UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

segunda-feira, 25 de agosto de 2025
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O vício em celulares prejudica o ensino nas escolas

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Sobre a recente proibição do uso de celulares nas escolas, o Movimento Rebele-se defende: “É preciso que essa medida venha acompanhada de uma política séria de incentivo à cultura, ao esporte e ao lazer; contratação de mais professores, psicólogos e assistentes sociais; promoção de aulas de artes; abertura das quadras e bibliotecas durante os intervalos e liberdade de organização dos grêmios estudantis.”

Coordenação do Movimento Rebele-se


O uso abusivo e o vício em celulares e outros dispositivos eletrônicos está atrapalhando a aprendizagem das crianças e jovens nas escolas. Nos últimos anos, alguns países como França, México, Espanha e Grécia chegaram a adotar uma política de regulamentação com o objetivo de combater a falta de sociabilidade entre os estudantes, problemas de saúde mental, distração e falta de concentração durante as aulas.

No Brasil, algumas unidades de ensino adotaram a proibição dos celulares e, no dia 13 de janeiro, o presidente da República sancionou a Lei 15.100/25, que proíbe o uso dos dispositivos nas instituições de ensino em todo território nacional. A lei permite a utilização de dispositivos para fins pedagógicos e didáticos, desde que sob supervisão de professor(a).

Falta de concentração

Diferentes estudos apontam que o uso do celular interfere na capacidade de concentração das pessoas. O relatório do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), de 2022, aponta que 8 em cada 10 alunos brasileiros de 15 anos disseram que se distraem com o uso de celulares nas aulas de matemática. Também há impacto pela simples presença de um smartphone no mesmo local que o indivíduo. Quando as pessoas conseguem evitar a tentação de verificar seus telefones, a mera presença desses dispositivos reduz a capacidade cognitiva. Ou seja, o esforço de ignorar a presença do dispositivo consome recursos cognitivos, tornando a concentração mais difícil e o desempenho nas tarefas prejudicado.

Problemas de saúde

O uso excessivo de dispositivos móveis acarreta em problemas musculares, ortopédicos, visuais, distúrbios do sono, dependência e transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão.

A preocupação se intensifica quando se trata de crianças e adolescentes. Estudo publicado na Clinical Psychological Science revelou uma relação entre o aumento do tempo de uso desses aparelhos e o aumento dos índices de depressão e suicídio entre os jovens.

Desde a pandemia, o isolamento social entre os jovens tem se tornado uma preocupação crescente. O uso excessivo de celulares agrava essa situação, substituindo relações interpessoais por conexões digitais superficiais. Durante os intervalos escolares, muitos jovens preferem ficar em frente às telas em vez de interagir com os colegas, o que prejudica o desenvolvimento das habilidades sociais.

Movimento Estudantil

O vício em celulares tem afetado até mesmo a percepção dos estudantes sobre os problemas das escolas e o consequente envolvimento dos estudantes nas atividades do movimento estudantil. Por vezes, o celular se faz mais presente do que o que está sendo discutido em uma assembleia ou na reunião do Grêmio. Nas passagens em salas, testemunhamos que avisos importantes para as lutas, atos e ocupações competem com os chamados “vídeos curtos”.

Cabe, portanto, às entidades estudantis trabalharem para estimular a conscientização sobre os problemas que esse vício traz. É preciso despertar sobre nossa própria realidade e equilibrar os avanços tecnológicos com e a saúde da juventude, alinhada à organização da luta pela transformação da educação e da sociedade.

Quando os milhões de estudantes secundaristas tirarem os olhos das telas, poderão se indignar com a realidade da educação e lutar para transformá-la.

Lutar para transformar a educação

As escolas públicas estão abandonadas, com muitos problemas de infraestrutura, desde a falta de sabonete nos banheiros até a interdição de prédios pela falta de manutenção. A reforma do Novo Ensino Médio aprofundou as desigualdades, piorou o ensino público e destruiu a possibilidade de um ensino crítico e emancipador nas escolas.

A direita e os fascistas que ocupam o Congresso Nacional e os Governos Estaduais trabalham ativamente para impulsionar o desmonte da educação. Os recentes ataques têm como objetivo firmar o poder do lucro acima dos direitos da comunidade escolar, com a privatização do ensino. Nessa mesma lógica, a militarização impõe a repressão e a violência dentro das escolas.

E, diante de todos estes problemas, o Governo Federal, que deveria defender a educação, escolhe reduzir o seu orçamento com o Arcabouço Fiscal. Isso quer dizer que a restrição do uso de celulares é uma medida urgente de saúde pública, mas não vai resolver todos os problemas da educação. Além da revogação do Novo Ensino Médio, da militarização e privatização das escolas, queremos mais verbas para a educação pública brasileira.

É preciso que essa medida venha acompanhada de uma política séria de incentivo à cultura, ao esporte e ao lazer; contratação de mais professores, psicólogos e assistentes sociais; promoção de aulas de artes; abertura das quadras e bibliotecas durante os intervalos e liberdade de organização dos grêmios estudantis.

