 58 anos de idade.

Brecht no Brasil

A influência brechtiana no Brasil remonta aos anos 40 e teve seu auge nos anos que antecederam ao golpe de estado de 1964, com o Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE, o Teatro de Arena, o Teatro do Oprimido, o Cinema Novo. Autores como Dias Gomes, Augusto Boal, IdibalPiveta, Glauber Rocha, Zé Celso Martinez têm maior ou menor referência em Brecht.

No período da ditadura, se a expressão é bem mais difícil, a referência continua forte e reflui nos anos 80/90. Ocorre que a redemocratização trouxe a ilusão de volta e a crença, tantas vezes refutada pela História, de que a via institucional é capaz de promover a transformação da sociedade. Assim, em vez de mobilizar, organizar e desenvolver a consciência de classe, a grande maioria da esquerda passa a preocupar-se com a conquista do voto. Esta guinada foi influenciada também pelo fim do bloco socialista soviético. A burguesia cantou vitória e afirmou: a História terminou.

Demorou pouco para a História seguir seu curso e para a Teoria Marxista comprovar seu caráter científico: enquanto houver divisão de classes, a luta será o motor da História. O capitalismo cava a própria cova, enredado em suas contradições insolúveis. A crise se instalou na periferia, atingiu o centro e não vislumbra solução dentro do sistema, e o povo oprimido saiu da acomodação tanto lá como aqui.

Mas nem todo mundo se rendeu (ou se vendeu) ao canto da sereia burguesa. Em 1997, nasce em São Paulo a Companhia do Latão7, com a proposta de resgatar Brecht, sem dogmatismo, pois isto seria trair a teoria brechteana. Em 1998, é celebrado o centenário de nascimento do grande dramaturgo e poeta, com encenação de peças, debates, conferências e outras atividades.

A proposta de um teatro, de uma arte, que não seja mero entretenimento para o “respeitável público” é mais atual do que nunca. É preciso que seja retomada não apenas como expressão da vida do povo, mas como meio de transformação a partir da reflexão, da participação, da organização.

A peça Ensaio sobre o Latão, encenada pela Companhia do Latão, termina com o Diretor falando: “…Queremos espectadores despertos capazes de sonhar em pleno dia…”. É dizer, não sonhar o sonho impossível, que acontece muitas vezes durante o nosso sono. Mas sonhar acordado, com os pés no chão, aquele sonho mobilizador de que falava Lenin, parodiando o poeta Pisarev. O sonho que não se sonha só, mas é um sonho coletivo, que nega a realidade em que vivemos, supera o comodismo e nos mobiliza em vista da sociedade sem classes que enxergamos numa revolucionária visão do futuro.

José Levino é historiador

Notas
1.  Sobre a Revolução Espartaquista, leia A Verdade, nº 59, no artigo da pg. 12, dedicado a Rosa Luxemburgo.
2. Citado por Camila HespanholPeruchi em Companhia do Latão, uma experiência com teatro dialético no Brasil – projeto de iniciação científica – Universidade Estadual de Maringá (PR).
3. Sobre Maiakovski, leia artigo em A Verdade, nº 149.
4. Sobre Pablo Picasso, leia A Verdade, nº 90.
5. Brecht, entre documentários e filmes de menor repercussão, produziu KuhleWampe, filme sobre a vida e os anseios da classe operária.

Louvor do Revolucionário
Bertolt Brecht

Quando a opressão aumenta
Muitos se desencorajam
Mas a coragem dele cresce.
Ele organiza a luta
Pelo tostão do salário, pela água do chá
E pelo poder no Estado.
Pergunta à propriedade:
Donde vens tu?
Pergunta às opiniões:
A quem aproveitais?

Onde quer que todos calem
Ali falará ele
E onde reina a opressão e se fala do Destino
Ele nomeará os nomes.

Onde se senta à mesa
Senta-se a insatisfação à mesa
A comida estraga-se
E reconhece-se que o quarto é acanhado.

Pra onde quer que o expulsem, para lá
Vai a revolta, e donde é escorraçado
Fica ainda lá o desassossego.

