No dia 16 de janeiro, a Comissão de Trabalhadores do Telemarketing do Grande ABC – Fica Logad@ e o Movimento Luta de Classes (MLC) realizaram uma manifestação que saiu das duas maiores empresas da região, a Atento e a Unitono, ambas na cidade de São Bernardo do Campo, e foram em passeata até o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Além de solicitar abertura de negociação com as empresas, a Comissão entregou um relatório com a denúncia de diversas irregularidades cometidas pelas empresas contra os direitos dos trabalhadores garantidos pela CLT e pelo anexo II da NR17. As principais reivindicações são: aumento salarial para R$ 850,00 e revisão do vale-alimentação para R$15,00. Hoje o valor do vale-alimentação para a categoria é de R$ 5,50 por dia.
A mobilização contou com importante apoio do SINDSERV-SBC, da Regional ABC da CUT, da UJR e de diversos sindicatos e movimentos sociais da região.
No MTE uma comissão de trabalhadores se reuniu com o Dr. Ricardo Bacura, que se comprometeu a abrir uma “mesa de entendimento“, onde as empresas serão obrigadas a sentar com os trabalhadores e prestar contas sobre o relatório de irregularidades, bem como discutir a pauta apresentada pela Comissão. À tarde, a mobilização continuou, com muita garra e determinação, mesmo debaixo de uma forte chuva de verão.
Esta manifestação mostrou a força e a disposição de luta dos teleatendentes e a importância de avançarmos na organização dessa categoria no ABC paulista e em todos os estados do país.
Gregorio Gould, membro da Comissão de Trabalhadores e Trabalhadoras de Telemarketing do Grande ABC e do Movimento Luta de Classes
O 11º Congresso da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), realizado de 11 a 15 de dezembro de 2013, na cidade de Beberibe, Estado do Ceará, reuniu quase dois mil delegados e elegeu a nova direção para o triênio 2014-2017, e, após muito debate, aprovou um indicativo de greve da categoria para a segunda quinzena de março de 2014. Essa deliberação refletiu a indignação dos servidores com a política do Governo Dilma de desmantelamento e privatização dos serviços públicos federais.
Desde a vitoriosa greve de 2012, o Governo não atende às entidades sindicais dos servidores, que passaram um ano sem nenhum sucesso nas conversas com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). Mesmo com as diversas mobilizações que aconteceram em 2013, que culminaram com a Marcha a Brasília, que unificou vários segmentos de trabalhadores, somando 20 mil pessoas, o Governo não cumpriu os acordos firmados na greve.
Junto com a intransigência, o ano passado foi repleto de tentativas de jogar sobre os ombros dos trabalhadores o ônus da crise capitalista. Com o intuito de conter as lutas dos servidores o Governo pôs em prática uma política de retaliação das lideranças grevistas, que contou com a demissão de quatro ativistas de Brasília, um deles diretor do Sindsep-DF, e implementou processos administrativos disciplinares para intimidar e impedir que o movimento dos trabalhadores avance no seu grau de unidade e mobilização.
Paralelamente a isso, o Governo tentou aprovar no Congresso Nacional o PL 4.330/04, que terceiriza as atividades-fim do serviço público. Também buscou inviabilizar o direito de greve por meio de um projeto de “regulamentação”. Graças à ação das entidades sindicais, esses projetos foram adiados para este ano, porém não foram ainda derrotados. Mesmo debaixo dessa política de perseguição, os servidores do Hospital das Forças Armadas (HFA) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) fizeram mais de 40 dias de greve.
O Congresso da Condsef aprovou ainda a pauta de reivindicação dos servidores, que traz como principais bandeiras: política salarial permanente com reposição inflacionária; valorização do salário-base; incorporação das gratificações; paridade entre aposentados, pensionistas e ativos; cumprimento dos acordos e protocolos firmados com o Governo; anulação da Reforma Previdenciária; regulamentação da negociação coletiva (Convenção 151 da OIT) com direito irrestrito de greve.
Na opinião de Sérgio Ronaldo, novo secretário-geral da Confederação, “nossa tarefa agora é visitar as bases e levantar os servidores para a construção da greve, como única alternativa para garantir nossas conquistas e impedir a aniquilação dos serviços públicos”.
As resoluções do Congresso foram unânimes em afirmar a necessidade da intensificação das mobilizações populares, e que os sindicatos da base da Condsef aprendam as lições da jornadas de lutas de junho de 2013, que abriram uma nova situação política no país, e se unam aos movimentos populares que defendem melhores condições de vida para o povo brasileiro.
Campanha Salarial
O Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais deliberou sobre o calendário da Campanha Salarial 2014. O início aconteceu no dia 22 de janeiro com atos públicos nos estados. Para o dia 05 de fevereiro, está programada uma manifestação na porta do MPOG, em Brasília, para forçar a ministra Mirian Belquior a receber as entidades sindicais com a pauta de reivindicações. O Seminário Nacional sobre a Dívida Pública dará prosseguimento às atividades da Campanha. Já no dia 06, acontecerá uma nova reunião do Fórum, que avaliará o movimento e o indicativo de greve para março.
Por conta da Copa do Mundo de futebol, a chamada da Campanha Salarial será: “Serviço Público Padrão FIFA. Jogando juntos, a gente conquista!”.
A previsão das entidades do Fórum é que só com um movimento de greve unificado dos servidores federais conseguiremos derrotar a política do Governo, que insiste em abrir os cofres públicos para os banqueiros e as grandes empresas privadas e dizer não às reivindicações dos trabalhadores. Em audiência da Condsef com o secretário de recursos humanos do MPOG, Sérgio Mendonça, para cobrar os acordos firmados com servidores do Incra, o representante do Governo foi taxativo e afirmou que “não há espaço, em 2014, para movimentação financeira na estrutura remuneratória dos servidores neste momento”. Esta foi a forma burocrática de o secretário desrespeitar, novamente, o acordo feito com os servidores.
Dentre as entidades nacionais que compõem o Fórum, a Condsef, a Fasubra e o Andes já aprovaram a greve geral dos servidores federais para março.
No final do ano passado foram realizadas as primeiras audiências de um processo inédito, aguardado há anos, contra torturadores da Ditadura Militar que durou de 1964 a 1985.
O Ministério Público Federal (MPF) move uma ação contra Carlos Alberto Brilhante Ustra, Carlos Alberto Augusto (Carlinhos Metralha) e Alcides Singilo, agentes da repressão no período, pelos crimes de sequestro e privação da liberdade de Edgar de Aquino Duarte, corretor de valores preso pela polícia política da ditadura em 1971 e até hoje desaparecido.
A tese jurídica do MPF é a de que, enquanto não se encontrar o corpo de Duarte, ele permanece desaparecido, configurando um crime permanente e, portanto, não pode ser considerado um anistiado. “Como os fatos ainda estão acontecendo, não há como se falar em Lei de Anistia”, explicou o procurador da República Andrey Borges de Mendonça, um dos autores da ação.
Ustra comandou o Destacamento de Operações de Informações-Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) de São Paulo no período de 1970 a 1974. Augusto foi investigador do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), onde integrava a equipe do temido delegado Sérgio Paranhos Fleury. E Singilo foi delegado do Dops.
Nas audiências realizadas nos dias 9, 10 e 11 de dezembro foram ouvidas as testemunhas de acusação – ex-presos políticos que testemunharam a prisão de Duarte no DOI-Codi e no Dops – pelo juiz titular da 9ª Vara Criminal, Hélio Egydio Nogueira. Os ex-presos, além de relatarem a prisão de Edgar, falaram sobre suas próprias prisões e torturas sofridas.
