UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

domingo, 20 de abril de 2025
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“As escolas de samba são quilombos urbanos no Rio Grande do Sul”

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A Associação das Entidades Carnavalescas de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul (Aecpars) é uma entidade que congrega escolas de samba e tribos carnavalescas da capital gaúcha e sua Região Metropolitana. É responsável, juntamente com a Prefeitura de Porto Alegre, pela organização do carnaval da capital do Rio Grande do Sul. Fundada em 9 de fevereiro de 1960, tem um total de 23 escolas de samba e duas tribos carnavalescas. Em entrevista a A Verdade, os diretores da entidade falam sobre a luta dos negros gaúchos através do samba e também sobre a organização do carnaval de 2013.

A Verdade – O Sul é a região de maior população branca do país. Como é ser negro e fazer samba aqui?

Vitor Hugo Amaro (presidente da Aecpars) – Realmente existe aqui uma predominância étnica branca. Mais de 70% da população é branca. No entanto, a comunidade negra é muito forte, e há uma discriminação muito grande. Aos olhos de todo o País, o negro é invisível no Rio Grande do Sul, assim como parece que aqui também não há carnaval. Se você vai a outra parte do País, as pessoas demoram a acreditar que você é gaúcho. E o Estado por diversas vezes ajuda a cumprir esse papel discriminatório. O negro foi retirado da cidade. Eu falo do espaço físico mesmo. A própria sede da Aecpars é um exemplo disso. Nós estamos aqui [Avenida Ipiranga, 311], nesta região central, de teimosos que somos. Esta sede passou três anos fechada porque a vizinhança não queria que fizéssemos samba aqui, num espaço cultural e histórico conquistado ao longo do tempo. Colocaram-nos lá no extremo norte da cidade, lá no Porto Seco, onde fica o Sambódromo. Agora voltamos, porque achamos que é melhor retomar o que é nosso. Nós temos a noção de que as escolas de samba são quilombos urbanos. São redutos, centros de referência da cultura negra.

A Verdade – E o samba, no Rio Grande do Sul, difere muito do restante do País?

Érico Leoti (vice-presidente) Começou no início do século passado, acompanhando o início dessa manifestação no Brasil, como um todo. O carnaval era uma manifestação que saía dos salões (aos quais os negros e pobres não tinham acesso) e tomava as ruas. Só então passou a ter a presença majoritária do negro, que sofria preconceitos, por causa da formação característica do povo gaúcho, de grande ascendência alemã e italiana. Uma característica única do Rio Grande do Sul são as tribos carnavalescas. Essas tribos funcionavam como escolas de samba, mas em seus desfiles o temário era totalmente indígena. Eram 13 tribos, mas devido à influência do “carnaval como espetáculo” do Rio de Janeiro, hoje só existem duas. A gente diz que o carnaval é uma representação teatral a céu aberto. E, aquiem Porto Alegre, tudo isso começou com representações indígenas.

A Verdade Notamos em todos vocês uma atitude militante. Por quê?

Chico Correa (assessor de Relações Públicas) – O carnaval forma uma militância social e de base desde o início, pela força da liderança. E aquiem Porto Alegre, apesar de termos sido retirados da cidade praticamente, o carnaval, por servir de militância, de acesso à base das pessoas no seio da comunidade, mesmo fora do Centro da cidade, apresentou uma evolução fantástica. E a tendência é que esse crescimento seja contínuo, contrariando uma máxima que a grande mídia impõe e passa para a opinião pública, de que o carnaval é apenas festa. Quando dizemos que as quadras de samba são quilombos urbanos, é porque ali existe uma resistência cultural, política e religiosa. A origem do carnaval está ligada aos nossos ascendentes africanos. Agora, em junho, já estamos trabalhando no carnaval de 2013. É emprego e renda o ano todo. O grande ganho da militância do carnaval é o fortalecimento da cidadania.

A VerdadeVocês estão se organizando para que o tema do próximo carnaval seja Cuba. Como surgiu essa ideia?

Alan Silva (Relações Institucionais) – Aqui, no carnaval, nós buscamos conquistar espaço o tempo todo. Pensando nisso, surgiu uma ideia que poderíamos vincular à nossa origem africana. A ideia começou a vingar por aí. A gente pensou em povos que têm majoritariamente negros na sua população, na África, em países de língua portuguesa… depois vindo, se chegou à América Latina. Pensamos que na América Latina o negro é invisível, no âmbito cultural, político e econômico. Quando o sequestrador chegava à África, nas tribos, para levar os negros para outros continentes, separava ao meio cada tribo e suas lideranças, indo uma para um local e outra para outro, porque elas, juntas, seriam um problema grande para o dominador. E, algumas vezes, metade ia para Cuba e outra para o Brasil. Tanto é que, sob o ponto de vista cultural, há nuances de igualdade do povo cubano com o povo brasileiro e, especialmente, duas questões que a gente tem muito presentes: o povo cubano é um povo bondoso, honesto, cumpridor, e sua religiosidade é a mesma do nosso povo. Todos nós somos de estrato operário, obrigatoriamente, pela nossa história, sem direito à propriedade, sem direito ao voto durante uma longa parte da História do Brasil e da América por inteiro. Tentaram tirar nossa dignidade o tempo todo, e o carnaval é um foco de resistência do povo negro. Daí nós tentamos buscar elementos para vincular temas a Cuba. Nós, principalmente, sofremos as chagas do capitalismo, que o povo cubano sofreu e ainda sofre em nível mundial. E mesmo assim a medicina mais avançada, todo mundo sabe, é a cubana. E aqui, quando vemos um médico negro nos hospitais de Porto Alegre…? Nossa medicina é 100 anos mais atrasada que a de Cuba. Nos Jogos Olímpicos, mais um reflexo de um povo avançado, aquela ilhazinha que se destaca diante de continentes, cheia de medalhas.

