UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quinta-feira, 17 de julho de 2025
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Vídeo mostra ocupação em PE

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Nove meses é o período de uma gestação, e foi o tempo necessário entre reuniões e ocupação para 350 famílias conquistarem suas casas. Num terreno da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que há 30 anos não tinha nenhuma utilidade, as famílias organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas/PE (MLB) conquistaram terreno para construção de suas casas.

Arte e cultura em homenagem a Bolívar e à Venezuela

Movimento de Mulheres Olga Benário“O novo mundo deve estar constituído por nações livres e independentes, unidas entre si por um corpo de leis em comum que regulem seus relacionamentos externos”.

Nesta frase de Simón Bolívar vêem-se os ideais de um homem que lutava não só pela libertação de um povo, senão que pela integração destes. Junto a José Martí, Bolívar foi um dos principais ícones de libertação da América do poderio do Império Espanhol.

No dia 24 de julho, lembraram-se os 229 anos deste revolucionário que tanto contribuiu para a libertação e integração dos povos latino-americanos.

Reunidos na Praça Bolívar e Abreu e Lima, na cidade, emancipada há apenas 30 anos, e que leva o nome deste outro revolucionário que também em muito contribuiu pela emancipação dos povos latino-americanos, Abreu e Lima, cerca de 100 participantes de diversos movimentos sociais, com o apoio da prefeitura do município, não só homenagearam Bolívar como saudaram o governo que tem assumido o compromisso de levar adiante as idéias deste revolucionário, implementando o que chamam de Governo Bolivariano: o governo da Venezuela e seu presidente Hugo Chávez.

Entre os participantes e organizadores estavam o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, MST; o Centro Cultural Manoel Lisboa, CCML, a prefeitura municipal de Abreu e Lima; a União dos Estudantes Secundaristas e Pernambuco, UESPE; o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal Rural de Pernambuco, DCE-UFRPE / Odijas de Carvalho; o Centro de Estudos e Educação Popular, CEEP, de Paudalho; o Movimento de Mulheres Olga Benário; o Movimento de Luta nos bairros Vilas e Favelas, MLB, entre outros.

O ato contou não só com falações em homenagem, apoio e solidariedade, mas também com inúmeras apresentações culturais, que envolveram todos que passavam pela praça que puderam prestigiar o evento e sentir a integração dos povos através não só da luta, mas também da arte e cultura populares.

Thays Santos e Bruno Melo, Recife

Em memória de Aloísio Teixeira

Aloísio TeixeiraMorreu na manhã desta segunda-feira, aos 67 anos, o economista Aloísio Teixeira, ex-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Aloísio morreu após um infarto fulminante, quando estava em casa no Rio de Janeiro.

Aloísio Teixeira teve ao longo de sua vida uma importante trajetória em defesa da educação e na luta por uma sociedade mais justa. Foi militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) durante a ditadura militar e ao longo de sua carreira de economista se especializou em Programas de Bem-Estar Social.

Reitor da UFRJ de 2003 até 2011, Aloísio se destacou na defesa do livre acesso à universidade e na criação de programas que ampliassem o acesso e garantissem a permanência de estudantes de escolas públicas nas universidades.

Aloísio liderava um grupo de estudo do marxismo e foi professor de Economia Política – Teoria Marxista. Defensor do socialismo e do povo, ele também foi um ativo colaborador e assinante do jornal A Verdade.

Da Redação

FARC-EP realiza ofensiva e desmoraliza política de guerra

Uma grande ofensiva das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP) na cidade de Toríbio, no Departamento de Cauca, vem sendo destaque em diversos meios de comunicação, mesmo os burgueses. Além de Toríbio, estão em permanentes ataques os municípios de Argélia, Miranda e Jambaló, todos situados no mesmo Departamento.

A guerrilha colombiana demonstra ao mundo em geral, e as oligarquias colombianas e ao imperialismo em particular, que ela não apenas não vem “perdendo força”, como tanto propalavam as autoridades deste país, como recentemente deram mostras claras e irrefutáveis de novo vigor, crescimento e determinação. Durante mais de uma semana, realizam um cerco a estas cidades e impuseram fortes baixas materiais e humanas ao exército oficial, bem como uma contundente humilhação ao governo.