Neste evento histórico, pela primeira vez, os torturadores sentaram no banco dos réus. Ustra não compareceu às audiências alegando problemas de saúde, mas Augusto e Singilo estiveram presentes nos três dias e não economizaram ironias e risadas durante os relatos das torturas sofridas pelos ex-presos e, em alguns momentos, eles e cerca de 10 pessoas que os acompanhavam, tentaram intimidar os presentes e foram reprendidas pelo próprio juiz. Augusto, que segue na ativa como delegado de polícia de segunda classe no município de Itatiba e foi alvo de um esculacho popular realizado no primeiro semestre do ano passado, era o mais raivoso na audiência e chegou a declarar à imprensa que Ustra, Fleury e outros torturadores eram heróis nacionais.
As audiências de oitiva das testemunhas de defesa dos torturadores, entre elas Paulo Maluf e Michel Temer, serão realizadas no fim de março e início de abril deste ano, justamente na data em que o Golpe Militar completará 50 anos.
O Coronel Ustra já foi condenado em dois processos anteriormente, nenhum deles penal, ambos eram civis. No caso da família Teles, a ação é declaratória e pede para que ele seja considerado torturador e o coronel já foi condenado em segunda instância. Já na ação da família Merlino ele foi condenado em primeira instância pelo assassinato de Luiz Eduardo da Rocha Merlino, mas recorreu nos dois processos e aguarda novo julgamento.
Infelizmente, nos primeiros dias de janeiro deste ano, a Justiça Federal extinguiu o processo de ocultação de cadáver que também tinha como réus Ustra e Singilo, neste caso acusados pelo MPF de ocultar o cadáver do militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) Hiroaki Torigoe, assassinado em 1972 no DOI-Codi, alegando que o crime estaria prescrito.
O MPF alega que, assim como o crime de sequestro, o crime de ocultação de cadáver é permanente e não deve prescrever até que o corpo seja localizado. Mas o juiz federal, Fernando Américo de Figueiredo Porto, teve entendimento diferente sobre o assunto. Para ele, o crime de ocultação de cadáver tem natureza instantânea, como o de destruição do corpo, e não permanente.
Autor da denúncia, o procurador da República Sergio Suiama afirma que, ao equiparar as situações – ocultação e destruição de cadáver –, o magistrado ignora que os acusados ainda podem dar satisfações a respeito do paradeiro dos restos mortais de Hiroaki Torigoe. “Para além do erro jurídico, a posição do juiz também representa um descaso em relação à conduta permanente e atual criminosa dos réus”. Ainda cabe recurso contra a decisão.
Nossa luta avança
Na manhã de 27 de janeiro, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), órgão de preservação do Estado de São Paulo, aprovou por unanimidade o tombamento do prédio que abrigou a Operação Bandeirantes (Oban) e posteriormente o DOI-Codi paulista. Hoje, no local, funciona o 36º Distrito Policial. O tombamento do prédio tem como objetivo a transformação do espaço em local de memória.
O pedido havia sido feito em 2009 pelo ex-preso político Ivan Seixas apoiado por entidades ligadas aos Direitos Humanos. Em 2013, membros da Comissão Nacional da Verdade e da Comissão “Rubens Paiva” se juntaram à ex-presos políticos e militantes dos Direitos Humanos para reiterar a solicitação aos secretários de Segurança Pública e de Cultura do estado de São Paulo, Fernando Grella e Marcelo Araújo.
O deputado estadual Adriano Diogo, presidente da Comissão “Rubens Paiva”, fez intermediações durante o processo. Diogo, que foi preso e torturado no DOI-Codi em março de 1973, disse que agora aguarda a revogação do decreto de 1979, do então governador de São Paulo, Paulo Maluf, onde o Estado passou para o II Exército a propriedade sobre o terreno onde ficava o centro de repressão. “Não é admissível uma delegacia de polícia funcionar num prédio que abrigou o DOI-Codi. É como se uma usina de gás alemã funcionasse até hoje em um campo de concentração”, destacou.
O prédio foi um dos maiores centros de tortura do país. Pelo menos 5.000 pessoas foram presas e torturadas e 50 foram assassinadas no local. A conquista do tombamento representa para Ivan Seixas um significado profundo. Ele tinha apenas 16 anos quando esteve preso no DOI-Codi e ali assistiu o assassinato de seu pai, Joaquim Alencar de Seixas, na noite do dia 17 de abril 1971.
Audálio Dantas nasceu, há 85 anos, no pequeno município de Tanque d’Arca, no Agreste de Alagoas, que hoje tem pouco mais de seis mil habitantes. Do berço, conservou as imagens da vida difícil do nordestino, e se transformou num dos principais jornalistas brasileiros a viver e trabalhar em São Paulo. Foi premiado pela ONU por uma série de reportagens sobre o Nordeste publicadas na extinta revista Realidade e tem ainda em seu currículo profissional obras de referência para o jornalismo brasileiro, como Tempo de reportagem.
Foi também presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo à época do assassinato do jornalista Vladimir Herzog (25 de outubro de 1975) e, posteriormente, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o primeiro a ser eleito pelo voto direto, mostrando, assim, que o povo brasileiro tinha o direito de eleger seus representantes. Por sua coragem e coerência política, foi eleito deputado federal constituinte pelo MDB de São Paulo. Atualmente se dedica à revista Negócios da Comunicação e à Comissão Nacional da Verdade dos Jornalistas. Também foi vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
No fim de 2013, ganhou o mais importante prêmio literário do Brasil, o Jabuti, concedido pela Câmara Brasileira do Livro, na categoria Reportagem e como Livro do Ano (Não Ficção). Sua obra As Duas Guerras de Vlado Herzog – Da perseguição nazista à morte sob tortura no Brasil traz um relato vibrante e direto da vida do jornalista nascido na Iugoslávia e naturalizado brasileiro, abrindo um capítulo à parte na historiografia da ditadura militar acerca da relevância da denúncia realizada pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo para que esse crime não fosse silenciado. É sobre esta história que Audálio concedeu entrevista exclusiva a A Verdade.
A Verdade – Conte-nos o que o levou a escrever As Duas Guerras de Vlado Herzog.
Audálio Dantas – Foi um processo curioso. Ao mesmo tempo em que havia o bloqueio, eu me sentia como que obrigado a pagar a dívida que tinha comigo mesmo. A decisão de fazê-lo me trouxe, de pronto, um alívio. Foi o bastante para que eu iniciasse a organização dos documentos que tinha guardado e relacionasse as fontes que deveria consultar, as entrevistas que deveria fazer. Com isso, fui descobrindo que a parte principal da história que eu tinha a contar estava registrada na memória. Faltava, apenas, ajustar datas, nomes, locais. Parti então para o plano do livro. A ideia era tratar dos dois tempos vividos pelo Vlado – a infância, sob o terror do nazismo, e a juventude e a formação no Brasil, até a fase adulta, sua atuação no jornalismo e na vida cultural do país, no qual enfrentaria outra guerra, a que lhe custou a vida. A parte central do livro é a reconstituição dos fatos que levaram à morte de Vlado, tendo como pano de fundo a ditadura militar. Dei o devido destaque ao papel desempenhado pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, de onde partiu a denúncia do assassinato. Sem essa denúncia o Vlado seria apenas mais uma vítima. Quanto ao pesadelo, revivi-o ao contar os dias de terror que antecederam e sucederam ao seu assassinato. Foi a história contada de dentro para fora, por quem a viveu.
