UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

terça-feira, 16 de setembro de 2025
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Chico Science e o Manguebeat: “Eu me organizando posso desorganizar”

Chico ScienceFrancisco de Assis França foi um músico pernambucano nascido na cidade de Olinda em 13 de março de 1966 e que morreu, precocemente, no Recife, no dia 2 de fevereiro de 1997. Seu legado, uma revolução musical: um movimento antropofágico em que o rock bebe em fontes do tropicalismo, do maracatu, do coco de roda, do hip-hop, além da black music e do funk. Somadas a isso, letras banhadas de críticas ao abandono econômico e social sofrido pela região de mangue, representada pela cidade do Recife. O nome desse movimento: manguebeat.

Chico Science foi um menino de periferia, criado no bairro de Rio Doce, em Olinda. Na década de 1970, era uma criança entre brincadeiras de rua, a escola pública, amigos, picolé, etc., etc. Seu contato, durante a adolescência, com o hip-hop e o funk influenciou-o e o fez organizar-se, em 1987, no Orla Orbe, banda de hip-hop, e, posteriormente, no Loustal, grupo de black music formado por Chico e seus amigos Lúcio Maia e Alexandre Dengue. Loustal era em homenagem ao quadrinista francês Jacques de Loustal.

Na década de 80 predominava na cidade o movimento armorial, o qual pregava uma arte brasileira erudita baseada na cultura popular sem interferência do global. O cenário cultural era um marasmo e o Recife havia sido considerado a quarta pior cidade do mundo para se viver. Então, contrapondo-se ao conceito de arte armorial, surgem músicos de periferia inconformados com essa visão simplista de nossa cultura. Nessa conjuntura surge uma arte descolada da realidade do povo, e, liderada por Science, é fundada a banda Nação Zumbi.

Por ter sido criado em periferia, certamente Chico estava ciente dos problemas enfrentados por essa parcela da sociedade tão marginalizada pelo poder público. O manguebeat de Chico Science e da Nação Zumbi, mais do que uma revolução musical em termos rítmicos mostrou-se importante instrumento de manifestação contra os problemas vivenciados por aqueles que vivem na periferia, destacando-se especialmente aqueles que povoavam os mangues.

Sua música faz menções, por exemplo, a Josué de Castro e à Teoria do Caos, quando canta “o sol queimou, queimou a lama do rio/ eu vi o xié, andando devagar/ vi um aratu pra lá e pra cá/ e um caranguejo, andando pro sul/ saiu do mangue e virou gabiru/ Oh, Josué, nunca vi tamanha desgraça/ quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça” e mostra uma dura crítica ao sistema que condiciona as pessoas a um círculo vicioso baseado em mais e mais miséria.

Segundo estudo divulgado pela revista Logos de número 26, o movimento de Chico Science vai dar palavra a uma camada da sociedade que até então não tinha encontrado um eco de maneira autônoma, e, como Palmares, quis acolher a pluralidade étnica que acolhe os excluídos do sistema colonial; daí a definição “quilombo cultural”. Assim, Chico Science e o manguebeat são reflexo de uma sociedade repleta de contradições, na qual o “de cima sobe e de baixo desce”, contradições contra as quais sua música é, sobretudo, um instrumento de luta.

Em 1997, em um acidente de carro entre Olinda e Recife, morre Chico Science, às vésperas de um show que a já consagrada Nação Zumbi faria no Carnaval do Recife. A morte do cantor e líder da banda deixou órfãos não só a Nação Zumbi, mas todo o manguebeat, que, apesar de já não contar com um dos seus principais idealizadores, permanece combatendo a divisão de classes, com relação à qual Chico deixa a dica: “Eu me organizando posso desorganizar”.

Lidiana Medeiros, Recife

Coco de roda: origem e resistência

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Coco de rodaDança tradicional do Nordeste, o coco de roda tem sua origem na união da cultura negra com os povos indígenas no Brasil. Apesar de frequente no litoral, acredita-se que o coco surgiu no interior, provavelmente nos quilombo, a partir do ritmo originado da quebra dos cocos para a retirada da amêndoa, com sua dança e tradição musical cantada, tornou-se um modo privilegiado de transmissão e manutenção do conhecimento e da tradição popular.

No entanto, devido à sua origem nas camadas oprimidas e marginalizadas da sociedade, o coco sempre sofreu a discriminação dos meios de comunicação das classes dominantes. Assim, a difusão e a manutenção do coco como expressão cultural deve-se unicamente à sua resistência.

É enfrentando essas dificuldades que os mestres coquistas passam grande parte de suas vidas sem apoio, apesar de sua arte possuir grande valor histórico, que persiste através dos tempos.

Jackson do Pandeiro, por exemplo, um dos artistas mais célebres do coco, que começou sua carreira acompanhando sua mãe nas rodas de cocos enquanto tocava zabumba, morreu pobre e até hoje seu talento é desprezado pela grande mídia, apesar de ser referência nacional para vários artistas que alcançaram o estrelato.