A guerrilha conta com forte apoio popular, sobretudo da maioria indígena presente nas localidades. Os indígenas chegaram a exigir a saída imediata do exército, bem como espontaneamente atacaram as barricadas, tricheiras e antenas de comunicação utilizadas pelos militares na cidade de Toríbio. Também entraram em confronto fisíco direto com o exército oficial tentando remove-los a força. Por sua vez, a guerrilha chegou a derrubar no último dia 11/07 um caça supertucano, modelo brasileiro, vendido pelo governo brasileiro de Lula ao estado terrorista colombiano. Estes caças, num total de 25, custaram 240 milhões de dólares aos cofres públicos da Colômbia, com o único objetivo de ser utilizado contra a guerrilha.

Embora o governo brasileiro tenha procurado manter uma política externa relativamente independente, a venda de armas ao belicista e terrorista Estado Colombiano constitui uma postura inadmissível de nosso governo, ainda mais quando se sabe claramente que tais armamentos serão utilizadas contra o povo e para manter esta covarde política de guerra.

Por fim, cabe ressaltar que, ao derrubar este caça, a guerrilha demonstra ao mundo seu poder bélico e antiaéreo, e comprova mais uma vez que nenhum armamento, por mais moderno e devastador que seja, poderá eliminar a guerrilha. Suas causas remontam as grandes desigualdades sociais existentes, a exploração capitalista a que são submetidos os trabalhadores e camponeses. Somado a este ambiente, o governo narco-terrorista colombiano, que com sua política de guerra e de repressão ao povo só consegue cada vez mais atrair contra si a insatisfação popular, como demonstram os índices recentes de popularidade do governo de Juan Manuel Santos.

Falando em Juan Manual Santos, o presidente decidiu comparecer a cidade sitiada, com forte esquema de segurança, para tentar dar mostras de que “chegou para resolver”, mas sua ida só serviu para mais humilhações. De onde ele estava reunido com seu conselho de segurança, as FARC-EP mantinham a menos de 1 km do perímetro diversas barreiras, checando todos os veículos e pedindo documentações de quem entrava e saía da cidade.

Sem garantir nem sua própria segurança, acuado pelos próprios moradores da região, Santos nada alegou a não ser que enviará contundentes reforços para a área, tratando como bonecos de xadrez a vida de seus soldados em nome de suas oligarquias.

Rodrigo Dantas,  cientista social

Invasão à Sede Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro

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O Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro (GTNM/RJ), que há 27 anos vem lutando pela memória, verdade e justiça do período de terrorismo de Estado  no Brasil, sofreu, em menos de 10 dias, duas ameaças das forças retrógadas e saudosistas da Ditadura Civil-Militar.

No dia 11 de julho, o GTNM/RJ recebeu um telefonema anônimo afirmando: “estou ligando para dizer que nós vamos voltar e que isso aí vai acabar”.

Já no dia 19 de julho, a sede do Grupo foi invadida e foram furtados do caixa do Projeto Clínico Grupal a quantia de R$1.567, 37, além de diversos documentos  e notas fiscais de serviço. Alguns arquivos também foram revirados, e o computador estava ligado.

Outras ameaças e invasões na sede e no site do Grupo já foram registradas, o que não o fará se intimidar e recuar nesta luta de quase trinta anos.

A luta pela efetiva Comissão Nacional da Verdade e Justiça, transparente e pública, pela abertura dos arquivos da Ditadura e pelo cumprimento da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos do caso Araguaia só se fortalecerá daqui para frente.

Pela Vida, Pela Paz
Tortura Nunca Mais!

PCR promove debate pela abertura dos arquivos

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Pelo direito à verdade! Punição aos torturadores da ditadura militar!No dia 20 de junho, às 19h, no auditório da Câmara Municipal de São Bernardo, com a participação de cerca de 80 companheiros e companheiras, foi realizado o debate “A Comissão da Verdade e a abertura dos arquivos da ditadura”. O encontro contou com debatedores que constroem essa luta no Brasil, como o presidente do Fórum dos Ex-presos e Perseguidos Políticos de São Paulo, o histórico líder ferroviário e fundador da ALN Rafael Martineli, o vereador de São Bernardo do Campo e líder metalúrgico do ABC na década de 1970 Wagner Lino, o vice-presidente da UNE, Yuri Pires, e Wanderson Pinheiro, do PCR.

