UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quarta-feira, 12 de novembro de 2025
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Moradores de Olinda lutam por mais transporte

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Uma obra que custou R$ 9 milhões aos cofres públicos em Olinda (PE) aumentou o caos e a desordem no trânsito em um dos principais corredores do município, a Avenida Presidente Kennedy.

A população de Peixinhos, bairro cortado por esta avenida, tem assistido a tantos atropelamentos diuturnamente, que chamam a avenida de “corredor da morte”.

A obra foi projetada com corredor exclusivo para ônibus, mas por ser uma avenida muito estreita, onde mal circulam automóveis de grande porte e carros de passeio, é totalmente inoperante. Para a população, foram construídos abrigos em canteiros centrais, sem nenhum cuidado com o pedestre; os transeuntes descem dos ônibus basicamente no meio da pista, sem nenhuma proteção para atravessar.

Apesar de tudo isso, a Prefeitura de Olinda, o Governo do Estado e o Consórcio Grande Recife, para complicar a já difícil vida dos moradores da região, construíram um novo terminal de ônibus (TI Xambá), cujo objetivo é diminuir o número de ônibus que circulam centro do Recife e Olinda, reduzindo a frota de ônibus, e, assim, baixando os custos das empresas. O resultado é que desde sua inauguração, no dia 15 de Agosto, os trabalhadores que se utilizavam das várias linhas diretas para seus bairros, têm sofrido com ônibus ainda mais abarrotados e aumento do tempo da viagem para chegar ao trabalho.

Todos estes transtornos nas vidas das pessoas, que já sofrem com salários baixos, com a cidade cheia de buracos, sem calçamento, sem saneamento, sem moradia digna, têm aumentado a revolta da população, que iniciou uma série de protestos a partir do dia 21 agosto parando a avenida em vários dias, queimando pneus e exibindo faixas e cartazes pelo fim do corredor da morte.

Como para as autoridades constituídas o mais importante é o trânsito livre e não a vida das pessoas, e preferem ouvir os empresários à população, mandaram a Tropa de Choque da PM reprimir o protesto atirando balas de borracha, bombas e agredindo quem participava e assistia à manifestação, até então pacífica. A população reagiu jogando pedras na polícia e conseguiu aumentar os número de ônibus em circulação na área.

Guita Kozmhinsky, Coordenadora do MLB

Marcha em Belém exige fim dos despejos

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MARCHA BELÈMNo dia 28 de agosto, os movimentos de luta e defesa da Reforma Urbana tomaram as ruas do Brasil para se manifestar e cobrar a realização de uma reforma urbana.

Nossas cidades não podem continuar atendendo somente ao interesse de poucos. Temos direito a cidades com moradia digna, transporte público de qualidade, trabalho decente, educação, saúde e cultura.

Em Belém do Pará, a Marcha pela Reforma Urbana reuniu cerca de 200 pessoas na Rodovia Augusto Montenegro, com concentração na entrada do Conjunto Satélite e caminhada rumo ao Palácio dos Despachos para a entrega da plataforma de reivindicações ao Governador Simão Jatene.

Uma comissão de sete pessoas foi recebida pelo subchefe da Casa Civil que cobrou uma audiência com o governador. As principais reivindicações apresentadas pelos movimentos foram
eleição e posse do Conselho Estadual das Cidades e do Fundo Estadual de Habitação de Interesse Social; implementação da política estadual de habitação; adesão do Pará ao Programa Federal Mais Médicos; constituição e funcionamento imediato de uma Comissão Estadual de Prevenção a Despejos Forçados de acordo com orientações do Ministério das Cidades, com a suspensão imediata de todas as remoções; conclusão de todas as obras paradas. Após a mobilização, o Governo assumiu compromisso de realizar audiência com o Movimento de Reforma Urbana até o dia 10 de setembro, antes da Conferencia Estadual das Cidades.

Fernanda Lopes, Belém

Em Maceió, Manoel Lisboa e tema da TV CUT

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Em Alagoas, a TV CUT entrevistou Magno Francisco em memória dos 40 anos da morte de Manoel Lisboa.

