UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quarta-feira, 17 de setembro de 2025
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Vigilantes de todo país fazem paralisação por adicional de periculosidade já sancionado por lei

Greve dos vigilantes

A lei 12.740, sancionada pelo Governo Federal em dezembro do ano passado, garante aos vigilantes patrimoniais adição salarial de periculosidade de 30%. No entanto, as empresas se recusam negociar a efetivação da proposta. Os empresários alegam que estão aguardando a regulamentação da legislação para efetuar o pagamento.

Por todo o país os trabalhadores da categoria mobilizaram paralisações e greves. No estado de São Paulo as principais ações aconteceram no interior, nas regiões de Piracicaba, Sorocaba, Riberão Preto e Franca.

Grande parte dos vigilantes que aderiram às paralisações trabalham em agências bancárias, o que resultou no fechamento de diversas delas, já que, segundo lei federal, para o funcionamento das agências é necessário garantir cota mínima de segurança nos locais. Boa parte dos bancários apoiam as paralisações e afirmam que “sem vigilante, bancário não trabalha”.

Liminares foram abertas por Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) para que um mínimo de 40% do efetivo das regiões interioranas de São Paulo voltassem ao trabalho, consideram inconstitucionais as greves realizadas.

Em protesto, os trabalhadores organizaram doações de sangue coletivas, o que impede que os trabalhadores exerçam a função no dia em que a doação é realizada. Um grupo de 80 vigilantes doaram sangue no Hemonúcleo de Piracicaba nesta última quinta-feira.

A Fetravesp (Federação dos Trabalhadores em Segurança, Vigilância Privada, Transporte de Valores e Similares do Estado de São Paulo) reverteu a decisão judicial da 42º Vara do Trabalho em São Paulo que impedia o direito de greve dos vigilantes.

Ana Rosa Carrara, São Paulo

Novo primeiro-ministro da Tunísia é nomeado após morte de líder opositor e mobilizações populares

TunísiaO presidente tunisino, Moncef Marzouki, nomeou Larayedh Ali novo primeiro-ministro. Larayedh substitui Hamadi Jebali, que renunciou ao cargo no último dia 19. Jebali tentava formar um novo gabinete do governo para dar uma respostas as reivindicações das mobilizações populares.

Em 14 de janeiro deste ano, as ruas das principais cidades da Tunísia foram ocupadas mais uma vez por milhares de pessoas, dessa vez contra o atual governo, liderado pelo partido islamita Ennahda. Para o povo tunisino, os objetivos das mobilizações, conhecidas como Primavera Árabe, não foram alcançadas.

A data marca os dois anos da queda do ditador que se mantinha no poder a mais de vinte anos, Zine el-Abdine Ben Ali. Em 14 de janeiro de 2011, Ben Ali fugiu, junto com família, para a Arábia Saudita. Sua deposição foi resultado da Primavera Árabe, que se iniciou na Tunísia e também derrubou ditaduras em países vizinhos como Egito, Iêmen e Líbia.

Chokri Belaid, secretário-geral da coligação de esquerda laica, Frente Popular, foi assassinado com quatro tiros, na capital Tunes, no último dia 6 de fevereiro, o que revoltou ainda mais a população insatisfeita com o governo.

Segundo a oposição, o assassinato de um dos líderes da Frente Popular é reflexo do fracasso político do governo atual. O desemprego, a pobreza e a violência são agudas, os problemas sociais e a arbitrariedade da polícia só aumentam e falta acordo sobre a elaboração da nova Constituição do país.

As manifestações que se seguiram são uma demonstração clara da organização popular que vem tomando o país. Cerca de 40 mil pessoas participaram do funeral do líder da oposição. A cerimônia realizada em memória de Belaid foi acompanhada por uma greve geral e intensos confrontos com as forças da ordem. A população pede um explicação urgente sobre o assassinato.

Ana Rosa Carrara, São Paulo

Greve dos eletricitários da Paraíba atinge grande mobilização

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Wilton Maia, presidente do Stiupb

Em campanha salarial desde setembro de 2012, os eletricitários da Paraíba decidiram cruzar os braços na última segunda-feira, dia 18. A greve é organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas da Paraíba (Stiupb) e atingiu oito cidades-polos da Energisa, empresa que presta serviço de distribuição de energia em todo o Estado. A exceção é a capital João Pessoa, cujo sindicato local já assinou um Acordo Coletivo tal qual propuseram os patrões, sem fazer sequer uma assembleia para aprová-lo.

A paralisação mobilizou 100% dos trabalhadores em algumas cidades e, em Campina Grande, principal base do Stiupb, apesar do grande embate com a empresa, o piquete contou com a adesão da maioria dos funcionários. Na cidade, a Energisa tentou, a todo o momento, obrigar os funcionários a trabalhar, ameaçando-os de demissão, mas o sindicato realizou uma grande agitação com carro de som na porta da empresa, restando a ela ingressar na Justiça do Trabalho com um pedido de ilegalidade do movimento. A Justiça, por sua vez, negou o pedido, mas ordenou, através de liminar, que fosse liberado 40% do efetivo de trabalhadores, alegando se tratar de um setor de serviços essenciais. Caso o sindicato descumpra a determinação, teria que pagar multa diário de R$ 20 mil.

Segundo Wilton Maia, presidente do Stiupb, “nós já conquistamos nossa maior vitória nesta greve, que foi unir definitivamente a categoria com o sindicato. Estamos enterrando o passado de conchavos com as empresas para vender a campanha salarial, que era a prática das antigas diretorias. Neste ano, não esperamos grandes vitórias econômicas, mas estamos determinados a impor à empresa que respeite a dignidade dos trabalhadores, acabando com o assédio moral, as demissões em massa e a terceirização, além de fazer valer o princípio da isonomia, pois existem muitas distorções entre trabalhadores de um mesmo setor ou cidade, alguns recebendo certos benefícios que são negados a outros”.

