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quarta-feira, 17 de setembro de 2025
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O massacre de Eldorado dos Carajás: se calarmos, as pedras gritarão

MASSACRE. Mulher chora ao lado de túmulo de seu marido, vítima do massacre. (Foto: Jorge Araújo/Folhapress)

Não houve diálogo. Os policiais já chegaram lançando bombas de gás lacrimogêneo. Não houve confronto. O que poderiam ferramentas de trabalho contra armas de fogo? Houve, sim, resistência pacífica. Os sem-terra não aceitaram parar a caminhada. O coronel Mário Pantoja de Oliveira deu a ordem de fogo! As balas choveram sobre os trabalhadores. Dezenove morreram no local, mais de 70 ficaram feridos, dos quais dois faleceram posteriormente. Mas não foram apenas as balas. A Perícia Judicial atestou que dez camponeses foram executados e sete deles apresentavam ferimentos de foices e facas. Além de matar, os policiais tentaram lançar a culpa nos próprios sem-terra.

José Levino.


Joana está perto de completar 15 anos de idade e, como todas as adolescentes, pensa numa bela festa. Mas sabe que seu olhar refletirá um misto de alegria e tristeza, porque ela sabe da história. Pensa que seu pai poderia ter sido um dos 21 mortos naquela fatídica data. 17 de abril de 1996. Ela nasceu no ano seguinte, quando as lembranças ainda eram muito fortes e lhe marcaram desde a gestação.

Foi no começo de março de 1996 que 1.500 famílias ocuparam a fazenda Macaxeira, situada em Eldorado dos Carajás, Pará. O camponês não pode viver sem terra para trabalhar, para produzir o alimento necessário ao sustento da família. A fazenda ocupada era utilizada para pasto, 40 mil hectares destinados ao lucro de um só proprietário, o Paulo Pinheiro. Mas o Incra considerava a terra como produtiva, portanto não poderia desapropriá-la. Diante disso, o MST programou uma caminhada até Belém para as famílias convencerem o Incra de que elas tinham razão. Mil e cem camponeses puseram o pé na estrada, a rodovia PA-50, no dia 16 de abril.

Governava o Estado do Pará o Sr. Almir Gabriel (PSDB). Seu Secretário de Segurança, Paulo Sette Câmara, mandou a Polícia Militar desobstruir a estrada, em nome do direito de ir e vir. Direito de quem? Dos veículos, conduzindo mercadorias, madeiras e minérios roubados da Amazônia? E as pessoas não têm esse direito constitucional?

Não houve diálogo. Os policiais já chegaram lançando bombas de gás lacrimogêneo. Não houve confronto. O que poderiam ferramentas de trabalho contra armas de fogo? Houve, sim, resistência pacífica. Os sem-terra não aceitaram parar a caminhada. O coronel Mário Pantoja de Oliveira deu a ordem de fogo! As balas choveram sobre os trabalhadores. Dezenove morreram no local, mais de 70 ficaram feridos, dos quais dois faleceram posteriormente. Mas não foram apenas as balas. A Perícia Judicial atestou que dez camponeses foram executados e sete deles apresentavam ferimentos de foices e facas. Além de matar, os policiais tentaram lançar a culpa nos próprios sem-terra.

Um Processo Inglório

LUTO E LUTA. Caixões dos sem-terras assassinados cobertos por bandeiras do MST. (Foto: Jorge Araújo/Folhapress)

A repercussão do massacre foi enorme, tanto no país como no exterior. O então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, do mesmo partido do governador do Pará, pediu a prisão imediata dos responsáveis. Mas ninguém foi preso. Para não ser injusto, registremos que o coronel Pantoja passou 30 dias em prisão domiciliar.

Só isso, apesar de José Gregori, chefe de gabinete do Ministro da Justiça, Nélson Jobim, ter dito em alto e bom som: “ O réu desse crime é a polícia, que teve um comandante que agiu de forma inadequada”. Ele falou após assistir ao vídeo do massacre, pois foi tudo filmado. O coronel Mário Pantoja disse que cumpriu ordem do Secretário de Segurança e este confirmou que havia autorizado a polícia a “usar os meios necessários, inclusive a atirar”. Ricardo Marcondes de Oliveira, outro fazendeiro da região informou que dias antes contribuíra com uma coleta organizada pelo dono da fazenda Macaxeira e sabia que se destinava ao dito coronel da PM. Propina. Mesmo assim nenhum fazendeiro foi indiciado. Nem o governador e seu secretário, que assumiu ter autorizado o massacre. Sintomático!

Indiciados foram os 155 PMs que participaram da operação. O Ministério Público denunciou-os por homicídio, mas o inquérito foi mal feito. Não existe no direito penal brasileiro punição coletiva. Precisaria que as armas tivessem sido periciadas para identificar de onde partiram os tiros que ocasionaram as mortes. O próprio Procurador Geral da República, Geraldo Brindeiro, considerou o inquérito repleto de imperfeições técnicas e determinou que a Polícia Federal o refizesse, mas não adiantou muito.

ASSASSINATO. O trabalhador Lourival da Costa Santana, uma das vítimas do massacre de Eldorado dos Carajás, no IML de Marabá. (Foto: Jorge Araújo/Folhapress)

O juiz de Primeira instância convocou júri popular, mas só dois policiais foram condenados: o coronel Mário Pantoja, a 228 anos de prisão, e o major José Mário Pereira, a 158 anos. Mas não cumpriram nem um. Tiveram o direito de recorrer em liberdade e vêm recorrendo indefinidamente. Quinze anos depois, o processo está parado, aguardando julgamento de Agravo de Instrumento no Supremo Tribunal Federal (STF). O promotor Marco Aurélio Nascimento, que atuou no caso, comenta: “As decisões de primeira instância não são cumpridas, e as pessoas ficam recorrendo. No Brasil, há uma infinidade de recursos. Os processos nunca se encerram”.

Vitoriosos, sim!

Se no processo judicial só houve decepção (mas qual é mesmo o papel do Poder Judiciário em nossa sociedade? Sobre o assunto, leia A Verdade nº137), os camponeses foram vitoriosos, sim. 18 mil hectares da Fazenda Macaxeira foram desapropriados, e assentadas 690 famílias. Hoje, vivem na área em torno de 6 mil pessoas, praticando a agricultura de subsistência, criando vacas de leite e pequenos animais. Avaliando toda a história, afirma o assentado Iedimar Rodrigues (depoimento ao jornal Brasil de Fato): “…Foi uma coisa difícil até conseguirmos. Mas depois foi só alegria e muito trabalho porque fomos capazes de transformar nossas vidas”. “Hoje, consegui arrumar minha família, tenho casa. O que temos, devemos aos companheiros que foram mortos”, acrescenta o assentado Miguel Pontes.

O renomado arquiteto Oscar Niemeyer projetou uma homenagem aos Sem-Terra mortos. O Monumento Eldorado Memória, inaugurado no dia 7 de setembro de 1996 em Marabá (PA) foi destruído dias depois. Quem teria sido responsável pelo ato terrorista? Alguém ousa responder? Niemeyer não se surpreendeu: “Já esperava. Aconteceu o mesmo quando levantamos o monumento em homenagem aos operários mortos pelo Exército na ocupação da Companhia Siderúrgica Nacional em Volta Redonda”, disse o arquiteto.