Encontro Sudeste do MLB: a luta é o caminho

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Abertura do MLB“Esse é o primeiro encontro que estamos realizando unindo lideranças de comunidades pobres em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, que estão na luta para conquistar sua moradia e pela reforma urbana em uma das principais regiões do país”. Com essa apresentação Leonardo Péricles, da coordenação nacional do MLB e morador da Ocupação Eliana Silva (MG) deu início ao I Encontro Sudeste do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).

Ocorrido nos dias 17 e 18 de agosto, no CEFET-BH, com o tema “Pelo direito à cidade”. O Encontro reuniu mais de 100 lideranças de ocupações e núcleos de moradia para aprofundar o debate sobre a reforma urbana além de discutir e elaborar as bandeiras de luta do MLB para o próximo período. Uma equipe formada por Lívia Morais e por Lucas Souto, parceiros do MLB-MG, garantiu a transmissão ao vivo de todas as mesas do evento.

Estiveram presentes na mesa de abertura o deputado federal Nilmário Miranda (PT), coordenador da frente parlamentar pela Reforma Urbana; Eduardo, representante da Central de Movimentos (CMP); Fernando Alves, representando o Partido Comunista Revolucionário; Reginaldo Silva, assessor do mandato do deputado federal Padre João (PT); Eulália Alvarenga, do Núcleo da Auditoria Cidadã da Dívida; Chiquinho Maciel, da direção do Partido dos Trabalhadores (PT); Marcos Landa, do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM); Bruno Cardoso, representando o gabinete do vereador de Belo Horizonte Adriano Ventura (PT); Joviano Mayer, das Brigadas Populares; Poliana Souza, do MLB-MG; Gonzaguinha, do Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais (Sindieletro-MG); Mariana Ferreira, presidente do Grêmio do CEFET-MG e diretora da AMES-BH; Guilherme Abjaudi, da Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB); Isaac, representante da Congregação dos Agostinianos da Igreja Católica; Alda Lúcia, presidente do Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais (Sindimetro MG); Maria da Consolação, da direção do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL); Paulo Henrique, representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Cláudia Rocha, representando o cineasta Anderson Lima (“A Rua é Pública”).

“Direitos Humanos e a repressão aos movimentos de moradia” foi o tema da primeira mesa do encontro e contou com a coordenação de Carolina Vigliar, do MLB-SP, e exposição da  Dra. Ana Cláudia Alexandre, defensora pública de direitos humanos de Minas Gerais, Élcio Pacheco, advogado da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e da Ocupação Eliana Silva e Joviano Mayer, das Brigadas Populares.

Para Élcio Pacheco as ocupações urbanas são fundamentais para a garantia da moradia. “Quando se fala em dignidade humana, em direitos fundamentais e direitos humanos, deve-se falar na concretização do suporte a vida, o direito a moradia, a saúde, a transporte. Como se pode falar em democracia, sem garantia a tudo isso?”

A Dra. Ana Cláudia afirma a legitimidade das manifestações pelo direito à cidade. “Cidade não é um monte de concreto armado, quem faz com que a cidade tenha vida somos nós, portanto ela só faz sentido se for para todos usufruírem. Se eu faço escolhas que tiram oportunidades de outros o direito a livre manifestação é a oportunidade de dizer que não é essa cidade que se quer. A ocupação da prefeitura de Belo Horizonte do MLB e as Brigadas Populares é um exemplo disso”.

A tarde foi dedicada às discussões e críticas sobre o programa Minha Casa, Minha Vida com a mesa: “Minha Casa, Minha Vida: Avanços e Desafios” que contou com o representante da Caixa Econômica Federal, Sotter José Gouveia, a professora da Faculdade de Arquitetura da UFMG, Denise Morado e Marcelo Braga da CMP. A mediação do debate ficou com Juliete Pantoja, do MLB-RJ.

No segundo dia os participantes se dividiram em cinco grupos de discussão: Alfabetização Popular; Megaeventos; Saneamento, Favelização e Arquitetura Popular, Mulheres e Mobilidade Urbana. Cada grupo contou com palestrantes e os debates aconteceram por toda a manhã.

A resolução e o plano de atuação foram aprovados na plenária final com aclamação de todos os participantes. O encontro encerrou com a comemoração de um ano da Ocupação Eliana Silva, e visita a comunidade.

