Na década de 1990, foi aprofundado em nosso país o processo de privatizações de empresas nacionais, com a falsa proposta de melhorar a qualidade dos serviços prestados por estas. De lá para cá, também se ampliou outro processo: a venda de empresas brasileiras para grandes grupos estrangeiros.
Segundo pesquisa realizada pela empresa de consultoria KPMG, desde 2004, foram 1.296 empresas brasileiras que passaram para o controle de grandes grupos estrangeiros, sendo 2012 o ano com maior número de aquisições: 296 empresas. Dois exemplos recentes dessas operações no Estado do Ceará foram a venda da empresa Troller para o grupo Ford e da empresa Ypióca para a multinacional britânica Diageo, dona das marcas Johnnie Walker e Smirnoff.
Essa “desnacionalização” das empresas tem consequências para nosso país, para as empresas e principalmente para nossos trabalhadores. Primeiro porque todo o lucro dessas empresas vai para fora do Brasil, ou seja, estamos enriquecendo cada vez mais os grandes capitalistas internacionais. Segundo, alguns produtos fabricados por estas empresas são retirados de linha, para eliminar a concorrência, como ocorreu com a Troller, que deixou de fabricar dois modelos para atender “exigências” da Ford. Em terceiro lugar, ocorre o fechamento da empresa comprada e a demissão de vários trabalhadores.
Fato que aconteceu recentemente com a empresa Intervet, uma empresa do ramo veterinário, situada na cidade de Fortaleza. Ao longo dos anos, esta empresa, que inicialmente era brasileira, foi sendo vendida para sucessivos grupos estrangeiros dentre os quais podemos citar a holandesa Akzo Nobel, a americana Schering-Plough e a também americana Merck.
O fechamento começou após a transição da Akzo Nobel para Schering-Plough, que aconteceu por volta de 2007. Já em 2009, uma das linhas de produção da fábrica foi encerrada, fazendo com que fossem eliminados vários postos de trabalho. Porém, os produtos não foram retirados do mercado, pois continuaram sendo fabricados por outras unidades (terceirização). A empresa veio a fechar, de fato, no ano de 2012, três anos após a fusão da Schering-Plough com a Merck, outra grande multinacional do ramo farmacêutico, ainda mantendo seus produtos no mercado, garantindo assim a continuidade do lucro para os grandes empresários.
Isso demonstra claramente, que o principal interesse desses grupos é o lucro, já que uma politica comum destas empresas é a redução de custos de todas as formas, diminuindo investimentos, enxugando o quadro de pessoal, diminuição de certos benefícios antes conquistados pelos trabalhadores e fechando unidades nas quais consideram não ser interessante investir.
Dessa forma, se estas práticas continuarem acontecendo, em breve, estaremos caminhando para uma nova forma de ditadura, “a ditadura de mercado”, onde poucos grandes grupos capitalistas detêm todo o mercado, não havendo mais concorrência, nem opções e direito de escolha. Não podemos nos tornar reféns desse sistema.
O Governo do Estado de Pernambuco publicou no Diário Oficial a lista de diretores das 253 escolas de referência em ensino médio (EREM) e de 20 escolas técnicas em todo o Estado. O processo foi realizado sem nenhuma consulta à comunidade escolar, só com a realização de uma prova, análise de currículo e entrevista, ficando a cargo do governador a indicação de quem será o novo diretor.
Após a divulgação dos nomes dos novos diretores, os estudantes ficaram bastante revoltados, mobilizaram-se contra a medida do Governo e exigiram eleições diretas para diretor. Em Caruaru o movimento ganhou mais força e organização. Estudantes liderados pela União dos Estudantes de Pernambuco (UESPE) e pela União dos Estudantes de Caruaru (UESC) realizaram atos, passeatas e chegando ao ápice de decretar greve estudantil em duas escolas.
Estudantes da EREM Nelson Barbalho, o Estadual de Caruaru, e da Escola Dom Vital decretaram greve estudantil por tempo indeterminado em defesa das eleições diretas para gestor da escola. Após dois dias de greve, a escola Dom Vital decidiu, em assembleia, terminar a greve, exigiu da Secretaria de Educação que até 02 de abril ocorra o processo de eleição direta para diretor, e, caso não ocorra, os estudantes decretarão greve novamente. Já a Escola Estadual de Caruaru continua em greve e em intensa mobilização.
Segundo Gleyson Rodrigues, diretor da UESPE, “o protesto não é pela manutenção dos diretores, e sim pela liberdade da comunidade escolar decidir os rumos da gestão da escola, e isto não foi garantido. Por isso, defendemos eleições diretas para diretor”, e disse mais: “consideramos que democracia se constrói, e não se impõe sem a participação da sociedade”.
O secretário de Educação Ricardo Dantas declarou que “o processo é democrático porque, nesta seleção, puderam participar todos os professores”, porém, a escolha é feita pelo governador, não endentemos isso como exemplo de democracia.
O Modelo de Gestão Democrática passa por garantir amplos direitos democráticos nas escolas, esta é a melhor maneira de ensinar a juventude noções de democracia, não apenas nos livros e sim na prática.
