O jornal A Verdade tem o prazer de agradecer a todos os leitores e colaboradores que adquiriram a rifa de apoio à nossa publicação, que correu no último dia 29 de maio. O número sorteado foi 3521 e saiu para o Estado da Paraíba.
A imprensa alternativa, socialista, só pode se sustentar e ampliar seu poder de intervenção na sociedade se contar com uma permanente rede de pessoas comprometidas com esta causa. Por isso, aproveitamos esta oportunidade para também convidar a todos a se engajar mais e mais conosco. A adquirir sua assinatura, a mensalmente se responsabilizar por uma quota pessoal de venda do jornal, a participar de nossas brigadas e agitações públicas e mesmo a escrever em nossas páginas suas opiniões e denúncias sobre a realidade do povo brasileiro.
Mais uma vez, obrigado a todos! Sigamos firmes neste caminho! E vamos preparar a festa dos 14 anos de A Verdade!
As gigantescas manifestações que levaram às ruas do Rio de Janeiro milhares de pessoas no mês passado conquistaram a importante vitória da redução do preço das tarifas de ônibus, trem, metrô e barcas, além de terem incentivado centenas de outras mobilizações pelo País.
Para fortalecer e politizar essas lutas, ao longo do mês, o jornal A Verdade foi levado aos trens da Central do Brasil por meio de brigadas que convocavam a população a participarem das passeatas e denunciavam as tentativas de manipulação das manifestações por parte dos grandes meios de comunicação.
De vagão em vagão, temas como inflação, gastos com a Copa e problemas na saúde e educação foram debatidos com as pessoas, que sempre demonstravam grande atenção e apoio à agitação feita pelos brigadistas do jornal. Como resultado, nenhuma brigada, que durava cerca de uma hora, vendia menos de 80 jornais.
A aceitação do jornal e o interesse das pessoas pelas discussões políticas têm crescido, o que nos deve levar a aumentar o trabalho de propaganda e venda de A Verdade, como forma de influenciar a luta dos trabalhadores e da juventude e crescer sua organização revolucionária.
Novas brigadas continuarão acontecendo, e as plenárias de A Verdade serão retomadas na capital e na Baixada Fluminense.
Na Capital do Pará, uma marcha em solidariedade às manifestações que estavam acontecendo em São Paulo levou mais de 13 mil pessoas à Avenida Almirante Barroso, principal via de acesso da cidade, no dia 17 de junho. Além da solidariedade, os manifestantes definiram como principais pautas do movimento a redução da tarifa e o passe-livre para os estudantes.
O movimento assumiu formas de uma verdadeira guerra urbana na segunda marcha, realizada no dia 20, que se dirigiu ao prédio da Prefeitura, com mais de 10 mil pessoas exigindo que o prefeito recebesse representantes do movimento. A tropa de choque e a cavalaria entraram em ação, arremessando bombas de efeito moral contra a multidão pacífica que se encontrava no local. Por conta dos gases lançados, a agente de limpeza Cleonice Vieira, de 51 anos, que se encontrava em seu local de trabalho, teve seis paradas cardíacas provocadas pelo gás lacrimogênio e veio a falecer em um Pronto Socorro. Ela era mãe de três filhos.
O movimento então entregou uma pauta contendo os seguintes pontos: redução da tarifa de R$ 2,20 para R$ 2,00; congelamento da tarifa por dois anos; passe-livre para estudantes e desempregados; e efetivação de lei do passe-livre aos domingos, suspensa através de liminar concedida em favor dos empresários do transporte público da cidade.
A pauta foi recebida pelo assessor do prefeito, Wolfgang Endemann, exonerado dois dias depois por conta da péssima repercussão gerada por declarações fascistas postadas nas redes sociais onde afirmou: “Morte aos petralhas e comunistas. Nós deveríamos matar todo o resto dos comunistas. (…) Vou caçar esses FDP”.
As manifestações continuam com força e, no dia 26, mais cinco mil pessoas voltaram às ruas. Chamam atenção as palavras de ordem criticando a imprensa: “O povo não é bobo! Abaixo a Rede Globo” e “Mídia fascista e sensacionalista”, num grande descontentamento com as coberturas tendenciosas feitas pelos grandes veículos de comunicação. Apesar da resistência do movimento, o prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) tem se negado a atender ao pedido de redução da tarifa como tem ocorrido em todo o País.
Após 1 ano e 7 meses tentando negociar melhores condições de trabalho e salários com os donos da empresa ECEL, contratada pela CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais) que atua na região de Ipatinga/Vale do Aço, quase a totalidade dos mais de 100 trabalhadores decidiram cruzar os braços e voltar a trabalhar somente quando alguns anseios inadiáveis forem atendidos.
A empresa não paga as horas-extras dos trabalhadores. Quando os serviços acumulam, ela paga os trabalhadores apenas a produtividade, desconsiderando o tempo de prorrogação da jornada de trabalho. Os trabalhadores também acham um absurdo receberem por produtividade, pois trabalham em atividade de risco e atrelar o salário à quantidade de serviços executados é uma ação criminosa e imoral da empresa. Os trabalhadores tem que produzir na correria, o que aumenta os riscos de acidente.
