No dia 28 de junho, aconteceu mais uma grande passeata nas ruas de Natal. Cerca de dez mil pessoas foram às ruas para defender um transporte público de qualidade e o passe-livre. A concentração ocorreu na Praça Cívica e, em seguida, passou pela Câmara Municipal, Sindicato das Empresas de Ônibus do Rio Grande do Norte (Seturn) e, por último, pela Prefeitura.
Participaram do ato diversos sindicatos, partidos de esquerda, movimentos sociais e, em sua maioria, a juventude. Palavras de ordem como “Da Copa eu abro mão, quero meu dinheiro pra saúde e educação” marcaram toda a passeata. Foi uma demonstração de indignação contra as injustiças do nosso País e também foi marcado por um espírito de unidade e liberdade para todos que estão na luta.
Em Fortaleza, a primeira manifestação ocorreu no dia de 17 de junho, convocada pelas redes sociais. Sendo organizada em repúdio à dura repressão sofrida pelas passeatas na Capital paulista. Cerca de 500 pessoas se concentraram na Praça da Gentilândia, ao lado do Estádio Presidente Vargas, onde a seleção brasileira de futebol realizou seu primeiro treino antes do jogo contra o México. Os manifestantes caminharam pelas ruas do Centro até o Marina Park Hotel, onde a seleção estava hospedada. O protesto terminou de maneira pacífica.
No dia 19, cerca de 80 mil manifestantes se concentraram no supermercado Makro, na BR-116, e seguiram em passeata rumo à Arena Castelão no intuito de denunciar os gastos exorbitantes promovidos pelos governantes para garantir a Copa das Confederações. Foram impedidos de seguir adiante pelas barreiras promovidas pela Força Nacional de Segurança e da Polícia Militar. Mais de 50 manifestantes foram feridos.
No dia 20, cerca de 30 mil estudantes liderados por suas entidades se concentraram na Praça Portugal rumo à Assembleia Legislativa e, em seguida, ao Palácio da Abolição (sede do Governo Estadual). Eles exigiam redução imediata da tarifa de ônibus dos atuais R$ 2,20 para R$ 2,00; cancelamento imediato das obras do Aquário e da Ponte Estaiada; Reforma Política; criação de um Fundo para obras contra a seca; destinação de 10% do PIB para a educação e 10% para a saúde; aumento salarial para os professores; realização de concurso público para professor efetivo para as Universidades Federais e Estaduais; e entrega imediata de todas as carteiras de estudante 2013. Também se manifestaram contra as remoções e os despejos de comunidades ocasionados pelos megaeventos.
No dia 21, houve a concentração de manifestantes no Centro Cultural Dragão do Mar, por volta das 17h. Essa nova manifestação reivindicou maiores investimentos na área da educação, com o tema “Educação 10”, com a participação de 10 mil pessoas, culminando na Prefeitura. O Paço Municipal se encontrava cercado por 250 guardas municipais e pela tropa do choque, que reprimiram os manifestantes com bombas de gás e balas de borracha. Por volta das 21h, representantes da prefeitura receberam uma comissão de sete manifestantes.
No dia 27, cerca de 800 manifestantes se concentraram na Avenida Dedé Brasil, em frente ao Campus da UECE a partir de 10 horas. O movimento foi ganhando força e prosseguiu rumo à Arena Castelão, contando com cerca de cinco mil participantes. Nesse dia, ocorreu o jogo pela Copa das Confederações entre Espanha e Itália. Este ato, em especial, contou com a participação de vários segmentos sociais, entre eles estudantes, professores, policiais, enfermeiros, motoristas de ônibus, entidades estudantis, sindicatos, agricultores vítimas da seca, movimentos sociais que lutam por terra e moradia, além de partidos políticos.
Por volta das 13h, começou a violência policial com balas de borracha, bombas de efeito moral, gás lacrimogênio e um canhão supersônico, que emite um som ensurdecedor, provocando danos à audição e náuseas, deixando as pessoas em estado de desorientação. Os manifestantes resistiram com muita coragem e sem recuar. Nesse ato foram detidas 84 pessoas, sendo 23 adolescentes.