17 de abril tornou-se Dia Nacional de Luta pela Terra. E nesse mês, o Movimento dos Sem-Terra (MST) promove ocupações e manifestações em todo o país. É o Abril Vermelho! Então, uma vida, muitas vidas valem um sonho!

“…Canudos, Contestado, Caldeirão, Candelária, Carandiru, Corumbiara, Eldorado dos Carajás… Se calarmos, as pedras gritarão” (Pedro Tierra)

Lei Geral da Copa é ofensa à Nação

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Para Romário, "a Fifa poderia ganhar um pouco menos para que o brasileiro possa participar", pois se a FIFA conseguir barra a meia-entrada "essa não vai ser a Copa do povo brasileiro."Nas últimas semanas, ganhou destaque nos principais meios de comunicação do país o debate no Congresso Nacional em torno da Lei Geral da Copa, um conjunto de exigências impostas pela Fifa para a realização do Mundial de 2014 e que, uma vez aprovada, limitará a soberania e a autonomia nacional durante as semanas da competição, anulando uma série de leis existentes no país.

Defensor ferrenho da aprovação da Lei e dos acordos com a corrupta Fifa, o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo (PCdoB), ameniza a questão afirmando que “a Lei Geral da Copa configura compromissos, obrigações que o Brasil assumiu, como todos os outros países. Ao longo de todas as Copas, os países assumem esse compromisso. Na Lei Geral não há propriamente polêmica em torno do conteúdo. A não ser uma interpretação sobre o significado da suspensão de um artigo do Estatuto do Torcedor para a permissão de venda de bebida alcoólica dentro dos estádios”. E completa: “O problema durante a Copa é encontrar uma solução que cumpra o compromisso que (o Brasil) assinou e precisa cumprir. Para que o Brasil continue respeitado como país sério e cumpridor dos compromissos, sejam comerciais, diplomáticos ou de qualquer outro tipo”.

A questão, entretanto, ministro, é bem mais grave do que simplesmente a liberação ou não de bebidas alcoólicas nos estádios onde ocorrerão os jogos. Trata-se aqui de uma questão de garantia de direitos e de soberania nacional.

De fato, aprovada a Lei da Copa, um verdadeiro Estado de exceção será imposto ao país: o comércio não oficial de produtos nos arredores dos estádios e nas vias de acesso a eles será proibido, bares ou restaurantes estarão cometendo um crime se mostrarem em telões para seus clientes jogos da Copa do Mundo, a Fifa não pagará nenhum centavo ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) para registrar suas marcas, e a meia-entrada para estudantes foi abolida, entre outras coisas. A Fifa também terá a prerrogativa de decidir quem entra no Brasil, uma vez que bastará ter ingresso ou credencial para adentrar livremente no país. Na prática, a lei defendida pelo ministro pretende alugar o Brasil para a Fifa durante as semanas da Copa.

Romário: “Fifa mandará mais que Dilma”

Para Romário, ex-jogador da Seleção brasileira e atual deputado federal pelo PSB do Rio de Janeiro, além de vice-presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, é necessário que o Governo brasileiro se imponha diante das exigências da Fifa. “Se não colocar a Fifa no seu determinado lugar, daqui a pouco, ela estará mandando mais que a nossa presidente, e a Copa vai ser do jeito que a Fifa quer, e não como a gente tem que fazer”, afirmou.

O baixinho vai além e defende que a Fifa tem que fazer uma Copa no Brasil para todas as classes e, não só para os ricos. “A conta feita pela Fifa é que, com a lei da meia-entrada, eles perderiam R$ 180 milhões, ou deixariam de ganhar. Nós não temos que pagar isso. A Fifa poderia ganhar um pouco menos para que o brasileiro possa participar. Não vai ser a Copa do povo brasileiro. Na minha concepção, teria que ser uma Copa para as classes A, B, C, D e E. A e B não terão problemas, mas as demais classes terão problemas porque o ingresso vai custar no mínimo R$ 150”, disse.

AI-5 da Copa

Entretanto, enquanto as atenções estão voltadas para a Lei Geral da Copa, os senadores Marcelo Crivella (PRB-RJ), Ana Amélia (PP-RS) e Walter Pinheiro (PT-BA) apresentaram outro Projeto de Lei no Senado, que já está sendo chamado de “AI-5 da Copa”, uma vez que pretende reeditar medidas típicas da Ditadura Militar, como proibir greves durante o período dos jogos e incluir o ‘terrorismo’ na relação de crimes com punições duras e penas altas para quem ‘provocar terror ou pânico generalizado’”.

O Projeto 728/2011 ainda aguarda voto do relator Álvaro Dias (PSDB-PR) na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, mas, se for aprovado, vai criar oito novos tipos penais que não constam no Código Penal brasileiro, tais como “terrorismo”, “violação de sistema de informática” e “revenda ilegal de ingressos”, determinando penas específicas para eles.

O projeto prevê ainda que, quem “cometer crimes contra a integridade da delegação, árbitros, voluntários ou autoridades públicas esportivas com o fim de intimidar ou influenciar o resultado da partida de futebol, poderá pegar entre dois e cinco anos de prisão”. Para quem “violar, bloquear ou dificultar o acesso a páginas da internet, sistema de informática ou banco de dados utilizado pela organização dos eventos”, a pena seria de um a quatro anos de prisão, além de multa. E para deixar a aplicação das penas ainda mais eficaz, o projeto prevê a instauração de um “incidente de celeridade processual” (art. 15), quer dizer, um regime de urgência em que a comunicação do crime poderia se dar por mensagem eletrônica ou ligação telefônica, funcionando também nos finais de semana e feriados.

Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB de São Paulo, Martim Sampaio, o projeto é um “atentado contra o Estado Democrático de Direito”. “É um projeto de lei absurdo que quer sobrepor os interesses de mercado à soberania popular. Uma lei para proteger a Fifa e não os cidadãos e que, além de tudo, abre precedentes para injustiças por suas definições vagas”, completa. Segundo Sampaio, o conceito de “terrorismo” presente no projeto de lei, e que até hoje não existe no nosso Código penal, chama atenção. Na proposta, terrorismo é definido como “o ato de provocar terror ou pânico generalizado mediante ofensa à integridade física ou privação da liberdade de pessoa, por motivo ideológico, religioso, político ou de preconceito racial, étnico ou xenófobo” e terá pena de 15 a 30 anos de prisão. “Da maneira como está na lei, qualquer manifestação, passeata, protesto, ato individual ou coletivo pode ser entendido como terrorismo. Isso é um cheque em branco na mão da Fifa e do Estado”, denuncia.

O AI-5 da Copa também pretende reduzir o direito de greve dos trabalhadores de setores considerados essenciais, como a manutenção de portos e aeroportos e os serviços de hotelaria e vigilância, além dos que atualmente trabalham nas obras da Copa, de três meses antes dos eventos até o fim dos jogos. Os sindicatos que decidirem fazer uma paralisação terão de avisar com 15 dias de antecedência e manter ao menos 70% dos trabalhadores em atividade. O governo ainda estará autorizado a contratar trabalhadores substitutos para manter o atendimento, o que é proibido pela lei 7.283/1989 em vigor no país, que estabelece 72 horas de antecedência para o aviso de greve e não determina um percentual mínimo de empregados em atividade durante as paralisações.