A empresa também não paga o tíquete alimentação há 15 dias. Os salários são irrisórios: a maioria dos trabalhadores recebe salário mínimo, 4 a 6 vezes menos do que um eletricista do quadro próprio da CEMIG.
Alguns companheiros estão sofrendo assédio moral na empresa e os trabalhadores, de maneira solidária e comovente, colocaram este como um dos principais itens da pauta.
Hoje (19) pela manhã esses eletricitários se reuniram na portaria da CEMIG e protestaram, impedindo a saída dos veículos. Depois, entraram em contato com órgãos de imprensa local e deram entrevistas, saindo em seguida pelas ruas da cidade panfletando e denunciando suas mazelas.
O mais surpreendente é que essa greve está ocorrendo quase que de maneira isolada pelos trabalhadores, apenas com apoio do Sindieletro – Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais, que não detém a representação legal dos terceirizados, mas entende que esses trabalhadores fazem parte da mesma categoria. Os trabalhadores também reivindicam que a empresa reconheça a representação do Sindieletro.
A ECEL se reuniu com advogados e pretende impetrar ações para prejudicar os grevistas, mas os trabalhadores estão dispostos a continuar a greve na semana que vem, até a vitória!
“Se a ECEL não pagar, a luz vai acabar”, é o grito de ordem.
As manifestações que tomaram conta do Brasil em junho passado, entraram por julho e suas repercussões se farão sentir por um período muito maior. Milhões de pessoas foram às ruas para lutar pelos seus direitos e contra os absurdos gastos com a Copa do Mundo no Brasil. Tudo começou contra o aumento das passagens e a luta pelo passe livre, enfim as ruas estavam tomadas por uma pauta de reivindicações extensa e diversa!
Na Turquia, uma luta contra a demolição do Parque Taksim Gezi se transformou numa enorme luta contra o governo Erdogan e pelos direitos fundamentais do povo turco. As manifestações se ampliaram por toda a Turquia e também por vários países que possuem grandes comunidades turcas.
Quais os pontos de convergência destas lutas geograficamente tão distantes? Quais os próximos passos do movimento nascido neste mês de junho? Qual o papel da juventude nesta conjuntura?
Debate organizado pela Ujr Brasil e pelo Jornal A Verdade com:
Nuray Sancar – Partido do Trabalho da Turquia (EMEP) Marcelo Buzetto – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) Representante da União da Juventude Rebelião (UJR)
Data e hora: 22 de julho (segunda-feira), às 19hs Local: Sede do Sindicato dos Jornalistas – Rua Rego Freitas, 530 – Sobreloja – Vila Buarque – SP
Os trabalhadores responderam ao chamado das centrais e ocuparam o centro do Rio de Janeiro no dia 11 de janeiro. O palco da manifestação foi a Av. Rio Branco, tomada de bandeiras, professores, estudantes, trabalhadores em telecomunicações, servidores públicos federais, estaduais e municipais; operários da construção civil, metalúrgica e naval; petroleiros, bancários e trabalhadores que aderiram na saída do trabalho.
Após as jornadas no mês de junho que movimentaram o país de norte a sul, conquistando a redução das passagens em mais de 50 cidades e colocando em pauta no Congresso Nacional o passe livre nacional, os trabalhadores, contagiados pelo entusiasmo da juventude que foi às ruas, relembrando as jornadas de maio de 68 do século passado, na França, não podiam ficar de fora.
Às 15 horas, a Praça da Candelária já estava lotada. De todas as partes da cidade chegavam os construtores das riquezas. Logo no início da manifestação, o primeiro enfrentamento com a tropa de choque, policias tentaram levar preso um manifestante, mas foram impedidos pela pressão popular.
A passeata correu tranquila, até a altura da Av. Almirante Barrosos com Rio Branco, quando mais uma vez outro confronto iniciou-se com a tropa de choque e uma chuva de bombas de gás lacrimogêneo caiu sobre os manifestantes e as ruas do Centro do Rio. Chegando à Cinelândia outro enfrentamento e mais uma vez o Centro do Rio de Janeiro foi cena de uma batalha entre manifestantes e policia.
No entanto, os enfrentamentos não ficaram restritos ao centro da cidade. Outra manifestação marcada para o final da marcha das centrais saiu do Largo do Machado até o Palácio Guanabara e o confronto foi generalizado. O despreparo e a violência policiais é tão grande que a tropa de choque atirou uma dessas bombas em um hospital nas imediações do palácio do governo. Da mesma forma que no Centro, as ruas de Laranjeiras e Botafogo ficaram cobertas de fumaça de gás, sufocando os moradores e transeuntes, vindo um deles a falecer este dia.
Para os militantes do Movimento Luta de Classes – MLC, o dia 11 cumpriu um papel fundamental, demonstrando a necessidade urgente de ter oposições fortes e com um consistente trabalho de bases visto que as centrais foram obrigadas a um grande esforço para colocar os trabalhadores nas ruas.
Candidato pela chapa de oposição ao Sindpd-RJ, Marcos Villela disse: “O dia de hoje mostrou como nosso sindicato está distante e afastado das aspirações e necessidades da categoria. Nenhuma empresa foi paralisada e pouquíssimos trabalhadores em TI vieram para rua. Vamos retomar nosso sindicato para a categoria e, com certeza, iremos ocupar nosso lugar nas ruas do Rio de Janeiro, na luta com os companheiros de outras categorias”.