A greve conta com o apoio do Movimento Luta de Classes (MLC), do Partido Comunista Revolucionário (PCR), do Movimento de Luta nos Bairros (MLB), da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e de outros sindicados da Paraíba, como os sindicatos da limpeza urbana, dos jornalistas, dos metalúrgicos e dos servidores municipais.

Rafael Freire

40 perguntas para Yoani Sánchez em sua turnê mundial

 

40 perguntas para Yoani Sánchez em sua turnê mundial1. Quem organiza e financia sua turnê mundial?

2. Em agosto de 2002, depois de se casar com o cidadão alemão chamado Karl G., abandonou Cuba, “uma imensa prisão com muros ideológicos”, para imigrar para a Suíça, uma das nações mais ricas do mundo. Contrariamente a qualquer expectativa, em 2004, decidiu voltar a Cuba, “barco furado prestes a afundar”, onde “seres das sombras, que como vampiros se alimentam de nossa alegria humana, nos introduzem o medo através do golpe, da ameaça, da chantagem”, onde “os bolsos se esvaziavam, a frustração crescia e o medo se estabelecia”. Que razões motivaram esta escolha?

3. Segundo os arquivos dos serviços diplomáticos cubanos de Berna, Suíça, e de serviços migratórios da ilha, você pediu para voltar a Cuba por dificuldades econômicas com as quais se deparou na Suíça. É verdade?

4. Como pôde se casar com Karl G. se já estava casada com seu atual marido Reinaldo Escobar?

5. Ainda é seu objetivo estabelecer um “capitalismo sui generis” em Cuba?

6. Você criou seu blog Geração y (Generación Y) em 2007. Em 4 de abril de 2008 conseguiu o Prêmio de Jornalismo Ortega e Gasset, de 15 mil euros, outorgado pelo jornal espanhol El País. Geralmente, este prêmio é dado a jornalistas prestigiados ou a escritores de grande carreira literária. É a primeira vez que uma pessoa com seu perfil o recebe. Você foi selecionada entre cem pessoas mais influentes do mundo pela revista Time (2008). Seu blog foi incluído na lista dos 25 melhores blogs do mundo pela cadeia CNN e pela revista Time (2008), e também conquistou o prêmio espanhol Bitacoras.com, assim como The Bob’s (2008). El País lhe incluiu em sua lista das cem personalidades hispano-americanas mais influentes do ano 2008. A revista Foreign Policy ainda a incluiu entre os dez intelectuais mais importantes do ano em dezembro de 2008. A revista mexicana Gato Pardo fez o mesmo em 2008. A prestigiosa universidade norte-americana de Columbia lhe concedeu o prêmio María Moors Cabot. Como você explica esta avalanche de prêmios, acompanhados de importantes quantias financeiras, em apenas um ano de existência?

7. Em que emprega os 250 mil euros conseguidos graças a estas recompensas, um valor equivalente a mais de 20 anos de salário mínimo em um país como França, quinta potencia mundial, e a 1.488 anos de salário mínimo em Cuba?

8. A Sociedade Interamericana de Imprensa, que agrupa os grandes conglomerados midiáticos privados do continente, decidiu nomeá-la vice-presidente regional por Cuba de sua Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação. Qual é seu salário mensal por este cargo?

9. Você também é correspondente do jornal espanhol El País. Qual é sua remuneração mensal?

10. Quantas entradas de cinema, de teatro, quantos livros, meses de aluguel ou pizzas pode pagar em Cuba com sua renda mensal?

11. Como pode pretender representar os cubanos enquanto possui um nível de vida que nenhuma pessoa na ilha pode se permitir levar?

12. O que faz para se conectar à Internet se afirma que os cubanos não têm acesso e ela?

13. Como é possível que seu blog possa usar Paypal, sistema de pagamento online que nenhum cubano que vive em Cuba pode utilizar por conta das sanções econômicas que proíbem, entre outros, o comércio eletrônico?

14. Como pôde dispor de um Copyright para seu blog “© 2009 Generación Y – All Rights Reserved”, enquanto nenhum outro blogueiro cubano pode fazer o mesmo por causa das leis do embargo?

15. Quem se esconde atrás de seu site desdecuba.net, cujo servidor está hospedado na Alemanha pela empresa Cronos AG Regensburg, registrado sob o nome de Josef Biechele, que hospeda também sites de extrema direita?

16. Como pôde fazer seu registro de domínio por meio da empresa norte-americana GoDady, já que isto está formalmente proibido pela legislação sobre as sanções econômicas?

17. Seu blog está disponível em pelo menos 18 idiomas (inglês, francês, espanhol, italiano, alemão, português, russo, esloveno, polaco, chinês, japonês, lituano, checo, búlgaro, holandês, finlandês, húngaro, coreano e grego). Nenhum outro site do mundo, inclusive das mais importantes instituições internacionais, como por exemplo as Nações Unidas, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, a OCDE ou a União Europeia, dispõem de tantas versões linguísticas. Nem o site do Departamento de Estado dos Estados Unidos, nem o da CIA dispõem de igual variedade. Quem financia as traduções?

18. Como é possível que o site que hospeda seu blog disponha de uma banda com capacidade 60 vezes superior àquela que Cuba dispõe para todos os usuários de Internet?