Após um ano de organização, mobilização e resistência, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) comemora cinco meses de ocupação da comunidade Eliana Silva, na Capital mineira. São diversos trabalhadores e trabalhadoras combativos e conscientes de seus direitos, que servem de exemplo e municiam com esperança o conjunto dos movimentos populares, mostrando do que a força da classe trabalhadora é capaz de fazer.
Um desses exemplos é Eudi Dias Costa, que completou 55 anos de idade dentro da ocupação. Dona Eudi frequenta as reuniões do Movimento de Mulheres Olga Benario e conta, nesta entrevista a A Verdade,um pouco de sua história e das lições aprendidas na vida.
A Verdade – Como foi a sua infância?
Eudi Costa – Eu não tive infância, só trabalho. Eu tomava conta das crianças, enquanto minha mãe ia para a roça. Então eu não estudei por causa disso. Vim para Belo Horizonte nova. Fui trabalhar para ajudar minha mãe. Todo mês, eu mandava dinheiro para minha mãe e meu pai. Vivi com eles até os 17 anos. Vim me casar “depois de idade”. Eu vim sozinha pra cá. Uma dona me trouxe para trabalhar com ela e trabalhei nessa casa durante 13 anos. Aí eu encontrei o William, aqui em Belo Horizonte, e fui morar com ele. Ganhei o primeiro filho, que morreu, depois engravidei de Ludmila, tudo depois de idade. Depois dos 30 anos que vim arrumar filho.
E sua vida em Belo Horizonte?
Morava aqui em Belo Horizonte com William e fomos pro interior, em Santo Antônio do Jacinto. Lá eu lavava roupa pros outros para eu criar minhas filhas. Era dez reais a trouxona. Ia pro rio lavar na cachoeira, lavar roupa e passar roupa pros outros, e também fazia faxina. Pra lavar um monte de roupa. É 50 reais pra lavar roupa um mês inteiro pra uma pessoa. Eu lavava roupa de família rica, pros fazendeiros. Tinha vez que lavava pra outras pessoas mais pobres e eles me davam feijão, me davam arroz, me davam tudo. Não me davam dinheiro, mas me davam as coisas, mantimentos pra levar lá pra casa. Eu lavava tudo na mão e botava pra secar no rio, nas pedras.
E o que seu marido fazia?
O William é daqui. Quando chegou lá, não tinha emprego. Ele limpava quintal, lavava carro, pegava lenha pra vender pro pessoal fazer pão, fazer biscoito. Trazia, vendia e já trazia as coisas pra gente comer. A nossa vida era assim.
A senhora tinha sua casa no interior?
Nunca tive casa. Lá a casa era do meu irmão. Em Belo Horizonte morava com uma senhora que eu trabalhava com ela.
Como conheceu o MLB?
Um dia, eu conheci Sabrina (do MLB). Ela ia passando na rua, com carro de som, chamando pra reunião. Aí o William pegou um papelzinho e falou: “dia de sábado a gente vai pra essa reunião”. E aí faz um ano que estamos aqui nessa luta! Fui em Brasília com eles, e hoje nós estamos aqui na ocupação, mesmo que na primeira tentativa nos despejaram.
E como foi depois do despejo?
Tornei a voltar pro mesmo aluguel porque, na primeira ocupação, as meninas estudavam. Aí nós ficamos na ocupação, e o William continuava pagando o aluguel e as meninas ficavam lá. Aí nos despejaram. Voltei a participar das reuniões de novo, de tudo que tinha.
E hoje a senhora vive aqui?
Só aqui, eu moro só aqui, eu não vou a lugar nenhum, faço tudo aqui dentro. Nem na padaria eu vou. E mudou tudo. Até hoje, minha filha Ludmila vai até ali pegar um “marmitex” pra nós. Que nós nunca tínhamos comprado um “marmitex” na rua. Nosso dinheiro era só para pagar aluguel e comprar o remédio que eu tomo. Muitos remédios e caros. Tem um que eu tomo de seis em seis meses e custa R$ 100. E lá pagávamos água muito cara. Então não sobrava dinheiro pra nada.
O que acha da organização do movimento?
É bom demais. É importante pra nós, as reuniões, e agora tô querendo fazer alguma coisa pra gente trabalhar, ganhar um dinheiro, trabalhar para organizar essas mulheres, as meninas novas. Fazer curso pra elas e estudar, porque eu não tenho leitura nenhuma, eu não sei nem assinar o meu nome.
A senhora quer estudar aqui dentro?
Eu quero estudar aqui. Mostrar lá fora que a gente pode. Eu nunca… [emocionada], eu até choro. Eu nunca estudei na minha vida. Nunca, nunca. Nem sei por que. Eu cuidava de todos os irmãos, mas eu ia em todas as reuniões. Tinha reunião de tudo, tinha curso de comida, e eu participava de tudo. Tinha curso para trabalhar e fazer horta. Lá no interior também tinha! E eu participava de tudo do movimento. Quero estudar mais e ajudar mais as pessoas aqui também. Ninguém estudou lá em casa, a minha mãe tem leitura, ela sabe ler, mas eu não sei. Acho importante pra ensinar as pessoas lá fora que nós também podemos. Que nós temos condições de fazer as coisas aqui dentro. Todo mundo lá fora tem as coisas, não tem? Nós também podemos ter aqui dentro.
