Passados dez meses desde a revolução que derrubou o ditador Hosni Mubarak do poder, em 25 de janeiro deste ano, a junta militar que assumiu o controle do Egito, composta por generais aliados do antigo regime, instaurou uma ditadura militar e um férreo controle sobre a vida do país, frustrando as expectativas dos trabalhadores e da juventude, que foram afastados e isolados do processo de construção do novo governo.
Em dez meses, os generais submeteram pelo menos 12 mil civis a julgamento em tribunais militares e ordenaram a tortura de milhares de opositores; também implementaram as odiadas leis de emergência impostas por Mubarak, não desativaram a famigerada Agência de Segurança do Estado, responsável por milhares de prisões, torturas e assassinatos cometidos nos 30 anos de ditadura, e permitiram o acesso a cargos públicos de antigos membros do governo, além de não resolverem os graves problemas econômicos e sociais vividos pelo país, como o desemprego, a pobreza e a falta de democracia.
A frustração pelo não cumprimento das reivindicações da revolução de 25 de janeiro levou milhares de pessoas de volta às ruas no último dia 18 de novembro, quando mais uma vez ocuparam a famosa praça Tahrir, no centro da capital Cairo, agora mais conscientes de suas exigências e dispostos a irem até o fim por elas. “O povo quer derrubar o regime!,” gritavam orgulhosos milhares de jovens, mulheres e trabalhadores.
“Não deveríamos ter saído das ruas. Entregamos o poder de bandeja aos militares. Esse foi nosso maior erro”, disse Ahmed Imam, de 33 anos. “Voltamos para casa antes da hora. Pegamos o espólio de guerra e partimos antes de a batalha ter chegado ao fim”, completou.
A nova revolta, ou “segunda revolução”, como está sendo chamada pelos manifestantes, foi motivada pela proposta de Constituição que o vice-premiê, Ali al-Silmi, apresentou no começo do mês que daria ao Exército autoridade exclusiva sobre suas questões internas e seu orçamento, além de negar a supervisão parlamentar sobre as Forças Armadas, que ainda teriam poder de veto sobre a redação da nova carta.
Durante dez dias milhares de egípcios compareceram à praça Tahrir para repudiar a proposta de Constituição e exigir que o marechal Hussein Tantawi e seu conselho de generais renunciem e deem lugar a um governo composto por civis. Ao todo, os confrontos entre a polícia e os manifestantes deixaram 41 mortos e mais de 3.500 feridos, mas conseguiram derrubar o governo de transição nomeado pela junta militar que, entretanto, se mantém no poder.
Apesar disso, e da promessa do governo de antecipar a eleição presidencial para o primeiro semestre de 2012 e realizar um referendo sobre a transferência imediata do poder provisório para os civis, os manifestantes declararam não mais acreditar nas palavras do marechal Tantawi, que foi ministro durante o antigo regime e que agora é comparado ao ex-ditador. “Nós já vimos isso com Mubarak. Foi um discurso terrível e não significa nada. Nós não vamos sair da praça até que a junta militar renuncie”, disse o manifestante Nevine Abu Gheit, 29. “Tantawi é uma cópia de Mubarak. É Mubarak com roupa militar”, completou.
A retomada das grandes manifestações por mudanças democráticas no Egito revela, além da disposição de luta deste povo, uma tomada de consciência por parte da juventude e dos trabalhadores do país, cansados de serem enganados e de verem seus direitos pisados. Iniciaram um processo de construção de uma nova história e, agora, querem chegar até o fim, pois aprenderam que não há no mundo força maior que um povo em luta. Como disse um dos manifestantes, “se conseguimos derrubar Mubarak também faremos isso com o Conselho Supremo das Forças Armadas, que são a mesma coisa. Para fazer com que os militares deixem o poder é preciso estar em Tahrir e não sair”.
O governo dos Estados Unidos impôs novas sanções comerciais ao Irã com o objetivo de impedir que pessoas e empresas estrangeiras negociem com a indústria petroquímica do país ameaçando-as de banimento dos mercados norte-americanos.
De acordo com o governo estadunidense, as medidas anunciadas pretendem enfraquecer o setor nuclear iraniano, fazendo o país retroceder na decisão de possuir o domínio da tecnologia e a consequente soberania nuclear.
Além dos EUA, Reino Unido e Canadá também adotaram medidas punitivas, e a União Europeia anunciou que deve se reunir em meados de dezembro para impor outras punições. De antemão, o Reino Unido rompeu todas as ligações com os bancos iranianos e a França propôs que diversos países congelem os ativos das instituições financeiras do Irã e interrompam a compra de petróleo do país para convencê-lo a desistir de seu programa nuclear militar.
