UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quarta-feira, 23 de abril de 2025
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Movimento Olga Benário vai às ruas contra violência à mulher

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Ato Olga Benário contra violênciaDia 25 de novembro marca a luta internacional de combate à violência contra as mulheres. No Brasil, mais de 43 mil mulheres foram assassinadas nos últimos dez anos. Embora tenhamos avanços legais com a Lei Maria da Penha, que coíbe este tipo de violência, não contamos com instrumentos públicos que viabilizem a aplicação desta lei. As Delegacias da Mulher só funcionam de segunda a sexta e até às 18h. Nos finais de semana, justamente quando ocorre o maior número de agressões contra a mulher, encontram-se fechadas.

Sabendo dos limites da Lei Maria da Penha e percebendo a importância de ganhar toda a sociedade para esta luta, o Movimento de Mulheres Olga Benario realizou e participou de atos públicos e debates em alguns estados. Em Recife e outras cidades, o Movimento também realizou dezenas de brigadas com o jornal A Verdade (edição nº 145), que trazia como manchete “A cada 15 segundos, uma mulher é agredida no país”, realizando uma grande agitação política e vendendo centenas de exemplares.

No dia 24 de novembro, o Movimento de Mulheres Olga Benario participou do ato da Casa da Mulher Trabalhadora (Camtra), no Centro de Duque de Caxias-RJ. O evento contou com a participação de diversas representantes de entidades e organizações que apoiam e encabeçam a luta feminina no Estado.

Intercalando apresentações culturais e intervenções políticas, a atividade contou com intensa participação da população, em sua maioria mulheres, interessadas em se informar sobre os dados da crescente violência e de como fazer para se unirem contra esta que é uma das mais gritantes formas de opressão sofrida. Também foram realizadas panfletagens em fábricas onde há um grande número de operárias e nas comunidades pobres, juntamente com o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).

No dia 30 de novembro, em Santo André, no ABC Paulista, aconteceu um ato com a participação de aproximadamente 40 mulheres. A atividade começou com uma panfletagem na principal estação de trem da cidade, onde foram distribuídos mais de mil jornais do Movimento. Depois, seguiram em caminhada pelas principais ruas do Centro e, onde passou, recebeu total apoio da população.

Em um dos momentos mais emocionantes da caminhada, uma mulher que observava tudo da calçada começou a chorar ao pegar o jornal do Movimento, relatando que sofreu muitas agressões do marido no passado. Durante toda a caminhada, as companheiras reafirmavam que tudo isto é fruto do sistema capitalista e que só no socialismo conseguiremos a verdadeira igualdade entre homens e mulheres.

O ponto final do ato era a Delegacia de Defesa da Mulher de Santo André, onde uma carta seria entregue. Chegando ao local, no entanto, o imenso descaso no atendimento à mulher vítimas de violência se repetiu com as integrantes do Movimento: delegada não estava em seu plantão, e as duas funcionárias se recusaram a protocolar o documento. Após escutarem que as delegacias da mulher são fruto da luta do movimento de mulheres e, como tantas outras conquistas que já obtivemos, continuaremos em luta até alcançarmos mais esta, as funcionárias, enfim, protocolaram a carta reivindicando a ampliação do funcionamento da Delegacia para 24 horas por dia, todos os dias da semana.

Em Belém-PA, no dia 25, aconteceu um ato público na Praça da República, contado com a participação de várias organizações sociais como o Movimento de Mulheres Olga Benario, Grupo de Mulheres Brasileiras, MST, Brigadas Populares e partidos políticos.

No dia 26, o Olga Benario e o MLB realizaram um debate num bairro popular, que contou com a participação de 60 companheiras, com o tema “Violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer!”, e vários foram os relatos de mulheres que sofreram e ainda sofrem violência por parte de seus maridos ou namorados.  No dia 28, dois debates foram realizados na Escola Estadual Maria Figueiredo, em Ananindeua.

Carolina Mendonça, Fernanda Lopes e Juliete Pantoja

Sim, é possível mudar este mundo

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Opositores levam faixas e tentam chegar a praca Tahrir, no centro do Cairo, em ato contra Mohammed MursiSob a hospitalidade africana, junto aos trabalhadores e ao povo da Tunísia, os Partidos e Organizações Marxista-Leninistas, membros da CIPOML, debateram a situação internacional, as políticas do imperialismo, da reação e dos patrões; o desenvolvimento da luta dos trabalhadores e dos povos; bem como os problemas e as perspectivas da luta dos nossos partidos.

