UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

domingo, 20 de abril de 2025
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Frei Gilvander: um defensor dos pobres que incomoda os poderosos

Frei GilvanderGilvander Luís Moreira é frade carmelita, professor de teologia bíblica. Desde 1985 atua como assessor da Comissão Pastoral da Terra (CPT), das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (Cebi) e da Via Campesina. Há dois anos é membro do Conselho Estadual dos Direitos Humanos de Minas Gerais (Conedh).  É um dos religiosos mais ativos na defesa e participação junto aos movimentos populares. Por isso, sofre diversas ameaças de morte, mas segue firme na luta. Muitos dos seus instigantes textos e vídeos podem ser acessados no sítio  www.gilvander.org.br – facebook: Gilvander Moreira – e-mail: gilvander@igrejadocarmo.com.br

A Verdade –Fale-nos um pouco sobre a luta pelos Direitos Humanos e sobre a Comissão da Verdade

Frei Gilvander – A presidente Dilma Rousseff, atendendo a um grande clamor do povo organizado, instalou a Comissão da Verdade em maio, para que em dois anos se apurem as violações dos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar-civil-empresarial. Essa comissão investigará pelas brechas já abertas pelo movimento contra a tortura, que quer passar a limpo os horrores cometidos nos anos de chumbo. Mas uma comissão oficial jamais conseguirá o que precisamos: apurar, de fato, a verdade que liberta, aquela que precisa revelar quem torturou e matou e quem mandou torturar e matar. Para isso será indispensável que o movimento de luta pelos Direitos Humanos, nas suas mais diversas especificidades, organize e dissemine Comissões da Verdade e Justiça independentes do governo e dos militares. Precisamos não apenas de sete, mas de “setenta vezes sete” pessoas integrando comissões locais e regionais. Não poderemos descansar enquanto não punirmos todos os ditadores e seus vassalos e enquanto não conquistarmos a abertura dos arquivos da ditadura. Em vários países DA América Latina, muitos generais já foram julgados e estão detrás das grades. Perdoar ditadores e torturadores é ser cúmplice da perpetuação da tortura.

Como avalia a situação de moradia nas grandes cidades brasileiras?

Desde Collor, passando por FHC e Lula, a política econômica do governo federal tem feito opção pelo capital e seus adeptos banqueiros, empresários e latifundiários. O PAC é, na prática, plano de aceleração do crescimento das empresas, não do povo. As grandes obras, faraônicas por sinal, tais como a transposição do rio São Francisco, usinas e barragens de Jirau, Santo Antônio (em Rondônia) e Belo Monte (no Pará), ferrovias – a Transnordestina –, construção e/ou reforma de portos e aeroportos, 12 estádios etc. promovem crescimento econômico para um pequeno grupo de grandes empresas, a maioria delas transnacionais. Isso fomenta a especulação imobiliária nas cidades. Com isso, ficam à míngua – quase sem orçamento – as áreas sociais da saúde, educação, habitação, reforma agrária e outros direitos humanos. Assim, os empobrecidos estão sendo, de forma sorrateira, lentamente expulsos para as periferias das regiões metropolitanas. Isso é progresso para uma minoria e desgraça para a maioria. O Deus da vida abomina essa política econômica neoliberal que impõe uma ditadura econômica sobre o povo. Inclusão pelo consumo é enganação. As pessoas não têm só estômago e barriga. A gente quer é vida com dignidade, o que passa por reformas agrária e urbana (que é algo muito diferente de urbanização de favelas).

Os movimentos populares que fazem ocupações rurais e urbanas são tratados como criminosos. Qual sua avaliação sobre as ocupações?

As condições de vida real do povo não estão coloridas como aparecem na propaganda dos partidos políticos e na grande imprensa. Infelizmente, a injustiça social e ambiental está crescendo e a classe trabalhadora, cada vez mais marginalizada, não está tolerando mais a corda no pescoço. Como uma panela de pressão no fogo, nas entranhas da vida social há efervescência e ebulição. O povo organizado conseguiu inscrever na Constituição de 1988 que toda propriedade deve cumprir sua função social. Para isso é preciso ser simultaneamente produtiva, respeitar o meio ambiente, ter relações trabalhistas justas e partilhar sua produtividade. Descumprindo a função social, perde o proprietário o critério objetivo inerente à propriedade, que é o direito de posse. Portanto, um imóvel que não cumpre a função social está vazio e deve, sim, ser ocupado. Ninguém tem a posse de uma área vazia, e, como consequência lógica, não pode o Poder Judiciário, baseado somente no registro, dar as garantias da ação possessória. Quem é o invasor é aquele que se diz proprietário sem legitimidade. Em um país campeão em concentração fundiária e com grandes propriedades sem cumprir sua função social, ocupar é um direito e um dever. Ai dos pobres que não se unem e não se organizam para ocupar os terrenos abandonados. Morrerão aos poucos. Parabéns ao povo das ocupações que está  lutando por emancipação humana a partir da conquista da terra.