19. Quem paga a gestão do fluxo de mais de 14 milhões de visitas mensais?

20. Você possui mais de 400 mil seguidores em sua conta no Twitter. Apenas uma centena deles reside em Cuba. Você segue mais de 80 mil pessoas. Você afirma “Twitto por sms sem acesso à web”. Como pode seguir mais de 80 mil pessoas sem ter acesso à internet?

21. O site www.followerwonk.com permite analisar o perfil dos seguidores de qualquer membro da rede social Twitter. Revela a partir de 2010 uma impressionante atividade de sua conta. A partir de junho de 2010, você se inscreveu em mais de 200 contas diferentes do Twitter a cada dia, com picos que podiam alcançar 700 contas em 24 horas. Como pôde realizar tal proeza?

22. Por que cerca de seus 50 mil seguidores são na verdade contas fantasmas ou inativas? De fato, dos mais de 400 mil perfis da conta @yoanisanchez, 27.012 são ovos (sem foto) e 20 mil têm características de contas fantasmas com uma atividade inexistente na rede (de zero a três mensagens mandadas desde a criação da conta).

23. Como é possível que muitas contas do Twitter não tenham nenhum seguidor, apenas seguem você e tenham emitido mais de duas mil mensagens? Por acaso seria para criar uma popularidade fictícia? Quem financiou a criação de contas fictícias?

24. Em 2011, você publicou 400 mensagens por mês. O preço de uma mensagem em Cuba é de 1,25 dólares. Você gastou seis mil dólares por ano com o uso do Twitter. Quem paga por isso?

25. Como é possível que o presidente Obama tenha lhe concedido uma entrevista, enquanto recebe centenas de pedidos dos mais importantes meios de comunicação do mundo?

26. Você afirmou publicamente que enviou ao presidente Raúl Castro um pedido de entrevista depois das respostas de Barack Obama. No entanto, um documento oficial do chefe da diplomacia norte-americana em Cuba, Jonathan D. Farrar, afirma que você nunca escreveu a Raúl Castro: “Ela não esperava uma resposta dele, pois confessou nunca tê-las enviado [as perguntas] ao presidente cubano. Por que mentiu?

27. Por que você, tão expressiva em seu blog, oculta seus encontros com diplomáticos norte-americanos em Havana?

28. Entre 16 e 22 de setembro de 2010, você se reuniu secretamente em seu apartamento com a subsecretaria de Estado norte-americana Bisa Williams durante sua visita a Cuba, como revelam os documentos do Wikileaks. Por que manteve um manto de silêncio sobre este encontro? De que falaram?

29. Michael Parmly, antigo chefe da diplomacia norte-americana em Havana afirma que se reunia regularmente com você em sua casa, como indicam documentos confidenciais da SINA. Em uma entrevista, ele compartilhou sua preocupação em relação à publicação dos cabos diplomáticos norte-americanos pelo Wikileaks: “Eu me incomodaria muito se as numerosas conversas que tive com Yoani Sánchez forem publicadas. Ela poderia sofrer as consequências por toda a vida”. A pergunta que imediatamente vem à mente é a seguinte: quais são as razões por que você teria problemas com a justiça cubana se sua atuação, conforme afirma, respeita o marco da legalidade?

30. Continua pensando que “muitos escritores latino-americanos mereciam o Prêmio Nobel de Literatura mais que Gabriel García Márquez”?

31. Continua pensando que “havia uma liberdade de imprensa plural e aberta, programas de rádio de toda tendência política” sob a ditadura de Fulgencio Batista entre 1952 e 1958?

32. Você declarou em 2010: “o bloqueio tem sido o argumento perfeito do governo cubano para manter a intolerância, o controle e a repressão interna. Se amanhã as suspenderem as sanções, duvido muito que sejam vistos os efeito”. Continua convencida de que as sanções econômicas não têm nenhum efeito na população cubana?

33. Condena a imposição de sanções econômicas dos Estados Unidos contra Cuba?

34. Condena a política dos Estados Unidos que busca uma mudança de regime em Cuba em nome da democracia, enquanto apoio as piores ditaduras do Oriente Médio?

35. Está a favor da extradição de Luis Posada Carriles, exilado cubano e ex-agente da CIA, responsável por mais de uma centena de assassinatos, que reconheceu publicamente seus crimes e que vive livremente em Miami graças à proteção de Washington?

36. Está a favor da devolução da base naval de Guantánamo que os Estados Unidos ocupam?

37. Você é favorável à libertação dos cinco presos políticos cubanos presos nos Estados Unidos desde 1998 por se infiltrarem em organizações terroristas do exílio cubano na Florida?

38. Em sua opinião, é normal que os Estados Unidos financiem uma oposição interna em Cuba para conseguir “uma mudança de regime”?

39. Em sua avaliação, quais são as conquistas da Revolução Cubana?

40. Quais interesses se escondem atrás de sua pessoa?

Salim Lamrani*

* Doutor em Estudos Ibéricos e Latino-americanos da Universidade Paris Sorbonne-Paris IV, Salim Lamrani é professor titular da Université de la Réunion e jornalista, especialista nas relações entre Cuba e Estados Unidos. Seu último livro se intitula Etat de siège. Les sanctions économiques des Etats-Unis contre Cuba, Paris, Edições Estrella, 2011, com prólogo de Wayne S. Smith e prefácio de Paul Estrade.

Fonte: Opera Mundi

Ditadura faz mais uma vítima: suicida-se anistiado que foi torturado quando bebê

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Carlos Alexandre A ditadura militar, embora tenha “terminado” há quase 30 anos, vitimou mais uma pessoa na madrugada deste sábado para domingo. Trata-se de Carlos Alexandre Azevedo, que completaria 40 anos em 2013. Carlos cometeu suicídio com uma overdose de medicamentos.