Uma onda de manifestações tomou conta do Brasil, e o Estado do Rio de Janeiro registrou as maiores passeatas desse movimento. No dia 17 de junho, mais de 100 mil pessoas contra os aumentos nas tarifas dos transportes públicos.
Vendo o enorme crescimento do movimento, o governador e o prefeito da Capital resolveram atender a reivindicação da passeata. No dia 19, anunciaram a redução das tarifas de metrô, trem, barcas e ônibus. Porém, isso não foi o suficiente para acalmar quem já está cansado de ver o custo de vida só aumentar. No dia seguinte à redução das tarifas, mais de um milhão de pessoas tomaram o Centro da cidade em manifestação exigindo tarifa zero, CPI dos ônibus, mais verba para saúde e educação, contra os leilões de petróleo e contra as privatizações, entre outras bandeiras.
Além dos atos no Centro da Capital, diversos bairros e cidades do Estado fizeram grandes manifestações. Fruto dessas manifestações mais cinco cidades da região metropolitana também reduziram a tarifa.
Contra a repressão policial
Durante todas as manifestações, viu-se a maneira truculenta com que a Polícia tem reagido. Tiros de fuzil e pistola para o alto, agressões e uso de “armas não letais” são comuns e contra todos que estiverem passando perto da passeata, sem nenhuma distinção e consequência.
Prisões sendo realizadas sem nenhuma prova, como no caso de Caio Brasil, estudante de Engenharia da UFRJ e militante da UJR, que foi preso e permaneceu em um presídio de segurança máxima durante três dias. No dia 25, mais de três mil pessoas participaram da reunião do Fórum de Lutas Contra o Aumento das Passagens e aprovaram a realização de novos atos e de que a luta continuará. Não basta reduzir as tarifas, precisa sair do bolso dos empresários de ônibus e não dos cofres públicos como querem os governantes. A luta segue também contra as privatizações, contra a repressão policial e pela anulação dos processos contra os manifestantes.
Os atos pela redução das passagens em Pernambuco movimentaram diversas cidades do Estado, em especial na Capital, Recife. No Sertão, a famosa ponte que liga as cidades de Petrolina e Juazeiro (na Bahia) parou as duas cidades; em Caruaru, mais de cinco mil pessoas foram às ruas.
No Recife, desde o dia 20, milhares de pessoas ocupam as principais avenidas. Com a justificativa da eterna “proteção”, a Polícia colocou nas ruas um arsenal de guerra, com cavalaria, cachorros, guarda municipal, batalhão de operações especiais, carros, jipes, motos, helicópteros.
Tudo à disposição para um enfrentamento, que certamente é desigual. Mesmo assim, cerca de três mil manifestantes saíram às ruas no último dia 26, com o objetivo de entregar uma pauta ao governador. Todos seguiram para o Centro de Convenção, onde está funcionando a sede provisória do Governo. Além os cartazes, faixas e caras pintadas, muitas bandeiras de sindicatos, entidades estudantis e de movimentos sociais foram erguidas.
Pouco diálogo e muita repressão
Uma dessas bandeiras era a do DCE-Fafire (Faculdade de Filosofia do Recife), erguida por sua presidente, a estudante de Biologia de 19 anos, Crislayne Maria da Silva. Cris, conhecida liderança estudantil, passou toda a manifestação à frente da marcha, com um megafone na mão, levantando palavras de ordens e ajudando na organização. Por volta das 19h, quando houve a dispersão do ato, foi presa quando voltava para casa com um grupo de cerca de 50 pessoas. Todos foram revistados e foi nada encontrado. Mesmo assim, a estudante foi cercada por mais de 20 policiais e, apesar de muito protesto e resistência dos presentes, a prisão foi efetuada.
Cris foi levada para diversos lugares: primeiro para o posto da PM no Hospital da Restauração, depois para a Delegacia de Menores; na madrugada, para a Delegacia do Bairro de Santo Amaro, às 06h da manhã para o IML e, em seguida, para a Colônia Penal Feminina Bom Pastor. Os manifestantes que acompanharam esta verdadeira saga também foram ameaçados de prisão. Imediatamente uma rede de aliados foi construída (OAB, sindicatos, entidades estudantis, professores, movimentos religiosos e centenas de estudantes). Um grupo de advogados entrou com o pedido de habeas-corpus.