Por sua vez, as leis de incentivo à cultura nunca colocaram o coco como prioridade nas ações e projetos considerados de interesse público. Também a maioria dos grandes espetáculos promovidos com o dinheiro do povo não tem o coco como foco das ações. Mesmo assim, esses órgãos gastam altos cachês e investimentos na propaganda de uma “cultura de massa” voltada para o lucro.

Apesar desta realidade, são cada vez mais notáveis as iniciativas populares para promover a valorização do coco de roda e resgatar essa tradição popular. Com frequência, vemos aumentar a realização de Sambadas, numa ação que pretende levar à juventude a valorização das vivências culturais que fortalecem a identidade popular.

Projetos como “O Coco do Amaro Branco”, que envolve mestres e discípulos de um coco tradicional há mais de 100 anos em Olinda, agora tem tido o coco de roda levado adiante como a Sambada Divina, organizada no dia 24 de março pelo Coletivo Bacurau, e que levou aos jovens do Recife uma alternativa de qualidade e difusão de talentos da música popular como o Grupo Sagaranna – novo grupo de música popular a desabrochar na cena pernambucana – apresentando o trabalho do Mestre Zé de Vina e seus Mamulengos vindos de Lagoa de Itaenga-PE e o talento da Mestra Dona Cila do Coco – Olinda.

Fernanda Toscano, Recife

Novelas brasileiras passam imagem de país branco, critica escritora moçambicana

A escritora moçambicana Paulina Chiziane“Temos medo do Brasil.” Foi com um desabafo inesperado que a romancista moçambicana Paulina Chiziane chamou a atenção do público do seminário A Literatura Africana Contemporânea, que integra a programação da 1ª Bienal do Livro e da Leitura, em Brasília (DF). Ela se referia aos efeitos da presença, em Moçambique, de igrejas e templos brasileiros e de produtos culturais como as telenovelas que transmitem, na opinião dela, uma falsa imagem do país.

“Para nós, moçambicanos, a imagem do Brasil é a de um país branco ou, no máximo, mestiço. O único negro brasileiro bem-sucedido que reconhecemos como tal é o Pelé. Nas telenovelas, que são as responsáveis por definir a imagem que temos do Brasil, só vemos negros como carregadores ou como empregados domésticos. No topo [da representação social] estão os brancos. Esta é a imagem que o Brasil está vendendo ao mundo”, criticou a autora, destacando que essas representações contribuem para perpetuar as desigualdades raciais e sociais existentes em seu país.

“De tanto ver nas novelas o branco mandando e o negro varrendo e carregando, o moçambicano passa a ver tal situação como aparentemente normal”, sustenta Paulina, apontando para a mesma organização social em seu país.

A presença de igrejas brasileiras em território moçambicano também tem impactos negativos na cultura do país, na avaliação da escritora. “Quando uma ou várias igrejas chegam e nos dizem que nossa maneira de crer não é correta, que a melhor crença é a que elas trazem, isso significa destruir uma identidade cultural. Não há o respeito às crenças locais. Na cultura africana, um curandeiro é não apenas o médico tradicional, mas também o detentor de parte da história e da cultura popular”, detacou Paulina, criticando os governos dos dois países que permitem a intervenção dessas instituições.

Primeira mulher a publicar um livro em Moçambique, Paulina procura fugir de estereótipos em sua obra, principalmente, os que limitam a mulher ao papel de dependente, incapaz de pensar por si só, condicionada a apenas servir.

“Gosto muito dos poetas de meu país, mas nunca encontrei na literatura que os homens escrevem o perfil de uma mulher inteira. É sempre a boca, as pernas, um único aspecto. Nunca a sabedoria infinita que provém das mulheres”, disse Paulina, lembrando que, até a colonização europeia, cabia às mulheres desempenhar a função narrativa e de transmitir o conhecimento.

“Antes do colonialismo, a arte e a literatura eram femininas. Cabia às mulheres contar as histórias e, assim, socializar as crianças. Com o sistema colonial e o emprego do sistema de educação imperial, os homens passam a aprender a escrever e a contar as histórias. Por isso mesmo, ainda hoje, em Moçambique, há poucas mulheres escritoras”, disse Paulina.

“Mesmo independentes [a partir de 1975], passamos a escrever a partir da educação europeia que havíamos recebido, levando os estereótipos e preconceitos que nos foram transmitidos. A sabedoria africana propriamente dita, a que é conhecida pelas mulheres, continua excluída. Isso para não dizer que mais da metade da população moçambicana não fala português e poucos são os autores que escrevem em outras línguas moçambicanas”, disse Paulina.

Durante a bienal, foi relançado o livro Niketche, uma história de poligamia, de autoria da escritora moçambicana.

Alex Rodrigues
Fonte: Agência Brasil

Fantasma da troika ameaça Espanha

Fantasma da troika ameaça EspanhaA Espanha está oficialmente em recessão, segundo os responsáveis do país e, de acordo com pareceres cada vez mais comuns em Bruxelas, vai ter que recorrer a qualquer forma de “ajuda” externa, a exemplo da Grécia, Portugal e Irlanda.