Além de recompor um capítulo da história da resistência à ditadura militar, você também concebeu esta obra como um material de agitação pelo direito à memória, verdade e justiça? Minha principal preocupação era exatamente a de recompor o capítulo que marcou o início da queda da ditadura. Muito do que havia sido escrito sobre o episódio estava incompleto, com informações erradas ou com omissões graves, como a do papel do Sindicato dos Jornalistas. Considero que o meu livro contribui para o estabelecimento da verdade dos fatos. Mais do que isso, é um documento que traz uma contribuição para o debate sobre o período do regime militar e os crimes cometidos nele. A Comissão Nacional da Verdade e as comissões que foram constituídas pela sociedade civil para apurar esses crimes, como a dos Jornalistas Brasileiros, são instrumentos importantes para a busca de esclarecimento dos abusos cometidos contra os direitos humanos. A tortura, por exemplo, que constitui crime imprescritível.
Que papel você atribui às organizações de classe (partidos, sindicatos, entidades estudantis etc.) para a derrota moral e política do regime militar?
A ditadura conseguiu, por meio do arbítrio total, como a decretação do Ato Institucional nº 5 e uma brutal repressão, manter o controle das entidades representativas dos diversos setores da sociedade. Até que se chegou ao ponto de ruptura, como aconteceu no caso Herzog, quando a consciência nacional levou a uma reação que envolveu sindicatos, organizações políticas e estudantis. O movimento operário, depois amplos setores da classe média, se organizou, o que resultou em movimentos de massa sem precedentes no país, como as campanhas pelas eleições diretas e pela anistia. A ditadura caiu pela força das ruas.
Como você define Vladimir Herzog?
Vlado era, essencialmente, um homem de cultura. Como jornalista, entendia que a informação é um direito dos cidadãos e como tal deve refletir a verdade dos fatos. O jornalista deve, antes de tudo, ter responsabilidade social. Vlado desprezava slogans. A verdade, para ele, dispensava o panfleto.
Qual a sensação de vencer o principal prêmio literário do Brasil com uma obra que é um chamado à rebeldia, uma denúncia dos crimes até hoje impunes cometidos pela ditadura militar?
Entendo que a história contada em profundidade, mas em linguagem direta, com a marca do jornalismo, constituiu o principal fator para a premiação do livro. A concessão do Jabuti na categoria máxima, a de Livro do Ano de Não Ficção, e do Juca Pato – Intelectual do Ano me surpreenderam. Eu tinha consciência da importância do meu trabalho, mas, ao mesmo tempo, considerava difícil que ele fosse assim reconhecido, pois tinha sido praticamente ignorado pela grande mídia. Posso afirmar que o livro foi reconhecido pelo boca a boca, graças à internet. E, a despeito de ignorado nas chamadas colunas literárias, terminou caindo nas mãos das comissões julgadoras, que o “descobriram”.
Recentemente publicado, documento do Ministério da Defesa que regulamenta a atuação das Forças Armadas em operações de segurança pública considera movimentos sociais como “forças oponentes” do Exército, Marinha e Aeronáutica nas situações em que estas forem acionadas para garantir a lei e a ordem, e iguala organizações populares a quadrilhas, contrabandistas e facções criminosas.
De acordo com o manual, também podem ser alvo da repressão militar pessoas, grupos de pessoas ou organizações “infiltrados” em movimentos, “provocando ou instigando ações radicais e violentas” – termos que têm sido utilizados pelas autoridades e pela opinião pública para descrever as atividades de pessoas mascaradas durante manifestações, os chamados black blocs.
O regulamento considera que todos eles, sem distinção, devem ser “objeto de atenção e acompanhamento e, possivelmente, enfrentamento durante a condução das operações” das tropas federais, que agora estão textualmente autorizadas a atuarem em grandes eventos, como já vinha ocorrendo desde a Conferência Rio+20 sobre Desenvolvimento Sustentável, em 2012.
Ameaças
Além de elencar características das “forças oponentes” do Estado brasileiro, o manual enumera as “principais ameaças” à manutenção da lei e da ordem no país. Entre elas, figuram estratégias comuns de protesto popular, como “bloqueio de vias públicas de circulação”, “invasão de propriedades e instalações rurais ou urbanas, públicas ou privadas” e “paralisação de atividades produtivas”.
Ainda no rol das ameaças, o documento cita episódios observados nas manifestações do ano passado em algumas capitais, sobretudo em São Paulo e no Rio de Janeiro, tais como “depredação do patrimônio público e privado” e “saques de estabelecimentos comerciais”. O termo “distúrbios urbanos”, utilizado como sinônimo de manifestações públicas em manuais das polícias militares, também aparece como perigos à ordem.
A normativa passou a vigorar em 19 de dezembro, após publicação da Portaria 3.461/MD, assinada pelo ministro Celso Amorim. Em entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, do jornal Folha de S. Paulo e portal UOL, em 27 de novembro, Amorim já havia informado sobre o emprego de aproximadamente 1.400 efetivos das Forças Armadas em cada cidade-sede da Copa do Mundo, que ocorre neste ano em 12 capitais brasileiras.
Apelativo
“Isso não é qualitativamente diferente do que a gente já fez na Copa das Confederações, na visita do papa e na Rio+20. Na realidade, é uma questão de escala, sobretudo no caso da Copa, que será mais dispersa. Nas Olimpíadas, será mais concentrado. Cada uma terá suas características”, explicou o ministro. “Naturalmente, esses dois eventos são muito apelativos, e precisam cuidado redobrado.”
Na ocasião, Amorim lembrou que o trabalho das Forças Armadas possui basicamente duas naturezas. A principal delas é proteger o país de agressões externas, guardando fronteiras, monitorando espaço aéreo e litoral, desempenhando defesa cibernética e operações antiterroristas. “É sua competência primordial”, classifica. “Teremos também um preparo de contingência para hipótese das forças de segurança pública não darem conta do recado em alguma situação, por qualquer motivo que seja.”
É nestas situações que o emprego de Exército, Marinha e Aeronáutica deverá obedecer ao documento recentemente editado pelo Ministério da Defesa, intitulado Garantia da Lei e da Ordem ou MD33-M-10. “Esperamos que o trabalho de contingência não ocorra, mas pode ocorrer”, alerta Celso Amorim, afirmando que operação semelhante foi desencadeada durante a missa celebrada pelo papa Francisco em Copacabana, no Rio de Janeiro, em julho último.
Comunicação
O documento também mostra como as Forças Armadas estão preocupadas com a recepção de suas atividades pela opinião pública. Há uma seção especialmente dedicada ao uso adequado da comunicação social para auxiliar no cumprimento das missões. “Um simples incidente poderá ser explorado pelas forças oponentes ou pela mídia, comprometendo as operações de garantia da lei e da ordem e a imagem das Forças Armadas.
Assim como fizeram as polícias estaduais durante manifestações públicas no ano passado, o Ministério da Defesa recomenda que os comandos militares utilizem equipamentos de gravação. “Junto aos escalões avançados, deverá haver uma equipe de filmagem e fotografia, composta por pessoal especializado, que registrará a atuação da tropa”, pontua. “A filmagem deverá ser planejada de modo a constituir prova contra possível propaganda adversa à atuação das Forças Armadas.”
