Quem diria que as reclamações, observações e opiniões de uma menininha se transformariam na voz de milhões de pessoas. Isso jamais passou pela cabeça de Quino, famoso chargista argentino, quando começou a desenhar as tirinhas da pequena MAFALDA.
Joaquim Salvador Lavada nasceu em 1932. Aos 3 anos, descobriu sua vocação para o desenho com um tio, também pintor e desenhista. Na década de 1940, perdeu seus pais, terminou o ensino primário e ingressou na escola de belas artes de Mendoza, desistindo para desenhar quadrinhos de humor. Poderia ter sido mais um entre tantos, já que passou por muitas dificuldades no início de sua vida profissional se não fosse a personagem Mafalda, criada para um Cartoon do diário Clarín, em 1962, que nunca chegou a ser publicado porque o contrato foi cancelado. Sua primeira aparição se deu dois anos depois, em setembro de 1964, no Primeira Plana. Uma semana depois, as tiras de Mafalda se tornariam diárias.
Mas como poderia uma pequena garotinha se transformar em um símbolo de várias gerações? Simples, Mafalda era um desenho de criança feito e pensado para os problemas e dilemas dos adultos. Com sua posição crítica, firme e questionadora opina sobre diversos assuntos fundamentais de sua época. Sua vida em tira não foi muito longa, de 1964 a 1973, e perdura em período distinto em diversas campanhas internacionais até os dias atuais.
A vida de Mafalda foi muito agitada. Passo pelo início da ditadura militar no Brasil, pela Revolução Cubana, os assassinatos de Martim Luther King e Che Guevara, a guerra do Vietnã, o Festival de Woodstock e o fim dos Beatles. Ela, claro, opinou sobre tudo isso.
Hoje aos 51 anos de idade, Mafalda ainda é símbolo de luta, resistência, questionamento e independência ideológica para diversos movimentos organizados, particularmente os de mulheres e juventude em todas as partes. Sua vida em tiras é estudada em diversas universidades, e seus livros têm edições reeditadas. Quino sempre deixou claro que o nascimento de Mafalda, como a conhecemos, não foi um ato planejado, ela se tornou o que é por ela mesma. Na verdade, a transformamos no que ela é, uma voz sem restrições de nossas opiniões.
Elisabeth Araújo, Movimento de Mulheres Olga Benario
Num certo dia do ano de 1956, um grupo de jovens havia saído do Cine Brasil, em João Pessoa, capital da Paraíba, e se protegia da chuva em frente ao Teatro Santa Roza, quando um deles, míope, magricela, pisa no pé de uma garota que se dirige ao teatro. Ele pede desculpas, ela sorri e convida todo mundo a assistir ao ensaio da peça. Era a atriz Gil Santos. Paulo Pontes, o desastrado, ficou fascinado: pela moça e pelo teatro.
Na época, ainda não era Paulo, e sim Vicente de Paula Holanda Pontes, filho do soldado João Paulo Barbosa e da enfermeira Laís de Carvalho Holanda. Nasceu em Campina Grande, no dia 8 de novembro de 1940. No ano seguinte, a família mudou-se para Mamanguape, depois para João Pessoa.
Segundo seu pai, “era uma criança triste, introvertida, um tanto desligada do mundo”, mas na adolescência se tornou comunicativo, extrovertido. Lia muito, estava sempre em bibliotecas.
Depois do encontro ocasional, jamais se afastou do teatro; ficava rondando os grupos e conseguiu indicação do Teatro do Estudante da Paraíba (TEP) para fazer a apresentação da peça A Beata Maria do Egipto, de Rachel de Queiroz, quando foi ovacionado pela plateia.
Em 1959, assume seu primeiro trabalho, como locutor da Rádio Tabajara, apresentando o programa Rodízio, de grande audiência, com textos de humor no qual personagens falavam dos problemas do dia a dia. Colaborava também com o jornal A União.