Para Eli Alves, presidente da Comissão de Direito Trabalhista da OAB-SP, a sensação que fica é a de que “o Brasil está sendo alugado para a Fifa, flexibilizando suas próprias regras para fazer a Copa no país”, e lembra que as greves foram proibidas durante a Ditadura Militar: “A gente conquistou este direito com o fim da Ditadura, muitas vidas foram perdidas neste processo. Não é possível que agora criemos uma ditadura transitória da Fifa. O único jeito de não deixar esta lei ser aprovada é por pressão popular”, afirma.

O que é a Fifa

Fifa é a Federação Internacional de Futebol Associado, entidade fundada em 1904, com sede atual em Zurique, na Suíça, e que congrega as federações e confederações de futebol de cada país. E considerada uma das entidades mais corruptas do mundo. Há vários anos, está atolada em esquemas de corrupção, e seus dirigentes possuem dezenas de processos na Justiça de vários países. A cada dia, surgem novos escândalos que vão desde denúncias de compra de votos para a reeleição do atual presidente Joseph Blatter, passando por negociatas e favorecimentos a grandes empresas durantes os longos anos de domínio do brasileiro João Havelange, até as recentes escolhas das sedes da Copa do Mundo do Brasil (2014), Rússia (2018) e Qatar (2022). Assim, A Copa, que é o maior evento esportivo do mundo, transformou-se num meganegócio para os diretores da entidade e para as empresas patrocinadoras, todos, ao final, contabilizando enormes lucros com a construção dos estádios e da infraestrutura das cidades, a venda de pacotes turísticos, ingressos e produtos de multinacionais.

Heron Barroso, Rio de Janeiro

A raiz da corrupção no Brasil

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Corrupção no BrasilSão incessantes e numerosos os casos de corrupção no nosso país. Não param as denúncias contra funcionários públicos, parlamentares, secretários e ministros do poder Executivo. Aliás, pelo menos nove ministros sofreram pesadas queixas de crimes do colarinho branco, e seis deles já foram afastados pela presidenta Dilma Roussef, numa clara demonstração de que a corrupção é um câncer no Estado brasileiro. Porém, é preciso se perguntar porque entra governo e sai governo, ano após ano, o dinheiro dos impostos do povo brasileiro é surrupiado por esses criminosos de paletó e gravata. Para responder a essa pergunta, é necessário sabermos o que é e como funciona essa estrutura política chamada Estado.

O Estado é o destacamento de homens fortemente armados, supostamente criado para defender a pátria, com acréscimo de um grupo regular de funcionários públicos, aparentemente acima de todos na sociedade. Esta primeira característica é o principal traço do Estado, pois ele existe desde que surgiram as classes sociais e é um instrumento de repressão de uma classe por outra, a qual domina o poder econômico. Em outras palavras, somente existe ‘Estado’ porque uma minoria necessita dominar a maioria e o utiliza para manter seu poder sem que ninguém sequer questione o porquê. É preciso notar que esse poder é exercido no Brasil pelas Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), que aparentam a ‘mais pura’ de todas as estruturas, o que já foi diferente, pois sofremos o controle desses militares durante mais de duas décadas envoltos em inúmeros casos de roubo do dinheiro público.

Toda essa estrutura aperfeiçoada durante séculos apresenta-se como inquestionável e inquebrantável. Mas, uma das provas mais seguras da sua fragilidade é a corrupção. Desde que surgiu o Estado com o fim da sociedade primitiva de clãs¹, existe a corrupção. Mais do que isso. Ele surgiu a partir de uma tremenda injustiça: garantir a proteção legal, por meio das armas, das propriedades de um reduzido grupo de pessoas que se apossaram dos bens produzidos socialmente.

Como resultado desse desenvolvimento que remonta a milhares de anos, na nossa época atual, portanto, a corrupção do Estado é resultado do domínio político dos capitalistas. Desde juízes, promotores, deputados, vereadores, prefeitos, governadores, ministros, enfim, todos estão envolvidos pelo câncer da corrupção. Muito embora alguns ocupem cargos de forma honesta, trata-se de toda estrutura que é podre e não pode ser modificada nos marcos do atual regime econômico. Exatamente por isso, mudam-se os nomes, mas o papel que cumprem os substitutos é o mesmo. Por mais investigação que se faça, a Polícia Federal não haverá de modificar tal realidade nos marcos da sociedade capitalista.

A forma do roubo dos nossos impostos

Vejamos agora como funciona esse assalto aos nossos bolsos.

O poder Executivo, os governos, recolhem os nossos impostos com a justificativa de nos dar condições adequadas de saúde, educação, lazer, infraestrutura, etc. Utilizam, para isso, a coação dos cidadãos. Quem não pagar os impostos perde direitos sociais. Veja que essa medida somente pode ser imposta aos trabalhadores, pois, os capitalistas não recolhem impostos, eles os embutem nos preços das mercadorias que nos vendem. Logo, desde o pagamento dos tributos somos lesados pelos dominadores.

Ao recolher todos esses impostos o governo administra tais recursos por meio de um plano chamado Orçamento. É com ele que os diversos funcionários públicos podem gastar os recursos. Porém, existe uma particularidade interessante: o governo não pode contratar diretamente os serviços ou obras criando empresas próprias para execução em virtude do seu caráter liberal². Ele seleciona tais empresas mediante editais públicos chamados de licitações. Ora, trata-se de uma concorrência pública para executar os serviços ou obras que, na prática, se tornam peças de um jogo de interesses das empresas capitalistas. Em virtude dos subornos, os processos são fraudados e se caracteriza a forma de transferência de recursos do nosso dinheiro para os bolsos dos grandes empresários. Por outro lado, sem consultar nenhum cidadão, o governo paga desse mesmo orçamento uma soma estratosférica de recursos de juros de dívidas a bancos e especuladores, e, exatamente por isso, sempre afirma que não dispõe de dinheiro para os serviços sociais. Esses bancos (seus donos, os banqueiros) repassam aos ‘parlamentares’ somas enormes de dinheiro para que sejam mantidos os pagamentos. No popular, “uma mão lava a outra”. Caso não aceitemos tais imposições, somos encarcerados. Se nos manifestamos, denunciamos, questionamos esse poder dos capitalistas, está lá o poder ‘policial’ para impedir qualquer mudança significativa.

Além dessas, para realizar as demais transferências dos nossos recursos para as empresas ‘seguras’, dentro dos esquemas de benefícios de uns e outros, são realizados outras diversas formas de subornos, esquemas ilegais e desvios. São bizarras e escrachantes as formas que os capitalistas utilizam para realizar esse roubo – desde os parlamentares junto com capitalistas criarem grandes empresas nos nomes de seus parentes até mesmo construções de obras públicas dentro de terras privadas.

