UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quinta-feira, 20 de novembro de 2025
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Garis fazem greve por redução da jornada de trabalho e por dignidade em Natal

greve limpeza natal 01Indignados com o retorno da jornada de 44 horas semanais, os garis da coleta da Urbana (autarquia de limpeza urbana da Prefeitura de Natal), que estavam trabalhando em regime de escala de 12 por 36 horas, paralisaram suas atividades no dia 10 de julho. Mesmo com a presença dos encarregados e do diretor operações, que tentaram intimidar os trabalhadores, o movimento se manteve firme, e a coleta da Zona Norte de Natal não funcionou.

No dia seguinte, o movimento realizou uma assembleia com toda a categoria em que garis que usaram da palavra para denunciar vários abusos e humilhações praticadas por alguns encarregados da empresa. Em seguida, foi aprovada, por unanimidade, a greve dos garis da Urbana, numa clara demonstração de combatividade e união dos trabalhadores.

Mesmo com a empresa ameaçando o comando de greve com demissões e o corte de ponto pelos dias parados, o movimento se fortaleceu e, no domingo, as turmas que fazem a limpeza das feiras também aderiram ao movimento grevista.

Na segunda-feira (13), com praticamente todos trabalhadores em greve, quando o movimento ameaçou ir em passeata para a Prefeitura Municipal, o presidente da Urbana, Sávio Hackrat, recuou e decidiu negociar com o comando de greve. Até em então, ele vinha afirmando que não negociaria enquanto os trabalhadores não saíssem da greve.

Os trabalhadores saíram vitoriosos da negociação, pois arrancaram da empresa um compromisso por escrito de que será realizado um estudo sobre as questões levantadas, com retorno no dia 03 de agosto. Além disso, todas as faltas pelos dias parados foram abonadas e o comando de greve foi reconhecido como representante legítimo da categoria, já que o sindicato se posicionou contrário à luta dos trabalhadores.

Toda a luta foi travada com muita união, combatividade e disposição. O encaminhamento final foi permanecer em estado de greve até o dia 03, e, no dia 04, realizar uma nova assembleia para avaliar a resposta da empresa. Caso não sejam atendidas as reivindicações, a luta continuará!

Alexander Feitosa

Petroleiros farão greve de 24 horas contra a privatização da Petrobrás na próxima sexta

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No próximo dia 24/07, o Conselho de Administração da Petrobrás (CA) se reunirá para dar encaminhamento ao “Plano de Desinvestimento” aprovado no fim de junho.

Ao todo, a empresa pretende se livrar entre 2015 e 2016 de ativos no valor de US$ 15,1 bilhões (sendo 30% na área de Exploração e Produção, 30% no Abastecimento e 40% no Gás e Energia).

Em comunicado, a Petrobrás também afirmou que o plano prevê medidas de “otimização dos custos de pessoal”, ou seja, a não realização de novos concursos e a demissão de milhares de trabalhadores. “A venda de ativos e os cortes terão impactos diretos não só para os trabalhadores, mas para o desenvolvimento do País”, disse o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel.

Greve de 24h

Reunidos na 5ª Plenária Nacional da FUP, realizada em São Paulo, os sindicatos de petroleiros aprovaram como pauta única da campanha reivindicatória desse ano a defesa da Petrobrás e do pré-sal. “Vamos sentar com a Petrobrás para tratar de questões corporativas, enquanto a empresa está sendo desmantelada e o pré-sal entregue?”, argumenta José Maria.

Por isso, a FUP e seus sindicatos filiados estão convocando para o dia da reunião do CA uma greve de 24 horas, que mobilizará todo o Sistema Petrobrás contra a privatização da empresa e os ataques da direita e do imperialismo contra o pré-sal.

Contra o PLS 131/2015

O movimento também é contra o PLS 131/2015, de autoria do senador tucano José Serra (PSDB-SP), que ameaça alterar o modelo de exploração do pré-sal, retirando da Petrobrás a função de operadora única e acabando com a participação obrigatória da empresa em todos os campos exploratórios. O projeto já está na pauta de votação do Senado.

Para o presidente do Sindipetro Caxias, Simão Zanardi, o momento é gravíssimo. “Se os petroleiros não fizerem nada, é grande a chance de retrocedermos em nossas conquistas e vermos nosso emprego e o futuro do Brasil ameaçados”, disse.

A greve do próximo dia 24/07 acontece 20 anos depois da histórica greve de 1995, que impediu que FHC privatizasse a Petrobrás, e num momento crítico na conjuntura do país.

“Os petroleiros são conhecidos por sempre ocuparem um papel de destaque na luta do povo brasileiro por um país mais justo e soberano. Sempre que fomos chamados ao combate não decepcionamos. Não vamos perder tudo o que conquistamos com a nossa luta e o nosso suor. Defender a Petrobrás hoje é defender a democracia e o futuro do Brasil”, afirmou Zanardi.

Da Redação

Nota dos marxistas-leninistas gregos sobre a situação nacional

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Reproduzimos abaixo a nota do Movimento pela Reorganização do KKE (1918-55):

AnasintaxiO novo acordo financeiro assinado entre a Grécia e União Europeia constitui uma completa rendição à extorsão fascista dos representantes da UE (principalmente a Alemanha) e está em total oposição à vontade do povo grego expressa no ‘OXI’ votado no recente referendo.

Não se pode desconsiderar, em todo caso, que existem planos arquitetados pelos imperialistas da União Europeia de remover o governo eleito e colocar em seu lugar outro sem eleições, da mesma maneira como ocorreu com o governo do banqueiro Papadimos, em 2011.

O único caminho para a classe trabalhadora e os povos é o de realizar a luta de classes contra a intervenção imperialista nos assuntos internos do país e contra as novas medidas, bárabaras e antipopulares. Ao mesmo tempo, combater os planos de formar um novo governo sem eleições, o que seria uma clara violação constitucional. O slogan central desta luta não pode ser outro senão o de saída imediata da União Europeia e da Zona do Euro.

Fonte: http://anasintaxi-en.blogspot.com.br/

Documentos da ditadura militar são liberados

 

tio-samRecentemente o governo americano liberou a Casa Civil brasileira cerca de 538 documentos da ditadura militar, mantidos sobre sigilo até hoje pelo Arquivo Nacional dos EUA, depois da visita da presidenta Dilma Rousseff no ultimo 30 de Junho. O gesto do presidente americano foi uma espécie de tentativa de reaproximação com o nosso governo, sobretudo após as relações diplomáticas entre Brasil e EUA ficarem abaladas com as denuncias de que a Casa Branca espionava o governo brasileiro.