A liberdade de Cris se deu por volta das 15h do dia 27, quando familiares amigos e manifestantes esperavam, em vigília, sua soltura. A seguir entrevista da líder estudantil Cris Maria ao jornal A Verdade.
A Verdade – Como foi sua prisão? Cris da Silva – Quatro policiais abordaram nosso grupo, que seguia pacificamente pela Avenida Conselheiro Aguiar, e começaram a revistar a bolsa de todos e pediram que eu pegasse uma mochila que estava aberta no chão. Logo em seguida, sem diálogo, anunciaram que eu estava presa. Os outros manifestantes não aceitaram, pois era um absurdo o que estava acontecendo. Fui encaminhada à GPCA (Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente), onde a tal mochila já não existia mais. No lugar dela, eles estavam com uma sacola plástica contendo um refil para carregar isqueiro e fogos de artifício.
O delegado achou um absurdo aquela situação, e só então me perguntaram nome e idade. Respondi e fui encaminhada à Delegacia da Mulher e posteriormente, por volta das 18h, à Delegacia de Santo Amaro. Só fui ouvida às 04h da manhã. Antes mesmo de me ouvir, a delegada anunciou que eu só sairia de lá após pagar fiança de cinco mil reais.
Quais lições você tira deste processo?
Um governador que se recusa a ouvir o povo, que se esconde atrás da Polícia e reprime as manifestações populares não representa os interesses de ninguém, a não ser seus interesses e dos demais poderosos a sua volta! Tudo que passei me motiva ainda mais a estar nas ruas lutando por uma sociedade mais justa. Foi como uma prova que só fortaleceu a convicção daquilo que eu defendo, que é um governo do povo para o povo!
A explosão de manifestações ocorridas em todo o Brasil também teve profundas repercussões em Minas Gerais, em particular Belo Horizonte. Diferente do aconteceu em outros estados, o maior alvo dos protestos foi a Fifa e os Governos Federal, Estadual e Municipal.
A primeira jornada de manifestações aconteceu no dia 15 de junho, reunindo oito mil pessoas, que fizeram uma passeata da Praça da Savassi até a Praça Sete, tendo à frente o Copac (Comitê Popular dos Atingidos pela Copa), o Movimento Fora Lacerda e a União da Juventude Rebelião (UJR).
A segunda manifestação ocorreu no dia 17 e reuniu cerca de 30 mil pessoas. Neste ato, foi visível a presença de grupos de direita, de pessoas ligadas ao PSDB, de skinheads, de P2s, grupos militares de extrema direita com o objetivo de atacar os partidos de esquerda e as organizações populares. Ao final desse ato, um provocador infiltrado rasgou uma bandeira do MLB, demonstrando a clara intenção de intimidar as lideranças populares.
Ganhar as massas para as ideias avançadas
A partir daí, uma assembleia popular horizontal, organizada pelo Copac, reuniu milhares de pessoas debaixo do Viaduto Santa Tereza. Na primeira assembleia, muitas pessoas defenderam a retirada das bandeiras de partidos de esquerda das manifestações, mas a maioria rechaçou esta posição, por se tratar de posição antidemocrática, defendida, inclusive, pela direita e seus meios de comunicação. Fez-se um grande e rico debate sobre a necessidade de todos defenderem as bandeiras vermelhas e combater os fascistas, num entendimento de que os partidos que estavam nos atos não eram governistas, bem como da necessidade de conversar com os milhares de manifestantes para esclarecê-los, ou seja, disputar suas consciências.
Essa luta política aberta modificou radicalmente a organização e a condução das manifestações seguintes. Deu um rumo às mobilizações e garantiu a vitória da unidade. Nesse mesmo dia, após a assembleia, todos comprovaram que grupos de provocadores, fascistas e oportunistas de direita depredavam o prédio da Prefeitura de Belo Horizonte para responsabilizar o movimento social organizado. Sem nenhuma presença policial no Centro de BH, quebra-quebra e saques seguiram-se pela madrugada, reforçando ainda mais o sentimento de que as manifestações deveriam ser comandadas pelas organizações políticas e lideranças populares que se reúnem em torno do Copac.