Natália Alves, Belo Horizonte  

O jovem no sistema prisional norte-americano

Cristian FernandezCristian Fernández, que poderia ser o mais novo garoto a passar o resto de seus dias na cadeia na história dos Estados Unidos, foi descrito como um monstro insensível, por supostamente, em três de junho de 2011, ter assassinado seu irmão de dois anos de idade e alegadamente abusado sexualmente de um outro irmão de cinco anos.

Cristian, o menino de doze anos que foi cobrado como um adulto pelos supostos crimes, teve uma vida marcada pela violência e negligência. Sua própria concepção resultou em uma condenação por agressão sexual contra seu pai. Aos dois anos foi encontrado vagando pelas ruas do sul da Flórida enquanto sua avó se drogava em um quarto de motel. Sua mãe, que tinha apenas 14 anos, nem podia ser encontrada.

Seu pequeno histórico de vida tem ainda um abuso sexual a que foi submetido pelo primo e um espancamento (que quase o deixou cego)pelo padastro, que, antes de começar a ser investigado, se suicidou. Cristian, claramente, tinha uma vida horrível na qual seus sentimentos de criança jamais puderam ser aflorados.

Esse caso teve uma grande e intensa publicidade e foi capaz de reabrir uma discussão sobre a justiça norte-americana e afastar a acusação. Cristian também fez que advogados conseguissem um acordo judicial com promotores no qual se determinava que ele ficasse em um centro juvenil até que completasse 19 anos.

Sorte essa não assiste a muitas outras crianças nos EUA, mais precisamente 2.500 menores – embora a Constituição Federal, em sua emenda 8ª, proíba e o artigo 5º.5 do Pacto de São José da Costa Rica assegure o direito de menores serem processados em tribunal especializado para que receba tratamento – eles estão condenados a prisão perpétua. Quase dois terços desses jovens são negros e 79% deles têm menos de catorze anos.

É inconcebível que uma criança seja submetida à prisão perpétua. Segundo a especialista em medicina forense Jenna Saul, é possível que essa criança nem entenda as consequências de seus atos de violência. “Uma criança, sem dúvida alguma, deve ser julgada por um tribunal para menores, onde podem ser implementadas maneiras de introduzi-la à sociedade”, afirmou Jenna Saul à BBC Brasil.

E, recentemente, a Suprema Corte dos Estados Unidos declarou que esse tipo de pena é inconstitucional. Mas por que essa decisão não faz com que essas penas deixem de ser aplicadas?

A explicação está nas fortunas incalculáveis que a “indústria das prisões” proporciona aos EUA. O sistema prisional é um mercado bilionário. Sobre esse mercado, Gustavo Poloni, na revista Exame, escreveu:

Uma das maiores forças do capitalismo americano é a capacidade empreendedora dos executivos, que são permanentemente encorajados a investir e a competir nas mais diferentes áreas da economia. A crença irrefreável dos americanos nas virtudes do setor privado faz com que alguns negócios assumam por lá proporções inéditas. Um exemplo é o mundo bilionário que se formou ao redor do sistema penitenciário – um setor delegado, em quase todos os países do mundo, à gestão pública. Os Estados Unidos têm a maior população carcerária do planeta, 2,2 milhões de pessoas. Como a legislação possibilita a ampla participação das empresas privadas, as companhias estão aproveitando a oportunidade para obter bons lucros. Hoje, elas são contratadas pelo governo para projetar e construir presídios, vigiar e reabilitar detentos e prestar serviços gerais, como limpeza das celas e alimentação dos presos. O resultado é um mercado de 37 bilhões de dólares, que deve continuar em expansão, pois o número de presos cresce à taxa de 3,4% ao ano desde 1995.”

O desprezo que a sociedade capitalista tem aos jovens, em particular os negros e pobres, é traduzido nos números apontados acima.

O Estado tem sua prioridade focada no livre mercado econômico. Por isso, a falta de assistência social. Tudo isso faz parte dessa estrutura de sociedade. É interessante para o Estado que o jovem pobre esteja marginalizado e excluído do reduto social, contribuindo assim para a “limpeza étnica e racial” que a burguesia tanto quer.

