Acontece nos dias 10 e 11 de fevereiro de 2012 o 1º Encontro Estadual do Movimento de Mulheres Olga Benário, da Paraíba. O evento, que conta com o apoio do Jornal A Verdade e dos governos da Paraíba e de João Pessoa, entre outros, se realizará na ESPEP – Mangabeira VII, em João Pessoa. Mais informações nos telefones (83) 8773-7283 e (83) 8703-3135.
Às 4hs da manhã de hoje, segunda-feira, 30 de Janeiro, 350 famílias sem-teto ocuparam um terreno da União sob administração da Universidade Federal de Pernambuco, em Recife, no bairro do Engenho do Meio. A ação é coordenada pelo Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas – MLB, o mesmo que no último Dezembro ocupou os corredores do Shopping Center Recife numa mobilização chamada de “Natal Sem Fome”, conquistando 250 cestas básicas de uma grande rede privada de distribuição de alimentos. O terreno nunca foi utilizado e só servia para acumulo de lixo.
Às 10hs o movimento já tinha conseguido organizar toda a infraestrutura coletiva, com banheiros, distribuição de água, cozinha e fornecimento de energia elétrica. A polícia militar visitou o local, mas, não tomou nenhuma ação por o terreno ser de propriedade federal. O Grupo Tático Operacional – GTO, agentes de segurança interna da UFPE, estão de prontidão do lado de fora do terreno. Vários veículos da imprensa local já foram ao Engenho do Meio para relatar os acontecimentos. A imprensa da Universidade também registrou o movimento e espera-se que a Reitoria dê um pronunciamento oficial sobre a ocupação até o final da tarde.
Às 15h um Comissão do MLB foi recebida pela Chefe de Gabinete da Reitoria da UFPE, Solange Galvão Coutinho e Ivaldo Pontes diretor presidente da FADE-UFPE, que afirmaram que não faria a reintegração de posse antes que todos os canais de diálogos fossem utilizados para se chegar numa solução negociada e iria marcar uma nova reunião com a presença do Reitor Anísio Brasileiro. Em solidariedade ao movimento participou da reunião Luis de La Mora professor da UFPE e Oníldo Romão acessor do Deputado Federal João Paulo.
A capital pernambucana é uma das campeãs nacionais entre os municípios com maior quantidade de aglomerados de habitações irregulares. Em todo o Brasil, 7,9 milhões de famílias estão excluídas do acesso à moradia digna. Nas cidades brasileiras, homens e mulheres, jovens, adultos, crianças e idosos vivem como animais, comendo comida estragada do lixo e morando em casebres de papelão ou debaixo das pontes. De acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2020, 55 milhões de brasileiros viverão em favelas.
Programa da TV CUT de Alagoas cobre o ato de solidariedade a Pinheirinho realizado em Maceió. Entrevistas com: Luizinho, do PT, Magno Silva, presidente do Sindsuper-AL, coordenador do MLC – Movimento Luta de Classes e do PCR – Partido Comunista Revolucionário, Isac Jackson, presidente da CUT-AL, Jaci Afonso, secretário nacional de organização da CUT e a vereadora do PSOL Heloisa Helena.
Revoltados com o assassinato do presidente do seu sindicato, M. Murali Mohan, os trabalhadores da empresa Regency Ceramics, na cidade de Yanam, Andra Pradesh, Índia, invadiram a casa de seu patrão e lhe espancaram com canos de chumbo até a morte.
Em greve desde o dia 2 de janeiro, mas reivindicando desde outubro de 2011 aumento salarial, a regularização de terceirizados e a reintegração de colegas injustamente demitidos, a empresa chamou a polícia na última quinta-feira para tentar resolver uma discussão com os trabalhadores. Murali, presidente do sindicato, foi demitido poucas horas após a polícia ter deixado o local.