Precisamos de uma juventude forte, unida e saudável, capaz de edificar uma nova escola e, consequentemente, uma nova sociedade. Vamos à luta em defesa das nossas vidas e das escolas!

Matéria publicada na edição nº 306 do jornal A Verdade

Estudantes fazem greve por mais verbas no Hospital Veterinário da UFRPE

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Falta de materiais básicos para o funcionamento do Hospital Veterinário da UFRPE, quedas de energia e outras precariedades motivaram a paralisação das atividades de médicos e residentes

Cassiano Bezerra |  Diretor de Assistência Estudantil da UNE


No dia 13 de janeiro, médicos e estudantes residentes do Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em Recife, importante centro de pesquisa e de formação dentro da instituição, entraram em greve. O motivo é a falta de materiais básicos (seringas, álcool e etc.), que a universidade não recebe há mais de um ano. Os médicos precisam arcar com a compra junto aos residentes e pesquisadores do hospital. Além disso, de acordo com residentes, o hospital também sofre com frequentes quedas de energia, ocasionando, por exemplo, na perda de um equipamento de raios-x.

O centro de diagnóstico (onde ficam as máquinas de raios-x) também está interditado para uma reforma que nunca aconteceu e, desde então, o hospital não realiza nenhum tipo de tomografia nos animais, mesmo a universidade tendo recebido um tomógrafo de última geração.

“Os atendimentos no Hospital Veterinário são de caráter público, destinado a pessoas de baixa renda que dependem do nosso serviço. Porém, para que a gente continue ofertando esse trabalho, precisamos pedir doações aos tutores. Esses donativos viabilizam a realização de procedimentos cirúrgicos e anestésicos”, afirma Rebeca Paes, uma das residentes em greve.

Após a deflagração da greve, os participantes realizaram várias atividades. No dia 14, realizaram reunião interna para montar um cronograma. A organização da greve pressionou a universidade e conseguiu alcance na mídia local. Já no dia 16, houve uma reunião com o Departamento de Medicina Veterinária, a Reitoria e Pró-reitorias para exigir uma resposta.

Cortes afetam diretamente

É importante lembrar que o Governo Federal aprovou a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024 com R$30 milhões a menos do que em 2023 e tem seguido uma política econômica neoliberal com o Arcabouço Fiscal (a continuidade do Teto de Gastos dos Governos Temer e Bolsonaro). Nessa mesma linha, em agosto de 2024, contingenciou cerca de R$1,5 bilhão que iriam para saúde e educação. Enquanto isso, o Governo segue pagando cerca de R$ 1 trilhão (47% do PIB do país) para o pagamento da dívida pública, enquanto investe apenas 2% do PIB para áreas como educação e ciência.

A consequência disso são situações como a do Hospital Veterinário da UFRPE, falta de estrutura, insumos e quedas de energia, comuns em várias universidades do país. Não é de hoje que estudantes e residentes da universidade sofrem com problemas estruturais, vários prédios da universidade têm problemas nas janelas e também falta de ares-condicionados. Mas o principal é a falta de bolsas na universidade, que abarca apenas cerca de 2% da comunidade universitária, mas com uma demanda de mais de 60% dos estudantes.

A saída é a luta

Como mostraram os residentes que organizaram a greve, a saída é a luta. Lutar para ter uma entidade estudantil na UFRPE que garanta os interesses dos estudantes a nível geral e consiga ter força para reivindicar frente a reitoria as melhoras da universidade. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) é essa ferramenta. Reabrir o DCE, que está fechado há seis anos é uma urgência para garantir as necessidades básicas para a formação discente.

Além disso, apenas criando uma mobilização nacional pela recomposição orçamentária e contra políticas de austeridade como o Teto de Gastos do Governo Federal é possível garantir uma universidade de fato pública, gratuita e de qualidade. Por isso, se organizar no movimento estudantil, com o Movimento Correnteza, é urgente para termos a universidade que queremos.

Matéria publicada na edição impressa nº 306 do jornal A Verdade

Servidores denunciam interferência política e práticas antissindicais da presidência do IBGE

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A criação de uma entidade paralela para captar recursos privados e a falta de diálogo com os trabalhadores do IBGE durante a gestão de Márcio Pochmann são duramente criticadas pelo sindicato dos servidores do órgão

Raul Bittencourt Pedreira | Presidente do Sindsep-RJ


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) enfrenta uma crise institucional que tem gerado debates acalorados sobre a autonomia da instituição e a qualidade dos dados produzidos. A gestão do presidente Márcio Pochmann tem sido alvo de críticas por parte dos servidores, que denunciam interferência política e falta de diálogo.

A Fundação IBGE+, uma entidade paralela ao instituto, criada às escondidas e sem qualquer diálogo interno, para captar recursos e desenvolver projetos junto a grupos privados, é um dos principais problemas gerados pela gestão Pochmann. Servidores e setores da sociedade civil temem que a fundação possa interferir na autonomia técnica do IBGE e direcionar recursos públicos para projetos privados alheios às suas atribuições tradicionais.