Carlos Alexandre foi usado pelos agentes da repressão para pressionar os pais que estavam presos. Assim descreveu o seu pai, *Dermi Azevedo, em seu mural no Facebook neste domingo acerca do que se passou com seu filho: “Com apenas um ano e oito meses de vida, ele foi preso e torturado, em 14 de janeiro de 1974, no DEOPS paulista, pela “equipe” do delegado Sérgio Fleury, onde se encontrava preso com sua mãe. Na mesma data, eu já estava preso no mesmo local. Cacá, como carinhosamente o chamávamos, foi levado depois a São Bernardo do Campo, onde, em plena madrugada, os policiais derrubaram a porta e o jogaram no chão, tendo machucado a cabeça. Nunca mais se recuperou. (…) O suicídio é o limite de sua angústia”.

O bebê Carlos Alexandre, enquanto esteve no DEOPS, foi “vítima de choques elétricos e outras sevícias. Ele foi jogado no chão e bateu a cabeça”, afirma Dermi. “Maltratar um bebê é o suprassumo da crueldade.”

Dermi e sua companheira na época, Darcy Andozia, foram presos acusados de tentar difamar o Estado brasileiro por conta de um livro intitulado Educação Moral e Cívica & Escalada Fascista no Brasil achado no apartamento onde moravam em São Paulo. Dermi permaneceu preso por 4 meses recebendo torturas físicas como choques elétricos e pau de arara, Darcy, foi torturada psicologicamente vendo seu filho ser torturado na sua frente como forma de pressioná-la nos interrogatórios.

Dermi, Carlos Alexandre e Darcy AndoziaCarlos Alexandre sofria de um transtorno chamado de fobia social, consequência direta das torturas que sofreu. Transtorno que o fazia ser uma pessoa bastante retraída. “Para mim a ditadura não acabou. Até hoje sofro os seus efeitos. Tomo antidepressivo e antipsicótico”, relatou Carlos em entrevista a Istoé Independente em 2010.

O anúncio de sua morte pelo seu pai através do mural no Facebook causou bastante comoção aos amigos da família e a pessoas ligadas aos Direitos Humanos em todo o país. “Meu coração sangra de dor” diz Dermi no início do texto.

Hildegard Angel, irmã de Stuart Angel, assassinado sob torturas pela ditadura, assim expressou em seu site como recebeu a notícia: “Não o conhecia, mas para mim a notícia deste suicídio é como uma facada no peito”. (…) “Agora, acabo de ser surpreendida por essa terrível notícia: o suicídio de um jovem que, quando bebê foi torturado pela mesma classe de algozes que assassinou meu irmão, minha cunhada, minha mãe e até hoje mortifica minhas lembranças”.

Emerson Lira

*Dermi Azevedo é jornalista e ex-preso político. Foi um dos fundadores do Movimento Nacional de Direitos Humanos. Dermi é portador da Síndrome de Parkison, que provavelmente adquiriu por conta das fortes pancadas recebidas na cabeça enquanto esteve preso na década de 70. É dele o livro “Travessias torturadas – Direitos Humanos e ditadura no Brasil” lançado no último dia 6 em Belém.

EUA condenam cidadão que denunciou tortura

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TorturaA Justiça norte-americana, conhecida por condenar inocentes como Sacco e Vanzetti e Mumia Abu Jamal, acaba de cometer mais uma injustiça punindo John C. Kiriakou  a 30 meses de prisão por ter denunciado a prática de tortura pelo Exército dos EUA em Guantánamo. A condenação de Kiriakou se deu com base na Lei de Proteção das Identidades de Inteligência, que permite ao governo dos EUA prender e torturar quem é suspeito de terrorismo.

 John C. Kiriakou trabalhou para a CIA durante 14 anos, mas não aceitou participar de sessões de torturas em pessoas que eram apenas suspeitas de terrorismo e resolveu denunciar esse crime a um repórter.  Recentemente, o site WikiLeaks tornou público mais de 700 documentos confidenciais do governo dos EUA que comprovam que pelo menos 150 suspeitos levados à prisão de Guantánamo desde 2002 eram inocentes. Estes relatórios do Pentágono revelaram a utilização de métodos violentos e de táticas de interrogatório, como privação de sono e exposição prolongada a baixas temperaturas. A condenação de inocentes é uma constante nos Estados Unidos.

Vale lembrar que desde setembro de 1998, cinco patriotas cubanos – Gerardo Hernández, Ramón Labañino, Fernando González, Antonio Guerrero e René Gonzáles –,  se encontram presos em Miami, acusados ​​de espionagem, apesar do testemunho de três aposentados do Exército dos EUA, generais e um almirante aposentado terem afirmado a inexistência de qualquer evidência de conspiração contra o governo. É essa democracia que o Jabor quer ver implantada no Brasil. Cruz credo!

Da Redação 

A Batalha de Stalingrado

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"Avançar, a Vitória está próxima!"batalha de Stalingrado terminou em 2 de fevereiro de 1943 com a vitória dos comunistas e a derrota dos nazistas.  Marcou a virada na Segunda Guerra e é considerada a maior e mais sangrenta batalha de toda a História, causando a morte e ferimentos em cerca de dois milhões de soldados e civis.

A vitória em Stalingrado significou a derrota militar, psicológica e moral dos nazistas. Os invasores foram destroçados, “cozinhados no grande caldeirão de Stalingrado”. Sobre esse período, Stálin escreveu: “O estado moral do nosso exército é superior ao do exército alemão, pois ele defende a Pátria contra os usurpadores estrangeiros e acredita na justeza da própria causa, ao passo que o exército alemão conduz uma guerra espoliadora e pilha o país alheio, não tendo a possibilidade de acreditar, por um minuto sequer, na justeza de sua obra infame”.