Érico Leoti A ideia também é fazer do carnaval um instrumento de informação. Mostrando povos em desenvolvimento mundo afora para um segmento da população que fica alijado do conhecimento, e aproveitando essa característica do carnaval, em passar informações para a população em forma de espetáculo com parte visual, musical e de dança. A ideia é que a Aecpars consiga parceria junto ao governo do Estado, que é um governo próximo de Cuba. No Rio de Janeiro, no ano 2000, por causa dos 500 anos do Descobrimento, o governo investiu pesado no carnaval e o tema conseguiu uma grande visibilidade nacional. Aqui, a partir de um incentivo dado pelo governo e prefeitura, as escolas falaram sobre os Sete Povos das Missões. Eram sete escolas falando dos sete povos, uma parte da história do Rio Grande do Sul que é pouco difundida. Há que observar também que o carnaval atua nas camadas carentes da população. Hoje, o projeto que estamos apresentando tem como tema Cuba. Amanhã pode ser sobre outros povos.

Queops Damasceno e Rafael Vieira Pires, Porto Alegre

A importância da contribuição individual para a Revolução

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A primeira tarefa dos comunistas é construir um Partido baseado em organizações fortes e centralizadas com amplo apoio das massas trabalhadoras. Aliás, é exatamente na relação do Partido com as massas que reside a segurança e a certeza do sucesso da Revolução Socialista.

Mas, para ter organizações fortes, é preciso resolver também a questão material, isto é, a contribuição financeira dos membros e apoiadores do Partido. A colaboração do convencimento dos trabalhadores, jovens e demais pessoas que ingressam no Partido e é, muitas vezes, fruto de uma permanente luta política, na medida em que vivemos numa sociedade dilacerada pelas contradições entre as classes sociais.

Não se pode, portanto, afirmar: “Ele não paga por que é descomprometido! É IRRESPONSÁVEL!”. Não. A luta política deve se desenvolver para que todo militante ou apoiador perceba a necessidade da construção partidária.  Em outras palavras, o dever dos militantes e dirigentes é manter um regular aporte financeiro, que cresce, obviamente, quando cresce nosso trabalho entre as massas. Lembremos que o Partido, segundo Lênin, deve ser fundamentalmente uma organização de profissionais, e, para isso, deve ter membros dedicados exclusivamente às tarefas partidárias. É responsabilidade da direção também ampliar a consciência dos apoiadores e militantes, os quais seguirão o caminho revolucionário se tiverem exemplos de abnegação, luta e combatividade, e dedicarão suas vidas à causa do comunismo.

É importante salientar que, desde o início, todo militante deve perceber a necessidade da quotização. São vários os casos de companheiros que ingressam no Partido Comunista sem ter consciência da construção material. Exatamente por isso, os recrutamentos não devem ser superficiais. Não se trata de adiar ou protelar os recrutamentos. Não. Trata-se de realizar um debate franco sobre a Revolução e sua necessidade e sobre o papel de cada um.

Devemos dar a dimensão dessa tarefa, ler e estudar o caráter leninista do Partido, apontar os exemplos que confirmam a nossa linha política e convencer a cada um de que, sem uma organização política dos trabalhadores, é impossível se transformar a sociedade. A quotização está assim ligada a uma necessidade clara: CONSTRUIR O PARTIDO.

Por outro lado, em virtude das dimensões nacionais, torna-se também imprescindível levantar o aspecto unificado da nossa luta. Sem uma arrecadação regular e maciça, como criaremos uma organização forte e nacional? Como poderemos realizar reuniões, congressos e transferir companheiros para um determinado estado? Em resumo, a luta política em relação à construção material é uma luta ideológica contra o individualismo pequeno-burguês, que submete os partidos aos interesses das classes sociais dominantes e impede o avanço da luta revolucionária.

É função, principalmente dos assistentes e secretários de finanças, promover a discussão acerca da regularidade das quotas. Sabe-se que no Partido ingressam, sobretudo, companheiros oriundos das camadas mais pobres da população; que os trabalhadores são superexplorados e possuem uma vida de privações; que, mais cedo ou mais tarde, haverá na família uma demissão, tragédia familiar, etc. Porém, como modificar essa realidade sem uma Revolução? Como realizar uma Revolução sem o Partido Revolucionário?

É necessário que os membros do Partido sempre se sensibilizem com a miserável situação do povo. No entanto, não se pode com isso justificar a falta da colaboração regular. A obra revolucionária será realizada pelos próprios trabalhadores, e, portanto, a decisão de construir esta tarefa passa pela união de operários, camponeses e trabalhadores em geral, de jovens e intelectuais revolucionários, entre outros, que sintam a necessidade de um novo mundo. A contribuição carrega consigo uma ideia, um sentimento, e, acima de tudo, a decisão de destruir a velha sociedade capitalista e construir uma nova, a sociedade socialista.