Manoel S. Moraes de Almeida
(Professor da UNINASSAU/Comissão da Verdade Dom Helder Câmara e Membro da Comissão Nacional da Anistia)
No último dia 25 de janeiro, a cidade de São Paulo foi marcada pelo primeiro protesto por direitos sociais e contra os gastos com a Copa da Fifa. A concentração começou às 16h, no Masp, com cerca de duas mil pessoas que levantavam cartazes exigindo mais saúde, educação e moradia digna.
As principais palavras de ordem foram: “Se não tiver direitos, não vai ter Copa” e “Copa para quem?”. Com estas mensagens, o povo saiu às ruas para dizer que quer mais hospitais; melhor educação pública e mais vagas nas universidades; melhoria dos transportes públicos e baixas tarifas; passe-livre para estudantes e desempregados; moradia digna e reforma urbana; enfim, uma vida digna e garantia dos direitos básicos para o povo.
Porém, mesmo se tratando de uma manifestação justa e garantida pela Constituição Federal, a Polícia Militar montou um aparato para reprimir e criminalizar o protesto popular. Eram mais de mil policiais e dezenas de viaturas, Força Tática, Batalhão de Choque e até helicópteros.
Todo esse aparato não intimidou os milhares de jovens, trabalhadores, militantes dos movimentos negros e de mulheres, de organizações sociais e partidos políticos de esquerda. A manifestação seguiu firme pela Av. Paulista e, em seguida, entrou pela Av. Brigadeiro Luiz Antônio, em direção ao Centro da cidade, já contando com mais de três mil pessoas.
Tudo corria bem até que a passeata começou a se aproximar do Centro da cidade, onde acontecia a comemoração do aniversário de São Paulo. De acordo com o comandante da PM, 900 policiais seguiam a manifestação. O plano da Polícia para impedir a continuidade da marcha era cercar os manifestantes e encurralá-los, prender quantos fosse possível e, utilizando bombas e balas de borracha, dispersar os demais.
Na altura do Hotel Linson, na Rua Augusta, centenas de pessoas que protestavam pacificamente ficaram encurraladas, sendo alvejadas por balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo.
Foi nesse momento que um grupo de jovens, estudantes, mulheres e trabalhadores se refugiaram no saguão do hotel, buscando se proteger e salvar suas vidas. Em seguida, um grupo de policiais do Batalhão de Choque, armados de escopetas e pistolas, invadiu o Linson disparando balas de borracha e agredindo as pessoas indefesas.
O fotojornalista Felipe Larozza conseguiu filmar a brutalidade da ação policial. No vídeo disponível na internet é possível ouvir os gritos dos policiais, que disparavam tiros e jogavam as pessoas no chão como marginais.
“Venho cobrindo as manifestações desde junho passado como fotógrafo, e a atitude da Polícia Militar não me surpreende mais. No entanto, desta vez, eles entraram num hotel, com hóspedes e pessoas que não tinham nada com a situação, e dispararam tiros de bala de borracha em local fechado, à queima roupa”, declarou Felipe à imprensa.
Após a invasão da PM, iniciaram-se as agressões com socos, chutes e cassetetes. Mulheres foram agredidas e chamadas de vacas e vadias pelos policiais. Os celulares foram desligados, e as imagens das câmeras internas confiscadas para que nada fosse divulgado.
O principal ferido foi o estudante de Química Industrial da Unifesp, Vinícius Duarte, de 26 anos, que teve o rosto inteiro machucado, três dentes quebrados e traumatismo no maxilar. O jovem ficou com um coágulo na cabeça, terá que passar por uma cirurgia para refazer o maxilar e uma plástica no nariz.
Na versão dada pela PM e registrada no Boletim de Ocorrência, lia-se: “Diante de tais fatos e da resistência oferecida, foi necessário usar força moderada e necessária para vencer a resistência”.
Porém, nas palavras de Vinícius, os fatos foram bem diferentes:
“Dentro do hotel estava pacífico e não tinha ninguém com capacidade para oferecer resistência. Mesmo assim a polícia chegou batendo em todo mundo e ainda apontava armas enormes em nossa direção.”
Ao todo, 128 pessoas foram presas, dentre elas militantes do PCR, UJR, PSOL, vários professores da Apeosp, estudantes da USP e Unifesp e as companheiras Katerine Oliveira (vice-presidente da UNE), Aline Bailo (presidente do Grêmio do Instituto Federal de SP e diretora da Fenet) e Vivian Mendes (assessora da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva).
Para justificar as agressões, a TV Globo e os demais meios de comunicação burgueses buscavam imagens e fatos distorcidos que pudessem incriminar os manifestantes e taxá-los de vândalos e baderneiros. Como de costume, deram amplo destaque para as vidraças quebradas de alguns bancos e revendas de carros importados, atacados por jovens por se tratarem de símbolos do imperialismo, da opressão financeira e do Estado capitalista em nível mundial.
Vale lembrar que estas instituições financeiras, tão fortemente defendidas pela Globo e pelo Estado brasileiro, são responsáveis pela crise financeira iniciada em 2008, pela sangria da dívida pública, por milhões de trabalhadores desempregados no Brasil, na Europa e nos EUA. São também responsáveis pelas mortes de milhares de inocentes nas guerras no Iraque, no Afeganistão, na Palestina, na Líbia, todas financiadas pelo capital financeiro e pela indústria petroleira mundial.
Nas edições dos telejornais da Globo no domingo e na segunda-feira apareceram imagens de um carro incendiando depois de passar por cima de um colchão em chamas. A Globo monta uma farsa para induzir a opinião pública a pensar que foram os manifestantes que atearam fogo no carro. Omitem, porém, que foram os próprios manifestantes que socorreram a família, retirando-a do carro em chamas depois dele se enganchar no colchão por acidente.
Outro fato gravíssimo foi a abordagem policial durante a perseguição de jovens que participavam do protesto, que terminou com o estudante Fabrício Proteus, de 22 anos, sendo baleado por policiais militares e internado, com risco de morte, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), na Santa Casa, no Centro de São Paulo.
A PM de São Paulo alega que o jovem teria resistido e ameaçado a vida dos policiais com um estilete, versão que é reforçada pela Globo. Porém, uma moradora da região disse à imprensa que ouviu três disparos por volta das 23h e escutou gritos que diziam: “mata, mata mesmo”. Na realidade, fica difícil acreditar na versão policial: como um jovem estudante, com um simples estilete, poderia ameaçar a vida de policiais armados com potentes armas?
Para o defensor público Carlos Weis, que acompanhou o resgate do ferido, “a Polícia agiu com absoluto excesso e despropósito na situação”.
A mídia, além de mentir e falsificar os fatos, também omite da população as verdadeiras e justas reivindicações do povo, por isso foi tão fortemente repudiada durante os protestos de junho. Não divulgam por exemplo, o que estava escrito no manifesto do Movimento, escondendo da população as verdadeiras causas de o povo estar indo às ruas:
“Os gastos bilionários na construção de estádio não melhoram a vida da população, apenas retiram investimentos dos direitos sociais… Nosso manifesto é em defesa das pessoas, contra os interesses do lucro e daqueles que querem transformar tudo em mercadoria”. (Trecho do manifesto “Se não tiver direitos, não vai ter Copa!”)
