UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sábado, 19 de abril de 2025
Início Site Página 716

Viva os estudantes! Por Mercedes Sosa

0

Bela homenagem da eterna Mercedes Sosa aos estudantes, “jardins de nossa alegria, aves que não se assustam com animal e nem com a polícia”; que “rugem como os ventos” e “marcham sobre as ruínas com as bandeiras ao alto.”

Maria Lacerda de Moura e o Feminismo Classista

Na última década da República Velha, era evidente o desencanto pelo que tal república não chegou a ser. O modelo constitucional de 1891, a descentralização política e a autonomia dos governos locais eram duramente criticados. Assim, o ambiente intelectual dos anos 20 apresentava-se rico em manifestações que sugeriam a necessidade de transformações na vida brasileira. O ano de 1922 é um marco simbólico desse período: ocorre o centenário da Independência, a fundação do Partido Comunista Brasileiro, a realização da Semana de Arte Moderna, a primeira rebelião tenentista, a Fundação do Centro Dom Vital e a institucionalização do movimento de mulheres, todos compondo manifestações de diferentes vertentes de um estado de inquietação que predispunha a mudanças.

“A crescente urbanização e a especialização em inúmeras áreas de produção econômica e de educação proporcionam à mulher oportunidades de diversificação profissional, tempo e necessidade de interromper os deveres absorventes relacionados aos cuidados com a família para refletir e participar de questionamentos sobre seus papéis e direitos na vida social”1.

O Brasil, que passa de uma estrutura agrária atrasada a uma incipiente, mas progressiva, industrialização, é o Brasil dos feminismos conflitantes de Bertha Lutz e de Maria Lacerda de Moura, e pelo feminismo “inquieto” e inquietante de Pagu2.

Em 1919, Bertha Lutz (1894-1976), chega a São Paulo, recém-vinda de Paris, onde se formou em biologia na Universidade de Sorbonne. Na França, percebeu a necessidade da luta sufragista no Brasil. Maria Lacerda de Moura (1887-1945) também chega de viagem. Vem lá do interior das suas Minas Gerais para São Paulo. Também sente que precisa fazer “alguma coisa” pelas mulheres.

Maria Lacerda de Moura nasceu em Manhuaçu e mudou-se aos cinco anos com seus pais para Barbacena, ambas cidades mineiras. Formou-se na Escola Normal de Barbacena (1904) e trabalhou como educadora, adotando a pedagogia de Francisco Ferrer e lecionando em Escolas Modernas. Como líder comunitária, iniciou um trabalho junto às mulheres da região, incentivando um mutirão para construção de casas populares destinadas à população carente da cidade, e fundou a Liga contra o Analfabetismo.

“Entre nós e as palavras

Os emparedados

Entre nós e as palavras,

O nosso dever de falar”

Maria Lacerda de Moura

Ainda em Barbacena, cidade na qual havia publicado Em torno da educação (1918), livro no qual manifesta seu otimismo pela libertação feminina como resultado do processo educacional e, no ano seguinte, Renovação (1919), em que começa a demonstrar sua preocupação com a exclusão do povo do processo sociopolítico, já manifestando dúvidas quanto à expectativa da obra anterior. Os livros tratam da instrução das mulheres como instrumento transformador de suas vidas. Nessa época, assumiu a presidência da Federação Internacional Feminina, entidade criada por mulheres das cidades de Santos e São Paulo. Inseriu em seus estatutos, em 1921, a proposta de modificação do currículo de todas as escolas femininas, incluindo uma disciplina sobre a História da Mulher. A chegada a São Paulo, em 1921, na década da aceleração industrial que iria forjar o ideário de “locomotiva do Brasil”, confrontou-a com as difíceis condições de vida do proletariado paulista, fazendo-a perceber a que feminismo deveria engajar sua paixão militante.

Em 1921, encontra Bertha Lutz e fundam a Liga para Emancipação Intelectual da Mulher (Leim), um grupo de estudos que buscava a emancipação intelectual das mulheres e que assumiu a luta pelo voto feminino. A atuação das ativistas da Liga consistia, basicamente, em dar entrevistas, escrever artigos para jornais sobre o direito ao voto para as mulheres bem como dar subsídios sobre esta questão para parlamentares.

Maria Lacerda de Moura, porém, logo deixou o grupo de Bertha Lutz, alegando que a luta de Lutz e de suas companheiras iria beneficiar algumas poucas mulheres. Enquanto as primeiras não confrontavam o poder patriarcal instituído, Moura identificava o homem como opressor na figura do capitalista que explorava o trabalho das mulheres. Militante anarquista, ela pensava o feminismo no contexto das lutas de classe.

Céli Pinto3 nomeia essas duas tendências do movimento feminista brasileiro como feminismo bem-comportado4, o liderado por Bertha Lutz, e feminismo malcomportado, no qual se enquadraria Maria Lacerda de Moura. Em suma, essa diferença tem a ver com as classes sociais das feministas. As “bem- comportadas” voltavam-se para os anseios das mulheres das classes média e alta: direitos políticos; é o feminismo do discurso ameno e reformista. As “malcomportadas” preocupavam-se com os direitos das trabalhadoras das classes baixas que cumpriam extensos horários de trabalho e sofriam assédio dos seus chefes ou patrões.

As mulheres que militavam junto ao feminismo malcomportado anteciparam, no Brasil (pois já havia toda uma discussão feita pelas comunistas europeias como Clara Zetkin e Alexandra Kollontai), o debate da especificidade das mulheres sob a exploração capitalista, levantando como principal bandeira a luta da questão do tempo de trabalho, denunciando a dupla jornada a que estão submetidas as mulheres operárias.

“As operárias feministas da época denunciaram a exploração de que se sentiam vítimas. Lutaram de muitas formas (greves, protestos, manifestações) contra as condições de trabalho a que estavam sujeitas, os baixos salários, a opressão sexista exercida pelos patrões, a discriminação nos sindicatos, a opressão na família operária”5. A greve das tecelãs da Fábrica São Bento (Jundiaí-SP, em 1906) foi provavelmente a primeira de uma série de demandas por melhores salários posta em pauta. Sucederam-se as greves de 1907, o manifesto de 3.000 mulheres por maior salário e menor jornada de trabalho (que, em alguns casos, chegava a 13 horas), a greve do Cotonifício Crespi, em 1917, que logo se expandiria, chegando a atingir 30.000 têxteis paralisados na cidade de São Paulo e interior, eficazes no sentido de causar constrangimentos às desigualdades sociais observadas.