Além disso, mudanças na estrutura organizacional do IBGE, como a centralização de decisões e a falta de diálogo com os servidores, têm gerado insegurança e fragilizado a capacidade operacional da instituição. A credibilidade dos dados produzidos pelo IBGE também tem sido questionada, com temores de que o perfil autoritário da gestão possa comprometer a imparcialidade das informações estatísticas. Exemplos de autoritarismo não faltam, como a tentativa transferência da sede do IBGE para o Horto, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e um corte massivo no trabalho remoto, tudo sem qualquer diálogo prévio.

O sindicato dos servidores do IBGE, o ASSIBGE, tem sido um crítico ferrenho da gestão Pochmann, defendendo a autonomia técnica do instituto e a necessidade de um diálogo aberto e transparente. O sindicato também tem alertado para os riscos da criação do IBGE+, que poderia desviar os já limitados recursos (humanos e financeiros) do instituto para priorizar a demanda de clientes privados, esvaziando a finalidade pública e comprometendo tanto a qualidade das informações estatísticas, quanto a credibilidade do instituto junto à sociedade.

Em meio à crise, o presidente Márcio Pochmann tem questionado o uso da sigla “IBGE” no nome do sindicato, alegando que a associação direta com o instituto não seria respaldada pelas atividades estatutárias do sindicato. O sindicato, por sua vez, argumenta que o uso de siglas de órgãos públicos em nomes de sindicatos é uma prática comum e legítima, que nunca foi questionada, nem mesmo no governo do fascista Bolsonaro.

A falsa disputa pelo uso da sigla IBGE é apenas mais um sintoma da crise que tem abalado o instituto e tensionado a relação entre o governo e os servidores. Pochmann, indicação pessoal do Presidente Lula, por sua vez, busca desviar a atenção da sociedade do problema central, o caráter autoritário de sua gestão. Mas não é um caso isolado, as direções do Arquivo Nacional e do Museu do Índio (Funai), ambos no Rio de Janeiro, também tem se mostrado aversos ao diálogo com os servidores e seus sindicatos.

A crise no IBGE é um reflexo da crise de identidade do Lula. Márcio Pochmann, recebido no IBGE como um nome progressista depois de todos os infortúnios do desastre Bolsonaro. Porém, o discurso inicial de aproximação com os servidores não se sustentou e agora busca impor sua vontade de forma autoritária, com uma gestão de visão liberal e privatista, que ataca o sindicato e direitos dos servidores.

Matéria publicada na edição impressa nº 306 do jornal A Verdade

Servidores municipais de Belém lutam por direitos e democracia

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Fórum de Entidades Sindicais dos Servidores Públicos, que reúne os sindicatos que representam os servidores de Belém (PA), coordena mobilização contra um projeto que autorizaria o prefeito Igor Normando (MDB) a retirar direitos dos trabalhadores

Redação PA


No último dia 22 de janeiro, os servidores municipais de Belém do Pará se reuniram no Fórum de Entidades Sindicais dos Servidores Públicos, onde se consolidou mais uma importante etapa na organização da luta por direitos fundamentais para todos os trabalhadores do município. Este fórum, que reúne sindicatos e associações de servidores públicos, tem se tornado a trincheira de resistência contra os ataques que tentam enfraquecer a dignidade e os direitos de quem, de fato, faz a cidade funcionar: os servidores municipais.

O Movimento Luta de Classes (MLC) defende a organização de forma unificada, mobilizando servidores em torno de pautas que são de interesse de toda a categoria, como a valorização do vale-transporte, o aumento do vale-alimentação e, principalmente, o reajuste salarial.

A servidora Gualdina Maria Menezes Leite (Gal), uma das representantes do movimento, destacou que só assim é possível barrar a retirada de direitos que acontece nesse contexto de avanço do neoliberalismo. O prefeito recém-eleito, Igor Norman, primo do governador Helder Barbalho (MDB), tenta impor um ataque brutal à democracia no município. “No dia 18 de janeiro, Norman enviou à Câmara Municipal um Projeto de Lei (PL) que, se aprovado, permitirá ao prefeito governar Belém por meio de decretos, sem consultar a sociedade civil ou os próprios vereadores. A proposta dá ao prefeito o poder de fundir secretarias, extinguir planos de carreira e tomar outras decisões sem qualquer tipo de debate democrático”, denuncia a sindicalista.

Esse autoritarismo foi seguido pela convocação de uma sessão extraordinária na Câmara Municipal, durante o recesso, com a intenção de aprovar o projeto de forma precipitada e sem a devida transparência. “Este ataque aos direitos dos servidores exige uma resposta do movimento sindical. Os servidores estão em plena mobilização para barrar essa tentativa de golpe contra a democracia e os direitos da população. Convocamos todos os trabalhadores a se unirem em frente à Assembleia Legislativa, onde também funciona a Câmara Municipal, para mostrar que não aceitaremos esse retrocesso”, convoca Gal.