A partir de Stalingrado, foram dadas as condições para que dezenas de outras cidades por toda a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) se libertassem do jugo do inimigo em 1943 e 1944, o que estabeleceu as condições para a expulsão definitiva dos invasores da grande pátria russa.

Com todos estes êxitos, a URSS preparou uma gigantesca contraofensiva para libertar, no início de 1945, os países do Leste Europeu, uma grande extensão geográfica que vai desde os países banhados pelo Mar Báltico (Dinamarca, Suécia, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia e Alemanha) até a região dos Cárpatos (República Tcheca, Eslováquia, Polônia, Romênia e Ucrânia). Um importante fator para essa nova vitória sobre os nazistas foi o enorme apoio recebido pelo Exército Vermelho dos povos oprimidos, em particular dos combatentes dos partidos comunistas. Após a libertação desses países, estabeleceram-se as condições para que a URSS voltasse suas energias para a derrota final do nazifascismo.

A Igreja e o Governo Soviético

Ao contrário do que diz a raivosa burguesia sobre a suposta perseguição dos comunistas soviéticos à religião, a Igreja apoiou o Governo Soviético contra os nazistas.  Frequentemente, os padres, em suas celebrações, faziam comparação dos nazistas com os “Cavaleiros Teutônicos” que foram derrotados em 1242, na planície gelada do lago Peipus, por Santo Alexandre Nevsky, patrono de Leningrado.

Apenas em algumas cidades ocupadas, os padres aderiram aos nazistas, mas, no geral, a Igreja Ortodoxa esteve ao lado do Governo Soviético, convocando seus fiéis a não trair a pátria e seus sacerdotes a “partilhar as provações e sofrimentos do povo russo”. Essa ajuda não se deu somente com palavras; além de orações, a Igreja coletava donativos para o Exército Vermelho, chegando  em Gorki a ter “recolhido um milhão de rublos para o Fundo de Defesa”, e os líderes da Igreja, após um grande trabalho de recolhimento de contribuições dos seus fiéis, “entregaram ao exército uma coluna de tanques batizada com o nome de Dimitri Donskoi (príncipe russo que derrotou os tártaros no campo de Kulikovo, em 1380)”. Por essa posição, muitos padres foram perseguidos pelos nazistas na Sérvia, Bulgária, Romênia e outros países.

Para o Partido Bolchevique e o Governo, essa aliança com a Igreja, que já vinha desde a Constituição de 1936, que garantia plena liberdade religiosa, foi também de grande importância para neutralizar os setores ainda duvidosos dos países aliados. Foi garantida a reabertura de seminários e academias teológicas e criado o Conselho para Assuntos da Igreja Ortodoxa Russa, que emitia licença para abertura e restauração de igrejas e demais assuntos referentes à religião. Isso tudo, no entanto, não significou, de forma alguma, uma volta ao passado, pois não houve reunificação do Estado com a Igreja, e esta não mais servia à exploração como fazia no regime czarista.

Na reunião dos países aliados (URSS, EUA e Inglaterra), também conhecida como Conferência de Yalta (¹), que ocorreu de 4 a 11 de fevereiro de 1945, Stálin, Molotov e os demais representantes soviéticos apresentaram o plano da tomada de Berlim. O primeiro-ministro inglês Winston Churchill e o presidente dos EUA Franklin Roosevelt, movidos pelos seus interesses econômicos e principalmente pelo receio da chegada da URSS sozinha a Berlim, propuseram que a União Soviética esperasse para que todos “juntos” chegassem à capital alemã. “Se entrarmos todos juntos, seria ótimo para a ideia das Nações Unidas”, argumentou Churchill. Nesse momento, a URSS estava a 70 km de Berlim. Stálin rejeita categoricamente a prorrogação da guerra, como na prática sugeriam os lideres imperialistas. “Se os aliados estiverem adequadamente ativos no Ocidente, estou certo de que todos estamos às vésperas da Batalha de Berlim. (…) As pessoas querem paz. Nós podemos e devemos dar-lhes a paz o quanto antes”, disse Stálin. Mesmo contra a vontade, os líderes de EUA e Inglaterra são obrigados a aceitar o acordo proposto pela URSS.

A Segunda Frente

Os chamados países aliados, EUA e Inglaterra, adiaram o quanto puderam a ajuda concreta à URSS (que estava combatendo do lado oriental). Seu objetivo era desencadear uma segunda frente de guerra (do lado ocidental) contra a Alemanha, esperando que os soviéticos fossem derrotados pelos nazistas. Vendo a impossibilidade de seu desejo se tornar realidade e temendo que a URSS derrotasse sozinha os nazifascistas, apenas em 6 de junho de 1944 foi desencadeada a Segunda Frente.

Este evento é conhecido na história como o desembarque na Normandia ou “Dia D”. Geralmente é apresentado em inúmeros livros, revistas e filmes estadunidenses como o dia determinante que garantiu a virada definitiva da guerra. Embora tenha sido importante o famoso Dia D, as forças centrais do exército nazista já haviam sido derrotadas pela URSS, que se encontrava em plena marcha para Alemanha, empurrando de volta a Berlim o que havia restado das tropas nazistas.