Raphaella Mendes,
Movimento de Mulheres Olga Benario
ENVER HOXHA – O clássico autor e ideólogo do Marxismo-Leninismo, Enver Hoxha aprofundou uma interpretação leninista dos mexericos, ou como é conhecido no Brasil, as fofocas. (Foto: Reprodução/Arquivo)
Os mexericos, ou fofocas, se manifestam de acordo com a consciência pequeno-burguesa e desagrega a força do povo e do partido. É necessário reconhecer as manifestações de mexericos e combatê-las ativamente, com o objetivo de fortalecer a unidade e a camaradagem.
Enver Hoxha* 12 de Setembro de 1969
TIRANA (ALBÂNIA) – De todo o nosso trabalho político-ideológico quotidiano, dos artigos que lemos constantemente na imprensa, tal como dos relatórios que nos são apresentados, destaca-se que o partido tem de enfrentar “mexericos”. Queria agora dizer algumas palavras sobre a natureza destas manifestações, das suas fontes, do que elas representam e qual é o seu objetivo, pensando que isso possa servir para as combater.
Os mexericos são um fenômeno típico da pequena-burguesia. Têm um caráter pequeno-burguês e são manifestações da ideologia burguesa. Os mexericos mal intencionados são produto do subjetivismo e não têm nada de comum com uma crítica sã, realista e construtiva. Bem pelo contrário, têm um caráter difamador, frequentemente calunioso, tanto com intenção como sem ela. Na maior parte das vezes, são mexericos sem fundamento e, quando, raramente, trata-se de um assunto que tenha qualquer fato concreto por base, transforma-se em ato denegridor por efeito da própria forma sob a qual se desenvolve e do juízo subjetivo daquele que interpreta o assunto. Mesmo neste caso, de interpretação em interpretação feita por indivíduos que se entregam à prática nociva dos mexericos, estes acabam por se tornar calúnia. Deve-se ver aí um método de crítica dos mais odiosos, próprio dos pequeno-burgueses. Não há nele qualquer atitude sã, de princípio, nem construtiva, porque ele deforma os fatos, inventa, intencionalmente ou não, circunstâncias não verificadas, porque procede de boca a ouvido pelas costas e em prejuízo do elemento que toma como alvo.
Os mexericos não têm nunca como objetivo a correção do elemento visado; fazem, pelo contrário, um grande dano tanto ao indivíduo como ao coletivo. Os que se entregam a esta prática se apresentam como moralistas, pois disfarçam sempre os seus propósitos maldizentes com uma “concepção moral elevada”, quando se trata, na realidade, de uma concepção amoral, quer pelo espírito subjetivista que inspira sua formação, quer pelos fundamentos em que repousa, quer pelas formas que toma e pelos objetivos que persegue. Os que recorrem, como a um método de conteúdo pretensamente político, a esses mexericos (que, de fato, podem florescer em domínios diversos), não podem estar eles próprios imbuídos de uma concepção política sã, pois as pessoas que têm os pontos de vista subjetivistas que a prática pequeno-burguesa dos mexericos pressupõe, nunca estão em condições de proceder a uma verdadeira análise da situação política mediante o estudo dos fatos reais de maneira objetiva. O método de organização do trabalho baseado em tagarelices não pode ser um método correto de análise política. Os que o empregam são, podemos dizer sem receio de nos enganarmos, ou oportunistas ou interesseiros ou sectários ou conservadores.
Além dos males que acabo de invocar, os mexericos suscitam querelas, disputas, rancores que podem ir até aos homicídios. Provocam uma perturbação na sociedade, na sua harmoniosa unidade ideológico-política, mas são também uma forma da luta de classe por parte da burguesia derrubada do poder, para criar dificuldades à ditadura do proletariado, para atormentar moralmente e nas coisas mais íntimas as pessoas sãs da nossa sociedade. Deve-se compreender bem que tal método, de conteúdo e de caráter reacionário, escolherá inevitavelmente como primeiro alvo, a fim de os desacreditar e de os desqualificar, precisamente os que combatem impiedosamente os “mexericos”.
Combater implacavelmente os “mexericos” sob as formas burguesas e pequeno-burguesas com que se apresentam, não significa dissimular os erros que se manifestaram em qualquer domínio político, ideológico, moral ou organizativo. Pelo contrário, a crítica destes erros deve ser feita, mas deve repousar sobre sólidas bases de princípio, apoiar-se bem sobre fatos, ser aberta, formulada cara a cara ou perante o coletivo, no momento em que é necessária e não ser baseada em simples suposições. A crítica deve, em todas as circunstâncias, caracterizar-se por um objetivo moral, político e ideológico, ter uma função educativa para o indivíduo ou para o coletivo criticados, nunca ter como objetivo esmagar moralmente o elemento em causa, mas, pelo contrário, elevar o seu moral para lhe permitir corrigir os seus erros. Enfim, a crítica dirigida a pessoas que cometem erros na sua vida privada ou no local onde trabalham não se deve transformar numa preocupação dominante que dissimule, obscureça e entrave a justa solução dos principais problemas que preocupam o Partido e o Estado. Sublinho-o porque, com muita frequência, nas organizações de base do Partido veem-se abrir debates que consistem em críticas individuais recíprocas sob formas que não só fazem desleixar os problemas principais e perturbam a vida da organização como, por vezes, rompem também a sua unidade.