Quais as ameaças que você vem sofrendo?

Já fui ameaçado de morte (e de ressurreição) muitas vezes. É só os conflitos se acirrarem e a luta de classe acontecer, que as ameaças surgem. Logo após o covarde e truculento despejo da Ocupação Eliana Silva, do MLB, em Belo Horizonte, nos dias 11 e 12 de maio último, quatro homens foram vistos no portão da minha casa, num horário em que eu deveria chegar, mas quem chegou foram outros dois frades. De 22 de junho último até o dia 14 de julho, recebi no meu celular oito ameaças. Um ameaçador ligando de telefone público e dizendo “Padreco, sua batata queimou. Some de Belo Horizonte enquanto é tempo.” Depois: “Você ainda está em Belo Horizonte? Se prepare!” Coisas desse tipo. Sei muito bem que acompanhar as ocupações rurais do MST em Minas Gerais e as ocupações urbanas em Belo Horizonte, Itabira, Timóteo e Uberlândia, denunciar as injustiças sociais e ambientais, cobrar direitos humanos dos presos e dos homossexuais, tudo isso consola quem está na aflição, mas incomoda quem está gozando as benesses do capitalismo. Mas continuaremos lutando até o dia em que construirmos uma sociedade justa, solidária, ecumênica e ecologicamente sustentável. Ai de nós se nos calarmos diante de tantas violências perpetradas contra os pobres! O Deus da vida conta conosco nessa empreitada de luta por vida e liberdade para todos e tudo.

Qual a sua avaliação sobre a Ocupação Eliana Silva?

As 350 famílias sem-terra e sem-casa da Ocupação Eliana Silva se organizaram durante meses buscando se libertar da cruz do aluguel, que come no prato do pobre, que é veneno para quem ganha só salário mínimo. Na madrugada do dia 21 de abril passado, elas ocuparam um terreno abandonado há mais de 40 anos. O MLB coordenou a Ocupação Eliana Silva com idoneidade, com participação ativa e paixão em defesa dos pobres. Durante três semanas, a comunidade se construía. Mas o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, exigiu, na justiça, reintegração de posse, mesmo sem comprovar ter a posse do terreno. O Judiciário – defensor do privilégio que é a propriedade só para alguns – mandou despejar Eliana. Sem avisar, chegaram mais de 400 policiais da Polícia Militar de Minas Gerais: tropa de choque, Gate e outros pelotões da PM, inclusive com caveirão, um tanque de guerra. A Ocupação Eliana Silva resistiu 36 horas, inclusive dormindo ao relento depois de ter suas barracas destruídas. O povo foi despejado, mas não baixou a cabeça. Está se organizando para um novo embate. A luta vai continuar até depois que todos conquistem terra e moradia digna. O povo da Eliana Silva está de parabéns pela firmeza, organização e ousadia com que está lutando. Não foram em vão o choro das crianças e toda a dor perpetrada pelo Estado. Vamos transformar a Sexta-feira da Paixão que fizeram com a Ocupação Eliana Silva em um Domingo da Ressurreição.

Na sua visão, quais as perspectivas para o movimento popular?