Segundo o ministro da Economia, o crescimento deverá ser negativo de 0,3 por cento no primeiro trimestre deste ano, uma situação que já vem ocorrendo desde o terceiro trimestre de 2011, o que corresponde ao reconhecimento do estado de recessão.

Com a economia a afundar-se rapidamente em função das fortíssimas medidas de austeridade, o desemprego a galopar, prevendo-se que atinja os 25 por cento ainda antes do fim do ano e os 50 por cento entre os jovens, com os juros da dívida a subir e a especulação a crescer nos mercados, a Espanha está em situação semelhante à dos países que foram colocados sob a tutela da troika. Os juros da dívida a dez anos voltaram a ultrapassar os seis por cento e os Credit Defaul Swap (CDS) da dívida espanhola batem recordes sucessivos, sinal de grande atividade especulativa.

Se não houver intervenção do BCE (Banco Central Europeu) será impossível a Espanha gerir a situação sem recorrer às “ajudas” externas, afirma-se em Bruxelas. O BCE declara-se, por seu lado, à margem de qualquer intervenção. Segundo Jorg Asmussen, diretor do banco, como “o pior da crise do euro ficou para trás cabe agora aos governos atuar para resolverem os seus problemas de endividamento”.

Fonte: BE Internacional

Argentina expropria YPF, multinacional espanhola de petróleo

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Argentina expropria YPF, multinacional espanhola de petróleoUma das principais disputas políticas – e também ideológicas – que vem sendo travada nos últimos anos diz respeito ao controle nacional dos recursos naturais dos países. De um lado, o imperialismo, que faz de tudo para controlar essas riquezas – inclusive guerras -, e do outro, os povos e governos progressistas, que lutam para manter ou retomar recursos fundamentais para seu desenvolvimento soberano.

Essa semana mais um capítulo dessa luta foi escrito. Em ato histórico, a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, enviou no dia 16 de abril proposta ao Congresso Nacional do país declarando de interesse público a exploração de petróleo e seus derivados. Na prática, o projeto expropria as ações da empresa YPF, antiga estatal privatizada na década de 1990 e que hoje é de propriedade da multinacional espanhola Repsol. Pela proposta, 51% das ações da empresa petrolífera serão retomadas, ficando o governo federal com 26,06% e as regiões produtoras com 24,99%, enquanto os restantes 49% serão de responsabilidade das províncias (estados), nos quais a empresa atua. A YPF é a líder no mercado de combustíveis na Argentina, controlando 52% da capacid ade de refinamento do país e dispondo de uma rede de 1.600 postos.

Segundo Kirchner, o objetivo da medida é alcançar a autossuficiência do país em petróleo. “A Argentina é o único país na América Latina que não maneja seus recursos naturais”, disse a presidenta argentina, que afirmou estar seguindo o exemplo de outros países têm o controle da maioria dos recursos de hidrocarbonetos, como a Arábia Saudita, o Irã, a China, Venezuela, o México, Chile, Uruguai, a Nigéria, os Emirados Árabes Unidos, o Iraque, Kuwait e a Noruega.

Outro motivo para a decisão foi o fato de que a Repsol não cumpriu compromissos de investimento firmados com o governo, o que obrigou o país a importar grandes volumes de hidrocarbonetos nos últimos anos. “Depois de dezessete anos, pela primeira vez em 2010, tivemos que importar gás e petróleo. Também tivemos redução no saldo comercial devido à queda nas exportações do setor, que entre 2006 e 2011 foi de 150%”, afirmou Cristina.

A decisão argentina de expropriar a petrolífera gerou reações dos governantes espanhóis e de grande parte dos economistas burgueses, todos ainda defensores do receituário neoliberal que levou o mundo à atual crise econômica.

Segundo Antônio Brufau, presidente da Repsol, a expropriação de sua empresa foi a maneira encontrada pelo governo argentino de “tapar a crise social e econômica que o país enfrenta”.

Digamos que isso seja verdade. Sendo assim, o governo argentino nada mais fez do que seguir o mesmo caminho adotado pelos países imperialistas quando do estouro da crise econômica mundial, ou seja, nacionalizar os setores mais importantes da economia.

Esse tipo de medida devia servir de exemplo para todos os países da região, que tiveram suas riquezas entregues nas mãos de grandes monopólios durante as privatizações da década de 1990, inclusive, e principalmente, no Brasil. De fato, não tem sentido que empresas como a Petrobras, a Vale do Rio Doce, CSN e setores como os das telecomunicações e energia continuem sendo propriedade privada, enquanto o país e o povo necessitam mais do que nunca de soberania e independência para se desenvolverem e superarem séculos de atraso e exploração. A Argentina percebeu isso.

Heron Barroso

Indústrias do petróleo e da guerra tomam o Ártico aproveitando o aquecimento global

Indústrias do petróleo e da guerra tomam o Ártico aproveitando o aquecimento globalPaíses europeus e americanos com territórios na zona Ártica estão a multiplicar exercícios militares conjuntos antecipando os efeitos das transformações provocadas pelas alterações climáticas e preparando a proteção para as novas rotas navais que serão abertas até 2030 e rentabilizarão a exploração de petróleo e gás natural já em curso.