A documentação é composta por relatórios, memorandos, dossiês e até pesquisas sobre nossa economia, e até ordens para os militares que governavam o país e deixam ainda mais claro que o governo americano organizou, orientou e patrocinou, desde o início, as ações dos militares durante os 21 anos do regime militar. As informações eram enviadas pelos embaixadores norte americanos e seus funcionários e ocorriam quase que em tempo real.

Entre os arquivos estão, por exemplo, informações sobre o desaparecimento de Rubens Paiva, deputado cassado depois de golpe de 64 e desaparecido em 1971. Detalhe: a morte dele só foi confirmada aqui no Brasil em 2012, mas os documentos mostram que o governo dos EUA já sabia logo após sua prisão.

Outros casos que deixam claro a intervenção dos ianques é o informe da prisão de Stuart Angel (militante do MR8), também desaparecido em 1971. Sua mãe, a estilista Zuzu Angel faleceu sem ter notícias do paradeiro de seu filho, quando o governo americano possuía um dossiê sobre a prisão do militante, assim como de Carlos Lamarca, inclusive com depoimentos de ex-companheiros dele, que contribuiu para sua morte em 1971 na Bahia.

Outros documentos detalham o apoio por parte do governo brasileiro a outras ditaduras,
como no caso de 16 oficiais chilenos que aqui receberam treinamento do Serviço Nacional de Informações (SNI), uma clara ligação entre com a ditadura de Pinochet, por meio da operação Condor. O atentado em abril de 1981 ao Rio Centro com um carro bomba também foi informado religiosamente ao Tio Sam.

A descoberta desses documentos representa mais um passo no esclarecimento das atrocidades cometidas pelas autoridades militares durante os 21 anos de regime militar no Brasil bem como desmascara o caráter antidemocrático do governo americano, que além de apoiar e financiar diversos golpes em todo o mundo, escondeu (e esconde) a verdade sobre sua participação nessa vergonhosa página de nosso país, na defesa daqueles que até hoje se beneficiam com o espólio dos regimes autoritário na América Latina. É preciso que a participação do governo americano seja investigada, assim como deve haver a punição para os funcionários e diplomatas que espionaram nosso país e interferiram na vida social de nosso país, patrocinando e orientando uma ditadura sanguinária.   Uma assessoria da Comissão Nacional da Verdade vai analisar e organizar os 538 documentos, que já estão disponíveis no site do Arquivo Nacional Brasileiro.

Link: http://www.arquivonacional.gov.br

Cloves Silva, Estudante de Letras da UFRPE, MLC-PE

 

 

 

MST condena ataques às famílias sem terra de Tumiritinga (MG)

 

Destroços do avião onde estava o prefeito Genil
Destroços do avião onde estava o prefeito Genil

Após uma hora de rasantes sobre as famílias Sem Terra, avião em que Genil Mata da Cruz (prefeito do município de Central de Minas) estava caiu próximo ao acampamento, no município de Tumiritinga (MG).

Ao longo da tarde desta terça-feira (14), dois aviões atacaram o acampamento montado por cerca de 200 famílias Sem Terra na Fazenda Casa Branca, no município de Tumiritinga (MG).

Segundo o relato dos Sem Terra, durante uma hora os aviões deram rasantes sobre o acampamento e soltaram rojões sobre as famílias acampadas. Um dos aviões acabou caindo numa área próxima ao acampamento. Ainda não se sabe os motivos reais da queda. Uma das pessoas que estava na aeronave era o prefeito do município Central de Minas, Genil Mata da Cruz, que também se dizia dono da propriedade.

Os trabalhadores rurais ocuparam a fazenda de 420 alqueires no último dia 5 de julho. A área, considerada improdutiva, pertencia à empresa Fíbria, mas foi adquirida por Genil Mata da Cruz.

No entanto, o suposto proprietário disse não possuir nenhum documento relativo à propriedade do imóvel, o que o impossibilita de solicitar a reintegração de posse. Segundo relatos dos Sem Terra, ao não poder despejar as famílias, Genil da Cruz disse que resolveria a situação à sua maneira.

Esta não é a primeira vez que as famílias acampadas na área sofrem ataques.

Na madruga da última sexta-feira (10), cerca de 12 pistoleiros em dois veículos invadiram o acampamento e soltaram fogos de artifício contra as barracas. Uma pessoa foi atingida e sofreu pequenas queimaduras no corpo.

Dois tratores blindados acompanhavam a ação. Durante a fuga, um dos tratores atolou e foi deixado para trás.

Nos dias anteriores, rondas noturnas já estavam sendo feitas na área. Diante das ameaças, os Sem Terra fizeram um boletim de ocorrência na delegacia local.

Quem é Genil Mata da Cruz?

Além de ser prefeito da cidade Central de Minas, Genil Mata da Cruz é dono de uma das maiores redes de posto de combustível na região, a Rede Gentil.

Seu currículo, entretanto, é repleto de acusações. Em 2013, o prefeito foi acusado de tráfico de combustível. Em 2006, Genil também foi suspeito de envolvimento com o tráfico internacional de pessoas. Na época, a Polícia Federal investigou a participação do empresário no financiamento de viagens a brasileiros para entrar ilegalmente nos Estados Unidos.

Em 2001, o prefeito foi denunciado criminalmente pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) por ter construído um posto de gasolina sem licença ou autorização do órgão ambiental competente, e desobedecer o Departamento de Estradas e Rodagem de Minas Gerais (DER).

Abaixo, segue a nota da direção estadual do MST

Na madrugada do dia 5 de julho de 2015, 300 famílias da região do Vale do Rio Doce ocuparam a fazenda Casa Branca, no município de Tumiritinga – MG, à 50 Km de Gov. Valadares, região leste do estado.

A Fazenda, com aproximadamente 1.500 hectares, pertence à empresa Fíbria Celulose. Após a ocupação compareceu a fazenda o Sr. Genil Mata da Cruz, prefeito de Central de Minas e proprietário da Rede de Posto de Combustíveis Gentil, alegando que está negociando a compra da fazenda junto a Fíbria e reivindicando a posse da área. Na ocasião, a Polícia Militar estava presente e orientou o Sr. Genil a reivindicar seu direito de posse junto à justiça.