Já Victor Madeira, diretor da CONDSEF, afirmou: “As centrais mostraram estar, em parte, desconectadas das reivindicações. Nossa principal bandeira hoje no serviço público é a imediata revogação da Reforma da Previdência”. Diego Ramos, petroleiro e membro do Sindipetro-RJ, deixa um sinal claro para o governo -“Para nossa categoria hoje foi um dia importante. Aprovamos e realizamos 24h de greve e furamos o bloqueio da mídia com relação à luta contra os leilões do petróleo; ou o governo para os leilões ou vamos parar o Brasil”. Na área de telecomunicações os trabalhadores da rede externa pararam, foram mais de 1.500 de braços cruzados. Mas, de acordo com Rêneo Augusto, diretor do Sinttel-RJ, “Os operadores de telemarketing após as panfletagens estavam na disposição e alguns vieram para rua. Vamos avançar para construir uma grande campanha salarial. Um novo tempo chegou”.
Gabriela Gonçalves, diretora do Sindicato Estadual dos Trabalhadores de Ensino, SEPE-RJ, após participar de assembleia com aproximadamente 2.500 pessoas, que saíram dali e foram para rua, foi enfática -“Paramos escolas que nunca tinham aderido às greves e paralisações. Vamos avançar nas conquistas. Nenhum governo ou qualquer força pode deter o movimento de massas ascendente como estávamos vivendo e ajudando a construir”. E o presidente do Sintnaval-RJ, Carlos Roberto Maria, o Formigão, afirmou – “Eles disseram que a história tinha acabado, que os trabalhadores não precisavam e nem queriam mais lutar. Pode ter certeza que hoje à noite os jornais burgueses vão tentar desqualificar nossa mobilização. Só demos o primeiro passo. Nos aguardem, vamos para rua, vamos parar o Brasil pelos nossos direitos economicos e políticos. Estas lutas estão temperando a classe operária e o povo para luta pelo Socialismo”.
Com essa disposição demonstrada pelos militantes do MLC em organizar as categorias que atuam e de convocá-las para a luta, as próximas manifestações serão ainda mais combativas. Para ajudar a esse trabalho, o Movimento Luta de Classes convocou todos os seus militantes e aos trabalhadores a participar do debate promovido pelo jornal A Verdade no auditório do Sintrasef. Um novo tempo chegou e o Brasil, nas últimas semanas, se tornou a pátria das manifestações.
Vanieverton Anselmo, membro da Coordenação Nacional do MLC
Um ano depois da nomeação da Comissão Nacional da Verdade (CNV), a sociedade brasileira, em particular as pessoas que sempre estiveram presentes nesta luta, se pergunta quais rumos serão tomados a partir de agora.
O prazo da Comissão já está mais perto do fim do que do início. Dos sete membros, dois estão afastados, um por doença e outro por divergências internas; um terceiro nunca aparece, e os conflitos entre os quatro que sobram ganham espaço na imprensa, que, diga-se de passagem, tem pouco interesse de que a verdade seja mesmo revelada, já que boa parte dela colaborou de alguma forma com a Ditadura.
Com um trabalho realizado sem a participação dos protagonistas dessa história, impedidos de atuar para garantir uma suposta “neutralidade” e com pouca transparência sobre a metodologia que está sendo utilizada no andamento dos trabalhos, a dúvida sobre o que, de fato, poderá ser apurado até o final de 2014 e apresentado à sociedade começa a afligir os militantes desta causa.
Mas os lutadores pelo direito à memoria e à justiça não desistem e, depois de muita pressão por parte de ex-presos políticos e familiares de mortos e desaparecidos, alguns membros da Comissão Nacional da Verdade começaram a falar sobre incluir no relatório que será produzido ao término dos trabalhos uma recomendação da Comissão a favor da punição aos torturadores.
Estas declarações demonstraram que a Comissão está, sim, sujeita a mudanças de rumos vindas dos anseios sociais que chegarem a ela. O problema é que, evidentemente, nesta sociedade, não é somente o nosso lado quem faz pressão e, do lado de lá, a força é ainda muito grande. Sem dúvida, Exército, Marinha e Aeronáutica querem tudo, menos que a verdade venha à tona.
A Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos, com a participação da Comissão da Verdade de São Paulo, realizou uma reunião, em 24 de junho, com a Comissão Nacional, onde apresentou seu descontentamento com a falta de transparência dos trabalhos e do comportamento de membros da Comissão que têm dado depoimentos para imprensa de forma irresponsável. Os familiares reclamam da falta de participação nos trabalhos, já que são os responsáveis por todos os avanços de pesquisas realizados até a instalação da Comissão, e solicitaram uma reunião com a presidente Dilma Rousseff.
Só a mobilização popular pode garantir justiça
Frente a todas estas dificuldades, está na hora de nos perguntarmos sobre como podemos dar um passo no caminho da justiça. Uma Comissão criada após tantos anos dos fatos ocorridos os fatos – diferentemente de todas as outras no mundo – e a partir de um acordo que impôs a nomeação de membros que, em sua maioria, não demonstram compromisso profundo com esta luta ou com a obtenção de justiça, já demonstra claramente seus limites.
