UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

terça-feira, 22 de abril de 2025
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Luta pela Comissão da Verdade em Contagem

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Comissão da Verdade em Contagem, MGA cidade de Contagem, localizada na Região Metropolitana de Belo Horizonte, nasceu para ser um polo de indústrias no Estado de Minas Gerais. O município concentra inúmeras fábricas com grande variedade de produtos, destacando-se os setores de metalurgia e de alimentos. Mas Contagem também guarda em sua história uma grande contribuição à luta contra a ditadura militar e pela democracia: a greve de 1968, ano de acirramento na luta contra a “gorilada” que estava no poder em nosso país.

No ano de 1968, o centro industrial de Contagem mantinha cerca de 20 mil operários, concentrados principalmente nas indústrias metalúrgicas e de cimento. A greve histórica conseguiu a incrível adesão de 17 mil operários, que cruzaram os braços e abriram caminho para a grande greve de Osasco, no mesmo ano.

Motivados por esta história, ainda pouco conhecida pela população da cidade e de todo o Estado, entidades como o Sindicato dos Empregados em Indústria de Massas Alimentícias e Biscoitos de Contagem (SindMassas), a União dos Estudantes Secundaristas de Contagem (Uesc), o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e outras entidades e organizações decidiram organizar um movimento pela Comissão da Verdade de Contagem. Isso acontece num momento em que surgem várias comissões com o objetivo de descobrir e apurar os crimes praticados pela ditadura militar em todo o país.

Para isso, algumas atividades têm sido feitas para debater a conjuntura daquele período e para mobilizar para a luta de hoje. Um exemplo são as reuniões quinzenais que acontecem com a participação das entidades e de vários companheiros que defendem a abertura dos arquivos da ditadura para investigação e punição dos criminosos e torturadores. Também já aconteceram debates, a exemplo do realizado com o camarada Braz Teixeira da Cruz, ex-preso político, atualmente militante do Partido Comunista Revolucionário (PCR), que relatou a organização das lutas dos trabalhadores e dos militantes comunistas que lutavam durante os anos de chumbo, enfrentando as ações violentas que o Estado brasileiro praticava. Neste mesmo debate, houve a exposição de Guilherme Amorim, estudante de História da PUC, que fez o resgate das ações da ditadura militar.

Além disso, o movimento tem pautado esta bandeira durante o período eleitoral na cidade, que conta o apoio do deputado e candidato a prefeito Durval Ângelo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, notório defensor das causas dos direitos humanos.

Neste curto processo de pesquisa do movimento pela instalação da Comissão da Verdade em Contagem, já descobrimos que, dentro das instalações da antiga fábrica metalúrgica Belgo Mineira, hoje Arcelor Mittal, existia um centro de torturas para punir os operários que se revoltavam contra o poder vigente na época. Isto só comprova que ainda há muito a descobrir e tornar público. Coisas como a luta do movimento operário, as fábricas e empresas que financiavam e colaboravam com a ditadura, os principais algozes dos lutadores do povo. Tudo isso ainda é pouco conhecido e obscuro, o que dificulta o reconhecimento de um povo sobre seu passado recente.

O movimento continuará a promover debates e palestras, atuando nas universidades, escolas e sindicatos de Contagem, ampliando suas forças para que consigamos criar a Comissão da Verdade na nossa cidade e lutar para punir aqueles que praticaram crimes contra a humanidade.

Renato Campos Amaral, presidente do SindMassas-MG 

Dia das Crianças… alegria dos capitalistas!

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Dia das Crianças... alegria dos capitalistas!Estamos nos aproximando de mais uma data “comemorativa”: 12 de outubro, Dia das Crianças. Mas a data que deveria valorizar a criança e sua importância na sociedade não passa de mais uma data comercial, cujo objetivo é vender. São propagandas para vender desde brinquedos até aparelhos celulares de última geração.

O blog Infância Livre do Consumismo aborda este assunto: por que propaganda é prejudicial às crianças? A publicidade infantil é danosa a elas quando as pressiona a desejar cada vez mais bens de consumo, associando-os a um discurso enganoso, de alegria, felicidade e status social. Além de trazer sofrimento às crianças que não podem obter esses bens devido à falta de recursos financeiros, essa pressão não pode ser devidamente elaborada pelos pequenos, cujo senso crítico ainda está em desenvolvimento.

Capitalismo transforma a infância em lucro

A questão da infância é tratada como um grande problema da sociedade capitalista. Não se pode esperar algo diferente de uma sociedade baseada na desigualdade social, na injustiça e no desprezo ao ser humano.

Além das privações e dificuldades às quais as crianças são submetidas, elas ainda são manipuladas para reproduzir, desde cedo, o desejo infindável pelo consumo. Basta ver o volume de publicidade na televisão voltada a esse público, com o objetivo premeditado de manipular as novas gerações a comprar, a pensar e a agir de acordo com o que deseja o sistema. Exemplos são as “historinhas” e desenhos animados, seja a de Cinderela, que espera seu príncipe encantado, seja a de Mickey Mouse, Ben 10, Superman, Batman, Pica-pau, Bob Esponja, Barbie.