No dia 9 de Julho, ao final da tarde, fomos informados de que o então suposto proprietário estava disposto a fazer, ele mesmo, o despejo das famílias, uma vez que ele não poderia recorrer à justiça pelo fato de não possuir nenhum documento da área. Nessa mesma tarde, caminhões foram à fazenda e retiraram duas famílias de funcionários que moravam na área. Na madrugada do dia 10, as famílias foram surpreendidas com cerca de 12 pistoleiros, dois veículos e dois tratores. Os pistoleiros efetuaram vários disparos de balas e foguetes sobre as famílias acampadas. Os tratores foram blindados, preparados para guerra.

As famílias conseguiram pedir socorro policial e os pistoleiros, ao perceberem a aproximação da polícia fugiram. Na fuga um trator caiu em uma vala.

No dia 11 último, representantes do governo do Estado de Minas, através da mesa de conflitos agrários, e o superintendente regional do INCRA-MG, preocupados com a situação de conflitos e tensão, estiveram na região e se reuniram com o suposto proprietário, com a Polícia Militar e com a Coordenação dos Trabalhadores Sem Terra. Foi o início de um importante diálogo, onde poderia culminar em uma negociação. Porém, na segunda-feira (13) recomeçaram os boatos de que o fazendeiro iria realizar o despejo.

Na tarde desta terça-feira (14), por volta das 16h, o fazendeiro começou a cumprir a promessa. Dois aviões começaram sobrevoar o acampamento efetuando disparos sobre as centenas de pessoas acampadas, entre elas mulheres, jovens, crianças e idosos. As famílias viveram momentos de terror. Em meios aos ataques um avião caiu e pegou fogo. A informação é que duas pessoas morreram carbonizadas.

Não sabemos as circunstâncias de tal acidente e nem quem são as vítimas. Isso cabe as autoridades investigar. O que nós do MST temos feito é nos colocar a disposição para o diálogo para fazer avançar a Reforma Agrária, mesmo que esta esteja praticamente paralisada. Essa disposição nunca nos faltará, mesmo com vários tipos de violência que temos sofrido, como o massacre de Felizburgo, Eldorado dos Carajás, entre outros.

14/07/2015
Direção estadual do MST-MG

Economia brasileira piora com Plano Levy

joaquim levy piora a economia
A economia brasileira piora com as medidas de Joaquim Levy

A economia capitalista é caracterizada pela posse dos meios de produção por uma pequena minoria de pessoas, mais precisamente por uma classe, a burguesia; pela anarquia da produção e por constantes crises econômicas. Essas crises sempre trazem maiores consequências para os trabalhadores, para os pobres, e mais ainda quando os governos adotam os chamados planos de austeridade ou ajuste fiscal, isto é, o corte dos investimentos públicos e de gastos sociais visando assegurar o pagamento de juros aos credores das dívidas públicas.

É o que está ocorrendo na economia brasileira desde que Joaquim Levy, ex-membro do FMI e ex-diretor do Bradesco, foi nomeado ministro da Fazenda pela presidenta Dilma Roussef. O objetivo do plano Levy, segundo sua própria definição, é “reordenar a economia em bases mais atraentes ao mercado”.

Como nada é mais atraente para o mercado que o aumento das taxas de juros, a equipe econômica do governo comandada por Levy, eleva sem freio a Selic, a taxa básica de juros fixada pelo Banco Central do Brasil, que no último mês chegou a 13,75%, uma das maiores do mundo¹.

O pretexto para a elevação dos juros é a necessidade de baixar a inflação. Mas a inflação, como se vê, não tem diminuído, tem crescido e muito. Em janeiro, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor por Atacado), índice oficial, era de 6,56% e agora está em 8,76%. Pior, o próprio Banco Central prevê que a inflação chegará no final do ano a 9%, sinal de que a política de aumento dos juros não tá dando certo e deveria, portanto, ser mudada. Mas, não é isso que ocorrerá. O último boletim do Banco Central informa que o ciclo de elevação dos juros continuará.

As consequências da elevação dos juros são terríveis para as massas trabalhadoras, pois como é grande o endividamento da população, o aumento dos juros vai acarretar o crescimento da dívida e um gasto maior com juros. Para se ter uma ideia, a taxa média de juros do cartão de crédito chegou a 360% ao ano e a taxa média do cheque especial a 242%.

Não bastasse, os trabalhadores sofrem com o crescimento do desemprego. Apenas no mês de maio, 116 mil vagas de trabalho com carteira assinada foram fechadas. Em 2015, um total de 244 mil empregos formais foram eliminados. Tem mais: segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e do Ministério do Trabalho, 452,8 mil trabalhadores perderam seus empregos nos últimos 12 meses.

Além do desemprego, da inflação em alta, do crédito mais caro, a renda do trabalhador caiu no último ano 5%, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) de maio, do IBGE.

E a situação tende a se agravar: a previsão do Produto Interno Bruto (PIB), índice que mede a produção das riquezas no ano, a previsão é queda de 1,4%. Isto, é crescimento negativo, tipo rabo de cavalo, para baixo.

Lembremos que também faz parte do plano Levy o corte de R$ 69 bilhões do Orçamento da União, o que significa a redução das verbas da Educação, da Habitação e da Saúde.
Mas enquanto a população pobre perde com o aumento dos juros, os bancos e as famílias ricas que são donas dos títulos da chamada dívida pública faturam bilhões e crescem suas riquezas.

De fato, devido às constantes elevações da taxa de juros, a classe capitalista, a classe que é dona do capital, prefere investir seu dinheiro no chamado mercado financeiro, ou seja, na compra desses títulos da dívida. Resultado, os investimentos na produção diminuem, a recessão aumenta e o desemprego cresce. Muitas grupos econômicos estão vendendo empresas para investir em títulos, pois os ganhos são extraordinários e sem nenhum risco.

Para esconder o real motivo pelo qual não investem na economia, isto é a aplicação do capital em títulos públicos, os empresários em coro dizem que “não há investimento privado porque não tem confiança na situação do país”. Conversa fiada!

Em 2014, por exemplo, o país gastou com o pagamento de juros nada menos que R$ 397 bilhões. Caso o governo não gastasse tanto dinheiro com o pagamento de juros, não teria a menor necessidade de cortar verbas ou investimentos, pois teria um enorme superávit; sobraria exatamente o que gasta com juros: R$ 397 bilhões.