Serley Leal, militante do Partido Comunista Revolucionário

A Revolução Cubana resiste!

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revolucao cubanaEm visita a Cuba, cinco pernambucanos – dos quais três amigos do Centro Cultural Manoel Lisboa (CCML) – fizeram rotas “alternativas” às rotas turísticas normalmente apresentadas aos visitantes. Optaram por percorrer os íngremes caminhos da revolução abertos por Fidel, Che e Raúl, especialmente nas quebradas da famosa Sierra Maestra. De volta, depois de 4.570 quilômetros percorridos, trouxeram ao CCML as suas percepções do que viram e sentiram ao lado do bravo povo cubano.

Araújo, Jaime, Rosa, Lucimar e Angélica passaram 32 dias andando e conversando com o povo por todo o território de Cuba e, entre as impressões mais marcantes, destacaram as de que a revolução permitiu de fato a independência daquele povo que luta de forma abnegada e permanente em defesa das conquistas da sua revolução. Entre as andanças pelo país, os amigos não poderiam deixar de participar da marcha do 1º de Maio na Praça da Revolução, que este ano teve como tema “Preservar e aperfeiçoar o socialismo”. Registraram na marcha, ainda, manifestações de apoio aos cinco heróis cubanos prisioneiros do império norte-americano.

Um país de dimensões geográficas pequenas, com um território semelhante ao de Pernambuco, com uma economia extremamente limitada que tem por importante suporte a exploração turística e que sofre um embargo econômico de mais de meio século, imposto pala maior potência militar da terra, os Estados Unidos, consegue manter o seu povo com um alto índice de educação, cultura, prática esportiva e um grande respeito à cidadania e ao sentimento de solidariedade humana.

A mulher é tratada, como de fato esperávamos numa nova sociedade, com dignidade, liberdade e respeito, podendo andar nas ruas a qualquer hora do dia ou da noite sem medo dos assédios ou de outros tipos de violência tão comuns em nossa sociedade capitalista. São, de um modo geral, baixíssimos os índices de violência – para se ter uma ideia mais clara, é indispensável estudar o significado do registro de oito assassinatos por ano em todo o país, com uma população de 11 milhões de habitantes, situado a 90 milhas dos EUA, onde existem as maiores taxas de violência e a maior população carcerária do mundo.

Ao indagar sobre a condição da juventude, daqueles que não participaram da tomada do poder pela revolução, suas condições, seus sentimentos, suas atitudes perante a ideologia da revolução socialista, tendo em vista tantas transformações sociais e tecnológicas no mundo, afirmaram os companheiros existirem fortes exemplos de “homens novos” que servem de referência para a juventude, como são os cinco patriotas cubanos presos nos EUA por defenderem a revolução dos ataques terroristas da extrema direita cubana residente em Miami.

À juventude e às crianças é dada especial atenção em relação à educação, à cultura e aos esportes. Desde o nascimento, quando é concedida licença-maternidade de um ano, sendo os seis primeiros meses concedidos diretamente à mãe e os seis meses restantes sob decisão do casal, quando estes em conjunto decidem quem cuidará da criança; posteriormente, a partir de 1 e até os 5 anos de idade, às crianças é assegurado o acesso às creches durante todo o dia. Na escola regular, as crianças passam o dia. Têm acesso assegurado às universidades, onde ingressam avaliadas por seu mérito, além de terem garantido o primeiro emprego com a conclusão de seus cursos. Têm ainda alto índice de acesso à cultura e esporte, em que têm encaminhamento assegurado às escolas especializadas, de acordo com seu desempenho. Não é diferente o cuidado com o acesso à escola, que é garantido, sendo, inclusive, os transportes de melhores condições destinados para este fim.

Ao final da visita ao CCML, os companheiros transmitiram o sentimento de “terem retornado de Cuba mais socialistas do que quando partiram daqui” e guardaram o sentimento de que a revolução cubana, mesmo com tantas conquistas importantes, não é um paraíso, pois tem vários problemas de ordem econômica e política, em parte devidos ao terrível bloqueio econômico imperialista dos EUA, há mais de 50 anos.

 Entre outros problemas, que não sabemos ainda como serão resolvidos: as reformas econômicas recentes, ao permitirem a exploração privada de algumas atividades (restaurantes, pousadas) e a contratação de trabalhadores por esses neocapitalistas, reintroduziram em Cuba a apropriação privada da mais-valia nessas atividades. Terão os cubanos a sabedoria de, no seu devido tempo, corrigir essas distorções, tal como souberam fazer os bolcheviques na época da Nova Economia Política na Rússia?

Bem, esta é uma grande interrogação, mas, enquanto não a resolvemos, é certo afirmar que os povos de toda a América têm muito a aprender com o revolucionário povo cubano.

Thays Santos, Recife

Pavlitchenko, uma mulher no campo de batalha

Indiscutivelmente, as mulheres cumprem papel fundamental no desenvolvimento das lutas da classe operária. Enfrentando contradições mais profundas, o combate feminino se dá em duas frentes: na luta contra o capitalismo e na luta contra a sociedade patriarcal. Grandes foram os exemplos de diversas mulheres que doaram sua juventude, trabalho e até mesmo a vida no combate à opressão praticada pela classe burguesa.