Colocar jovens na cadeia significa uma maior destinação de verbas ao sistema penitenciário e a consequente redução de auxílio assistencial aos necessitados, uma vez que a maior parte deles estará presa. E quanto mais presos, mais casas de reclusão privadas, tornando isso o negócio capitalista mais rentável economicamente.

O fato de Cristian Fernández, uma criança de apenas 12 anos, ser julgada como adulto e submetida a uma possível prisão perpétua, não significaria nem de longe fazer justiça. O que o Estado quer mesmo é que esse jovem pobre filho de uma negra seja útil economicamente para a elite político-econômica norte-americana, e não é o reintegrando à sociedade, dando-lhe saúde e educação.

Danielle Godoi, estudante de Direito e militante da UJR São Paulo.

Fontes:

http://americablog.com/2013/02/cristian-fernandez-plea-bargain-deal.html

http://atualidadesdodireito.com.br/lfg/2013/06/14/brasil-holanda-e-estados-unidos-panorama-dos-sistemas-penitenciarios/

http://www.anovademocracia.com.br/no-79/3529-prisao-em-massa-de-pobres-e-negros-e-ordem-do-usa

http://expresso.sapo.pt/eua-devem-suspender-a-prisao-perpetua-sem-direito-a-liberdade-condicional-para-criancas=f691476

Massau, Guilherme Camargo. O contexto do desenvolvimento do pensamento de LoïcWacquant. (no movimento repressivista “lawandorder”). Jus Navigandi,

GOMES, Luis Flávio. A indústria das prisões. Jus Navegandi.

Ames reforça luta pelo passe livre

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A Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas de Teresina (AMES) reuniu, no dia 15 de agosto, 100 estudantes de várias escolas secundaristas para debater o passe-livre. O seminário ocorreu no auditório do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, com apoio do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Teresina e da Resistência Camponesa e Urbana do Piauí. O debate foi a continuidade da luta dos estudantes, fruto das grandes manifestações de junho que, na Capital piauiense, reuniu mais de 50 mil pessoas.

O evento teve como palestrantes, além dos diretores da entidade, o dirigente sindical Pedro Laurentino, membro do Comitê Memória, Verdade e Justiça de Teresina e também diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Justiça Federal (Sintrajufe). Ele afirmou: “Fui um dos refundadores da União Nacional dos Estudantes (UNE) e do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Sei bem a importância que tem o movimento estudantil na luta por democracia e por uma nova sociedade”.

Além dele, vários diretores de grêmios também concordaram com a importância do atual momento histórico e a intensificação dessa luta. Para Valentina Tereskova, presidente do Grêmio do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia (IFPI-Teresina Sul) e diretora da FENET, “nossa luta é para que todo o jovem tenha acesso ao transporte público de qualidade, evitando a evasão escolar e garantindo momentos de lazer e cultura. Essa é uma grande bandeira histórica e estamos muito perto de conseguir, precisamos nos mobilizar muito mais”. O Presidente da Ames, Eduardo Almeida, encerrou:“A Ames está na luta pelo passe-livre. Vamos continuar nas ruas, mobilizando, conscientizando até termos os nossos direitos conquistados. Ninguém nunca deu à juventude nada de graça. Tivemos que lutar muito pelos nossos direitos. Não vai ser diferente com o Passe Livre”.

Ao final, foram lembrados os jovens que foram mortos e desaparecidos políticos durante o regime militar 1964-1985.

Redação Teresina 

“Primeiro foi Santiago, depois São Paulo e agora Lima!” grita a juventude peruana

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PeruDesde início de julho, o movimento estudantil peruano tem ocupado as ruas de Lima e das principais cidades em luta por mais investimentos na educação e contra a mercantilização desta. Cresce neste momento no Peru a quantidade de instituições pagas de ensino superior e básico, e mesmo nas instituições públicas há cobranças individuais por serviços de assistência estudantil como alimentação e o cartão da meia-passagem, além de abusivas taxas também existentes no Brasil, como a taxa para a obtenção do diploma.

O Peru é um dos países mais pobres da América Latina e mesmo os índices de pobreza extrema do próprio governo apontam para 38% da população vivendo nestas condições.