Por vezes, consolamo-nos dizendo que estas críticas “não têm um caráter político”. Esta apreciação é errada. Elas têm um caráter político e ideológico, precisamente porque suscitaram a discórdia e a divisão no seio da organização. Não se trata aqui de não criticar os que cometem erros; eles devem ser criticados sem falta sob as formas e pelas razões que invoquei mais atrás, mas devemos precaver-nos cuidadosamente contra críticas baseadas em intrigas, de essência subjetivista, e os seus efeitos desmoralizantes e antieducativos.
Assim, o Partido deve compreender convenientemente o aspecto perigoso, nos planos político, ideológico e organizativo, dos “mexericos”, a fim de que eles possam ser combatidos com rigor, como é preciso que o sejam. Se o perigo que eles representam não for bem compreendido pelos comunistas, se estes, na vida, caem na prática deste método pequeno-burguês, “os mexericos” penetrarão de forma sorrateira dentro do Partido, que então não estará em condições de combater esta prática perniciosa entre as massas.
Por isso, agucemos a nossa vigilância e combatamos este hábito nocivo, por onde quer que ele se manifeste, em primeiro lugar em nós próprios, no Partido e entre as massas.
Em geral, são os ociosos que se entregam às maledicências, às tagarelices, mas não são os únicos a fazê-lo. Em primeiro lugar, encontraremos este hábito entre as pessoas de um nível de formação política e ideológica pouco elevada, entre os que se comprazem numa vida cultural oca, que não vivem como deve ser com as ideias novas que o Partido e as massas desenvolvem e que não combatem para as pôr em prática. Os portadores destas tagarelices são elementos apodrecidos com preconceitos atrasados, ou incapazes de romper com o modo e as formas arcaicas de vida, com os costumes do passado. Mas são iguais também os que se apresentam como elementos “modernizados”, mas nos quais esta espécie de modernização não passa de uma degenerescência do caráter e de um refinamento ainda mais perigoso da prática dos “mexericos”.
Outrora, o tempo passado no café ou as visitas de umas pessoas à casa das outras eram ocasião para longas conversas. “Mata-se o tempo”, dizia-se, mas isso se fazia falando de uns e de outros, passando a sua vida pelo crivo. Tal prática, embora consideravelmente emendada, prossegue ainda hoje. Há camaradas que se lamentam justamente da abertura de um número demasiado de cafés. Não foi dada qualquer ordem para abrir cafés a seguir uns aos outros; portanto, os únicos responsáveis por este estado de coisas são os próprios camaradas dos distritos, que se lamentam disso e que são os próprios a autorizá-lo. Se levanto este problema, não é para que se fechem todos os cafés, pois isso não seria uma medida judiciosa. Contudo, não se deve considerar este problema unicamente sob o seu aspecto comercial; deve-se ter igualmente em conta o descanso necessário dos trabalhadores. Que o café se torne efetivamente um lugar de ócios cultivados, isso depende, antes de mais, dos próprios clientes que o frequentam, da sua mentalidade, do nível da sua formação ideológica e política, da intenção com que vão para lá. Se uma pessoa frequenta o café até ao ponto de desleixar o seu lar e a sua família, se o frequenta para beber e se embriagar, para aí dizer mal de todos os que entram e saem ou para fazer escândalos, então o café torna-se um lugar de mexericos. É evidente que a responsabilidade não recai somente sobre o local, mas também sobre seus frequentadores. Assim, se é verdade que não devemos abrir cafés demais, é, antes de mais, necessário trabalhar para a educação das pessoas, porque se esta primeira condição não for cumprida, estas pessoas não educadas se dedicarão então aos seus desmandos, invadirão os nossos estabelecimentos culturais que não se chamam cafés, mas que facilmente podem vir a sê-lo.
Portanto, temos muito a fazer no domínio da direção e da educação da classe operária e dos trabalhadores. Como se enganam os camaradas que me escrevem nas suas cartas frases como estas: “Sepultamos para todo o sempre e profundamente as leis do cânone do Lek”(1), “a influência da religião foi suprimida” e outras afirmações deste gênero, que denotam uma falta de maturidade. Bem entendido, estes camaradas não têm dúvidas de que é difícil adormecer o Partido ou a mim próprio com tais afirmações retumbantes, mas não se trata aqui de uma tentativa, ainda que involuntária, de mentira, de mistificação ou de uma falta de aprofundamento da situação política, ideológica e social das regiões onde estes camaradas trabalham e vivem. Os grandes resultados obtidos não representam mais do que uma parte dos que devemos atingir, e, para fazê-lo, devemos saltar ainda muitos obstáculos, que não podemos vencer de outro modo senão lutando e ao preço de esforços, e não com palavras ocas e fanfarronices. A elevação político-ideológica, o trabalho bem organizado e a simplicidade comunista do caráter permitem vencer as dificuldades e obter os êxitos desejados.