Apesar das inúmeras “provas” apresentadas pelos países e agências imperialistas de que o programa nuclear iraniano tem objetivos militares, não há nenhuma evidência concreta disso. Ao contrário, de acordo com o governo do Irã o único fim de seu programa nuclear é a produção de energia para o país, o que é perfeitamente legítimo.
O anúncio das sanções aconteceu alguns dias depois da reunião da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) que adotou uma resolução contra o Irã por suspeitas de estar desenvolvendo armas nucleares. O documento “expressa uma profunda e crescente preocupação no que diz respeito aos temas não resolvidos do programa nuclear iraniano, incluindo aqueles que precisam ser esclarecidos para excluir a existência de uma possível dimensão militar” e pede que o Irã permita que uma equipe da ONU visite as instalações nucleares do país.
Os governos dos Estados Unidos e de outros países imperialistas voltaram a acusar o governo iraniano de tentar enganar o mundo sobre suas intenções e disseram que não poderiam mais ignorar as evidências de que o país desenvolve armamentos nucleares. Omitem, entretanto, que não é o Irã, mas sim os países imperialistas, os detentores dos maiores arsenais nucleares do mundo. De fato, somente os Estados Unidos possuem 5.113 bombas atômicas, e Israel, outro país dono de um amplo conjunto de armas nucleares, há anos se recusa a informar exatamente quantas armas deste tipo possui.
Em tom de ameaça, o presidente Barack Obama afirmou que “disse claramente que os Estados Unidos estavam prontos para iniciar um novo capítulo com a República Islâmica do Irã, oferecendo ao governo iraniano uma oportunidade clara: eles poderiam cumprir com suas obrigações internacionais (…) ou ignorá-las, mas o Irã escolheu o caminho do isolamento internacional”.
Em resposta, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou que “não retrocederá nem um pingo” em seu programa nuclear e disse serem “absurdas” as acusações contidas no relatório da Agência. “Votam resoluções, impõem sanções, utilizam todas as ferramentas contra nós e querem que negociemos. Sempre dissemos que estamos dispostos a negociar e a cooperar. As negociações valem mais que a confrontação, mas parece que não têm a menor ideia e retornam sempre para a confrontação”, disse Ahmadinejad.
Já para o ministro das Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast, “estas ações seguem no sentido da hostilidade destes países contra nosso povo. São condenáveis e sem efeito. A ação de certos países ocidentais contra nosso povo, em particular as dos Estados Unidos e Reino Unido, não têm efeito. Todos sabem que o nível de nosso comércio com Reino Unido e Estados Unidos está em um nível baixo. Durante os últimos anos, decidimos reduzir nosso comércio com estes dois países e aumentar com os demais”, disse.
Outras sanções também vêm da Assembleia Geral da ONU, que aprovou no dia 21 de novembro uma nova resolução que condena as violações dos direitos humanos no Irã com 86 votos a favor, 32 contra e 59 abstenções, entre elas a do Brasil. A Assembleia Geral também aprovou uma condenação da situação dos direitos humanos na Coreia do Norte e em Mianmar, mas nada disse sobre violações dos direitos humanos praticadas pelas tropas da OTAN na Líbia ou por Israel na Palestina.
Para o embaixador iraniano na ONU, Mohammad Javad Larijani, “o conteúdo dessa resolução é absolutamente infundado e uma fabricação vergonhosa. O documento é um ataque à consciência da comunidade internacional, e um insulto imperdoável à ONU como instituição”. Larijani também atacou o Canadá, os EUA e a Europa por cometerem “graves violações contra direitos humanos”, como “discriminação contra imigrantes, estrangeiros e muçulmanos”.
De fato, é no mínimo estranho a ONU calar sobre violações dos direitos humanos e crimes cometidos impunemente pelos países imperialistas. O tratamento dados a tais casos é completamente distinto.
Exemplo disso aconteceu no final de novembro. Depois de a Unesco aceitar a Palestina como membro no mês passado, Israel reteve os pagamentos do Imposto sobre Valor Agregado e receitas alfandegárias arrecadadas em nome da Autoridade Palestina estimados em mais de 100 milhões de dólares. Achando pouco, Israel também aprovou a construção de novos assentamentos nos territórios palestinos.
O que fez, então, a ONU? Sanções, punições, expedições militares contra Israel? Nada disso. O máximo feito foi um telefonema do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, pedindo que ele devolvesse ao governo da Palestina o dinheiro referente a pagamentos de impostos retidos por Israel e que interrompesse os assentamentos israelenses nos territórios palestinos ocupados. Ou seja, Israel se apropria indebitamente de dinheiro palestino e ocupa territórios que não são seus e nenhuma sanção ou medida punitiva é adotada pela ONU, apenas um simples telefonema é feito sem maiores consequências.