Portanto, não é o número excessivo de ministérios ou o salário dos servidores públicos e dos aposentados que causam o déficit público, mas os rios de dinheiro destinados pelo governo para pagar juros a uma meia dúzia de bancos. Aliás, segundo a CPI da Dívida Pública, somente 12 instituições financeiras, entre elas Citibank, Itaú, Bradesco, HSBC, estão credenciadas para comprar títulos da dívida vendidos nos leilões do Banco Central. Por isso, mesmo o ministro Joaquim Levy praticando uma política econômica desastrosa que provoca recessão e aumento da inflação, ele é saudado pelos economistas burgueses e pelos grandes empresários como um “grande general e a única coisa boa do governo Dilma Roussef”, embora esteja promovendo uma ainda maior “financeirização” e desnacionalização da economia brasileira, jogando milhares de trabalhadores no desemprego e colocando em risco os tímidos avanços sociais que o pais obteve nos últimos dez anos.

O pior é que mesmo pagando essas fortunas de juros todos os anos, privatizando estatais como a Vale do Rio Doce, a Embraer, as empresas de energia e de telefonia, ações e poços da Petrobras, aeroportos e rodovias, etc., a dívida pública não para de crescer e já supera 3 trilhões e 300 bilhões de reais.

Há ainda outra razão para os capitalistas diminuírem os investimentos e aumentarem as demissões; sabem que com um desemprego maior, haverá queda no salário dos trabalhadores. Poderão, assim, contratar com salários mais baixos, e, de quebra, aumentar a chantagem para o Senado aprovar o famigerado projeto de terceirização, o agora PLC 30, que permite às empresas reduzir salários e aumentar a jornada de trabalho e que foi aprovado na Câmara dos Deputados como PL 4330.

Mas, como já ficou claro nas manifestações de ruas contra o projeto de terceirização e nas greves realizadas esse ano por aumento dos salários, o proletariado, a classe dos trabalhadores, não assistirá passivamente à retirada de seus direitos e às manobras dos patrões para aprofundar a exploração e aumentar a taxa de lucro. Usará essas lutas para avançar sua consciência de classe, vencer as ilusões no capitalismo, identificar a burguesia, a classe dos capitalistas, como seu verdadeiro inimigo e unir suas forças em direção à luta pelo socialismo.

Notas

¹ De abril de 2013 a abril de 2014, o Banco Central aumentou a taxa Selic em 6,5% pontos.

Ainda sobre o individualismo

Manoel Lisboa 1Ao ser preso pela segunda vez, em 16 de agosto de 1965, Manoel Lisboa, então com 21 anos, se declarou marxista-leninista e escreveu: “O despertar da consciência humana para os problemas sociais, para o problema de milhões de explorados, é um sentimento que desencadeia em cada pessoa um série de transformações para melhor e uma acertada conduta da vida pessoal.”¹

Diferente do que repetem os intelectuais pequeno-burgueses, ser marxista-leninista não é um chavão, mas assumir uma nova ideologia, uma ideologia que se caracteriza por defender uma nova sociedade na qual não exista a exploração do homem pelo homem; é despertar sua consciência para os problemas sociais, é identificar as verdadeiras causas da pobreza, da fome, do desemprego, é compreender que a luta de classes é a alavanca da transformação social, é lutar para pôr fim a essas injustiças e, principalmente, dedicar sua vida a essa luta, à revolução.

Assim, cada militante que ingressa no Partido Comunista Revolucionário, que se torna marxista-leninista, aprofunda seu compromisso com os milhões de explorados existentes em nosso país e no mundo, mas também inicia um processo de transformação na sua vida, abandona velhas concepções e ideias e adquire uma nova consciência, um novo modo de ver o mundo, o que não pode deixar de acarretar uma nova conduta na sua vida.
A luta entre o velho e o novo

Porém, por vezes, esbarramos nesse processo de profunda transformação pessoal manifestando vaidade e arrogância nas relações com os camaradas ou em reuniões de nossos coletivos. Debates que poderiam ser conduzidos de uma maneira mais tranquila, tornam-se, de repente, uma discussão em que ninguém ouve ou presta atenção no que o outro fala, mas apenas no que a própria pessoa fala. Muitas vezes chega-se a um impasse e, o que é pior, alguns guardam rancor dessas discussões em vez de fazer autocrítica do comportamento que tiveram. O coletivo, com muitos novos militantes, assiste a esses embates em silêncio, se perguntando se há realmente motivo para toda essa discussão e por que tanta exaltação e hostilidade se estamos entre camaradas. Outros militantes se preocupam em demasia com seu reconhecimento e se comportam como se acreditassem que as coisas seriam melhores se eles mesmos estivessem no comando.

Não há dúvida de que esses comportamentos são manifestações das velhas concepções individualistas; são sobrevivências de hábitos egoístas do tipo “o que importa é o êxito individual e não o coletivo”. É evidente que essa vaidade nada tem a ver com o novo homem ou com a nova mulher; tampouco, trata-se de uma virtude; pelo contrário, o leninista é, antes de tudo, uma pessoa simples, altruísta, e comprometida muito mais com os milhões de oprimidos existentes no mundo do que consigo próprio. Embora defenda sempre o debate e a discussão, luta para que ele seja fraterno, para que cada discussão resulte no desenvolvimento de uma nova consciência no Partido, e não numa situação de derrotados e vencedores.

Lênin: simples como a verdade

Com efeito, no livro Breve história de Lênin, de Elio Bolsanello, encontramos a seguinte passagem: “Perguntado sobre a característica mais saliente de Lênin, Dimitri Pavlov, operário de Somovo, respondeu a Máximo Gorki: “A simplicidade. Ele é simples como a verdade.” O mesmo declarou John Reed, autor do livro Dez dias que abalaram o mundo: “Lênin é tão simples, tão humano e, ao mesmo tempo, tão sagaz e firme.”²

Também Nadezhda Krupskaia em seu artigo Lênin, propagandista e agitador, afirma que “Lênin não suportava as pessoas que olhavam para as massas de cima para baixo. Sempre falava com as pessoas humildes com respeito e se interessava pelo que faziam e pensavam sinceramente. Ouvia e não apenas falava, procurando aprender e não somente ensinar.”

Mas, além da presunção comunista, temos outra manifestação de individualismo não menos prejudicial à conquista de nossa profunda unidade ideológica: a resistência à autoridade no interior do partido, em particular, às decisões com as quais não se concorda. Quando se tem concordância com uma decisão tomada, tudo vai bem; mas se a orientação aprovada não é aquela que se defendeu, fica-se em silêncio ou torce contra a decisão que o coletivo tomou para provar que “ele estava certo e o coletivo errado”. Alguns chegam mesmo a utilizar de conversas individuais para questionar a justeza da decisão adotada pelo coletivo.