Infelizmente, a crise plural que nos envolve se agravará, pois o dragão, que é o capitalismo, ainda soltará muito fogo sobre os empobrecidos e sobre a biodiversidade. A crise econômica europeia está chegando ao Brasil. As massas estão sendo seduzidas pelo canto da sereia da inclusão pelo consumo. A dívida externa foi internalizada. Com isso, a dívida pública que o Estado brasileiro tem para com 20 mil banqueiros é quase impagável. É uma tremenda injustiça deixar de investir 250 bilhões de reais nas áreas sociais para repassar a banqueiros credores da dívida pública. Estima-se que, em paraísos fiscais, Maluf e muitos outros magnatas brasileiros já esconderam mais de 520 bilhões de reais. As massas vão sentir cada vez mais as consequências do endividamento, a intensificação do trabalho, arrocho salarial e as agruras de morar cada vez mais distante dos centros das cidades. Nesse contexto, felizes os empobrecidos que se unem, se organizam e, de cabeça erguida, partem para a luta. Sonho com o dia em que todos os movimentos populares do campo e das periferias das cidades deem as mãos e, em lutas conjuntas, possam sacudir o edifício do capitalismo, que está podre e deve ser derrubado o quanto antes. O que move o mundo, no mais profundo, não são as armas, mas os sonhos libertários. Sonhemos acordados, de mãos dadas na luta. É preciso acreditar na força da microcomunicação através dos jornais populares, rádios populares, internet – e-mails, Facebook, Twitter, blogs, sítios etc. Cada militante deve adquirir o hábito de colecionar endereços eletrônicos e, assim, ampliar seus braços, sua voz e seu corpo. A luta faz nascer e crescer a esperança. Só perde quem não entra na luta ou quem desiste da luta. Lutar até depois da vitória, eis a nossa tarefa que deve ser abraçada por amor, por paixão.

Leonardo Pericles, Belo Horizonte

PCR 46 Anos – Pela punição dos torturadores e assassinos da Ditadura Militar

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O Partido Comunista Revolucionário (PCR) completa 46 anos de sua fundação, e neste aniversário será celebrado um Ato Pela Punição dos Torturadores e Assassinos da Ditadura Militar. Em São Paulo a comemoração será no dia 8 de Setembro, com local ainda a definir. Mais informações em breve.

Marcha reúne 15 mil manifestantes em Brasília

FENET participa de marcha que reúne 15 mil manifestantes em Brasília  Quase 15 mil servidores federais – a maioria completando mais de um mês de greve – apoiados por centenas de estudantes, percorreram a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, no último dia 18 de julho, para cobrar a apresentação de propostas concretas para as demandas mais urgentes do setor.

A combatividade da manifestação incomodou o Governo e, no final da marcha, os servidores, que se concentraram no Ministério do Planejamento, numa tentativa de serem recebidos pela ministra Miriam Belchior, foram atingidos pela Polícia Militar do DF com spray de pimenta e cassetetes.

Até agora, somente os professores universitários, em greve há dois meses, receberam propostas oficiais. A marcha fez parte das atividades do “Acampamento da Greve”, que está montado na Esplanada e tem servido como importante ponto de encontro e apoio dos servidores que lutam por melhores condições de trabalho e serviços públicos de qualidade.

Apesar da grande demonstração de força dos servidores federais, o esforço não sensibilizou o Governo, que continua sem apresentar propostas concretas e tem mantido o discurso de que não possui recursos suficientes para atender todas as demandas dos trabalhadores. A Federação Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico (Fenet), a União da Juventude Rebelião (UJR) e o Partido Comunista Revolucionário (PCR) estiveram presentes mobilizando diversos estudantes de várias partes do Brasil.

Para Yuri Pires, 1º vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), “os estudantes brasileiros estão indignados com a política do Governo Federal para a educação. É um absurdo priorizar os pagamentos da dívida pública, que chegaram em 2012 a 47,19% do PIB do país, em vez de ampliar as verbas para educação, aplicar um aumento salarial digno aos servidores federais e sancionar a lei dos 10% PIB para educação pública”.

O Governo alega que não pode negociar devido à crise econômica mundial, porém irá gastar para construção de estádios da Copa 2014 o equivalente a R$ 7 bilhões. E mais. Foi aprovada pelo Congresso, no dia 17 de julho, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que não prevê reajustes salariais no ano de 2013, pois o Governo se opôs ao texto do Relatório Final que continha uma margem para reajustes dos servidores.

Para Ana Carolina Sarmento, coordenadora-geral da Fenet, “o Governo não prioriza a educação pública, prova maior disso é que se nega a negociar com os professores e técnico-administrativos em greve, desviando também para o bolso dos tubarões do ensino grande quantia de dinheiro público através de programas como o Pronatec, no caso ensino técnico”.

Claudiane Lopes, militante do PCR

Documentário: Belo Monte, anúncio de uma guerra

Belo Monte, anúncio de uma guerra, é um documentário independente filmado ao longo de 3 expedições à região do rio Xingu, Altamira e arredores, São Paulo e Brasília. Apresenta imagens e fatos reveladores sobre a maior e mais polêmica obra em andamento no Brasil.