As famílias Sarney, Magalhães, Collor, Jereissati, Serra, Calheiros, por exempo, possuem dezenas de empreendimentos vultosos. Até mesmo o filho de Luís Inácio (PT), conhecido como Lulinha, criou uma empresa de tecnologia, disputou licitações, milagrosamente ganhou-as e já se tornou milionário em poucos anos. Por outro lado, tais empresas financiam campanhas dos parlamentares e governantes, nomeiam parentes, desviam funcionários públicos das suas funções, criam cargos fantasmas, subornam juízes e promotores, etc. Teríamos que escrever centenas de páginas para citar todas as formas de corrupção, mas este não é o objetivo do presente artigo.

Outro ponto importante a ser lembrado: muitos historiadores interligam a nossa corrupção ao modelo de colonização portuguesa. Até chegam a compará-la às decisões da Corte Portuguesa de enviar para cá ‘degredados’³ para diversas regiões do país. Trata-se, pois, de mascarar a raiz do problema. Embora tal colonização e suas características tenham certa influência na forma, nem de longe expressam o conteúdo dessa questão. Basta ver os casos de corrupção em todos os países imperialistas e nas suas semicolônias. Costa do Marfim, por exemplo, foi colonizada pela ‘civilizada’ França e é considerada um dos países com piores índices de corrupção; ou o Paraguai, colonizado pelos espanhóis, que está em 140º lugar entre os 145 países em casos de desvio de recursos públicos.

Assim, o que fica demonstrado é que a corrupção em qualquer país capitalista está ligada fundamentalmente a quem detém o poder econômico. Em último caso, tais ‘funcionários públicos’ são corrompidos exatamente por essas empresas. Os servidores públicos, unindo-se a elas, tornam-se também capitalistas e sucede-se assim a ‘cadeia produtiva’ dos roubos que não param de acontecer.

Para solucionar tudo isso, seria necessário destruir toda a estrutura podre do Estado. Seriam obrigatórios: um total controle popular dos recursos dos trabalhadores, o fim da imunidade e inamovibilidade desses funcionários públicos, especialmente parlamentares e governantes; fim dos recursos de capitalistas nas campanhas eleitorais; proibição de todos os políticos com família ligada as empresários, juízes democraticamente eleitos e com mandatos revogáveis. Tais medidas mudariam esse quadro desolador do nosso país; mas antes delas serem implementadas, teremos de enfrentar uma intensa luta contra esses mesmos ‘ladrões’ de colarinho branco, sejam funcionários das empresas capitalistas sejam os infiltrados no serviço público.

Notas:
¹Comunidade de clã: forma social de uma coletividade igualitária unida pelos interesses econômicos e espi¬rituais, a mesma origem e os mesmos laços de parentesco. Nascida sob o regime do casamento por grupos, era matriarcal, ou seja, baseada nos laços de parentesco pelo lado materno.

²Cárater Liberal do Estado: forma de organização estatal com intervenção na economia reduzida em virtude da expressão idealista do conceito de ‘autorregulação do mercado’. Tal caráter se evapora nos momentos de crise econômica quando todas as estruturas estatais são mobilizadas para salvar o sistema capitalista de produção;

³Degregados: termo para designar cidadãos portugueses que eram punidos com seu traslado para a colônia em virtude de crimes tais como – Matar a mulher – 4 anos de degredo no Brasil; Roubar uma carteira – 2 anos de degredo; Xingar algum administrador público português – 5 anos.

Serley Leal, Fortaleza

Fifa e Governo atacam meia-entrada para a Copa 2014

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Fifa e Governo atacam meia-entrada Vitória das mobilizações e lutas que foram organizadas pelas entidades estudantis, a década de 1980 celebrou em diversos estados o direito à meia-entrada nos eventos esportivos e culturais para os estudantes, garantindo em parte o acesso da juventude à cultura e ao lazer.

Em outubro do ano passado, a Câmara dos Deputados aprovou o Estatuto da Juventude, que estabelece uma legislação nacional para o direito à meia-entrada aos jovens de 15 a 29 anos. Agora, o Estatuto está em tramitação no Senado.

Na contramão, a Câmara aprovou a Lei da Copa anulando o direito da juventude à meia-entrada, com a única finalidade de aumentar os lucros da corrupta Fifa e suas empresas.

A verdade é que para os grandes mandatários do futebol mundial, entre ele Joseph Blatter e Jérôme Valcke (aquele que disse que o Brasil precisava de “um chute do traseiro”), o esporte que é a paixão nacional dos brasileiros nada mais é que um negócio. Para eles, pouco importam os gastos da Copa (que será mais cara do que as três últimas edições juntas) ou as famílias desabrigadas com as obras.

Quanto aos ingressos, serão estabelecidos “ingressos populares” para beneficiários dos programas sociais do Governo Federal, estudantes e idosos, restritos à chamada categoria 4. Toda a comercialização e controle dos ingressos será feita pela Fifa, que determinará suas cotas de venda avulsa ou vinculada a pacotes turísticos. Celebrar a Copa do Mundo em nosso país não será, portanto, motivo de festa e de alegria para o povo brasileiro, pois este estará excluído dos estádios.

Infelizmente, a Copa 2014 será marcada pelo desrespeito aos direitos da juventude, descumprimento das leis do país (como a liberação da vendo e do uso de bebidas alcoólicas no estádio, tudo para beneficiar uma única marca de cerveja), superfaturamento de obras e bilhões do dinheiro público indo para nos bolsos das grandes empreiteiras e da Fifa.

Um país com tanta identidade com o futebol, tendo-o como verdadeiro patrimônio cultural, não pode ser tratado dessa forma.

Da Redação

Servidores se unem contra congelamento dos salários

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Servidores federais protestam em BrasíliaBrasília, mais uma vez, foi palco de uma manifestação dos servidores públicos federais. O Fórum de Entidades Nacionais, que reúne 28 entidades de servidores e mais três centrais sindicais (CUT, Conlutas e CTB), concentrou duas mil pessoas na porta do Ministério do Planejamento para cobrar respostas do secretário de recursos humanos, Sr. Sergio Mendonça, à pauta de reivindicações da categoria, cujos pontos centrais são: política salarial de reposição da inflação (22,08%), defesa dos direitos adquiridos, paridade entre ativos, aposentados e pensionistas, data-base em 1º de maio, incorporação das gratificações e cumprimento dos acordos e protocolos firmados com o Governo. Além disso, faziam parte das negociações as 26 emendas ao PL 2.203, que mexe com benefícios, e as questões ligadas à insalubridade e periculosidade.

A proposta de reposição inflacionária para esse ano é formada pelo INPC de maio de 2010 a fevereiro de 2012 (10,58%), somado ao PIB de 2010 e 2011 (7,5% e 2,7% respectivamente). Essa proposta, aliada à incorporação das gratificações, faz justiça com os aposentados e é um passo importante para a correção das distorções salariais entre os diversos setores do serviço público federal e aumento salarial para os servidores, que até hoje não têm seu direito de Contrato Coletivo de Trabalho.

No começo da audiência, o secretário de recursos humanos foi enfático em afirmar que o Governo descarta qualquer tipo de reajuste linear para os servidores, pois isso demandaria 0,5% do PIB, o que estaria fora de cogitação dentro da política de ajuste fiscal, que, nada mais é do que a garantia de dinheiro para pagar a dívida pública.