Por mais que se considere a sua posição como a mais correta, espalhar a desconfiança no seio do partido equivale a cultivar o ceticismo na revolução, pois o partido é o principal instrumento de que dispõe a classe operária para pôr fim à escravidão e à exploração imposta pelo Estado burguês e, como a história já demonstrou inúmeras vezes, sem uma profunda coesão e unidade de ação no partido revolucionário, não é possível derrotar a classe dos capitalistas nem construir a nova sociedade. Sem dúvida, como afirmou Stálin, “Nenhum exército em guerra pode prescindir de um Estado-Maior experimentado, se não quer condenar-se a derrota”.

Até mesmo uma greve, uma ocupação, para serem vitoriosas necessitam que haja uma grande unidade entre os participantes dessa luta e um comando firme e coeso.

O que devemos assegurar é a existência de permanentes debates nos coletivos e evitar tomar decisões sem essa discussão. Mas o Partido precisa atuar na sociedade, não pode ficar olhando a banda passar, e fará isso melhor se todos estivermos conscientes da importância da nossa união. Por isso, após a contenda, a peleja, todos devemos nos unir e trabalhar para conquistar nossos objetivos: desenvolver a consciência e a organização das massas e crescer o partido. Na realidade, enfraquecer a autoridade no interior do Partido é desprezar o papel de uma organização de revolucionários, é aderir ao velho espontaneísmo. Ademais, como disse Engels, não se pode de maneira nenhuma defender uma revolução e ser contra a autoridade, pois “Uma revolução é certamente a coisa mais autoritária que se pode imaginar.” (Engels. Sobre a autoridade).

Entretanto, quando avaliamos esses acontecimentos e fazemos essas observações todos concordam, reconhecem não ter agido corretamente e prometem que isso não se repetirá. Outros são mais sinceros e dizem que sabem que é errado, mas que não conseguem mudar. Ora, não é possível derrotar o velho com atitudes superficiais e promessas vãs; é preciso uma luta titânica, ter perseverança e não desistir. Até porque, “Quando o novo acaba de nascer, tanto na natureza como na vida social, o velho permanece sempre mais forte do que ele durante um certo tempo.” (Lênin. Uma grande iniciativa)

O indivíduo e o coletivo

Mas por que companheiros e companheiras que declaradamente são marxista-leninistas têm ainda essas atitudes?

Como explica Marx, “As ideias da classe dominante são, em cada época, as ideias dominantes na sociedade”. Numa sociedade capitalista, como a que vivemos, as ideias que dominam são naturalmente as da burguesia. E quais são elas? “Explorar um outro ser humano em proveito próprio é justo e digno”; “Para vencer na vida é preciso ser a todo momento competitivo, superar seus rivais no mercado”; “as coisas são o que são e é impossível mudar o mundo”. Essa ideologia é reproduzida diariamente milhares de vezes em cada filme, em cada jornal, em cada programa de TV ou de rádio, na internet e por todas as instituições burguesas existentes na sociedade capitalista. Exercem, portanto, uma influência gigantesca nas pessoas sem mesmo elas perceberem.

Em outras palavras, a oposição entre o indivíduo e o coletivo não é fruto do acaso; é filha de uma ideia dominante em nossa sociedade: a de que o indivíduo é mais importante que tudo; que uma pessoa, para se afirmar, não pode abrir mão de sua ideia e deve sempre impor seus interesses e sua vontade ao outro custe o que custar e cause o mal que causar. Logo, a vaidade e a arrogância não brotam do nada; elas são filhas da moral burguesa e têm por base a propriedade privada dos meios de produção.

Falando para a juventude comunista soviética, Lênin descreveu assim essa mentalidade burguesa: “Se eu tenho meu empreguinho de médico, de engenheiro, de professor ou de funcionário, que me interessam os outros? Se eu me arrasto ante os poderosos, é possível que conserve meu lugar e talvez possa fazer carreira e chegar a burguês.”³

Nosso êxito é a revolução

Todas essas ideias determinam um comportamento de disputa e de competição entre as pessoas, de querer ser melhor que o outro e de tudo fazer pelo seu sucesso pessoal. O comunista, o marxista-leninista, tem outra mentalidade; seu objetivo não é o êxito pessoal, mas a libertação da classe operária, o fim do sofrimento dos trabalhadores, é a conquista de uma nova sociedade, de um mundo melhor e da fraternidade entre os povos em das guerras.

Na realidade, não é possível a vitória da revolução sem derrotar o velho na sociedade e afirmar o novo tanto no país quanto no indivíduo. O verdadeiro comunista precisa ficar atento a essas atitudes, ter consciência de que elas constituem a continuidade em nós do que é velho e atrasado e são extremamente prejudiciais à luta revolucionária. Não basta, pois, estudar o marxismo-leninismo; é preciso praticar a camaradagem no seu cotidiano, desenvolver uma solidariedade efetiva com todas as pessoas oprimidas, ter em mente como viveram e como procederam em sua vida Marx, Engels, Lênin, Stálin, Che Guevara e outros grandes revolucionários, cultivar a simplicidade e não a vaidade na sua vida pessoal.

Lula Falcão é membro do comitê central do PCR e diretor de A Verdade

Notas

¹A primeira prisão de Manoel Lisboa ocorreu em 1964, quando ficou preso por 15 dias.
(A Vida e a luta do comunista Manoel Lisboa. Edições Manoel Lisboa.)
² Breve história ilustrada de Lênin. Elio Bolsanello. Edições Manoel Lisboa
³As Tarefas dos Jovens Comunistas. Edições Manoel Lisboa

Em golpe contra o referendo e a democracia, governo grego se dobra às chantagens da Alemanha

Latuff greciaPassaram-se menos de 10 dias desde que milhões de gregos disseram ‘OXI’ (não) ao imperialismo alemão e decidiram seguir o caminho de um desenvolvimento soberano para o país, sem as imposições da troica, do FMI ou de outras instituições que, nos últimos anos, trataram de fazer definhar sua economia.

O governo do primeiro-ministro Alexis Tsipras e do partido Syriza, no entanto, não teve coragem para defender a decisão popular e vergonhosamente capitulou ante as redobradas chantagens do imperialismo alemão e de seu ministro da fazenda, Wolfgang Schäuble. A verdade é que Tsipras usou o apoio que recebeu no referendo para voltar à mesa de negociação, onde esperava encontrar condições mais favoráveis. Ao invés disso, encontrou uma Alemanha disposta a humillhar a Grécia tanto quanto fosse necessário.

O novo acordo imposto sobre a Grécia inclui regras tão reacionárias quanto a revisão das leis trabalhistas do país, facilitando as demissões imotivadas; a privatização de quase todo o patrimônio nacional, com a criação de um fundo privado de mais de 50 bilhões de euros; e a obrigação do parlamento grego de aprovar todas as cláusulas em 48 horas, de maneira sumária.