O debate ocorreu num grande clima de combatividade gerado pelos vídeos em homenagem aos heróis que lutaram contra a ditadura e pelos poemas recitados por militantes da UJR e do MLB, além das palavras de ordem.

Em sua fala, Martineli destacou que “é preciso construir a organização política tendo claro quem é o nosso inimigo, a burguesia; é preciso fazer como os partidos comunistas do mundo faziam até a morte de Stálin, fazer a educação revolucionária, e não como fizeram os revisionistas, negando a perspectiva de uma revolução armada; foi isso que enfraqueceu a resistência à ditadura”

Wagner Lino alertou para os cuidados com a segurança: “Na organização revolucionária é preciso que cada militante saiba apenas o essencial para o seu trabalho”.

Já  Wanderson Pinheiro afirmou: “O que foi derrotado não foi a política revolucionária e sim o revisionismo daqueles que abriram mão da luta de classes”.

Uma conclusão importante do debate foi a necessidade de se fazer da luta pela abertura dos arquivos uma luta que mobilize a sociedade para avançarmos além do que já conquistamos. Precisamos fazer que a verdade venha à tona e que se julguem os assassinos e torturadores da ditadura. Por isso, ao final foram encaminhadas propostas no sentido de se desenvolver a luta pela abertura dos arquivos da ditadura na região do ABC.

Ao final, todos os presentes se levantaram e cantaram a Internacional Comunista.

Redação SP

Histórias Cruzadas: vencendo o preconceito com a coragem e amizade

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Se existe uma mancha histórica na sociedade moderna, principalmente na sociedade norte- americana, apresentada sempre como exemplo de democracia, é o preconceito racial. E não é de agora. Desde os primórdios da colonização dos EUA, os índios e negros sempre foram tratados como seres inferiores que existiam apenas para servir à classe rica branca. O problema era tão grave que os Estados do norte, onde os trabalhadores eram livres, entraram em guerra com os sulistas, naquilo que ficou conhecido como a Guerra da Secessão e que terminou com a abolição da escravidão.

Entretanto, essa liberdade conquistada pelos negros não passou de ilusão e, na prática, a discriminação e o preconceito eram a realidade. Leis foram criadas para proibir os negros de frequentar as mesmas escolas, e sentar juntos em um ônibus era algo inconcebível. É nesse contexto que se desenvolve o filme Histórias Cruzadas (Help, The, 2011)  do diretor norte-americano Tate Taylor.

O filme nos transporta à cidade de Jackson, Mississippi, em meados da década de 1960, retratando o ódio e o rancor misturados a sentimentos de medo, tristeza e desejo de justiça. Para se ter uma ideia, a  Ku-Klux Klan, organização terrorista de ideologia racista, aterrorizava não só os negros e perseguiam todos os que lutavam contra a discriminação.

Tudo isso nos é mostrado através das aspirações da jovem Eugenia “Skeeter” (Emma Stone) que, logo após se formar, decide escrever sobre a relação entre as patroas brancas e as empregadas negras, seguindo uma direção pouco convencional, ou seja, a visão das negras. Nesse caminho, a jovem jornalista encontra a oposição daqueles que, diferentemente dela, defendiam o preconceito racial. Eugenia também precisa enfrentar o medo inicial das empregadas, mas, ao mesmo tempo, vê nessas mulheres uma coragem que a encanta. A aproximação delas é inevitável. A partir daí a jornalista tem o apoio de duas mulheres importantíssimas para seu projeto:   Aibileen (Viola Davis) e  Minny (Octavia Spencer) que contam várias histórias interessantes e “impublicáveis” sobre a maneira desumana e hostil em que eram tratadas por suas distintas patroas, capitaneadas principalmente pela arrogante Hilly (Bryce Dallas Howard), que, com sua força de persuasão, arrasta outras mulheres como a fútil Elizabeth (Ahna O’Reilly) para um abismo de preconceito em que usam as empregadas domésticas negras como pano de chão em qualquer canto, e fazendo as mais variadas chacotas. Sendo assim, a única opção para Aibileen, Minny e as outras mulheres negras é somente dizer o que sabem de forma que fiquem no ar os nomes das atingidas.