A juventude e o povo brasileiro já demonstraram, em junho, que não adianta reprimir e nem mentir para a população. Vamos continuar lutando antes, durante e depois da Copa da Fifa, pois não podemos aceitar que a Fifa ponha uma mordaça em nosso povo, nem tampouco que nossas riquezas, como o pré-sal, continuem sendo entregues ao capital internacional.
A Prefeita Municipal de Patos, no Sertão paraibano, vem desrespeitando decisões judiciais que determinam a posse de concursados no serviço público. As decisões liminares e já sentenciadas são ignoradas pela prefeita Francisca Motta (PMDB), levando os futuros servidores a realizar um ato público durante a manhã do último dia 15 de janeiro.
O ato foi organizado pelo Movimento Luta de Classes (MLC) e contou com o apoio do Sindicato dos Funcionários Público Municipais de Patos e Região (Sinfemp), da Seccional Patos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
Durante a concentração em frente ao prédio da Prefeitura, foi lido e circulado um abaixo-assinado pedindo ao Ministério Público Estadual que se posicione frente ao desrespeito à decisão judicial. O pedido está fundamentado no Decreto-Lei n.º 201/67 e na Lei nº 8.429/92, que trazem punições ao gestor que descumprir determinações judiciais, entre elas, o afastamento.
Uma comissão formada pelas entidades presentes e pessoas que tiveram sentenças e liminares favoráveis para o ingresso no serviço público da Prefeitura foi recebida pelo procurador do Município, Walber Motta, pelo secretário de Administração, Charles Willians, e advogados da gestão. A reunião frustrou os presentes que ouviram dos representantes da Prefeitura que as liminares seriam analisadas e que um levantamento seria realizado até o dia 17.
Insatisfeitos com os encaminhamentos da reunião, que não teve a presença da prefeita, os representantes dos trabalhadores se deslocaram até a sede do Ministério Público Estadual (MPE) para pedir ajuda.
O advogado Taciano Fontes, que deu suporte ao movimento, mostrou-se indignado com a posição dos representantes da prefeita Francisca Motta. “A situação é bem mais grave do que a gente pensa, pois está se abrindo um precedente negativo para a Justiça, que não pode aceitar que a gestora trate as decisões judiciais a seu bel-prazer. Existem leis que precisam ser cumpridas. A Justiça não pode ser desmoralizada”, disse Taciano.
“Temos uma avaliação negativa da reunião. Os representantes da Prefeitura disseram que vão analisar cada caso das liminares. Então os assessores da prefeita vão analisar que liminares vão cumprir?”, disse Antonio Coelho, do MLC.
“A Prefeitura não tem interesse em resolver as questões que são apresentadas. A decisão é política, mas estão levando para uma questão jurídica. Se em Patos não estão se cumprindo liminares, então imagine as demais questões. Não estão dando um tiro no pé de Francisca Motta não, estão dando um trio no seu coração”, disse José Gonçalves.
Muita confusão se faz entre o “software livre” (“free software”) e o “software de código aberto” (“open source software”).
O fato de o software não ser proprietário não significa que este seja, necessariamente, livre; pode ser apenas de código aberto, que é um modelo de negócio, como o Linux Internacional, mais avançado em termos de propriedade intelectual, mas longe de ser um “software livre”.
O chamado software livre está muito além de um simples modelo de distribuição e desenvolvimento de programas de computador; é uma filosofia carregada de conteúdo ideológico. Filosofia porque tem como fundamento a liberdade do conhecimento como elemento moral, ético e social. Ideologia porque apresenta uma mudança nas relações de produção.
Nos anos 1960 até meados dos anos 1970, não havia um mercado estruturado para o software. O hardware era o produto vendido, os sistemas operacionais acompanhavam o hardware. Como fazia a IBM, que, juntamente com o computador, disponibilizava os códigos-fontes dos programas, que podiam ser alterados e redistribuídos livremente; os grupos de usuários como o SHARE (IBM) participavam e até organizavam o intercâmbio entre os usuários. Nessa etapa, os softwares tinham uma construção específica para um determinado fim, e, quando havia melhoria na construção, a mudança no programa era normalmente trocada entre os usuários. Isto envolvia não só as organizações, mas também as universidades e centros de pesquisa, sem preocupação com os direitos de propriedade intelectual.
Era muito comum a troca de experiência entre os programadores. Quando um programador desenvolvia uma determinada rotina, outros a recebiam como uma inovação, e, a partir do conhecimento do código-fonte, este era introduzido em outros programas. Logo, havia o compartilhamento das soluções tecnológicas, transformando o esforço individual em produção coletiva.
No fim da década de 1970 e durante os anos 1980, a AT&T mudou radicalmente sua política, restringindo a liberdade de modificação do código-fonte do Unix até o ponto de processar judicialmente a Universidade da Califórnia por publicar o código do Unix. O termo “Unix” se tornou uma marca, o que levou as concorrentes – como a IBM, HP, Digital e SUN – a desenvolverem seus próprios produtos. Esta diversificação acabou com a possibilidade de um mesmo sistema poder operar em todos os equipamentos.
O conflito de maior significado se dá em 1983. Stallman, um programador do laboratório de inteligência artificial do MIT (Massachusetts Institute of Technology), vê-se em dificuldade para a impressão de seus trabalhos em uma impressora laser substituta de uma antiga impressora matricial, que tinha seu código adequado à natureza do trabalho realizado pelos técnicos do MIT, o que não acontecia com a nova impressora laser da Xerox. Stallman entra em contato com o fabricante da impressora e pede para inserir as modificações na impressora matricial. Após longa negociação, o fabricante cedeu, com a condição de que fosse firmado um acordo de sigilo pelos programadores.
No nosso estágio evolutivo, uma sociedade que procura a liberdade tem que avançar para novas concepções de liberdade, indo além das definições tradicionais de liberdade econômica, política e intelectual. Este fenômeno pode ser bem compreendido a partir do pensamento de Marx e Engels sobre este processo de desaparecimento do antagonismo entre classes; em nosso caso, proprietário do software e usuário deste:
“O que demonstra a história das ideias, senão que a produção intelectual se transforma com a produção material? As ideias dominantes de uma época sempre foram apenas as ideias da classe dominante. Quando se fala de ideias que revolucionam uma sociedade inteira, isto quer dizer que, no seio da velha sociedade, formaram-se os elementos de uma nova sociedade, que a dissolução das velhas ideias marcha de par com a dissolução das antigas condições de vida”.[1]
A concepção proprietária traz consigo toda a carga de alienação da propriedade privada, compra consciências e anula sua própria consciência, como escreve Basbaum[2]:
“O capital gera a competição, a luta mortal do homem contra o homem. O amor é substituído pelo ódio, a paz pela guerra e pela violência. Porque como dono, ele não mais se pertence, pertence ao capital que passa a estimular e a motivar os seus atos. É um instrumento do sistema. Em troca dessa alienação, ele ‘goza a vida’, mas perdeu para sempre sua alma e sua consciência. No ato de ter, ele deixa de ser”.
Dentro desta visão da tecnologia como fator de humanização e não de apropriação, seguem quatro questões fundamentais para que um programa seja considerado software livre:
1) Liberdade para executar o programa, não importando o propósito.
2) Liberdade para estudar o programa, para adaptá-lo conforme suas necessidades, o que torna o conhecimento do código-fonte essencial; caso contrário, esta tarefa se torna uma “missão impossível”.
3) Liberdade para reproduzir e redistribuir cópias, tanto de forma gratuita, como com a venda da cópia.