Paul Krugman, economista keynesiano e prêmio nobel de economia, afirmou: “o que aprendemos nas últimas semanas é que ser um membro da zona do euro significa que os credores podem destruir a economia de um país caso este saia da linha… É mais evidente do que nunca que impor duras medidas de austeridade e sem alívio da dívida é uma política condenada ao fracasso, não importa o quanto o país esteja disposto a aceitar o sofrimento. E isso, por sua vez, significa que mesmo uma capitulação completa da Grécia seria um beco sem saída”. 

Já Yanis Varoufakis, ex-ministro das finanças da Grécia demitido logo após o plebiscito para facilitar as negociações, declarou: “Nós fizemos a nossa dívida ainda menos sustentável em uma condição que prolongou ainda mais a austeridade e afundou a economia, transferindo essa carga para os pobres e criando uma crise humanitária”.

Na votação preliminar realizada no parlamento grego na última quarta-feira, 17 deputados do Syriza se abstiveram ou votaram contra o governo, fazendo com que Alexis Tsipras perdesse a maioria absoluta. As negociações com a Alemanha só prosperaram por contar com o apoio dos velhos partidos que levaram a Grécia à bancarrota, o PASOK (Social-democrata) e o Nova Democracia (Direita). A própria presidente do parlamento, Zoi Konstandopulu, se absteve da votação e outros quatro ministro do governo têm criticado o acordo.

Nas votações que devem ocorrer entre hoje e amanhã no parlamento grego, está claro que Alexis Tsipras não poderá aprovar este vergonhoso plano acordado com a Alemanha se não contar com o apoio do PASOK e do Nova Democracia, o que por si só demonstra o caráter reacionário e antidemocrático da proposta. Ao povo grego, não resta outra alternativa se não retomar um caminho há muito conhecido desde que este ajuste começou a ser aplicado: realizar greves e massivas manifestações para conquistar nas ruas a soberania popular.

Sandino Patriota, São Paulo.

Terceirização: ruim para o trabalhador e bom para o patrão

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A terceirização, isto é, a contratação de uma empresa por outra empresa em vez da contratação direta do trabalhador, é uma invenção da classe capitalista para diminuir o salário do operário e aumentar o lucro e tem causado imenso sofrimento aos trabalhadores em todos os países em que foi implantada.

No Brasil, a terceirização teve um grande crescimento nos últimos 20 anos e hoje já atinge 25% da força de trabalho, cerca de 13 milhões de trabalhadores. Os trabalhadores que estão sob esse regime de contratação da força de trabalho são reconhecidamente mais explorados, recebem baixos salários e têm seus direitos trabalhistas constantemente desrespeitados.

Com efeito, entre 2000 e 2013, dos 3.553 casos de trabalhadores resgatados que trabalhavam em condições análogas às de escravidão, 3.000 eram terceirizados.

A maior parte das mortes e dos acidentes de trabalho também ocorrem entre os trabalhadores terceirizados. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), de um total de 135 mortes ocorridas em 2013 na construção de prédios, 75 eram terceirizados e, no setor elétrico 61 terceirizados perderam a vida para um total de 79 que morreram.

Na Petrobras, de 1995 até 2013, mais de 300 vidas foram ceifadas por acidentes de trabalho e 80% das vítimas (249) eram trabalhadores terceirizados.

Diante desses números estarrecedores, cabem algumas perguntas.

Por que uma relação de exploração que causa tantas mortes e provoca tanto mal àqueles que com sua força de trabalho produzem todas as riquezas da sociedade é aprovada pela Câmara dos Deputados (230 votos a favor e 203 contra), visando a implantá-la em todos os setores da economia, tanto nas atividades-meio quanto nas atividades-fim?¹

Por que uma empresa que necessita da força de trabalho de um operário, em vez de contratá-lo diretamente, prefere ir atrás de um atravessador, de outra empresa, para contratar esse trabalhador? Não é tal operação mais demorada e mais custosa? Afinal, a empresa que será contratada também não terá de gerar lucro para seu dono? E de onde ele virá?

A explicação para tamanha maldade vem de uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o sindicato nacional dos patrões: a principal motivação para 91% das empresas terceirizarem parte de seus processos é a redução de custo. Logo, o objetivo da terceirização é trazer benefício para os bolsos dos empresários.

Exploração capitalista

Ora, como explica o marxismo-leninismo, a teoria revolucionária da classe operária, o lucro do capitalista só é possível porque ele paga um valor pelo trabalho diário do operário menor do que o valor que este operário produz; é essa mais-valia que dá origem ao lucro.
Em outras palavras, as mercadorias produzidas pelos operários não pertencem a eles, e sim aos donos das empresas, das matérias-primas, das máquinas, aos donos dos bancos e do capital. Os patrões, como proprietários dos meios de produção, compram a força de trabalho do operário e obrigam-no a trabalhar para ele por um determinado salário, como explica Karl Marx em Trabalho Assalariado e Capital: “A força de trabalho é, pois, uma mercadoria que o seu proprietário, o operário assalariado, vende ao capital. Por que a vende ele? Para viver”.

Por isso, sempre que burguesia, a classe proprietária das empresas, da terra e do capital, quer aumentar seus lucros, ela procura intensificar a exploração dos trabalhadores, isto é, rebaixar o salário e/ou aumentar a jornada de trabalho.

Ora, como sabemos, os trabalhadores terceirizados trabalham mais e ganham menos; quer dizer que com a adoção da terceirização, o capitalista obtém esses dois objetivos.
De fato, estudo do Dieese da CUT revela que os trabalhadores terceirizados recebem 24,7% a menos e trabalham em média três horas a mais por semana do que os contratados diretos que exercem a mesma tarefa.

Em resumo, a terceirização é uma ofensiva da burguesia para, num momento de aprofundamento da crise geral do capitalismo, aumentar a exploração das massas trabalhadoras e, assim, evitar a diminuição de seus lucros.

Terceirização elimina empregos

Para enganar o povo, os empresários e os grandes meios de comunicação divulgam a mentira de que a terceirização vai criar empregos. Mas a verdade é que a lei das terceirizações provocará muito desemprego. Prova disso é que um dos artigos do PL 4.330 reduz de 24 meses para 12 meses o tempo para uma empresa demitir o trabalhador e ele ser contratado por uma terceirizada. Se não existisse a intenção de demitir, qual seria a necessidade de diminuir esse prazo? É claro que esse artigo foi incluído com o objetivo de permitir que as empresas demitam e as terceirizadas contratem, só que com um salário menor.