Na manhã seguinte, às 06hs da manhã, Murali voltou à empresa e com outros trabalhadores organizou um piquete, obstruindo a entrada dos fura-greves. A polícia então foi acionada e agrediu os trabalhadores com cacetetes (chamados de lathis, na Índia), ferindo mais de 20 deles, incluindo Murali, que morreu a caminho do hospital. Centenas de trabalhadores se reuniram no lado de fora da delegacia e exigiram a condenação dos responsáveis por homicídio.
Várias medidas civis, como toque de recolher, foram impostas na cidade devido à rebelião que se iniciou e levou à morte do vice-presidente geral (e também presidente de operações e gerência) da Regency Ceramics, K. C. Chandrashekhar. Segundo a polícia, vários veículos foram queimados no lado de fora da delegacia. Oito trabalhadores foram atingidos num tiroteio, sendo crítica a situação de dois deles.
Assim que se espalhou a notícia da morte de Murali um grupo de 600 trabalhadores, apoiado pela população local, queimou cerca de 50 carros, ônibus e caminhões da empresa, ao mesmo tempo que outro grupo se dirigiu à casa de Chandrashekhar.
Os trabalhadores da Índia recebem os menores salários entre os quatro países do chamado BRIC, o que lhe confere o título de país mais pobre deste grupo, apesar de sua economia ser considerada emergente.
A Regency Ceramics conta com 1.200 trabalhadores, sendo 800 deles terceirizados. O sindicato estava reivindicando a regularização de pelo menos aqueles com mais de 15 anos de serviço. Segundo o atual presidente de honra do sindicato, Harsha Kumar, os trabalhadores da Regency não tem aumento salarial há 10 anos.
Com menos de 2 minutos de duração, este desenho resume várias características do imperialismo: as promessas de prosperidade econômica às custas da própria soberania; a compra de políticos; a atuação de elementos obscuros por trás dos bastidores; a devastação ambiental, as catástrofes e a quebra do estado, que se torna incapaz de oferecer serviços básicos à população; a submissão de países pobres inteiros às grandes empresas e, o que não podia faltar, as guerras e a resistência dos povos pela luta armada.
Este texto é um desabafo. Não pretendo que seja uma análise aprofundada. Outros artigos estão sendo escritos com esse propósito, por gente bem mais capacitada que eu. Expresso aqui a revolta que contamina meu coração desde domingo passado, quando acordei com a notícia de que os milhares de moradores do Pinheirinho, em São José dos Campos, estavam sendo desalojados.
Estive lá na semana passada, numa visita de solidariedade àquelas pessoas que estavam na iminência de serem despejadas de um terreno que ocupavam desde 2004. A juíza Márcia Faria Mathey Loureiro, da 6ª Vara Cível de São José dos Campos, assinou a reintegração de posse (pomposo termo jurídico para despejo) em favor do senhor Naji Robert Nahas, notório especulador cujo nome aparece nas manchetes de jornal associado a crimes como lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas.
Foram muitos os esforços para tentar deter o despejo, de advogados que se voluntariaram a ajudar os moradores do Pinheirinho, até sindicalistas, militantes de partidos de esquerda, movimento dos sem-teto, dos sem-terra, parlamentares, artistas como o rapper Emicida. Formou-se uma verdadeira rede de apoio, como há muito eu não via. Fiz questão de visitar o Pinheirinho porque queria fazer mais por aqueles moradores do que simplesmente desenhar charges. Fiz questão tambem de registrar imagens da ocupação, sempre mostrada pela imprensa como um acampamento de rebeldes que armados de paus e pedras se recusavam a acatar pacificamente uma ordem judicial.
O que encontrei não foi surpresa. Estive em visita a ocupações urbanas e rurais por algumas vezes na vida. Os moradores do Pinheirinho me lembravam os camponeses que conheci em Rondônia e no Paraguai. Aqueles olhares, os sorrisos de boas vindas e os pés descalços, gente humilde, de poucos recursos mas de muita coragem, que precisa de terra pra viver, e não para a especulação imobiliária. No Pinheirinho conheci uma família que saiu do interior da Bahia, onde sobreviviam do que conseguiam achar num lixão, e que construíram uma vida nova a custa de muito trabalho. O pai catando materiais recicláveis, a mãe vendendo secos e molhados em casa e a filha fazendo fraldas descartáveis. Tenho até hoje o papelzinho com o preço das fraldas. Conheci também o seu Jaime, um paranaense que veio com a família, e que me mostrou orgulhoso a horta que cuidou com tanto carinho, incluindo os pés de café que trouxe do Paraná. Visitei a Pamela e sua filhinha de 30 dias, e vi seu quintal, todo decorado pelo seu companheiro com brinquedos coloridos.