4) Liberdade para aperfeiçoar o programa e distribuir as suas versões modificadas, de modo que toda a comunidade se beneficie com suas melhorias; neste caso, o acesso ao código-fonte também é essencial.
Um programa só poderá ser considerado livre se todos os seus usuários desfrutarem desses quatro graus de liberdade.
Joaquim Adérito, pesquisador do INPI e militante do MLC
[1] Marx, Engels, “Manifesto do Partido Comunista”, capítulo “Proletários e Comunistas”- Martin Claret, 2004.
As últimas décadas têm sido marcadas por um intenso processo de urbanização em nosso país, que agravou inúmeros problemas econômicos, sociais e ambientais, como a desigualdade social, a favelização das cidades, a violência, a carestia de vida, a especulação imobiliária, a carência de serviços públicos, a poluição e a divisão do espaço urbano entre ricos e pobres.
Hoje já não são apenas mendigos e crianças, mas famílias inteiras que fazem das ruas, calçadas, praças, pontes e viadutos das cidades brasileiras seus lares. Mais do que nunca, o direito à cidade é uma necessidade para a afirmação da própria dignidade humana.
Para tratar dessas questões, A Verdade entrevistou o sociólogo Orlando Alves dos Santos Júnior, doutor em planejamento urbano e professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR-UFRJ), pesquisador da rede Observatório das Metrópoles e coordenador da pesquisa Metropolização e Megaeventos: impactos da Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016 sobre as metrópoles brasileiras.
A Verdade – Qual o papel do Observatório das Metrópoles?
Orlando Jr. – A rede Observatório das Metrópoles reúne instituições de pesquisa ligadas às universidades e órgãos públicos de planejamento e pesquisa e a organizações não governamentais. Criada em 1995, a ideia fundadora do projeto centrava-se na construção de um instrumento sistemático de estudo, pesquisa, organização e difusão de conhecimentos sobre os novos modelos de políticas urbanas e gestão municipal, voltados para a promoção da cidadania e da justiça social na cidade. O Observatório das Metrópoles busca articular pesquisa, ensino e prática social, com a finalidade de traçar diagnósticos em torno de políticas públicas que permitam a redução das enormes desigualdades sociais existentes nas metrópoles.
Que impactos a realização de megaeventos como a Copa da Fifa traz às cidades brasileiras? Há um processo de expulsão da população pobre para as periferias?
É evidente que os megaeventos esportivos no Brasil estão associados a grandes projetos urbanos, a um projeto de cidade. Não é possível separar a Copa do Mundo e as Olimpíadas dos projetos de cidade que estão sendo implementados. E isso se traduz no próprio orçamento que está sendo disponibilizado e nos próprios investimentos feitos nas cidades. A análise da nossa pesquisa até o momento confirma a hipótese inicial de que, associada aos megaeventos, estaria em curso o que a gente chama de “nova rodada de mercantilização” das cidades, uma elitização das metrópoles brasileiras associada à difusão de uma certa governança empreendedorista de caráter neoliberal e o fortalecimento de certas coalizões urbanas de poder que sustentam esse mesmo projeto. Claro que isto é uma análise sob o ponto de vista nacional, mas é possível identificar diferenças significativas entre as cidades-sede. Nesse processo é possível identificar diversos impactos econômicos, políticos e sociais. Do ponto de vista social, em geral, as áreas de grande interesse econômico, que são as áreas de valorização imobiliária, de interesse dessas coalizões de poder, estão ocupadas por classes populares. Então, verifica-se que esse projeto vem acompanhado, em grande parte dos casos, de um processo de relocalização dos pobres e, portanto, de processos de remoção e violação do direito à moradia, que têm acontecido em quase todas as cidades que receberão os jogos da Copa e das Olimpíadas. Esse projeto empreendedorista de cidade que está sendo imposto é marcado por uma relação promíscua entre o poder público e o poder privado, uma vez que o poder público se subordina à lógica dos interesses privados, de diversas formas, entre elas as parcerias público-privadas. Mas esta não é a única. A Lei Geral da Copa, por exemplo, não é uma parceria público-privada, mas também é outra forma de subordinação, pelo fato de o Estado adotar um padrão de intervenção por exceção, incluindo a alteração da legislação urbana para atender aos interesses privados. Em suma, uma série de medidas de exceção demonstram essa relação promíscua entre interesses públicos e privados.
Fala-se muito do “direito à cidade”, mas o que significa?
O direito à cidade significa o direito de todos e de todas ao acesso à habitação e a todos os serviços relacionados à vida urbana e necessários ao bem-estar coletivo. Mas a cidade capitalista não é composta apenas de bens e serviços urbanos, pois envolve também um estilo de vida, uma forma de organização social. Portanto, o direito à cidade também inclui – talvez principalmente – o direito de dizer em que cidade se quer viver, ou seja, inclui o direito de recriar a cidade. Assim, o ideário do direito à cidade reconhece que a forma como a cidade se organiza, a gestão da cidade e a própria forma física da cidade devem estar subordinadas a uma radical democracia, na qual a população possa efetivamente dizer em que cidade deseja morar e como a cidade deve funcionar. Portanto, um aspecto fundamental do direito à cidade é o direito de todos dizerem que cidade desejam e, inclusive, o direito de decidir destruir partes dessa cidade subordinada ao capital e aos interesses econômicos e construir outra, para as pessoas, que seja expressão de uma nova sociedade, mais justa, mais solidária e mais humana. O ideário do direito à cidade se traduz numa série de lutas: o movimento popular que está lutando pelo acesso à moradia e a associação de moradores que está lutando por uma linha de ônibus, pela creche, por um posto de saúde, por exemplo; estão lutando pelo direito à cidade. Mas o direito à cidade na sua plenitude é, fundamentalmente, um programa anticapitalista porque parte da crítica da produção da cidade capitalista e da impossibilidade de, sob o capitalismo, termos efetivamente uma cidade justa e democrática para todos.
Que avaliação você faz da implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio de Janeiro?
Apesar de as UPPs terem o mérito de gerar mais segurança nas favelas, libertando esses espaços da sua subordinação ao poder do tráfico armado, do ponto de vista urbano é preciso considerar alguns aspectos críticos. Em primeiro lugar, as UPPs estão concentradas nas favelas situadas na Zona Sul, conformando um arco espacial de grande interesse do setor imobiliário. O resultado foi uma grande valorização do preço do solo das favelas situadas nesse espaço e nos bairros adjacentes. Isso porque não foram adotados instrumentos de desmercantilização do solo e proteção da posse das famílias. Com o encarecimento da vida, hoje percebem-se vários indícios de elitização dessas favelas e da progressiva “expulsão branca” dos moradores, pelo mercado. Em segundo lugar, em várias favelas com UPPs percebem-se ameaças e processos de remoção de famílias para atender a interesses do mercado – como, por exemplo, no caso do Pico do Santa Marta ou da Estradinha. Não há justificativa para o poder público não investir em um projeto de urbanização que garanta a permanência das famílias nessas comunidades. Em terceiro lugar, do ponto de vista político, percebe-se que o processo de implantação das UPPs não foi acompanhado da abertura de canais de participação da comunidade, de respeito à cultura local e de mecanismos de controle social, gerando uma série de arbitrariedades, incluindo casos de violência policial. A meu ver, os graves problemas desse projeto indicam que ele está longe de se constituir em modelo para outras cidades, mas pode ser aperfeiçoado. Assim, acredito que uma avaliação sobre suas falhas é capaz de iluminar o desenvolvimento de programas que efetivamente possam promover a cidadania das favelas e comunidades segregadas.