O documentário Consuming kids (Comercialização da infância, EUA, 2008, direção de Adriana Barbaro e Jeremy Earp) aborda como as grandes corporações se utilizam da infância para gerar lucros gigantescos, vendendo todo tipo de produtos, muitas vezes de forma desonesta, desumana e pouco ética, tornando as crianças vulneráveis na idade mais delicada de suas vidas.

Segundo o documentário, “cada vez mais os brinquedos representam personagens de TV, reduzindo o poder de imaginação, deixando as crianças menos criativas. Cada vez mais, substitui-se a brincadeira de rua pela tela de TV ou computador. Com isso, as crianças estão se tornando mais obesas e menos atentas. O número de casos de disfunção bipolar infantil é quatro vezes maior que há 30 anos, sem falar em outras doenças crescendo assustadoramente nessa faixa etária, como diabete, depressão e hipertensão”. Os comerciais de fast food, brinquedos, roupas e até mesmo automóveis para os pais são produzidos com a participação de profissionais como psicólogos e antropólogos, desviando a ciência para a direção do lucro.

E o que resta às crianças não é nada além de serem carregadas nesse turbilhão de informações, necessidades inventadas e desejos, os quais não poderão ser realizados nem no Natal, nem no Dia das Crianças, no aniversário ou em qualquer data do ano. Na maioria dos lares brasileiros os pais estão lutando de sol a sol para garantir minimamente a comida para pôr na mesa. Assim é que muitas crianças crescem frustradas por não terem ou não serem como no mundo perfeito da televisão.

Um país não pode crescer, ser verdadeiramente desenvolvido, justo e saudável se não trata com prioridade, carinho e respeito suas crianças. A devida atenção à infância só será garantida numa sociedade em que não seja o lucro o principal, e sim a vida humana.

A sociedade socialista já provou, na prática, que é capaz de solucionar este e tantos outros problemas, garantindo creche em tempo integral nos bairros e dentro do próprio local de trabalho de suas mães; lavanderias e cozinhas coletivas; educação de qualidade desde a base do ensino, exterminando o analfabetismo, formando o indivíduo através da ciência, do esporte, da cultura; acompanhamento permanente da saúde, com uma alimentação saudável e prevenção de doenças.

Izabele Gomes, Campina Grande

DCE-UFRPE realiza grande seminário de assistência estudantil

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DCE-UFRPE realiza grande seminário de assistência estudantilA assistência estudantil é uma importante política de ações para a permanência do estudante universitário na sua graduação. Hoje cerca da metade dos estudantes universitários brasileiros pertencem às classes C, D e E, Isso quer dizer que grande parte do corpo discente das universidades brasieliras tem dificuldades financeiras e, portanto, necessitam de uma ajuda da sua Instituição de Ensino Supeiror (IFES) para conseguir concluir o curso. Entretanto, o que acontece na verdade é que cada vez mais estudantes estão abandonando seus cursos. Segundo uma auditoria realizada pela Controladoria Regional da União em Pernambuco, só na Universidade Federal Rural de Pernambuco apenas 48,29% dos estudantes conseguem concluir o curso, sendo nesta universidade o maior índice de evasão na Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST), onde apenas 76% dos estudantes não chegam a pegar o diploma. Na primeira expansão universitária para o interior do país que é a Unidade Acadêmica de Garanhuns da UFRPE 56,56% dos estudantes não concluem o curso. Para combater esta realidade e lutar pelos direitos dos estudantes na rural o DCE-UFRPE realizou o 1° Seminário de Assistência Estudantil da UFRPE.

DCE-UFRPE realiza grande seminário de assistência estudantilO evento que aconteceu nos dias 15 e 16 de Setembro reuniu mais de cem estudantes de todos os campis da universidade para discutir a realidade da universidade brasileira, o Programa Nacional de Assistência Estudantil, os desafios da interiorização da universidade pública e definir as principais pautas de reivindicação dos estudantes pela assistência estudantil. Segundo o estudante de matemática Rafaell Ramalho “O Seminário trouxe muitas informações que eu desconhecia e nossas reivindicações são de coisas básicas que já deveriam existir na universidade!. O evento contou com a participação do 1° vice presidente da União Nacional dos Estudantes que reforçou a necessidade dos estudantes de se organizarem em torno do movimento estudantil para conquistarem seus direitos. Até hoje as unidades da UFRPE que se encontram no interior do estado de Pernambuco não têm Restaurante Universitário, política fundamental para o combate à evasão nas IFES. Na UAST sequer existe residência universitária e no campus de Recife o restaurante universitário é um dos mais caros do país!

O DCE-UFRPE a partir do 1° Seminário de Assistência Estudantil da UFRPE já está realizando uma forte campanha pela implantação do R.U nas unidades acadêmicas do interior, em defesa das residências estudantis e para que a universidade ofereça maior apoio pedagógico para apresentação de trabalhos científicos em congressos. Este evento sem dúvida foi um marco na luta dos estudantes da UFRPE pela assistência estudantil e mostra mais uma vez a combatividade e a disposição do movimento estudantil de transformar a realidade da educação do nosso país.