Podemos ver claramente a posição destas mulheres nos trechos do manifesto distribuído pela União das Costureiras, Chapeleiras e Classes Anexas do Rio de Janeiro:

Vós que sois precursores de uma era onde possa reinar a igualdade

 para todos, escutai: tudo que fazeis em prol do progresso, militando no

 seio das nossas associações, não basta! Falta ainda uma coisa,

 absolutamente necessária e que ocorrerá mais eficazmente

 para o fim desejado por todos os sofredores.

É a Emancipação das Mulheres (…)

Maria Lacerda de Moura tornou-se ativa colaboradora da imprensa operária, publicando em jornais como A Plebe e O Combate. Em 1923, lançou uma revista mensal intitulada Renascença, “cujo objetivo era lutar pela emancipação feminina, a divulgação das artes plásticas, da música e da poesia”6. Em um artigo dessa revista, referiu-se positivamente às reformas educacionais promovidas pelos bolcheviques na URSS.

No Brasil, o movimento operário incorporou duas questões básicas para as mulheres: a luta contra os baixos salários e a opressão sexista exercida pelos patrões. Tal situação da mulher operária, condicionada por um moralismo conservador, propunha uma ação política para as mulheres em decorrência da atitude de seus homens, que lhes reservava apenas o papel de companheira, definindo a casa como espaço da mulher, enquanto mulher de um homem, cuidando de crianças e tarefas domésticas, ao lado do trabalho extradoméstico que crescentemente ia penetrando cada vez mais em seu cotidiano; destarte, as contribuições de Maria Lacerda de Moura buscavam destruir pela base esses dogmas e as próprias posições de algumas dessas mulheres que os iam revendo gradativamente.

Numa sociedade que marginaliza os setores ligados ao trabalho produtivo e os setores femininos da população, os comunistas vão desenvolver a luta contra essa exclusão, tomando o operariado como um todo, distinguindo muito vagamente uma ou outra questão resultante da interseção operários-mulheres. É justamente aí que se insere o feminismo de Maria Lacerda de Moura. “A consciência do alijamento do operariado da vida cidadã não lhe oblitera a percepção da dupla exclusão vivida pela mulher operária, as discriminações por ela sofridas, as condições de formação da família, os mecanismos de criação do conformismo feminino e daqueles capazes de reproduzir essa condição subalterna, tanto no trabalho doméstico quanto no assalariado”.7

Sua concepção de emancipação, humana e feminina, leva-a a identificar e denunciar, de modo insistente e mesmo redundante, um de seus principais inimigos: o totalitarismo fascista. Insistindo na impossibilidade de libertação do indivíduo numa organização social burguesa baseada na exploração, na escravização do outro, na elevação de anseios fúteis à necessidade, desfralda sua bandeira antifascista.

Entre 1928 e 1937, viveu em uma comunidade agrícola autogestionária, em Guararema. Tal comunidade foi desfeita pelo governo opressor de Getúlio Vargas, levando-a a refugiar-se no Rio de Janeiro, onde trabalhou como radialista até o fim de sua vida.

Maria Lacerda de Moura foi uma das mais importantes lutadoras feministas do Brasil, sendo uma das primeiras a pensar a luta das mulheres sob a ótica da luta de classes. Os seus livros e artigos eram focados em temas que consistiam em tabus para a época. Com efeito, era diletante acerca dos seguintes temas: educação sexual dos jovens, direito ao prazer sexual, divórcio, maternidade consciente e prostituição. Sempre criticou e contrariou a moral burguesa, denunciando a opressão exercida sobre as mulheres, particularmente as mais pobres.

O pensamento visionário de Maria Lacerda de Moura reflete sua importância ao longo da história da luta das mulheres no Brasil. Valia-se de um discurso para ser ouvido e entendido como grande protagonista de seu tempo.

Diogo Belloni
Militante da UJR

Fontes:

  1. LEITE, Miriam Lifchitz Moreira. A outra face do feminismo: Maria Lacerda de Moura. São Paulo: Ática, 1984.
  2. Pagu, uma rebelde da vida e das artes, foi existencialmente uma feminista, apesar de em seu tempo não se identificar com aqueles que assim se nomeavam. Acreditava que as reivindicações das mulheres deveriam estar vinculadas à transformação da sociedade. Irreverência, inconformismo, coragem e ideal assinalaram seu jeito de viver, distanciando-a do ideal feminino de sua época, que se tratava de um feminismo reformista.
  3. PINTO, Céli Regina Jardim. Uma história do feminismo no Brasil. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2003.
  4. As bem comportadas eram as feministas cívicas, tendência no movimento feminista de maior repercussão nas primeiras décadas do século XX.
  5. PENA, Maria Valéria Junho. Mulheres e trabalhadoras: presença feminina na constituição do sistema fabril. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
  6. PINTO, Céli Regina Jardim. Uma história do feminismo no Brasil. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2003.
  7. BUITONI, Dulcília Schröder. Imprensa feminina. São Paula: Ática, 1990.
  8. LEITE, Miriam Lifchitz Moreira. A outra face do feminismo: Maria Lacerda de Moura. São Paulo: Ática, 1984.

Um diálogo surreal citadino

0

O poste parou, pensou e falou para o cano: “muita água ainda para rolar?”

E o cano, na ponta da língua, respondeu: “tanta quanto a que rola na hidroelétrica, mas sem fiação que a aproveite por todos os lugares!”

A pedra de calçamento, ouvindo a conversa, pensou em voz alta: “no final tudo volta ao pó.”

O tijolo, que assistia a toda a prosa silencioso, refletiu consigo e comentou aos demais amigos: “no fundo, sem nós e sem nossas obras, talvez não se concebesse a urbanidade.”

E o gás, ali embotijado no subsolo, devaneou: “o progresso eu acompanhei, para evitar a morte das árvores; mas eu mesmo trago um pouco das finadas florestas e matas pré-históricas … e de animais pré-históricos … e até os pré-humanos!”

Mas o telefone público, na sua sabedoria, explanou: “todos nós, cada um em sua linha de condução, temos nossa função social e importância para o futuro da humanidade.”

O relógio da praça, com um leve acelerar no compasso dos ponteiros, cogitou para consigo próprio: “eles mudam de forma e de lugar, mas sempre pensam o mesmo!”

 João Paulo Santos Mourão, estudante de Comunicação Social da UFPI

Empregada doméstica: trabalho ou escravidão?