A Comissão da Verdade de São Paulo realizou no dia 10 de junho uma Audiência Pública para debater a Sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos que condena o Brasil, no que ficou conhecido como “Caso Araguaia”, entre outras coisas, por não punir os torturadores. No evento, foi lançada uma moção por uma campanha nacional pela reinterpretação da Lei da Anistia, entendendo que os crimes cometidos pelo Estado não podem ser passíveis de serem autoanistiados. A Comissão Estadual produziu três mil livros com a sentença para auxiliar no trabalho de divulgação dela e no fortalecimento desta campanha.
Na verdade, somente quando a população conseguir reconhecer que as atrocidades que acontecem hoje – como as torturas e assassinatos, em especial da juventude pobre e negra do nosso País –, são a continuidade de um modo de agir de uma mesma Polícia que se manteve todo o tempo impune, teremos condições de alterar a correlação de forças necessária para que o Estado brasileiro reconheça que não há anistia para crimes de lesa-humanidade, julgue e puna exemplarmente esses violadores dos direitos humanos.
Em resumo, a punição aos torturadores do período da Ditadura precisa ser reconhecida pela população brasileira como uma bandeira justa e levantada nas ruas.
Vemos que o povo na rua tem reaprendido o caminho, o único possível, para fazer valer sua vontade e a justiça. É, portanto, o momento para levarmos essa bandeira também para as ruas, discutirmos com a população e mostrarmos a justeza de nossa causa.
Nunca, nestes 50 anos depois do golpe militar, o momento foi tão propício para popularizarmos essa luta. O Partido de Manoel Lisboa de Moura, Emmanuel Bezerra dos Santos, Manoel Aleixo, Amaro Luiz de Carvalho e Amaro Félix tem o compromisso histórico de levar para as ruas, em alto mastro e bom som, mais um cartaz: PUNIÇÃO DOS TORTURADORES JÀ!
Vivian Mendes, membro da Comissão da Verdade Rubens Paiva de São Paulo e militante do PCR
A Verdade entrevistou a professora Dra. Viviane Melo de Mendonça, do Departamento de Ciências Humanas e Educação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), sobre o tema homofobia. Na entrevista, ela aponta o sistema capitalista e sua estrutura patriarcal, como principal fator de opressão da homossexualidade, apontando, como solução de enfrentamento, uma política de organização coletiva.
A Verdade – O Brasil é um dos países com maior índice de violência contra homossexuais. Por que? Viviane Melo de Mendonça- Vejo inicialmente que é preciso entender a violência como tipo de linguagem, quero dizer, ela tem um papel na dinâmica cultural da sociedade brasileira. A violência, como expressão, está nas mídias, nas escolas, nas famílias, no Governo, está no espaço público e no espaço doméstico; e enuncia os conflitos do cotidiano e diferencia territórios e grupos sociais. Do mesmo modo, a violência contra homossexuais no Brasil, que se revela no nosso cotidiano, tanto em piadas ridicularizadoras como em assassinatos cruéis, e que coloca o Brasil em uma posição alarmante, está evidentemente nos dizendo que um determinada estrutura social deve ser mantida, e que alguns grupos as querem manter. A estrutura social e econômica a ser mantida “violentamente” é aquela sustentada por um patriarcado sexista e pela heteronormatividade (que é a obrigação da heterossexualidade como padrão de normalidade), e, cabe ressaltar, é a mesma estrutura que produz também as desigualdades sociais. Deste ponto de vista, não há possibilidades de enfrentamento da violência contra homossexuais sem que haja organização política coletiva, visto que esta violência demarca grupos sociais, e não apenas indivíduos, e produz a subalternaidade no campo do desejo, da sexualidade e do gênero. E, como sabemos, a superação de qualquer posição de subalternidade imposta a grupos sociais apenas acontece com ações políticas coletivas.
A violência contra homossexuais é diferente quando se trata de homens e mulheres?
Como falei antes, a violência e, no caso, a violência contra os homossexuais pode ser entendida como linguagem, e, portanto, a homofobia e a lesbofobia são entendidas aqui como um discurso e, como todos discursos, é vivencial, político e ideológico. Ou seja, nenhuma palavra ou conceito é neutro, os discursos são históricos e políticos. Portanto, a homofobia e a lesbofobia são também uma posição política e ideológica, e construída historicamente (penso do mesmo modo a transfobia, que é a violência contra as pessoas transsexuais). Muitas vezes, esta posição não é consciente e faz parte de um processo de alienação das condições concretas, e, muitas vezes, é uma posição consciente daqueles que desejam a manutenção deste modelo de sociedade, que denomina, numa perspectiva feminista, de uma sociedade capitalista patriarcal e heterosexista. Deste ponto de vista, a lesbofobia se diferencia da homofobia – essa entendida aqui, especificamente, como a violência contra gays – primeiramente pela invisibilização da mulher lésbica na história e na sociedade, de seus direitos e especificidades. A lesbofobia acontecesse mais intensamente pela sua invisibilidade; também pode ser representada pelo seu aparecimento (ou visibilidade) como um desejo que é tomado como propriedade dos homens heterossexuais; como se a sexualidade lésbica existisse à serviço do prazer masculino. Significa aqui que a lesbofobia é produto do sexismo, da opressão e violência de gênero, da reprodução do lugar da mulher como objeto e propriedade do mundo masculino. Quando as lésbicas recusam este lugar, a violência lesbofóbica pode se estabelecer em outra ordem, elas podem ser novamente invisibilizadas e não reconhecidas, ou então podem ser colocadas na posição de alguém que necessita de uma “correção” por via de um estupro ou situadas sob a representação de que não foram “possuídas” por um “homem de verdade” (e, por esta razão, são o que são). Por outro lado, também vejo que a homofobia também se fundamenta no sexismo, que se revela nas violências contra todos (e tudo) que se apresentam como “efeminados”.