A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) foi vanguarda no que se refere aos avanços das políticas de libertação das mulheres. A URSS implementou uma legislação extremamente avançada sobre os direitos femininos. Entretanto, como bem disse Lênin, “A igualdade perante a lei não é igualdade na vida”.¹ Sendo assim, as mulheres soviéticas foram convocadas a defender, ao lado de seus camaradas e companheiros, a manutenção do Estado Soviético. E assim o fizeram com firmeza e maestria.

Durante os confrontos da II Guerra Mundial, o Exército Vermelho contou com um enorme contingente de mulheres patriotas, em diversos destacamentos e divisões, entre as quais estavam as franco-atiradoras, as “snipers”. Apoiando operações de combate com tiros precisos a longa distância e contra alvos selecionados, as “snipers” foram muito importantes para as vitórias do Exército Vermelho.

Lyudmila Mikhailvna Pavlichenko nasceu em 12 de julho de 1916 na cidade romena de Bila Tserkva. Aos 14 anos mudou-se com sua família para Kiev, onde se associou a um clube de tiro local.  Começou a trabalhar em uma fábrica de armamentos até ingressar, em 1937, na Universidade. Em julho de 1941, aos 24 anos, já cursava o quarto ano de História na Universidade de Kiev, e, nesse período, a Alemanha nazista iniciou a invasão da URSS. A então estudante não hesitou para responder ao chamamento do governo soviético e alistou-se como voluntária no Exército Vermelho. Ao ser selecionada para o 25º Exército, Divisão de Infantaria, recusou-se a cumprir a função de enfermeira, tornando-se assim uma das duas mil mulheres atiradoras de elite soviéticas, das quais apenas 500 chegaram com vida ao fim da guerra.

Lyudmila Pavlichenko lutou por cerca de dois meses nos campos de Odessa. Quando o Exército de Hitler tomou Odessa, seu destacamento foi evacuado. Em maio de 1942, a já Tenente Pavlichenko foi condecorada pelo excelente número de 257 soldados nazistas abatidos. Em julho de 1942 foi alvejada por um morteiro e retirada de campo para recuperação. Após duro  período de convalescença, a combatente não foi reenviada para a batalha, mas para uma importante missão internacional. Relatando suas experiências no front de guerra, seguiu para o Canadá e para os Estados Unidos, sendo a primeira pessoa soviética a ser recebida pelo presidente estadunidense, Franklin Roosevelt.

Já de volta à URSS, Pavlichenko foi promovida a major e não mais retornou ao front. Tornou-se instrutora dos atiradores do Exército Vermelho até o fim da guerra, transmitindo aos soldados vermelhos seu vasto conhecimento e sua inigualável técnica. Em 1943 recebeu uma das mais altas condecorações do Estado Socialista: a Estrela de Ouro de Heroína da União Soviética e seu rosto foi estampado em uma série de selos comemorativos. De volta aos estudos, formou-se historiadora pela Universidade de Kiev e foi assistente de pesquisas do chefe do quartel-general da Marinha Soviética.

No dia 10 de outubro de 1974 a Major Pavlichenko faleceu aos 58 anos e foi enterrada em Moscou no cemitério de Novodevichy. Em sua homenagem, em 1976 um navio cargueiro foi batizado com seu nome, na Ucrânia.

Contabilizando um número total de 309 mortes de soldados inimigos, incluindo 36 “snipers’ e pelo menos 100 oficiais, a Major Soviética Lyudmila Pavlichenko foi uma das mais eficientes atiradoras de elite da História. Exemplo de patriotismo, bastião da defesa do Estado Socialista Soviético, Major Pavlichenko é uma materialização do acirramento da luta das mulheres proletárias por sua emancipação e a prova de que as mulheres são peças fundamentais não só para a vitória da Revolução, mas para a manutenção do Estado Socialista.

¹ V.I. Lenin, 1920 in Igualdade completa para as mulheres.

Raphaella Mendes
Movimento de Mulheres Olga Benário

16º Seminário “Problemas da Revolução na América Latina”

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Com o tema “O caudilhismo populista e a luta revolucionária na América Latina”, será realizado de 16 a 20 de julho, em Quito, Equador, o 16º Seminário Internacional “Problemas da Revolução na América Latina”.

Organizado pelo Partido Comunista Marxista-Leninista do Equador (PCMLE) e pelo Movimento Popular Democrático (MPD), o Seminário de Quito tem sido um importante espaço de debate entre organizações e personalidades de esquerda da região.

Para Oswaldo Palacios, porta-voz do PCMLE, “os momentos de transformação colocam a necessidade de trabalhar para estreitar a unidade entre trabalhadores, jovens, mulheres e povos para assumir com decisão as tarefas impostas pela situação presente. Por isso, nosso seminário quer ser uma tribuna de debate que contribua para a consciência e a unidade necessárias ao movimento operário, indígena, camponês, popular e revolucionário”.

Da Redação

Ocupação do Haiti custa R$ 2 bilhões ao Brasil

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A operação militar do Brasil no Haiti, iniciada em 1º de junho de 2004 como parte do plano do governo brasileiro para obter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, consumiu até agora quase R$ 2 bilhões. Quando começou, a operação emergencial deveria durar seis meses, com um custo previsto em R$ 150 milhões.