Notas:
[1] Referência ao “Cânone de Lek Dukagjini”, coletânea de normas, costumes e usos medievais feita pelo padre Shtjefen Gjeçov, cuja sobrevivência se manifesta ainda hoje em algumas regiões da Albânia. O “Cânone” foi usado pelo clero para preservar a exploração e manter as populações na ignorância. Primeira Edição: Tirana, 12 de Setembro de 1969.
*Enver Hoxha nasceu em Gjirokastër, na Albânia. Após a invasão da Albânia pela Alemanha, em 1941, Hoxha, junto com outros militantes, fundou o Partido Comunista da Albânia, que posteriormente adotou a denominação de Partido do Trabalho da Albânia (PTA). Foi Secretário do Comitê Central do PTA. De 1944 até 1954 foi primeiro-ministro da Albânia.
As últimas chuvas que caíram nas regiões Serrana e da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, levaram a vida de dezenas de pessoas e deixaram centenas de famílias desabrigadas, revelando mais uma vez o descaso dos governos diante do sofrimento do povo pobre.
Entre as pessoas atingidas estão vários companheiros e companheiras do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e da União da Juventude Rebelião (UJR) moradores dos conjuntos Santa Lúcia e Santa Helena, no bairro de Parque Paulista, em Caxias. Esses companheiros e companheiras perderam praticamente tudo o que tinham quando as águas das chuvas invadiram suas casas e destruíram camas, sofás, geladeiras, fogões, armários, alimentos e guarda-roupas.
Diante dessa situação difícil para nossos companheiros e companheiras, que são pobres, assim como o povo que representam e pelo qual dedicam suas vidas, resolvemos organizar uma campanha de solidariedade entre amigos e simpatizantes do MLB e da UJR.
Toda e qualquer doação será muito importante, seja ela feita em dinheiro ou diretamente em objetos, como roupas, alimentos, camas, colchões, armários, guarda-roupas, eletrodomésticos, utensílios do lar, etc.
As doações em dinheiro poderão ser feitas por meio da conta corrente nº 789-8, agência 0209, operação 003, Caixa Econômica Federal, em nome da AERJ – Associação dos Estudantes Secundaristas do Estado do Rio de Janeiro. Pedimos que o depósito e seu valor sejam confirmados através do e-mail: mlbbrasil@ig.com.br.
Para fazer doações pessoalmente ou para obter mais informações entre em contato conosco por e-mail ou pelo telefone (021) 8089-5309.
O Parlamento do Chipre rejeitou por grande maioria a fórmula de resgate que a Comissão Europeia e o FMI pretendiam impôr ao país e que passava pela apropriação indevida de partes dos depósitos dos cidadãos. A derrota atingiu em cheio o novo presidente cipriota, Nikos Anastasiades, uma vez que os deputados do seu partido direitista se abstiveram na votação, que não registou qualquer voto a favor de Bruxelas.
A decisão dos deputados cipriotas tem um impacto que extravasa em muito a questão cipriota, pois é a primeira vez que o parlamento de um país rejeita os termos de resgate que lhes são impostos pela troika ou, neste caso, pelo dueto CE/FMI. Aplicada a Portugal, esta atitude seria como se a Assembleia da República rejeitasse o memorando da troika. Trata-se de um “teste ao que resta da democracia dentro da União Europeia”, declarou um deputado independente citado pelas agências internacionais. “Vamos ver se a vontade expressa pelos representantes dos cipriotas, aliás acabados de eleger, é respeitada pelas instituições europeias”, acrescentou.
Os termos do resgate foram rejeitados por 36 deputados, registando-se 19 abstenções, todas da União Democrática, o partido do presidente, que tem 20 representantes.
A Esquerda Unitária no Parlamento Europeu (GUE/NGL) saudou a decisão do Parlamento cipriota. “O memorando exigindo que Chipre privatize e liberalize os serviços públicos e as empresas públicas é improcedente”, declarou a presidente do GUE/NGL, a eurodeputada alemã Gabi Zimmer. Tais medidas conduziriam a “perdas de empregos e a diminuição dos padrões dos serviços públicos e, além disso, atingiriam os mais vulneráveis”, acrescentou.
Gabi Zimmer considera que deve ser encontrada uma “solução equitativa que não seja alcançada à custa das poupanças das pessoas; desejamos uma solução europeia capaz de construir solidariedade e resolver a crise através de crescimento econômico sustentável. As soluções apresentadas”, prosseguiu, “são mais uma tentativa para afastar as atenções do essencial e nenhuma crise financeira se resolve desta maneira”.
A presidente da Esquerda Unitária considera que o memorando estava “em linha” com as habituais medidas tomadas alegadamente contra a crise mas, no caso cipriota, “era particularmente escandaloso”. Zimmer saudou o Parlamento cipriota e manifestou solidariedade com o povo cipriota e com o AKEL, o Partido dos Trabalhadores, que tem dirigido e vai continuar a dirigir a oposição contra estas propostas erradas”.
O Tribunal Europeu de Justiça considera que a lei espanhola impedindo os tribunais de apreciar os casos de despejos impostos pelos bancos é contrária ao direito europeu.