Depois, o emprego não é uma dádiva do patrão; é uma necessidade da sociedade havendo ou não terceirização. Sem empregos, quem vai trabalhar nas fábricas e nas lojas? Quem vai produzir os alimentos, construir os prédios, as estradas, produzir os sapatos, as roupas, operar as máquinas, recolher o lixo ou fazer a limpeza na cidade? Por acaso os patrões sabem fazer algo além de explorar o trabalhador?

Na realidade, a única coisa que a terceirização faz é aprofundar a exploração do trabalhador, tornar o trabalho ainda mais precário, impor jornadas maiores e um ritmo exaustivo de trabalho. Porém, ao permitir essa superexploração, a terceirização reduz o número de empregos necessários e provoca a eliminação de postos de trabalho que antes existiam. Por isso, uma das consequências do PL 4.330, a lei das terceirizações, será uma grande onda demissões em nosso país.

Calote nos trabalhadores

Não há, pois, nada de moderno na terceirização. Pelo contrário, trata-se de um retrocesso, de algo mais atrasado do que atualmente existe, o retorno a uma situação anterior à da criação da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), isto é, ao início do século 20. Com essa lei, não se anda para frente, mas sim para trás. Afinal, o que há de moderno em pagar baixos salários, impor condições de trabalho análogas às da escravidão, aumentar a jornada de trabalho e não pagar direitos trabalhistas?

Com efeito, segundo o Conselho Superior de Justiça do Trabalho (CSJT), as empresas terceirizadas de prestação de serviços estão entre as que têm maior número de ações na Justiça do Trabalho e dão calote nos trabalhadores. Somente as cinco maiores empresas de terceirização de mão de obra, vigilância e serviços gerais somam 9.297 processos na Justiça do Trabalho.

Para aprovar mais esse crime contra os trabalhadores, os patrões e seus deputados no Congresso Nacional rasgaram até a Constituição Brasileira, pois como afirma o Ministério Público do Trabalho (MPT), a terceirização da atividade-fim é inconstitucional. Seguramente, a Constituição é clara ao proibir qualquer diferença de salário no exercício de mesmas tarefas, bem como a elevação arbitrária da jornada de trabalho.

Por permitir maior exploração dos trabalhadores, a aprovação do PL 4.330 pela Câmara dos Deputados foi comemorada pelos empresários e seus partidos. Mas foi apenas uma batalha da guerra entre o capital e o trabalho. Novas batalhas virão. O projeto terá que ser aprovado também no Senado Federal, e a luta dos trabalhadores não pode ser subestimada. No dia nacional de luta, se conseguiu impedir a terceirização do serviço público; agora, a mobilização precisa ser ainda maior, com paralisações, passeatas e a ocupação do Congresso Nacional, para barrar a aprovação desse famigerado projeto de lei no Senado.

Patrão X Trabalhador

Há ainda outro aspecto que não pode ser ignorado. Ao aprovar o PL 4.330, os patrões e seus partidos mostraram o quanto são opostos os interesses da classe capitalista e os da classe operária e a real impossibilidade de conciliar essas duas classes como sonham e pregam a socialdemocracia e o revisionismo.

Sem dúvida, ao impor uma lei que torna ainda mais difícil a vida do trabalhador, que diminui o já reduzido salário que ele ganha, que aumenta sua jornada de trabalho (que já é uma das maiores do mundo), enfim, ao realizar essa grande covardia contra o trabalhador, a burguesia deixa evidente seu caráter de classe exploradora e seu egoísmo.

Prova disso é que ainda nem acabou a votação do PL 4.330, a chamada lei da terceirização, e os parlamentares já se preparam para aprovar as MPs 664 e 665, que amplia de seis para 18 meses o tempo de trabalho necessário para o trabalhador ter direito ao seguro-desemprego, embora não garanta a estabilidade no emprego.

Divisão da Sociedade em classes, característica do capitalismo

Dito de outro modo, a sociedade capitalista é dividida entre uma pequena classe, a dos capitalistas, dos exploradores, que é imensamente rica – não por trabalhar, mas por explorar o operário -, e, de outro lado, uma classe numerosa, os proletários, aqueles que nada têm a não ser sua força de trabalho, e que para viver são obrigados a trabalhar por um salário para essa minoria rica. Quanto mais a classe majoritária – os trabalhadores – produz, mais ela fica pobre e a minoria capitalista fica rica, pois aquilo que produz não lhe pertence, e sim ao capitalista que o contratou para trabalhar para ele. Por conseguinte, sem abolir essa relação de exploração, sem transformar a propriedade privada dos meios de produção em propriedade coletiva, não é possível ter uma sociedade sem desigualdades e sem injustiças. Não é possível acabar com uma minoria de ricos e uma imensa maioria de pobres.

Por isso, a classe operária e todos os explorados precisam ter em vez de pelegos nos sindicatos, diretorias combativas que organizem greves e desenvolvam sem vacilação uma luta firme contra os patrões e seus partidos, pois os exploradores estão sempre tramando golpes contra os trabalhadores. Mas não só, é preciso também crescer e fortalecer sua organização de vanguarda, o partido revolucionário, para lutar por uma revolução proletária e por uma sociedade nova, oposta à atual. Em resumo, para a classe operária e todos os trabalhadores conquistarem a liberdade e porem fim aos baixos salários, é necessário acabar com o capitalismo, o sistema econômico dos patrões, e estabelecer o socialismo, o sistema econômico dos trabalhadores, baseado na colaboração e na união.

Lula Falcão, membro do Comitê Central do PCR e diretor do jornal A Verdade

Notas

¹ Atividade-meio é aquela que não é o objetivo principal da empresa; trata-se de serviço necessário, mas que não tem relação direta com a atividade principal da empresa. Atividade-fim é aquela que caracteriza o objetivo principal da empresa; por exemplo, numa fábrica de calçados, a atividade-fim é produzir sapatos, e atividade-meio, os serviços de limpeza na fábrica.

O MLB e a importância das reuniões nos bairros do ABC

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A Região do Grande ABC Paulista é composta por cidades metropolitanas do Estado de São Paulo, dentre elas São Bernardo do Campo, cidade mais rica da região, com maior população e área territorial, sendo uma das potências do país. Nos anos de 1978, quando o Brasil ainda vivia sob a ditadura militar, a região ficou conhecida pela luta dos operários, que desencadearam uma série de imensas greves.