Constatamos a existência de uma profunda crise do sistema capitalista-imperialista, que se desenvolve de forma desigual em diferentes países, afetando especialmente, de forma negativa, a classe trabalhadora, a juventude e os povos.

Apesar das medidas neoliberais para “acabar com a crise”, conduzidas pelos monopólios e pelas classes dominantes, que procuram nos fazer crer que, por esta via, a superararemos definitivamente, a realidade é teimosa e os efeitos da crise persistem.

O imperialismo norte-americano intensifica as guerras de agressão, mantendo suas tropas imperialistas no Afeganistão e no Iraque. Continua o ataque feroz contra o povo líbio, as ameaças contra o Irã e outras nações, com o objetivo de apropriar-se de suas riquezas e ocupar posições estratégicas. Apoia abertamente a ocupação militar dos sionistas na Palestina. Os imperialistas da União Europeia, apesar de seus interesses específicos, agem essencialmente como aliados dos EUA em seu confronto com a Rússia e a China.

As pretensões do imperialismo estadunidense e da União Europeia para controlar a Síria ameaçam desembocar em uma agressão militar em nome da Otan. Nesse caso, pode atiçar as chamas de uma guerra regional, que poderia até mesmo se tornar uma nova conflagração geral.

Os marxista-leninistas rechaçam decisivamente a intervenção imperialista, levantam a defesa dos princípios da autodeterminação dos povos. Os problemas da Síria devem ser resolvidos pelos trabalhadores e povos do país.

Ao se aguçarem todas as contradições, inevitavelmente se chocam os interesses das potências imperialistas, umas para preservar suas zonas de influência, outras que procuram um lugar em uma nova divisão do mundo; as potências imperialistas ocidentais procuram manter o seu domínio intacto e áreas de controle, enquanto, por outro lado, as potências emergentes imperialistas buscam ocupar uma posição de maior liderança e controle territorial no mundo. Este confronto que vivem os países imperialistas entre si, progressivamente leva a choques, às vezes diplomáticos, violentos outros, mas sempre sob a forma de agressão e pilhagem dos países dependentes e de uma maior exploração da classe trabalhadora.

A China está se tornando um grande exportador de capitais para os países dependentes da Ásia, África e América Latina, em busca de matérias-primas e expansão dos seus mercados, transformando-se em um concorrente agressivo no mercado e nos investimentos nos próprios Estados Unidos e nos países imperialistas da Europa. A Rússia está reforçando sua economia, sua capacidade de recursos energéticos e poderio militar, assumindo um papel agressivo na redivisão do mundo. As posições da Rússia e da China se opondo, no Conselho de Segurança, à intervenção militar na Síria, nada têm a ver com a soberania nacional e os direitos do povo sírio, mas corresponde aos seus interesses de disputar a hegemonia com os países imperialistas ocidentais.

A classe trabalhadora e os povos se expressam em manifestações, paralisações e greves gerais, principalmente na Espanha, Grécia e Portugal, entre outros países; na defesa de seus direitos e em oposição às medidas do capital, que procura atirar o peso da crise sobre suas costas.

No Norte da África e no Oriente Médio continuam as revoltas dos povos contra a tirania, em defesa da liberdade e da democracia. Processos revolucionários abertos pelos trabalhadores e pelos povos no Egito – e, particularmente, na Tunísia – prosseguem colocando na ordem do dia a perspectiva de uma mudança do regime de opressão e sua libertação definitiva.

Na América Latina, a luta dos povos e dos trabalhadores, em oposição ao saque dos monopólios internacionais de mineração, em defesa da soberania nacional e do meio ambiente e da natureza, mobiliza milhões de pessoas.