História à parte, o que mais marca nessa obra é a persistência dos personagens ao lutarem pela mudança de suas vidas e a atuação das atrizes. Geniais em todos os sentidos, o que dá emoção ao filme, tanto que Octavia Spencer já levou dois prêmios (Globo de Ouro e o Oscar de 2012) como melhor atriz coadjuvante.

Lene Correa, Recife

“As escolas de samba são quilombos urbanos no Rio Grande do Sul”

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A Associação das Entidades Carnavalescas de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul (Aecpars) é uma entidade que congrega escolas de samba e tribos carnavalescas da capital gaúcha e sua Região Metropolitana. É responsável, juntamente com a Prefeitura de Porto Alegre, pela organização do carnaval da capital do Rio Grande do Sul. Fundada em 9 de fevereiro de 1960, tem um total de 23 escolas de samba e duas tribos carnavalescas. Em entrevista a A Verdade, os diretores da entidade falam sobre a luta dos negros gaúchos através do samba e também sobre a organização do carnaval de 2013.

A Verdade – O Sul é a região de maior população branca do país. Como é ser negro e fazer samba aqui?

Vitor Hugo Amaro (presidente da Aecpars) – Realmente existe aqui uma predominância étnica branca. Mais de 70% da população é branca. No entanto, a comunidade negra é muito forte, e há uma discriminação muito grande. Aos olhos de todo o País, o negro é invisível no Rio Grande do Sul, assim como parece que aqui também não há carnaval. Se você vai a outra parte do País, as pessoas demoram a acreditar que você é gaúcho. E o Estado por diversas vezes ajuda a cumprir esse papel discriminatório. O negro foi retirado da cidade. Eu falo do espaço físico mesmo. A própria sede da Aecpars é um exemplo disso. Nós estamos aqui [Avenida Ipiranga, 311], nesta região central, de teimosos que somos. Esta sede passou três anos fechada porque a vizinhança não queria que fizéssemos samba aqui, num espaço cultural e histórico conquistado ao longo do tempo. Colocaram-nos lá no extremo norte da cidade, lá no Porto Seco, onde fica o Sambódromo. Agora voltamos, porque achamos que é melhor retomar o que é nosso. Nós temos a noção de que as escolas de samba são quilombos urbanos. São redutos, centros de referência da cultura negra.

A Verdade – E o samba, no Rio Grande do Sul, difere muito do restante do País?

Érico Leoti (vice-presidente) Começou no início do século passado, acompanhando o início dessa manifestação no Brasil, como um todo. O carnaval era uma manifestação que saía dos salões (aos quais os negros e pobres não tinham acesso) e tomava as ruas. Só então passou a ter a presença majoritária do negro, que sofria preconceitos, por causa da formação característica do povo gaúcho, de grande ascendência alemã e italiana. Uma característica única do Rio Grande do Sul são as tribos carnavalescas. Essas tribos funcionavam como escolas de samba, mas em seus desfiles o temário era totalmente indígena. Eram 13 tribos, mas devido à influência do “carnaval como espetáculo” do Rio de Janeiro, hoje só existem duas. A gente diz que o carnaval é uma representação teatral a céu aberto. E, aquiem Porto Alegre, tudo isso começou com representações indígenas.

A Verdade Notamos em todos vocês uma atitude militante. Por quê?

Chico Correa (assessor de Relações Públicas) – O carnaval forma uma militância social e de base desde o início, pela força da liderança. E aquiem Porto Alegre, apesar de termos sido retirados da cidade praticamente, o carnaval, por servir de militância, de acesso à base das pessoas no seio da comunidade, mesmo fora do Centro da cidade, apresentou uma evolução fantástica. E a tendência é que esse crescimento seja contínuo, contrariando uma máxima que a grande mídia impõe e passa para a opinião pública, de que o carnaval é apenas festa. Quando dizemos que as quadras de samba são quilombos urbanos, é porque ali existe uma resistência cultural, política e religiosa. A origem do carnaval está ligada aos nossos ascendentes africanos. Agora, em junho, já estamos trabalhando no carnaval de 2013. É emprego e renda o ano todo. O grande ganho da militância do carnaval é o fortalecimento da cidadania.