Daniel Victor, Pernambuco

Chávez é reeleito na Venezuela, e povo sai às ruas para comemorar

O presidente venezuelano reeleito Hugo Chávez qualificou de histórico os resultados das eleições e fez um chamado à unidade nacional e ao trabalho conjunto em prol do bem-estar e da paz desta nação sul-americana. Do Palácio de Miraflores, Chávez se dirigiu a milhares de pessoas que chegaram ali para celebrar seu triunfo nesse encontro com as urnas, contra o candidato opositor da chamada Mesa da Unidade Democrática, Henrique Capriles. O presidente obteve 56% dos votos válidos na eleição de 07 de outubro.

O chefe de Estado expressou um reconhecimento a todo o povo deste país “por este dia memorável”, marcado por um vontade democrática e por uma altíssima participação no pleito. “Nunca antes tivemos uma Venezuela como a de hoje do ponto de vista moral, social, político, econômico e cultural”, assegurou o presidente.

“Votaram pelo socialismo, pela independência, pela grandeza da Venezuela e pelo futuro”, disse Chávez a seus eleitores, pouco antes de afirmar que vencera em 20 dos 23 estados e na Capital Caracas.

“Não terá força imperialista por maior que seja que possa com o povo de Simón Bolívar”, previu e agregou que Venezuela nunca voltará ao neoliberalismo, mas continuará transitando para o socialismo.

O governante agradeceu as felicitações de mandatários como o cubano Raúl Castro e a argentina Cristina Fernández, e deu as graças aos visitantes provenientes de outros países que acompanharam o processo eleitoral.

Fonte: www.cubadebate.cu

Tributos em Cuba marcam 45 anos do assassinato de Che Guevara

Cubanos de todas as gerações prestarão homenagem hoje a um dos principais paradigmas das juventudes, Ernesto Guevara, no aniversário 45 de seu assassinato.

O guerrilheiro, conhecido mundialmente pelo apelido de Che, ainda vive nesta ilha nas palavras de ordem das crianças, que aspiram ser como ele, em livros de história, nas palavras escritas em muros de parques e edifícios. Também podemos encontrar o Che entre os retratos de familiares falecidos de qualquer casa cubana.

Guevara aqui é um exemplo para os mais jovens e um homem admirável, correto, humilde e inteligente para muitos que lhe conheceram neste país onde lutou por uma revolução, ocupou altos cargos de governo, dirigiu o Banco Nacional e o Ministério de Indústrias, construiu família e amigos.

Nas escolas cubanas, professores e estudantes evocam seu pensamento crítico e a vocação internacionalista que o levou ao Congo e à Bolívia com o fim altruísta de libertar outros povos.

Naquele país sul-americano caiu ferido em combate em 9 de outubro de 1967, seus inimigos não esperaram muito para assassinar o herói e expor seu cadáver como um troféu.

Cuba chorou pelo jovem rebelde, o trabalhador incansável, o pai, o filho, o amigo, enquanto a imagem do médico combatente internacionalista se expandia pelo mundo como ícone que já não tem época porque podemos encontrar em qualquer continente.

A cada 9 de outubro, os cubanos rendem tributo à memória do legendário Guerrilheiro Heróico, cujo restos, achados em 1997, descansam desde então em um mausoleo na cidade de Santa Clara, na região central de Cuba.

Fonte: www.cubadebate.cu

Virgilio Gomes da Silva: Operário, Brasileiro, Revolucionário

Virgilio Gomes da Silva: Operário, Brasileiro, RevolucionárioVirgílio Gomes da Silva era potiguar. Nasceu em Sítio Novo, no ano de 1933. Filho de camponeses – Sebastião e dona Isabel, que se retiraram para o Pará, no ano de 1942, fugindo de uma terrível seca. O casal teve dez filhos, dos quais apenas seis se criaram. Em 1945, depois se de separar do marido, dona Isabel voltou com os filhos para o Rio Grande do Norte e se estabeleceu em Jucuri, hoje pertencente ao Município de Lagoa dos Velhos; ficou com o pai apenas a única filha mulher, Creuza.

Em 1951, Virgílio foi sozinho buscar meio de vida em São Paulo, onde também queria estudar. Lá trabalhou em várias empresas e como autônomo, tendo exercido profissões diversas. Começou numa lanchonete, a seguir numa companhia telegráfica, banco, vigia de uma companhia de bebidas, etc. Aliás, já emigrou trabalhando, pois saiu de Natal como ajudante de um caminhoneiro, o que lhe garantiu transporte e alimentação até a capital paulista.

Com a economia do salário, comprou uma pensão próxima ao Brás e levou toda a família para São Paulo. Sua mãe é que administrava a pensão, que servia refeições para os trabalhadores do entorno, enquanto Virgílio continuava trabalhando no Banco e na Antárctica. Sempre quisera ter um bar, por isso aceitou a troca proposta por um conhecido, que o enganou, pois o prédio era hipotecado. Resultado: Virgílio foi à falência.