Promover e fortalecer a Frente Popular

 Os combates dos trabalhadores, da juventude e dos povos contra os efeitos da crise, condenando a dominação capitalista imperialista, são expressos em diferentes níveis, em todos os países e regiões. Essas lutas asseguram a confiança da classe trabalhadora no caminho da luta, esclarecem a natureza do capital e da reação, desmascaram a postura da social-democracia e do oportunismo; e, ao mesmo tempo, deixam claras suas limitações e debilidades para deter a ofensiva do imperialismo e da reação, dos patrões e governos a seu serviço. Cabe aos revolucionários proletários dar uma resposta ideológica, política e organizativa. Assumimos nossa responsabilidade de nos envolver na organização e na luta da classe trabalhadora, da juventude e dos povos; de colocar a iniciativa e a coragem comunistas para dirigir consequentemente essas mobilizações e, sobretudo, apontar-lhes o verdadeiro curso da revolução e do socialismo.

O fortalecimento dos nossos partidos, a afirmação da sua ligação com as massas, a tarefa de colocar o nosso programa na rua, ao alcance das massas combativas, nos colocar na vanguarda das lutas, promover e fortalecer a Frente Popular, são as orientações gerais decorrentes desta Conferência. A contribuição de cada partido tem sido gratificante e demonstra como o marxismo-leninismo é cada vez mais forte no mundo e deposita em nossas mãos uma responsabilidade extraordinária, a que saberemos responder de forma decisiva.

O agravamento da crise geral do capitalismo, a agressão imperialista e o perigo de uma nova guerra geral, o desenvolvimento acelerado das forças produtivas gerado pela revolução técnico-científica, o desenvolvimento das lutas dos trabalhadores, da juventude e dos povos colocam novos desafios para os nossos partidos e organizações. Devemos buscar no próprio curso dos combates de classe novas formas de organização e luta.

A libertação dos trabalhadores e dos povos tem de ser obra deles mesmos e responsabilidade inalienável de nossos partidos e organizações.

Conferência Internacional de Partidos e organizações Marxista-Leninistas (CIPOML)

Trabalhadora denuncia machismo no transporte

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MachismoNo último dia 5, os passageiros do ônibus 731-Marechal Hermes, que circula pela Zona Norte e Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, presenciaram um caso de machismo e agressão verbal a uma gestante.

Depois de pagar a tarifa do ônibus com uma nota que correspondia a sete vezes o valor de sua passagem (segundo a Lei nº 6.075/88, o passageiro tem direito de usar uma nota que corresponda a, no máximo, 20 vezes o valor do bilhete), uma professora da rede municipal de ensino ouviu do motorista que deveria deixar o ônibus, pois não tinha troco. Ao pagar com uma nota de menor valor, emprestada por um passageiro, ainda assim o motorista se negou a lhe dar o troco.

Ao queixar-se do comportamento desrespeitoso do motorista, a servidora ouviu um “cala a boca” e piadas vulgares e de mau gosto, numa tentativa de fragilizá-la. Logo em seguida, o motorista freou bruscamente o veículo, com o intuito de machucá-la, ignorando o fato de a senhora estar grávida e passando mal. Tal atitude fez com que ela acionasse a Polícia.

Uma representante do Movimento de Mulheres Olga Benario estava no ônibus e foi testemunha da gestante. O ônibus foi esvaziado depois que houve desacato a uma policial que entrou nele – e também foi vítima de preconceito por ser mulher.  As testemunhas e a vítima foram para a delegacia registrar queixa.

Toda essa violência e desrespeito às mulheres só demonstra o atraso em que vive nossa sociedade. A mídia burguesa contribui diretamente para o agravamento desse quadro, através de novelas e de propaganda que vulgariza a mulher e a transforma em mercadoria. É preciso garantir respeito à integridade física e psicológica das mulheres e expandir a luta pela sua libertação.

Karen Lemes, Rio de Janeiro

Italianos dizem não ao corte de verbas da educação

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ItáliaAssim como na Grécia, na Espanha, em Portugal, e até mesmo na França, o povo italiano também é vítima dos planos de austeridade implementados pela chamada Troika (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional). Depois de cortes de verbas (e sucateamento) em todos os serviços públicos do país, com aumento dos impostos pagos pelas camadas mais pobres da população, com a implementação e os recentes aumentos das taxas anuais para o estudo universitário (que há alguns anos não é mais gratuito) e após uma reforma trabalhista que retirou os principais direitos dos trabalhadores e aposentados do setor privado, o primeiro-ministro Mario Monte resolve retirar dinheiro da educação pública, ou melhor, do Ensino Médio, para pagar a dívida formada pela crise causada pelas instituições financeiras europeias.