A mobilização dos estudantes em defesa de uma educação pública que atenda a todos, acontece em parceria com as mobilizações populares contra a privatização das riquezas naturais do país. Grandes mineradoras estrangeiras utilizam a água do país em detrimento do abastecimento de vilas inteiras que passam semanas sem água potável. Toda essa indignação, somada à dos trabalhadores que veem o lucro das empresas crescerem enquanto seus salários continuam insuficientes, fizeram explodir uma revolta popular que já dura um mês.

Nas ruas, a juventude peruana diz: “primeiro foi Santiago, depois São Paulo e agora Lima!”. A juventude brasileira em luta se solidariza com os jovens peruanos que não aceitam migalhas, que querem mais direitos e uma educação pública para todas e todos!

Leonardo Zegarra

Trabalhadores da Educação em greve no Rio

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Professores RioDescontentes com o sucateamento das escolas e com a carreira do magistério, profissionais em Educação das redes municipal e estadual do Rio de Janeiro deflagraram greve por tempo indeterminado. Foi no dia 8 de agosto que a luta dos professores da Rede Pública do Rio ganhou mais força e combatividade.

O prefeito Eduardo Paes e o governador Sérgio Cabral, ambos do PMDB, vêm adotando políticas meritocráticas a fim de melhorar o índice de avaliação da educação a qualquer custo. Eles são responsáveis por medidas que passam por cima da autonomia pedagógica do professor com o objetivo de aprovar o maior número de alunos e elevar o Ideb da cidade e do Estado, e ainda economizar com a educação.

Na rede municipal foram estabelecidas metas de aprovação por série segundo as quais as direções escolares pressionam os professores a atingi-las custe o que custar. Já no Estado, turmas são fechadas e alunos são obrigados a procurar escolas longe de suas casas, tudo para “otimizar” a educação pública, segundo o discurso do secretário estadual de Educação.

O que observamos é que tanto no Estado como no município prevalece uma lógica economicista e empresarial a fim de aumentar a produtividade das escolas, ou seja, aumentar a aprovação e reduzir os custos, pois o dinheiro deve sobrar para ser investido em outras áreas em que prevalece o interesse destes governos.

As reivindicações dos profissionais de Educação do Estado são reajuste de 28%, derrubada do veto ao projeto de lei que vincula cada professor a apenas uma escola (que já foi aprovado na Assembleia Legislativa e vetado pelo governador), eleição para direção de escolas, redução da jornada de trabalho de 40 para 30 horas semanais para funcionários administrativos.

Na rede municipal, a categoria reivindica um reajuste salarial de 19%, plano de carreira unificado, autonomia pedagógica, melhores condições de trabalho e que os recursos do Fundeb (verba federal) sejam aplicados de forma transparente.

Os profissionais das redes estadual e municipal também querem o direito de reservar 1/3 da sua carga horária para o planejamento pedagógico, e o fim do plano de metas, que prevê gratificações para escolas que alcançarem metas estabelecidas pelo governo.

 Os profissionais de Educação do município, que não faziam greve há muitos anos, conseguiram adesão de mais de 80% da rede. Realizaram grandes assembleias e passeatas, chegando a ter até 20 mil profissionais marchando pelas ruas da cidade. A greve da rede estadual vem ganhando força a cada semana com assembleias cada vez maiores.

Os educadores lutam contra a política de desvio do dinheiro público para empresas e fundações privadas. A greve é mais um instrumento na luta por uma educação de qualidade, pública e gratuita para o povo.

Gabriela Gonçalves (professora da rede estadual) e Igor Andrade (professor da rede municipal)

Trabalhadores de Processamento de Dados realizam seu XVIII Congresso

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FenadadosConvocado a cada três anos, o Congresso da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Processamento de Dados e Informática (Fenadados) teve sua 18ª edição realizada entre os dias 2 e 6 de agosto na cidade de Búzios, Rio de Janeiro. Contando com cerca de 250 delegados vindos de todo o País, o Congresso discutiu pontos fundamentais da categoria e definiu algumas bandeiras de luta para o próximo triênio, além de eleger a nova diretoria da Federação.