O fato é que a crise econômica mundial impõe aos países imperialistas uma nova corrida pela repartição das esferas de influência e zonas de controle econômico. Tudo fazem para que uma nova correlação de forças se estabeleça, contando com o silêncio criminoso da chamada “comunidade internacional”. Logo, as ameaças contra o Irã nada têm a ver com os “receios de ataques nucleares” ou com “a preocupação com a paz mundial”, mas objetivam garantir o monopólio nuclear para os países imperialistas e, desta maneira, seu controle sobre os povos e nações oprimidas do mundo.
No dia 24 de novembro, reunidos em assembléia-geral, mais de 300 servidores do Poder Judiciário Federal/RS, englobando a Justiça do Trabalho, Eleitoral, Federal e Militar, decidiram, por unanimidade continuar a greve até a conquista do Plano de Cargos e Salários – PCS, que encontra-se atualmente no Congresso Nacional, na Comissão de Finanças, aguardando votação.
Os servidores decidiram que irão permanecer em GREVE até a concretização, isso é, a votação e a respectiva aprovação do PCS, objetivo de uma luta que está sendo realizada há vários anos.
O governo do Rio Grande do Sul apresentou por decreto uma proposta pedagógica de reestruturação do ensino médio nas escolas públicas que visa implantar o ensino politécnico. Esse ato foi o estopim que fez com que a categoria dos professores do estado decretasse greve geral por tempo indeterminado em assembleia geral no dia 18 de novembro no ginásio Gigantinho em Porto Alegre.
Segundo Luís Veronezi, representante da Direção Central do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul (CPERS), em entrevista ao jornal A Verdade declarou que “Tudo está sendo feito por decreto e sem discussão com a comunidade escolar, isso impossibilita um processo democrático de construção e alteração da proposta do governo. O termo politécnico, por exemplo, é um termo marxista, mas o projeto do governo de marxista não tem nada, apenas visa formar mão de obra barata para as empresas da região, além de dificultar o acesso dos estudantes da escola pública à universidade, visto que diminuirá a carga horária de disciplinas como matemática, português, geografia, história e outras para garantir disciplinas de orientação tecnicista”.
A greve dos professores foi aprovada colocando três bandeiras: contra a reestruturação apresentada pelo governo do ensino médio; contra a avaliação dos professores, também apresentada pelo governo e pelo pagamento do Piso Salarial Nacional. Para o CPERS “A questão do piso não é só salarial, mas representa uma valorização dos professores. Perdemos muitos professores todos os anos cooptados pelas empresas, para trabalhar em qualquer outra coisa, porque não dá pra viver com o baixo salário de professor.”
Por outro lado, o governo do estado tenta minar a greve com acusações de “greve de final de ano”, colocando que os alunos estariam sendo prejudicados e fazendo entrevista com pais que são contra a greve. Essa campanha já recebeu apoio inclusive de entidades que há muito não representam mais o movimento estudantil real e que estão de braços dados com o governo. É o caso da UGES (União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas), que em congresso aprovou posição contra a greve. Mesmo assim centenas de estudantes têm saído às ruas juntamente com os professores em apoio à greve e contra o Ensino Politécnico.
Quando questionado sobre a “greve de final de ano”, Veronezi explicou que “a culpa é do governo Tarso Genro, pois apresentou no final de ano essa proposta de reestruturação que na verdade desmonta a educação pública e que faz parte de um plano neoliberal para a educação pública brasileira. Nós, professores, não temos como começar 2012 sendo polivalentes e ensinando todas as matérias como quer o governador em seu projeto. A interdisciplinaridade leva tempo, não é assim da noite para o dia. Além do que a greve é um instrumento de pressão mesmo, sabemos que têm greve no restante que dura há mais de 90 dias, e se o governo está pressionado porque está no final do ano, esse é o melhor momento para a greve, não podíamos deixar para o ano que vem com o decreto já implantado.”
A 25 de Novembro, no Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, várias organizações promoveram uma marcha nas ruas de Lisboa para reclamar o fim da impunidade dos agressores.
Depois de derrubarem o regime do ditador Hosni Mubarak, o povo egípcio se revolta, desta vez, contra as forças militares que governam o país desde então. Enganados por promessas que não foram cumpridas, levantam-se mais uma vez e, se antes tinham a passividade das forças militares, hoje recebem repressão, balas e tortura por parte do exército.
O livro Revolutionary social change in Colombia – The origin and direction of the FARC-EP (Pluto Press, EUA, 2010), do sociólogo canadense James J. Brittain, foi considerado pelo também sociólogo James Petras como o “estudo definitivo das FARC-EP, o qual será uma referência básica” pelos próximos anos.