Há na sociedade uma “naturalização” da heterossexualidade?
No campo da sexualidade há uma norma, e ela é chamada de “heteronormatividade”. A heteronomatividade prevê o que é chamado por alguns autores e autoras de “heterossexualidade compulsória”, que nada mais é que uma normalização da heterossexualidade e uma obrigatoriedade para o desejo heterossexual. A heteronormatividade também produz uma subalternização nesta sociedade do desejo homossexual, que faz da “homossexualidade” uma sexualidade subalterna, que se coloca como inferior, excluída e abjeta. A heteronormatividade pode dar uma ideia de “naturalização” da heterossexualidade, e faz com que as sexualidades que fogem deste padrão sejam vistas como um desvio, ou uma doença ou um pecado. Quando se fala em normalização (ou naturalização) da heterossexualdiade em nossa sociedade não quer dizer que há um silenciamento ou repressão da homossexualidade, pelo contrário, ela é falada e muito falada nos lugares onde é negada ou rejeitada, e é neste muito falar que o desejo e afeto, amor por pessoas do mesmo sexo, são colocados na posição de subalternos; seja por discursos do pecado ou da doença, ou do ridículo (traduzido em piadas). E fundamentado nestes discursos que o preconceito homofóbico/lesbofóbico/transfóbico é produzido.
Por que as travestis e os travestis, assim como as mulheres, são vítimas da exploração sexual e do tráfico de pessoas?
Retomo aqui a ideia de que a homofobia/lesbofobia/transfobia é resultado de uma sociedade capitalista sexista. As mulheres e as mulheres trans em sua maioria são alvo principal de tráfico de pessoas, aqui entendida em seu aspecto de deslocamento de uma pessoa com o objetivo de que exerça coercitivamente a prostituição. Acontece, portanto, a meu ver, outra forma de violência e opressão de gênero, da transformação da sexualidade feminina em mercado e objeto de consumo por vias da violência, que é outro produto do não reconhecimento da “mulher” como sujeito. Mas este é um assunto muito mais complexo e envolve questões sobre exploração do trabalho tendo como base também, além das questões de gênero, as noções de raça/etnia e classe social em nível mundial, e que estão implicadas também nas análises do tráfico internacional de pessoas.
Como essa luta pode se ampliar para atuar em problemas coletivos e a reivindicações de políticas públicas?
Os direitos civis são bandeiras históricas de lutas dos movimentos LGBT, uma luta para se tornarem sujeitos legítimos nesta sociedade. Estas bandeiras também podem ser entendidas como uma estratégia de enfrentamento contra esta mesma sociedade que não os reconhece e os inferioriza como cidadão. Mas, por outro lado, centrar-se unicamente em direitos individuais é uma armadilha, que, ao invés de transformar a estrutura social que os oprime, a reforça e a reproduz. Portanto, parece-me necessário ter clareza de como a estrutura desta sociedade produz o heterosexismo. Entendo que isto deve estar na agenda dos movimentos LGBT, e também este deve ser um dos principais focos de enfrentamento das suas ações coletivas. Parece-me também que o que produz o heterossexismo – que, ao meu ver ,é o capitalismo patriarcal e o sexismo – é o que também produz as desigualdades sociais, o que faz com que a luta dos movimentos LGBT também seja a luta contra todos os tipos de opressão. Em outras palavras, esta politização da sexualidade se torna uma ferramenta de luta contra este heterosexismo, que produz tanto a violência contra a mulher, a discriminação de gênero como o preconceito homofóbico/lesbofóbico/transfóbico que mantém as hierarquias sociais, morais e políticas, visto que se articulam de modo evidente – é só conferir os dados sobre a violência contra homossexuais – com as categorias de classe social e raça/etinia.
Qual mensagem você deixa às/aos leitoras/es de A Verdade?
Gostaria de deixar uma fala de uma intelectual feminista lésbica de origem latino-americana, e que pode nos inspirar na luta por uma sociedade igualitária. O nome dela é Gloria Anzaldua, e ela nos diz em “Falando em Línguas: Uma Carta para as Mulheres Escritoras do Terceiro Mundo”: Não deixem o censor apagar as centelhas, nem mordaças abafar suas vozes. Ponham suas tripas no papel. Não estamos reconciliadas com o opressor que afia seu grito em nosso pesar. Não estamos reconciliadas.