Engajou-se politicamente, atuando na Campanha de Educação Popular (Ceplar), movimento que seguia a linha do Movimento de Cultura Popular (MCP) de Pernambuco, apoiado pelo governador Miguel Arraes. Foi este movimento que abriu espaço para Paulo Freire fazer a primeira experiência com seu método de alfabetização na periferia do Recife. Na Paraíba, a Ceplar era apoiada pelo governador Pedro Gondim.
Em 1961, este engajamento levou Paulo Pontes a subir num banco na praça pública de Mari e fazer um discurso emocionado em favor dos camponeses, na ocasião em que foi fazer cobertura jornalística do protesto contra a morte de trabalhadores rurais nos conflitos com latifundiários da região.
A arte no CPC e no Opinião
No ano de 1962, Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha (leia A Verdade nº 157) vai a João Pessoa no grupo de arte UNE Volante, conhece Paulo Pontes e o convida para trabalharem juntos no Centro Popular de Cultura da UNE. Paulo fica pensando na ideia; segue para o Rio, a fim de participar de reunião do CPC, no final de março de 1964, e quase chega junto com o golpe militar (1º de abril), decidindo não retornar à Paraíba, onde seria perseguido pela repressão.
Prédio da UNE ocupado, CPC incendiado, os intelectuais de esquerda não se acomodam. Em dezembro de 1964, estreia o show Opinião, cujo roteiro fora escrito por oito mãos – Paulo Pontes, Vianinha, Armando Costa e Ferreira Gullar – e representava a união de forças dos setores do povo contra o autoritarismo, tendo como intérpretes João do Vale (camponês), Zé Kéti (proletariado urbano, do morro) e Nara Leão, substituída por Maria Betânia (setores médios). “A música popular não pode ver o povo como simples consumidor; ele é fonte e razão da música”, afirma o texto de apresentação do show Opinião.
Não existe teatro sem a massa
O grupo Opinião racha em 1967. As divergências políticas e os problemas financeiros motivados pela marcação cerrada da censura motivam a divisão. Falando sobre as polêmicas da época, Paulo Pontes se posiciona: “Não é possível continuarmos neste dilema: o teatro meramente comercial ou o teatro bem-intencionado, combativo, mas esteticista, formalista, transplantando para cá, erroneamente, o vanguardismo americano ou europeu. A vanguarda de um país subdesenvolvido tem que sair da consulta às necessidades mais profundas de sua sociedade. […] O Teatro não é a arte da perplexidade. O Teatro é a arte das coisas sabidas”.
Paulo retorna então à Paraíba, retoma o programa de rádio na Tabajara, escreve e produz o espetáculo Paraí-bê-á-bá.
No ano de 1968, é convidado pela TV Tupi para escrever e produzir programas de humor; aceitando, retorna ao Rio e convida Vianinha e Armando Costa para comporem sua equipe. Paulo Pontes entendia que “a televisão é, por natureza, um veículo que interessa a milhões de pessoas”. De forma bem-humorada, os programas feitos para a Tupi falam dos problemas e da vida do povo que habita as periferias urbanas.
Trabalha também para a Rede Globo, assumindo a função de redator principal do programa A Grande Família, após a morte de Vianinha, em 1974, até a suspensão do seriado no ano seguinte.
Sem esquecer o teatro
Enquanto produz para a televisão, Paulo Pontes segue escrevendo para o teatro peças que foram sucesso de público, principalmente Um Espetáculo Chamado 200 (1971) e Gota d´água (1975), esta em parceria com Chico Buarque. Merece menção, ainda, Brasileiro, Profissão Esperança, dirigido por Bibi Ferreira, com quem se casou em 1969.
Na apresentação do texto de Gota d’água, Pontes faz uma análise lúcida e desassombrada da realidade brasileira em plena ditadura:
“A brutal concentração da riqueza elevou, ao paroxismo, a capacidade de consumo de bens duráveis de uma parte da população, enquanto a maioria ficou no ora-veja. Forçar a acumulação de capital através da drenagem de renda das classes subalternas não é novidade nenhuma. […] No futuro, quando se puder medir o nível de desgaste a que foram submetidas as classes subalternas, nós vamos descobrir que a revolução industrial inglesa foi um movimento filantrópico, comparado com o que se fez para acumular o capital do milagre”.