Ela protesta ainda contra as tentativas de criminalizar os servidores públicos. “Nos rotulam de baderneiros e vagabundos. Nada disso é verdade! Somos médicos, enfermeiros, professores, trabalhadores da limpeza pública, do Suas, das fundações e de tantas outras áreas que formam o alicerce de nossa cidade. Lutamos pelo direito constitucional à democracia, pela valorização do trabalho e pelos direitos que são nossos por justiça”.

Matéria publicada na edição nº 306 do jornal A Verdade

Alvo de despejo, Ocupação Maria Lúcia Petit Vive salva vidas em Campinas

Em 2024, a Região Metropolitana de Campinas teve um recorde no número de casos de feminicídios. Mesmo assim, a Justiça e a burguesia campineira pretendem despejar a Ocupação Maria Lúcia Petit Vive, que atende mulheres vítimas de violência de gênero.

Cristiane Mendes, Fernanda Nogueira e Paty Kawaguchi* | Campinas (SP)


MULHERES – Nos próximos dias, poderá ser executada uma ordem de despejo contra a Ocupação de Mulheres Maria Lúcia Petit Vive, localizada em Campinas (SP). Mantida pelo Movimento de Mulheres Olga Benario, a ocupação promove um importante trabalho de acolhimento de mulheres em situação de vulnerabilidade e vítimas de violência na cidade, e seu despejo poderá deixar essas pessoas desassistidas.

Após realizar uma série de patrulhas em equipamentos públicos que atendem mulheres vítimas de violência, o Movimento de Mulheres Olga Benario constatou que eles se encontram sucateados, sobrecarregados e insuficientes para atender à demanda da população feminina da cidade. Da luta para mudar essa situação, surgiu a Ocupação de Mulheres Maria Lúcia Petit Vive!, organizada pelo movimento em abril de 2023, cujo trabalho de acolhimento jurídico e psicológico de mulheres já é considerado de extrema importância para a cidade e serve como apoio aos equipamentos existentes.

Ação do poder público é insuficiente

No último período, a violência contra a mulher tem crescido no município. O aumento nos casos de violência contra a mulher pode ser mensurado pelo número de medidas protetivas expedidas pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Em Campinas, esse número aumentou 31% no primeiro semestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior. Em relação aos casos de estupros notificados, ao final do mês de novembro de 2024, os números já haviam superado os registros de 2023.

Dos 351 casos registrados até novembro de 2024, 72% envolvem estupro de vulnerável – quando o crime de abuso sexual acontece com crianças e adolescentes menores de 14 anos. Essa dura realidade de violência já tem reflexos em 2025. No primeiro mês do ano, dois casos de feminicídio já foram registrados, um em Campinas e outro em Hortolândia, apontando como está em risco a vida das mulheres da região.

Mesmo sendo um dos principais centros urbanos do país – de acordo com o IBGE, 596 mil mulheres vivem na cidade, chegando a 52,3% da população campineira –, Campinas conta com um número insuficiente de equipamentos preparados para fazer atendimentos públicos especializados às mulheres vítimas de violência. Hoje, existem o Serviço de Atenção e Resgate à Mulher (Sara-M), o Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceamo), o Programa Guarda Amigo da Mulher (Gama), a Sala Lilás da Guarda Municipal e o Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM). Já as denúncias são feitas nas Delegacias da Mulher (DDM) de Campinas, das quais há apenas duas unidades e só uma com funcionamento 24h.

Vale ressaltar que, para receber o atendimento em qualquer um dos órgãos públicos, é necessário o registro de Boletim de Ocorrência, no qual o agressor também é notificado. Além disso, a grande maioria destes locais está na região central da cidade, longe de onde ocorre a maioria dos casos de violência contra as mulheres. O alto valor da passagem aumenta a dificuldade de acesso aos serviços, principalmente para as mulheres da periferia.

Mulheres lutam pelo socialismo

Para o Movimento de Mulheres Olga Benario, a violência e a exploração que as mulheres sofrem hoje em dia são fomentadas pelo sistema em que vivemos. O capitalismo afeta profundamente a vida das mulheres, pois nele é necessário o trabalho não pago e a submissão das mulheres para a sustentação dos interesses dos ricos. Atualmente, isso se reflete na perpetuação das desigualdades salariais, objetificação de seus corpos e diversos tipos de violência. 

Embora as mulheres representem mais de 50% da força de trabalho, elas recebem sistematicamente menos do que os homens. Isso não é simplesmente uma questão de discriminação individual, mas um mecanismo estrutural, pois a força de trabalho feminina é a mais explorada e precarizada, sujeita a jornadas extenuantes e condições de trabalho instáveis, intensificadas pelo acúmulo de funções cotidianas do lar. 

O feminicídio de Vitória Rosa de Oliveira, que aconteceu recentemente em Hortolândia, é um exemplo de como as mulheres são vítimas da escravidão doméstica. O assassino afirmou que cometeu o crime brutal, a pauladas, possivelmente na frente dos filhos, por Vitória “não ter feito a comida”. Ou seja, mulheres são submetidas à dupla e às vezes até tripla jornada de trabalho, acumulando as tarefas de cuidado e às vezes pagando até com a própria vida o preço de viver nessa sociedade que se sustenta com a nossa exploração. 