5

Durante o período da escravidão no Brasil, as tarefas domésticas e os cuidados com os filhos dos senhores eram realizados pelas escravas, supervisionadas pelas “sinhás”, as donas da casa. Como eram escravas, sofriam todo tipo de exploração.

Mesmo com  o fim da escravidão decretado, legal e tardiamente, em 13 de maio de 1888, a relação entre a dona da casa e a “empregada” ficou disfarçada, mas em sua essência pouco mudou. Recente pesquisa do Ipea [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada] mostra que os empregados domésticos brasileiros estão trabalhando mais e ainda continuam ganhando menos do que um salário mínimo. Desses trabalhadores, 93% são mulheres e menos de 30% têm carteira assinada. Além disso, a maioria das empregadas (61%) é negra e quase metade tem entre 30 e 44 anos de idade. Atualmente, a média salarial das empregadas domésticas brasileiras é de R$ 386,45, bem abaixo do salário mínimo.

O estudo do Ipea mostra também que a jornada média de trabalho das empregadas domésticas no Brasil é de 53 horas semanais, sendo este o trabalho remunerado com maior déficit de trabalho decente.

De fato, as empregadas domésticas geralmente estão distantes de suas comunidades de origem, “importadas” para o trabalho em casas de pessoas de classe média. Assédio moral e sexual, violência, trabalho forçado e pesado, jornadas extenuantes, alimentação limitada, baixos salários, não pagamento de horas extras, ausência de contribuição à Previdência Social e de acesso à saúde e até a retenção de documentos estão entre os ­abusos registrados contra essas profissionais.

Entretanto, esta não é uma realidade só do Brasil. Grande parte das mulheres da América Latina trabalha como empregada doméstica. No México são 5,5 milhões, na Argentina, 3,5 milhões, e, na Colômbia, 2,4 milhões, segundo dados da OIT [Organização Internacional do Trabalho].

Ainda é comum as famílias mandarem buscar meninas no interior para trabalhar em suas casas, com a desculpa de “criá-las”. As empregadas domésticas chegam ainda crianças e têm que enfrentar responsabilidades de adultos e longas jornadas de trabalho, muitas vezes à desculpa de que a pessoa “faz parte da família”, o que encobre o prolongamento da jornada de trabalho.

De acordo com a lei, a empregada que cozinha e cuida de crianças não deve ganhar mais por isso. A patroa também pode descontar até 20% do salário referente à alimentação e ainda cobrar um aluguel para ela morar no emprego.

Segundo dados do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas da Bahia (Sindoméstico-BA), “o serviço doméstico é o setor que mais emprega mulheres na capital baiana, cerca de 93,1% do total de trabalhadores. O fator racial é preponderante. Das seis capitais estudadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas em São Paulo e Porto Alegre os negros ou pardos não são maioria. Com 91,9% de trabalhadores domésticos afrodescendentes, Salvador apresenta o maior índice do país. A profissão só foi regulamentada na Constituição de 1988, assegurando conquistas como férias, décimo terceiro salário, folga semanal, aposentadoria e licença-maternidade. Apesar disso, a empregada doméstica ainda não tem todos os direitos trabalhistas previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Sendo chamadas de “senzalas modernas”, as casas dos patrões são onde as empregadas em geral moram, em quartos pequenos, e não andam no mesmo elevador”.

 Além disso, ainda existem as agressões físicas e morais das patroas contra as empregadas, que ocorrem no dia a dia e são colocadas nas telenovelas de forma divertida, como é o caso da nova novela da TV Globo em que a cantora de eletroforró vivida pela atriz Cláudia Abreu agride a empregada doméstica vivida pela atriz Thaís Araújo, retratando esse comportamento como se fosse apenas “probleminhas entre mulheres” ou “conflito de personalidade”. Frases como “lhe pago não é pra tu ficar na rua não, sua égua!” e cenas em que a patroa joga sopa na empregada, por ter queimado sua roupa, são tratadas como diversão. O objetivo é transformar esta exploração e opressão cotidiana das trabalhadoras domésticas em piadas e divertimento. A realidade é que em nossa sociedade as mulheres trabalhadoras são tratadas como mercadoria. Vemos esta exploração da trabalhadora doméstica cristalizada como algo natural desde a escravidão até os dias de hoje.

Por isso, somente quando tivermos uma sociedade coletivizada as chamadas tarefas domésticas, com restaurantes, lavanderias coletivas e creches que realmente atendam a todos e a todas, é que as mulheres e homens terão liberdade de fato e, então, teremos o fim da exploração de todos os trabalhadores e dessa discriminação.

Gabriela Valentim e Carolina Mendonça, São Paulo
Militantes do Movimento de Mulheres Olga Benário

 

FNT: queremos a democratização do lazer

0

A Verdade entrevistou o presidente da Frente Nacional dos Torcedores (FNT), João Hermínio Marques, sobre a organização dos torcedores no Brasil e a situação do estádio do Maracanã. A FNT teve grande destaque na campanha pela saída do corrupto Ricardo Teixeira da CBF e está na linha de frente da luta contra a privatização do estádio.

A Verdade – Por que a FNT luta contra a privatização do Maracanã?

João Hermínio Marques – A privatização do Maracanã é uma derrota para o futebol brasileiro. O estádio é símbolo do futebol nacional, é cartão-postal do país, e privatizá-lo é como vender uma praia. Pior que isso, mais de um bilhão de reais do dinheiro público estão sendo gastos em uma reforma destrutiva para “higienizar” o estádio. Acabaram com a geral, com a arquibancada e, agora, para piorar, querem privatizar o estádio todo. Somos contrários à privatização do Maracanã porque entendemos que somente com gestão pública podemos cobrar o atendimento da função precípua do estádio, qual seja a democratização do lazer e da cultura.

Qual a importância da organização dos torcedores de futebol?

O futebol é um eixo da identidade nacional, é o esporte mais popular do mundo; está nas escolas, nas praças, nas ruas, nos estádios, o futebol está em nosso cotidiano. A politização do torcedor é um caminho a ser aberto para profundas mudanças sociais. O torcedor é um grande militante de seu clube. Compra ingresso, camisa, material esportivo, vive o dia a dia do clube. Se a gente O conseguir para a luta social, o povo ganha. É evidente que inicialmente devemos partir dos nossos problemas porque, afinal, o futebol sofre muito com o avanço do capital. Eis o fenômeno nefasto da elitização do futebol.