Uma lição aplicada no ato organizado no dia 20 de junho, que reuniu 40 mil pessoas. Centenas de infiltrados provocavam os militantes dos partidos de esquerda, insuflavam as pessoas a agredir os que estavam com bandeiras vermelhas. Um grupo de 30 skinheads neonazistas armados investiu sobre os partidos, mas foram rechaçados por anarquistas, comunistas, militantes populares e todos os que condenavam o fascismo.
A repercussão foi tão grande que a edição do dia 21 de junho do jornal Estado de Minas, comentando sobre a presença dos partidos nas manifestações o jornal reconheceu a firmeza dos militantes do PCR, descrevendo-o como “uma organização de esquerda muito forte no movimento estudantil”, por não ter se intimidado, respondendo “bandeiras na mão, liberdade de expressão”.
Uma nova assembleia do Copac atraiu uma presença ainda maior de pessoas, consolidando-se como núcleo de aglutinação de forças, fortalecendo as decisões anteriores e avançando nos preparativos para o ato do dia 20, dia do jogo entre México e Japão pela Copa das Confederações, no Mineirão, quando 200 mil pessoas participaram da maior manifestação da história de Belo Horizonte. As bandeiras vermelhas tremulando, todos os movimentos sociais e organizações políticas de esquerda presentes. Grande unidade popular. O verde e amarelo predominava, mas todas as cores estavam presentes. A resposta do Governo foi reprimir violentamente os manifestantes. Outras 100 mil pessoas participaram do ato no dia 26 de junho, dia do jogo entre Brasil e Uruguai. Na véspera, o governador Antônio Anastasia pediu reunião de urgência com os presentes do Copac. Uma comissão de dez pessoas se reuniu com o governador, entre elas, Gladson Reis, da AMES-BH e da UJR, e Leonardo Péricles, do MLB. Apesar da ampla divulgação dada pelo Governo, nenhum acordo foi assinado e foi exigido que a PM não infiltrasse provocadores no meio dos manifestantes.
Diferente do que ocorreu em vários lugares, em Belo Horizonte conseguiu-se vencer os oportunistas de todo tipo, sabendo enfrentar as adversidades com unidade popular e combatividade, respeitando a amplitude e diversidade, mas sem se descaracterizar sua política de enfrentamento às políticas conservadoras e neoliberais dos governos constituídos.
No início de maio, enquanto o roqueiro conservador (?) Lobão atraía os holofotes da grande mídia pelo lançamento de seu livro ultrarreacionário Manifesto do Nada na Terra do Nunca, ganhando capas de revistas e espaço em diversos noticiários, estreava nos cinemas o filme Somos Tão Jovens, do diretor Antônio Carlos da Fontoura, que conta parte da juventude de Renato Russo e o surgimento da banda Legião Urbana.
Só que mais curiosa que a quase sobreposição dessas datas (o filme estreou no dia 3 de maio e o livro foi lançado no dia 6) foi a resposta do público e da mídia aos dois eventos. Enquanto Lobão busca se afirmar a todo custo no campo extramusical, criando polêmicas e regurgitando na imprensa ressentimentos típicos de um pequeno-burguês fracassado, o filme de Renato Russo levou mais de um milhão de espectadores aos cinemas somente nos dez primeiros dias de exibição.
Embora a grande mídia tente apresentar o pseudorrevoltado Lobão como um exemplo para a juventude brasileira, insatisfeita com a situação econômica, política e social do País, a reação do público mostrou, mais uma vez, que as músicas e o mito criados em torno da figura de Renato Russo já conquistaram uma nova geração de brasileiros e brasileiras que se reconhecem mais nas letras de Renato, falecido em 1996, do que nas excentricidades raivosas e direitistas de uma múmia que a mídia insiste em tentar emplacar.
Também pudera: em seu livro Lobão ataca o comunismo, a Comissão da Verdade, a esquerda em geral e afirma que Che Guevara é “um dos maiores e inquestionáveis assassinos do século 20”. O perfeito idiota útil que a direita precisa para dar expressão ao que ela não pode sustentar abertamente.