Enviada ao Haiti em 2004, a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) é rodeada por casos de abusos aos direitos humanos, disseminação de doenças e corrupção. São raras a divulgação e a consequente punição destes crimes que violam não só a integridade dos cidadãos haitianos, mas também a soberania e independência do próprio país. As informações veiculadas por grande parte da imprensa são carregadas de elogios à ocupação militar, principalmente brasileira, protagonista da missão, o que dificulta a discussão sobre a realidade haitiana.

Os grandes veículos de imprensa ilustram de forma exagerada as ações humanitárias exercidas pelas tropas da Minustah, exaltando as conquistas na área de reconstrução da infraestrutura e nos avanços no controle de doenças infectocontagiosas.

Mas a realidade é que o Haiti tem mais de um milhão de desabrigados, resultado de desastres naturais e da pobreza. O aumento exponencial dos preços de moradia e alimentação promove um êxodo da população em direção ao campo, e as poucas terras que sobraram concentram-se nas mãos da elite e do exército internacional. Essa situação se agrava com a degradação do espaço urbano e o consequente surgimento de favelas nas principais cidades.

Para o gabinete para a Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas, mais de 500.000 pessoas permanecem em acampamentos improvisados nas ruas, a epidemia de cólera já provocou 7.000 mortes e a insegurança alimentar afeta 45% da população de dez milhões de habitantes.

Com os R$ 2  bilhões de reais gastos para construir 50 mil moradias ao custo de R$ 40 mil reais cada, fica evidente que o objetivo da missão brasileira no Haiti não é a ajuda humanitária e sim o controle do país através de uma intervenção militar estrangeira que usa blindados, explosivos e munições para atender interesses do imperialismo estadunidense e não os do povo haitiano.

Por outro lado, enquanto o povo do Haiti sofre uma intensa crise humanitária, o ministério brasileiro comemora afirmando que esses gastos estimulam a indústria militar brasileira, ou seja, à custa da miséria, do sofrimento e da morte dos haitianos.

Ou seja, o que deveríamos enviar para esse povo heroico e sofrido eram alimento, remédios, médicos, técnicos etc., em lugar de armas, blindados e soldados, como escreveram Eduardo Galeano, Juan Gelman, Frei Betto e Adolfo Pérez em carta pedindo a retirada imediata das tropas da Minustah: “É inconcebível que os exércitos de nossos países estejam diretamente envolvidos na ocupação militar de uma nação que já foi uma luz de esperança e liberdade para nossos movimentos de independência em suas origens, e prestou um apoio essencial à campanha de Simón Bolívar pela libertação da América Latina. É inconcebível que nossos países, que têm sofrido tantas agressões estrangeiras, estejam agora pisoteando a soberania de outro que tem vivido inúmeras e brutais intervenções desde o dia em que rompeu as correntes da escravidão e do colonialismo”.

Alex Feitosa, Natal

Entrevista com líder do PCT da República Dominicana

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Em maio deste ano, ocorreram as eleições para a presidência e o parlamento da República Dominicana, país com uma população de 9,9 milhões de habitantes e que divide com o Haiti a Ilha de São Domingos. A eleição foi marcada pela fraude e pela compra de votos por parte do governo e de seus aliados, que distribuíram até eletrodomésticos aos eleitores.

Apesar de a República Dominicana ter conquistado sua independência em 1821, o país já sofreu duas invasões dos Estados Unidos e continua sendo espoliado pelo imperialismo. Para conhecer um pouco mais a realidade do país, A Verdade entrevistou Manuel Salazar, secretário geral do Partido Comunista do Trabalho (PCT). Salazar é doutor em Políticas Públicas, formado em Economia, diplomado em Relações Internacionais e autor de diversos trabalhos, entre eles “A Esquerda não é minoria”.

A Verdade- Que avaliação o PCT faz das recentes eleições no país?

Manuel Salazar – Nas eleições parlamentares deste ano, na República Dominicana, o esforço do Partido Comunista do trabalho (PCT) foi centrado em compor uma Frente Ampla com candidatos de partidos alternativos progressistas, com um único candidato à presidência da República, com um só programa de governo e uma só linha de campanha. Essa reivindicação partiu do anseio de muitos jovens, como também de diversos setores da população, que almejavam a unidade dos setores progressistas.

A maioria do povo dominicano deseja o fim do PLD (Partido da Libertação Dominicana); a questão é ter uma alternativa que canalize essa insatisfação. Esse é o desafio para o movimento progressista. Se o movimento se mantiver dividido, o povo será derrotado; se o movimento progressista de esquerda se unir, pode ganhar a população descontente e ter força para apresentar uma opção viável, uma alternativa com possibilidade de triunfo. Enfim, a esquerda não é minoria, mas precisa estar unida.

Quais os principais problemas que o povo dominicano enfrenta atualmente?

Bem, no plano econômico e social, o povo e o país enfrentam atualmente os rigores da crise capitalista em curso e que hoje está agravada pela manipulação aventureira e corrupta da economia nacional feita pelo governo do PLD, o que aumentou o déficit fiscal e impôs ao povo uma reforma tributária que trouxe mais impostos e cortes significativos nas áreas sociais impostos pelo FMI.