Mery Zamora: “Sou uma mulher que não se vende”

MeryZamora é professora equatoriana e presidente da União Nacional dos Educadores (UNE)Mery Zamora é professora equatoriana e presidente da União Nacional dos Educadores (UNE). Lutadora, mãe e mulher exemplar, devido à sua luta por uma educação pública e de qualidade no Equador e por suas ideias revolucionárias, é vitima de uma perseguição feroz do governo Rafael Correa. Nesta entrevista, MeryZamora diz como está enfrentando essa situação e afirma: “não sou uma mulher que se ajoelha, que se dobra. Sou uma mulher que não se vende”.

Como está Mery Zamora neste momento?
Estou tranquila, e o digo com a maior sinceridade. Estou bem como mulher, professora e dirigente social, primeiro porque sou inocente, porque a verdade me assiste. Não sou delinquente, não sou terrorista, não sou corrupta e nem sabotadora; porque não estou envolvida nos casos de corrupção do Governo.

A serenidade demonstrada em meu rosto, a serenidade expressa em minhas palavras e a alegria que inunda meu sorriso são a expressão de que sou inocente, de que estou com a consciência tranquila. Hoje, mais do que nunca, meu compromisso firme para enfrentar o Governo é a razão da minha vida. Caminha com a cabeça erguida, caminha por minha terra sem temor de ser apontada por meu povo como corrupta ou mentirosa.

Vou resistir. Correa deve saber que MeryZamora não é mulher que se ajoelha, que se dobra. Sou uma mulher que não se vende, porque a diferença entre esses juízes e eu é que eles têm preço, enquanto eu tenho minha valentia, que é incalculável.

Sigo em minha escola, em minha casa, explicando a meus filhos que estas são as coisas que devemos enfrentar na vida para deixar um legado de dignidade.

Como receberam a notícia da sentença seus alunos e pais?
Em minha escola, Lorenzo Luzuriaga, em Portoviejo, as mães, que são muito carentes, estão muito preocupadas. Logo que saiu a sentença escreveram-me. A segunda-feira após o anúncio da condenação foi muito emotiva para mim porque desde cedo as mães dos alunos das minhas turmas chegavam preocupadas dizendo que rezavam por mim, que haviam feito missas por mim, um sem-número de coisas próprias do nosso povo. Tudo isso me encheu de energia positiva. Disseram-me que confiasse, pois a justiça tarda, mas não falha. Inclusive, falaram que “o que escutamos é que terroristas são os que matam e sequestram, e você não faz isso; você ensina nossos filhos, lhes transmite respeito e valores”.

Meus alunos me dizem: “senhorita, se a levarem presa nós vamos com você, e diga às câmaras que queremos falar que você professora e que é boa”.

O que sente Mery Zamora diante da solidariedade do povo?
Hoje, mais do que nunca, pela solidariedade que demonstram meus companheiros das organizações sociais, gremiais e sindicais, sinto que estou no caminho correto. O povo está despertando. No povo equatoriano existe a consciência de que os direitos humanos são violados. Quem não pensa igual ao regime correísta é judicializado, criminalizado e preso.

O direito de pensar diferente é proibido para que não denunciemos a corrupção e a violação dos direitos humanos, como no caso dos meninos do Colégio Técnico Central, cujo único delito foi defender uma educação de qualidade.

Como está o processo contra você?
Em 14 de junho deste ano, quando o Tribunal de Garantias Penais decidiu impor-me uma pena de oito anos de prisão, junto a meus advogados e companheiros, decidimos interpor um recurso de esclarecimento e relaxamento antes da apelação. Fizemos isso porque esta sentença, em suas 109 páginas, não tem pé nem cabeça, está cheia de irregularidades. Em toda sua redação a sentença menciona tratados internacionais que, ao invés de sustentar a decisão, argumentam a favor de minha inocência. Temos defendido que se faça a argumentação de toda a sentença, pois há o que se denomina juridicamente de “testemunhos que não são idôneos”, feitos por inimigos pessoais e políticos declarados do réu.

Além disso, validaram o áudio que os peritos criminalísticos da Polícia Nacional afirmaram não poder transcrever por problemas técnicos. Esta é uma sentença que se supõe ter sido feita fora do tribunal.