Vi crianças jogando bola, brincando no chão de terra enlameado depois da chuva, vi a jovem mãe levando seu filho no carrinho, tentando desviar das poças de lama. Com um celular ia compartilhando estas imagens com os internautas. Queria que todos vissem de que se tratava de gente, de carne, osso e alma, e não apenas figuras sem nome no noticiário da TV. Por esse exercício de humanidade não passam os que usam suas canetas de ouro para assinar ordens de despejo, nem tão pouco os policiais que as cumprem.
É comum a gente imaginar que por trás dessas decisões judiciais estejam figuras engravatadas que tem prazer em desalojar famílias pobres, que acham graça, riem, fazem piada, como vilões de filmes ou histórias em quadrinhos. Cheguei a conclusão de que não é bem assim. O despejo dos 9000 residentes daquele terreno foi uma ação burocrática, desprovida de sentimento. Fora os policiais militares, esses sim, que tem prazer em seu ofício brutal, os burocratas sequer tem contato com as vidas que destroem. As famílias do Pinheirinho são apenas obstáculos a serem removidos. Quando faço charges associando tais ações ao nazismo é porque identifico nelas a mesma ausência de humanidade. Penso em Adolf Eichmann e a tranquilidade com que descrevia o processo pelo qual deportou milhares para campos de concentração. Aquilo era para ele tão somente um ato administrativo. Nem a juíza Márcia Faria, nem Naji Nahas, nem o prefeito de São José dos Campos Eduardo Cury ou o governador de São Paulo Geraldo Alckmin se dispuseram a visitar a ocupação, já que seus moradores não são ninguém, não são nada além de um estorvo, um obstáculo ao império da ordem e da indústria imobiliária. Milhares de almas jogadas na rua, sem qualquer remorso ou compaixão, em favor de alguem que, diferente dos moradores do Pinheirinho, não precisa trabalhar para viver, sustenta-se através da falcatrua, da corrupção, das amizades influentes. Os moradores ficaram sem lar, mas os que os despejaram, voltaram para o conforto de suas casas.
Quem vai se lembrar daquela gente quando, no terreno onde antes havia o Pinheirinho, for construído um mega shopping center? Quem sabe o novo empreeendimento seja batizado como “Pinheirinho Mall” ou talvez a palavra Pinheirinho nem seja mais usada pela administração municipal, na tentativa de apagar de vez a memória do que antes foi uma ocupação. Mas como diz o ditado popular, “quem bate esquece, quem apanha lembra”.
Mais de 6.000 pessoas da comunidade do Pinheirinho foram despejadas numa operação de guerra fascista e de terrorismo de Estado. O Governo terrorista de Geraldo Alckmin, em nome dos abutres da especulação imobiliária, aplicou o império do mercado e da propriedade privada contra o direito à vida e à moradia.
Este vídeo revela os jogos de interesses na expulsão dos 9.000 moradores da ocupação Pinheirinho, de 8 anos, em São José dos Campos. Traz, também, imagens do dia da desocupação (22/01) e depoimentos sobre a truculência policial.
Os 12 anos do Jornal A Verdade foram comemorados no Rio de Janeiro com muita política, cultura a animação. Estiveram presentes representantes de diversos movimentos e entidades sindicais, estudantis e populares.
A Polícia Militar iniciou na manhã de ontem, 22/01, a reintegração de posse na ocupação Pinheirinho, em São José dos Campos, interior de São Paulo.