Amava o teatro… amava o povo
Paulo Pontes nunca teve boa saúde. Em 27 de dezembro de 1976, falece aos 36 anos, vítima de câncer no estômago. No sepultamento, dia 28, foi lida uma carta coletiva feita por artistas que conviveram com ele, na qual se afirma: “Paulinho amava o teatro e amava o povo. Lutou por liberdade de expressão, por uma cultura nacional e popular, pela regulamentação de nossa profissão e foi incansável em todas essas atividades”.
Chico Buarque: “O mais importante que aprendi com ele foi exatamente lutar. E uma luta difícil contra o comodismo”.
Fernando Peixoto, ator e diretor teatral: “Intelectual consciente de suas responsabilidades, fiel a seus compromissos, combativo e corajoso, coerente e lúcido, generoso e inflexível”.
Em João Pessoa, o Teatro Paulo Pontes, localizado no Espaço Cultural José Lins do Rego, lembra o inesquecível artista do povo há 33 anos. Mas não é suficiente. A verdadeira homenagem a Paulo Pontes consiste em retomar o teatro revolucionário, a arte verdadeira, o teatro do povo.
(José Levino é historiador)
Fontes:
Paulo Pontes:A Arte das Coisas Sabidas, tese apresentada por Paulo Vieira à Escola de Comunicações e Artes da USP para obtenção do título de mestrado.
Jornal A União – João Pessoa, especial sobre Paulo Pontes.
O Sindicato dos Servidores de Administração Escolar do Estado de Alagoas – SAE/AL – ocupou nesta sexta-feira, 24 de julho, a Secretaria de Educação de Alagoas. Com apitos, buzinas, cartazes e megafone, cerca de 50 manifestantes paralisaram as atividades do órgão, das 9 horas às 16 horas.
O protesto, que contou com o apoio do Movimento Luta de Classes, denunciou a ausência de diálogo por parte do Secretário de Educação e Vice-Governador, Luciano Barbosa, que desde que assumiu o cargo, há 7 meses, ainda não recebeu o SAE/AL para debater a campanha salarial 2015, adotando uma postura de arrogância diante da categoria.
“Foram várias tentativas de audiência com o Secretário Luciano Barbosa para apresentar as demandas da categoria e ele, literalmente, tem fugido do sindicato. Nossa data-base já venceu desde o mês de maio. Por isso, a partir de agora vamos radicalizar mais ainda as nossas ações, até que esse secretário fujão nos atenda e respeite essa categoria determinante na escola”, afirmou Daniel Calisto, presidente do SAE/AL.
Categoria aprova greve
Por não haver abertura nas negociações, o sindicato, em assembleia realizada dia 21 de julho, deliberou greve para a sua base, que inclui vigilantes, agentes administrativos, secretários escolares, merendeiras, fotógrafos, motoristas e trabalhadores dos serviços diversos e multimeios.
“Reivindicamos concurso público para 1500 trabalhadores, ampliação das turmas do pró-funcionário, curso superior gratuito em parceria com a Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), o fim do desvio de função e o pagamento de vale-transporte, periculosidade e insalubridade”, completou Calisto.
A categoria, que possui o menor piso salarial do funcionalismo público estadual, luta também pelo reajuste de 15% e uma atenção especial do governo para a qualificação dos servidores.
“Dos 5500 servidores da ativa, 1400 não tem ensino médio e 800 não concluíram, sequer, o fundamental. Isso faz com que além de termos o menor piso, os trabalhadores não evoluam no plano de cargos e carreiras, tendo baixíssimos salários”, denunciou o presidente do sindicato.
Faleceu ontem (24/07), no Rio de Janeiro, o historiador, escritor, jornalista, professor e militante social Vito Giannotti, aos 72 anos.
Nascido na Itália, Giannotti veio ao Brasil ainda cedo, onde trabalhou como metalúrgico e se tornou um dos principais pesquisadores da memória das lutas operárias no Brasil, além de incansável defensor da imprensa popular.