Já em relação à política nacional, à frente do Estado está um setor reconhecidamente corrupto, abusador e que faz uso dos recursos do país em benefício próprio, controlando todos os poderes e instrumentos (Congresso e Justiça) para perpetuar-se no poder. Exemplo disso foi o que ocorreu nas últimas eleições, quando o governo PLD se impôs na base do uso e abuso dos recursos estatais. O resultado foi que os dois principais partidos burgueses, o PLD e o PRD (Partido Revolucionário Dominicano), obtiveram 98,21% dos votos, o que acontece desde 1966, ratificando o caráter centralizado do regime.

Em resumo, o atual governo significa a confirmação das piores práticas e valores dominantes, mas deixa também um amplíssimo campo para desenvolver uma frente nacional popular. Esta é a questão principal.

Que mudanças o PCT defende para o país?

Para nós, do Partido Comunista do Trabalho (PCT), a situação vivida pela República Dominicana abre um importante espaço para os setores populares na vida nacional.  Acreditamos que o momento agora nos impõe desenvolver nosso trabalho político e ganhar o povo para derrotar o grupo no poder, que é o elemento principal da contradição a ser resolvida em nosso país.

A República Dominicana faz fronteira com o Haiti. Qual a situação desse país vizinho? 

A situação do Haiti é muito preocupante. Lá, tudo é muito mais difícil porque a economia do Haiti, seus recursos naturais, tudo foi dizimado, foi roubado pelas potências imperialistas como França, EUA e Holanda, que praticamente transformaram o país num mercado que só dispõe de mão de obra barata. Ao contrário do que muitos pensam, a economia haitiana foi destruída muito antes dos fenômenos naturais que atingiram o país. Os problemas do Haiti não são consequência dos terremotos, de problemas naturais; claro que estas catástrofes foram um agravante, mas os problemas principais são consequência da apropriação que os países imperialistas fizeram de suas riquezas naturais.

Mas esse povo, que continua sendo surrupiado, não se entrega; pelo contrário, se mantém na luta, está nas ruas todos os dias para combater esses abusos que não são divulgados pela imprensa. O povo haitiano vai às ruas proclamar, exigir, a democracia e a sua soberania, pois o Haiti é um país ocupado militarmente por tropas estrangeiras apoiadas pela ONU, inclusive tropas brasileiras, que supostamente estão lá para ajudar e dar tranquilidade ao país, mas na verdade são tropas de ocupação, são tropas estrangeiras que estão retirando a soberania do povo haitiano.

Entre o povo dominicano e o povo haitiano, há um esforço por combinar e acertar uma coordenação de esforços. Ainda este ano, vamos organizar o que chamamos de “Encontro das Ilhas”, com diversos povos, e cujo propósito é coordenar ações, unificar ideias, esforços e unificar iniciativas que nos coloquem em condições de conquistar melhores condições de vida para ambos os povos. Vamos fortalecer a ideia de que somos dois povos irmãos, diferentes, mas irmãos, unidos por uma história comum, por uma história de luta anticolonial comum e que vivemos e ocupamos a mesma ilha. Teremos que buscar uma maneira de coexistir, de nos complementarmos e levarmos a cabo a luta para preservar as nossas reservas minerais, lutar pela nossa democracia e a nossa soberania de uma maneira comum.

Para encerrar, qual sua mensagem para o PCR e os revolucionários brasileiros?

Quero reiterar o nosso carinho e nosso respeito ao Partido Comunista Revolucionário e a todos os seus militantes, em especial ao nosso queridíssimo irmão Lula Falcão, que é um dirigente muito querido por nós, e não só pelo nosso Partido, mas por todos os partidos que integram a Conferência Internacional dos Partidos e Organizações Marxista-Leninistas (CIPOML). Lula é um dirigente muito maduro e com muitas ideias, muitas soluções para os debates que travamos no movimento. Seu trabalho O falso socialismo chinês é uma referência em matéria de educação nas fileiras de nossos partidos e de outros partidos irmãos. Desejamos que cuide de sua saúde e se mantenha forte. Este também é o nosso sentimento por esse partido irmão, ou seja, que siga crescendo e se desenvolvendo. O PCR é muito importante, não só para a classe operária brasileira, mas para todo o movimento revolucionário. O papel do Brasil, não somente na América Latina, como no mundo todo, é fundamental. Para nós é muito importante ter um partido irmão como o PCR num país como o Brasil. Obrigado!

Denise Maia, Rio de Janeiro

A chuva que mata na RMR

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A notícia parece antiga, e realmente é. Todos os anos a população passa pelos mesmos problemas decorrentes das chuvas, sejam os engarrafamentos, os deslizamentos de barreiras ou o medo por residir em uma área de risco. Famílias perdem casas, móveis, eletrodomésticos, roupas  e o pior de tudo: vidas. Apesar de previsível e até evitável, a situação perdura e já é tragédia prevista e anunciada pelas mídias nesta época do ano.

São inúmeras as mortes contabilizadas nos últimos tempos na Região Metropolitana do Recife, e maior ainda o número de feridos e desabrigados, sem contar os problemas de saúde gerados pelo medo constante, como insônia e síndrome do pânico.

Além de não prestarem assistência às famílias, nem antes nem depois das tragédias, as prefeituras ainda responsabilizam a população, culpando-a pela construção das casas em barreiras e encostas. A Defesa Civil não trabalha na prevenção de acidentes e drenagem das águas, tampouco na remoção das famílias para áreas seguras, só aparecendo nas comunidades para retirar os escombros e as vítimas mortas.