Que mensagem deixa a seu povo?
Quero dizer-lhes que a luta continua e que é dos valentes que os prepotentes e autoritários vangloriam-se quando os valentes lhes permite. Nosso povo é de gente que não se submete, leal e de grandes princípios. Somos pessoas que não nos deixamos comprar por um punhado de lentilhas. A lealdade e a consequência de nós que lutamos para que as famílias vivam dignamente continua de pé. Mesmo que se esgotem todas as instâncias e MeryZamora vá presa, que seja, de qualquer maneira entregarei minha vida pelas causas justas. Oito anos não são nada comparados com todos estes anos que tenho lutado pela transformação em meu país.

(Entrevista publicada pelo periódico Opción, nº 261)

“Lutamos por uma autêntica revolução social”

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Lutamos por uma autêntica revolução socialRealizou-seentre 15 e 19 de julo, em Quito, Capital do Equador, o 17º Seminário Internacional Problemas da Revolução na América Latina. O Seminário é promovido pelo Partido Comunista Marxista-Leninista do Equador (PCMLE), pelo Movimento Popular Democrático (MPD) e por várias outras organizações populares deste país. O PCR e a UJR estiverem presentes no Seminário, que contou ainda com a particpação de dezenas de organizações da América Latina, da Europa e dos Estados Unidos. A seguir, a declaração final aprovada pelos presentes no Seminário.

Nosso norte é o socialismo!

Passados cinco anos desde a explosão da atual crise econômica do sistema capitalista, seus efeitos continuam presentes nos distintos países do planeta, com maior ou menor intensidade em uns e outros.

O que mais se destaca dela, nos últimos meses, é a resposta dada pelos trabalhadores, a juventude e os povos às medidas econômicas implementadas pelos governos burgueses e pelos organismos financeiros internacionais com o suposto afã de superá-la. Para a burguesia, fica cada vez mais difícil descarregar a crise sobre os ombros dos trabalhadores porque estes têm uma melhor compreensão que a crise deve ser paga por aqueles que a provocaram.

A Europa é um exemplo vivo da enorme e constante mobilização social contra os programas econômicos neoliberais; nela, a classe operária e a juventude desempenham papéis memoráveis. Entretanto, o velho continente não é o único ponto do planeta onde os governos de plantão e as classes dominantes no poder são alvos de protesto: o Norte da África, Ásia e América Latina são também cenários de importantes lutas. Em geral, podemos afirmar que pelo mundo inteiro corre o descontentamento com o status quo e a procura de mudança anima a ação dos povos.

Em nosso continente, após um período de inflexão da luta social produzido particularmente nos países governados por regimes qualificados de “progressistas”, assistimos a um novo despertar da luta das massas trabalhadoras que ultrapassa as fronteiras nacionais e anima a luta dos povos irmãos. Combatem por salários dignos, educação, saúde, pelo pão, por democracia, direitos políticos, em defesa da soberania, dos recursos naturais, contra a corrupção, enfim, batalham pela vida, por liberdade!

Nestas contendas coincidem os povos dos países nos quais a burguesia abertamente neoliberal ainda se mantém no poder, assim como os regidos pelos denominados governos “progressistas”. Em uns e outros governos, além das óbvias diferenças que não podemos perder de vista, há também muitos aspectos coincidentes. É difícil diferenciar, por exemplo, a Lei de Segurança Cidadã colombiana da sua similar equatoriana ou das reformas ao Código Integral Penal deste mesmo país, que penalizam o protesto social; pouco ou nada destoam as reformas trabalhistas de evidente conteúdo neoliberal aplicadas no México com as existentes no Brasil, ou as denominadas leis antiterroristas que são executadas na Argentina, no Peru, etc.

Tanto os governos “progressistas” como os neoliberais apostam no extrativismo (saque dos recursos naturais) como via de desenvolvimento, de progresso e bem estar, mas que bem ensina a história é o caminho para a consolidação da dependência estrangeira, da pauperização dos povos e da irremediável destruição da natureza.
Concordam também esses governos no impulso de reformas jurídicas e institucionais em prol de uma dinamização da institucionalidade burguesa, necessária para os novos processos de acumulação capitalista e, além disso, orientadas ao controle social e à criminalização dos protestos populares.