Autor de mais de vinte livros sobre comunicação sindical e história do movimento sindical, Vito Giannotti foi um dos fundadores do Núcleo Piratininga de Comunicação, importante centro de formação política do país.
Sem dúvida nenhuma, sua partida é uma grande perda para todos que constroem os movimentos sociais no Brasil, em especial a comunicação popular. Seu legado continuará presente nas lutas do povo brasileiro e na batalha diária pela construção de uma imprensa dos trabalhadores a serviço da luta contra o capital e pelo socialismo.
Em todo país, os trabalhadores da Petrobrás promovem uma greve de 24 horas contra a privatização da Petrobrás e do pré-sal. O movimento é organizado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), e conta com o apoio de diversos movimentos sociais, como o MST, MAB, MLB, MPA, Fenet, UJR, Levante Popular da Juventude, UBES e UNE, entre outros.
A categoria é contra o novo Plano de Gestão e Negócios da estatal, que prevê a privatização de boa parte da Petrobrás por meio de “desinvestimento”, ou seja, a venda de ativos adquiridos pela companhia nos últimos anos. Também faz parte da pauta de reivindicações a derrubada do PLS 131/2015, de autoria do senador José Serra (PSDB), que altera a Lei de Partilha do pré-sal.
De acordo com Simão Zanardi, presidente do Sindipetro Caxias e diretor da FUP, a adesão dos trabalhadores à paralisação tem sido grande. “A maioria da categoria entrou na greve, o que comprova a oposição dos petroleiros aos planos de entrega da Petrobrás e do pré-sal”, afirmou.
Grevepor tempo indeterminado
A greve, que continua até às 23:59h de hoje (24/07), é apenas uma advertência à direção da empresa e ao governo federal. Os petroleiros não descartam a possibilidade de entrar em greve por tempo indeterminado. “Ou a Petrobrás volta atrás na sua política de desinvestimento, que na verdade é privatização, ou vamos promover a maior greve da história desse país. Não vamos permitir que a mais importante empresa do país seja desmontada para satisfazer os interesses das multinacionais do petróleo e do imperialismo norte-americano”, afirmou José Maria Rangel, coordenador nacional da FUP.
O país da Pátria Educadora passa por uma profunda crise na educação. Os ajustes fiscais aprovados pelo Governo Federal, no início do ano, com cortes de verbas altíssimas nas áreas sociais, vieram como um verdadeiro golpe a todo o povo trabalhador e à juventude. Na educação, o orçamento previsto sofreu um corte de 9,4 bilhões, podendo aumentar, já que, no último dia 22 de julho, o ministro Joaquim Levy anunciou que o corte geral do orçamento saltará de R$ 69,9 para R$ 79,4 bilhões.
O Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê o orçamento de 10% do PIB para a educação até 2024, não tem se efetivado. Para agravar a situação, o Projeto de Lei nº 131/2015, do senador José Serra (PSDB), que retira a participação da Petrobras enquanto principal empresa de exploração do petróleo no país, inviabiliza ainda mais a realização do PNE, já que os 75% dos royalties e 50% do fundo social que irão para a educação estarão comprometidos, caso a lei seja aprovada. Todos os estados do Brasil já sentem as consequências da falta de recursos suficientes para garantir o funcionamento mínimo das escolas.
Em Sobral, no interior do Ceará, cidade natal do ex-governador e ex-ministro da Educação, Cid Gomes (PROS), a merenda escolar estava sendo feita com a água suja, que servia não só para abastecer a escola, mas também era usada pela comunidade. Enquanto isso, o atual governador, Camilo Santana (PT), não mede esforços para garantir as grandes obras, que geram enormes lucros aos capitalistas. É o caso da obra do Aquário, que, após ter o dinheiro bloqueado por suspeitas de corrupção, terá o empenho pessoal do govenador para buscar parcerias com bancos privados nacionais e estrangeiros.