O Estatuto do Torcedor trouxe algum avanço para o futebol?

O Estatuto foi progressista no que tange à cobrança de transparência dos cartolas, na imposição de uma organização desportiva melhor. Também foi avançado na questão do plano de jogo. O grande problema do Estatuto, porém, foi a Lei nº 12.299/2010, que veio para estabelecer a “ditadura na arquibancada”, condicionando faixas e bandeiras ao crivo policial. Sem falar na criminalização da pirotecnia. Enfim, o Estatuto hoje criminaliza e sufoca a cultura torcedora ao mesmo passo que não são cumpridas as boas normas em prol da transparência, da organização e do plano de jogo. O plano de jogo nada mais é do que um diálogo entre os envolvidos na segurança da partida (torcidas, clubes e polícia) dias antes de sua realização, coisa que, infelizmente, não ocorre. 

O movimento conseguiu a saída de Ricardo Teixeira da CBF, mas, aí, entrou José Maria Marin. Mudou alguma coisa?

Mudou. Dizer que não mudou nada é pessimismo exacerbado. Ricardo Teixeira é amigo da Globo e de congressistas, era tido como “incaível”. Era o homem forte da Copa do Mundo 2014 e possível futuro presidente da Fifa. A situação era extremamente temerária. A queda dele era uma necessidade básica, uma batalha a ser vencida. Vencemos. A ascensão de Marin, malufista e ex-governador biônico de São Paulo, gerou enorme turbulência na CBF. Há uma crise declarada, uma fragilidade institucional. Teixeira era o chefe, e, quando o chefe cai, sempre temos um clima de instabilidade. Assim, a batalha contra Ricardo Teixeira foi vitoriosa. Agora a atmosfera é oportuna para uma tomada revolucionária torcedora. Estamos diante de um momento revolucionário no futebol.

Como você vê a Copa do Mundo no Brasil? O país gasta bilhões com estádios e corta verbas para a saúde e educação…

Quem gosta de futebol ama Copa do Mundo. Infelizmente, porém, desde 1974 (Copa da então Alemanha Ocidental) a Copa é um jogo de empresários. João Havelange, brasileiro, filho de um belga traficante de armas, então presidente da Fifa, vendeu o torneio a um grupo de empresários. Assim, a bola – nas Copas do Mundo desde a década de 70 – é exclusividade de uma marca esportiva. Então, desde 1974 a Copa do Mundo já não é a Copa do Mundo dos amantes do futebol. O objetivo da Copa não é mais a popularização do futebol pelo mundo, mas, sim, a busca do lucro empresarial. Sobre a Copa no Brasil, entendo que não há mais volta. Portanto, o dever dos movimentos sociais é lutar por um legado social. Sabemos da dificuldade que isso implica, mas nosso dever é seguir na luta, é evitar a privatização do Maracanã, é derrubar Ricardo Teixeira, por exemplo. Nesse momento estamos pautando no Congresso Nacional uma PEC [Proposta de Emenda Constitucional] para que o Estado possa regulamentar as organizações desportivas. Como no sistema em que vivemos a CBF não pode ser estatal, que pelo menos ela seja regulamentada pelo Estado, criando-se diretrizes democrático-populares. Isso é lutar por uma Copa do povo.

Rafael Colleto, Rio de Janeiro

Mulheres das Américas unidas por direitos e igualdade

0

O Movimento de Mulheres Olga Benario realizou, entre os dias 18 e 20 de maio, a 1ª Conferência de Mulheres das Américas, na cidade de São Bernardo do Campo, em São Paulo. Estiveram presentes cerca de 300 delegadas de 13 Estados do Brasil e sete países das Américas (Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Peru, Uruguai e Venezuela, além da europeia Alemanha).

Na mesa de abertura, diferentes entidades e autoridades saudaram a realização do encontro. Um vídeo em homenagem a Olga Benario emocionou todos os presentes e deu o tom de combatividade que a homenageada sempre demonstrou em suas ações.

Nancy Bello, da Venezuela, ressaltou o compromisso de trabalhar pelas mulheres do povo que sofrem no seu dia a dia com as mazelas do capitalismo: “Que essa corrente que está em nossas entranhas seja cada vez mais revolucionária”, exaltou a camarada.

O conjunto de pessoas que compuseram essa mesa abordou as diversas bandeiras em defesa das mulheres e de toda a classe trabalhadora. Alicia Fernandes, do Uruguai, lembrou que “são as mulheres trabalhadoras que sofrem com a dupla exploração e as péssimas condições de trabalho. Nossa luta não é só uma questão econômica, mas de saúde, educação, moradia, enfim, de melhores condições de vida”.

Denúncias e homenagens

Um dos temas principais da conferência foi “A luta das mulheres frente à crise do capitalismo”. As delegações presentes relataram as inúmeras dificuldades que o capitalismo impõe aos trabalhadores, principalmente em tempos de crise, como a perda de direitos adquiridos, o desemprego, a redução das aposentadorias… e tudo isso atingindo principalmente jovens e mulheres.

Foi apresentada, como única saída para derrubar esse sistema, a organização das mulheres em um partido operário de vanguarda, forte, verdadeiramente comunista, que cumpra o papel de impulsionar a indignação dos povos com mobilizações e formação política e ideológica.

Outro momento que emocionou a todas foi a “Homenagem às mulheres assassinadas pelos governos ditatoriais das Américas”, que lembrou mulheres que lutaram por democracia, por direitos,  pela revolução social e sofreram com a repressão extrema dos governos de seus países. Foram lembradas revolucionárias de ontem e de hoje como Soledad Barret, Iara Iavelberg, Anatália Souza, Ana Sosa, entre outras. A música fez parte desse momento: a cantora popular Karina França foi responsável pelas intervenções culturais desse ato e trouxe ao momento obras de Violeta Parra, Chico Buarque, Mercedes Sosa e Sérgio Sampaio, que rememoraram as lutas populares.

Organização das mulheres e de suas famílias

As mulheres dos povos das Américas foram sempre a vanguarda dos movimentos deste continente.  Essa foi a constatação da mesa de debates “As experiências de organizações de mulheres das Américas”.

Em muitos países, a mobilização surge da necessidade básica como a luta por saneamento, energia, creches, lavanderias e restaurantes populares. Nos últimos anos, na Argentina, cresceu a participação das mulheres na luta pela moradia, no combate às drogas e nos movimentos estudantis. “As mulheres argentinas começaram a acordar e elevar sua consciência para lutar por  seus direitos. Foi isso o que aconteceu durante a ditadura militar, com as Mães da Praça de Maio”, afirmou Laura Montes, membro de La Multisetorial de la Mujer, de Mar del Plata, Argentina.