Já o filme sobre Renato Russo, fazendo um recorte que cobre desde a rara doença óssea que o deixou paralítico aos 15 anos de idade até o primeiro show da Legião Urbana fora de Brasília, reconstitui o ambiente em que o jovem compositor escreveu os primeiros grandes sucessos da banda, como Ainda É Cedo, Que País É Esse?, Eu Sei e Faroeste Caboclo, entre outros.
Somos Tão Jovens revela vários conflitos de Renato, um jovem de classe média de Brasília vivendo nos anos finais da Ditadura Militar. Num período em que o punk surgia não apenas como música, mas também como uma atitude de contestação política e cultural da juventude ao capitalismo, Renato abraçou o movimento e bebeu de suas influências, formando-se enquanto músico de poucos acordes e crítico da ordem vigente. Cenas como as que mostram Renato e seus amigos fazendo pichações em muros ou quando um membro de sua banda ensaiava com uma camisa da União Soviética (CCCP) reforçam o clima de contestação da época.
Embora não seja uma grande produção, o filme não deixa de ser uma boa opção para conhecer um pouco mais do início da carreira do compositor que continua, mesmo 17 anos após a sua morte, conquistando novas gerações de brasileiros unicamente pela força de sua música. Bem ao contrário de Lobão, que, se lançou alguma música nos últimos anos, não foi por ela que recebeu a atenção da grande mídia.
O rap é uma importante forma de expressão dos moradores das regiões mais pobres das grandes metrópoles brasileiras, que, constantemente, sofrem com os abusos da polícia, do tráfico de drogas, com a falta de infraestrutura e de perspectiva de vida. É nesse contexto que, entre muitas outras formas de manifestação, encaixa-se o rap, palavra que vem das iniciais de rhythm and poetry (ritmo e poesia, em inglês.). O ritmo surgiu nos Estados Unidos, em meados da década de 1970, e chegou ao Brasil no início dos anos 1980.
Jailson Davi, de Olinda, Pernambuco, conhecido no movimento hip-hop como MC Demo, considera que o rap não é só movimento musical destinado ao entretenimento, mas um instrumento de luta por melhores condições de vida das pessoas que são deixadas à margem da sociedade pelo capitalismo. “O rap deve ser um instrumento de luta e de propaganda da necessidade de grandes transformações sociais por meio de uma revolução socialista. Como mostram as músicas O Povo no Poder e Coração Vermelho (ver em: www.soundcloud.com), feitas em parceria com o MC Davi Perez, de Florianópolis.
Por trazer em suas letras mensagens de rebeldia e de contestação das mazelas da sociedade, o rap se tornou um dos estilos musicais mais aceitos pela juventude brasileira. Cientes desse potencial e visando desviar o rap e o movimento hip-hop de sua essência, a burguesia, principal interessada na alienação dos jovens, investe pesado por meio das gravadoras na cooptação dos artistas mais conscientes e importantes do gênero, e incentiva músicas com letras fúteis e distantes da realidade do povo, oferecendo em troca um caminho para o sucesso. Não é à toa que o rap é hoje um dos ritmos que mais crescem no mercado fonográfico, gerando lucros astronômicos.
Mas a resistência está aí, e, como todo movimento popular que surgiu para lutar ao lado do povo, cresce e se populariza cada vez mais. Para MC Demo, “a cada música de rap que se vende, surgem dezenas para continuar a luta e mostrar, de diferentes pontos de vista, que existe a luta de classes na sociedade e defender um mundo novo de justiça social”.
No 1º de junho, uma série de atos exigiram a saída imediata das tropas da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) e o fim da intervenção estrangeira no país. A seguir o manifesto das entidades democráticas da República Dominicana denunciando as constantes agressões das tropas da ONU ao povo haitiano.
Há exatamente nove anos, em 1º de junho de 2004, as tropas militares da Minustah, a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti, invadiam este país irmão sob o pretexto de uma suposta “estabilização”, que nunca chegou. Tudo ao contrário!