O parecer foi tomado na sequência da vaga de apropriação de imóveis lançada pelos bancos espanhóis contra os clientes incapacitados de cumprir os seus contratos de compra, devido à degradação das condições de vida imposta pela política de austeridade. Numerosos cidadãos espanhóis suicidaram-se durante as últimas semanas depois de terem sido vítimas de despejos das suas residências pelos bancos, e sem terem possibilidades de se dirigirem aos tribunais.
Centenas de milhares de pessoas foram expulsas das suas residências pelos bancos desde o início da crise, em consequência das medidas adotadas por Bruxelas e pelos governos alegadamente para a combater.
“É uma decisão histórica, que definirá um antes e um depois nas relações entre os detentores de créditos imobiliários e os seus bancos”, declarou Ruben Sanchez, porta-voz da associação de consumidores FACUA. Ada Colau, porta-voz da Associação das Vítimas dos Créditos Imobiliários, comentou que “os despejos devem ser bloqueados” depois da decisão do Tribunal Europeu de Justiça.
A Poesia é a arte que coordena as ideias e as palavras de modo a expressar o pensar e o sentir de forma bela. Fala ao coração. É o belo em forma de Linguagem. Mas a divisão da sociedade em classes, a violência gerada pela exploração da minoria opressora, violam também a arte em todas as suas formas. Em vez de terna, a poesia se torna dura, embora não deixe de ser bela. É que o poeta tem “apenas duas mãos e o sentimento do mundo” (Carlos Drummond de Andrade).
É isso que explica a evolução poética de Pablo Neruda, o maior poeta chileno e um dos maiores da Literatura universal. Do lirismo de “Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada” aos versos combatentes de “Espanha no Coração” e “Canto Geral”.
Ele não nasceu com o nome com o qual se consagrou, e sim como Neftali Ricardo Reyes Basoalto. Não era um nome poético, não gostava. Ainda na adolescência, adotou o pseudônimo de Pablo Neruda (referência ao escritor checo Jan Neruda, que apreciava), oficializando-o depois mediante ação judicial.
Neruda veio ao mundo na localidade de Parral, em 12 de julho de 1904. Seu pai era o operário ferroviário José Del Carmen Reyes Morales. Sua mãe, Rosa Basoalto Opazo, professora primária, morreu quando ele tinha apenas um ano de vida. A mãe que conheceu foi Trinidade Candia Marverde, a segunda esposa de José Reyes, a quem chamava de “Mamadre”,
Recebeu o primeiro prêmio aos quinze anos. Em 1921, a família se mudou para Santiago, onde estudou Pedagogia na Universidade do Chile e seguiu ganhando prêmios com suas poesias. “Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada” é publicado em 1923, um sucesso de público e crítica.
Diplomacia e Militância Política
Ingressou na carreira diplomática em 1927, atuando em vários países. Despertou para a militância política no ano de 1936, lutando contra o franquismo na Espanha ao lado do amigo e magnífico poeta Federico García Lorca, assassinado pelos fascistas em agosto daquele ano. Então a ternura deu lugar ao combate, pois a poesia, como disse Jorge Amado, “pode ferir como bala de fuzil”. Neruda escreveu Espanha no Coração. Perdeu o cargo e abandonou a carreira diplomática.
Em 1945, ingressou no Partido Comunista do Chile; foi eleito senador em 1948; teve o mandato cassado e ingressou na clandestinidade. Exilou-se, andou por diversos países, escrevendo no México Canto Geral, que retrata a luta, a vida, o sentimento dos povos da América Latina.
De volta ao Chile, o PC o indicou como candidato à Presidência da República, mas ele não aceitou, defendendo o apoio a Salvador Allende, eleito em 1970 por uma ampla Frente Popular. (Sobre Salvador Allende, leia A Verdade, nº96). Apoiou Allende até o fim, que se deu com o golpe de Estado que implantou uma longa noite de terror e agonia sobre o Chile (1973-1990). Em 1971, Neruda recebera o Prêmio Nobel de Literatura.
Suspeita de assassinato
Doze dias após o golpe, morria Pablo Neruda, pois sua voz não se calou. Continua emocionando e incentivando os lutadores do povo. Os legistas diagnosticaram o câncer como causa mortis. Sua esposa, Matilde Urrutia, disse que o poeta “morreu de tristeza”. A tristeza de presenciar o enterro da democracia, a morte de seus amigos Salvador Allende e Victor Jara, célebre cantor e compositor, que transformava em música a vida e a luta dos trabalhadores, do povo do Chile.
É fato que o poeta sofria de câncer na próstata, mas seu médico havia garantido que ele ainda viveria ainda de cinco a seis anos. Pessoas que assistiram à sua internação na Clínica Santa Maria, em Santiago, testemunharam que ele não parecia um doente terminal; apenas estava muito nervoso. Aplicaram-lhe um calmante e nunca mais o poeta acordou.
O motorista do casal Neruda, Manuel Arraya, assegura que era bom o estado de saúde do poeta. Ele até se preparava para uma viagem ao México, onde falaria sobre a situação política do Chile. Conta Arraya que Neruda vinha recebendo telefonemas ameaçadores e, logo após sua morte, a residência, em Isla Negra, foi totalmente saqueada.