De “louco do rádio” a militante exemplar

Depois de trabalhar numa metalúrgica, Virgílio ingressou na Nitro Química, de onde saiu para o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Química e Farmacêutica de São Paulo, como funcionário, e, a seguir, como dirigente e líder sindical.

Foi no ano de 1957 que ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Segundo Creuza, sua irmã, Virgílio sempre fora muito católico, mas ingressou no PCB porque enxergou nele uma proposta concreta para pôr fim às injustiças, que muito o sensibilizavam. “Ele aceitou o comunismo, ser do Partido, pelo que prometia a igualdade dos povos, que ninguém ia passar fome, que todo mundo ia estudar, ia ser igual; ele, que veio da miséria, não suportava ver tanta miséria, e por isso aceitou ser comunista”.

A Nitro Química era uma empresa muito importante para São Miguel Paulista e para o país. Por isso, foi marcante a greve dos seus operários, em 1957, que saiu da fábrica para as ruas e envolveu pelo menos um terço da população. Virgílio já era líder sindical e militante do PCB. A greve, que durou nove dias, não foi importante para ele apenas pelo êxito da mobilização e do resultado vitorioso – aumento de 20% – mas também por ter conhecido uma operária ativista com quem se casou: Ilda Martins da Silva. Tinha origem camponesa, como ele, só que do interior paulista, de Lucianópolis. O casamento aconteceu no dia 21 de maio de 1960.

Ilza já conhecia Virgílio de nome e voz e o chamava de “louco do rádio”. É que ele participara, anos antes, de um concurso da rádio Record, que dava um prêmio para quem passasse mais tempo dançando. Ele resistiu por 48 horas e ganhou utensílios domésticos mais um terreno no Litoral paulista.

O casal teve três filhos e uma filha: Vlademir (homenagem a Lenin), em1961; Virgílio Gomes da Silva Filho, o Virgilinho (1962); Gregório, em 1967 (a mãe homenageara o pai dela, e Virgílio celebrara Gregório Bezerra, o grande líder camponês (leia A Verdade, nº…). Isabel, a última (1969), nasceu quando o povo brasileiro já vivia uma terrível noite de agonia, após o golpe dentro do golpe. Parte do enxoval da menina foi presenteada por Carlos Marighella (leia A Verdade, nº…), a quem Virgílio acompanhara na dissidência do PCB paulista.

Empunhando armas

A militância política de Virgílio se intensificou no início dos anos 60; a família passa a sentir mais a sua ausência, que ele compensa com muita ternura nos momentos em que está no lar. Amante da Natureza, adorava pássaros, e tinha um viveiro; também amante do esporte, especialmente de futebol, era torcedor fanático do Corinthians.

Em 1963, liderando três mil operários da Luftalla em greve, foi atingido de raspão na cabeça, além de mão e perna, por disparos efetuados por um diretor da empresa. Recuperado, foi transferido para a sede do Sindicato, na Rua 25 de Março, na Capital.

O seu sindicato foi o primeiro a sofrer intervenção após o golpe civil-militar de 1964. Toda a diretoria foi cassada e Virgílio preso no dia 2 de outubro, mas ficou somente uma semana detido. Fugindo da perseguição, seguiu para o Uruguai, mas ali permaneceu apenas por três meses.
No retorno, não conseguiu mais emprego; sobrevivia como vendedor ambulante, fotógrafo, e acabou abrindo outro bar, chamado Galo de Ouro, numa homenagem a Éder Jofre, famoso lutador de boxe, de quem era fã.

Ao romper com o PCB, por sua inatividade diante da Ditadura, Marighella levou consigo um bom número de militantes paulistas, entre os quais Virgílio. Criaram o Agrupamento, que se transformou em Ação Libertadora Nacional (ALN).

Sua irmã, Creuza, e a esposa, Ilda, apelaram para que ele não desse esse passo, pois achavam que não havia possibilidade de a guerrilha ter êxito e que ele deveria criar os filhos. Virgílio não cedeu. Ao contrário, levou para a clandestinidade a esposa e os filhos e ainda puxou para a ALN o seu irmão Francisco Gomes, que não tinha militância anterior. Segundo remanescentes da ALN, ele foi mais para mostrar ao irmão que era tão “macho” quanto ele.

Virgílio esteve em Cuba no período de agosto de 1967 a julho de 1968. Encontrava-se em treinamento na Serra de Escambray, um dos santuários da guerrilha do Movimento 26 de Julho, quando tomou conhecimento da morte de Che Guevara na Bolívia. Feitas as devidas homenagens, voltaram a empunhar o fuzil, como queria “El hombre muerto” ou, como dizemos hoje, que acabara de ingressar na imortalidade.
Quando volta ao Brasil, Virgílio já encontra a ALN imersa na luta armada no meio urbano, como forma de captação de recursos para a guerrilha rural, a partir de 1969, objetivo estratégico, que já tinha uma área definida em Goiás, onde ex-militantes do PCB agora se tornavam sua base de apoio.