A opressão das mulheres e sua relação com o sistema capitalista é um problema central para a compreensão das desigualdades estruturais da nossa sociedade. Assim, o capitalismo, cúmplice do patriarcado, promove a objetificação das mulheres, as reduz a mercadorias, desvaloriza seu intelecto, alimenta a cultura do estupro e segue perpetuando a violência em diversos espaços. Contudo, o Movimento de Mulheres Olga Benario defende que a emancipação das mulheres só é possível com sua organização e a atuação política.

Sobre esse ponto, o movimento destaca as palavras de Vladimir Lênin, que afirmou que “a experiência de todos os movimentos de libertação mostra que o sucesso da revolução depende da importância da participação das mulheres”. A construção de uma nova sociedade, a sociedade socialista, só triunfará com a participação ativa das mulheres trabalhadoras. 

Reconhecendo os desafios específicos que as mulheres enfrentam quando se propõem a se organizar politicamente, o Movimento de Mulheres Olga Benario promove a garantia de creches em atividades, plenárias e reuniões, a divisão igualitária do trabalho doméstico em seus lares e a escuta respeitosa em todos os espaços coletivos. Além disso, também define dias e horários fixos para as atividades, facilitando o envolvimento das mulheres trabalhadoras.

A Ocupação de Mulheres Maria Lúcia Petit Vive! salva vidas e resiste

Com essa concepção, o Movimento de Mulheres Olga Benario já realizou ocupações em todo o país para denunciar a violência sofrida diariamente pelas mulheres e a falta de assistência pública para atendê-las. Em Campinas, o movimento denuncia que a política fascista do prefeito Dário Saadi é conivente com a violência contra as mulheres, e a partir da mobilização contra esse descaso surgiu a Ocupação de Mulheres Maria Lúcia Petit Vive. 

Com seu trabalho, o Olga já atendeu mais de 100 mulheres da Região Metropolitana de Campinas. Poderiam ser ainda mais, mas as limitações estruturais do imóvel que sedia a ocupação – que estava abandonado há quase 10 anos – impedem um maior e melhor acolhimento de vítimas de violência e vulnerabilidade.

Na última semana, a ocupação tem passado por seu quarto processo de reintegração de posse, com previsão de despejo imediato, evidenciando que para a burguesia campineira e sua “justiça” o mais importante é proteger a propriedade privada do que proteger a vida das mulheres trabalhadoras, aquelas que mais sofrem no sistema capitalista. 

Além de difundir um manifesto em defesa da Ocupação de Mulheres, que está nas redes digitais e conta com uma versão física percorrendo as ruas da cidade, as militantes, apoiadoras e técnicas da Casa lutam para que a Prefeitura ceda um imóvel para que  os atendimentos gratuitos e humanizados às trabalhadoras e crianças da região possam continuar acontecendo.

Mesmo neste momento atribulado, Patricia, militante do Movimento de Mulheres Olga Benario e membro de sua coordenação em Campinas, afirma que “o despejo não intimida nossas militantes e muito menos nos desanima, nós já tínhamos nossa rede de voluntárias antes de ocuparmos e podemos continuar com os atendimentos e crescer nosso movimento em todos os bairros da Cidade e da Região”.

“Não vamos deixar de cobrar a cessão do imóvel pela prefeitura, mas nossa força reside na coletividade e juntas conseguimos superar todos os obstáculos! O que temos de mais precioso é cada uma das companheiras que cede seu tempo, tão disputado, para lutar pela vida das mulheres e pelo socialismo”, ela completa.

Com sua luta, as mulheres mostram que não aceitarão mais morrer para servir o sistema capitalista que as explora. A luta pela libertação das mulheres é a luta de todos os trabalhadores. Mesmo ameaçada de despejo, a Ocupação de Mulheres Maria Lúcia Petit Vive! seguirá resistindo até o último minuto, pois a luta das mulheres é uma luta justa pelo fim da violência e pela construção da sociedade socialista, que será livre da fome, do desemprego, da falta de moradia e de toda forma de opressão.

*Militantes do Movimento de Mulheres Olga Benario em Campinas (SP)

Trabalhadores de Jacobina (BA) denunciam repressão da prefeitura bolsonarista

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A nova gestão bolsonarista da Prefeitura de Jacobina, liderada pela prefeita Valdice Castro (PMB), iniciou o mandato com medidas que afetam trabalhadores e pequenos comerciantes, como a demolição de áreas destinadas a trailers, o remanejamento de feirantes sem diálogo e uma série de demissões para acomodação de aliados políticos.

Redação BA


BRASIL – Na primeira semana de janeiro de 2025, logo quando assumiram a gestão da Prefeitura Municipal de Jacobina, a atual prefeita Valdice Castro (PMB), seu marido, Leopoldo Passos e a vice Manuela Brandão (PL), declaradamente bolsonaristas, já demonstraram o caráter elitista e antipovo de sua política.