No primeiro dia, foi escolhida a tese guia do Congresso, após uma exposição relâmpago de 15 minutos para cada uma das três teses em disputa e sem nenhuma discussão sobre elas. Não fosse isso estranho o suficiente, a tese vencedora, da Articulação Sindical, não tinha sido enviada previamente para os estados. O que havia sido encaminhado em seu lugar era um pequeno texto de duas laudas apenas, enquanto que a “tese surpresa” apresentada no Congresso tinha mais de vinte páginas. Segundo Rosane Cordeiro, diretora do Sindados-MG, “não existe inocência em política. Foi uma manobra da Articulação Sindical para evitar a discussão sobre sua tese”.

Isso não evitou, no entanto, que a “tese surpresa” fosse duramente criticada no painel de “Conjuntura Nacional e Internacional”, que teve lugar logo após a votação. Glauber Ataide, diretor do Sindados-MG, denunciou que a tese majoritária, em sua análise de conjuntura, defende meras reformas no capitalismo, sob o nome de “desenvolvimento sustentável”, e, em momento algum, coloca a questão do socialismo como solução da classe trabalhadora para a superação deste sistema agonizante que passa por uma crise estrutural.

Vários outros painéis durante o Congresso colocaram em discussão temas relevantes tanto à categoria quanto à sociedade, como o de “Mulheres, juventude, igualdade racial e combate à homofobia no mundo do trabalho”, “Organização sindical” e “Sindicalismo (livre) no Brasil: por que movimentos sindicais progressistas devem apoiar softwares livres?”.

Neste último painel, Breno de Paula, da delegação do Sindados-MG, defendeu que o movimento de software livre deve ser impulsionado pela categoria, pois a produção de software livre, além de mostrar que os programadores – assim como todos os outros trabalhadores – não precisam de patrões para produzir software e menos ainda para ser explorados, resulta em um conhecimento que não é propriedade privada de nenhum indivíduo ou empresa, mas pertence a toda a humanidade. A produção de software livre é uma produção sem capitalistas e sem alienação do produto do trabalho.

No penúltimo dia do evento, foi eleita a nova diretoria. Embora o Congresso tenha se iniciado com três teses em disputa, apenas uma chapa se inscreveu no pleito, já que o grupo da tese “Oposição de Esquerda” decidiu compor com a corrente da situação, abdicando da tentativa de construção de uma chapa de oposição unificada com o Sindados-MG.

Diante disso, a delegação mineira se absteve da votação, pois somente a abstenção dava direito à declaração de voto, que foi uma verdadeira tribuna de denúncias: criticou o processo eleitoral, as manobras da unificação das chapas, a tese capitalista eleita como guia do Congresso e principalmente a condução conciliadora das lutas da categoria nos últimos anos, especialmente no que diz respeito às empresas federais Serpro e Dataprev.

Para o próximo triênio, o Congresso definiu, entre várias outras propostas, que a Fenadados deve impulsionar o desenvolvimento de software livre no Brasil, apoiando a organização das iniciativas que se apresentam no País. Além disso, foi aprovada por unanimidade a criação de um fundo de previdência complementar, considerando que grande parcela da categoria não está coberta atualmente por nenhum plano.

Redação MG

“Transposição do Rio São Francisco atingirá apenas 0,3 % da população”

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O jornal A Verdade entrou em contato com Neilda Pereira da Silva, coordenadora-geral da Cáritas Diocesana e coordenadora-executiva da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA) pelo Estado de Pernambuco, para falar sobre a transposição do Rio São Francisco. “As obras do Projeto São Francisco estão em andamento e apontam mais de 43% de avanço. Estão em construção túneis, canais, aquedutos e barragens, conforme dados atualizados em 24 de junho do Ministério da Integração Nacional”. Neilda é formada em Filosofia, com especialização em Gestão Pública e Controladoria.

A Verdade – Que avaliação a ASA faz sobre o Projeto de Integração do Rio São Francisco?

Neilda Pereira, coordenadora geral da Cáritas Diocesana de Pesqueira

Neilda Pereira da Silva – A ASA acredita que o Semiárido precisa é da descentralização dos recursos hídricos e do aproveitamento da água da chuva que costuma ser desperdiçada. O Semiárido brasileiro é o mais chuvoso do mundo. Em anos com precipitação normal, chove de 300 a 800 mm/ano. Por isso que a ASA defende e implementa ações que descentralizam a água para as famílias agricultoras que vivem na zona rural de todo o Semiárido. Só através desta descentralização, da criação de uma infraestrutura hídrica colocada na propriedade de cada família agricultora, é que se superará a dificuldade do acesso à água na região.