A edição e finalização foram financiados por mais de 3.429 pessoas no site Catarse. Para saber mais sobre a campanha de financiamento coletivo acesse http://catarse.me/pt/projects/459-belo-monte-anuncio-de-uma-guerra

Vídeo mostra ocupação em PE

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Nove meses é o período de uma gestação, e foi o tempo necessário entre reuniões e ocupação para 350 famílias conquistarem suas casas. Num terreno da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que há 30 anos não tinha nenhuma utilidade, as famílias organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas/PE (MLB) conquistaram terreno para construção de suas casas.

Arte e cultura em homenagem a Bolívar e à Venezuela

Movimento de Mulheres Olga Benário“O novo mundo deve estar constituído por nações livres e independentes, unidas entre si por um corpo de leis em comum que regulem seus relacionamentos externos”.

Nesta frase de Simón Bolívar vêem-se os ideais de um homem que lutava não só pela libertação de um povo, senão que pela integração destes. Junto a José Martí, Bolívar foi um dos principais ícones de libertação da América do poderio do Império Espanhol.

No dia 24 de julho, lembraram-se os 229 anos deste revolucionário que tanto contribuiu para a libertação e integração dos povos latino-americanos.

Reunidos na Praça Bolívar e Abreu e Lima, na cidade, emancipada há apenas 30 anos, e que leva o nome deste outro revolucionário que também em muito contribuiu pela emancipação dos povos latino-americanos, Abreu e Lima, cerca de 100 participantes de diversos movimentos sociais, com o apoio da prefeitura do município, não só homenagearam Bolívar como saudaram o governo que tem assumido o compromisso de levar adiante as idéias deste revolucionário, implementando o que chamam de Governo Bolivariano: o governo da Venezuela e seu presidente Hugo Chávez.

Entre os participantes e organizadores estavam o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, MST; o Centro Cultural Manoel Lisboa, CCML, a prefeitura municipal de Abreu e Lima; a União dos Estudantes Secundaristas e Pernambuco, UESPE; o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal Rural de Pernambuco, DCE-UFRPE / Odijas de Carvalho; o Centro de Estudos e Educação Popular, CEEP, de Paudalho; o Movimento de Mulheres Olga Benário; o Movimento de Luta nos bairros Vilas e Favelas, MLB, entre outros.

O ato contou não só com falações em homenagem, apoio e solidariedade, mas também com inúmeras apresentações culturais, que envolveram todos que passavam pela praça que puderam prestigiar o evento e sentir a integração dos povos através não só da luta, mas também da arte e cultura populares.

Thays Santos e Bruno Melo, Recife

Em memória de Aloísio Teixeira

Aloísio TeixeiraMorreu na manhã desta segunda-feira, aos 67 anos, o economista Aloísio Teixeira, ex-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Aloísio morreu após um infarto fulminante, quando estava em casa no Rio de Janeiro.

Aloísio Teixeira teve ao longo de sua vida uma importante trajetória em defesa da educação e na luta por uma sociedade mais justa. Foi militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) durante a ditadura militar e ao longo de sua carreira de economista se especializou em Programas de Bem-Estar Social.

Reitor da UFRJ de 2003 até 2011, Aloísio se destacou na defesa do livre acesso à universidade e na criação de programas que ampliassem o acesso e garantissem a permanência de estudantes de escolas públicas nas universidades.

Aloísio liderava um grupo de estudo do marxismo e foi professor de Economia Política – Teoria Marxista. Defensor do socialismo e do povo, ele também foi um ativo colaborador e assinante do jornal A Verdade.

Da Redação

FARC-EP realiza ofensiva e desmoraliza política de guerra

Uma grande ofensiva das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP) na cidade de Toríbio, no Departamento de Cauca, vem sendo destaque em diversos meios de comunicação, mesmo os burgueses. Além de Toríbio, estão em permanentes ataques os municípios de Argélia, Miranda e Jambaló, todos situados no mesmo Departamento.

A guerrilha colombiana demonstra ao mundo em geral, e as oligarquias colombianas e ao imperialismo em particular, que ela não apenas não vem “perdendo força”, como tanto propalavam as autoridades deste país, como recentemente deram mostras claras e irrefutáveis de novo vigor, crescimento e determinação. Durante mais de uma semana, realizam um cerco a estas cidades e impuseram fortes baixas materiais e humanas ao exército oficial, bem como uma contundente humilhação ao governo.