Em lugar de melhorar a situação gerada pelo golpe de Estado de 2004, a Minustah aumentou os níveis de violência contra um povo despojado de todos seus direitos, debaixo da opressão de um sistema baseado no trabalho semiescravo, do desemprego de 70% da população economicamente ativa e dos salários subumanos.
Ao invés de promover a paz, as tropas da ONU cometem violações sistemáticas dos direitos humanos essenciais da população e importaram o cólera, doença que, até agora, deixou mais oito mil mortos e de 600 mil enfermos. Expressamos nossa especial indignação frente à atitude da ONU, que preferiu evocar a imunidade de suas tropas a fim de rechaçar qualquer indenização às famílias das vítimas diretas e da reparação dos imensos danos causados ao País.
Por onde se olha, é inconcebível sustentar que a Minustah – militares e policiais que provêm, em sua maioria, da Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, El Salvador, Guatemala, Paraguai, Peru, Uruguai – devem permanecer no Haiti.
Em 2011, o Senado haitiano votou, por unanimidade, pela retirada das tropas da Minustah para o ano de 2012. Os ministros da Defesa dos países da Unasur apontaram a necessidade de reduzir a presença de suas tropas e estabelecer um plano de retirada em junho de 2012, mesmo que este compromisso tenha ficado apenas em palavras. As organizações haitianas realizaram inúmeras manifestações massivas contra a presença da Minustah, incluindo funerais simbólicos em Petite Riviére de l’Artibonite e Porto Príncipe, em outubro de 2011. Ações judiciais estão em curso contra a ONU pela introdução do cólera, e um conjunto de associações chamado Kolektifòganizasyon pou dedomajeviktimkolerayo trabalha sem descanso para fazer justiça sobre o caso.
A Minustah, lamentavelmente, fracassou em relação aos objetivos estabelecidos pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Ou melhor: o único objetivo que cumpriu foi o de ocupar militarmente o País a serviço dos interesses que não são os do irmão povo haitiano. Sua presença responde a uma política que priva a população de sua cidadania, seus serviços públicos, sua terra, seus bens naturais. O Haiti não deve ser mais um laboratório da economia e da “segurança” neoliberal, políticas que geraram ainda a dívida, uma arma adicional contra os povos, como vemos em toda a América, o Sul do Globo e agora também na Europa.
Haiti não necessita de tropas militares nem da Minustah nem de nenhum outro país!
Haiti necessita do reconhecimento de sua dignidade, seu potencial e direito à autodeterminação, como todo povo!
Necessita que lhe tirem de cima as mãos e botas que o dominam. Necessita de médicos, sanitaristas, educadores, engenheiros, técnicos, todos eles a serviço da reconstrução que o povo haitiano reclama, um povo historicamente dizimado, mas que conserva a dignidade de ser o primeiro país livre e antiescravista da Nossa América.
Por tudo isto, neste 1º de junho, convocamos a nos mobilizarmos para exigir:
– Retirada imediata da Minustah e todas as tropas militares do território haitiano;
– Fim da ocupação econômica e do saque, incluindo a supressão dos acordos de livre comércio;
– Reconhecimento dos crimes cometidos pela Minustah, incluindo a introdução do cólera, a punição aos responsáveis e a indenização das vítimas;
– Restituição e reparação da dívida histórica, financeira, social e ecológica que se deve ao povo do Haiti;
Movimento de Trabalhadores Independente (MTI) Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) Corrente do Magistério Juan Pablo Duarte Juventude Caribe Frente Estudantil Flavio Suero (Feflas) Fórum Social Alternativo (FSA) Frente Universitária Renovadora (FUR) Frente Ampla (FA)
Cris, a estudante que foi presa durante as manifestações no Recife está no Parlatório. Ela é presidente do DCE da FAFIRE e nos conta detalhes do ocorrido e como foi tratada durante o tempo que permaneceu na Colônia Penal Feminina.
O assassinato do menino boliviano de 5 anos, Brayan Yanarico Capcha, deixa claro a situação de segregação social e violações de direitos enfrentadas por esses imigrantes que, muitas vezes, chegam de forma ilegal ao Brasil.