O caminho é a luta
Todas as escolas de ensino médio do Estado do Ceará receberam as verbas do governo atrasadas. A Escola de Ensino Médio Gov. Adauto Bezerra, uma das maiores do Estado, por exemplo, ficou sem pincéis, papéis, inclusive sem iluminação e merenda escolar. O curso preparatório para o vestibular que a escola oferece foi ofertado voluntariamente pelos professores, já que a verba para pagar o projeto não chegou. Essa realidade levou diversos estudantes e trabalhadores, em conjunto com a União dos Estudantes Secundaristas da Região Metropolitana de Fortaleza (Uesm), a realizarem manifestações nos órgãos responsáveis.
Organizados pelo Grêmio Estudantil e a Uesm, os alunos do Adauto Bezerra dirigiram-se à Secretária de Educação do Ceará (Seduc) para exigir uma explicação sobre o atraso das verbas e seu pagamento imediato. Em reunião, a Seduc ainda teve a coragem de afirmar que o corte de verbas não estava atingindo a educação do Estado, resumindo o problema a uma questão burocrática com os fornecedores.
Investir na educação, de fato, não tem sido prioridade do Governo Federal e dos governos estaduais. No Ceará, apenas 83% dos jovens entre 15 e 18 anos estão nas escolas, isso quer dizer que os demais 17% são vítimas da marginalização social. Nosso país caiu duas colocações, em relação a 2014, no ranking de desempenho na educação feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 58º a 60º posição entre 70 países avaliados.
Os cidadãos ucranianos, sobretudo no leste do país, clamam por uma ajuda internacional a toda classe trabalhadora. Desde o começo das manifestações conhecidas como Euromaidan, nas quais grupos neonazistas e de extrema-direita foram às ruas de Kiev, capital da Ucrânia, pedir pela renúncia e queda do ex-presidente Viktor Yanukovich, russos naturalizados ucranianos ou apenas ucranianos descendentes de russos vêm sofrendo com uma enorme onda de xenofobia, racismo e outras formas de ódio de classe. A guerra civil que assola o país está próxima de completar três anos.
Os ultranacionalistas de extrema direita, junto com o exército ucraniano a mando do atual presidente Petro Poroshenko, vêm devastando cidades e vilas próximas às fronteiras com a Rússia. Com o advento desses conflitos, surgiu a necessidade de muitas dessas localidades formarem milícias populares antifascistas.
Conjuntura atual
Após a queda de Yanukovich, que contou com o apoio do imperialismo americano, da OTAN e da União Europeia, sedentas em obter zonas de livre mercado e desestabilizar a Rússia economicamente e politicamente, a Ucrânia vem se tornado um verdadeiro palco de guerra. Esta se agrava com o passar do tempo, ampliando as contradições de classe e deixando ainda mais claro o caráter fascista do sistema capitalista.
Com a economia mundial em crise, as potências imperialistas ocidentais patrocinaram golpes e organizações mercenárias para desestabilizar países que ameaçam a hegemonia econômica internacional (como a China e a Rússia) dos blocos ocidentais e ampliar suas zonas de influência.
Assim como Líbia e Síria, a Ucrânia também se encontra numa área estratégica para o imperialismo por causa de sua localização geográfica, suas reservas de riquezas naturais (como o gás natural e o petróleo da Crimeia) e do caráter nacional de sua economia existente antes do golpe e que apontava para a criação de relações exteriores ainda mais amplas com a Rússia.
Assim é capitalismo: quando está em crise tenta ampliar a todo custo suas fronteiras e buscar novas fontes de riquezas para favorecer os monopólios econômicos.
Ajuda imperialista
O principal beneficiado com a crise ucraniana é o capital financeiro internacional. A OTAN e a União Europeia são os principais responsáveis pelo golpe fascista do Maidan. Como disse o presidente dos EUA, Barack Obama, em entrevista à rádio CNN, “Putin (presidente da Rússia) tomou essa decisão em torno da Crimeia e da Ucrânia (a anexação), não por causa de alguma grande estratégia, mas, essencialmente, porque foi pego de surpresa pelos protestos do Maidan. Yanukovich fugiu em seguida, depois que nós intermediamos um acordo para a transição de poder na Ucrânia”.