Em Belém, mais de 1.500 pessoas participaram de manifestação referente ao Dia Nacional de Luta da Classe Trabalhadora convocada pelas centrais sindicais de todo o país.
Por volta das 8 horas da manhã as pessoas começaram a se concentrar em frente a sede da prefeitura de Belém onde uma comissão de representantes das centrais sindicais e dos movimentos sociais foi recebida pelo prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB).
Desde o mês de junho a juventude tem ido às ruas exigir, sem sucesso, a redução da tarifa no transporte coletivo da cidade. O prefeito tem se recusado a atender a reivindicação do movimento que se intitulou Belém Livre. Em reunião com as centrais hoje pela manhã, Zenaldo Coutinho prometeu estudar a possibilidade de reduzir a tarifa que hoje é de R$2,20. Raquel Brício, militante da União da Juventude Rebelião, presente na reunião representando os estudantes falou: “Gostaríamos de pedir o congelamento da passagem de ônibus no valor de R$ 2,00 durante dois anos. Eu sei como diminuir isso, é só diminuir o lucro dos empresários. Basta criar uma empresa estatal de transporte público”.
Em passeata os manifestantes seguiram pelas ruas do centro de Belém em direção ao Centro Integrado do Governo na intenção de entregarem uma pauta de reivindicações ao governo do estado. Um ato de repúdio a Rede Globo ainda foi realizado na frente da Tv Liberal (afiliada da Globo no Pará) com palavras de ordem como: “Globo fascista, e sensacionalista” e “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”.
Trabalhadores da Cosanpa (Companhia de Saneamento do Pará) que entraram no 38° dia de greve engrossaram as fileiras da passeata, assim como diversas categorias que paralisaram no dia de hoje atendendo ao chamado das centrais, a exemplo da construção civil, servidores públicos federais, bancários entre outras.
No CIG uma comissão foi recebida por representantes do governo estadual e assim como a prefeitura se comprometeram a responder à pauta de reivindicações num prazo de 15 dias. Nos próximos dias as centrais prometem reunir-se novamente para avaliar o dia de hoje.
As grandes manifestações que tomaram as ruas do País em junho assustaram tanto a direita quanto algumas forças politicas da esquerda.
Já nas primeiras manifestações contra os aumentos das tarifas de ônibus e metrô em São Paulo, os grandes meios de comunicação da burguesia exigiram que a polícia reprimisse duramente os protestos. O Jornal Nacional da Rede Globo chamava os manifestantes de baderneiros e vândalos. A Folha de S. Paulo no dia 13 de junho publicou editorial com o título “Retomar a Paulista”, conclamando a polícia a impedir os protestos na Avenida Paulista e afirmando que os manifestantes “São jovens predispostos à violência por uma ideologia pseudorrevolucionaria, que buscam tirar proveito da compreensível irritação geral com o preço pago para viajar em ônibus e trens superlotados”.
O Estado de São Paulo não ficou atrás e escreveu no editorial “Chegou a hora do basta”: “No terceiro dia de protesto contra o aumento da tarifa dos transportes coletivos, os baderneiros que o promovem ultrapassaram, ontem, todos os limites e, daqui para frente, ou as autoridades determinam que a polícia aja com maior rigor do que vem fazendo ou a capital paulista ficará entregue à desordem, o que é inaceitável”.
E foi o que tentou fazer a Policia Militar não só em São Paulo, mas em outras capitais.
Centenas de balas e de bombas foram atiradas nos manifestantes. No total, mais de 1.000 pessoas foram presas e centenas foram feridas e hospitalizadas. A repressão foi tão feroz que nem mesmo repórteres dos jornais que clamaram por mais violência foram poupados.
Diante da brutal selvageria da policia, a luta contra o aumento das passagens transformou-se em luta política contra a repressão e pela liberdade de expressão e de manifestação. Os protestos cresceram e se espalharam pelo país afora, impulsionados também pela realização dos jogos da Copa das Confederações em estádios caríssimos construídos com dinheiro público, enquanto hospitais, postos de saúde e escolas se encontram em péssima situação, como denunciaram criativos cartazes com os dizeres: “Queremos saúde e educação padrão Fifa”.
O tiro saiu pela culatra, e também as balas de borracha e as bombas de lacrimogêneo. A direita e seus meios de comunicação ficaram encurralados. Em todas as capitais, mas também em cidades do interior, os estudantes foram às ruas exigir redução dos preços das passagens, passe livre, denunciar os gastos com a Copa da Fifa, o descaso com a saúde e a educação, desafiar o poderoso aparelho de repressão.Uma manifestação no Rio chegou a reunir mais de 500 mil pessoas e calcula-se que mais de dois milhões de brasileiros foram às ruas em três semanas.
Após vários dias seguidos de passeatas e protestos, os abusivos aumentos das passagens foram revogados pelos mesmos prefeitos e governadores que os autorizaram. A imprensa burguesa foi obrigada a reconhecer a vitória das ruas: Folha de São Paulo: “Protestos de rua derrubam tarifas”; O Estado de São Paulo: “Haddad e Alckmin cedem, tarifa volta a R$ 3 e MPL mantém ato”; O Globo: “Protestos derrubam aumentos em São Paulo e Rio de Janeiro”.