Ocupado há 8 anos, o terreno de 1,3 milhão de metros quadrados pertence à massa falida da empresa Selecta S/A do dito empresário, na verdade megaespeculador, Naji Nahas, acusado pela Polícia Federal por operações fraudulentas na bolsa de valores, utilizando suas empresas, inclusive a Selecta, para gerar especulações.
Estima-se que cerca de 9 mil pessoas vivem na comunidade.
Uma mega operação com cerca de 2 mil soldados do batalhão de choque, helicópteros e carros blindados agiu desde às 6h da manhã de ontem com muita repressão e truculência. Os moradores resistiram a deixar o local, tentando impedir a entrada dos policiais na ocupação e assim começaram os confrontos. Balas de borracha, bombas de gás-lacrimogênio e de efeito moral, muita cacetada e até balas comuns fizeram parte da operação contra homens, mulheres, crianças e idosos.
Dados oficiais anunciam que, até agora, 31 pessoas foram presas. A polícia acusa todos de serem suspeitos de envolvimento com tráfico de drogas, roubos e outros, e afirma que a desocupação tem sido pacífica com exceção desses casos, porém os moradores negam essa afirmação.
Não há até este momento nenhuma confirmação de mortos ou feridos por parte da polícia e a imprensa anuncia ter informação de 10 feridos. No entanto, segundo informações dos militantes do MTST, ao menos 3 pessoas foram assassinadas, entre elas uma criança de 4 anos de idade, que chegou morta ontem as 18hs ao PS Vila Industrial após levar 1 tiro de borracha no pescoço.
“Temos várias testemunhas, mas os hospitais – por ordem expressa da prefeitura e da PM – não confirmam as informações, temendo ampliar a indignação e a resistência”, informa Guilherme Boulos, militante do MTST, em informe por e-mail.
Conflito de competências ou luta de classes?
A polícia cumpre uma ordem emitida pela juíza Maria Loureiro, da Justiça Estadual, para reintegração de posse. Entretanto, o Tribunal Regional Federal (TRF) estabeleceu uma liminar suspendendo a reintegração. Este “conflito de competências” do judiciário foi remetido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas, antes mesmo de seu parecer, a decisão estadual foi acatada, demonstrando mais uma vez que a justiça nessa sociedade tem lado e defende os interesses da burguesia.
Hoje, militantes do MTST, entidades e pessoas apoiadoras ocuparam o Ministério da Justiça em Brasília com o objetivo de pressionar o Governo Federal a enviar tropas da Polícia Federal para que a decisão do TRF de São Paulo que cancela o despejo do Pinheirinho seja cumprida.
Segundo o MTST, “uma oficial de justiça do TRF esteve ontem no despejo para notificar o comandante da PM de SP para parar a operação, mas sem o envolvimento da Polícia Federal isso não ocorrerá”.
“A Polícia Federal tem o dever legal de cumprir a ordem da Justiça Federal, por isso ocupamos o Ministério”, completa o informe do Movimento.
Solidariedade
O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas – MLB – se solidariza com os moradores do Pinheirinho e condena a política truculenta do governo de São Paulo, mais uma vez agindo em defesa da classe que representa, a burguesia, e, para isso, pondo em risco a vida de trabalhadores e trabalhadoras.
Reafirmamos a necessidade da luta pela reforma urbana com políticas efetivas de atenção ao enorme déficit habitacional do nosso país, que priva nosso povo do direito humano de morar dignamente, como tarefa urgente dos movimentos populares e a luta pelo socialismo como estratégia única capaz de eliminar definitivamente as desigualdades sociais no Brasil e no mundo.
Em 1978, quando levou seu show “Transversal do Tempo” para Recife, Elis participou de um ato público promovido por Dom Helder Câmara e “driblou” a polícia para homenagear o líder estudantil Edival Nunes, o Cajá.
“Elis era temperamental. Não levava desaforo para casa”. Essas duas frases viraram clichês para definir a personalidade de Elis Regina (1945-1982). Alguns viam nisso a força que ela sempre impôs para a sua carreira. Outros enxergam suas atitudes com reservas. O certo é que Elis, cuja morte completa 30 anos nesta quinta-feira (19), comprava não só suas brigas, como as dos outros também.