Segundo os dados da US Geological Survey, cerca de 13 por cento das reservas de petróleo e 30 por cento das reservas de gás natural ainda desconhecidas no mundo estarão na zona Ártica, até agora difíceis de pesquisar e explorar devido às condições naturais.

O aquecimento global abre uma “janela de oportunidade”, segundo militares e técnicos da indústria petrolífera norte-americana citados pelas agências internacionais, porque vai tornar mais benignas as condições de investigação e trabalho e permitirá abrir rotas regulares à navegação.

A Noruega acolheu em março os exercícios militares “Resposta Fria” que envolveram mais de 16 mil operacionais de 14 países e respectivo equipamento terrestre, naval e aéreo numa ação de “elevada intensidade”. Tratou-se, segundo os organizadores, de fazer face a “ameaças terroristas”.

Dois meses antes a Dinamarca, os Estados Unidos e o Canadá tinham feito exercícios conjuntos e debatido com altos comandos dos países de toda a zona Ártica, incluindo a Rússia, as questões de segurança na região. A reunião decorreu numa base militar canadense.

A abertura de rotas do petróleo, agora em direção ao Norte profundo, beneficiando das novas condições de acesso proporcionadas pelo degelo contínuo decorrente do aquecimento global ajuda a explicar, segundo analistas citados pelas agências internacionais, muita da falta de empenho das grandes potências no combate às alterações climáticas e os sucessivos fracassos das cimeiras da ONU. Para a indústria petrolífera e a indústria militar que a sustenta, o aquecimento global é uma questão irreversível. E as atividades industriais e militares em zonas sensíveis aceleram-no.

Fonte: BE Internacional

A importância da luta armada na história do Brasil

Carlos Lamarca treinando Iara IavelbergDurante a elaboração do Terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos, os movimentos sociais propuseram e aprovaram a criação da Comissão de Verdade e Justiça, para investigar e julgar os crimes cometidos pela Ditadura Militar no Brasil. Hoje, finalmente está sendo formada essa comissão, agora apenas Comissão da Verdade, pois o povo brasileiro ainda terá que lutar mais tempo para conquistar a justiça.

Muitos são os ataques feitos a essa comissão. São ataques que vem de lugares certos: dos setores atrasados da igreja que apoiaram a ditadura, dos latifundiários, empresários e banqueiros que financiaram e enriqueceram com a ditadura, e é claro dos próprios militares que temem que a terrível verdade venha à tona. Uma das ‘justificativas’ dos implacáveis ocultadores da verdade é a de que foram cometidos crimes não só pelos militares, mas também pelos brasileiros que lutaram pela reposição do presidente eleito democraticamente, pelo fim da ditadura e redemocratização do país, e por um país mais justo e igualitário, diferente do Brasil de hoje, o país mais desigual da América Latina.

Esses combatentes, heróis nacionais, sofreram torturas, foram separados de seus filhos, viram seus entes mais queridos serem estuprados e assassinados na sua frente, tiveram os seios arrancados, foram seviciados com cassetetes, foram para o pau de arara, foram assassinados, jogados em valas comuns ou no mar, sem direito a qualquer tipo de julgamento. Suas famílias até hoje procuram seus corpos e a verdade a respeito de seu ‘desaparecimento’. Esses heróis são chamados pela corja da mentira de ‘terroristas’, maneira pela qual parece ter se encantado a burguesia em chamar os revolucionários em todo mundo, como o Che Guevara e as Farc na Colômbia.

Muitas vezes, mais que caluniar os revolucionários através da mídia, a direita tenta de fato transformar movimentos armados em terroristas, corrompendo elementos e manipulando as informações. É o que aconteceu com os Panteras Negras, movimento armado em defesa dos negros nos EUA nos anos 60, que foi difamado pelo governo que infiltrou drogas e traficantes nas comunidades negras.

É por isso que antes de aceitarmos que os jovens que lutaram contra a Ditadura Militar no país, ditadura que censurou a imprensa e a educação, que mais que duplicou nossa dívida externa e nossa dependência dos EUA, que impôs o medo a vários brasileiros, que impedia a livre expressão e atuação política, que freou os avanços sociais do Governo Jango e acabou com as Reformas de Base fortalecendo a desigualdade social no Brasil, antes de aceitarmos que eles sejam chamados de terroristas é importante lembrarmos o papel da luta armada em toda a história do Brasil.

A História do Brasil é a história da resistência do povo brasileiro. Na época da Colônia foram as revoltas dos índios contra a exploração portuguesa e até de outros países da Europa que vigoraram. Como a Confederação dos Tamoios (1555-1567), a Guerra dos Aimorés na Bahia (1555-1673) e a Guerra dos Potiguares na Paraíba e no Rio Grande do Norte (1586-1599). Depois começaram as resistências às entradas e bandeiras, expedições bandeirantes e bugreiras de exploração e captura de indígenas no interior do Brasil que duraram até o séc. XVII.