Virgílio, agora conhecido como Jonas, foi designado para o Grupo Tático Armado (GTA) de São Paulo e participou de várias ações de expropriação de dinheiro, armas e explosivos. Mas a maior ação de que participou se deu no Rio de Janeiro.

Na “Semana da Independência”, “jogando água no chopp da burguesia”, que celebra uma emancipação que nunca existiu, a ALN e a Dissidência da Guanabara DI-GB), numa ação conjunta espetacular, sequestram o embaixador da maior potência imperialista do mundo, os Estados Unidos da América do Norte, Charles Burke Elbrick. A ação se deu entre os dias 4 e 7 de setembro de 1969. O comando político foi de Joaquim Câmara Ferreira e de outro representante da Dissidência, já o comando militar ficou a cargo de Virgílio.

Os guerrilheiros, posteriormente, desculparam-se com o embaixador da coronhada que tiveram que dar em sua cabeça, porque ele se recusava a acompanhá-los. Passada a tensão inicial, quando tiveram certeza do atendimento das exigências (manifesto à nação lido em cadeia nacional de rádio e televisão e 15 presos políticos transferidos e seguros em solo mexicano), o diplomata passou a dialogar amigavelmente com os militantes. No seu depoimento aos órgãos de segurança, mentiu para protegê-los, dizendo que eles usavam capuz, portanto não poderia identificá-los, e chegou a afirmar que se possível testemunharia a favor deles. Sua carreira diplomática acabou.

Manoel Ciryllo Neto, um dos participantes da ação, recusa-se a denominá-la de sequestro. “A gente capturou o embaixador de uma nação inimiga, que ajudou a planejar, executar e respaldar o Golpe de Estado”. Até mesmo os órgãos de repressão, nos registros da época, não qualificam a ação de sequestro. Um chama de rapto, outro expropriação.

“Foi um golpe de mestre”, afirma o historiador Jacob Gorender no livro Combate nas Trevas. A repercussão foi positiva em nível nacional. Como explica frei Betto, em Batismo de Sangue, “O fato inusitado, às vésperas do 7 de setembro, fora como o vento que reacende o fogo sufocado sob o monturo, trazendo à tona sentimentos antiamericanos represados entre camadas inferiores do inconsciente de um povo…” .Marighella, inicialmente criticou o GTA-SP por ter realizado a ação sem discutir na Organização e sem o GTA do Rio sequer tomar conhecimento. O pessoal aceitou a última falha, mas a primeira, não, argumentando que o lema definido pelo próprio Comandante era de que “não se pode licença para praticar ato revolucionário”, recomendação constante, tanto dos princípios da ALN como do famoso Minimanual do Guerrilheiro Urbano, escrito por ele.

Mas Carlos Marighella avaliou como positiva a ação; inclusive, numa Saudação aos Quinze Patriotas, disse: “Estamos certos de que o povo brasileiro aprova a atitude da Ação Libertadora Nacional e dos que com ela participaram”.

Infelizmente, embora exitosa, a ação marcou o início do fim, como afirma frei Betto na obra citada. Imediatamente após a libertação de Elbrick, a repressão se abate pesada sobre a ALN. Virgílio foi preso no dia 29 de setembro, vinte e poucos dias após a ação, no apartamento da família do militante Aton Fon Filho. Tinha 36 anos. Reagiu a bala, depois a socos e pontapés, mas acabou dominado, encapuzado e levado para a sede da Oban, na Rua da Tutoia, bairro do Paraíso.

Não é preciso descrever as torturas; elas já são por demais conhecidas. Apenas registrar que, para surpresa dos torturadores, nos momentos em que lhe tiraram do pau-de-arara, Virgílio atracou-se com eles como podia. Enquanto tinha voz, gritava: “Filhos da puta, vocês estão matando um brasileiro!”.

O herói resistiu a 12 horas de tortura, respondendo a cada pergunta, apenas: “Meu nome é Virgílio Gomes da Silva”. Morreu com a cabeça inteiramente esmagada, uma massa disforme. Um delegado do Dops, Orlando Rezende, contou chorando ao advogado da família de Virgílio, Dr. Décio Nascimento: “Nunca vi uma coisa tão bárbara como aquela”.

Os órgãos da repressão não assumiram, claro, a prisão e morte de Virgílio, que se tornou o primeiro desaparecido político brasileiro. Ele foi condenado à revelia e teve um mandado de prisão expedido em sua busca, um bom tempo depois.

Família vítima da sanha repressora

A família de Virgílio também sofreu dura repressão. Sem contar o irmão, Francisco Gomes, que passou dez anos preso e acabou prestando informações à repressão, por não resistir à tortura. A casa em que moravam foi invadida no dia 30 de setembro. Vlademir, então com nove.anos, lembra que estavam com o tio Francisco. Era um bando de 30 homens. Levaram preso Manoel Cyrillo (que se encontrava ali), mãe e filhos separados. Ilda foi para a sede da Oban, onde foi torturada com choques elétricos, socos e pontapés, depois Presídio Tiradentes, de onde saiu em junho de 1970. Somente no Tiradentes, veio tomar conhecimento da morte de Virgílio. As crianças foram conduzidas para um Juizado de Menores, localizadas dias depois e resgatadas pela tia Creuza.