A VerdadeVocês estão se organizando para que o tema do próximo carnaval seja Cuba. Como surgiu essa ideia?

Alan Silva (Relações Institucionais) – Aqui, no carnaval, nós buscamos conquistar espaço o tempo todo. Pensando nisso, surgiu uma ideia que poderíamos vincular à nossa origem africana. A ideia começou a vingar por aí. A gente pensou em povos que têm majoritariamente negros na sua população, na África, em países de língua portuguesa… depois vindo, se chegou à América Latina. Pensamos que na América Latina o negro é invisível, no âmbito cultural, político e econômico. Quando o sequestrador chegava à África, nas tribos, para levar os negros para outros continentes, separava ao meio cada tribo e suas lideranças, indo uma para um local e outra para outro, porque elas, juntas, seriam um problema grande para o dominador. E, algumas vezes, metade ia para Cuba e outra para o Brasil. Tanto é que, sob o ponto de vista cultural, há nuances de igualdade do povo cubano com o povo brasileiro e, especialmente, duas questões que a gente tem muito presentes: o povo cubano é um povo bondoso, honesto, cumpridor, e sua religiosidade é a mesma do nosso povo. Todos nós somos de estrato operário, obrigatoriamente, pela nossa história, sem direito à propriedade, sem direito ao voto durante uma longa parte da História do Brasil e da América por inteiro. Tentaram tirar nossa dignidade o tempo todo, e o carnaval é um foco de resistência do povo negro. Daí nós tentamos buscar elementos para vincular temas a Cuba. Nós, principalmente, sofremos as chagas do capitalismo, que o povo cubano sofreu e ainda sofre em nível mundial. E mesmo assim a medicina mais avançada, todo mundo sabe, é a cubana. E aqui, quando vemos um médico negro nos hospitais de Porto Alegre…? Nossa medicina é 100 anos mais atrasada que a de Cuba. Nos Jogos Olímpicos, mais um reflexo de um povo avançado, aquela ilhazinha que se destaca diante de continentes, cheia de medalhas.

Érico Leoti A ideia também é fazer do carnaval um instrumento de informação. Mostrando povos em desenvolvimento mundo afora para um segmento da população que fica alijado do conhecimento, e aproveitando essa característica do carnaval, em passar informações para a população em forma de espetáculo com parte visual, musical e de dança. A ideia é que a Aecpars consiga parceria junto ao governo do Estado, que é um governo próximo de Cuba. No Rio de Janeiro, no ano 2000, por causa dos 500 anos do Descobrimento, o governo investiu pesado no carnaval e o tema conseguiu uma grande visibilidade nacional. Aqui, a partir de um incentivo dado pelo governo e prefeitura, as escolas falaram sobre os Sete Povos das Missões. Eram sete escolas falando dos sete povos, uma parte da história do Rio Grande do Sul que é pouco difundida. Há que observar também que o carnaval atua nas camadas carentes da população. Hoje, o projeto que estamos apresentando tem como tema Cuba. Amanhã pode ser sobre outros povos.

Queops Damasceno e Rafael Vieira Pires, Porto Alegre

A importância da contribuição individual para a Revolução

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A primeira tarefa dos comunistas é construir um Partido baseado em organizações fortes e centralizadas com amplo apoio das massas trabalhadoras. Aliás, é exatamente na relação do Partido com as massas que reside a segurança e a certeza do sucesso da Revolução Socialista.

Mas, para ter organizações fortes, é preciso resolver também a questão material, isto é, a contribuição financeira dos membros e apoiadores do Partido. A colaboração do convencimento dos trabalhadores, jovens e demais pessoas que ingressam no Partido e é, muitas vezes, fruto de uma permanente luta política, na medida em que vivemos numa sociedade dilacerada pelas contradições entre as classes sociais.