O secretário disse ainda que não poderia dar aumento linear, pois havia muitas distorções no serviço público. Não apresentou, no entanto, nenhuma proposta para corrigir essas distorções. Ao defender aquilo que chamou de “política macroeconômica do Governo Dilma”, Sergio Mendonça se mostrou disposto a continuar as conversas com as entidades sindicais, “mas não necessariamente para atender às reivindicações”.
O resumo da conversa é que o Governo não tem intenção de gastar nenhum centavo nem com os servidores nem com a melhoria dos serviços públicos, pois já cortou do orçamento R$ 55 bilhões em investimentos.

As entidades nacionais dos servidores saíram indignadas da audiência e estão construindo as agendas de mobilização. A lição do ano passado, quando todas as mesas de negociação não deram em nada, está levando os servidores a não mais confiar nas ditas “boas intenções” dos representantes governamentais. E, depois de mais essa demonstração de desrespeito e intransigência, a previsão é de que no começo de maio se deflagre uma grande Greve Geral do serviço público em favor dos eixos da Campanha Salarial.

Sendo assim, o Fórum de Entidades Nacionais marcou para dia 25 de abril uma Greve Geral de um dia, como preparação para a Greve Geral da categoria. Essa proposta vai requerer que cada sindicato e associação debatam nas bases a situação da classe trabalhadora e busquem uma ampla e profunda unidade dos trabalhadores. Dessa maneira, devemos seguir os exemplos dos trabalhadores do Velho Continente, construindo mobilizações e greves como a única forma de garantir seus direitos históricos e avançar para novas conquistas.

Victor Madeira, Rio de Janeiro
Diretor da Condsef e da Coordenação do MLC (Movimento Luta de Classes)

Democratizar o Ceeteps: uma tarefa para a comunidade

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O mandato da atual diretora superintendente do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (Ceeteps) se encerra no segundo semestre de 2012 e não há possibilidade de recondução por tratar-se do seu segundo mandato.

Assim como na indicação nos dois mandatos de Marcos Antonio Monteiro e nos dois mandatos de Laura Laganá, seis pessoas, estranhas ao Ceeteps em sua “maioria”, que compõem o Conselho Deliberativo é que vão “eleger” o próximo dirigente da autarquia e enviar o nome do escolhido ao governador para sua nomeação, tudo obviamente já combinado.

Através deste sistema, o Ceeteps vai sendo dirigido por pessoas ligadas ao partido da situação, submetidas às demandas do partido, alheias aos interesses da comunidade e sem qualquer compromisso com os professores, funcionários e alunos. É por isso que temos o mais baixo salário da Educação Profissional e Tecnológica do Brasil; é por isso que as condições de trabalho são ruins e, às vezes, até precárias; é por isso que a expansão do Ceeteps é feita aos sabores dos desejos e compromissos políticos; é por isso que não há democracia em nossa instituição e, mesmo no último rincão de participação da comunidade, a escolha de diretores de unidades, nem sempre o primeiro colocado é o nomeado.

Este quadro já foi diferente, mostrando que é possível, com a força da comunidade acadêmica, democratizar o Ceeteps com eleições para os dirigentes, ampliação e participação dos diversos segmentos no Conselho Deliberativo e a implantação de novos Conselhos para discussão Administrativa, de Ensino, Pesquisa e Extensão de Serviços à Comunidade, objetivos diretos de uma instituição pública da educação profissional e tecnológica.

Tão logo o processo democrático foi conquistado no país e a Constituição promulgada em 5 de outubro de 1988, os ares da democracia começaram a rondar todas as instâncias e, no Ceeteps, não foi diferente.

Assim, em 1991, com a proximidade do término do mandato de Oduvaldo Vendramento, as entidades representativas dos servidores administrativos, docentes e dos estudantes, cansadas dos processos sucessórios de cartas marcadas e de constrangimentos em listas de apoio a um ou a outro candidato, reivindicam a participação da comunidade no processo sucessório que se iniciara.

A negativa do Governo em permitir a participação da comunidade e manter o processo sucessório restrito aos seis membros do Conselho Deliberativo do Ceeteps impulsiona o movimento chamado de “Processo Paralelo de Consulta”, encabeçado pela Asps, Adeteps, Adfatec e CA XXIII de Abril.

O processo paralelo foi realizado com regras claras, debates entre os candidatos e uma participação maciça da comunidade. Neste mesmo período, um processo sucessório oficial é deflagrado pela instituição, mas, temendo a iminente revolta da comunidade – que não teria seu escolhido nomeado pois fora votado num processo não reconhecido pelo Governo, a Unesp interveio e nomeou como diretor superintendente interino o então vice-diretor Kazuo Watanabe.

Face às pressões, paralisações de trabalhadores e estudantes e com a ocupação da Congregação pelos estudantes da Fatec São Paulo, o reitor da Unesp, professor Dr. Milton Barbosa Landim, atende aos clamores da comunidade e, usando prerrogativas do vínculo e associação do Ceeteps à Unesp, convoca nova consulta com regras definidas e a participação oficial das entidades no processo. Não houve paridade, os docentes representaram 60%, os funcionários 25% e os alunos 15%, mas houve proporção entre o 2º e o 3º graus. As entidades e a comunidade entenderam que as regras atendiam às reivindicações, e a normalidade voltou ao Ceeteps. Ao final do processo, foi sagrado vencedor o professor Elias Horani, que obteve aceitação em todos os segmentos.

Empossado em setembro de 1992, Elias Horani demonstrou que valeu a pena a luta da comunidade. Foi um mandato organizado, democrático, participativo e resistente. Tão resistente que causou seu afastamento do cargo logo no primeiro ano da gestão tucana em São Paulo.

Foi no mandato do professor Elias que vários entraves foram resolvidos, como a contratação inédita de um profissional da área de recursos humanos para gerir este setor. Os coordenadores de área passaram a ser eleitos por seus pares; diretores escolhidos nos processos de consulta eram nomeados quando ganhavam; a política salarial do Cruesp foi respeitada; acordos trabalhistas foram feitos, como pagamento do adicional noturno, entre outros.

Foi também nesta gestão que o processo de consulta à comunidade se consolidou, com a repetição do processo de consulta à comunidade para o cargo de vice-diretor superintendente (na época os mandatos não eram coincidentes) e com a realização do primeiro e único Congresso do Ceeteps, convocado pelo Conselho Deliberativo da instituição e organizado pelas entidades representativas da comunidade. Plenárias, debates, seminários e o congresso propriamente dito contaram com representação paritária entre professores, funcionários e alunos das Etes e Fatecs, que discutiram, pela primeira e única vez na história da instituição, os rumos que queriam impulsionar ao ensino técnico e tecnológico público paulista.

Foi um momento rico, único e inspirado pelo processo de democratização no país.

Infelizmente, em 1995, o PSDB vence as eleições nacionais e no Estado de São Paulo, e o recente processo de democratização do país foi interrompido pelos compromissos da corrente com o Consenso de Washington e com o neoliberalismo.

No Ceeteps não foi diferente. A construção democrática iniciada em 1991 foi interrompida no início de 1995 com a criação de um “grupo de trabalho” para rever o papel da escola técnica.