É quando, por não conseguir dominar a maioria dos índios e adequá-los à escravidão, os portugueses trazem mais escravos da África e mesmo com todo o esforço para impedir a organização dos negros que eram separados de seus familiares e tribos para não poderem se comunicar, quase imediatamente começam a existir os Quilombos e finalmente acontece a Guerra dos Palmares. Os quilombos foram formados no Brasil até o século XVIII e ainda hoje existem diversas comunidades negras e quilombolas no país que sofrem nas mãos das armas policiais.

Durante quatro anos, de 1617 a 1621 ocorreu o Levante dos Tupinambás, numa brava resitência aos portugueses que abrangeu o estado do Espirito Santo e a Bahia e na mesma época a primeira Insurreição Pernambucana, a Guerra da Luz Divina. Em São Paulo teve a Revolta de Amador Bueno, insurreição popular de 1641. Em 1666 o Motim do Nosso Pai em Pernambuco e a Revolução de Beckman ou revolta de comerciantes no Maranhão de 1684 a 1685. E continuam as revoltas indígenas com a Confederação dos Cariris na Paraíba e no Ceará (1686-1692) e com a Guerrilha dos Muras já no século XVIII. Houve também a Guerra dos Emboabas entre bandeirantes e mineiros, em São Paulo e Minas Gerais no início de 1700.

E aí se iniciam as Revoltas contra as altas taxas e impostos como a Revolta do Sal em Santos (1710), a Guerra dos Mascates entre comerciantes e canavieiros em Pernambuco (1710-1711), os Motins do Maneta, sublevações ocorridas em Salvador contra o monopólio do sal e aumento de impostos (1711) e a Revolta de Felipe dos Santos, revolta de mineradores contra a política fiscal em Minas Gerais (1720).

E é claro, com a ampliação do controle português sobre o território brasileiro continuam as resistências indígenas desta vez no Amazonas, a Guerra dos Manaus (1723-1728) e a Resistência Guaicuru no Mato Grosso do Sul (1725-1744). E até os jesuítas se unem aos índios catequizados em luta contra Portugal e Espanha na Guerra Guaranítica no Sul (1751-1757).

Até que chegamos as Revoltas pela Independência do Brasil, a famosa Inconfidência Mineira republicana (1789), a Conjuração Carioca (1794-1795) e a Conjuração Baiana ou Revolução dos Alfaiates (1798), revolta independentista e abolicionista, a única das três que não foi abortada. E já no século XIX a Conspiração dos Suassunas em Pernambuco (1801) onde também houve a Revolução Pernambucana em 1817, a Revolução Liberal de 1821 na Bahia e no Pará, a Independência da Bahia (1821-1823) e finalmente a Guerra da independência do Brasil contra militares legalistas portugueses, que abrangeu Bahia, Piauí, Maranhão, Pará e Uruguai (1822-1823).

Após tantas revoltas, nosso Brasil ganha o título de Império e com ele mais revoltas, a Confederação do Equador, revolta separatista no Nordeste (1823-1824), a Revolta dos Mercenários contra o Império do Brasil no Rio de Janeiro (1828), onde também ocorreu a Noite das Garrafadas, insurreição popular e confronto entre brasileiros e portugueses em abril de 1831 e a famosa Cabanada, insurreição popular em Pernambuco e Alagoas (1832-1835).

Aí volta, cada vez mais forte o desejo pela república, como na Federação do Guanais na Bahia (1832) e a Rusga que foi uma revolta entre conservadores (que queriam manter o império) e republicanos no Mato Grosso (1834). Teve a também famosa Cabanagem, insurreição popular no Pará (1834-1840), a Revolta dos Malês na Bahia (1835), a Revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul (1835-1845), a Sabinada, insurreição popular na Bahia (1837-1838), a Balaiada, insurreição popular no Maranhão (1838-1841) e as Revoltas Liberais de São Paulo e Minas Gerais (1842) e Revolta dos Lisos em Alagoas (1844).

Em Pernambuco teve o Motim do Fecha-Fecha (1844), o Motim do Mata-Mata (1847-1848) e a Insurreição Praieira, revolta socialista de 1848 a 1850. A Revolta do Ronco de Abelha no Nordeste (1851-1854), o Levante dos Marimbondos em Pernambuco (1852), a Revolta da Fazenda Ibicaba em São Paulo (1857), o Motim da Carne sem Osso, insurreição popular na Bahia (1858), a Revolta dos Muckers, insurreição popular-messiânica no Rio Grande do Sul (1868-1874), a Revolta do Quebra-Quilos, insurreição popular no Nordeste (1874-1875), a Guerra das Mulheres, uma insurreição popular no Nordeste (1875-1876) que mostra que as mulheres nunca foram passíveis na história, a Revolta do Vintém, insurreição popular no Rio de Janeiro (1880) e Curitiba (1883) e finalmente a Proclamação da República em 1889.