Este ano, como nos anteriores, enquanto milhares de famílias passaram as noites de inverno acordadas, temendo o soterramento, algumas pessoas não escaparam. Como foi o caso, noticiado no dia 15 de junho passado no Jornal do Commercio do Recife, de uma jovem de 20 anos, grávida, e seu filho de um ano, que morreram vítimas de um deslizamento de barreira ocorrido no município do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife. Outra morte decorrente de mais uma queda de barreira foi noticiada no mesmo jornal: a de uma jovem de 19 anos, dessa vez na cidade de Olinda.

É preciso perguntar quantas vidas mais serão necessárias para que a situação se reverta em favor do povo. Não é responsabilizando a natureza que as famílias terão moradias seguras; devemos buscar soluções reais para garantir um direito básico de todo cidadão brasileiro: um lar digno, sem riscos.

Ludmila Outtes, Recife

Entrevista com Wellington Bernardo, do MLB

Wellington Bernardo, coordenador do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), analisa nesta entrevista a A Verdade a situação de moradia dos trabalhadores, denuncia as limitações dos programas habitacionais do governo e defende as propostas do movimento para a reforma urbana no Brasil.

A Verdade O déficit habitacional do Brasil é um dos maiores da América Latina e do mundo. Em sua opinião, por que isso acontece?

Wellington Bernardo – O Brasil tem cerca de 7,2 milhões de famílias sem teto, ou seja, 33% do total de famílias brasileiras, o que coloca o País, em termos proporcionais, no sexto lugar no ranking do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que analisa a situação de carência de moradia na América Latina. Acima do nosso país estão Bolívia (75%), Peru (72%), Equador (50%), Paraguai (43%) e Colômbia (37%). Entretanto, em números absolutos o Brasil lidera com folga essa triste estatística, com cerca de 65 milhões de pessoas que não têm uma moradia digna. Acredito que isso acontece primeiramente porque vivemos numa sociedade capitalista, na qual o que prevalece é o lucro, e não o bem-estar das pessoas. Segundo, porque a atual política habitacional não está voltada para a resolução do problema das famílias mais pobres, que representam 95% do déficit brasileiro, mas para salvar da crise as grandes empresas da construção civil que, apesar de receberem milhões, não têm interesse em construir moradias populares e investem em habitações para a classe média.

Que balanço o MLB faz do programa Minha Casa, Minha Vida?

Achamos uma iniciativa importante, mas ainda insuficiente. Ao longo da nossa história, praticamente todos os programas habitacionais do governo foram voltados para o atendimento da demanda da classe média, enquanto que a saída para o povo pobre foi a ocupação desordenada do espaço urbano; por isso o crescimento tão rápido das favelas pelo País. Em 2009, com a crise mundial do capitalismo, o governo percebeu que investir na construção de moradias poderia salvar da falência as grandes empresas da construção civil. Foi lançado, então, o programa Minha Casa, Minha Vida, que tinha o objetivo, na época, de construir 1 milhão de casas, que seriam financiadas com recursos federais e do FGTS e atenderiam à demanda de famílias com renda entre 1 e 10 salários mínimos. Na hora de dividir as casas entre as faixas de renda, apenas 400 mil unidades foram destinadas a quem ganhava até três salários mínimos, ou seja, a parcela da população que mais sofre com a falta de moradia ficou com a menor parte do bolo. Na época, denunciamos essa inversão de prioridades e, na campanha presidencial de 2010, Dilma Rousseff prometeu que iria construir 2 milhões de casas até 2014 e que daria prioridade às famílias mais pobres. Entretanto, já estamos em julho de 2012 e ainda falta muito para essa meta ser cumprida. Em 2011, por exemplo, foram contratadas apenas 425.005 unidades, ou seja, 23% da meta. Dessas unidades, a minoria era destinada a famílias com renda abaixo de três salários mínimos. Um dos argumentos usados pelo governo e pelas construtoras é o de que o preço dos terrenos nas grandes cidades está muito caro e que, para atender a essa demanda, seria necessário construir em terrenos mais baratos. O problema é que esses terrenos estão todos localizados na periferia das cidades, em regiões afastadas do centro e sem nenhuma infraestrutura. Estamos reeditando a velha política de afastar o povo pobre da cidade. Isso é exclusão.

Quais os outros problemas desse programa?

Em primeiro lugar, o fato de ainda não ser uma política de Estado, mas um programa de governo. Por isso, os movimentos que lutam pela reforma urbana defendem a chamada PEC da Moradia (Projeto de Emenda Constitucional nº 285/2008), que determina que o Governo Federal destine 2% do Orçamento da União e os governos estaduais e municipais empreguem 1% de seus recursos na produção de moradias populares. Outro problema sério é que o Minha Casa, Minha Vida ainda não atingiu a base da pirâmide, o povo pobre. Para isso, falta vontade política dos governos de desapropriar os terrenos e imóveis que não cumprem sua função social e destiná-los à construção de moradias populares, como determina o Estatuto das Cidades. Só para se ter uma ideia, existem hoje no Brasil cerca de seis milhões de imóveis vazios, sem nenhuma utilidade; se fossem desapropriados, reduziríamos sensivelmente o déficit habitacional do País. O terceiro problema mais grave é a burocracia. De fato, a lentidão é tão grande que às vezes são necessários dois ou três anos para que o processo comece a andar na Caixa Econômica Federal, que é a responsável pela avaliação e repasse dos recursos. Uma pressão grande está sendo feita pelos movimentos sociais, e já percebemos algumas mudanças. Mas ainda falta muito.