Em setembro, no começo do outono europeu, estudantes e trabalhadores começam a ver as novas mudanças da Reforma do Ensino Secundário (Riforma della Scuola Secondaria Superiore). Já em 2011 e 2012, as escolas italianas viram a diminuição das horas semanais realizadas por cada disciplina, além de concursos públicos que há alguns anos vêm sendo adiados, antes por Berlusconi e agora por Monti. Após a saída da ex-ministra Mariangela Gelmini, que implementou as reformas responsáveis pelo pagamento de altíssimas taxas para as universidades do governo, entra o atual ministro, Francesco Profumo, e impõe uma reforma, que tem como principais pontos:

* Aumento (de 18 para 24) das horas mínimas semanais em sala de aula dos docentes, tanto os contratados quanto os concursados. Isso significa que cada professor dará mais tempo de aula e serão necessários menos professores para cobrir a demanda, permitindo a contratação de menos docentes.

* A implementação da “Escola da Meritocracia”. Em cada escola será escolhido o melhor aluno como o “Estudante do Ano”, através de olimpíadas das diversas disciplinas. Esse estudante será premiado com desconto no pagamento das taxas anuais de ensino e redução no valor pago em transportes públicos. As empresas que contratarem aqueles considerados entre “os melhores”, receberão incentivos fiscais (redução de impostos).

Greves e protestos se intensificam

Segundo o ministro Profumo, as mudanças têm como objetivo “aumentar a competitividade, também entre docentes, mas principalmente entre os estudantes, ‘forçando’ estes a se dedicar mais, consequentemente melhorando a qualidade do ensino”. O ministro diz que, para “premiar” os professores, pretende aumentar o tempo de férias anuais dos docentes.

Em resposta, desde o mês de outubro, estudantes e professores vão às ruas nas principais cidades italianas como forma não somente de se manifestar contrários às mudanças anunciadas, mas principalmente para denunciar a grave situação das escolas italianas. Segundo professores da Central Geral Italiana dos Trabalhadores (CGIL), as escolas públicas não suportam mais tantos anos de sucateamento: falta de vagas nas escolas de todo o país (aumentando a tensão entre estrangeiros e italianos, que exigem prioridade de seus filhos no momento da matrícula diante dos não italianos), falta de material escolar, mesas e cadeiras quebradas, superlotação das salas de aula, ausência de concursos públicos, pouca reciclagem de profissionais (com professores que há anos lecionam para as mesmas séries, pois são impedidos de se aposentar). Com a atual reforma, as denúncias vão além: segundo cálculos dos sindicatos, haverá a demissão de aproximadamente 6.400 professores suplentes em todo o país. Isso é, na verdade, o plano de corte de gastos com educação de 184 milhões de euros, o que representa 86% do corte de verbas planejado pelo Governo com os planos de austeridade. Dinheiro destinado ao pagamento das dívidas interna e externa.

Em novembro, na manifestação europeia do dia 14 contra os planos de austeridade, professores e estudantes eram maioria nas ruas da Itália. E em 24 desse mesmo mês, numa greve nacional organizada conjuntamente por sindicatos de professores de todo o país e comitês de base das escolas, trabalhadores e estudantes das escolas públicas realizaram diversas manifestações em toda Roma.

Desta forma, mais uma vez, os trabalhadores e a juventude mostram que existe uma saída para essa crise que assola a Europa e todo o mundo, mas que essa união é fundamental para isolar o inimigo comum, o imperialismo e seus lacaios locais, e agregar as outras parcelas do povo que tanto sofrem com os ataques contra seus direitos, seus salários e condições dignas de vida.

Redação Sucursal  Europa

GAZA!

