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quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Fascistas são derrotados pelo povo em eleições no Reino Unido e França

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Na França e no Reino Unido fascistas foram derrotados após mobilização popular nas eleições que deram vitória a partidos de esquerda e sociais-democratas.

Redação


INTERNACIONAL – Na última semana, França e Reino Unido tiveram suas eleições parlamentares. Demonstrando o aprofundamento da luta de classes na Europa, as disputas demonstraram uma ampla mobilização popular contra os partidos fascistas e de extrema-direita nesses países. 

No Reino Unido, o partido Reform UK, do fascista Nigel Farage, conseguiu apenas 5 parlamentares e o Partido Conservador, do atual primeiro-ministro Rishi Sunak, foi derrotado pelo Partido Trabalhista, principal partido social-democrata daquele país. Em vários distritos, inclusive, candidatos de esquerda independentes saíram vitoriosos em disputas onde uma das principais pautas foi o fim do genocídio do povo palestino. 

Na França, após o primeiro turno das eleições parlamentares, o tão propagado domínio da extrema-direita da Reunião Nacional (RN) de Marine Le Pen caiu completamente, tendo sido derrotado pela Nova Frente Popular (NFP), que reúne vários partidos e é liderada pelo partido França Insubmissa (LFI), de Jean-Luc Mélenchon. 

Nas duas eleições, as massas populares mostraram que não aceitam a política de guerras do imperialismo europeu e estadunidense e que é preciso parar o genocídio contra o povo palestino em Gaza. Mélenchon, após a vitória do NFP anunciou que o novo governo de esquerda na França vai defender e aprovar o reconhecimento do Estado da Palestina. 

Vitória trabalhista no Reino Unido

Depois de 14 anos fora do governo, o Partido Trabalhista voltará ao poder no Reino Unido. Apesar de muito distante das posições socialistas que um dia já defenderam, os trabalhistas só conseguiram a vitória contra conservadores e fascistas por causa da mobilização da população contra o governo de Rishi Sunak.

Há alguns anos, os britânicos vivem com problemas no sistema público de saúde e uma piora nas condições de vida, fruto da política do Partido Conservador em priorizar os monopólios imperialistas e em ampliar a liberalização da economia. Os conservadores também impuseram uma lei contra a imigração que persegue a população de origem árabe e africana. Além disso, milhões de pessoas vem se mobilizando nos últimos meses contra o genocídio em Gaza, com manifestações reunindo mais de 500 mil pessoas nas principais avenidas de Londres toda semana. 

Nessa conjuntura, a população votou amplamente contra o Partido Conservador, levando à vitória dos trabalhistas, que fizeram a maior bancada desde o fim da 2ª Guerra Mundial. A mobilização a favor do povo Palestino foi tão forte, que candidatos independentes venceram até os trabalhistas em ao menos 5 distritos eleitorais, fazendo o mesmo número de cadeiras que o partido reacionário Reform UK. 

Derrota dos fascistas franceses

Na França, os fascistas organizados no Reunião Nacional foram derrotados no 2º turno nas eleições suplementares convocadas pelo presidente neoliberal Emmanuel Macron após a derrota de seu partido nas eleições europeias. Lá, mais do que no Reino Unido, a revolta popular tem se aprofundado nos últimos anos.

A política de corte nos gastos sociais, a reforma da previdência, o desemprego e o racismo e xenofobia contra a população imigrante foram algumas das pautas que mais mobilizaram os franceses. Esta situação vem provocando uma enorme revolta contra o programa neoliberal de Macron, ao mesmo tempo em que há uma mobilização contra o partido fascista Reunião Nacional. 

Na eleição do último domingo, foram a população imigrante e os trabalhadores franceses pobres dos grandes centros urbanos que capitanearam a reação que levaram as derrotas do partido fascista e dos liberais liderados por Macron. Nos distritos eleitorais de cidades como Paris, Marselha, Lyon, Grenoble ou Toulouse a ampla maioria dos deputados eleitos foram os da Nova Frente Popular. Nos territórios coloniais franceses do Caribe, Guiana Francesa, e nos oceanos Pacífico e Índico, os fascistas não elegeram nenhum deputado.

O líder da França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, reconheceu este cenário. No seu discurso de vitória ele agradeceu: “quero agradecer calorosamente os bairros da classe trabalhadora que se mobilizaram em massa. Eles salvaram a República.”

Vitória eleitoral aponta necessidade de continuar luta contra as políticas neoliberais e fascistas

Todas essas vitórias eleitorais contra o fascismo na Europa apontam a necessidade de continuar as lutas de rua contra as políticas neoliberais e fascistas naquele continente e em todo o mundo. Mesmo com a derrota dos fascistas e da direita “tradicional”, ainda restam muitas lutas contra a piora na situação de vida do povo nesses países e também contra a política fascista de perseguição à população imigrante, que vem em sua maioria dos países colonizados e espoliados pelo capital francês e inglês.

No Reino Unido, que é uma monarquia, a maioria trabalhista no Parlamento não é suficiente para dar consequência às pautas populares que mobilizaram as pessoas. Isto porque décadas de conciliação com a direita e o regime monárquico fizeram os trabalhistas recuarem e muito nas suas pautas, tanto que o novo primeiro-ministro inglês, Keir Starmer, carrega no seu nome o título nobiliárquico de “Sir” (cavaleiro). Starmer também é um conhecido defensor das políticas do Estado sionista de Israel, o que levou seu partido inclusive a perder para candidatos defensores da Palestina em distritos com grande população árabe e muçulmana.

Na França, a Nova Frente Popular venceu mas terá que enfrentar o autoritarismo de Macron, que se recusa a dar o cargo de primeiro-ministro a NFP e ainda poderá ter enfrentamentos com o Senado conservador, na França o Senado não é eleito pelo povo, mas por um colégio eleitoral de 150 mil oficiais públicos.

Mesmo assim, Mélenchon reafirmou o programa da sua coalizão após o resultado eleitoral. Na sede do seu partido ele afirmou que “a partir deste verão podem ser emitidos decretos de revogação da reforma aos 64 anos, do congelamento de preços, do aumento do salário mínimo, da convocação de conferências salariais dos ramos profissionais e da moratória de grandes obras desnecessárias.” 

No entanto, o programa aprovado pela NFP de reversão das reformas neoliberais, defesa da população imigrante e contra o genocídio do povo palestino ainda encontra muito espaço de mobilização, que será a única forma de pô-lo em prática, já que mesmo ganhando em mais distritos e nas principais cidades, a esquerda não conseguiu maioria absoluta na Assembleia Nacional Francesa.

Agora, será necessária a ampliação das mobilizações para a derrota definitiva dos fascistas. Novamente, as eleições na França e Reino Unido mostram que muito mais que um movimento fascista imbatível e com apoio popular, o que existe mesmo é apenas a propaganda da grande mídia burguesa para colocar medo nas pessoas e impedir o avanço das pautas populares e garantir os lucros dos grande bilionários do mundo às custas da exploração dos trabalhadores.

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