Foi consenso na mesa de debates que, mesmo com os avanços conseguidos, as mulheres permanecem ligadas ao mundo privado da casa, ao trabalho doméstico. Por isso, essas mulheres perceberam a necessidade de elevar a consciência de suas famílias, o que fez com que muitas inserissem seus filhos na luta para que eles compreendessem a importância de também lutar por seus direitos.

Outra discussão presente no segundo dia da conferência foi a forma como as mulheres burguesas se organizam para a manutenção do poder com o objetivo de continuar explorando a classe trabalhadora, como lembrou Cecilia Jaramillo, do Equador. Diante desse quadro, as mulheres operárias foram obrigadas a se contrapor a essa realidade. Organizaram lutas nos campos, nas fábricas e nos bairros para barrar todo tipo de exploração e, por consequência, elevar a qualidade de vida do povo. Nessa perspectiva, vê-se a importante da união de homens e mulheres na luta de classes.

Foram vários os relatos que expressaram a opressão em que vivem as mulheres, como em casos em que são obrigadas a usar fraldas para não saírem de seus postos de trabalho quando precisam ir ao banheiro ou da proibição de sair das fábricas.  Lembramos aqui o caso das mulheres que morreram assassinadas pelo incêndio ocorrido no século passado em uma fábrica, nos EUA, que deixou mortas cerca de 130 operárias tecelãs – fato que originou a data que marca a luta das mulheres no mundo, o Dia 8 de Março.

Declaração final do Encontro Continental de Mulheres

“Nossa luta não é contra as homens ou mulheres, mas sim contra o sistema capitalista”

 “A exploração e opressão da mulher é uma realidade inerente à sociedade dividida em classes; assim como toda a classe trabalhadora, as mulheres pobres são cada vez mais massacradas e agredidas por esse sistema, vivendo as contradições do capital x trabalho. Desde que se desenvolveu o direito à propriedade privada e a divisão social do trabalho, a mulher também se tornou um objeto de posse. As mulheres, nesse sistema, são dupla e até triplamente oprimidas, recebem salários inferiores nas mesmas funções, são mais afetadas com a falta de direitos trabalhistas e com a precariedade dos serviços básicos.

Com a atual crise do sistema capitalista, crescem as demissões e pioram as condições de trabalho. Sofrem mais as mulheres, pois recebem os piores salários, ocupam as piores funções e são as primeiras a serem demitidas. As professoras, uma profissão essencialmente feminina, têm jornada tripla de trabalho, recebem muito pouco e vêm de perto o sofrimento e a fome nos bairros pobres. Essa superexploração causa enfermidades, como tendinite, LER, alergias, estresse em níveis elevados, entre tantos outros que comprometem a saúde destas trabalhadoras.

O direito da mulher à maternidade e ao trabalho

As mulheres são as que mais sofrem com a falta de direitos e acesso às condições de vida dignas, reflexos do sistema econômico vigente. Quando se trata das jovens, negras, pobres, homossexuais e índias, a discriminação e exploração são ainda maiores. Essa é a realidade da maioria dos países da América Latina.

Não há creches nos locais de trabalho, universidades e escolas, o que não garante o direito das mulheres a trabalhar e a ter sua formação.  A licença maternidade é inferior à necessária para a mãe e para o bebê e muitas jovens são expulsas das moradias universitárias quando ficam grávidas, ou seja, toda a responsabilidade da gravidez recai sobre a mulher. Portanto, defender a existência de creches e escolas públicas de qualidade é defender o direito da mulher à maternidade, ao trabalho e à educação.

Desde que nascem, o tratamento familiar dado às meninas é diferente do que é dado aos meninos . As meninas são criadas para serem donas de casa e mães, são educadas para serem submissas aos homens. E os meninos educados para o espaço público, para o comando e para a agressividade.

Aborto legal para não morrer

 A mulher jovem é privada de participar dos espaços públicos, é presa, enclausurada em casa e em muitos casos sofre violência física e sexual doméstica por parte dos pais, companheiros e/ou responsáveis, que se sentem donos delas, evidenciando assim, o grande machismo existente na cultura capitalista.

Não há políticas para educação sexual, gerando um número cada vez maior de gravidez precoce, ao mesmo tempo que gera inúmeras mortes por abortos clandestinos nessa faixa etária. A igreja também ocupa papel importante diante do Estado, definindo questões que dizem respeito à decisão da mulher e à saúde pública.

É necessária, então, uma atenção à saúde da mulher, a descriminalização e legalização do aborto. Desmistificar os dogmas religiosos e o preconceito em relação a este ponto. Garantir educação sexual para decidir, anticonceptivos para não abortar e aborto legal para não morrer.

As mulheres são extremamente sexualizadas e são transformadas em mercadorias à venda (corpo e imagem). E apesar de toda a propaganda sexual da mídia, as mulheres é que são ditas culpadas em casos de estupro, alegando o uso de roupas inapropriadas e insinuações. Além da violência sexual, existem vários outros tipos de violência, como a patrimonial, doméstica, moral, psicológica, obstétrica, entre outras. O movimento de mulheres deve combater veementemente qualquer um destes tipos de violência, bem como as suas causas. Também se devem exigir as condições materiais para aplicação das leis conquistadas ao longo dos anos, como a Lei Maria da Penha, no Brasil.

 As mulheres pobres se prostituem e as famílias vendem suas meninas por dinheiro e serviços necessários à sua sobrevivência; outras vezes elas são sequestradas, com a mesma finalidade. A América Latina é a principal rota para a venda de mulheres, tanto para o mercado sexual como para a venda de órgãos. Uma vez prostituídas, sofrem mais violência, quase institucionalizada, de tão naturalizada que parece ao senso comum. É papel ainda do movimento de mulheres aprofundar o debate sobre a prostituição e os problemas relacionados a esta.

Participação política

Estaremos mais próximas da resolução destes problemas com a maior participação das mulheres nos espaços de decisão. Durante muito tempo, as mulheres foram impedidas de participar da política; apesar de hoje termos alcançado este direito de atuar politicamente, ainda é insuficiente, tendo em vista que somos mais da metade da população mundial. A principal causa disto são as condições econômicas de nossos países, que reservam a mulher um papel inferior na sociedade. Exemplo disso é que a direção dos movimentos sociais, organizações e partidos, é, em sua maioria, masculina. As diretorias de mulheres nas entidades e organizações, quando existem, são postas em plano secundário. É importante que as mulheres participem e sejam eleitas para parlamentos e para cargos executivos, pois isto é uma acumulação de forças para a luta revolucionária.