Está clara, portanto, a intenção dos imperialistas ao apoiar assassinos e grupos nazifascistas. Em abril desse ano, os Estados Unidos enviaram à cidade de Yavoriv, na Ucrânia, um comboio de 50 paraquedistas e 25 veículos da 173º brigada área norte-americana. Ao todo, os ianques já enviaram mais de 120 milhões de dólares em ajuda militar não letal, incluindo 230 veículos do tipo Humvee e drones não armados.
Crimes de guerra
O alto comissariado de direitos humanos da ONU estima que, de fevereiro a maio deste ano, 6.362 civis morreram em consequência dos ataques do exército ucraniano na região de Donbass. Em abril, o ministro da defesa de Donetsk, Eduardo Basurin, já havia informado que um ataque das tropas da Ucrânia deixou 86 pessoas feridas e 14 mortas na cidade.
Vale lembrar também o episódio conhecido como o Massacre de Odessa, em maio do ano passado, quando 46 ativistas antifascistas e trabalhadores locais foram mortos, queimados ou asfixiados, dentro de um sindicato incendiado por membros do Pravy Sektor (grupo de extrema-direita) e do Azov (organização paramilitar), poucos dias após o 1º de Maio.
As forças revolucionárias
Para se defender dos ataques fascistas, a população de descendência russa fundou a Novorossiya (Novorrússia, em português), uma confederação que reúne duas repúblicas populares autoproclamadas Donetsk e Luhansk.
Essa luta vem ganhando apoio e solidariedade em todo o mundo. Centenas de pessoas de outros países já se juntaram às milícias do exército popular da Novorrússia. Entre eles há franceses, italianos, espanhóis, afegãos, russos e até brasileiros. “Desde que cheguei aqui, tenho visto muita coisa feia, principalmente nos ataques da artilharia ucraniana que matam milhares de civis, crianças e mulheres. Mas isso não me assusta. Vou seguir no meu objetivo firmemente nessa causa e ajudar o pessoal da Nova Rússia”, disse o paulista Rodolfo “Macgyver”, miliciano na região de Donetsk.
Outro brasileiro, o carioca Rafael Santos, também é voluntário nessa batalha, que segundo ele é “contra o imperialismo americano, que criou grandes guerras nos últimos anos para dar lucro aos banqueiros. Aqui na Nova Rússia, essa guerra não é só dos russos que moram na Ucrânia: essa guerra é do mundo todo”.
A presença de mulheres nos combates também é significativa. A miliciana russa Svletana, natural da Sibéria, é uma das centenas de mulheres que se juntaram à luta contra o Donbass. Em entrevista ao blog brasileiro A Página Vermelha, ela falou do papel feminino no conflito: “Muitos dizem que ‘a guerra não é para mulheres’, mas quando surge a necessidade de defender um povo do genocídio, a questão do sexo não tem nenhuma importância”.
No Brasil está sendo realizada uma campanha para juntar fundos em auxílio aos novorussos através do tradutor e pesquisador independente Cristiano Alves, que administra o canal do Youtube A Voz do Comunismo e o blog A Página Vermelha.
“Nós do site A Página Vermelha, temos o nosso fundo de ajuda à Novorrússia, que está recolhendo contribuições que serão levadas ao exército popular, pessoalmente por mim. (…) Nós somos brasileiros e podemos demonstrar a nossa solidariedade”, disse Alves. Os interessados em contribuir com as milícias populares devem utilizar o sistema de pagamentos eletrônicos Paypal, e enviar uma quantia mínima de dez reais. “Dez reais é muito pouco, mas não quando cem ou duzentas pessoas enviam”, concluiu Cristiano.
O dinheiro será utilizado na compra de remédios e equipamentos para combatentes e refugiados. Os interessados em saber mais detalhes devem enviar um e-mail para apaginavermelha@gmail.com.