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Gaza, massacrePara se justificar, o terrorismo de Estado fabrica terroristas: semeia ódio e colhe álibis. Tudo indica que essa carnificina de Gaza, que, segundo seus autores, pretende acabar com os terroristas, logrará multiplicá-los. Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem respirar sem permissão. Perderam sua pátria, suas terras, sua água, sua liberdade, seu tudo. Nem sequer têm direito de eleger seus governantes. Quando votam em quem não se deve votar, são castigados. Gaza está sendo castigada. Converteu-se em uma ratoeira sem saída desde que o Hamas ganhou limpamente as eleições de 2006. Algo parecido ocorreu em 1932, quando o Partido Comunista triunfou nas eleições em El Salvador. Banhados em sangue, os salvadorenhos expiaram sua má conduta e, desde então, viveram submetidos a ditaduras militares. A democracia é um luxo que nem todos merecem.

São filhos da impotência os foguetes caseiros que os militantes do Hamas, encurralados em Gaza, disparam com nenhuma pontaria sobre as terras que haviam sido palestinas e que a ocupação israelense usurpou. E, ao desespero, ao ponto mesmo da loucura suicida, é a mãe de todas as bravatas a que nega o direito à existência de Israel, gritos sem nenhuma eficácia, enquanto as muito eficazes guerras de extermínio estão negando, há anos, o direito de existência da Palestina. Já resta pouca Palestina. Israel a está apagando do mapa.

Os colonos invadem e, atrás deles, os soldados vão corrigindo a fronteira. As balas sacralizam o despojo, em legítima defesa. Não há guerra agressiva que não diga ser uma guerra defensiva. Hitler invadiu a Polônia para evitar que a Polônia invadisse a Alemanha. Bush invadiu o Iraque para evitar que o Iraque invadisse o mundo. Em cada uma de suas guerras defensivas, Israel traga outro pedaço da Palestina e os almoços seguem. O devoramento justifica-se pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou, pelos dois mil anos de perseguição que o povo judeu sofreu e pelo pânico que geram os palestinos que observam.

Israel é um país que jamais cumpre as recomendações e as resoluções das Nações Unidas, que nunca acata as sentenças dos tribunais internacionais, que zomba das leis internacionais. É também o único país que legalizou a tortura de prisioneiros. Quem lhes deu o direito de negar todos os direitos? De onde vem a impunidade com a qual Israel está executando a matança de Gaza? O governo espanhol não pode bombardear impunemente o País Basco para acabar com o ETA nem o governo britânico pode arrasar a Irlanda para liquidar com o IRA. Por acaso a tragédia do holocausto implica uma licença de eterna impunidade? Ou essa luz verde provém da potência imperialista que mais manda e que tem em Israel o mais incondicional de seus vassalos?

O exército israelense, o mais moderno e sofisticado do mundo, sabe quem mata. Não mata por erro. Mata para causar horror. Às vítimas civis, chamam de danos colaterais, segundo o dicionário de outras guerras imperiais. Em Gaza, de cada dez danos colaterais, três são crianças. E somam-se aos milhares os multilados, vítimas da tecnologia de despedaçamento humano que a indústria militar está ensaiando exitosamente nesta operação de limpeza étnica.

E, como sempre, sempre o mesmo em Gaza, cem a um. Para cada cem palestinos mortos, um israelense. Gente perigosa, adverte o outro bombardeio, a cargo dos meios de manipulação de massa, que nos convidam a crer que uma vida israelense vale tanto como cem vidas palestinas. E esses meios também nos convidam a crer que são humanitárias as duzentas bombas atômicas de Israel ou que uma potência nuclear chamada Irã foi a que aniquilou Hiroshima e Nagasaki.

A chamada comunidade internacional existe? É algo mais que um clube de mercadores, banqueiros e belicistas? É algo mais que o nome artístico que os Estados Unidos se atribuem quando fazem teatro? Ante a tragédia de Gaza, a hipocrisia mundial vem à luz uma vez mais. Como sempre, a indiferença, os discursos vazios, as declarações ocas, as declamações altissonantes, as posturas ambíguas, rendem tributo à sagrada impunidade.

Ante a tragédia de Gaza, os países árabes lavam as mãos. Como sempre. E, como sempre, os países europeus esfregam as mãos.

A velha Europa, tão capaz de beleza como de perversidade, derrama uma ou outra lágrima enquanto secretamente celebra esta jogada de mestre. Porque a caça aos judeus sempre foi um costume europeu, mas há meio século essa dívida histórica está sendo cobrada dos palestinos, que também são semitas e que nunca foram, nem são, antissemitas. Eles estão pagando, com sangue, uma conta alheia.