Após a libertação, juntou-se aos filhos e, com a ajuda de Rose Nogueira (leia A Verdade, nº…) seguiram para Cuba, de onde só voltaram em 1990, após a formatura da filha caçula. Todos conseguiram trabalho e mantiveram a família junta, exceto a mãe e a irmã de Virgílio, que voltaram para o Rio Grande do Norte. Dona Isabel não suportava viver no mesmo lugar em que residiam os assassinos do seu filho.

Pela punição dos torturadores

No ano de 1993, atendendo a requerimento do então deputado Nilmário Miranda, o Supremo Tribunal Federal (STF) requereu e obteve resposta da Marinha brasileira, informando que Virgílio “morreu em 29 de setembro de 1969 ao reagir a bala, quando de sua prisão em um aparelho”. Em 2004, no arquivo do Dops (SP) foi localizado um documento no qual é identificado o cadáver de Virgílio, e em 2009, é encontrado um documento do Centro de Informações do Exército (CIE), no qual consta que “Virgílio Gomes da Silva (Jonas ou Borges) reagiu violentamente desde o momento de sua prisão, vindo a falecer antes mesmo de prestar declarações”.

Tais informações, além do testemunho dos sobreviventes que presenciaram sua tortura e morte, foram mais do que suficientes para a Comissão dos Mortos e Desaparecidos do Ministério da Justiça reconhecer a responsabilidade do Estado brasileiro e conceder indenização à família, com fundamento na Lei 9.140/95.

Num momento em que a Comissão da Verdade busca identificar os criminosos da Ditadura, embora a lei não lhe outorgue poder para processá-los, é importante o depoimento da viúva de Virgílio, Ilda Martins: “Eu nunca pude enterrar meu marido, levar uma flor ao seu túmulo. Continuo torturada. Tudo o que queremos é a abertura dos arquivos, a localização do corpo e, quem sabe, a punição dos torturadores”. A luta continua! Virgílio Gomes da Silva vive, hoje e sempre!

José Levino é historiador

Fonte de pesquisa, de onde foram extraídas as citações cujas fontes não estão identificadas no texto: Virgílio Gomes da Silva, de Retirante a Guerrilheiro, de Edileuza Pimenta e Edson Teixeira. Plena Editorial, 2009 – São Paulo (SP).

Música de Luíz Gonzaga retrata abalo ecológico

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Não é de hoje que os abalos ecológicos são notáveis. Décadas atrás, o cantor nordestino Luíz Gonzaga já denunciava a situação na natureza. Vale a pena conferir a letra da música Xote Ecológico.

Xote Ecológico
Luíz Gonzaga 

Não posso respirar, não posso mais nadar
A terra está morrendo, não dá mais pra plantar
E se plantar não nasce, se nascer não dá
Até pinga da boa é difícil de encontrar

Cadê a flor que estava aqui?
Poluição comeu.
E o peixe que é do mar?
Poluição comeu
E o verde onde é que está ?
Poluição comeu
Nem o Chico Mendes sobreviveu

Estupro em Patos é mais um caso de violência contra a mulher na Paraíba

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Um crime sexual, com fortes traços de crueldade, foi praticado em Patos na noite do dia 28/09 e continua até agora sem solução. A jovem de nome Carol (nome fictício para preservar a identidade da vítima), de 31 anos, foi estuprada no Delírious Motel (antigo Bar do Vaqueiro), na BR-230 (saída para Sousa). O suspeito de praticar o crime, conhecido como Gledson, de aproximadamente 37 anos, está foragido.

Carol estava saindo do expediente no Bar do Dallas, no bairro do Novo Horizonte, onde trabalha, e Gledson (que é conhecido da vítima) estava bebendo no local. Ele então lhe ofereceu uma carona, alegando que estava bêbado, sem condições de ir sozinho para casa. Assim, Gledson convenceu Carol a ir com ele até o bairro do Noé Trajano, de onde pegaria um moto-táxi até sua casa, na Vila Cavalcanti.

Entretanto, segundo Carol, no meio do caminho Gledson teria travado as portas do carro e sacado uma arma de fogo, conduzindo o automóvel até o Delírious Motel. Sem que houvesse qualquer tipo de identificação na portaria ou recepção, os dois entram num dos quartos, e Gledson iniciou uma verdadeira sessão de terror. “Ele me arrastou para dentro do quarto pelos cabelos, trancou a porta e colou a chave no bolso da calça. Começou a me dar tapas e socos e a me xingar”.

Segundo Carol, o suspeito não chegou a penetrá-la com o pênis. “Ele me mandou descer o short e me abusou com a mão. Ele colocou a mão inteira na minha vagina. Senti uma dor muito grande e comecei a sangrar, uma hemorragia, porque ele me rasgou da vagina até o ânus”.

“Gritei muito e derrubei o telefone que ficava numa banquinha em cima da cama, que era para a moça da recepção escutar, mas ninguém apareceu para saber o que estava acontecendo”, relata Carol.