A guerrilha conta com forte apoio popular, sobretudo da maioria indígena presente nas localidades. Os indígenas chegaram a exigir a saída imediata do exército, bem como espontaneamente atacaram as barricadas, tricheiras e antenas de comunicação utilizadas pelos militares na cidade de Toríbio. Também entraram em confronto fisíco direto com o exército oficial tentando remove-los a força. Por sua vez, a guerrilha chegou a derrubar no último dia 11/07 um caça supertucano, modelo brasileiro, vendido pelo governo brasileiro de Lula ao estado terrorista colombiano. Estes caças, num total de 25, custaram 240 milhões de dólares aos cofres públicos da Colômbia, com o único objetivo de ser utilizado contra a guerrilha.

Embora o governo brasileiro tenha procurado manter uma política externa relativamente independente, a venda de armas ao belicista e terrorista Estado Colombiano constitui uma postura inadmissível de nosso governo, ainda mais quando se sabe claramente que tais armamentos serão utilizadas contra o povo e para manter esta covarde política de guerra.

Por fim, cabe ressaltar que, ao derrubar este caça, a guerrilha demonstra ao mundo seu poder bélico e antiaéreo, e comprova mais uma vez que nenhum armamento, por mais moderno e devastador que seja, poderá eliminar a guerrilha. Suas causas remontam as grandes desigualdades sociais existentes, a exploração capitalista a que são submetidos os trabalhadores e camponeses. Somado a este ambiente, o governo narco-terrorista colombiano, que com sua política de guerra e de repressão ao povo só consegue cada vez mais atrair contra si a insatisfação popular, como demonstram os índices recentes de popularidade do governo de Juan Manuel Santos.

Falando em Juan Manual Santos, o presidente decidiu comparecer a cidade sitiada, com forte esquema de segurança, para tentar dar mostras de que “chegou para resolver”, mas sua ida só serviu para mais humilhações. De onde ele estava reunido com seu conselho de segurança, as FARC-EP mantinham a menos de 1 km do perímetro diversas barreiras, checando todos os veículos e pedindo documentações de quem entrava e saía da cidade.

Sem garantir nem sua própria segurança, acuado pelos próprios moradores da região, Santos nada alegou a não ser que enviará contundentes reforços para a área, tratando como bonecos de xadrez a vida de seus soldados em nome de suas oligarquias.

Rodrigo Dantas,  cientista social

Invasão à Sede Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro

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O Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro (GTNM/RJ), que há 27 anos vem lutando pela memória, verdade e justiça do período de terrorismo de Estado  no Brasil, sofreu, em menos de 10 dias, duas ameaças das forças retrógadas e saudosistas da Ditadura Civil-Militar.

No dia 11 de julho, o GTNM/RJ recebeu um telefonema anônimo afirmando: “estou ligando para dizer que nós vamos voltar e que isso aí vai acabar”.

Já no dia 19 de julho, a sede do Grupo foi invadida e foram furtados do caixa do Projeto Clínico Grupal a quantia de R$1.567, 37, além de diversos documentos  e notas fiscais de serviço. Alguns arquivos também foram revirados, e o computador estava ligado.

Outras ameaças e invasões na sede e no site do Grupo já foram registradas, o que não o fará se intimidar e recuar nesta luta de quase trinta anos.

A luta pela efetiva Comissão Nacional da Verdade e Justiça, transparente e pública, pela abertura dos arquivos da Ditadura e pelo cumprimento da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos do caso Araguaia só se fortalecerá daqui para frente.

Pela Vida, Pela Paz
Tortura Nunca Mais!

PCR promove debate pela abertura dos arquivos

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Pelo direito à verdade! Punição aos torturadores da ditadura militar!No dia 20 de junho, às 19h, no auditório da Câmara Municipal de São Bernardo, com a participação de cerca de 80 companheiros e companheiras, foi realizado o debate “A Comissão da Verdade e a abertura dos arquivos da ditadura”. O encontro contou com debatedores que constroem essa luta no Brasil, como o presidente do Fórum dos Ex-presos e Perseguidos Políticos de São Paulo, o histórico líder ferroviário e fundador da ALN Rafael Martineli, o vereador de São Bernardo do Campo e líder metalúrgico do ABC na década de 1970 Wagner Lino, o vice-presidente da UNE, Yuri Pires, e Wanderson Pinheiro, do PCR.