(Este artigo é dedicado a meus amigos judeus, assassinados pelas ditaduras militares latino-americanas que Israel assessorou)

Eduardo Galeano, escritor uruguaio

As brigadas do jornal A Verdade na Vila São Pedro

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Nos dias 17 e 21 de novembro, foram realizadas as brigadas do jornal A Verdade no Bairro da Vila São Pedro, em São Bernardo do Campo, São Paulo. Houve agitação com som e denúncia da violência contra a mulher e da impunidade dos crimes da ditadura, matérias do último número do jornal.

O objetivo das brigadas foi divulgar o jornal e fortalecer as lutas do bairro na área da saúde, educação, transporte, melhoria de moradia e segurança, e buscar uma maior participação dos moradores. A Verdade está sendo bem aceito pela população da Vila São Pedro, que demonstrou muito interesse em conversar e entender um pouco mais da publicação.

Nos dois dias, durante duas horas, as brigadas venderam 38 exemplares. Nosso movimento está apenas começando e o fortalecimento da militância a cada dia vem crescendo, com o intuito de esclarecer e mostrar à população a verdadeira causa do sofrimento do povo brasileiro.

Wiliam Rodrigues e Samanta Rodrigues, São Bernardo do Campo

A importância das lavanderias comunitárias para as mulheres pobres

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LavanderiaAinda é muito grande o número de mulheres que têm como exclusividade o cuidado com os filhos, com o marido e com as tarefas de casa, restando-lhe pouco tempo para a vida política. Um exemplo desse trabalho opressor e mesquinho é a lavagem de roupas em casa ou no trabalho das empregadas domésticas.

Dona Carmen Lúcia, que mora em João Pessoa com o esposo e quatro filhos atrás da casa de sua sogra, nos relata: “Às nove horas, acabo de fazer o almoço, arrumo a casa e passo o resto da manhã lavando roupa. À tarde engomo a roupa limpa e, no começo da noite, guardo. Esta é minha rotina todos os dias”.

É difícil imaginar que, mesmo com os avanços tecnológicos e o orçamento cada vez mais apertado do brasileiro, ainda haja gente que sustente sua família lavando “roupa de ganho”, mas esta realidade está presente na vida de milhares de mulheres no Brasil.

A profissão de lavadeira é bem antiga na humanidade e, em algumas cidades, já deixou até de existir.  Em determinado momento, a lavagem de roupas se transformou em serviço e depois empresas criaram lavanderias, que, depois da forma manual, passaram a ser mecanizadas, mas devido ao preço, não atingiu diretamente as mulheres mais pobres, que são a maioria da população. Na década de 1980, com objetivo de proporcionar fonte de renda e inclusão social de inúmeras famílias brasileiras, foram criadas algumas lavanderias comunitárias. Esta atividade faz a diferença na obtenção de renda das famílias, sem contar o tempo que lhes sobra para a família, para o lazer e para a vida social dessas mulheres.

Em agosto deste ano, a Prefeitura Municipal de João Pessoa inaugurou uma Lavanderia Comunitária na comunidade Padre Hildon Bandeira.  “Com o objetivo de formar um centro de inclusão produtiva, essa lavanderia comunitária proporciona não só um espaço onde as famílias vão lavar suas roupas, mas uma forma de geração de emprego e renda em economia solidária”, afirma Wanessa Costa, coordenadora da lavanderia e militante do Movimento de Mulheres Olga Benário na Paraíba.

Ela conta também como a lavanderia funciona e como pode melhorar a formação política dessas mulheres: “Temos dois tipos de público; primeiro, aquelas mulheres que lavam roupa por profissão e que, com inauguração da lavanderia, passaram de vinte para oitenta; além daquelas que, por falta de espaço em suas casas, já que a maioria das casas da comunidade não tem quintal, lavam as roupas de seus familiares sem nenhum custo, garantindo assim que lhes sobre mais tempo durante o dia, pois o trabalho diminuiu pela metade. Pretendemos trabalhar a formação política dessas mulheres e as qualificar para o trabalho”.