Ainda sem previsão de lançamento para o português, o prefácio da obra, de autoria de James Petras, foi traduzido com exclusividade para o Jornal A Verdade. Além de fornecer uma visão geral da obra, este trecho desfaz alguns mitos sobre as FARC-EP, esclarecendo um pouco de sua história e de sua atual situação.
Prefácio de “Revolutionary social change in Colombia – The origem and direction of the FARC-EP”
James Petras
A prática política da demonização, na qual políticos, jornalistas, autoridades midiáticas e acadêmicos atribuem rótulos depreciativos e comportamentos abomináveis a regimes políticos, líderes e movimentos, baseados em alegações inconsistentes, tem se tornado prática comum. O que é pior, a prática de demonizar as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP) se espalhou de cima para baixo, da direita para a centro-esquerda, da grande mídia para os sites progressistas.
Em anos recentes, nenhum outro movimento sócio-político de massas na América Latina tem sido mais demonizado que as FARC-EP. Talvez esta seja a recompensa do vício à virtude – pois as FARC-EP, como Brittain documenta largamente em seu livro, é o maior, mais duradouro e mais efetivo movimento de insurgência popular no último quarto de século. Em contraste com as críticas raivosas, altamente caricaturais, pobremente informativas e ideologicamente direcionadas emananando da grande mídia, Brittain apresenta uma detalhada pesquisa histórica baseada em fatos empíricos sobre as origens das FARC-EP, sua trajetória organizacional e politica, assim como um rigoroso relato da matriz socioeconômica da qual ela cresce e prospera. Brittain escreveu o estudo definitivo das FARC, o qual será uma referência básica nos anos que estão por vir.
As acusações mais recorrentes e mais sérias vem de Washington e do atual presidente da Colômbia, que denunciou as FARC-EP como organização “criminal terrorista” e “narcoterrorista”. Washington colocou as FARC-EP em sua lista de “organizações terroristas”, uma política que foi subsequentemente seguida pela União Européia – mas não pela maioria dos governos latino-americanos.
O estudo histórico de Brittain desafia essas afirmações demonstrando que as FARC se originaram no início dos anos 1960 como um movimento camponês de rebelião, que expandiu seu apoio territorial e social pelos 40 anos seguintes – particularmente no interior do país – defendendo os interesses dos camponeses das pilhagens dos esquadrões da morte e da repressão militar financiadas pelos senhores de terras.
A propagação do rótulo de “terrorista” aconteceu depois de 11 de setembro de 2001, como parte da ofensiva global militar-ideológica do presidente Bush, apelidada de “Guerra ao terrorismo”. A base ilusória dessa campanha é evidente no período anterior (1999-2001) quando as FARC-EP foram reconhecidas por todos os grandes países da Europa e da América Latina como uma força beligerante, um interlocutor legítimo nas negociações de paz. Durante este período as FARC-EP foram convidadas à França, Espanha, Escandinávia, Países Baixos, México e vários outros países para discutir o processo de paz. Durante o mesmo período os maiores líderes do governo estadunidense e homens de negócios, junto com dezenas de sindicalistas e políticos engajados no assunto alocaram as FARC-EP em uma zona desmilitarizada na Colômbia, onde as Nações Unidas mediavam negociações de paz entre as FARC e o presidente Pastrana. Enquanto Washington se opunha a todo o processo de paz e o presidente Bill Clinton fazia aprovar um pacote multi-bilionário (Plano Colômbia), os EUA não foram capazes de impedir o processo, ou de imputar o rótulo de narcoterrorista às FARC-EP.
Foi apenas depois que Washington declarou guerra ao Iraque e ao Afeganistão, e a grande mídia dominada pelos EUA lançou uma massiva guerra relâmpago de propaganda rotulando todos os críticos e adversários do militarismo global estadunidense, que o rótulo de “terrorista” foi fixado sobre as FARC-EP. Sob intensa pressão da elite midiática e sob o escrutínio do aparato de segurança dos EUA, muitos intelectuais e escritores outrora progressistas submeteram-se e se juntaram ao coro dos que rotulavam as FARC-EP de “terrorista”. O que é surpreendente nas opiniões precipitadas que caluniam as FARC é a absoluta e total ignorância de qualquer faceta de sua história, prática social, apoio político e seus esforços fracassados de assegurar um estabelecimento político. Entre 1984 e 1988, as FARC concordaram em cessar fogo com o regime de Betancur e muitos de seus militantes optaram pela política eleitoral formando um partido político de massas, a União Patriótica. Antes, durante e depois de obter substanciais vitórias nas eleições locais, estaduais e nacionais, os esquadrões da morte assassinaram três dos candidatos presidenciais da União Patriótica. Mais de 5000 ativistas eleitorais foram mortos. As FARC-EP foram forçadas a retornar à oposição armada por causa do terrorismo de massa patrocinado pelos regimes dos EUA e da Colômbia. Entre 1985 e 2008, dezenas de milhares de líderes camponeses, sindicalistas, ativistas de direitos humanos e líderes comunitários, assim como jornalistas, advogados e congressistas foram mortos, presos ou exilados.