Neste momento, Gledson teria novamente ameaçado a jovem com a arma na cabeça e a obrigado a ligar para a recepção, pedindo que abrissem o portão para ele sair. Já com o portão aberto, o acusado teria fugido no carro.

O martírio de Carol, porém, não terminou por aí. Ainda falando com a recepcionista do motel pelo telefone, ela pediu para a funcionária ligar para a Polícia e o Samu, mas a funcionária teria se negado a prestar socorro, e sequer foi ao quarto verificar o estado da vítima. Carol então conseguiu contatar uma amiga, que foi ao local com o namorado e a mãe. A recepcionista do motel ainda exigiu o pagamento de R$ 20,00 pelo uso do quarto.

Levada ao Hospital Regional de Patos, foi reencaminhada à Maternidade Dr. Peregrino Filho e depois novamente ao Hospital, onde, finalmente, após uma hora e meia de perambulação, ingressou na sala de cirurgia por volta da meia-noite do sábado 29/09. Após cerca de duas horas de intervenção cirúrgica, Carol teve o períneo reconstruído e foi internada num quarto.

Apenas na segunda-feira pela manhã, dois dias após a violência, o crime foi oficialmente comunicado à Polícia, já que a Delegacia da Mulher não funciona no final de semana. A vítima foi até a Delegacia, que funciona na Rua Bossuet Wanderley, mas não conseguiu prestar o depoimento, por ainda estar em estado de choque. Carol foi encaminhada para o serviço psicológico do Centro de Atenção Psicossocial da Prefeitura (Caps) e, no dia seguinte, a delegada Tâmara Lenina, que acompanha o caso, foi até a casa onde se encontra a vítima e colheu seu depoimento.

Segundo a delegada, “o inquérito sobre o caso foi instaurado, e as diligências para localizar o acusado estão em andamento. Estamos trabalhando em sigilo para não atrapalhar as buscas. Já colhemos os depoimentos das testemunhas ligadas à vítima e realizamos o exame de corpo de delito. Ainda estamos aguardando o resultado final do laudo médico, que tem um prazo de dez dias para ser concluído”. De acordo com Tâmara , além do suspeito, os responsáveis pelo Delírious Motel também serão responsabilizados pelo fato de terem se negado a prestar qualquer tipo de socorro emergencial à vítima.

Aline Leite, do Movimento de Mulheres Olga Benario, realizou visitas à vítima, e pôde constatar o abalo emocional de Carol, assim como de sua família e de seus amigos. “Ela está na casa da avó e não tem conseguido dormir porque simplesmente não consegue esquecer o que aconteceu. O criminoso que cometeu este crime horrendo ainda chegou a ligar para ela, dizendo estar arrependido do que fez e oferecendo dinheiro para que ela não denunciasse o caso. Este é mais um triste episódio de uma história que vem se repetindo cada vez com maior frequência no nosso Estado e no Brasil”. E conclui: “Não toleramos mais tanta violência contra as mulheres! Lutamos contra o machismo na sociedade, contra os abusos físicos, sexuais e psicológicos, e defendemos que cada município tenha sua própria Delegacia da Mulher, e que estas funcionem 24 horas por dia, todos os dias da semana. Na Paraíba, apenas sete dos 223 municípios possuem delegacias especializadas para atender as mulheres vítimas de violência”.

Em conversa com a nossa reportagem, Carol afirmou que sente como se sua vida tivesse sido destruída e que espera que “a justiça seja feita, para que ele não faça pior com outras mulheres”.

Violência contra a mulher na Paraíba

Segundo informações repassadas pelo Movimento Olga Benario, o relatório nacional Mapa da Violência (elaborado pelo Instituto Sangari/Ministério da Justiça) aponta a Paraíba como o sétimo estado do País em assassinatos de mulheres. O índice de homicídios é de seis por 100 mil mulheres, bem acima da média nacional de 4,4. Dados fornecidos pela Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social mostram que, só em 2012, cem mulheres foram assassinadas em solo paraibano. No ano passado, foram 146 mulheres.


Rafael Freire

Terceirização mata 16 trabalhadores petroleiros em um ano

Terceirização na PetrobrasDe setembro de 2011 a setembro de 2012, a Petrobrás contabilizou 18 mortes por acidente de trabalho. Das quais, 16 de trabalhadores terceirizados. O último assassinato das empresas terceirizadas ocorreu no dia 13 de setembro, em Sergipe.

A Petrobrás hoje é a terceira maior empresa de energia do mundo. Uma das maiores empresas da América Latina e do Brasil. Uma verdadeira gigante, quando se diz respeito a financiamento interno no Brasil e propulsora da economia, em especial após a descoberta da camada pré-sal, que se tornou o motivo de sonhos e desejos de vários países imperialistas.