Precisamos trabalhar com esses problemas específicos das mulheres trabalhadoras, estudantes, camponesas como uma forma de atraí-las para luta do movimento de mulheres. Intensificar a formação política, partindo destas lutas concretas. Trabalhar esses problemas com uma perspectiva de classe, apontando a ideologia proletária.

Os países latinos americanos são explorados pelos países imperialistas, elevando o nível de opressão aos povos. Como já apontado, as mulheres sofrem ainda mais com isto; portanto, é papel do movimento de mulheres lutar contra todos os imperialistas, para a garantia da libertação nacional de nossos países. Condenamos veementemente a invasão inglesa das ilhas Malvinas, território da Argentina. E a invasão imperialista a todas as nações e povos do mundo!

Solidariedade

Nós nos solidarizamos e exigimos a liberdade das e dos presos políticos populares da América Latina, Caribe e de todo o Mundo! Rechaçamos a criminalização dos protestos sociais em nossos países. Exigimos o fim de toda a legislação antiterrorista, pois são usadas apenas para criminalizar os lutadores populares e revolucionários. Exigimos também o julgamento e a prisão comum para os repressores das ditaduras fascistas e genocidas.

Nós, da América Latina, somos herdeiras do sangue de diversas revolucionárias: Olga Benário, Ana Soto, Celica Gomez, Iara Iavelberg, Marilena Vilas Boas, Soledad Barret, Azucena Villaflor, Ana Sosa, Helena Quinteros, Rosita Paredes, Augusta La Torre, entre tantas outras que deram sua vida para a construção de um mundo melhor, igual e socialista.

Por isso, concluímos que a emancipação da mulher só se dará com uma revolução proletária, o fim do capitalismo e a construção do socialismo, no caminho de uma sociedade sem classes. Destruir as bases culturais, políticas e ideológicas do velho sistema, que lucra com a exploração e opressão das mulheres é o único modo de garantir plenamente os direitos femininos e igualdade entre mulheres e homens. Nossa luta não é contra as homens ou mulheres, mas sim contra o sistema capitalista”.

Ana Rosa Carrara, São Paulo

Sobre Stálin

0

Durante sua vida o camarada J. Stálin motivou a admiração e o carinho da classe operária e de todos os povos da vasta União Soviética e também o respeito e a amizade dos trabalhadores dos cinco continentes, o ardor e o entusiasmo dos comunistas de todos os países e, é obvio, o ódio dos reacionários, dos imperialistas e burgueses que se sentiam feridos profundamente pelas colossais realizações da União Soviética, pelas grandes ações econômicas, culturais, tecnológicas e científicas dos trabalhadores e da intelectualidade socialista, pelos grandes e impressionantes triunfos da revolução, do socialismo e dos comunistas.

Nessa conjura contra Stálin, sobre cujo nome se combatia o comunismo, se destacou por sua maledicência e persistência a propaganda nazista que não deixava passar um dia sequer sem lançar suas malditas calúnias.

Esse ódio contrarrevolucionário e anticomunista caracterizou também Trotski e seus seguidores.

Pouco depois da morte de Stálin se somavam ao coro dos reacionários e anticomunistas de todos os países que sempre o insultaram, as vozes dos “comunistas” que ascenderam à direção do Partido e do Estado soviético.

Desde então, até nossos dias, o anti-stalinismo é a voz recorrente de todos os reacionários, dos ideólogos da burguesia, dos trotskistas, dos revisionistas e dos oportunistas de todas as cores.

Atacando Stálin se pretende derrubar as extraordinárias realizações do socialismo na União Soviética e no que fora o campo socialista, se quer minimizar e, inclusive, ignorar as grandes contribuições do Exército Vermelho e dos povos soviéticos na luta decisiva contra o nazismo, tenta-se denegrir o partido comunista e o regime socialista como totalitários, como negação da liberdade e da democracia. Em nome de Stálin se ataca Lênin, Marx e o socialismo. Difamar Stálin como um burocrata e sanguinário significa atacar a ditadura do proletariado e, com isso, negar a liberdade dos trabalhadores e dos povos, a democracia socialista. Caluniar Stálin como um ignorante e medíocre é desconhecer suas grandes contribuições à teoria revolucionária, ao marxismo-leninismo. Atacar Stálin significa negar a necessidade da existência e da luta do partido comunista, transformá-lo em um movimento de livre pensadores e anarco-sindicalistas, lhe tirar sua essência leninista, o centralismo democrático.

O cúmulo do anti-stalinismo é tachar de stalinistas a quem traiu a revolução e o socialismo em nome de acabar com os “crimes de Stálin” e fazer da União Soviética um “país democrático”. A estupidez dos reacionários e dos oportunistas não lhes permite distinguir que Kruschev, Breshnev, Gorbachov e Yeltsin, confessos anti-stalinistas, destruíram pedra por pedra a grande obra da classe operária e dos povos soviéticos, dos comunistas, de Lênin e de Stálin.

Os ataques a Stálin são de tal magnitude que, inclusive, um número importante de lutadores sociais, de esquerdistas e de revolucionários tem sido vítima de suas mentiras. No fundamental, trata-se de pessoas sinceras, interessadas na libertação social e nacional mas que desconhecem a personalidade e a obra de Stálin e, por isso, fazem coro a várias dessas tergiversações. Trata-se também de alguns revolucionários pequeno-burgueses que atacam Stálin a partir de posições pretensamente “humanistas”.

Aos comunistas de agora corresponde defender a verdade revolucionária sobre Stálin, já que somos seus camaradas, seus continuadores.

Pablo Miranda, 1º Secretário do PCMLE

Avança preparativos para 23ª Eijaa

0

O 23° Encontro Internacional da Juventude Antifacista e Antiimperialista (EIJAA) acontecerá nos dias 4 a 11 de agosto, em Caracas,Venezuela, com a expectativa da participação de 1.000 jovens, sendo 500 delegados internacionais de 20 países de todos os continentes.