Mas a clara demonstração que o neoliberalismo estava errado; que os mercados não são capazes de se autorregular; que é o povo que os socorre quando colapsam, como a recente crise norte-americana comprovou, aliada ao grande movimento de democratização do mundo árabe, com a queda de ditadores históricos, há décadas no poder sem qualquer participação do povo nas decisões do país e ainda, com a recentíssima crise na União Europeia, fizeram o mundo perceber que o bem-estar social deve ser reivindicado, e que o mundo está se transformando.

Como o Ceeteps fica no mundo, a coletividade deve perceber que é possível, é viável, é justo e é legal reivindicar a sua participação nos destinos do Ceeteps.

O Sinteps defende a ampla, geral e irrestrita democratização do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza. Queremos a eleição paritária de nossos dirigentes, seja na administração central, seja nas unidades.

Queremos a ampliação do Conselho Deliberativo, com a participação paritária de todos os segmentos da comunidade: professores, funcionários e alunos nas discussões e deliberações sobre os rumos da instituição, da educação profissional e tecnológica pública do nosso estado; a instalação de novos conselhos: o de Ensino, Pesquisa e Extensão de Serviços à Comunidade e o de Administração, ambos com a participação de todos os segmentos da comunidade; a realização de Congressos Institucionais, onde os temas centrais sejam discutidos e aprovados por delegados eleitos pela comunidade. Enfim. Queremos respeito! Queremos votar e ser votados!

Silvia Elena de Lima, São Paulo
(Secretária Geral do Sindicato Dos Trabalhadores Do Centro Paula Souza)

Tecnologia a serviço da repressão: novas armas contra manifestantes

Tecnologia a serviço da repressão: novas armas contra manifestantesA polícia inglesa, em processo de privatização, anuncia para breve a utilização de novos meios de repressão de manifestações com direito a armas que disparam irritantes químicos.

De acordo com o Centro de Ciência e Tecnologia Aplicadas do Ministério do Interior (CAST), citado pelo jornal The Guardian, as armas que estão na derradeira fase de desenvolvimento irão disparar, em vez de balas de borracha e plástico, projéteis com produtos químicos que afetam a pele dos seres humanos “irritando-a”.

Documentos citados pelo jornal revelam que em consequência da instabilidade social que se vive no país, responsáveis do Ministério do Interior tem realizado “brain stormings” para encontrar novos meios de agredir manifestantes. Trata-se, segundo a mesma fonte, de descobrir “uma tecnologia de nova geração de controle de motins”. A nova arma já tem sigla: Dip – Discriminating Irritant Projectile (Projétil para irritação discriminatória). A designação significa que as perturbações provocadas no organismo humano serão suficientemente profundas e duradouras para serem úteis na caça aos “participantes em distúrbios”. As armas deverão ter um alcance médio de 65 metros.

O CAST fez já a apresentação dos novos projetos à polícia do território ocupado da Irlanda do Norte revelando que resultaram das ideias de técnicos do Ministério do Interior, mas também das empresas privadas produtoras da tecnologia que agora será utilizada.

Os serviços policiais que apresentaram os projetos pediram discrição aos participantes por se tratar de matéria “comercialmente sensível”. Os “brain stormings”, dos quais foram excluídas “ideias estúpidas”, dizem, orientaram-se, segundo os promotores, por criar armas “menos letais”. Entre as discutidas estiveram igualmente os “contra-laser”, as “bombas de som” e emissores de raios térmicos.

Fonte: BE Internacional

Servidores da Saúde em São Paulo iniciam greve

Servidores da Saúde em São Paulo iniciam greveOs servidores da saúde do estado de São Paulo decretaram hoje (13) greve por tempo indeterminado. A assembleia da categoria contou com a participação de mais de três mil trabalhadores de todas as regiões do estado, aprovando os seguintes itens de pauta:

1. Aumento real de 26%;
2. Aumento do auxílio alimentação de R$4,00 para R$25,00;
3. Aposentadoria especial;
4.Regulamentação da jornada de 30 horas semanais e revisão da lei complementar 1080/08.

Após a aprovação da greve os trabalhadores seguiram em passeata pelas ruas do centro da capital paulista, denunciando o governo e puxando palavras de ordem como “trabalhador na rua, Geraldo a culpa é sua” e “greve já, para o salário aumentar”. O ato se encerrou nas escadarias da Praça da Sé.

A greve é resultado de anos de insatisfação com os baixos salários e as péssimas condições de vida e de trabalho às quais estão submetidos estes servidores. Os auxiliares de enfermagem, por exemplo, ganham hoje um salário base de R$ 301,20 (menos da metade de um salário mínimo) e mais R$580,00 de gratificações, totalizando R$881,20. Com um salário como este a maioria dos trabalhadores necessita fazer até dez plantões de 24hs por mês para conseguir sobreviver e manter sua família.

Servidores da Saúde em São Paulo iniciam greve hoje

Uma outra consequência dos baixos salários é que um grande número de profissionais aprovados em concursos pede demissão antes de completar um ano de serviço. De janeiro a setembro de 2011 cerca de 170 trabalhadores pediram demissão em um único hospital, o IAMSPE (Instituto de Assistência Médica dos Servidores Públicos do Estado). Já no Hospital das Clinicas, um dos mais importantes do estado, o déficit de profissionais chega a quatro mil. Essa situação, por sua vez, aumenta ainda mais a jornada de trabalho nestes hospitais e reduz a qualidade dos serviços oferecidos à população.

As semanas que antecederam a decretação da greve geral da categoria foram de intensa mobilização, contando com a realização de passeatas, assembleias locais e uma greve de 48hs que demonstrou a disposição da categoria de ir à luta pelos seus direitos e de enfrentar o truculento governador do PSDB, Geraldo Alckmin, que se nega a receber os trabalhadores e atender às suas justas reivindicações.

A greve tem sido organizada pelo sindicato estadual da categoria, o Sindsaúde-SP, em conjunto com as associações de cada hospital, organizações que vem desempenhando um importante papel na mobilização da greve. Também o Movimento Luta de Classes (MLC-SP) tem participado ativamente desta luta, buscando fortalecer a unidade dos trabalhadores, acreditando que somente com muita união e com uma firme postura frente aos ataques do governo serão alcançadas vitórias.

Redação SP

Biografia de Friedrich Engels: “Nele, teoria e prática se fundiram num todo único”

Biografia de Friedrich Engels, colaborador de Marx e autor de vários clássicos do marxismo“Eu sempre fui o segundo violino”, disse Engels em carta a um amigo (J. Becker), referindo-se à sua importância quanto à elaboração da teoria do socialismo científico. Assim era ele: modesto, simples, sempre disposto a reconhecer o mérito das outras pessoas e a fugir das homenagens.

Com o mesmo nome do pai, Friedrich Engels, filho de Elizabeth Franziska, nasceu no dia 28 de novembro de 1820, em Barmem, reino da Prússia, que depois comporia a Alemanha unificada. Dedicou-se aos estudos, e sempre aluno brilhante, queria cursar Direito e Economia, mas o pai, empresário próspero, tinha outro plano – queria que ele lhe sucedesse nos negócios e, para isso, obrigou-o a deixar a escola.