Um dos casos mais famosos em que Elis mostrou seu temperamento ocorreu em 1976, quando a cantora Rita Lee foi presa acusada de porte de maconha. Quando soube do fato, Elis decidiu ir ao Presídio do Hipódromo, na região central de São Paulo, para visitar a companheira de profissão. Em plena ditadura militar, fez um escândalo, pediu para ver a cantora e exigiu que um médico examinasse Rita, que estava grávida.
Mas nem só famosos contavam com o apoio de Elis. Um outro episódio, esquecido e revelado recentemente pela revista Continente, ocorreu no Recife, em 1978 , durante o governo de Ernesto Geisel. Elis estava na cidade para apresentações do show “Transversal do Tempo”, que tinha um roteiro com viés político e de forte crítica social. Lá, quis se encontrar com Dom Helder Câmara (1909 –1999), à época arcebispo de Olinda e Recife, conhecido por sua atuação contra as violações de direitos humanos no Brasil, em especial durante a ditadura.
Quem aproximou Elis e Dom Helder foi a atriz e especialista em cultura popular Leda Alves. Elis a procurou por indicação de Frei Betto. Por coincidência, neste mesmo dia, à noite, haveria uma missa em favor da libertação do líder estudantil Edval Nunes da Silva, o Cajá, que havia sido preso em maio de 1978, na capital pernambucana, acusado de tentar reorganizar o Partido Comunista Revolucionário. Elis decidiu que participaria do ato religioso. E assim o fez. Subiu ao altar da Matriz de São José e entoou os cânticos da celebração. “Estávamos em plena ditadura e, mesmo assim, ela não se intimidou”, diz Leda, que se tornou amiga de Elis. Depois da missa, a Elis foi à sacristia conhecer Dom Helder. “Ela estava muito interessada no trabalho que ele fazia em defesa dos direitos humanos”, afirma Leda.
No dia do primeiro show da temporada que faria em Recife, Elis decidiu dedicar o show ao estudante Edival Nunes da Silva, o Cajá. A homenagem rendeu a Elis uma repreensão da polícia local, que ameaçou impedir suas apresentações seguintes. No segundo show, Elis arrumou um jeito de falar o apelido do líder estudantil. Segundo o próprio Cajá, o que foi lhe contado depois é que Elis entrou no palco com a banda desfalcada do baterista. Alegando que não poderia começar o show sem um de seus músicos, perguntou por ele. Alguém apontou o músico sentando em uma das poltronas do Teatro Santa Isabel. Elis, marota, teria dito. ‘Vem cá, já. Não posso começar o espetáculo sem você’. “O público logo entendeu o recado e aplaudiu o ato de Elis”, diz Cajá, que hoje é sociólogo e tem 61 anos.
Antes de deixar o Recife, Elis ainda tentou visitar o estudante na prisão. Não conseguiu. Optou por escrever uma carta. Na correspondência, escrita em um papel timbrado do hotel onde Elis se hospedou, o Othon Palace, Elis dizia para Cajá não esmorecer e continuar a lutar pela liberdade. Para Cajá, o ato de Elis foi ‘iluminado’. “Depois de Elis, outros artistas tentaram me visitar, como os atores Bruna Lombardi e Cláudio Cavalcanti”, afirma. “Ela tinha um compromisso com o que há de mais bonito no ser humano: a liberdade”, diz Cajá.
Cerca de três meses após sua saída da prisão, em junho de 1979, Elis voltou ao Recife para uma apresentação e tentou marcar um almoço com Cajá. Ele, que havia acabado de se tornar pai, não pode comparecer, mas disse que, posteriormente, iria a São Paulo se encontrar com a cantora. O encontro dos dois nunca aconteceu . Em 19 de janeiro de 1982, o sociólogo, em meio a uma reunião da União Nacional dos Estudantes, foi surpreendido pela notícia da morte de Elis. No próximo mês de março, quando Elis completaria mais um aniversário, ele pretende realizar um show com artistas locais em homenagem à amiga.