A programação do EIJAA, será intensa, com cinco temas centrais: 1) A crise do capitalismo: seus efeitos sobre a juventude e suas saídas; 2) A luta dos jovens no mundo por democracia e participação política; 3) Educação: Os modelos atuais e as propostas dos movimentos estudantis; 4) Os movimentos culturais do século XXI e 5) A luta pelo meio ambiente é para a vida. Além disso, teremos debates complementares, como o tema da mulher jovem e também atividades recreativas, culturais e esportivas.

Segundo o  do Comitê Nacional Preparatório da Venezuela “a realização do 23° EIJAA desperta grandes expectativas na juventude venezuelana. Esperamos um salto qualitativo na organização dos jovens, e um aprofundamento da luta da juventude por seus direitos”.

Sobre a importancia de sediar esse evento, os membros do Comitê Preparatório na Venezuela afirmaram a A Verdade que “O mais importante de tudo isso é o compromisso revolucionário, educar os jovens a compreender o perigo representado pelo fascismo para o nosso povo, e a necessidade de lutar contra ele de forma organizada, com a clareza de que a única saída para povo é a construção do socialismo científico. Isto para nós é um imenso desafio que nos enche de entusiasmo e sem dúvida nos dará a oportunidade de fazer avançar a luta revolucionária.”

O Encontro acontecerá em meio as eleições presidenciais na Venezuela, e o Comitê organizador venezuelano reconhece que a realização do 23º EIJAA próximo às eleições desempenha um papel muito importante na mobilização, educação e organização da juventude.

Também no Brasil é grande a expectativa para participar do Encontro. A delegação brasileira está sendo coordenada pela União da Juventude Rebelião (UJR) com a criação em cada estado dos Comités  de Preparação do EIJAA e a organização dos lançamentos públicos, buscando convocar amplamente a juventude  para lutar pelo fim da opressão e por um mundo de paz e fraternidade.

Ana Gabriela Fontana, Belo Horizonte

Governo de Rafael Correa viola direitos humanos

0

Num flagrante desrespeito à Constituição e a diversas leis internacionais, o governo do presidente do Equador, Rafael Correa, mantém preso há mais de três meses um grupo de jovens trabalhadores, estudantes e militantes políticos equatorianos acusados injustamente de “terrorismo”, “subversão” e “atentado à segurança do Estado”. Alberto Merchán, Royce Gómez, Javier Estupiñán, Enrique Zambrano, Abigaíl Heras, Santiago Gallegos, Hugo Vinueza, Andrés Castro, Elizabeth Tapia e Cristina Campaña estão detidos na Prisão Feminina e no Centro de Detenção Provisória, em Quito, apesar de que, até agora, nem o governo nem a Justiça a seu serviço tenham apresentado provas dos supostos crimes que teriam cometido.

Os delitos de “terrorismo” e “atentado contra a segurança do Estado” vêm sendo utilizados por Correa para criar medo e conter o crescente descontentamento popular no país. De fato, nos últimos anos têm aumentado enormemente a carestia de vida, o desemprego, o sucateamento da saúde, o analfabetismo e a pobreza. O governo, em vez de enfrentar esses problemas, tenta calar a voz do povo e impede a liberdade de expressão, de organização, de reunião e mobilização, satanizando, perseguindo e prendendo todos os que pensam diferentemente dele.

O caso mais conhecido é o do estudante Marcelo Rivera, ex-presidente da Federação dos Estudantes Universitários do Equador, há 30 meses detido, acusado de “terrorismo”. Rivera, cuja pena o governo quer aumentar em um ano mais, cumpre uma injusta, arbitrária e inconstitucional detenção em uma penitenciária de segurança máxima localizada próximo à fronteira com a Colômbia e conhecida como a “Guantânamo do Equador”. Mesmo tendo ele bom comportamento e tendo cumprido todos os preceitos legais para reduzir sua pena, o Comitê Único de Reabilitação Social, por pressão direta do presidente Correa, negou reiteradas vezes sua liberdade, exigindo para tanto o pagamento de uma multa equivalente a mais de R$ 500 mil.

Outro caso recente se deu no dia 26 de abril, quando, em um novo ato ilegal e de abuso do poder, sete pessoas, entre elas acadêmicos e dirigentes sociais e políticos, foram condenadas a um ano de prisão por apoiar as manifestações de 30 de setembro de 2010 durante uma revolta de policiais contra o governo. Entre os condenados estão Hernán Yáñez, reitor da Universidade Técnica de Cotopaxi (UTC), Edwin Lasluisa, diretor da FEUE, Paul Jácome, deputado suplente do MPD, Xavier Cajilema, vereador, Sílvia Bravo, professora da UTC, Richard Artieda e Carlos Albán. A eles se somam Mery Zamora e William Pazmiño, dirigentes da União Nacional de Educadores (UNE), que também estão sendo processados por “sabotagem e terrorismo”.

Estes são apenas alguns exemplos entre as centenas de processos similares movidos contra quem ousa levantar-se contra a prepotência e o autoritarismo de Correa.

De acordo com Cecilia Jaramillo, presidente da Confederação de Mulheres pela Mudança do Equador (Confemec) e que denunciou a repressão política em seu país durante a Conferência de Mulheres das Américas realizada recentemente em São Paulo, existem atualmente 450 processos contra dirigentes sociais e mais de uma dezena de presos políticos no país. “Nos últimos anos, os trabalhadores e a juventude equatoriana vêm sofrendo com a crescente repressão e perseguição aos protestos sociais, por parte do governo Correa. Nesse período, 204 defensores dos direitos humanos e da natureza foram processados por sabotagem e terrorismo, foram registrados dez casos de perseguição e criminalização contra 48 dirigentes sindicais e 20 processos contra jornalistas”, denuncia Cecilia, que completa: “O país está se transformando em cenário de perseguição contra o pensamento divergente das posturas do governo, que está montando uma estrutura policial para controlar cada vez mais as pessoas. Temos vivido um sem-número de injustiças, arbitrariedades e ilegalidades. Agora, Correa manipula a justiça, processa e prende  todos os que pensam diferentemente dele – dirigentes sociais que a única coisa que querem é que exista no Equador democracia, trabalho digno, salários justos, educação de qualidade e justiça para quem comete atos de corrupção e viola os direitos humanos. Mas lutar por isso é considerado, por Rafael Correa, ato terrorista que atenta contra a segurança do Estado, por isso ele prende a mães e pais de família, injustamente”.