A gestão da Prefeitura demoliu locais que seriam destinados a construção de trailers para um pequeno comércio no centro da cidade, com base numa medida judicial que não leva em consideração o desemprego do povo; remanejou trabalhadores de suas barracas na Feira Livre de Jacobina sem ao mínimo uma reunião e, para distribuir os cargos dos apoiadores de campanha, está acontecendo uma série de demissões e remanejamentos nos vários setores públicos. O Decreto nº 0001/2025 declara “estado de calamidade pública na saúde” por um período de 180 dias de vigência e possibilita a contratação de profissionais sem necessidade de licitação.

Em vídeo circulando nas redes sociais, um dos trabalhadores que terá de readequar sua barraca relata: “O gerente da Feira chegou aqui de manhã com os guardas e falou para as meninas que eu tinha até às 14h para desarmar, se não ia derrubar com a máquina”.

A feirante Salma e sua família, que vende salgados ao lado da cobertura da feira, foi forçada a mudar de local, ficando sem condições de estruturar seu ponto no novo local. Ela contou com a solidariedade dos demais feirantes. Mesmo assim, hoje está sem uma boa estrutura e quando chove, molha todo seu ponto. O local onde Selma e vários outros feirantes trabalhavam é um estacionamento de carros.

A Feira Livre precisa de atenção e investimentos em sua infraestrutura para dar dignidade de trabalho para todos os feirantes. A necessidade de uma Associação de Feirantes combativa e organizada é mais urgente ainda, pois é isso que o bolsonarismo faz com o povo: autoritarismo no trato com os trabalhadores, uso das forças armadas para reprimir a luta do povo, retirada de direitos trabalhistas, negação da ciência e dos fatos. Quanto mais os trabalhadores estiverem organizados para lutar por seus direitos, menos chances o bolsonarismo terá em nos lançar na pobreza.

A situação da saúde em Jacobina demonstra o fracasso do sistema capitalista e seus representantes em atender essa demanda do povo por uma saúde gratuita e de qualidade. O que querem é a continuidade das privatizações na área da saúde. As “Organizações Sociais de Saúde (OSS)” são instituições privadas que recebem dinheiro do estado, pagos por nós trabalhadores, para gerir o serviço público, não fazem investimentos suficientes, demitem a hora que quiserem e atrasam os salários. A verdade é que a gestão bolsonarista não anunciou nenhum tipo de concurso público para o futuro.

Exemplo de luta

Para que haja mais emprego, saneamento básico, transporte público acessível e de qualidade e concursos públicos, é necessária uma luta forte e organizada do povo trabalhador. Deu um grande exemplo de luta de como começar a fazer isso os moradores e moradoras da Rua João Teixeira, em novembro do ano passado: fecharam com pneus, pedras e paus a Av. João Alberto Dourado e a Rua João Teixeira para exigir a obra de asfaltamento da dita avenida. A movimentação de veículos estava gerando grande quantidade de poeira, que atingia as casas dos moradores, como também concentrava movimentação de veículos na Rua João Teixeira, que começou a rachar as casas e colocar em risco de vida crianças, idosos e moradores.

Dentro de alguns dias resolveram parcialmente a obra, acabando a poeira e controlando a movimentação de carros. Esse exemplo de luta e consciência deve ser seguido para buscar a resolução dos demais problemas que afetam a vida do povo, para acabar com o capitalismo e avançar na construção do poder popular e do socialismo.

Trabalhadores do setor de tecnologia da informação lutam contra descaso patronal no RS

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Com a participação cada vez mais ativa do MLC e da UP, a luta dos trabalhadores da tecnologia da informação avança no estado do Rio Grande do Sul.en

Movimento Luta de Classes (MLC-RS)


TRABALHADOR UNIDO – A campanha salarial 2023/2024 das empresas do setor privado de tecnologia da informação (TI), mediada entre o Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados (SindPPD/RS) e o Sindicato das Empresas de Informática (Seprorgs), arrastou-se por mais de sete meses e deixou várias lições à categoria para as novas lutas neste ano de 2025.

As negociações foram deliberadamente atrasadas pelo sindicato patronal, o que, em meio a um cenário de calamidade provocado pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, resultou na aceitação de uma proposta abaixo das expectativas dos trabalhadores.

A primeira mesa de negociação entre os sindicatos ocorreu em 09 de novembro de 2023, onde o SindPPD apresentou as pautas aprovadas pelos trabalhadores em assembleia. Entre as principais demandas da categoria estavam: reajuste salarial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), sendo de 4,14% para a data-base de 01/11/23, mais 5% de aumento real; R$ 600,00 de auxílio-creche; R$ 300,00 de auxílio-rancho; R$ 35,00 de vale alimentação/dia; R$ 200,00 mensais como auxílio trabalho remoto; estender a licença paternidade para 20 dias e redução da jornada de trabalho para 40h semanais sem redução salarial.