Como não conseguiram deter as manifestações com a repressão, as classes dominantes passaram a afirmar nos seus meios de comunicação que grupos de vândalos estavam saqueando lojas e depredando o patrimônio público e privado.
É claro que elementos ligados ao tráfico de drogas se aproveitaram da situação para roubar algumas lojas. Mas assaltos a restaurantes, arrastão e roubos ocorrem com ou sem manifestações. A bem da verdade, se for realizada uma análise rigorosa, ver-se-á que durante as manifestações houve uma redução da criminalidade.
Ademais, as depredações que porventura ocorreram, foram, sem dúvida, bem menores do que a causada pela realização da 11º rodada de leilões da Agência Nacional de Petróleo (ANP), um prejuízo calculado em R$ 1,5 trilhão, sem contar a afronta à soberania nacional.
Aliás, há saque maior que gastar metade do Orçamento da União, do Governo Federal,para pagar juros aos banqueiros e especuladores da divida pública? E o que dizer de entregar bilhões para as montadoras de automóveis e nada investir para melhorar o transporte público, num país onde a imensa maioria da população usa ônibus, trem ou metrô?
Há vandalismo maior que exibir sem nenhum pudor, na TV, milionários em carros luxuosos, bebendo champanhe em taça de ouro, gastando R$ 700 mil em joias e colocando seus cães em creches com aulas de natação, como faz o programa Mulheres Ricas, da TV Bandeirantes, quando a imensa maioria da povo brasileiro faz apenas uma refeição por dia e vive na pobreza? E o que dizer da violência de um sistema econômico que eleva os juros para aumentar os preços e, assim, impedir que o povo compre o que ele precisa? A propósito, lembremos os versos de Bertolt Brecht: “Do rio que tudo arrasta, se diz que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem”.
A rua é de quem luta
Afastadas do povo e das suas lutas e acomodadas no Parlamento ou em cargos nos governos, algumas forças políticas de esquerda passaram a ver nos protestos, em particular, nos cartazes “Todos contra a corrupção” e “Não à PEC 37”, indícios claros de que as manifestações estavam sendo manipuladas pela extrema-direita.
É verdade que houve elementos da extrema-direita infiltrados visando a desorganizar as massas, hostilizar a esquerda e impedir que as manifestações avançassem na direção correta. Mas esse tipo de infiltração sempre ocorreu em greves e em passeatas. Todos sabem o que é um P2, ou o que representam os bandos neonazistas. Porém, não se combate esses elementos ou grupos deixando de participar das manifestações. Muito pelo contrário. A melhor maneira de enfrentá-los é com as massas nas ruas.
Depois, de forma sábia, o principal grito dos manifestantes foi “Vem, vem para a rua, vem”. Quem viesse com seu cartaz ou com sua reivindicação era, sem dúvida, bem acolhido. Quem ficou na janela também o foi, desde que mostrasse apoio e simpatia ao movimento.
Houve também, da parte de alguns manifestantes, ações claramente antipartidárias, mas essa situação é muito mais consequência das repetidas promessas de determinados partidos nas eleições, mas nunca cumpridas, do que exatamente da força da extrema-direita nos atos.
É claro que os meios de comunicação dominantes ao editarem seus programas mostram apenas o que lhes interessa, mas isso não é novidade. Um exemplo: numa manifestação diante da prefeitura de São Paulo foi queimado um boneco que tinha em sua cabeça as inscrições PT e PSDB, mas o repórter da TV Globo apenas afirmava que se estava queimando um boneco do PT. Essa manipulação realizada pelos meios de comunicação não é uma novidade. Foi realizada durante a Ditadura, na campanha pelas Diretas já, para eleger Collor e continua sendo feita hoje ao chamar os manifestantes de vândalos. O surpreendente é que até hoje, após 12 anos no governo, o PT não tenha sequer encaminhado ao Congresso Nacional um projeto para democratizar os meios de comunicação.
Portanto, o atual apartidarismo das massas é em grande parte resultado do inegável abandono de programas e até de princípios de alguns partidos de esquerda. Lembremos que quando na eleição de Lula para presidente da República em 2002, ninguém conseguiu impedir que as bandeiras do PT tomassem as ruas em todas as grandes cidades do Brasil. Pelo contrário, se brigava para ter uma bandeira nas mãos.
De fato, há quem possa negar que o PT após fazer campanha contra as criminosas privatizações do governo FHC, nada investigou e nem reestatizou nenhuma estatal? Pior, hoje privatiza portos, rodovias, aeroportos e promove leilões que entregam o nosso petróleo às multinacionais. Há como negar que os crimes cometidos pela Ditadura Militar continuam impunes no Brasil, embora tenham sido julgados e condenados na Argentina, no Chile e no Uruguai?
É possível ignorar que o PCdoB defende abertamente os leilões de petróleo, o Código Florestal e o uso do dinheiro público na construção dos palácios da Fifa?
Não, ninguém pode negar esses fatos. Como então negar o direito do povo de rejeitar quem o traiu?
A quem serve o apartidarismo?