A partir de concepções políticas distintas, mas não irreconciliáveis, as facções burguesas à frente destes governos concorrem a processos de modernização do capitalismo, com o que aspiram provocar maiores níveis de acumulação para as oligarquias nativas e melhores condições para participar no mercado capitalista mundial.

As mudanças que se desenvolvem na América Latina e no Caribe não são outra coisa que um desenvolvimento do capitalismo. Em alguns casos são uma superação ao neoliberalismo, mas de nenhuma maneira uma negação do sistema imperante, pois não põem fim à propriedade privada sobre os meios de produção, não acabam com o domínio dos banqueiros, empresários e latifundiários, não termina a dependência estrangeira.

A modernização capitalista

Os chamados governos progressistas estão provocando um grave dano na consciência dos trabalhadores, da juventude e dos povos. A significativa obra social e material e a abundante e eficiente propaganda governamental criou a ficção – internamente nos respectivos países e em nível internacional – que, na realidade, estão sendo produzidos processos de mudança. Sem dúvida a realidade é outra, seus programas econômicos e políticos não fazem mais que reafirmar as classes dominantes no poder e a dependência estrangeira.

A modernização em curso vai de mãos dadas com os capitais estrangeiros, sejam estadunidenses, europeus ou asiáticos, o que tem feito da América Latina e do Caribe um cenário de intensa disputa interimperialista nos âmbitos econômico e político. Destaca-se o acelerado crescimento dos investimentos chineses na região e a perda de espaços do imperialismo norte-americano, o que não é menos perigoso para os povos.

As organizações participantes do 17º Seminário Internacional Problemas da Revolução na América Latina concordam na necessidade de enfrentar com a mesma energia tanto os governos neoliberais como os chamados governos “progressistas”, pois um e outro representam interesses econômicos e políticos da burguesia e do capital financeiro imperialista.

Convocamos os trabalhadores, a juventude e os povos em geral a cerrar fileiras frente às correntes ideológico-políticas supostamente de esquerda, revolucionárias ou progressistas que manipulam a consciência e o desejo de mudança existente nos povos e que atuam contra o movimento popular organizado e as forças que representam autênticas posições de esquerda revolucionária. Solidarizamo-nos com os povos que escolhem o caminho do combate para que suas vozes sejam ouvidas e para conquistarem suas reivindicações. Apoiamos os povos – e particularmente os jovens – da Turquia, do Brasil, do Chile e do Egito, que com iniciativa e energia, nas ruas, conquistaram significativas vitórias.

Estamos junto ao povo equatoriano que enfrenta um governo demagógico que usa a repressão e o medo para impedir que o descontentamento social tome a forma de luta aberta e contínua. Rechaçamos a criminalização do protesto social imperante. Solidarizamo-nos com MeryZamora, Cléver Jiménez, com os 7 de Cotopaxi, os 12 estudantes do Colégio Técnico Central e com os mais de 200 dirigentes e ativistas sociais que enfrentam processos penais com a acusação de sabotagem e terrorismo.

Apoiamos o povo venezuelano que luta para impedir que a direita e o imperialismo revertam o processo político inaugurado por Hugo Chávez, ao mesmo tempo em que fortalecemos também a exigência de que se adotem medidas radicais para levar o processo adiante.

Nosso norte é o socialismo! Lutamos por um verdadeiro processo revolucionário, por isso, apoiamo-nos na unidade dos trabalhadores, dos camponeses, da juventude, das mulheres, dos povos originários e na tradição libertária dos povos latino-americanos. Orientamos nossas energias contra a dominação estrangeira e contra a exploração das classes dominantes locais, e só pondo fim à sua opressão conquistaremos a liberdade. Esse é nosso compromisso.