Como Brittain demonstra, a campanha do regime apoiado pelos EUA de terror rural e desapropriação de 3 milhões de camponeses é a principal força responsável pelo crescimento das FARC-EP, e não o “recrutamento forçado” e o “narcotráfico”.
Este livro é baseado em extensas entrevistas de apoiadores das FARC, líderes e camponeses locais cobrindo vários anos, e fornece um relato preciso da relação entre a produção de coca, o comércio de drogas, lavagem de dinheiro, o exército, o sistema político e as FARC. O que suas descobertas revelam é que 95% dos ganhos da cadeia narcótica provem dos partidos políticos, dos oficiais do exército e dos membros do congresso colombiano, todos esses apoiados pelos EUA, além dos bancos estadunidenses e europeus. As FARC cobram uma taxa de tranporte e de carregamento dos compradores da folha de coca em troca de passagem segura pelos territórios controlados por ela.
O livro de Brittain coloca uma questão fundamental para todos os escritores e praticantes da democracia: como alguém pode buscar políticas sociais equitativas e a defesa dos direitos humanos sob um estado terrorista alinhado com esquadrões da morte e financiado e aconselhado por um poder estrangeiro, o qual tem uma política pública de eliminar fisicamente seus adversários? Mesmo atuando como sindicatos legalizados, movimentos camponeses e indígenas e oposição política, eles sofrem altas taxas de atrito; não se passa uma semana sem que sejam relatados assassinatos, desaparecimentos e vôos forçados para o exterior. Corajosos juízes e promotores públicos recebem diariamente ameaças de morte e tem segurança pessoal 24 horas; alguns raramente dormem em suas próprias casas. A política parlamentar, sob ameaças amplamente difundidas, não reforma e nem pode reformar o aparato terrorista, menos ainda fazer justiça aos 4 milhões de camponses deslocados à força de suas comunidades. Sem recurso institucional e enfrentando uma injustiça de longo prazo e em larga escala, a tese de Brittain, de que as FARC-EP representam uma força legítima pela democracia política e pela mudança social é não apenas plausível, mas também altamente convincente.
Tradução de Glauber Ataide para o Jornal A Verdade
Vários artistas participam de campanha contra a Usina de Belo Monte, que além de custar milhões de reais, não irá corresponder com o esperado de geração de energia e ainda devastará uma imensa área verde nacional.
A morte em combate do camarada e comandante Alfonso Cano deixa de luto o conjunto do movimento antiimperialista mundial, todas as vítimas da exploração capitalista, o movimento universal pelo socialismo, cada um dos povos que alçam as bandeiras da soberania, dignidade e da democracia, particularmente na América Latina, no Caribe e na Colômbia.
Também lacera as fibras mais nobres dos seus entes queridos. Para eles, nosso abraço solidário. Compartimos intensamente seu sofrimento, sabemos melhor que ninguém o que significa essa perda. Igual carinho doloroso estendemos às famílias dos demais combatentes que pereceram nos mesmos feitos. Seu sangue e suas vidas nos inspiram desde já a futuras vitórias.
As lágrimas de felicidade do Presidente Santos revelam que por obra sua caiu realmente um grande, um admirável homem, um revolucionário de altura histórica. Um formidável interlocutor daqueles que havia que desconstruir-se antes de qualquer tentativa de aproximação. Como Manuel e Jacobo, Alfonso sempre soube ser um grande professor. E aprendemos com ele.
Suas idéias e sua genial condução são parte do arsenal ideológico, político e militar das FARC – Exército do Povo. Ninguém poderá jamais nos tirar isso. Seu talento e atividade revolucionária cresceram e maduraram junto com nossa história. Nos dias de Marquetália militava já nas filas da juventude comunista. Até sua morte em combate, nada pôde distrai-lo da luta.
Completou cinqüenta anos contínuos de combate contra o regime, escritos por uma capacidade de análise e uma invejável coerência ideológica e política. Nascido em Bogotá, homem simples e de humor fino, dirigente estudantil e comunitário, antropólogo dos tempos duros da Universidade Nacional, audaz militante clandestino, será eterno exemplo do intelectual comprometido até a morte.