A ofensiva final

As condições que vinham sendo gestadas desde 1943 estavam suficientemente amadurecidas. Era chegada a hora da ofensiva final. O Exército Vermelho penetra em território alemão com a orientação de aniquilar de vez o inimigo. Chega a Berlim com uma força imensa, e essa grande e última batalha é travada de abril a maio de 1945 em Berlim.

Impotentes diante do colossal ataque soviético, com bombardeios constantes, tanques, artilharia pesada e milhões de soldados, alguns dos principais chefes nazistas, entre eles o principal, Adolf Hitler, em meio à derrota final do Terceiro Reich (como se denominou então seu governo) cometeu suicídio.

Poucos dias depois, ocorre a histórica tomada do Reichstag (o Parlamento alemão), onde um grupo de soldados soviéticos foi destacado para atingir o ponto mais alto do prédio e o fez, fincando ali a bandeira vermelha. O mesmo local que, em 1933, Hitler incendiara e desavergonhadamente acusara os comunistas de tê-lo feito. Esse ato decretou a derrota final da Alemanha nazista, que, alguns dias depois, assinava sua rendição incondicional à URSS.

Nenhum outro país teve maiores perdas materiais e espirituais que a URSS na Segunda Guerra. “Somente nos campos de concentração nazistas foram mortos mais de 3 milhões e 200 mil soviéticos e no total cerca de 23 milhões de pessoas morreram na luta contra o nazifascismo”, afirma o escritor  Ludo Martens em Stálin, um novo olhar.

Leonardo Péricles, Belo Horizonte 

Notas:

¹ Conferência de Yalta – A Conferência de Yalta foi a realização de um conjunto de reuniões ocorridas entre 4 e 11 de fevereiro de 1945 no Palácio Livadia, na estação balneária de Yalta,  às margens do Mar Negro, na Crimeia. Foi a segunda das três conferências em tempo de guerra entre os líderes das principais nações aliadas (a anterior ocorreu em Teerã, e a posterior em Potsdam). Os chefes de Estado dos Estados Unidos da América e da União Soviética e o primeiro-ministro do Reino Unido reuniram-se em segredo em Yalta para decidir o fim da Segunda Guerra Mundial.

Bibliografia:

A Grande Conspiração – A Guerra Secreta contra a Rússia Soviética – Michael Sayers e Albert E. Kahn, 6ª edição, Editora Brasiliense, São Paulo, 1959.

Stálin – Um novo olhar – Ludo Martens, Editora Revan, Rio de Janeiro, 2003.

Stálin – História crítica de uma lenda negra – Domenico Losurdo, Editora Revan, Rio de Janeiro, 2010.

O grande feito do povo soviético e do seu exército – Vassíli Riábov, Edições Progresso, Moscou, 1983 (Riábov foi oficial e da imprensa, a partir de 1950, do Exército Vermelho)

A Rússia na Guerra 1941 – 1945 – Alexander Werth – vol. 1 – Civilização Brasileira, 1966.

Stalingrado,1942 – Claudio Lucchesi – 1ª edição, CeR Editorial, São Paulo, 2009.

Europa na guerra, uma vitória nada simples – Norman Davies, Editora Record, 2009

Filme – Do Inglês  Fall of Berlin: The Restored Soviet WW 2 Epic (A queda de Berlim). Produção soviética, de Mikhail Chiaureli , 1949. Legendado em português por Glauber Ataíde. Edições CCML 2011.

Camilo Cienfuegos, chefe do Exército Rebelde Cubano

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CienfuegosEm primeiro de janeiro de 2013, comemorou-se o 54° aniversário do triunfo da Revolução Cubana. Como principais responsáveis por tal triunfo, podemos citar Fidel Castro, Raúl Castro, Juan Almeida, Celia Sánchez, Vilma Espín, Ernesto Che Guevara e Camilo Cienfuegos. Dentre eles, merece especial destaque o papel de Camilo, uma vez que assumiu o comando do Exército Rebelde após o triunfo da Revolução.

Autêntico herói popular, nascido em Havana, em 7 de fevereiro de 1932, sua curta vida de 27 anos foi muito parecida à de muitos jovens de sua geração: terminou a escola primária superior e tratou de seguir estudos de artes plásticas na Escuela de San Alejandro. A impossibilidade de continuar seus estudos frustrou nele sua vocação artística.

Emigra para os Estados Unidos, em busca de melhorar sua condição econômica. Limpa pisos e cristais, além de trabalhar como empacotador. Quando regressa a Cuba, participa de ações estudantis contra a tirania de Batista e, em uma delas, é ferido por uma bala.

Regressa aos Estados Unidos e dali parte para o México, com a intenção de se incorporar ao Movimento 26 de Julho, cujo idealizador era Fidel. Expedicionário do Granma, desembarca em Las Coloradas e é um dos 12 sobreviventes que sobem a Sierra Maestra. Destaca-se como um dos melhores guerrilheiros e fica encarregado de levar a guerrilha às planícies de Bayamo. Sua valentia e força frente ao inimigo o coroam de glória. Depois disso, foi atribuída a Camilo a histórica missão de levar, até o Ocidente, a Coluna 2 Antonio Maceo – que recebeu esse nome em homenagem ao chefe do exército libertador de Cuba na Guerra de Independência no século XIX.

Juntamente com Che, aniquila o poderio militar de Batista no centro de Cuba e recebe a missão de avançar para Havana e tomar a liderança do exército inimigo.

Fiel à sua origem de classe e desde seu honroso cargo de chefe do Exército Rebelde, diz: “… o trabalhador quer armas e nós, o Exército, vamos dar aos trabalhadores essas armas […], os operários querem instrução militar e nós daremos a esses operários instrução militar”, pois “o Exército Rebelde é o povo fardado”.