O Tribunal de Contas da União diz que o projeto não beneficiará o número de pessoas propagandeado. A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) observou que pelo menos 30% da água se perderia por evaporação. Por isso, acreditamos em políticas que, de fato, cheguem até as pessoas considerando suas especificidades.

De acordo com o Governo, esta obra vai assegurar oferta de água para 12 milhões de habitantes de 390 municípios do Agreste e do Sertão dos Estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Qual a opinião da ASA sobre os dados apresentados pelo Governo?

Estudos apontam que o projeto de transposição do Rio São Francisco atingirá apenas 5% do território do Semiárido brasileiro e 0,3 % da população, ou seja, 66 mil pessoas. Enquanto isso, as ações da ASA já alcançaram 1.076 municípios e mais de 2,5 milhões de pessoas. Apenas 4% da água do São Francisco, transportada a um custo altíssimo, será destinada à chamada população difusa – público direto do trabalho das organizações da ASA. Ao passo que 26% do volume transportado será para uso urbano e industrial e 70% para irrigação (carcinicultura – criação de camarão –, floricultura e hortifrutigranjeiros) de produtos para exportação.

O custo da transposição é de R$ 8,2 bilhões. A ASA Brasil chegou a avaliar quais ações poderiam ser feitas para beneficiar a população urbana e rural do Semiárido, de modo a ter uma convivência com este clima?

A ASA tem pautado em vários espaços um conjunto de propostas na linha da convivência com o Semiárido, entre elas, podemos citar: acesso à terra, segurança hídrica e alimentar, acesso a mercado, assistência técnica e outros. Acreditamos que o Semiárido brasileiro é rico, porém precisamos pensar em políticas públicas adequadas ao clima.

O Semiárido brasileiro corresponde a 86,48% dos Estados do Nordeste. Pessoas afirmam que uma das principais dificuldades para o desenvolvimento da região é a cerca e não a seca. Existe algum estudo sobre a concentração de terras nesta região?

Esse trocadilho serve e não se refere somente à questão da terra no Nordeste, mas também à água. Os reservatórios acima do São Francisco acumulam 10 bilhões de metros cúbicos. O Ceará acumula 80% deste manancial. Os 70 mil açudes da região perdem 95% de água por evaporação. Por isso que a solução para o Semiárido, onde “chove pra cima” três vezes mais do que para baixo, não são as grandes obras, que acumulam grande volume de água. Com relação à concentração de terra, fazendo uma retrospectiva dos últimos anos, não temos avançado em nada no debate da reforma agrária.

Ao que parece, a transposição será muito importante para as grandes empresas de fruticultura irrigada (agronegócio) em toda sua cadeia (empresas de adubos, agrotóxicos, máquinas e equipamentos de irrigação, etc.). Na sua avaliação, após a conclusão dessa obra, que benefícios concretos ficarão para a população pobre do Semiárido?

Essa obra está consumindo dos cofres públicos R$ 8,2 bilhões. Enquanto a ASA, desde o seu início, em 2003, até o 2011, investiu R$ 677 milhões (8,25% do total estimado com a transposição) em ações que construíram uma malha hídrica descentralizada em todo o Semiárido, através de parcerias com o Governo Federal, empresas privadas e entidades de cooperação internacional.

Hinamar A. Medeiros, Recife

Rap do Transporte Público – Rincon Sapiência

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Rincon Sapiência lança o clipe “Transporte Público”, é o segundo clipe do rapper e aborda a questão do transporte coletivo. O assunto é algo que está diretamente ligado à vida do paulistano e é um grande desafio para políticos, urbanistas e engenheiros.

O número de passageiros cresce a cada ano. Faltam investimentos nos corredores de ônibus e em mais construções de estações de metrô. Além disso moramos em locais distantes do trabalho, muitos trabalhadores atravessam a cidade para chegar ao seu emprego.

Como também é passageiro Rincon soube muito bem traduzir na letra a encrenca que é depender do transporte coletivo, como superlotação, atrasos, mudanças de itinerários e logicamente o aumento constante no preço das passagens.