Seus inimigos do império e da oligarquia jamais se cansarão de tentar apagar sua obra. Ao lado de seu perfil político, o camarada Alfonso Cano demonstrou possuir uma elevada capacidade militar. Soube conduzir primeiro os comandos conjuntos Central e Ocidental e logo todas as FARC, até o nível que hoje em dia aterroriza o militarismo fascista da Colômbia.
Eles sabem muito bem o que representamos as FARC. A expressão real da organização e a luta indomável contra a globalização capitalista. Somos um povo armado que denuncia e combate o caráter terrorista da democracia de mercado. Milhares e milhares de mulheres e homens que marchamos compactos no caminho da construção de uma nação e um mundo sem opressores.
As reservas petroleiras da Colômbia, ao ritmo que pensam extrai-las, estarão esgotadas por completo nos próximos quatro anos. Pretendem nos enganar com a idéia de que para esse momento se haverá encontrado suficiente petróleo para outros tantos anos. Nosso destino é permitir que o império economize seu próprio petróleo, e pagar com esse dinheiro os créditos para a infra-estrutura funcional a esse roubo. Obviamente os créditos serão dados pelos bancos internacionais. E para consegui-los o país deverá comprometer-se a realizar grandes e crescentes cortes nos direitos sociais dos colombianos. Reformas tributárias, reformas previdenciárias, trabalhistas, na saúde e na educação. Semelhante agressão avança agora à toda força no Congresso da República.
O TLC e a abertura indecente para o investimento estrangeiro ameaçam colocar-se na frente dos mais valiosos patrimônios humanos, ambientais e econômicos do país. Gigantescos projetos auríferos, carboníferos, turísticos, agroindustriais, bioenergéticos e agropecuários, entre outros, além de espoliar nossas riquezas, espremerão impunemente a mão de obra em graus intoleráveis.
Pretendem avançar de forma acelerada na execução de um modelo de desenvolvimento inequitativo e antipatriótico, produto das manipulações forjadas no palácio presidencial e nos distintos ministérios, aprovado pelo poder legislativo e declarado exeqüível pela justiça, que não toma em conta minimamente a opinião do povo colombiano, cujos direitos são afetados.
E esse modelo, que começou a ser construído a décadas atrás com a violenta estratégia paramilitar, se apresenta como a salvação econômica do país, as locomotivas que nos levarão adiante. Nele se fundem o capital transnacional e a corrupta classe dirigente colombiana, que ganha com somas fabulosas em cada acordo e contrato celebrados.
Não existem na Colômbia espaços de discussão que tenham a capacidade de influenciar ou determinar de algum modo as decisões ligadas ao modelo de desenvolvimento. Como ficou demonstrado nas recentes eleições locais, os partidos políticos foram diluídos a mesquinhas lideranças corruptas e carentes de princípios. As forças políticas que podiam discutir o modelo estão minadas.
Somente duas formas de luta se opõem de modo corajoso e pertinaz. A luta de rua nas marchas e protestos, e a luta guerrilheira nas montanhas. As recentes disposições sobre a Segurança Cidadã aproximam a primeira à delinqüência e atribui a ela penas de prisão. Ao mesmo tempo nos exigem a desmobilização sob a ameaça de aniquilação total.
Esse é o marco em que toma corpo o desesperado desejo de fazer render as FARC-EP. Sabemos muito bem quais são os propósitos do presidente Santos, enriquecer ainda mais os mais ricos e levar ainda mais miséria aos mais pobres. Resulta, como conseqüência, de cardial importância construir pontes necessárias para fortalecer, unificar e defender as duas formas de luta vigentes.
Mobilização de massas e luta guerrilheira estão chamadas a convergir em um eixo estratégico, a solução política ao conflito que se realiza na Colômbia. A guerra não é mais que a determinação do império e da oligarquia de fechar todos os caminhos da oposição aos seus planos de despojamento, o martelo com que as classes dominantes esperam esmagar a inconformidade.
A resistência heróica da insurgência colombiana, igual que a voz alta do povo mobilizado em protestos, não pode cessar com um falso chamado à negociação e ao consenso. Qualquer tentativa de desmobilizar a luta popular sem que soluções que erradiquem suas causas estará condenada ao fracasso. Não pode haver paz com repressão e fome.
As FARC-EP rendemos homenagem à memória do nosso Comandante Alfonso Cano. Por nosso povo e por ele, nos comprometemos a persistir na busca da solução política até alcançar uma paz democrática com dignidade e justiça social. A voz dos estudantes, trabalhadores, camponeses, comunidades indígenas e negras, desempregados, aposentados, mulheres e classes médias angustiadas tem que ser escutada e atendida na Colômbia.