A empresa, desde a famigerada lei 9478/97, que acabou com o monopólio estatal do petróleo, abriu de vez as portas para a terceirização. Hoje, já se identifica um alto nível de terceirização em diversos setores, alguns destes estratégicos: alimentação, análise laboratorial, Almoxarifado, Cimentação e complementação de poços, Montagem e construção de projetos, informática, limpeza predial, manutenção (predial, mecânica, caldeiraria, soldagem, elétrica, instrumentação, refratários, isolamentos térmicos e de inspeção de equipamentos), movimentação de cargas, perfuração e perfilagem de poços, operação de sondas, serviços médicos e administrativos, transporte, utilidades e vigilância.

Estima-se que mais de mil empresas prestam serviços a Petrobrás. Em duas de suas refinarias, a terceirização representa mais de 70% dos trabalhadores. No setor de análise de amostras, chega ao absurdo de 80%. A terceirização na Petrobrás desde 1995 já matou mais de 300 trabalhadores. Inúmeros são os trabalhadores que foram mutilados e invalidados.

Esse quadro da terceirização nos mostra claramente qual o caminho a seguir: desenvolver uma campanha nacional pelo fim das terceirizações, tanto nas atividades fins como nas atividades meio.

A terceirização representa, no fundo, a superexploração da força de trabalho, ceifando direitos trabalhistas e impedindo a capacitação adequada dos trabalhadores. O resultado: cada vez mais acidentes e mortes de trabalho.

A melhor forma de acabar com a mazela da terceirização na Petrobrás e no Brasil é organizar esses milhares de trabalhadores para lutar por melhores condições de trabalho, capacitação profissional e salário decente.

Vanieverton Albuquerque
Fonte: Observatório Social 

Facebook e Google auxiliam governo espanhol na caça a organizadores de manifestações

Facebook e Google auxiliam governo espanhol na caça a organizadores de manifestaçõesA justiça espanhola procura através de contas bancárias que supostamente financiaram as manifestações de 25 de setembro identificar supostos responsáveis por estes movimentos de protesto contra a austeridade.

“É mais um passo na escalada repressiva do poder contra os que não aceitam de modo algum este estado de coisas”, revelou um dos organizadores a um cidadão português residente em Madrid, igualmente solidário com os protestos.

A Audiência Nacional pretende identificar os supostos financiadores dos protestos para decidir se abrirá ou não processos contra os organizadores. A imprensa espanhola dá conta de que as autoridades judiciais, acionadas pela Polícia Nacional, entidade que, por ordens do governo tem realizado ações brutais de repressão contra os manifestantes, procuram fundamento para acusar os organizadores das manifestações de “delito de associação”.

“O que o governo, através dos instrumentos do Estado que não respeitam a separação de poderes, pretende com estes métodos é desacreditar a luta contra a austeridade, comparando-a a movimentos de banditismo; isto é um insulto à democracia, se bem que não surpreenda uma vez que Rajoy de democrata não tem nada, o seu verdadeiro parente político é o franquismo”, declarou o interlocutor do cidadão português que recolheu o depoimento.

Na sua devassa da vida privada de cidadãos e da violação do direito de manifestação, as autoridades espanholas tem contado com a colaboração do Google e do Facebook, que embora não fornecendo dados pessoais revelam endereços de IP, o que na prática poderá ter resultados semelhantes.

O governo e a polícia sofreram uma primeira derrota no processo de perseguição aos manifestantes quando um tribunal de Madrid decidiu, depois de averiguar os casos dos 35 detidos em 25 de setembro, que não tinha competência para se ocupar destes casos uma vez que não havia situações de ameaça à segurança do Estado.

O governo e a polícia continuam, contudo, a recorrer à tese de as manifestações ameaçarem a “segurança nacional”, ideia que já levou o executivo a pressionar as estações de televisão para não transmitirem as manifestações em direto. Em dias posteriores, e uma vez que alguns canais de TV resistiram à pressão, a polícia tentou cortar cabos e ligações para bloquear as transmissões. “Ora aí está um caso de delito de opinião, de atentado à liberdade de informação cometido pela polícia e com o qual a justiça não parece preocupar-se”, declarou o participante na organização do movimento.

A lei espanhola proíbe concentrações em torno do Parlamento quando está em reunião. Os juízes vão agora dedicar-se a verificar as atas das sessões para tentarem apurar se os trabalhos parlamentares foram ou não afetados pelas manifestações.

Fonte: BE Internacional

Novo recorde de desemprego na Zona do Euro

Documento publicado hoje (1) pela agência oficial Eurostat estima que cerca de 25 milhões de pessoas não tem emprego na EU27, um aumento de 2,1 milhões em comparação com o mesmo período do ano anterior.

As maiores taxas de desemprego são da Espanha e da Grécia, onde, em média, uma pessoa a cada quatro não tem trabalho: 25,1% e 24,4%, respectivamente.

Ainda pior é a situação dos jovens até 25 anos nesses países: mais da metade está desempregada na Espanha, um índice de 52,9%. Quanto à Grécia o último índice publicado mostrava que 55,4% dos jovens estavam nessa mesma situação.

Ente os países que tiveram maior alta na taxa de desemprego se encontram também Portugal, que subiu de 12,7% em agosto do ano passado para os atuais 15,9%.

Novo recorde de desemprego na Zona do Euro

Glauber Ataide