Dona Firmina, lavadeira há mais de 40 anos, relata: “Antes eu lavava uma trouxa de roupa por dia e hoje, com a lavanderia comunitária, que tem máquinas de tipo semi-industrial, faço o mesmo trabalho em duas horas e, à tarde, participo das capacitações e cursos de qualificação para o trabalho oferecidos pela lavanderia. Estou muito feliz e com mais tempo para meus netinhos”.

Desta forma, as lavanderias comunitárias são um importante passo para diminuir a carga de trabalho doméstico que recai sobre mulheres pobres. Por isso, é preciso que as comunidades se mobilizem para a conquista desse direito.

Rosilene Santana, do Movimento de Mulheres Olga Benario (PB)

Sem-teto ocupam terreno em Campina Grande

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Cerca de 120 famílias organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) realizaram a ocupação de um terreno da Prefeitura Municipal, em Campina Grande-PB, na madrugada do último dia 1º de dezembro. A ocupação, denominada Margarida Maria Alves, em homenagem a esta camponesa paraibana, tombada na luta contra o latifúndio, já nasce com a marca da resistência.

Foram quatro meses de preparação política das famílias, todas vivendo de favor na casa de parentes ou de aluguel, para que elas tomassem consciência da necessidade de realizar a ocupação de forma planejada. Para Arjuna Escarião, coordenador do MLB na Paraíba, os objetivos da ocupação vão além da busca pelo sonho da moradia digna: “Estas famílias deram agora um passo decisivo para sua própria libertação, para compreenderem que o problema da habitação no Brasil só será resolvido com a reforma urbana e com o socialismo”.

Redação Paraíba

Famílias de Duque de Caxias continuam luta

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Depois de serem despejadas violentamente pela Polícia Militar, as famílias da Ocupação Sônia Angel, em Duque de Caxias-RJ, permanecem mobilizadas e determinadas a conquistar o direito humano de morar dignamente.

Depois da ação ilegal de reintegração de posse comandada pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), uma ampla campanha de denúncia da truculência policial foi desenvolvida pelo MLB, envolvendo centenas de pessoas na cidade e vários amigos e simpatizantes do movimento, além de haver sido realizado, no último dia 9 de novembro, no centro de Caxias, um ato público em defesa de moradia digna. O MLB também já está acionando a Justiça contra a Polícia e o Inea, exigindo a apuração dos fatos e a punição dos responsáveis pela violência.

Ao mesmo tempo, as famílias sem teto continuam se reunindo semanalmente para traçar os novos encaminhamentos da luta e reorganizar a ocupação. Para Juliete Pantoja, uma das coordenadoras do MLB, nem mesmo o trauma da desocupação amedronta as famílias: “A cada reunião que fazemos nos bairros percebemos novas pessoas interessadas na luta do MLB. Isso pra nós é muito importante e é um incentivo a mais para continuarmos na luta. Tenho certeza de que a nova ocupação que estamos organizando será muito maior”, afirma.

 Mas não é apenas a luta por moradia digna que mobiliza as famílias da Sônia Angel. No próximo dia 8 de dezembro, haverá um encontro de mulheres do movimento e, às vésperas do Natal, todos ocuparão as ruas centrais de Caxias contra a fome e a carestia de vida, durante a jornada por um Natal sem fome e sem miséria organizada pelo MLB.

Heron Barroso, Rio de Janeiro

Seis anos da Ocupação Fernando Santa Cruz

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Há seis anos, 120 famílias estavam nas ruas, à meia-noite, para ocupar um terreno abandonado e conquistar seu sonho de ter um teto para morar sem pagar aluguel e sem depender de favor de ninguém. Nestes seis anos, essas famílias desenvolveram lutas, passeatas, fizeram várias ocupações na Companhia de Habitação de Pernambuco (Cehab), seminários, confraternizações, sempre acreditando que a luta as levará à vitória de alcançar a casa própria.

Por essas famílias passaram três presidentes da Cehab, e a promessa de serem contempladas com moradia num conjunto habitacional a ser construído.