Com o camarada Alfonso recordamos aos iludidos:
“Desmobilizar-se é sinônimo de inércia, é entrega covarde, é rendição e traição à causa popular e ao ideário revolucionário que cultivamos e lutamos por transformações sociais, é uma indignidade que leva implícita uma mensagem de desesperança ao povo que confia em nosso compromisso”.
O governo de Berlusconi faliu. Continuemos unidos na luta contra a ofensiva capitalista para defender nossos interesses políticos e econômicos!
A quebra do governo Berlusconi ocorreu em meio ao tumulto na economia italiana. Ele perdeu a maioria que possuía principalmente por dois fatores:
a) Pelas manobras da oligarquia financeira internacional e do grupo dirigente da Itália, os quais precisavam evitar ser atingidos pela crise da dívida adotando medidas antipopulares mais rápida e profundamente; assim eles tiveram que remover Berlusconi, que agora era considerado não-confiável e muito fraco.
b) A capacidade de resistência da classe trabalhadora e das massas populares, em lutas desenvolvidas nos últimos dois anos, evitaram a consolidação do regime reacionário, rachou o bloco social em volta de Berlusconi e fez com que o consenso da maioria do governo fosse reduzido ao mínimo.
O movimento dos trabalhadores e suas lutas deram uma importante contribuição à queda de Berlusconi, mas que não foram decisivas, confirmando o famoso slogan de Marx: “Ou o proletariado é revolucionário ou não.”
Isso é devido à sua fraqueza e às suas limitações políticas, ideológicas e organizacionais, assim como também à grande responsabilidade dos reformistas que, preocupados com as conseqüências, se utilizaram de todos os meios para impedir o golpe decisivo da classe trabalhadora. O último presente dado a Berlusconi foi ter limpado o caminho para o pacote de medidas econômicas urgentes, outro capítulo do saque dos cofres públicos.
O fim do governo de Berlusconi é um importante passo político, ao qual damos as boas-vindas com satisfação, mas não é o fim do Berlusconismo, isso é, da predominância de políticas neoliberais.
Não devemos ter ilusões, e menos ainda parar as mobilizações, pois o quadro que temos diante de nossos olhos é preocupante.
Primeiro, devemos observar que, enquanto o país está sob o comissariado do EU-ECB-IMF, o governo e o parlamento estão sob comissariados do “Rei George” Napolitano que, se fazendo intérprete da ditadura da oligarquia financeira, impôs o momento e os meios para a solução da crise governamental e da discussão parlamentar para aprovar as medidas econômicas.
Apesar da situação de emergência, ela preanuncia a passagem para uma república presidencial, um sintoma de involução autoritária do sistema burguês.
Com a esperada indicação de Monti, a Itália está se aproximando da formação de um governo de quase todos os partidos burgueses da direita e da “esquerda”, que formarão um único partido do capital quando se fizer necessário salvar a classe dominante do perigo mortal ou defender seus interesses fundamentais.
O governo de “emergência” que está sendo formado sob pressão dos “mercados financeiros” será tão antipopular, senão mais, do que o de Berlusconi. Ele nasce sob o signo da clara hegemonia da burguesia imperialista.
O pedigree do neoliberal Monti está claro: por anos ele foi Comissário da ONU (indicado por Berlusconi e D’Alema), Presidente Europeu da Comissão Trilateral, membro do Grupo Bilderberg e consultor do Banco de Investimento Goldman Sachs, centros do poder imperialista.
O novo Senador Vitalício é um representante da oligarquia financeira, responsável pela crise e ao mesmo tempo beneficiário dela. Ao contrário de Berlusconi, ele apóia a estratégia global, abrangente e de longo prazo dos interesses do capital financeiro.
Seu programa é a carta de Trichet e Draghi, o aumento da competitividade a todo custo (isso é, o aumento da exploração dos trabalhadores), o ataque aos direitos e interesses das massas trabalhadoras, o aumento da idade para aposentadoria, cortes às pensões, privatizações e demissões.
A liquidação gradual de liberdades democráticas, assim como a redução da soberania nacional e a colonização econômica continuarão. Tudo isso em nome do “governo de globalização e da crise”, e por trás do discurso da “economia de mercado social”.
Internacionalmente, os executivos em preparação continuarão a aceitar a liderança do imperialismo dos EUA, a gerenciar sua relação com outras potências européias, perpetuando assim o papel da Itália de trampolim e país vassalo para a agressão da zona da crise que vai do norte da África ao Golfo Pérsico e o Afeganistão.