Na verdade, quando os poderosos no Brasil veem que não vão conseguir parar as revoltas populares, eles vão e fazem as mudanças por eles mesmos para dar algumas concessões ao povo sem perder o poder, mas com isso as revoltas não param, pois o povo quer uma mudança real que beneficie a todos e transforme a sociedade. E na República teve a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul (1893-1894), a República de Cunani, insurreição popular-separatista no Amapá (1895-1900) e a famosa Guerra de Canudos, insurreição popular-messiânica na Bahia (1896-1897).
Já no século XX, teve a Revolução Acreana, insurreição popular-separatista no Acre (1900-1903), a Revolta da Vacina, insurreição popular no Rio de Janeiro (1903), a Revolta da Chibata no Rio de Janeiro (1910), a Guerra do Contestado, insurreição popular-messiânica em Santa Catarina e Paraná (1912-1916), a Sedição de Juazeiro, insurreição política no Ceará (1914), a Revolta dos 18 do Forte no Rio de Janeiro (1922) e finalmente a Coluna Prestes, insurreição militar de fama internacional (1923-1925) que aderiu a Revolta Paulista de 1924.

Por conta destes movimentos (o último deles com forte influência socialista), o Governo pensou: “Façamos a Revolução antes que o povo a faça.” E aí veio a Revolução de 1930, golpe de Estado civil-militar e a Revolução Constitucionalista de 1932, revolta político-militar e guerra civil em São Paulo e finalmente a Intentona Comunista, insurreição comunista no Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio Grande do Norte (1935) e a Intentona Integralista, insurreição integralista no Rio de Janeiro (1938). Até na Segunda Guerra Mundial teve mais de 23.000 soldados brasileiros lutando para derrotar o nazismo.

E aí vem em 1964 o Golpe Militar fascista, patrocinado pelos poderosos e pelos EUA, para deter os avanços que o povo vinha conseguindo depois de tanto sangue derramado para cada vitória do povo. E como nunca faltou à luta contra as injustiças, filhos do povo brasileiro novamente se armaram na cidade e no campo contra este novo inimigo do avanço da luta popular, o Governo Ditatorial. A Luta armada, as guerrilhas urbanas e rurais de 1965 a 1972, como a Guerrilha do Araguaia, foram terrivelmente reprimidas pelo Regime militar com requintes de crueldade e desumanidade, e por isso os melhores filhos do povo foram barbaramente torturados e assassinados. Mas a luta não parou e por isso hoje, temos nossa “liberdade democrática” que garante por exemplo, a publicação do Jornal A Verdade e a existência do PCR, e é também por fruto desta luta armada e de outras lutas que vieram depois, que este ano poderemos ir as urnas e eleger nossos representantes, direito que não tínhamos na ditadura militar.

É claro que ainda há muito pelo que lutar, e até hoje, filhos do povo são assassinados pela polícia fascista na luta por moradia e terra no país. Mas a luta não vai parar. A polícia pode nos chamar de terroristas, mas somos o povo brasileiro e lutaremos, se for preciso com armas na mão, até que toda desigualdade e exploração seja banida, lutaremos até a construção da sociedade socialista.

Luanna Grammont de Cristo, Belo Horizonte

A criminosa guerra contra o Afeganistão

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A criminosa guerra contra o AfeganistãoO massacre de 16 civis praticado pelo sargento da marinha norte-americana Robert Bales no último dia 11 de março, na vila de Panjwai, no Afeganistão, trouxe de volta às manchetes a discussão sobre a crescente violência no país – mesmo após mais de 10 anos da sua invasão pelas tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) – e sobre as consequências da mais longa guerra imperialista da atualidade.

O caso é emblemático, pois mostra como a população afegã vive refém do medo e da violência impostos pela ocupação militar estadunidense. Segundo a versão do comando do exército dos EUA, o sargento, após uma noite de bebedeira com colegas, deixou a base militar de Zangabad durante a madrugada e dirigiu-se a um bairro próximo, onde praticou o crime. Em apenas uma casa, matou a sangue frio 11 pessoas, incendiando depois seus corpos. “Vi todos os meus parentes mortos, incluindo meus filhos e netos”, disse Haji Samad, um dos poucos sobreviventes. Testemunhas, entretanto, afirmam que o militar não agiu sozinho. “Vários soldados entraram em casa e ficaramem silêncio. Permanecino chão, fingindo estar morto”, disse Jan Agha, que escapou da chacina.

Este é apenas mais um dos muitos atos de violência protagonizados por soldados das tropas norte-americanas contra civis afegãos. Desde o início, em 2001, a ocupação militar do Afeganistão é marcada por inúmeros crimes contra a população e violações dos direitos humanos. Essa prática não vem diminuindo à medida que a ocupação se consolida, mas, ao contrário, não para de crescer, e ganha traços de sadismo. Dois casos exemplificam bem isso: o primeiro se deu em janeiro deste ano, quando soldados urinaram em corpos de militantes do Talibã mortos em combate, e o segundo em fevereiro, ocasião em que militares norte-americanos queimaram cópias do Alcorão – o livro sagrado dos muçulmanos – numa base militar em Bagram, provocando um repúdio maciço contra as tropas da Otan, dentro e fora do país.

Crimes de guerra

Crimes de guerra e desrespeito aos direitos humanos e aos valores de uma população local são comuns nas agressões praticadas pelo imperialismo. No Afeganistão, o primeiro caso do que acabou se tornando uma prática comum no país foi o massacre de Dasht-i-Leili, em dezembro de 2001, apenas dois meses depois da invasão, que provocou a morte de cerca de três mil prisioneiros talibãs, assassinados sumariamente quando eram transportados para a prisão.