Apesar de o sindicato patronal ter se comprometido em levar as demandas da categoria para discussão com empresários, logo na segunda mesa de negociação, 13 dias depois, trouxe uma contraproposta com 16 itens, alguns que já se repetem há anos, como: regionalização dos pisos salariais e dos benefícios, pagando valores diferentes para colegas que residem em Porto Alegre e no interior do Rio Grande do Sul; limitação do número de quinquênios; diminuição do adicional noturno. Nada declararam sobre as demandas apresentadas pelos trabalhadores.

Impacto das enchentes

As enchentes que devastaram o estado em maio de 2024 trouxeram uma nova camada de pressão para os trabalhadores. Muitos profissionais de tecnologia da informação foram gravemente afetados, perdendo seus lares e equipamentos, ou enfrentando dificuldades para continuar trabalhando remotamente. Enquanto o estado enfrentava uma situação de calamidade, o Seprorgs continuou a postergar as decisões, o que agravou ainda mais a situação da categoria. O sindicato patronal não mostrou qualquer sensibilidade diante da crise, recusando-se a adiantar negociações ou a conceder qualquer alívio aos trabalhadores.

O SindPPD cobrou para que as empresas pelo menos adiantassem o pagamento do reajuste do INPC para os trabalhadores mais afetados pelas enchentes, mas os patrões alegaram que estavam sofrendo muito com a crise. Pois bem, os trabalhadores estavam muito pior!

Finalmente, em maio de 2024, após quase sete meses de negociações, chegou-se a um acordo, aceito pelos trabalhadores devido às circunstâncias. A principal proposta garantiu um reajuste salarial de 4,14% entre novembro de 2023 e maio de 2024, seguido de um reajuste de 4,75% a partir de junho de 2024. 

A luta continua

A proposta final não representou os ganhos reais que a categoria esperava, mas o núcleo de trabalhadores de tecnologia da informação e comunicação do Movimento Luta de Classes (MLC) esteve presente nas assembleias e avalia que há muito trabalho de mobilização a ser feito para que as demandas da categoria ganhem força para a campanha salarial 2024/2025, que já foi deflagrada com uma assembleia virtual no último dia 22 de outubro. A pauta de reivindicações aprovada traz ajustes significativos e mantém pautas centrais, como a redução da carga horária semanal.

Fazemos um chamado à organização junto aos núcleos do MLC para direcionarmos nossos esforços de forma coletiva. Temos que ocupar os sindicatos, fortalecê-los para avançar nas pautas econômicas e políticas.

Matéria publica na edição impressa nº 305 do jornal A Verdade

Opinião: nos EUA, águia ou abutre?

Não há império que dure para sempre e a força dos povos, unidos em luta pelo bem comum, é o motor da verdadeira transformação. A história demonstra que diante das opressões a resistência cresce.

Frei Gilvander Moreira* | Belo Horizonte


OPINIÃO – A história da humanidade demonstra que nenhum império é eterno e que todos eles têm uma história de nascimento, ascensão, decadência e morte. Tornando-se um longo capítulo da história da humanidade. Assim aconteceu com muitos impérios, tais como o Egípcio, o Assírio, o Babilônico, o Persa, o Grego, o Romano, o Português, o Inglês e não será diferente com o império dos Estados Unidos ou das Big techs. A águia, um belo animal, é símbolo nacional dos Estados Unidos, mas na verdade reage como um abutre posicionando-se de forma gananciosa, expansionista, separatista e belicosa, perseguindo os povos latino-americanos e outros.   

A história mostra também que todo império quando está se desintegrando e apodrecendo deixa seus chefes irados e, como abutre, reage, cuspindo fogo e ameaças. Assim aconteceu com a posse do novo “imperador” dos Estados Unidos, no dia 20 de janeiro de 2025. Pelo discurso colonialista, racista, prepotente e ufanista, e também pelos decretos assinados no mesmo dia da posse, expõe a podridão de um sistema que tenta desesperadamente manter sua hegemonia.

Por isso, assistimos a algo com rompantes de um imperador, usando em vão o nome de Deus, o que é idolatria (usar o nome de Deus para justificar políticas de morte), se apresentando como imbatível ao afirmar que “inicia agora a era de ouro da América”, “construiremos as forças armadas mais poderosas do mundo”, “vamos invadir o Panamá e retomar o Canal”, “vamos terminar o muro que separa os EUA do México”, “vamos cobrar impostos dos povos em outros países impondo tarifas comerciais para que nossos cidadãos paguem menos impostos e possam ter prosperidade, glória e seremos motivo de inveja em todo o mundo…”. 

O continente americano inclui América do Norte, Central e do Sul e americanos são todos os habitantes das três Américas, não apenas quem é estadunidense. E os verdadeiros cidadãos da América são os Povos Originários (Indígenas), que foram vítimas de genocídio, mas resistem em centenas de Povos. 