Brayan foi morto, na região de São Matheus, zona Leste de São Paulo, durante um assalto à casa em que morava com a família e outros bolivianos, na última sexta-feira, dia 28 de junho.
Familiares relatam que o menino foi baleado pois chorava muito. Quatro suspeitos já foram presos. A família do menino estava no Brasil havia apenas seis meses e trabalhavam em uma oficina de costura.
A comunidade boliviana na cidade de São Paulo realizou um ato, no centro da cidade, no dia 1º de julho. Logo no dia seguinte a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, convocou uma reunião extraordinária para discutir ações de proteção aos estrangeiros no Brasil. O assassinato abre uma discussão sobre os direitos dos imigrantes no Brasil.
Um golpe de Estado organizado pelo Exército egípcio derrubou o presidente Mohamed Morsi, suspendeu a Constituição, dissolveu o Parlamento e nomeou para presidente interino Adly Mansour, presidente do Supremo Tribunal Constitucional. O anúncio da decisão foi feito num mensagem televisiva do chefe do Exército, rodeado de líderes religiosos, jovens do movimento Tamarrod e Mohamed El Baradei.
Mais uma vez, o as Forças Armadas realizam um golpe no Egito. No dia 03 de julho, tanques ocuparam as ruas e pontes do Cairo e foi decretada a prisão do presidente Mohamed Morsi e de vários de seus colaboradores.
Abdel Fatah al Sisi, chefe do Exército, fez o anúncio oficial, rodeado por Ahmed al Taayeb, xeique da instituição islâmica Al Azhar, pelo papa da igreja copta, Teodoro II, pelo prémio Nobel da Paz, Mohamed El Baradei.
O presidente interino, Adly Mansour tomou posse e dirigirá um governo de gestão e de coligação, que irá preparar eleições presidenciais e legislativas. Será constituído um comitê de especialistas para emendar os artigos mais polêmicos da Constituição.
Morsi está refugiado numa mesquita do Cairo e impedido de sair do País, assim como as principais figuras da Irmandade Muçulmana. Morsi afirmou que “não aceitará nunca renunciar de forma humilhante à sua pátria, à sua legitimidade e à sua religião”, mas apelou aos membros da Irmandade que não lutem, apesar de, segundo ele, lhes terem “roubado a revolução” e garante que continua a ser o presidente do Egito.
Na Praça Tahrir e junto ao palácio presidencial juntaram-se centenas de milhares de pessoas que festejaram o derrube de Morsi.
Os militares afirmam que o seu objetivo foi proteger os manifestantes, mas depois de terem ficado por mais de três décadas no poder, muitos desconfiam desse objetivo. O fato é que as Forças Armadas egípcias, com forte vinculação com os serviços de inteligência dos Estados Unidos, nunca saíram no poder e a maior prova é a de ter em menos de 24 horas realizado o golpe militar.
Para fornecer as melhores experiências, usamos tecnologias como cookies para armazenar e/ou acessar informações do dispositivo. O consentimento para essas tecnologias nos permitirá processar dados como comportamento de navegação ou IDs exclusivos neste site. Não consentir ou retirar o consentimento pode afetar negativamente certos recursos e funções. Nós repeitamos a LGPD.
Funcional
Sempre ativo
O armazenamento ou acesso técnico é estritamente necessário para a finalidade legítima de permitir a utilização de um serviço específico explicitamente solicitado pelo assinante ou utilizador, ou com a finalidade exclusiva de efetuar a transmissão de uma comunicação através de uma rede de comunicações eletrónicas.
Preferências
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para o propósito legítimo de armazenar preferências que não são solicitadas pelo assinante ou usuário.
Estatísticas
O armazenamento ou acesso técnico que é usado exclusivamente para fins estatísticos.O armazenamento técnico ou acesso que é usado exclusivamente para fins estatísticos anônimos. Sem uma intimação, conformidade voluntária por parte de seu provedor de serviços de Internet ou registros adicionais de terceiros, as informações armazenadas ou recuperadas apenas para esse fim geralmente não podem ser usadas para identificá-lo.
Marketing
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para criar perfis de usuário para enviar publicidade ou para rastrear o usuário em um site ou em vários sites para fins de marketing semelhantes.