Nos últimos dias, elas se reuniram para comemorar os seis anos de luta da Ocupação Fernando Santa Cruz e ampliar seu nível de consciência política. Para isso, contaram com a palestra do vereador de Olinda Marcelo Santa Cruz (PT), com o tema Fernando Santa Cruz e a luta pelo direito à Verdade e à Justiça. Marcelo relatou as circunstâncias do desaparecimento de seu irmão Fernando, as barbaridades do regime militar fascista que assassinou vários lutadores brasileiros que ousaram se opor e combater a ditadura, a saga de sua família para conhecer a verdade sobre o seu irmão e a perseguição dos militares golpistas à sua família, que o obrigou a fugir do país na clandestinidade e viver uns tempos na Europa. O vereador afirmou que nomear a ocupação com o nome de Fernando Santa Cruz é uma importante forma de homenagear e manter viva a memória de seu irmão.

 Também participaram do evento Serginaldo Quirino, coordenador nacional do MLB, que falou sobre O MLB e as perspectivas de luta,e Elizabeth Araújo, do Movimento de Mulheres Olga Benario, com o tema As mulheres e a luta por moradia. A apresentação do grupo de dança Majê Molê abrilhantou a atividade com uma bela apresentação de dança afro. Catorze quilos de bolo e refrigerantes ajudaram a fazer a festa desses lutadores.

O laço maior que une essas famílias – que continuam a se reunir quinzenalmente, organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas – é a luta. É evidente que alguns ficaram pelo caminho e foram substituídos por novos lutadores, que continuam fincando a bandeira da luta por moradia digna e pela construção de uma sociedade na qual o povo tenha seus direitos garantidos.

Guita Marli, coordenadora estadual do MLB e do Movimento Olga Benário

Aerj, 10 anos de luta pelos direitos da juventude

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AERJA Associação dos Estudantes Secundaristas do Estado do Rio de Janeiro (Aerj) realizou seu 5° congresso no dia 10 de novembro, reunindo cerca de 300 estudantes de várias regiões do Estado para debater a educação, o passe livre e outras bandeiras de luta.

O congresso contou com a presença de diversos sindicatos e entidades, como Ubes, Fenet, Ares-ABC, DCE da Unissuam, DCE da UFRJ, Sindipetro-RJ, Sindicato da Educação (Sepe), ASSIBGE, Sintnaval, Sintell, Sindipetro-Caxias, dentre outros, além da participação do cacique Carlos Tucano, da aldeia Maracanã, que saudou o congresso convidando os estudantes a lutar pelos seus direitos.

Em seguida, os estudantes se dividiram nos grupos sobre políticas educacionais e ensino técnico, soberania nacional e luta popular, democracia e livre acesso à universidade e movimento estudantil. À tarde, houve o debate sobre passe livre todo dia, sob controle dos estudantes, e participaram da mesa: Gladson Reis, 1° vice-presidente da Ubes, Raphael Almeida, coordenador-geral da Fenet, Carlos Henrique, presidente da Aerj e Jonatan Silva, representando o grêmio do Colégio Pedro II de Realengo. Esse debate aprovou que a principal bandeira de luta para a próxima gestão será a conquista do passe livre em todos os dias sob controle estudantil.

Após o debate, teve início o ato pela memória e a verdade. Homenageando e elegendo como patrono da Aerj o estudante Marco Nonato da Fonseca, aluno do Colégio Pedro II – Humaitá, na década de 1960 e militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), pela sua história de dedicação à luta contra a Ditadura Militar e pelo socialismo. Nesse ato, estiveram presentes Carlos Eugenio Paz, o Comandante Clemente, ex-dirigente da ALN que militou junto com Marco Nonato; o companheiro Afonso (ex-militante do PCBR), Marcos Villela, do PCR, Jaques D’ornellas, da União Nacional dos Anistiados (UNA) e Esteban Crescente, da UJR.

Para terminar o congresso, junto com a plenária final, foram chamados para compor a mesa os ex-presidentes da Aerj, que realizaram uma bonita saudação em homenagem aos 10 anos da entidade.

Na sequência, a plenária final aprovou as propostas formuladas pelos grupos de debate e elegeu a nova diretoria, que terá a frente, como presidente, a estudante Juliana Alves, que agradeceu aos estudantes e fez um balanço da entidade:

O congresso terminou com uma peça de teatro preparada pelos estudantes da cidade de Itaperuna, baseada no livro Batismo de Sangue, de Frei Betto.

Redação Rio