Em 2005, cinco soldados norte-americanos promoveram outro massacre, dessa vez na região de Kandahar, que ficou marcado pelo fato de que eles esquartejaram os cadáveres das vítimas e guardaram seus ossos e crânios como “troféus de guerra”. Já no dia 22 de agosto de 2008, na aldeia de Azizabad, província de Herat, um ataque aéreo das forças de ocupação matou mais de 90 civis, a maioria deles crianças. Outros “erros” que ocasionaram a morte de civis também incluem o dia em que soldados franceses bombardearam um ônibus cheio de crianças, em 2008, matando oito; uma ronda feita pelas tropas norte-americanas que matou 15 passageiros e o extermínio de uma vila inteira durante uma festa de casamento, incluindo uma mulher grávida e várias crianças.

A lista de crimes e assassinatos praticados pelas tropas imperialistas é realmente interminável. De acordo com o fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, documentos militares norte-americanos divulgados pelo site trazem evidências contundentes de crimes de guerra cometidos no Afeganistão e revelam episódios muito mais violentos do que aqueles que são anunciados oficialmente pelos militares. “É a continuidade dos pequenos eventos, são as contínuas mortes de crianças e de insurgentes pelas forças aliadas”, afirmou.

Segundo Assange, dezenas de irregularidades cometidas pelos Estados Unidos, tais como assassinatos de civis e operações secretas contra rebeldes, não constam dos relatórios oficiais. Entre as informações divulgadas pelo WikiLeaks estão documentos que afirmam que centenas de civis foram mortos, sem conhecimento público e oficial, pelas tropas norte-americanas e aliadas, planos secretos para exterminar líderes rebeldes, bem como a discussão do suposto envolvimento do Irã e do Paquistão no apoio à resistência.

Número de mortos bate recorde

Nos últimos meses a violência no Afeganistão alcançou seu nível mais intenso desde que os EUA invadiram o país há mais de nove anos. Em 2011, de acordo com a missão da ONU no Afeganistão (Unama), um total de 3.021 civis morreram vítimas de violência no país, um recorde desde o início da invasão. O número de vítimas aumentou 8% na comparação com os 2.790 civis mortos em 2010. Ainda segundo a ONU, 2011 foi o quinto ano consecutivo de alta das mortes de civis no Afeganistão. Ao todo, mais de 12 mil civis morreram durante a invasão, contra um total de 2.753 soldados da Força Internacional de Assistência na Segurança (Isaf) mortos, revelando com clareza a crueldade e a covardia dessa guerra. “Há muito tempo civis afegãos vêm pagando o preço mais alto da guerra”, disse Jan Kubis, representante especial do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

População vive sem água potável

De fato, apesar das inúmeras riquezas que possui – o Afeganistão possui reservas de petróleo estimadas em 1,8 bilhão de barris e é rico em ferro, cobre, cobalto, ouro e metais fundamentais para a indústria, como o lítio – o país foi completamente arrasado pelos anos de guerra e ocupação militar imperialista, e a população condenada à mais absoluta miséria.

O governo do presidente fantoche Hamid Karzai é considerado o terceiro mais corrupto do mundo, atrás apenas dos governos da Somália e de Mianmar. Atualmente, 90% de todo o gasto público do Afeganistão vem hoje de ajuda internacional. Passados mais de 10 anos desde o início da invasão, a expectativa de vida no país diminuiu drasticamente, enquanto que a mortalidade infantil, a pobreza e a desigualdade social estão entre as maiores do mundo: 36% da população vive abaixo da linha da miséria e 35% da população adulta está desempregada.

Tem mais: a maioria da população afegã não tem acesso à água potável e ao saneamento básico, e apenas 10% possuem energia elétrica. O país tem também a segunda pior taxa de mortalidade materna do mundo, atrás apenas de Serra Leoa, fazendo com que, para cada 10 mil nascimentos, 1.600 mulheres morram durante o parto e, segundo relatório da agência da ONU para crimes e drogas, cerca de 1 milhão de afegãos entre 15 e 64 anos são viciados, ou seja, 8% da população.

Essa situação é resultado de uma década de uma guerra injusta e covarde promovida pelas maiores potências do mundo contra um país miserável. Injusta porque se trata de uma guerra imperialista, uma guerra de pilhagem cujo objetivo sempre foi tomar posse das riquezas afegãs e explorar seu povo. E covarde porque estamos falando de uma guerra promovida pelos maiores exércitos do mundo contra um dos países mais atrasados e indefesos do planeta.

O resultado é que hoje o Afeganistão é um país literalmente arrasado, sua economia está praticamente destruída, não há liberdade para o povo e, como vimos, o desemprego, a violência e a pobreza são maiores do que antes da guerra. Se ainda há alguém no mundo que não reconheça a ferocidade e a brutalidade do imperialismo, olhe para o que estão fazendo com o Afeganistão.