Acusação terrível, descrição brilhante

Encaminhado para uma fábrica da família em Manchester, Inglaterra, Engels, que já se posicionava a favor da liberdade, contrário à tirania e à opressão, passou a conviver com a realidade dos operários. “Abandonei a sociedade, os banquetes e a champanha da burguesia e dediquei minhas horas livres ao contato com verdadeiros operários, tratando da vida real”. Essa convivência produziu A Situação da Classe Operária na Inglaterra, que “constitui uma terrível acusação contra o capitalismo e a burguesia; é a obra que melhor representa a situação do proletariado contemporâneo […] Nem antes de 1845 nem depois se fez uma descrição tão brilhante e verdadeira dos sofrimentos da classe operária”. (Lênin)

Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico

Na Inglaterra, Engels conheceu o movimento autogestionário, participou de reuniões com Robert Owen, seu maior expoente, e escreveu nos seus jornais, procurando mostrar sempre o posicionamento dos socialistas utópicos franceses, como Saint Simone Charles Fourier, entre outros. Lia muito e simpatizava com os artigos de um jovem alemão, Karl Marx. Este também se entusiasmou ao conhecer um trabalho de Engels, escrito aos 20 anos, intitulado Esboço de Uma Crítica da Economia Política.

Em setembro de 1844, os dois se encontraram em Paris, nascendo uma parceria de importância inigualável para o proletariado de todo o planeta.“…o proletariado europeu tem o direito de afirmar que a sua teoria foi criada por dois cientistas e combatentes cujas relações mútuas superam todas as comoventes lendas antigas acerca da amizade entre os homens”.

O primeiro trabalho conjunto foi A Sagrada Família, denominação irônica que deram a dois filósofos alemães,os irmãos Bauer e seus discípulos. Eles consideravam o proletariado como massa desprovida de espírito crítico. Engels e Marx responderam que o proletariado é que conduz em si o futuro e será o artífice da própria libertação e da libertação de toda a humanidade.
De 1845 a 1847, Engels viveu em Bruxelas e Paris, dedicando-se ao estudo e à militância. Ele e Marx entraram em contato com uma associação secreta denominada Liga dos Comunistas. Os componentes da Liga pediram para que os dois companheiros dessem uma concatenação às idéias esboçadas. Surgiu o célebre Manifesto Comunista, publicado em1848.

Nas Barricadas

Em 1848, estoura uma revolução popular na França, que se espalhou por toda a Europa Ocidental. Marx e Engels voltaram para a Alemanha, dispostos a pegar em armas. Marx foi logo preso e expulso e Engels se engajou, combatendo em quatro batalhas. “Todos que o viram sob o fogo, falam de seu excepcional sangue frio e absoluto desprezo pelo perigo” (Eleanor Marx).
Com a derrota da insurreição, Engels voltou a trabalhar na fábrica do pai em Manchester, para ajudar os exilados, inclusive a família de Marx. “Foi o seu cativeiro egípcio”, dizia Marx, referindo-se à escravização do povo hebreu no Egito relatada pela Bíblia. No tempo livre, dedicava-se ao estudo das ciências da natureza e da sociedade, ao acompanhamento e análise da conjuntura internacional e escrevia para jornais democráticos e de esquerda de vários países.

Engels foi o primeiro teórico socialista a especializar-se em assuntos militares, convencido que era de que o domínio da estratégia e da tática militares seria de vital importância para o sucesso da revolução proletária. Trata do assunto em A Guerra dos Camponeses na Alemanha, O Pó e o Reno (sobre a luta pela unificação da Itália), A Questão Militar na Prússia e O Partido Operário Alemão, e Notas sobre a Guerra, em que analisa a experiência da Comuna de Paris.

Depurando a Internacional

Engels libertou-se do “cativeiro egípcio” no segundo semestre de1870, quando se mudou para Londres e pouco após sua chegada, 4 de setembro, foi eleito para o Conselho Geral da Associação Internacional de Trabalhadores ( I Internacional). A década seguinte foi de intensa luta ideológica. Primeiro, no combate ao anarquismo no interior da Internacional, que culminou com a expulsão dos bakuninistas; a seguir,contra o reformismo liderado por Lassalle no Partido Proletário alemão. No campo do reformismo, E.K. Dühring, professor da Universidade de Berlim lançou a proposta de “um novo comunismo”, que se construiria sem luta de classes. O Anti-Dühring, escrito com a colaboração de Marx, não se limita a responder ao professor. É uma exposição sistemática do materialismo histórico e dialético e apresenta um balanço da evolução das ciências da natureza. Mostra o funcionamento das leis da dialética na natureza e na sociedade.

Todo apoio à Comuna

Março de 1871. O proletariado parisiense toma o poder e convoca a população para construir a nova sociedade, anunciando as primeiras medidas nesse caminho. Algumas províncias se levantam no interior, mas são logo sufocadas. O exército burguês se reorganiza e se alia com seu arquiinimigo até então, os invasores alemães, para retomar o domínio econômico e político. Em maio, depois de heróicos e sangrentos combates, a Comuna é derrotada. Desde o início da luta, Engels interveio no Conselho Geral da Internacional, no sentido de dar todo o apoio aos comuneiros dos quais, muitos, inclusive, eram filiados à organização. O apoio efetivamente aconteceu, tanto no período da luta como depois, com ajuda aos exilados e denúncia em todo o mundo da repressão feroz e do genocídio praticado contra os operários de Paris e suas famílias.

Contribuição Original

Engels deu uma contribuição própria à teoria do socialismo científico, que foi a de estender à natureza a concepção materialista da dialética, uma vez que Marx se dedicou ao ser social. A contribuição engelsiana conferiu ao marxismo o caráter de filosofia, dada a generalização metodológica e teórica, contendo uma concepção de mundo, não apenas da sociedade.
Os seus últimos 12 anos de vida, Engels dedicou-os à edição dos segundo e terceiro volumes de O Capital. Ao morrer, no dia 14 de março de 1883, Karl Marx tinha concluído apenas o I volume. Deixou anotações sem ordem, e Engels, o único capaz de empreendimento tão arrojado, dedicou-se a decifrar a letra do companheiro, apreender a essência do seu pensamento, concatenar as idéias e dar uma estrutura lógica, o mais próxima possível do modo de Marx expressá-las.

Mas não foi a única tarefa que o velho amigo deixou. Engels passou a orientar o movimento operário europeu, respondendo a consultas sobre método, problemas localizados, criticando e estimulando camaradas.

E nunca abandonou a condição de cientista social. A partir das pesquisas antropológicas de H. Morgan, lidas e anotadas por Marx, formulou a teoria marxista do Estado, na obra A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, cujos pressupostos já estavam em sua obra anterior e na de Marx, mas não de forma sistêmica e embasada na história e na antropologia.

Seu último trabalho (1895) foi o prefácio à reedição de As Lutas de Classe na França, de Karl Marx .Nele, Engels faz considerações sobre o desenvolvimento da luta de classes e situa, pela primeira vez na teoria marxista, a distinção entre guerra de movimento e guerra de posições.

Na amplidão dos mares

No dia 5 de agosto de 1895,vitimado por um câncer no esôfago, falece Engels. Nos seus funerais, Wilhelm Liebknecht, líder operário, discursou: “Nele, teoria e prática se fundiram num todo único”. Presentes, atendendo ao seu pedido, apenas alguns parentes e amigos. Um grupo menor ainda, no qual estava Eleanor, filha caçula de Marx, atendeu a outro desejo, lançando as cinzas do seu cadáver no mar de Eastbourne, a duas milhas da costa.