Diante das evidências, o juiz Mário Carroza reabriu a investigação e determinou a exumação dos restos mortais do poeta, que se encontram em sua casa na Isla Negra, onde funciona um museu em homenagem a sua vida e obra. Os resultados deverão ser divulgados por ocasião dos 40 anos do golpe, que se completam a 11 de setembro próximo.
Poesia Perigosa
É muito provável que a mão que torturou e mutilou Victor Jara para calar sua voz e os acordes do seu violão também tenham silenciado o poeta, pois, como ele mesmo dissera, “o poeta que sabe chamar o pão de pão e o vinho de vinho é perigoso para o agonizante capitalismo” (Confesso que Vivi).
Eu não me calo.
Eu preconizo um amor inexorável.
E não me importa pessoa nem cão:
Só o povo me é considerável,
Só a pátria é minha condição.
Povo e pátria manejam meu cuidado,
Pátria e povo destinam meus deveres
E se logram matar o revoltado
Pelo povo, é minha Pátria quem morre.
É esse meu temor e minha agonia.
Por isso no combate ninguém espere
Que se quede sem voz minha poesia.
(Neruda, 1980)
Pablo Neruda: A meu Partido
Me deste a fraternidade para o que não conheço. Me acrescentaste a força de todos os que vivem. Me tornaste a dar a pátria como em um nascimento. Me deste a liberdade que não tem o solitário. Me ensinaste a acender a bondade, como o fogo. Me deste a retidão que necessita a árvore. Me ensinaste a ver a unidade e a diferença dos homens. Me mostraste como a dor de um ser morreu na vitória de todos. Me ensinaste a dormir nas camas duras de meus irmãos. Me fizeste construir sobre a realidade como sobre uma rocha. Me fizeste adversário do malvado e muro do frenético. Me fizeste ver a claridade do mundo e a possibilidade da alegria. Me fizeste indestrutível porque contigo não termino em mim mesmo.
Durante os dias 8, 9 e 10 de março, será realizado o 61º Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg) da União Nacional dos Estudantes (UNE), na cidade de São Paulo. Com o primeiro dia dedicado a um seminário de assistência estudantil, a principal motivação do fórum é a discussão e convocação do 53º Congresso da UNE.
Nos últimos anos, o Coneg tem se realizado entre fins de março e começo de abril, mas a direção majoritária da entidade resolveu adiantar em um mês a realização deste fórum para antecipar o Congresso da UNE para maio e início de junho (45 dias em relação à data do último congresso).
Com essa alteração, os estudantes terão apenas 10 ou 11semanas para realizar os debates e a mobilização nas universidades para eleger os delegados de base. Lembrando que, nesse período, haverá férias na grande maioria das universidades federais do País por causa da greve de 2012, que alterou os calendários acadêmicos, bem como provas nas universidades particulares.
Fica claro, assim, que a direção majoritária da UNE pretende impedir uma ampla discussão sobre sua atual gestão, em especial sobre sua ausência das principais lutas estudantis. De fato, a atual direção da entidade esteve ausente da maior greve dos últimos anos nas universidades federais, à exceção da presença dos diretores eleitos pelas teses Rebele-se e da Oposição de Esquerda.
Portanto, o que pretende a direção majoritária da UNE é impedir que a sua conciliadora política para a entidade seja ampla e democraticamente debatida entre o conjunto dos estudantes universitário do Brasil, nas bases, em cada processo de eleição de delegados, forçando processos curtos e num período difícil para o debate. O resultado: na prática, não teremos um congresso democrático, que cumpra a função de organizar os estudantes brasileiros para lutar por seus direitos e por uma universidade melhor.
Por isso, nós da tese Rebele-se, defenderemos no Coneg que o Congresso seja realizado em julho, como ocorreu nos últimos anos, garantindo que tenhamos tempo necessário para um rico debate sobre os rumos da UNE.
Ex-auditora fiscal da Receita Federal e atual presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais (Unafisco Sindical), Maria Lucia Fattorelli, formada em Administração e Ciências Contábeis, concedeu, em janeiro passado, longa entrevista à revista Caros Amigos (orgulhosa de ser A Primeira à Esquerda), com o título “Dívida pública consome metade do Orçamento”, concluindo: “Embora considerada prescrita há anos, a dívida se transformou em mecanismo de transferência dos recursos públicos para o setor financeiro privado”.
Vejamos alguns trechos de suas importantes respostas à revista, cientes de que o nosso orçamento anual, em números redondos, é de R$ 6 trilhões, porquanto o Brasil é a sexta potência mundial e, no entanto, no ano passado, a ONU nos classificou em 84º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Evidentemente, ficamos sofrendo horrores quando nos são tirados R$ 2 trilhões e 637 bilhões para pagamento da dívida interna e U$ 422 bilhões para a externa; somadas, nos levam mais da metade de nossa receita anual.
“Como se pode chamar dívida interna uma dívida que vai direto para a mão de bancos privados estrangeiros? Entre eles estão o Citibank, o JP Morgan, o Barclay’s, o Deutsche Bank, o Royal Bank of Scotland… Temos que continuar usando a classificação interna e externa porque na contabilidade pública está dessa forma, mas é preciso considerar o conjunto, a dívida é pública.”