Em 1959, devido à traição de Hubert Matos, na província de Camaguey, Camilo foi para lá a fim de deter as forças contrarrevolucionárias e solucionar politicamente os resíduos e sequelas da confusão gerada pela manobra traidora. Em 28 de outubro, quando regressava a Havana, em um voo, Camilo foi vítima de um acidente aéreo devido a falhas técnicas na aeronave.

Desaparecido entre a tempestade e o mar, deixa seu vivo exemplo revolucionário. Camilo é, e sempre será, esse modelo do máximo que pode dar uma pessoa entregue à causa revolucionária, e que se define em uma palavra: Vanguarda.

Diogo Belloni, militante da UJR

Fontes:
William Gálvez, Camilo, señor de la vanguardia, La Habana, 1979.
Antonio Núñez Jiménez, En marcha com Fidel – 1959, La Habana, 1982

Eu canto, porque não está certo
Que você esteja morto, Camilo.
Eu canto, porque você está vivo
E não porque você está morto

Canto a Camilo, de Carlos Puebla

Novos protestos exigem queda do governo egípcio

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EGITOManifestações no Cairo, Alexandria e em outras cidades egípcias marcaram, no último dia 25 de janeiro, o segundo aniversário do levante popular que derrubou o ex-ditador Hosni Mubarak. Retomando a palavra de ordem de “Pão, Liberdade e Justiça Social” utilizada dois anos atrás, os manifestantes exigiam uma “nova revolução” e a saída do atual presidente, Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, acusado de trair os ideais que inspiraram a revolta em 2011. “Tomem as praças para cobrar as reivindicações da revolução”, dizia a convocatória dos protestos, que deixaram um saldo de mais de 50 mortos e 530 feridos após a repressão policial ordenada pelo governo.

No dia seguinte, novos protestos aconteceram na cidade de Port Said, depois que 21 pessoas foram condenadas à morte pelos confrontos que tiraram a vida de 74 torcedores durante uma partida de futebol entre as equipes do Al Ahly e do Al Masry, no ano passado. Dessa vez, 30 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas. A torcida organizada do Al Ahly afirma que os policais responsáveis pela segurança da partida não foram punidos e que apenas torcedores foram condenados. No próximo dia 9 de março, a justiça egípcia divulgará a sentença para os outros 52 acusados.

Crise e revolta

Esses protestos, aparentemente motivados por causas diferentes, são alimentados pelo sentimento de insatisfação que cresce entre a população em relação aos rumos tomados pelo atual governo. De fato, passados dois anos das jornadas que derrubaram a ditadura de Mubarak, o país ainda vive uma grave crise econômica, sofre com a fome e o desemprego, o exército continua exercendo forte influência nas decisões do governo e a repressão ao povo persiste.

Nos últimos meses diversas medidas do governo têm aumentado o poder do presidente e pavimentado o caminho para uma nova ditadura. A mais recente dessas medidas foi adotada no dia 27 de janeiro, quando o presidente Mohamed Mursi decretou estado de emergência nas cidades estratégicas de Porto Said, Ismailia e Port Suez, localizadas ao longo do canal de Suez, e ordenou toque de recolher noturno por 30 dias, dando ao exército poder de polícia, após protestos que deixaram cerca de 40 mortos e quase 600 feridos.

Além disso, o chefe do estado-maior das forças armadas do Egito, Abdel Fattah al Sisi, tem dado declarações nas quais afirma que “os desafios econômicos, políticos e sociais que o Egito enfrenta representam uma verdadeira ameaça à segurança do país e à coesão do Estado”. Disse mais que “a continuação do conflito entre as diferentes forças políticas e suas diferenças em relação ao comando do país podem levar ao colapso do Estado e ameaçam gerações futuras. A continuação desse cenário sem ser resolvido conduzirá a consequências graves que influenciarão a estabilidade”. O militar também defendeu a ideia de que o exército continue a controlar o país e que as forças armadas sejam “o bloco coeso e sólido” da nação.

A retomada das grandes manifestações por mudanças verdadeiras no Egito revela a disposição do povo de fazer avançarem as conquistas. Iniciaram um processo de construção de uma nova história e, agora, querem chegar até o fim, até a mudança do regime de opressão e sua libertação definitiva.

Da Redação 

Chávez: “Estou batalhando de novo por minha saúde”

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ChávezO governo venezuelano divulgou nesta sexta-feira (15/02) as primeiras imagens do presidente Hugo Chávez, que se recupera em Havana da quarta cirurgia contra um câncer na região pélvica.

Para desespero da grande burguesia internacional e da oligarquia venezuelana,  “o presidente Hugo Chávez está cada dia melhor e mais incorporado às suas funções”, afirmou o  ministro da Ciência e da Tecnologia da Venezuela, Jorge Arreaza, depois de visitar Chávez em Havana. Segundo o ministro, Chávez já  deixou o pós-operatório e entrou em uma nova etapa de tratamento contra o câncer diagnosticado em meados de 2011. Logo após a cirurgia de 11 de dezembro passado, Chávez enfrentou uma insuficiência respiratória. Embora ela persista, vem sendo tratada com sucesso e o presidente se encontra  na plenitude de suas faculdades intelectuais.

Comprovando a afirmação do ministro, Hugo Chávez enviou uma mensagem assinada de próprio punho aos líderes latino-americanos e caribenhos que participaram  da Cúpula da Comunidade de Estados da América Latina e do Caribe (Celac), em Santiago. “Lamento não poder comparecer a esse evento em Santiago do Chile. Como é do conhecimento de todos, desde dezembro do ano passado estou batalhando de novo por minha saúde na Cuba revolucionária”, disse Chávez na carta, lida pelo vice-presidente Nicolás Maduro durante a reunião. Maduro acrescentou que  “o presidente está na batalha, ciente da situação que tem vivido, do difícil do pós-operatório, do que está acontecendo em nosso país, informado do que acontece, disciplinado com seu tratamento, cumprindo as recomendações dos médicos”.