O debate ocorreu num grande clima de combatividade gerado pelos vídeos em homenagem aos heróis que lutaram contra a ditadura e pelos poemas recitados por militantes da UJR e do MLB, além das palavras de ordem.

Em sua fala, Martineli destacou que “é preciso construir a organização política tendo claro quem é o nosso inimigo, a burguesia; é preciso fazer como os partidos comunistas do mundo faziam até a morte de Stálin, fazer a educação revolucionária, e não como fizeram os revisionistas, negando a perspectiva de uma revolução armada; foi isso que enfraqueceu a resistência à ditadura”

Wagner Lino alertou para os cuidados com a segurança: “Na organização revolucionária é preciso que cada militante saiba apenas o essencial para o seu trabalho”.

Já  Wanderson Pinheiro afirmou: “O que foi derrotado não foi a política revolucionária e sim o revisionismo daqueles que abriram mão da luta de classes”.

Uma conclusão importante do debate foi a necessidade de se fazer da luta pela abertura dos arquivos uma luta que mobilize a sociedade para avançarmos além do que já conquistamos. Precisamos fazer que a verdade venha à tona e que se julguem os assassinos e torturadores da ditadura. Por isso, ao final foram encaminhadas propostas no sentido de se desenvolver a luta pela abertura dos arquivos da ditadura na região do ABC.

Ao final, todos os presentes se levantaram e cantaram a Internacional Comunista.

Redação SP

Histórias Cruzadas: vencendo o preconceito com a coragem e amizade

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Se existe uma mancha histórica na sociedade moderna, principalmente na sociedade norte- americana, apresentada sempre como exemplo de democracia, é o preconceito racial. E não é de agora. Desde os primórdios da colonização dos EUA, os índios e negros sempre foram tratados como seres inferiores que existiam apenas para servir à classe rica branca. O problema era tão grave que os Estados do norte, onde os trabalhadores eram livres, entraram em guerra com os sulistas, naquilo que ficou conhecido como a Guerra da Secessão e que terminou com a abolição da escravidão.

Entretanto, essa liberdade conquistada pelos negros não passou de ilusão e, na prática, a discriminação e o preconceito eram a realidade. Leis foram criadas para proibir os negros de frequentar as mesmas escolas, e sentar juntos em um ônibus era algo inconcebível. É nesse contexto que se desenvolve o filme Histórias Cruzadas (Help, The, 2011)  do diretor norte-americano Tate Taylor.

O filme nos transporta à cidade de Jackson, Mississippi, em meados da década de 1960, retratando o ódio e o rancor misturados a sentimentos de medo, tristeza e desejo de justiça. Para se ter uma ideia, a  Ku-Klux Klan, organização terrorista de ideologia racista, aterrorizava não só os negros e perseguiam todos os que lutavam contra a discriminação.

Tudo isso nos é mostrado através das aspirações da jovem Eugenia “Skeeter” (Emma Stone) que, logo após se formar, decide escrever sobre a relação entre as patroas brancas e as empregadas negras, seguindo uma direção pouco convencional, ou seja, a visão das negras. Nesse caminho, a jovem jornalista encontra a oposição daqueles que, diferentemente dela, defendiam o preconceito racial. Eugenia também precisa enfrentar o medo inicial das empregadas, mas, ao mesmo tempo, vê nessas mulheres uma coragem que a encanta. A aproximação delas é inevitável. A partir daí a jornalista tem o apoio de duas mulheres importantíssimas para seu projeto:   Aibileen (Viola Davis) e  Minny (Octavia Spencer) que contam várias histórias interessantes e “impublicáveis” sobre a maneira desumana e hostil em que eram tratadas por suas distintas patroas, capitaneadas principalmente pela arrogante Hilly (Bryce Dallas Howard), que, com sua força de persuasão, arrasta outras mulheres como a fútil Elizabeth (Ahna O’Reilly) para um abismo de preconceito em que usam as empregadas domésticas negras como pano de chão em qualquer canto, e fazendo as mais variadas chacotas. Sendo assim, a única opção para Aibileen, Minny e as outras mulheres negras é somente dizer o que sabem de forma que fiquem no ar os nomes das atingidas.

História à parte, o que mais marca nessa obra é a persistência dos personagens ao lutarem pela mudança de suas vidas e a atuação das atrizes. Geniais em todos os sentidos, o que dá emoção ao filme, tanto que Octavia Spencer já levou dois prêmios (Globo de Ouro e o Oscar de 2012) como melhor atriz coadjuvante.

Lene Correa, Recife