Um só violino

Segundo Lênin, Engels foi “depois de Marx, o mais notável sábio e mestre do proletariado contemporâneo”. Ele próprio se dizia o “segundo violino”. Na verdade, ambos foram fundadores, construtores do socialismo científico e mestres do proletariado. O seu maior mérito foi demonstrar que o socialismo não é uma invenção de sonhadores, mas “resultado inevitável do desenvolvimento das forças produtivas da sociedade atual”. Mas esse resultado não brota espontaneamente, advindo da luta das classes sociais – burguesia e proletariado – que estão em lados contrários ante as forças produtivas. Uma obra comum. Um só violino a enlevar a orquestra revolucionária do proletariado na senda da emancipação.

Luiz Alves
(Publicado no Jornal A Verdade, nº 47)

Estudantes fundam Diretório Acadêmico das Químicas em São Paulo

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Diretório Acadêmico das Químicas da Faculdades Oswaldo Cruz, em São PauloEstudantes dos cursos de Química Bacharelado, Química Industrial e Licenciatura em Química das Faculdades Oswaldo Cruz, em São Paulo, fundaram em fevereiro deste ano o Diretório Acadêmico das Químicas.

O processo de fundação começou em novembro do ano passado, com as passagens em sala convocando os estudantes para participarem da diretoria e da assembléia de formação. Cerca de quarenta estudantes estiveram presentes na assembléia que empossou a diretoria que conta hoje com seis alunos destes cursos.

O motivo da mobilização dos estudantes para reviver o movimento estudantil na faculdade é o mesmo que acomete grande parte dos acadêmicos universitários brasileiros: a necessidade de se unir e lutar por melhorias na faculdade e no ensino, além de resgatar o caráter de formação social do estudante como cidadão.

No Brasil, cada vez mais o ensino é encarado como mercadoria. Com isso, cursos tradicionais perdem cada vez mais a sua qualidade e as faculdades tornam-se apenas produtoras de mão-de-obra para empresas e indústrias, deixando de lado o papel principal do ensino que é a evolução social e cognitiva do estudante.

Os estudantes das Faculdades Oswaldo Cruz se tornam, a cada dia, mais conscientes da necessidade de se unirem para garantir que uma das mais tradicionais instituições do país – com 98 anos de história – não traia seu passado de inovação (a faculdade surgiu a partir da escola técnica, onde se formou o primeiro curso de química industrial do Brasil) e não perca sua qualidade que garante há anos o status de melhor curso de farmácia e de ser uma das melhores e mais tradicionais faculdades na área química no país.

Com o DA das Químicas, os estudantes esperam obter mais força perante a diretoria para garantir seus direitos. Prova disso, foi o grande número de estudantes que procuraram a diretoria do DA para manifestar apoio e denunciar os problemas da faculdade como a ausência de uma quadra para prática de esportes e o baixo número de bolsas de estudo. Muitos professores também concederam apoio, mostrando o acerto em fundar o DA e reviver o movimento estudantil na faculdade, que já contou com diretórios acadêmicos que foram extintos após uma greve de estudantes e alunos, conforme relatou uma das professoras.

O próximo passo é mobilizar estudantes dos outros cursos para formar a comissão pro-DCE que garantirá a formação do Diretório Central dos Estudantes ampliando a luta para toda a faculdade.

Lucas Marcelino é militante da UJR e presidente do Diretório Acadêmico das Químicas das Faculdades Oswaldo Cruz.

Governo entrega dinheiro público para empresários e corta verbas da educação

Governo entrega dinheiro público a empresáriosNo início deste mês o governo federal convocou cerca de 200 empresários em Brasília para anunciar um pacote de ajuda para a indústria nacional, no total de R$60,4 bilhões. Esse pacote prevê corte nos impostos para os chamados industriais, diminuição dos juros para empréstimos do BNDES e desonerações pontuais para facilitar este mesmo crédito. O governo angariou elogios das entidades empresariais, ao mesmo tempo que recebeu cobranças de mais “incentivos” dos ávidos burgueses: “São medidas positivas? São. Não me decepcionam, mas também não me impressionam.” disse Paulo Skaf, presidente da FIESP.

Há cerca de dois meses o mesmo governo anunciou cortes de R$ 2 bilhões no orçamento da Educação e de R$ 5 bilhões na Saúde. Para realizar estes cortes, o governo alegou falta de recursos. Ora, se estava faltando dinheiro para saúde e a educação, como se tem R$ 60,4 bilhões para os pobres industriais?

A questão é que todos os anos o governo corta bilhões dos investimentos sociais (educação, saúde, C&T e habitação) para destinar quase metade do orçamento para pagar juros e amortizações da dívida pública e manter a política de superávit primário, recomendada pelo FMI (Fundo Monetário Internacional). Só no ano de 2012 o governo pretende gastar R$ 665 bilhões com o “refinanciamento” da dívida pública. Portanto, para banqueiros e industriais o dinheiro sobra.

Alguns defensores dessa política do governo falam que investir no capital industrial é combater a financeirização da economia. Afinal, os bancos levam a maioria dos recursos do Orçamento federal todos os anos, dizem. Em 2012, garantiram 49,9%. Mas será que existe uma grande contradição esses dois setores capitalistas?

Vejamos: os irmãos Joseph e Moise Safra são conhecidos por serem donos do sexto maior banco brasileiro, o Banco Safra, por isso, são vilões do capital especulativo. Mas ao mesmo tempo, esses dois senhores são também grandes acionistas da Aracruz Celulose S.A. Produtora de papel e responsável por desmatamentos, e por isso são heróis da indústria nacional. Jorge Paulo Lemann, um conhecido banqueiro brasileiro, fundador do Banco Garantia e do Banco GP Investimentos, é também sócio da Tenda Construções e Ferrovia Centro Atlântica. O que falar então de Antônio Ermínio de Moraes? Dono do Grupo Votorantim, que é composto por fábricas de cimento, de Alumínio, e dono do Banco Votorantim? E o que dizer sobre o Bradesco ser um dos acionistas da Vale do Rio Doce?

Poderíamos dar inúmeros outros exemplos, mas estes são suficientes para demonstrar o que o capital industrial brasileiro está profundamente ligado ao capital financeiro.

O fato é que vivemos numa crise econômica que aprofunda as desigualdades sociais e destrói milhões de postos de trabalho no mundo inteiro. Em resposta a isso, a classe trabalhadora vai à luta, como é o caso da construção da Hidroelétrica de Jirau, que já enfrenta sua quinta greve desde o início das obras.

Os governos tem que tomar um lado. Taxar as grandes fortunas, limitar as remessas de lucros ao exterior, congelar preços e aumentar salários são apenas algumas das medidas que um governo com compromisso com o povo deveria adotar. Em resumo, para termos verdadeiramente uma sociedade justa e uma vida digna para todos, só acabando com o capitalismo e construindo uma sociedade onde a economia esteja a favor da vida das pessoas, e não do lucro de poucos: uma sociedade socialista.

Yuri Pires é vice-presidente da UNE e militante da UJR