Chávez recebeu permissão da Assembleia Nacional e do Tribunal Supremo de Justiça  para se ausentar do país até que esteja recuperado. Porém, a oposição direitista deseja que ele retorne a Caracas mesmo sem ter se curado da doença. Na realidade, a direita da Venezuela, o imperialismo e todos os seus lacaios querem a sua morte. Não aceitam os avanços sociais nem as nacionalizações realizadas pelo governo. Com efeito, em 14 anos, o presidente Hugo Chávez nacionalizou multinacionais como a Cargill, colocou a petroleira PDVSA sob controle popular e  estatizou empresas agroindustriais, metalúrgicas e de construção civil.

Além disso, a mortalidade infantil foi reduzida de 25 por 1.000 crianças para menos de 13 por 1.000; 96% da população passou a ter acesso à água; de 18 médicos por 10.000 habitantes, agora são 58; 13.721 clínicas médicas foram construídas nos bairros pobres (crescimento de 169,6%) e 350 mil casas populares foram entregues.

Por essas razões, o povo continua com Hugo Chávez e, sucessivamente,  vem derrotando nas eleições a direita e seus meios de comunicação – e vai às ruas apoiar o tratamento de saúde do seu presidente.

Da Redação

Quem se lembra de Neto Maranhão?

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Neto MaranhãoNo país da Copa de 2014, cuja estimava de custo total é de R$ 80 bilhões, a falta de infraestrutura da imensa maioria das equipes do futebol brasileiro beira o absurdo. Há um grande esforço por parte da grande mídia, da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e dos megapatrocinadores em apresentar o fato de que o futebol nacional ganhou novos ares nos últimos tempos. Mas nada que se sustente a um olhar mais atento. A saída do corrupto Ricardo Teixeira da presidência da CBF não mudou em nada a estrutura do futebol no País, até porque em seu lugar ficou o ex-governador biônico de São Paulo José Maria Marin, acusado, entre outras coisas, de delatar aos órgãos de repressão da ditadura militar o jornalista Vladimir Herzog.

No noticiário esportivo, o que vemos são salários milionários, carros e imóveis de luxo e todo tipo de regalias  que os jogadores têm a sua disposição. A realidade é bem diferente, porém.

Os levantamentos sobre as condições de salário e de vida dos jogadores de futebol mostram que 76% recebem até dois salários mínimos, 21% até vinte salários e apenas 3% recebem os altos salários tão exaltados.

Pior é a condição de trabalho desses atletas. No ano passado, ao participar de uma “peneira” no Vasco da Gama (um dos maiores clubes do País), um jovem de 14 anos passou mal e, sem o devido atendimento, morreu antes mesmo de chegar ao hospital. No início deste ano, outro caso chamou atenção pelo tratamento dispensado aos atletas. Neto Maranhão, de 28 anos, jogador do Potiguar, da cidade de Mossoró (RN), sofreu uma parada cardiorrespiratória e faleceu em campo, debaixo do calor de 34 graus em que o time se preparava para a estreia no campeonato estadual. O Potiguar não tem médico contratado, enfermeiro e nenhum outro profissional da área de saúde. Desmaiado o jogador, necessitando ser levado para um hospital, constatou-se que não havia sequer uma maca no local.

Depois de sua morte, parte da história veio à tona e ficou claro que não se tratou de uma fatalidade. No último clube por que passou, o Biguaçu, de Santa Catarina, foi descoberto que tinha um problema cardíaco que impediria sua continuidade na prática esportiva. Ao se apresentar ao Potiguar, nenhum exame foi feito pelo clube, e alegaram os dirigentes terem recebido exames trazidos pelo próprio jogador.

Quer dizer, para evitar os custos dos exames médicos, o clube transferiu ao jogador toda a responsabilidade sobre sua própria saúde. Um jogador de futebol, aos 28 anos, diagnosticado com problemas cardíacos, precisaria, no mínimo, interromper temporariamente sua carreira para tratamento. Mas a falta de acompanhamento e preparo no início da vida de atleta, o abandono dos estudos e, principalmente, a falta de outra formação profissional, deixam o jogador refém dos clubes e suas imposições. Neto escolheu seguir sua carreira, não para ganhar milhões ou adquirir carros de luxo, mas para conseguir manter sua família e pagar suas contas no fim do mês, como tantos outros trabalhadores que aceitam trabalhos danosos à saúde o fazem para conseguir sobreviver.

Diante do ocorrido, o Sindicato dos Atletas Profissionais do Rio Grande do Norte solicitou à Federação Potiguar de Futebol (FPF) e ao Ministério Público Estadual o adiamento do início do campeonato, com a exigência de que os jogadores façam exames médicos antes de entrar em campo. Prontamente, a Federação se fez contrária ao pedido, alegando que isso representaria “custos para as equipes” e dificultaria a campanha de marketing já em andamento.

Quanto a Neto Maranhão, apenas uma nota de pesar publicada no site da FPF.  Para eles, Neto Maranhão é só mais um trabalhador morto em serviço, mas que rapidamente pode ser “reposto” por alguma jovem promessa vinda da periferia de Natal ou de qualquer outra cidade do interior do Rio Grande do Norte, empobrecido e castigado pela seca.

Rafael Pires,
membro da coordenação da UJR