Não se pode, portanto, afirmar: “Ele não paga por que é descomprometido! É IRRESPONSÁVEL!”. Não. A luta política deve se desenvolver para que todo militante ou apoiador perceba a necessidade da construção partidária.  Em outras palavras, o dever dos militantes e dirigentes é manter um regular aporte financeiro, que cresce, obviamente, quando cresce nosso trabalho entre as massas. Lembremos que o Partido, segundo Lênin, deve ser fundamentalmente uma organização de profissionais, e, para isso, deve ter membros dedicados exclusivamente às tarefas partidárias. É responsabilidade da direção também ampliar a consciência dos apoiadores e militantes, os quais seguirão o caminho revolucionário se tiverem exemplos de abnegação, luta e combatividade, e dedicarão suas vidas à causa do comunismo.

É importante salientar que, desde o início, todo militante deve perceber a necessidade da quotização. São vários os casos de companheiros que ingressam no Partido Comunista sem ter consciência da construção material. Exatamente por isso, os recrutamentos não devem ser superficiais. Não se trata de adiar ou protelar os recrutamentos. Não. Trata-se de realizar um debate franco sobre a Revolução e sua necessidade e sobre o papel de cada um.

Devemos dar a dimensão dessa tarefa, ler e estudar o caráter leninista do Partido, apontar os exemplos que confirmam a nossa linha política e convencer a cada um de que, sem uma organização política dos trabalhadores, é impossível se transformar a sociedade. A quotização está assim ligada a uma necessidade clara: CONSTRUIR O PARTIDO.

Por outro lado, em virtude das dimensões nacionais, torna-se também imprescindível levantar o aspecto unificado da nossa luta. Sem uma arrecadação regular e maciça, como criaremos uma organização forte e nacional? Como poderemos realizar reuniões, congressos e transferir companheiros para um determinado estado? Em resumo, a luta política em relação à construção material é uma luta ideológica contra o individualismo pequeno-burguês, que submete os partidos aos interesses das classes sociais dominantes e impede o avanço da luta revolucionária.

É função, principalmente dos assistentes e secretários de finanças, promover a discussão acerca da regularidade das quotas. Sabe-se que no Partido ingressam, sobretudo, companheiros oriundos das camadas mais pobres da população; que os trabalhadores são superexplorados e possuem uma vida de privações; que, mais cedo ou mais tarde, haverá na família uma demissão, tragédia familiar, etc. Porém, como modificar essa realidade sem uma Revolução? Como realizar uma Revolução sem o Partido Revolucionário?

É necessário que os membros do Partido sempre se sensibilizem com a miserável situação do povo. No entanto, não se pode com isso justificar a falta da colaboração regular. A obra revolucionária será realizada pelos próprios trabalhadores, e, portanto, a decisão de construir esta tarefa passa pela união de operários, camponeses e trabalhadores em geral, de jovens e intelectuais revolucionários, entre outros, que sintam a necessidade de um novo mundo. A contribuição carrega consigo uma ideia, um sentimento, e, acima de tudo, a decisão de destruir a velha sociedade capitalista e construir uma nova, a sociedade socialista.

Serley Leal, militante do Partido Comunista Revolucionário

A Revolução Cubana resiste!

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revolucao cubanaEm visita a Cuba, cinco pernambucanos – dos quais três amigos do Centro Cultural Manoel Lisboa (CCML) – fizeram rotas “alternativas” às rotas turísticas normalmente apresentadas aos visitantes. Optaram por percorrer os íngremes caminhos da revolução abertos por Fidel, Che e Raúl, especialmente nas quebradas da famosa Sierra Maestra. De volta, depois de 4.570 quilômetros percorridos, trouxeram ao CCML as suas percepções do que viram e sentiram ao lado do bravo povo cubano.