Ajudar nessa causa é mais que demonstrar um espírito internacionalista operário; é contribuir para um processo avançado de luta, contribuir para o crescimento do poder popular ao redor do mundo. Isso é estar ao lado da classe trabalhadora na luta contra o imperialismo e as forças do capital financeiro que devastam o planeta em busca de sua manutenção.
Antonio Vieira dos Santos nasceu em Penedo (AL) e desde jovem, quando adquiriu consciência de classe, dedicou toda a sua vida ao trabalho de educação, conscientização e organização política dos trabalhadores do campo e da cidade. Foi um abnegado militante no Movimento de Educação de Base (MEB), da Ação Popular (AP), da luta pelas Reformas de Base, especialmente, da luta pela Reforma Agrária no período pré-64 e na resistência para impedir a derrubada do Governo Jango Goulart.
Um organizador e educador popular talentoso. Artista plástico, pintor, diretor de teatro, diretor e roteirista do filme Lamparina. Corajoso e dono de uma profunda consciência de classe e ardente militante revolucionário.
Um verdadeiro lutador social, que atuou em Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Pará e Amazonas. Por onde passou semeou entre os trabalhadores a consciência de que para a sua emancipação econômica, social e política é necessário praticar a solidariedade, a organização no local de trabalho, de moradia e no Partido Político, que defenda uma revolução popular anticapitalista e que avance para o socialismo.
Trabalhou como educador popular na Operação Esperança, projeto piloto de Reforma Agrária, construído por Dom Helder Câmara, na zona canavieira de 1972 a 1978, com os recursos que ganhou do Prêmio Popular da Paz em Oslo, Noruega, naquele mesmo período.
Porém, no esplendor desta experiência, Vieira foi sequestrado pelo DOI-CODI (órgão da repressão fascista do então 4º Exército, subordinado à ditadura militar) e torturado por longos cinco meses, sem dar nenhuma informação aos seus algozes.
Vieira soube ser coerente e fiel à causa da sua classe trabalhadora, desde a mais difícil das provas por que passam os revolucionários (encarceramento e tortura) até o último instante da sua vida, às 18:55h do dia 20 de julho de 2015. Na partida, estava rodeado de seus amigos e da solidariedade militante. Deixou três filhos: Julien, Lara e Gregório e muitos filhos do povo educados pela força do seu exemplo de luta prontos para combater em defesa da causa da libertação da humanidade trabalhadora que haverão de vencer inelutavelmente.
Homenagem do Centro Cultural Manoel Lisboa (CCML), do Movimento de Trabalhadores Cristãos (MTC), de familiares, companheiros e amigos de Vieira de todo o Brasil.
Em resposta a decisão dos governos estadual e federal de privatizar a CELG – Companhia Energética de Goiás, dezenas de manifestantes e entidades sindicais e populares a exemplo e partidos políticos se reuniram no dia 13 de julho no centro de Goiânia para lançar o Movimento em Defesa da CELG por Energia Barata e de Qualidade. O objetivo é a conscientização da população e a ampliação das adesões contra a privatização da CELG. Atualmente, 51% da empresa pertence ao governo federal e 49% ao Estado de Goiás que pretendem vendê-la por R$ 6 bilhões, quando a mesma fatura mais de R$ 8 bilhões por ano sem falar do seu patrimônio.
Diversas lideranças sindicais, estudantis e populares usaram da palavra durante o ato para afirmar a importância e necessidade da união de todos setores organizados da sociedade em defesa do patrimônio público, de energia de boa qualidade e barata e contra a privatização da CELG.