Da Redação

Homenagem a Elis Regina – Elis vive, viva Elis

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Homenagem a Elis Regina - Elis vive, viva ElisElis Regina Carvalho Costa foi uma das mais brilhantes cantoras brasileiras dos anos 60, 70 e início dos 80 e, devido a suas fortes e marcantes interpretações. Gravou O Bêbado e a Equilibrista (de João Bosco e Aldir Blanc), canção que se tornou o hino da anistia no fim da década de 1970.

No ano de 1978, em sua turnê Transversal do Tempo, na qual os shows tinham um viés político e de crítica social, Elis participou de uma missa celebrada por Dom Hélder Câmara (na época arcebispo católico de Olinda e Recife), em favor da libertação do estudante Edival Nunes da Silva (Cajá), e manifestou seu apoio a todos os atingidos pela ditadura militar no governo do general-presidente Ernesto Geisel.

Em 2012 completam-se 30 anos desde que Elis Regina se foi, e, pensando nisso, o Movimento de Mulheres Olga Benário, o Centro Cultural Manoel Lisboa de Moura e o Sindicato das Secretárias do Estado de Pernambuco organizaram uma homenagem intitulada Elis Vive, Viva Elis, que aconteceu no dia 20 de março (mês do aniversário da cantora) no Salão Nobre do Teatro Santa Isabel. O evento contou com depoimentos de Edival Nunes Cajá (ex-preso político), Carminha Pereira (radialista e amiga de Elis), Guita Kozmhinsky (do Movimento de Mulheres Olga Benário) e do padre Reginaldo Veloso (do Movimento de Trabalhadores Cristãos). Contou também com a participação de músicos como Cláudio Almeida (violonista), Beth Coelho (cantora), Diógenes Batista (flautista) e Arthur Johnson (professor de violino do Conservatório Pernambucano de Música).

Foi uma noite emocionante, durante a qual, pelos depoimentos e relatos dos convidados, o público presente pôde conhecer um pouco mais sobre Elis, saber de algumas curiosidades e matar as saudades daquela que foi considerada uma das melhores cantoras do Brasil.

Geysa Karla, diretora-adjunta do Sinsepe

Ocupação Ruy Frazão conquista terreno

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Ocupação Ruy Frazão, em PernambucoNove meses é o período de uma gestação, e foi o tempo necessário entre reuniões e ocupação para 350 famílias conquistarem suas casas. Na semana em que completariam dois meses de ocupação no terreno da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que há 30 anos não tinha nenhuma utilidade, as famílias organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas/PE (MLB) conquistaram terreno para construção de suas casas.

O termo de compromisso foi assinado pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU), a Secretaria das Cidades de Pernambuco, Governo do Estado, o Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas- MLB/PE e a Universidade Federal de Pernambuco.

Nele, a Secretaria do Patrimônio da União se compromete a destinar ao movimento área de 24 mil metros quadrados no bairro de Afogados, Recife. O Estado de Pernambuco expressa em documento sua desistência de interesse pela referida área, já que está empenhado na solução do caso, e a UFPE prestará assistência técnica para o anteprojeto habitacional da área destinada ao MLB.

Em assembleia, as famílias ouviam atentamente a proposta do Termo de Compromisso. A aprovação pelas famílias veio de uma forma diferenciada; em vez de mãos erguidas, foram sorrisos, palmas e palavras de ordem. Esta é uma vitória importante de uma longa caminhada, que o processo de organização deve continuar; um grande ato para assinatura pública do termo está previamente marcado para o dia 13 de abril, e os próximos passos serão a elaboração do projeto habitacional e a captação do recurso para sua construção.

Às famílias cabe manter o compromisso de continuar a lutar, manter as reuniões semanais, assembleias, atos e passeatas, tudo enfim que seja contribua para conquistar a vitória definitiva, a casa tão desejada.

Elizabeth Araújo, Recife

Universidade brasileira será debatida em Campina Grande, PB

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3º Seminário Universidade BrasileiraNos dias 20, 21 e 22 de abril acontecerá em Campina Grande-PB o 3º Seminário Universidade Brasileira, que terá debates e mesas-redondas sobre temas como autonomia universitária, permanência e assistência estudantil e a campanha nacional por 10% do PIB para a educação.

O evento será sediado na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) pela importância que a instituição assumiu no último período em relação à luta dos estudantes das universidades públicas por autonomia, especialmente com a resistência que toda a comunidade acadêmica vem desenvolvendo contra o decreto autoritário do governador Ricardo Coutinho, que corta cerca de R$ 9 milhões mensais do já pequeno orçamento da instituição.

Vários são os problemas, para além da autonomia, que os universitários brasileiros enfrentam: moradias com vagas insuficientes e caindo aos pedaços, bandejões caros e limitados no número de refeições, bolsas de iniciação científica inacessíveis, etc. O Seminário busca discutir esses temas e contribuir com a organização dos estudantes para reivindicar estes e outros direitos.

A inscrição custará R$ 30,00 e poderá ser feita na hora do credenciamento, no local do evento. Para maiores informações acesse www.universidadebrasileira.wordpress.com ou entre em contato pelo telefone (83) 9802-6578.