Liberdades democráticas em perigo

Mas não apenas os militantes de esquerda e as organizações são sociais perseguidos pelo governo porque questionam o caráter democrático de Rafael Correa. O Exame Periódico Universal dos Direitos Humanos da ONU também manifestou, em sua última reunião, preocupações quanto às liberdades dentro do país. Para o delegado da Suíça presente ao encontro, o Equador vive “um clima de censura e autocensura, pelo que se deve trabalhar pelo respeito à liberdade de expressão e de imprensa”.

Outro relatório, desta vez divulgado pelo Programa de Direitos Humanos da Universidade Andina Simón Bolívar com dados referentes a 2011, apresentou um quadro mais detalhado de como se encontram os direitos humanos no Equador. O documento, um esforço conjunto de diferentes organizações sociais e acadêmicas, mostra que no Equador existe um “cenário de prepotência e autoritarismo que viola os direitos fundamentais das pessoas”. De acordo com Enrique Ayala Mora, um dos organizadores do relatório, “não vivemos uma ditadura no Equador, entretanto há traços de autoritarismo preocupantes, sobretudo o fato de se considerar que dirigentes de movimentos sociais são terroristas” – prova de que o governo de Rafael Correa não é nenhum regime democrático, mas um governo repressor e prepotente.

Governo espiona oposição

Além de perseguir e prender todos os que pensam diferentemente dele, o governo Correa também oficializou a espionagem contra movimentos sociais e dirigentes políticos da oposição por meio do Regimento para a Implementação do Sistema de Vigilância Técnica Eletrônica, que restringe ainda mais os direitos estabelecidos na Constituição do país. Sob o pretexto de combater a “insegurança e a delinquência organizada”, o governo instaurou uma ampla rede de vigilância eletrônica que constitui uma perigosa ameaça aos direitos dos cidadãos do país.

Não bastasse, ultimamente é notável a presença de pessoas do governo infiltradas nas mobilizações, assembleias e demais atividades das organizações sociais e populares para levantar dados e informações sobre os dirigentes, denegrir o movimento popular e forjar “evidências” que justifiquem processos contra os manifestantes.

Como se percebe, a linha do governo de Rafael Correa de criminalizar o protesto social e perseguir e prender líderes sociais e dirigentes políticos da esquerda desrespeita a Constituição equatoriana, viola os direitos humanos e configura uma perigosa conduta que busca silenciar os povos, impedir o livre desenvolvimento das organizações sociais e amedrontar os críticos e opositores de sua política antipopular.

Entretanto, longe de lograr êxito, a repressão imposta por Correa faz crescer a indignação e a luta do bravo povo equatoriano por um país verdadeiramente livre e democrático.

Heron Barroso

CMP realiza plenária nacional em Aracaju

0

Aracaju sediou, de 25 a 27 de maio, a Plenária Nacional da Central de Movimentos Populares (CMP), com a presença de 20 Estados brasileiros e de cerca de 150 delegados, que debateram o tema “Central é para lutar, construindo o socialismo no movimento popular”. A plenária rearticulou a força do movimento popular em todo o Brasil e, com bastante unidade, convocou o V Congresso Nacional da CMP Brasil.

No primeiro dia, Wellington Bernardo, coordenador do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas e da coordenação nacional da CMP, disse que, “neste momento de crise econômica que vive o mundo, a CMP precisa não só manter viva a luta do povo pobre, como também esclarecer de onde vem a exploração, qual a raiz dos seus problemas e conscientizá-lo de que o caminho para ter uma vida digna é a construção de uma sociedade socialista”.

Os dias seguintes foram dedicados ao debate de construção do V Congresso da CMP, que ficou marcado para o período de 23 a 26 de outubro de 2013. Esse encontro comemorará o 20º aniversário da CMP.  Durante 20 anos a Central foi construída em cada luta do povo pobre do Brasil por reforma urbana, direitos sociais e o socialismo. “Precisamos manter viva essa trajetória de combatividade que marca a história da CMP; nosso povo já comprovou que é organizado e entendeu que é na luta que se conquistam moradia digna e direitos sociais”, disse Wellington Bernardo.

Num clima de unidade e animação, foram definidos os critérios de participação dos Estados que devem organizar seus congressos e garantir uma grande bancada para o fortalecimento do debate e a reconstrução da CMP pela base.

A CMP também repudiou a brutal e arbitrária reintegração de posse promovida pelo Poder Judiciário e pela polícia do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, contra as famílias da ocupação Eliana Silva, que se organizaram para lutar por seu direito à moradia digna, e reafirmou que as ocupações são uma forma legítima de luta que o povo tem para se defender da opressão.

Ésio Melo e Juliete Pantoja, Aracaju

Ocupação Sá Pereira arranca compromisso para moradia em Belém

0

Organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas, cerca de 100 famílias, incluindo idosos e crianças, ocuparam na madrugada do dia 6 de maio um prédio do INSS, na cidade de Belém, Pará. A ocupação foi denominada Sá Pereira, em homenagem ao companheiro Carlos Sá Pereira, fundador do Sindpetro Pará, preso político em 1964q964 e militante do PCR, falecido no ano passado.

Durante o domingo, os ocupantes limparam o prédio e receberam visitas e apoio de vários outros movimentos e vizinhos que doaram comida, água e um fogão para ocupação.

Na noite de domingo, os membros da ocupação que se encontravam reunidos em assembleia geral foram surpreendidos pela ação truculenta da Guarda Municipal que invadiram e expulsaram os ocupantes do prédio com gás lacrimogêneo e agredindo crianças e idosos.

Logo após o despejo, as famílias se reuniram em praça pública e decidiram permanecer em luta realizando na manhã do dia 7 de maio, um ato público que teve início no local da ocupação, que estava cercado por uma tropa da Guarda Municipal, e terminou em frente da Prefeitura de Belém. Na ocasião, uma comissão de quatro companheiros foi recebida pelo Chefe de Gabinete do prefeito, o Sr. Oseas Junior e à tarde pelo secretário de Habitação do município, o Sr. Oswaldo Gonzaga. Na audiência, o secretário assumiu compromisso de as famílias num projeto para a construção de 100 casas.

Após a vitoriam Fernanda Lopes, da coordenação do MLB, declarou a A Verdade que o movimento espera que a prefeitura cumpra com o compromisso firmado e que puna os responsáveis pela violência praticada pela Guarda Municipal. “As famílias estão no clima de aumentar ainda mais a influência do MLB nos bairros de Belém e dispostas a lutarem com todas as forças para verem o sonho da casa própria ser realizado.”

Redação – Pará