“No intrigante processo da nossa Independência, tivemos que assumir uma dívida que Portugal contraíra com a Inglaterra!… Mas foi na década de 1970, em plena Ditadura Militar, que começou nossa dívida a ser o que é hoje: assumimos com bancos privados internacionais uma série de empréstimos para a construção de hidrelétricas, siderúrgicas, investimentos de infraestrutura… Começa um período de total falta de transparência; a parte que aparecia era a do tal ‘milagre econômico brasileiro’.”
Em 2010, na CPI da Dívida Pública, realizada na Câmara dos Deputados, M. L. Fattorelli, como assessora técnica, buscou explicações para a origem da dívida: os contratos dos investimentos explicaram menos de 20% dos gastos com a dívida daquela época. E os outros 80%?
“Será que tal montante serviu para os compromissos assumidos com o processo da Ditadura Militar? Quem bancou todos aqueles agentes internacionais que ficavam aqui? Quem bancou aquela estrutura de espionagem, todas as viagens? A Comissão da Verdade poderá incluir, em seus trabalhos, investigação sobre o financiamento da Ditadura.”
O Plano Real
Com o Plano Real, acionado em 1994, “o País abriu para o investimento do estrangeiro na compra de títulos da dívida interna, que paga os maiores juros do mundo. A dívida interna começou a dobrar a cada mês”.
Em 2012, conforme acima apontado, o rombo que as dívidas interna e externa provocaram no nosso Orçamento foi de mais da metade das nossas receitas, malgrado o governo Lula houvesse propagandeado que o Brasil pagara tudo o que devia para o FMI. “Diga-se de passagem, para pagar a dívida com o FMI foram emitidos títulos da dívida interna, que na época pagavam juros de 19,3%. Então, não pagamos a dívida. Ela meramente mudou de mãos, e deixamos de dever ao FMI para dever aos detentores dos títulos da dívida interna.”
“A partir de 2005, o Tesouro Nacional começou a resgatar antecipadamente títulos da dívida externa, e pagando ágio. É inacreditável pagar uma conta antes do vencimento, e ao invés de pedir desconto, pagar ágio.” Não se chama isso incompetência? Aliás, não só. O dístico “incompetência, corrupção, impunidade” permeia, há muito, o nosso meio político.
Significativo exemplo disso, nos últimos 50 anos, foi o retrógrado golpe civil-militar de 1964, que derrubou da Presidência da República João Goulart, jovem advogado, rico fazendeiro progressista, que pretendia realizar importantes reformas básicas no País: agrária, da saúde, educação, transporte, etc. No entanto, foi o presidente eleito confundido como comunista, qualitativo apavorante na época.
Se os golpistas de 1964 tivessem apoiado o governo João Goulart, hoje não estaríamos amargando o 84º lugar no IDH: somos uma nação de 150 milhões de analfabetos; nossa saúde pública é uma das piores do mundo; mais da metade da população paga aluguel, não tendo água encanada/esgoto; o agronegócio não permite a reforma agrária, provocando anualmente cânceres em dezenas de milhares de brasileiros; a violência grassa tão velozmente que parece estar o Brasil disputando com os Estados Unidos o primeiro lugar em matança; o nosso sistema penitenciário é uma tragédia… No setor de transporte, apenas uma comparação: São Paulo, a cidade mais populosa brasileira, e a cidade do México, com 20 milhões de habitantes, iniciaram seus metrôs em 1968; a capital do México tem hoje 200 quilômetros de metrô; São Paulo, 60 quilômetros…
Elio Bolsanello, autor de Breve História Ilustrada de Lênin – Edições Manoel Lisboa
Um dia marcado pela emoção: depois de 10 anos de luta de uma ocupação que enfrentou forte esquema da repressão policial, várias pessoas presas, casas de alvenaria e barracos derrubados com todos os pertences dos moradores, as famílias da Ocupação Mércia de Albuquerque II assinaram o contrato dos 192 apartamentos que serão construídos no bairro de Cajueiro Seco, na cidade de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife.
O ato de assinatura teve a presença de mais de 350 pessoas – famílias inteiras foram participar daquele momento. Na abertura estiveram Osvaldo Souza, representando a Superintendência da Caixa Econômica Federal; Edi Peres, controlador da Cidade de Jaboatão e ex-vice-prefeito; Sérgio Capoeira, da Central dos Movimentos Populares; Paulo André, do Fórum Estadual de Reforma Urbana; Moacir Carneiro Leão, gerente da Secretaria de Habitação, e Serginaldo Quirino, coordenador do MLB. O casal Josefa Ermenegilda e José Antônio, ambos com mais de 65 anos, que enfrentaram muitas dificuldades e são um dos símbolos dessa luta, por dela participarem desde o início, representou o conjunto das famílias ao serem os primeiros a assinar o contrato. O representante da Caixa Econômica, no seu discurso, se comprometeu com o prazo de um ano para a entrega das unidades habitacionais. Palavras de ordem e muita agitação dominaram a todos, que se comprometeram a continuar lutando até a entrega definitiva dos apartamentos.
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