O ato lembrou que a privatização interessa apenas a um pequeno grupo de empresários que vai lucrar com isso. Para João Maria, do Sindicato dos Urbatnitários de Goiás, “O processo de privatização no Brasil não trouxe solução para o setor e sim a baixa qualidade dos serviços prestados e uma das tarifas de energia mais caras do mundo” ressaltou o diretor
Já Mauro Rubem, presidente da Central Ùnica dos Trabalhadores – GO, lembrou que a CELG vem sendo sangrada há vários anos por gestões descomprometidas com o futuro da empresa. “Esse modelo já é conhecido por nós. Sucateiam a empresa para depois vendê-la a preço de banana”. Mauro Rubem afirmou ainda que se a Celg for privatizada, vamos assistir ao “enxugamento dos custos”. Ou seja, a não realização de concurso público, terceirização e subcontratação que colocam em risco a vida de trabalhadores e consumidores. E denunciou: “A empresa foi abandonada pelo governo estadual há anos, mesmo fornecendo energia elétrica a mais de 6 milhões de pessoas, sendo que destas, mais de 600 mil moram no campo. Desde 2002 que o Estado não prioriza a execução de obras necessárias para o fornecimento de energia de qualidade, na clara intenção de sucatear a Celg”
Durante o ato, a militancia da UJR e do Unidade Popular pelo Socialismo marcou sua presença com a realizando a propaganda das idéias do socialismo e da revolução.
Toda a população goiana está sendo convocada a se engajar e fortalecer o Movimento em Defesa da CELG participando das reuniões e construindo novas manifestações para barrar esse processo de privatizações,
Como reflexo da contínua política externa do governo do AKP (Partido da Justiça e Desenvolvimento), massacres estão ocorrendo na Turquia. Até o momento, nada foi descoberto sobre as explosões em Reyhanlu e Antep. Vimos um ensaio de massacre em Diyarbakir durante a campanha eleitoral e os reais culpados até agora não foram apresentados à justiça. Ontem, assistimos outro massacre com ataque a bomba, dessa vez contra a juventude de Suruc* que estava se preparando para ajudar na reconstrução de Kobane.
As imagens do massacre onde 30 pessoas morreram e mais de 70 ficaram feridos mostra toda a estensão da violência. Considerando que os jovens foram seguidos pela polícia desde que saíram da estrada, é estranho que eles tenham sido sujeitos a um ataque deste tipo.
A política do AKP para o Oriente Médio nos últimos anos; as armas escondidas sob medicamentos encontradas em um caminhão em Adana e a perseguição as pessoas que expuseram este fato; a recusa de classificar o Calificado Islâmico como uma organização ‘terrorista’ e sua colaboração com eles; tudo isso trouxe o terrorismo do EI para dentro das fronteiras turcas.
O Presidente Tayyip Erdoğan e o governo do AKP são os responsáveis pelo massacre, pois têm o povo curdo e as Unidades Proteção Popular (YPG) como o alva de seus discursos públicos. Enquanto isso, coube aos curdos atacados pelo AKP, e a despeito dos massacres em Kobane, a tarefa de resistir e expulsar o EI de Kobane.
Selma Gürkan / Presidente do Partido do Trabalho (EMEK PARTISI)
* Suruc é uma pequena cidade de maioria curda que fica a 15 minutos de carro da fronteira com a região de Kobane, na Síria.
No último dia 17, cerca de 200 estudantes organizados por diversos coletivos de movimento estudantil e social de Campina Grande (PB) ocuparam as ruas da cidade e a reunião do conselho de transportes que pretendia aumentar o valor da tarifa de ônibus de R$ 2,30 para R$ 2,70. Em menos de um ano, este pode ser o terceiro aumento da passagem.
A passeata que saiu da Praça da Bandeira, seguiu até a Superintendência de Transportes, onde acontecia a reunião do conselho. Os estudantes ocuparam a sala de reuniões, realizando a denúncia de mais um aumento absurdo que aquele conselho estava para aprovar. A polícia foi acionada e não hesitou em utilizar spray de pimenta para expulsar os estudantes, que, em geral, tinham de 14 a 16 anos de idade. Várias pessoas passaram mal e foram ameaçados por funcionários da STTP. O conselho só esperou os estudantes saírem do local e encaminharam ao prefeito Romero Rodrigues (PSDB) uma proposta de aumento para R$ 2,65.
Com a situação econômica do país, um terceiro aumento ,em menos de um ano, só gera ainda mais indignação no povo campinense. Além do congelamento da passagem, levantamos a pauta do passe-livre, que, em 2013, foi estourou no Brasil nas jornadas de junho, mas que, até hoje, não foi efetivamente implantado.
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