É verdade que outros partidos que não são responsáveis por nada disso, pelo contrário, lutaram e lutam contra essa política, também sofreram hostilidade. Foi o caso do PCR durante uma manifestação em São Paulo. Mas esse não é um problema das massas que estão nas ruas lutando por seus direitos. Cabe a nós mostrar as diferenças, esclarecer o que somos e o que defendemos, apresentar o nosso programa e trabalhar para elevar a consciência das massas de forma que ela saiba separar o joio do trigo. Mas isso é muito diferente de construir teorias para justificar o afastamento das manifestações de rua.
Ademais, não é de hoje que a burguesia e seus meios de comunicação fazem campanha para afastar as massas dos partidos revolucionários. Age assim porque sabe, como disse Manoel Lisboa, fundador do PCR, que “Sem a ação da vanguarda, sem a direção de um partido revolucionário, a revolta do povo será sempre cega e inconsequente.”
Com efeito, numa sociedade em que os grandes meios de comunicação e o capital se encontram nas mãos da burguesia, só é possível as massas exploradas desenvolverem uma consciência revolucionária, isto é, ter consciência de que é preciso fazer uma revolução para transformar a sociedade capitalista, se os elementos mais conscientes do povo estiverem organizados num partido político e que este partido trabalhe para educar e elevar a consciência dos trabalhadores até a conquista do poder e a construção do socialismo. Sem um partido formado pelos mais conscientes, mais ativos e mais corajosos revolucionários, e que atue no sentido de organizar os trabalhadores para lutar pelo poder, e não simplesmente por reivindicações econômicas, a burguesia, de posse de todo o aparato de repressão e ideológico de que dispõe, sofrerá derrotas parciais, mas seguirá governando e dominando a sociedade.
Assim mostra a história da Comuna de Paris e das vitoriosas revoluções russa, vietnamita, chinesa, cubana, e também a história mais recente das revoltas populares na Tunísia e no Egito.
Aliás, é exatamente pela importância que tem o partido para a vitória da revolução que a TV Globo escolheu o Partido Comunista Revolucionário (PCR) para alvo no Jornal Nacional. Também não foi à toa que a rede Globo teve que esconder sua marca nas manifestações (seus repórteres trabalharam sem identificação) e que milhares de pessoas realizaram um ato em frente à sede da Globo, no Rio.
Lições das ruas
Houve e ainda há quem questione para onde vão essas manifestações e onde tudo isso vai desembocar; afinal, a imensa maioria dos participantes dessas manifestações são jovens.
Não há porque desconfiar ou temer a juventude. Toda a história da humanidade e do nosso próprio país revela que a juventude é uma força progressista e revolucionária. Esteve à frente de todos os grandes movimentos da luta pela nacionalização do petróleo, pelo fim da ditadura, etc. Não será agora que ela irá desapontar os trabalhadores e a nação. Não, isso não ocorrerá, principalmente, se nós cumprirmos com as nossas tarefas e se não a abandonarmos às balas e às bombas dos fascistas comandantes da Policia Militar.
De toda maneira, vale a pena lembrar aqui as palavras de Emile Zola:
“Aonde vão vocês, jovens, aonde vão, estudantes, que correm em bandos pelas ruas manifestando vossas cóleras e entusiasmos, sentindo a imperiosa necessidade de lançar publicamente o grito de vossas consciências indignadas?
Vão em busca da humanidade, da verdade, da justiça!” (Carta à Juventude)
Mas quais as lições das ruas?
Primeiro, que quem luta conquista. As manifestações de junho foram responsáveis pela redução das tarifas nos transportes públicos na maioria das cidades do país e impôs uma dura derrota às dezenas de famílias ricas que controlam as empresas de ônibus nas capitais e que há décadas assaltam o povo com tarifas abusivas, confiantes na corrupção de prefeitos, vereadores e governadores.
Segundo, que a juventude venceu o medo das balas de borracha e está disposta à luta, não só à luta por seus direitos econômicos, mas à luta para transformar esse País, para acabar com as injustiças sociais e pode, portanto, ser ganha para ir além, para lutar pelo poder popular e pelo socialismo. E é essa a nossa tarefa.
Terceiro, que é preciso decuplicar a agitação e propaganda, que esse trabalho agora, deve ser feito para milhões e não apenas para milhares. Que é necessário irmos com entusiasmo às ruas, levarmos os cartazes, as faixas, as bandeiras e, principalmente, nosso programa. Que é urgente desenvolvermos um trabalho muito mais efetivo e profundo para se vincular às massas, e o caminho para isso é defender com mais vigor os interesses e as reivindicações populares.
Fruto do nosso trabalho e da nossa luta, um novo tempo chegou também ao nosso país. Vamos, portanto, às ruas, as escolas, aos bairros e às fábricas levar a mensagem da necessidade de construir uma nova sociedade, sem repressão, sem injustiça e sem a exploração do homem pelo homem, uma sociedade socialista.
Lula Falcão, membro do comitê central do Partido Comunista Revolucionário
TV Argentina mostra as contradições da abordagem da Rede Globo aos protestos que sacudiram todo o país. Primeiramente a emissora foi contra os protestos. O comentarista Arnaldo Jabour, três dias depois de também ter sido contra as manifestações, se retrata e defende os jovens. A matéria argentina aborda também um escracho ao programa Globo News.
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