Quito, 19 de julho de 2013

Partido Comunista Revolucionário – Argentina
Partido Comunista Revolucionário – Brasil
União da Juventude Rebelião – Brasil
Movimento pela Defesa dos Direitos do Povo – Colômbia
Fundação Escola da Paz – Colômbia
Juventude Democrática Popular – Colômbia
Coletivo Sindical e Classista Guillermo Marín – Colômbia
Partido Comunista da Colômbia (marxista-leninista)
Organização Comunista de Operários – Estados Unidos
Frente Democrática Nacional – Filipinas
Liga Internacional de Luta dos Povos – América Latina
Partido Comunista do México (marxista-leninista)
Frente Popular Revolucionária do México
Partido Comunista Peruano Marxista-Leninista
Partido Marxista-Leninista do Peru
Bloco Popular – Peru
União de Mulheres Solidárias – Peru
Frente Democrática Popular do Peru
Partido Proletário do Peru
Coordenação Caribenha e Latino-Americana de Porto Rico
Partido Comunista Marxista-Leninista do Equador
Movimento Popular Democrático
Juventude Revolucionária do Equador
Confederação Equatoriana de Mulheres pela Mudança
Frente Ampla – República Dominicana
Partido Comunista do Trabalho – República Dominicana
Rede de Garantias Legais – República Dominicana
Partido Comunista Bolchevique da Rússia
Partido Comunista Bolchevique da Ucrânia
Movimento Gayones – Venezuela
Corrente dos Jovens Antifascistas e Anti-imperialistas – Venezuela
Corrente Sindical Marxista-Leninista – Venezuela
Movimento de Educação para a Emancipação – Venezuela
Movimento de Mulheres Ana Soto – Venezuela
Partido Comunista Marxista-Leninista da Venezuela

Apesar da crise, cresce riqueza de uma minoria

Apesar da crise, cresce riqueza de uma minoriaEm fins de 2012, o CréditSuisse, uma das maiores instituições financeiras do mundo, publicou o relatório Riqueza Global – Databook 2012 (http://migre.me/fB7dv), em que analisa a evolução da riqueza nos diferentes países do mundo e sua distribuição entre os adultos (maiores de 20 anos) e entre os países.

O relatório faz uma estimativa da riqueza existente no mundo a partir da análise do PIB e de relatórios financeiros fornecidos por alguns países, e considera riqueza os ativos financeiros, os ativos não financeiros (principalmente casas e terras) e a capacidade de endividamento para consumo. Conclui que a riqueza mundial, em 2012, atingiu o patamar de US$ 227,7 trilhões, divididos – ou melhor, mal divididos – entre a população de 4,6 bilhões de adultos. É um crescimento de 96% desde o ano 2000 e proporcionalmente maior que o da população no período.

É importante ressaltar que, mesmo com a crise econômica de 2008, considerada a maior desde 1929, houve crescimento da riqueza mundial.

Todo esse crescimento, no entanto, não serviu para resolver as desigualdades ou diminuir os problemas sociais no mundo. Pelo contrário, quase todos os países ficaram ainda mais desiguais. Um punhado de capitalistas – 29 milhões de pessoas – detém nada menos do que US$ 87,5 trilhões, o que significa 39,3% da riqueza existente no mundo. Estes são os milionários, a classe usurária, com patrimônio acima de US$ 1 milhão.

Na outra ponta está a imensa maioria da população mundial, 3,184 bilhões de humanos, quase 70% do povo que detêm menos de US$ 10.000 cada. Estes bilhões de pessoas, juntas, apenas alcançam US$ 7,3 trilhões, ou seja, quase 11 vezes menos do que toda a riqueza monopolizada pelo punhado de capitalistas.
Esta riqueza também está concentrada em determinadas regiões do planeta. A América do Norte e a Europa detêm mais de 60% de toda a riqueza produzida no mundo, apesar de representarem menos de 15% da população.

O relatório é eficaz para provar dois fatos que ficam cada dia mais evidentes no capitalismo. O primeiro é que a geração de riqueza significa, na fase imperialista em que estamos, acumulação dessa mesma riqueza na mão de poucos. Sendo a economia mundial dominada por monopólios e por gigantescas instituições financeiras, o crescimento dessa economia só pode beneficiar a pequena minoria que a domina.

Fica provado também que a sociedade já atingiu um nível de desenvolvimento onde não há lugar para os graves problemas sociais que persistem. Miséria, fome, pessoas sem casa, desemprego, mortes por doenças curáveis, nada disso é condizente em um mundo que atingiu uma riqueza per capita de US$ 48.500 para cada adulto.
A verdade é que a pirâmide da riqueza está de cabeça para baixo, pois todos os recursos foram drenados para o topo. A verdade é que é insustentável manter esta pirâmide de pé, pois ela gera a degradação da vida humana e do meio ambiente.

Sandino Patriota, São Paulo