O governo que a burguesia imperialista quer impor terá o apoio dos reformistas, dos partidos centristas ligados ao Vaticano e da maioria dos reacionários do PdL (a queda do seu “cavaleiro” acelera sua discordâncias internas). Mas não terá apoio entre as massas trabalhadoras, e este será seu ponto fraco.
Nesta situação, os líderes reformistas e social-democratas se confirmam em seu papel de adereços do capitalismo, os quais durante a crise estão se movendo cada vez mais para a direita. Eles escondem das massas o caráter de classe do governo chamando-lhe de “governo técnico”. O papel da regulação e do controle das lutas que o PD e os grandes da CGIL desempenharão (eles falam em favor do governo de emergência de Monti) será crucial. Entretanto, isso abrirá as maiores contradições em suas fileiras e também na central sindical (CGIL).
A troca de cavalos não resolverá a crise, a qual é do capitalismo mundial e de toda sua classe dominante. Nenhum dos problemas econômicos, políticos, sociais, ambientais ou culturais que afetam as massas trabalhadoras e a juventude serão resolvidos. Pelo contrário, as condições de vida e de trabalho da maioria da sociedade se tornarão piores.
Por trás do declínio do capitalismo italiano, por trás dos problemas estruturais, que vem de longe e afetam as massas trabalhadoras, há todo o esforço da burguesia para defender seus privilégios e sua ineptidão rumo à sua própria ruína.
Nesta situação reafirmamos a necessidade de uma política de um fronte proletário unido. Precisamos de unidade, mas não unidade com colaboradores e oportunistas. A única política válida para colocar em ordem e preparar a contra-ofensiva é promover a união e reorganização das forças da classe em um único fronte anticapitalista, o qual expresse um programa de defesa dos interesses dos explorados e apóie suas organizações, como os Comitês do Povo e dos Trabalhadores.
Sobre esta base será construída uma ampla frente popular, a fim de unir em torno do proletariado as classes sociais e os estratos oprimidos pela oligarquia financeira.
Precisamos desenvolver e avançar uma política de um fronte unido contra o neoliberalismo e o social-liberalismo, para não termos que pagar pela dívida e pela crise, contra os gastos militares e as políticas de guerra, pela retirada dos EUA e da OTAN.
A construção deste fronte é primariamente um processo de unidade política da classe trabalhadora e das massas populares, forjado na luta contra a política reacionária da burguesia, para colocar a crise de volta sobre as cabeças dos capitalistas, dos ricos, dos parasitas.
A luta por unidade política deve ser conduzida em reuniões, em discussões com diferentes forças da esquerda e do sindicalismo classista, mas especialmente em lutas conjuntas contra qualquer governo burguês, sobre a base das necessidades políticas que compartilhamos.
Isso confirma a necessidade vital de trabalhar por uma política alternativa de ruptura revolucionária com esta política burguesa e o sistema que a produz.
O governo pelo qual precisamos combater é um governo dos trabalhadores e de todas as outras massas trabalhadoras exploradas. Um governo que exproprie os monopólios capitalistas, que tome o dinheiro dos parasitas, socialize os meios de produção e de troca, auxilie o controle e a fiscalização pela classe trabalhadora, que destrua a opressiva máquina burguesa e dê aos trabalhadores os direitos e as liberdades que lhes são devidas. Um governo que sirva à luta do proletariado para destruir a burguesia, para lhe infligir a derrota final.
Os interesses da classe trabalhadora são de uma saída revolucionária da crise. Apenas com o socialismo a Itália renascerá, será um país livre e próspero, respeitado e admirado e dará sua contribuição à reconstrução econômica e social do mundo.
Mas sem o Partido Comunista não se pode transformar os trabalhadores e todos os outros explorados em revolucionários; sem ele não se pode dirigir a luta rumo a uma nova sociedade.
Olhar para o futuro significa, portanto, focar nossa atenção na função do Partido Comunista, ferramenta indispensável para guiar o processo de emancipação e libertação das massas exploradas e oprimidas.
A reconstrução de uma organização política de vanguarda da classe trabalhadora exige um comprometimento ativo e direto hoje de todos os sinceros comunistas e dos melhores elementos do proletariado.
Vamos trabalhar juntos para avançar neste processo, rompendo de uma vez por todas com o oportunismo e nos unindo sobre as bases dos princípios Marxistas-Leninistas e do internacionalismo proletário!
A polícia de Nova York agiu com grande violência para retirar os militantes do movimento Occupy Wall Street. A ordem foi dada pelo prefeito de Nova Iorque, Michael Bloomberg. Vários ativistas denunciaram a repressão policial, acusando os agentes de envergarem equipamento antimotim e de bloquearem as ruas adjacentes, impedindo a população de se manifestar.