Araújo, Jaime, Rosa, Lucimar e Angélica passaram 32 dias andando e conversando com o povo por todo o território de Cuba e, entre as impressões mais marcantes, destacaram as de que a revolução permitiu de fato a independência daquele povo que luta de forma abnegada e permanente em defesa das conquistas da sua revolução. Entre as andanças pelo país, os amigos não poderiam deixar de participar da marcha do 1º de Maio na Praça da Revolução, que este ano teve como tema “Preservar e aperfeiçoar o socialismo”. Registraram na marcha, ainda, manifestações de apoio aos cinco heróis cubanos prisioneiros do império norte-americano.

Um país de dimensões geográficas pequenas, com um território semelhante ao de Pernambuco, com uma economia extremamente limitada que tem por importante suporte a exploração turística e que sofre um embargo econômico de mais de meio século, imposto pala maior potência militar da terra, os Estados Unidos, consegue manter o seu povo com um alto índice de educação, cultura, prática esportiva e um grande respeito à cidadania e ao sentimento de solidariedade humana.

A mulher é tratada, como de fato esperávamos numa nova sociedade, com dignidade, liberdade e respeito, podendo andar nas ruas a qualquer hora do dia ou da noite sem medo dos assédios ou de outros tipos de violência tão comuns em nossa sociedade capitalista. São, de um modo geral, baixíssimos os índices de violência – para se ter uma ideia mais clara, é indispensável estudar o significado do registro de oito assassinatos por ano em todo o país, com uma população de 11 milhões de habitantes, situado a 90 milhas dos EUA, onde existem as maiores taxas de violência e a maior população carcerária do mundo.

Ao indagar sobre a condição da juventude, daqueles que não participaram da tomada do poder pela revolução, suas condições, seus sentimentos, suas atitudes perante a ideologia da revolução socialista, tendo em vista tantas transformações sociais e tecnológicas no mundo, afirmaram os companheiros existirem fortes exemplos de “homens novos” que servem de referência para a juventude, como são os cinco patriotas cubanos presos nos EUA por defenderem a revolução dos ataques terroristas da extrema direita cubana residente em Miami.

À juventude e às crianças é dada especial atenção em relação à educação, à cultura e aos esportes. Desde o nascimento, quando é concedida licença-maternidade de um ano, sendo os seis primeiros meses concedidos diretamente à mãe e os seis meses restantes sob decisão do casal, quando estes em conjunto decidem quem cuidará da criança; posteriormente, a partir de 1 e até os 5 anos de idade, às crianças é assegurado o acesso às creches durante todo o dia. Na escola regular, as crianças passam o dia. Têm acesso assegurado às universidades, onde ingressam avaliadas por seu mérito, além de terem garantido o primeiro emprego com a conclusão de seus cursos. Têm ainda alto índice de acesso à cultura e esporte, em que têm encaminhamento assegurado às escolas especializadas, de acordo com seu desempenho. Não é diferente o cuidado com o acesso à escola, que é garantido, sendo, inclusive, os transportes de melhores condições destinados para este fim.

Ao final da visita ao CCML, os companheiros transmitiram o sentimento de “terem retornado de Cuba mais socialistas do que quando partiram daqui” e guardaram o sentimento de que a revolução cubana, mesmo com tantas conquistas importantes, não é um paraíso, pois tem vários problemas de ordem econômica e política, em parte devidos ao terrível bloqueio econômico imperialista dos EUA, há mais de 50 anos.

 Entre outros problemas, que não sabemos ainda como serão resolvidos: as reformas econômicas recentes, ao permitirem a exploração privada de algumas atividades (restaurantes, pousadas) e a contratação de trabalhadores por esses neocapitalistas, reintroduziram em Cuba a apropriação privada da mais-valia nessas atividades. Terão os cubanos a sabedoria de, no seu devido tempo, corrigir essas distorções, tal como souberam fazer os bolcheviques na época da Nova Economia Política na Rússia?

Bem, esta é uma grande interrogação, mas, enquanto não a resolvemos, é certo afirmar que os povos de toda a América têm muito a aprender com o revolucionário povo cubano.

Thays Santos, Recife

Pavlitchenko, uma mulher no campo de batalha

Indiscutivelmente, as mulheres cumprem papel fundamental no desenvolvimento das lutas da classe operária. Enfrentando contradições mais profundas, o combate feminino se dá em duas frentes: na luta contra o capitalismo e na luta contra a sociedade patriarcal. Grandes foram os exemplos de diversas mulheres que doaram sua juventude, trabalho e até mesmo a vida no combate à opressão praticada pela classe burguesa.