Desde a década de 1950, o Município de São Bernardo tem sua economia baseada na indústria automobilística – sede das primeiras montadoras de veículos do Brasil, tais como Volkswagen, Ford, Scania, Toyota, Mercedes-Benz, além das indústrias de autopeças que as suportam, de indústrias de tintas, como a Basf, que produz as tintas Suvinil, e da maior planta industrial do mundo de dentifrícios da Colgate-Palmolive.

Com todas essas características, a necessidade de uma profunda reforma urbana nas cidades do ABC é urgente. São Bernardo viu, na última década, o número de famílias que vivem de forma inadequada mais que dobrar. De acordo com o IBGE, em 2000, o déficit habitacional da cidade era de 12 mil unidades. Atualmente, dados da Secretaria de Habitação apontam que esse número chega a mais de 35 mil.

Por esses motivos, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) está organizado em sete bairros da cidade núcleos que realizam reuniões semanais para debater e estudar com as famílias que não possuem moradia própria o problema do déficit habitacional. Boa parte dessas famílias vive de aluguel, moram de favor ou em áreas de risco. Os preços dos alugueis na cidade dispararam e quem mora de favor sente a humilhação que passa diariamente, sem contar as que vivem em áreas de risco e não tem para onde ir.

Nas reuniões do MLB são feitos estudos e debates sobre o Estatuto da Cidade, o Plano Diretor e a Constituição Brasileira, no que diz sobre o direito à moradia digna e organizadas panfletagens e a divulgação do movimento para que mais pessoas participem.

Como sempre, muitos chegam com dúvidas sobre as ocupações urbanas e, quando é terminada uma reunião, agradecem e logo se dispõem a ajudar, crescer, desenvolver o movimento, propagandear, realizar brigadas nas feiras colagem de cartazes e atividades culturais, como almoços beneficentes, bazar, etc. Todos esses trabalhos nos bairros estimulam o espírito coletivo, educando o povo pobre para a necessidade de lutar e construir uma sociedade socialista.

Com as atividades dentro e fora das reuniões, podemos notar que os bairros vêm se fortalecendo e provando a solidariedade do povo pobre diante das dificuldades. Cada companheiro tem a tarefa de contribuir com a luta, garantir que haja reuniões e que se espalhe a luta do MLB por mais locais. Se hoje estamos em sete bairros é porque crescemos e é sinal que vamos crescer muito mais. Que jamais se duvide da união e da capacidade de mobilização do povo!

Hoje, o principal debate nos núcleos do MLB são as medidas que os governos vêm tomando contra a classe trabalhadora. Apesar de termos os planos diretores das cidades e o direito assegurado pela Constituição, o que vemos é a política urbana sempre submetida à vontade dos grandes proprietários de terras nas cidades. A forma como estão sendo construídas moradias populares privilegia mais as construtoras do que resolve o problema habitacional. Sabemos que os recursos nas mãos do movimento permitem a construção de muito mais moradias do que nas mãos das construtoras uma vez que o movimento irá visar à quantidade e a qualidade de casas, já as construtoras visam só o lucro!

Ou aceitamos essas injustiças de cabeça baixa ou mudamos essa realidade com a luta. Se o governo está cortando nossos direitos, se estão cortando verbas nas áreas sociais e colocando representantes que são inimigos do povo, o povo responde indo à luta com mais ocupações urbanas, greves e manifestações nas ruas.

Enquanto essa pequena parcela da sociedade que tem o controle dos meios de produção e explora o trabalhador mandar nas políticas de nossas cidades, dizendo onde o povo trabalhador pobre fica, segregando a cidade entre ricos e pobres, ditando como deve ser o zoneamento da cidade e as formas como são feitas as moradias, fica difícil o diálogo e a realização de uma reforma urbana.

Para isso, o primeiro passo do MLB na região do Grande ABC é organizar reuniões e debates nas periferias e estar mais próximo das camadas mais humildes da sociedade. Denunciar mais e mais a especulação imobiliária e aumentar as ocupações em terrenos ociosos.

Lucas Barbosa, coordenador do MLB no ABC Paulista

Julho: mês de ampliar a coleta para a Unidade Popular

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Em meio a um momento político de reanimação das lutas e dos movimentos populares em nosso país, a Unidade Popular pelo Socialismo (UP) realizará, em julho, um mês especial para impulsionar a coleta de assinaturas em todos os Estados pela legalização da UP. A proposta é ir além da importante experiência dos dois dias nacionais de coleta de assinaturas. Precisamos ousar ainda mais, não ter medo ou defensiva de crescer. Ao invés de apenas dois finais de semana por mês, precisamos que a nossa militância promova atividades diárias durante todo o mês de julho.

Para o êxito dessa tarefa de extrema importância faz-se mais que necessário o planejamento das atividades de coleta, o cumprimento das metas nacionais, já debatidas pela comissão nacional provisória e pelas comissões estaduais, além de muita ousadia e disposição. Nesse trabalho, necessitamos ser mais ágeis. Podemos e devemos utilizar a coleta de assinaturas para pegar novos contatos, recrutar novos militantes, multiplicar nosso exército! Para tanto, temos que combinar a arte da agitação e propaganda, realizar as denúncias políticas, tocar os corações e mentes da classe trabalhadora, propagandear as ideias novas do socialismo e da organização popular para vencer todas as dificuldades enfrentadas pelo povo.

Os novos contatos devem ser chamados para participar das reuniões plenárias que devem debater a conjuntura e organizar novas metas de coleta de assinaturas, propor aos novos filiados que levem a UP para seus bairros, organizar novos e novos comitês locais de luta e coleta de assinaturas.

Companheiros e companheiras: a falência dos partidos burgueses e pequeno-burgueses abre uma verdadeira avenida para os revolucionários, para os lutadores populares, para os ativistas, para aqueles que têm verdadeiro compromisso com o programa histórico de transformações do País a favor da classe trabalhadora construírem uma organização que leve até o fim a luta pelo socialismo. Somente com grande organização, grande capacidade de mobilização é que poderemos fazer frente a essa ofensiva e virar o jogo.

A questão do poder popular, da participação direta da classe trabalhadora nas decisões políticas, portanto, começam a ganhar mais força e estarão em pouco tempo na ordem do dia para um setor considerável dos trabalhadores e do povo. Precisamos efetivar a criação da UP para que a classe trabalhadora tenha um instrumento político legal que auxilie a sua libertação. A UP é uma tarefa urgente!

Façamos um exitoso mês de coleta de assinaturas da UP! Vamos à luta!

Leonardo Pericles, presidente da Comissão Nacional Provisória da UP