Como avalia o programa Minha Casa, Minha Vida?
Penso que o combate ao déficit habitacional passa pela adoção de um conjunto de medidas: adoção de instrumentos de desmercantilização do solo urbano e da habitação; a regulação do mercado imobiliário; investimentos na construção de habitação de interesse social em áreas infraestruturadas; investimentos na construção de habitação de interesse social através da autogestão; a adoção de programas de moradia nas áreas centrais; o reconhecimento da propriedade social ou coletiva; a articulação dos programas de habitação de interesse social com as políticas de saneamento ambiental e mobilidade urbana; e a efetiva participação popular dos processos decisórios relativos à política habitacional e a política urbana. De um lado, o Minha Casa, Minha Vida expressa, pela primeira vez na nossa história recente, um programa de habitação popular reconhecido como política habitacional, não como política de assistência. E acho que é um avanço o reconhecimento da responsabilidade do Estado no provimento habitacional para a população de baixa renda que não consegue acessar moradia via mercado. E, em parte, minoritariamente, esse programa, em especial o Minha Casa, Minha Vida Entidades, também engaja movimentos de moradia vinculados à autogestão e à produção habitacional. No entanto, por outro lado, o atual desenho institucional do programa é claramente subordinado aos interesses do mercado imobiliário e dos agentes que controlam a terra. Desta forma, esses agentes que controlam a produção de moradia no Brasil tem se apropriado do subsídio público. Isso tem dois efeitos. Em muitos casos, as casas poderiam ser construídas com menos recursos do que efetivamente são feitas pelos agentes imobiliários. Além disso, são quase inexistentes projetos habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida para baixa renda em áreas centrais em qualquer capital do Brasil. Em geral, esses conjuntos habitacionais são construídos nas áreas periféricas.
Por que é tão difícil construir moradia digna para a população mais pobre?
O problema fundamental na economia capitalista é que a moradia e o solo urbano são mercadorias e, como mercadorias, são bens comercializáveis, podem ser vendidas e compradas. Por essa razão, o acesso à moradia e ao solo urbano passa a ser mediado pelas regras que definem o acesso e o uso da propriedade privada. E como qualquer mercadoria no capitalismo, a moradia e o solo urbano têm valor de uso e valor de troca. Assim, para uns, a moradia é valor de uso (para os seus usuários, como, por exemplo, os moradores, trabalhadores e comerciantes) e, para outros, ela é valor de troca (para aqueles que produzem moradia para vender ou alugar, como os loteadores, construtores etc.). Essa abordagem permite ver a cidade como uma arena onde se defrontam diferentes agentes com diversos interesses. Cada agente busca atingir seus objetivos, seja com relação à sua existência e reprodução social na cidade, seja com relação às possibilidades de ganhos materiais e acumulação de riqueza. Como no capitalismo o poder está sob o controle dos agentes econômicos, esses agentes têm força para impor seus interesses e subordinar os direitos sociais ao mercado e ao lucro. Por isso torna-se tão difícil investir na construção de moradia diga para a população mais pobre.
Qual o papel dos movimentos de moradia diante desse quadro? Ocupar ainda é válido?
Uma questão central nos conflitos urbanos é a disputa entre, de um lado, a habitação e o solo urbano como mercadorias e, de outro, a habitação e a terra urbana como direitos. Nesse contexto, o papel dos movimentos de moradia é, a meu ver, lutar pela desmercantilização da habitação e do solo urbano e pelo direito à cidade na sua plenitude. Ou seja, lutar para que todos e todas tenham acesso a todos os bens e serviços necessários a uma vida digna na cidade, e ao mesmo tempo lutar por outra cidade radicalmente diferente para as pessoas, mais justa e democrática. Nesse conflito, a meu ver, permanece válida a ocupação como uma forma de luta que afirma a função social da propriedade. A existência de terras urbanas ociosas que não cumprem sua função social é uma violência inaceitável enquanto existirem moradores sem teto.
Após meses de silêncio, a grande mídia começou a noticiar a existência (e os conflitos) dos chamados “rolezinhos”. Mas quem são, afinal, os jovens que participam dessas manifestações?
Inicialmente, são adolescentes da periferia e de comunidades pobres, uma parte de férias escolares, outra já na fase final da adolescência, que vivem suas primeiras experiências no mercado de trabalho. Não têm gastos maiores com casa, nem família para sustentar, pois moram com os pais. Marcam encontros para paquerar, ouvir o funk que toca nas rádios e fazer outras coisas que jovens de qualquer grande cidade fazem. Antes, marcavam esses encontros nos bairros onde moravam; depois, nos centros comerciais e shoppings tradicionalmente frequentados pela classe média das grandes cidades brasileiras.
Com os contatos feitos por meio de redes sociais, o número de convidados aumenta e o de participantes também.
Esses jovens, porém, passaram a ser recebidos como bandidos e considerados de “alto grau de periculosidade”. No mês de novembro passado, um rolezinho foi anunciado como “arrastão” em Vitória (ES). Em São Paulo, os jovens foram recebidos violentamente, inicialmente pelos seguranças dos shoppings e depois pela Polícia, em alguns casos com direito à Tropa de Choque, bombas de efeito moral e gás de pimenta. Mais de 20 jovens foram detidos, apesar de nenhum roubo, furto ou saque ter sido registrado.
A população ficou dividida, mas não indiferente. Uma parte da classe média se dizia “ameaçada”, com medo dos “arruaceiros” e dos supostos arrastões. O representante de um grupo de shoppings em São Paulo, Nabil Saynoun, afirmou que “esse movimento tem que ser respeitado em seu lugar específico; shopping não é lugar para essas pessoas”. Disse ainda que esses jovens deveriam ir se divertir no sambódromo, que é lugar para eles!
Façamos uma reflexão: quais são os critérios tomados em consideração para definir esses jovens como “perigosos”? Não seriam aspectos de aparência, como cor da pele (sendo esses em sua maioria negros) e seus comportamentos, classificados como de “favelados”? A roupa não necessariamente é um critério, pois cada vez a moda de adolescentes das diversas classes se parece mais (o que muda é ser de marca “original” ou falsificada)… Com o recente aumento do poder aquisitivo de uma camada da população, tanto playboys quanto favelados usam o tênis da moda (seja ele autêntico ou não), ou usam o boné do momento. Até mesmo o funk, hoje o funk ostentação, há anos é consumido pelos filhos da classe média. Alguém já ouviu alguém dizer que teve medo da multidão de jovens na saída de uma micareta? Aí ninguém tem medo.
Mas fazemos a pergunta: apesar de privados, os shoppings são abertos ao público e, segundo a Constituição Federal, nenhum cidadão pode ser discriminado em espaços públicos (ou em qualquer outra circunstância) por classe social, raça, gênero, crença religiosa, etc…? Por isso, existe a outra parte da população, indignada com a discriminação social e racial sofrida por esses jovens ao serem negros e pobres. Aqueles que se colocaram contra dizem que é um absurdo serem assim acusados, que não é uma questão de racismo, que é uma questão de “bom senso”, pois lá não é lugar para eles…
A cultura discriminatória no Brasil
Tal nos remete a um trecho do livro O feitor ausente, de Leila Mezan Algranti, onde a autora fala da chegada de imigrantes europeus pobres tentando fugir das guerras e da fome. Eles tinham baixa escolaridade e eram na maioria camponeses. Ao chegarem, eram orientados a não realizar trabalhos considerados inferiores e, portanto, “trabalho de pretos”. Esses imigrantes rapidamente eram estimulados a se tornarem profissionais liberais e a comprar dois ou três escravos para ajudar a sua economia familiar, o que dava certo status social.