A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) foi vanguarda no que se refere aos avanços das políticas de libertação das mulheres. A URSS implementou uma legislação extremamente avançada sobre os direitos femininos. Entretanto, como bem disse Lênin, “A igualdade perante a lei não é igualdade na vida”.¹ Sendo assim, as mulheres soviéticas foram convocadas a defender, ao lado de seus camaradas e companheiros, a manutenção do Estado Soviético. E assim o fizeram com firmeza e maestria.

Durante os confrontos da II Guerra Mundial, o Exército Vermelho contou com um enorme contingente de mulheres patriotas, em diversos destacamentos e divisões, entre as quais estavam as franco-atiradoras, as “snipers”. Apoiando operações de combate com tiros precisos a longa distância e contra alvos selecionados, as “snipers” foram muito importantes para as vitórias do Exército Vermelho.

Lyudmila Mikhailvna Pavlichenko nasceu em 12 de julho de 1916 na cidade romena de Bila Tserkva. Aos 14 anos mudou-se com sua família para Kiev, onde se associou a um clube de tiro local.  Começou a trabalhar em uma fábrica de armamentos até ingressar, em 1937, na Universidade. Em julho de 1941, aos 24 anos, já cursava o quarto ano de História na Universidade de Kiev, e, nesse período, a Alemanha nazista iniciou a invasão da URSS. A então estudante não hesitou para responder ao chamamento do governo soviético e alistou-se como voluntária no Exército Vermelho. Ao ser selecionada para o 25º Exército, Divisão de Infantaria, recusou-se a cumprir a função de enfermeira, tornando-se assim uma das duas mil mulheres atiradoras de elite soviéticas, das quais apenas 500 chegaram com vida ao fim da guerra.

Lyudmila Pavlichenko lutou por cerca de dois meses nos campos de Odessa. Quando o Exército de Hitler tomou Odessa, seu destacamento foi evacuado. Em maio de 1942, a já Tenente Pavlichenko foi condecorada pelo excelente número de 257 soldados nazistas abatidos. Em julho de 1942 foi alvejada por um morteiro e retirada de campo para recuperação. Após duro  período de convalescença, a combatente não foi reenviada para a batalha, mas para uma importante missão internacional. Relatando suas experiências no front de guerra, seguiu para o Canadá e para os Estados Unidos, sendo a primeira pessoa soviética a ser recebida pelo presidente estadunidense, Franklin Roosevelt.

Já de volta à URSS, Pavlichenko foi promovida a major e não mais retornou ao front. Tornou-se instrutora dos atiradores do Exército Vermelho até o fim da guerra, transmitindo aos soldados vermelhos seu vasto conhecimento e sua inigualável técnica. Em 1943 recebeu uma das mais altas condecorações do Estado Socialista: a Estrela de Ouro de Heroína da União Soviética e seu rosto foi estampado em uma série de selos comemorativos. De volta aos estudos, formou-se historiadora pela Universidade de Kiev e foi assistente de pesquisas do chefe do quartel-general da Marinha Soviética.

No dia 10 de outubro de 1974 a Major Pavlichenko faleceu aos 58 anos e foi enterrada em Moscou no cemitério de Novodevichy. Em sua homenagem, em 1976 um navio cargueiro foi batizado com seu nome, na Ucrânia.

Contabilizando um número total de 309 mortes de soldados inimigos, incluindo 36 “snipers’ e pelo menos 100 oficiais, a Major Soviética Lyudmila Pavlichenko foi uma das mais eficientes atiradoras de elite da História. Exemplo de patriotismo, bastião da defesa do Estado Socialista Soviético, Major Pavlichenko é uma materialização do acirramento da luta das mulheres proletárias por sua emancipação e a prova de que as mulheres são peças fundamentais não só para a vitória da Revolução, mas para a manutenção do Estado Socialista.

¹ V.I. Lenin, 1920 in Igualdade completa para as mulheres.

Raphaella Mendes
Movimento de Mulheres Olga Benário