Diante disso, o que devem fazer as famílias que não têm casa?

Quem quer conquistar o direito humano de morar dignamente tem que lutar, e muito. O primeiro passo deve ser se organizar no movimento, pois quem luta organizado luta melhor e tem mais chance de vencer. As famílias do MLB são exemplo disso. Através da luta do Movimento milhares já conquistaram suas moradias em todo o País e agora estão lutando por mais direitos, por educação de qualidade, saúde, emprego. Nesse processo vamos explicando e educando o povo, mostrando que a luta maior é a luta por uma nova sociedade na qual as cidades não sejam privilégio de quem tem dinheiro e os trabalhadores não sejam obrigados a viver nas condições em que vivem hoje. Por isso, sempre dizemos que, além de lutar todos os dias para garantir a nossa moradia, temos que lutar para construir outra sociedade, uma sociedade dos trabalhadores. Para nós, essa sociedade tem nome e sobrenome, se chama sociedade socialista. E é por isso que o MLB luta pela reforma urbana e pelo socialismo. Esse é o caminho.

Da Redação

Desocupação truculenta no Hospital do Iaserj

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Na madrugada do dia 14 de julho, policiais fortemente armados da Tropa de Choque, policiais à paisana e médicos, todos sem qualquer identificação, invadiram o Hospital Central do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (Iaserj), localizado na Praça da Cruz Vermelha, na Capital, e retiraram de lá cerca de 50 pacientes, muitos deles em estado grave. O hospital será demolido para a construção do Campus Integrado do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

A vida desses pacientes foi colocada em risco com a operação repentina, que não era de conhecimento das famílias e, portanto, não autorizaram o procedimento. Os médicos responsáveis pelas transferências dos doentes sequer eram os mesmos que os acompanhavam e, por isso, não sabiam de suas necessidades.

Inconformados com a possível demolição e com a ação truculenta, servidores estaduais, professores, estudantes e usuários do hospital estão fazendo uma ocupação no local para garantir o atendimento aos pacientes e denunciar as arbitrariedades desse processo. Todos os dias, acontecem panfletagens para alertar a população e atos dentro do pátio para conscientizar os pacientes de que esta é uma luta de todos. Os servidores também argumentam o fato do hospital não fazer parte do patrimônio do Estado e sim dos servidores estaduais, que contribuem com 2% para saúde e assistência social.

Na segunda-feira após a invasão, já pela manhã, diversos pacientes foram atendidos normalmente devido à dedicação de seus profissionais de saúde, que não concordam com essa desocupação arbitrária nem com os reais beneficiários.

No dia seguinte, a Defensoria Pública da União ajuizou uma ação civil pública em que pede o funcionamento pleno do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (Iaserj), até que o Governo do Estado ofereça atendimento capaz de cumprir a demanda que o instituto oferecia à população.

“O Governo não pode simplesmente fechar um hospital e deixar as pessoas sem esse atendimento”, afirma o defensor público federal André da Silva Ordacgy, titular do 1º Ofício de Direitos Humanos e Tutela Coletiva e autor da ação que pede a reativação do hospital. Segundo Ordacgy, o Sistema Único de Saúde (SUS) deve providenciar a mesma quantidade de leitos que o Iaserj disponibilizava em demais unidades de saúde para equivaler à demanda.

Emocionada, uma paciente que veio da Zona Oeste e chegou às 05h30 buscando atendimento, desabafou: “Este é o hospital onde atendem a gente com dignidade. Se ele fechar, iremos para onde? Os outros não têm capacidade”.

O discurso oficial divulgado na mídia é de que será grande o benefício à população com a instalação da nova unidade do Inca. Sem dúvida é importante tal investimento, mas ele não pode vir para comprometer uma estrutura da qual dependem milhares de pessoas, além do que, a verdade é que esta obra servirá para o Governo Estadual presentear mais uma vez os cofres das empreiteiras com o dinheiro público, quantia estimada em R$ 460 milhões.

Esse descaso com a saúde pública, com os servidores do Estado e com o povo mostra um Governo atrelado à iniciativa privada e sem compromisso com a qualidade de vida da população. Outro paciente afirmou: “Não há espaço para o povo pobre nesse país”. E não haverá enquanto no Brasil imperar a vontade dos banqueiros, dos empresários, da burguesia e seus governos servis.

 

Karen Lemes e Redação

Vídeo de Pedro Cardoso é sucesso na internet

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Um vídeo com a gravação da participação do ator e humorista Pedro Cardoso no programa do apresentador Pedro Bial na TV Globo está fazendo sucesso na internet. No programa, a temática é sobre os paparazzi (fotógrafos de celebridades) é Pedro Cardoso desabafou e deixou sem palavras e acabou a discussão já desde a primeira palavra. O ator já começou falando “Aqui falta um personagem. (…) que é o personagem, na minha opinião, mais importante disso tudo. Falta o capitalista que produz a profissão dele.”. Confira!