Hoje a situação se inverte. Após mais de 400 anos de escravidão da população negra no Brasil, podemos perceber que a ideologia da classe dominante deu as mãos ao racismo, tornando-o um importante braço para fortalecer a discriminação. Ele ajuda a fortalecer a ideia de “superioridade” de uns e “inferioridade” de outros; utiliza diferenças humanas para ajudar a justificar diferenças sociais; faz algumas pessoas se sentirem menos por sua cor de pele, tipo de cabelos, cor dos olhos ou por religião (e tantas outras se sentirem superiores pelos mesmos motivos); ajuda a “colocar cada um no seu devido lugar”, dando força para um componente de extrema importância num sistema de dominação de classes, que é a ideologia; define quem é “a feia” e quem é “o bonito”, sempre fortalecendo esta mesma ideologia de classe, só que dando cara e cor a tudo isso, diversas vezes justificando a discriminação, a opressão e a exploração.
O racismo é, portanto, parte importante da ideologia da classe dominante em nosso país, que, por ser dominante, acaba se expandindo para as outras classes; racismo este que serviu como fundamental alicerce ideológico no período de colonização do Brasil, ajudando a justificar a escravidão e, depois, deu as mãos à burguesia nascente na Primeira República, assumindo seu papel na discriminação que dá suporte à ideologia burguesa (é sempre mais “aceita” a exploração de um inferior). Na verdade, tudo isso nunca deixou de existir no Brasil. Instaurou-se um racismo mascarado, camuflado atrás de argumentos “politicamente corretos”, ou tergiversando com outros argumentos; e o discriminado foi educado para “deixar pra lá e não falar mais no assunto”. Pessoas que ascenderam socialmente, ao tentar ingressar em ambientes tidos como “de classe média”, ainda sofrem discriminação, mas geralmente são devidamente “abafados” com justificativas falsas, fortalecendo a ideia de que no Brasil essas coisas não acontecem.
A luta de classes e a dominação ideológica
Tanto Marx, em sua Lei geral da acumulação capitalista, quanto Lênin, em diversas obras, lembram que, com o desenvolvimento do capitalismo, as contradições de classe se tornam mais evidentes, acirrando a luta de classes no mundo. Vimos o capitalismo e sua ideologia se desenvolver no Brasil nas últimas décadas como nunca antes visto na história do nosso país. Nossas principais riquezas foram privatizadas e vendidas às multinacionais, o sistema financeiro internacional se apoderou daquilo que ainda restava da nossa economia, aprofundando as contradições de classe e, consequentemente, também as ideológicas.
Porém, como vimos nos últimos meses, o desenvolvimento do capitalismo escancara suas contradições e tira as máscaras da sua ideologia, que fortalece a opressão do homem pelo homem. Com as manifestações de junho, vimos que a população brasileira não está mais disposta a sofrer calada a opressão, a discriminação e as injustiças. O caso de Amarildo foi emblemático, e sua família e vizinhos resolveram se manifestar publicamente dizendo “Quando nós, moradores da favela, pretos e pobres, somos torturados e assassinados injustamente, nada acontece. Chega de impunidade!”. Foram apoiados pela opinião pública, e em manifestações por todo o país.
Da mesma forma, o rolezinho se tornou um movimento nacional, com manifestações em shoppings das principais cidades do país. O rolezinho se tornou uma forma de luta, uma expressão daqueles que não toleram mais a discriminação, o racismo, a opressão sofrida por séculos, em silêncio.
Declaração do Movimento Gayones – Venezuela – sobre os últimos acontecimentos no país
Nas últimas semanas nossa nação tem sido sacudida por perigosos e sangrentos protestos organizados por máfias de criminosos, com um saldo de inocentes cidadãos feridos e mortos, ocasionando milionárias perdas materiais pela destruição da propriedade pública.
Deixamos claro à sociedade nacional e internacional que todos os partidos de direita, através de seus meios de comunicação, estão apoiando o terrorismo nestas ações criminosas, em suas intenções desestabilizadoras, e seus objetivos estão definidos: instituições do governo, sedes de partidos, assassinatos seletivos de dirigentes revolucionários, assim como aterrorizar toda a população e, especificamente, os estados de Táchira e Zulia na fronteira com a Colômbia, utilizando-os como pontos de abastecimento para os terroristas e a entrada do para-militarismo.
Diante desta agressão pró-fascista e criminosa, reiteramos nosso apoio ao governo democrático e constitucional do presidente operário Nicolás Maduro, mas agora, exigimos que não ceda nem claudique na luta contra a reação, contra os inimigos da pátria, a qual juramos defender frente à memoria de luta do eterno comandante Hugo Chávez. Mesmo assim, esses conflitos são clara demonstração que a luta de classes se aguça e nossa vitória sobre os terroristas nos permitirá avançar e aprofundar o processo revolucionário, reafirmando seu rumo democrático e, ao mesmo tempo, trabalhando aceleradamente em nossa proposta do socialismo científico.
Contrariamente, os terroristas defensores da ditadura burguesa, da democracia que exclui e reprime as maiorias, descarregam toda sua fúria contra seu inimigo histórico, a classe operária e os trabalhadores em geral. Há alguns dias atrás foram baleados 7 operários metalúrgicos no Estado de Bolívar quando marchavam em apoio ao governo nacional. Os que sonham em entregar a soberania nacional ao imperialismo estão atacando e assassinando o povo, é importante destacar que estas ações vândalas estão sendo apoiadas pelos opositores ao governo bolivariano dentro e fora de nosso país, que são um ensaio para causar toda uma situação de conflito que gere uma guerra civil.
Os setores reacionários empreenderam a guerra econômica para submeter o povo, para matá-lo de fome com a escassez de alimentos, com a especulação e a agiotagem. Até agora, as forças majoritárias do povo bolivariano, revolucionário e patriótico suportaram silenciosamente as pretensões entreguistas dos golpistas, os quais têm ordens do imperialismo de aprofundar as ações de vandalismo, o terror e a sabotagem. É por isso que as forças de esquerda revolucionárias devem se organizar e se preparar para liquidar e dispersar com todas as suas capacidades as hordas de extrema direita que atropelam a todos os cidadãos.
Os operários, os trabalhadores, os jovens, as mulheres, os camponeses e as comunidades organizadas, estão à espera para atuar, estão alertas para combater os grupos de arruaceiros e a seus colaboradores previamente identificados. Esperamos a convocação para a luta, chamamos ao combate todas as forças revolucionárias, à unidade de ação, à mobilização popular, à identificação dos colaboradores, a identificar os covis das ratazanas opositoras da burguesia, para desmembrar seus pontos de apoio, tudo isso organizadamente. Os bolivarianos sabem aonde atuar e em que momento.
Fazemos um chamado aos partidos e organizações revolucionárias de esquerda irmãs, de todo o mundo, para denunciarem esta nova agressão imperialista, nesta oportunidade contra o povo de Simón Bolívar, a se solidarizarem e mobilizarem para desmontar a desinformação e manipulação midiática das agências internacionais, que se aliam com os golpistas.
Os patriotas estão prontos para o combate. Prontos para vencer o inimigo de classe.
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