Todavia, esse discurso proferido por Donald Trump demonstra soberba e megalomania. Trump revela não só o medo de um Chefe de Estado que sabe que nos limites do seu país o projeto capitalista de sociedade baseado no consumismo não deu certo! Junto com a fala belicosa e ameaçadora de invasão de outros Estados-Nação, a promessa de ruptura do direito internacional à autodeterminação dos povos, o rompimento do acordo ambiental assinado em Paris, que previa a desaceleração da emissão de gases poluentes responsáveis pelo aquecimento global e por sua vez provocadores da atual e gravíssima crise climática. A promessa de retirar direitos civis construídos a duras penas pela população negra, pelas mulheres e pelo Movimento LGBTIA+ através de uma reconstrução baseada em uma nova engenharia social demonstra os traços fascistas e nazistas da cúpula retrógrada de empresários que o apoiam.

Tudo isso que a grande imprensa divulgou e ao mesmo tempo disseminou expõe a fratura na coluna do gigante, como na esquizofrenia de Nabucodonosor, imperador da Babilônia na história antiga, que tão alto pensava ser, melhor que os céus, e no seu império experimentou, a comer capim como os bois e a vaguear em sua loucura de megalomania. 

Após jurar obedecer à Constituição dos Estados Unidos, o discurso de Trump foi deprimente, colonialista, populista, homofóbico, xenófobo, déspota, fascista/nazista e exterminador do futuro. Deprimente porque as centenas de pessoas que o assistiam presencialmente aplaudiam quando os slogans ufanistas e autocentrados eram proferidos, o que revela o apodrecimento das instituições estadunidenses e a visão tacanha do povo que o elegeu. 

Como se pode aplaudir postura homofóbica ao afirmar que “nos Estados Unidos a partir de hoje terão só dois gêneros: o masculino e o feminino”?! O direito à orientação sexual homoafetiva não pode ser abafado nem por decreto e nem por preconceito homofóbico. Como pode alguém aplaudir que “o muro que separa os Estados Unidos e o México será concluído em breve e deportaremos os imigrantes ilegais”, como se fosse possível a vida no planeta Terra sem a convivência entre os povos?! 

Em todos os países há cidadãos e cidadãs vivendo fora do seu país de origem e em todos os países pessoas de muitos outros países são acolhidas. O direito de ir e vir inclui também o direito de viver no país que a pessoa escolher. Impossível cercar um país e isolá-lo da convivência internacional, o que traz inúmeros benefícios para os povos como a troca de experiência cultural e, óbvio, a ajuda em força de trabalho. Imagine os Estados Unidos sem os 11 milhões de imigrantes ilegais que atualmente fazem uma série de trabalho que os estadunidenses não realizam: serviços de limpeza, construção civil, cuidador/a de idosos/as, segurança, serviços gerais, cozinhar, servir…

Absurdo também o Trump vociferar que vai “perfurar, perfurar, todos os poços de petróleo inexplorado no país e que não estará nem aí para transição energética” e assinar decreto retirando novamente os Estados Unidos do Acordo de Paris, que exige redução das emissões de gás carbônico para reduzir o colapso ambiental e frear a ferocidade dos eventos extremos cada vez mais frequentes e letais. A promessa é de devastar o que resta do Planeta, nossa única Casa Comum, em nome de lucros imediatos.

Até a mãe natureza boicotou a posse de Trump por ter imposto à capital Washington a temperatura de 5ºC negativos com sensação térmica de 10ºC negativos. Milhares de trumpistas ficaram fora da festa da posse pela severidade climática que impediu cerimônias ao ar livre. Alardear o negacionismo científico e fazer discurso populista criticando que o Joe Biden não conseguiu pôr bombeiros e defesa civil para apagar o fogo apocalíptico que varreu uma região da Califórnia é lorota, pois se acelerar a indústria petrolífera nos Estados Unidos, o império será devastado com maior rapidez, pois a natureza virá rugindo como um leão na selva e devorará tudo o que encontrar pela frente.

Ou seja, negar a necessidade de frear o desenvolvimentismo econômico à custa de brutal devastação dos bens naturais – terra, águas, ar – será acelerar a marcha em um desfiladeiro para o precipício e a morte final de todos e todas. Será como a anedota contada por Franz Hinkelammert, para ilustrar a irracionalidade do racionalizado sistema capitalista: dois homens que competem – com muita eficiência, cada qual com um motosserra mais poderoso – para cortar o galho em que estão sentados à beira do precipício. Assim atua o Trump, toda extrema-direita pelo mundo afora, a turma do agronegócio, do hidronegócio, das mineradoras, todos os capitalistas, fascistas ou não, e seus adeptos que estão sacrificando o planeta Terra no altar do mercado idolatrado. 

Retirar os Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde e perdoar milhares de criminosos que invadiram o Capitólio tentando impedir que o Joe Biden, que havia sido eleito, tomasse posse é absurdo dos absurdos, é insistir em voltar à idade das trevas, é sepultar de vez a hipocrisia da democracia burguesa e declarar à luz do sol o imperialismo nu e cru. 

Ainda bem que a história demonstra também que não há varinha mágica que tenha o poder de transformar em políticas públicas idôneas discursos populistas que enganam os incautos. Em breve, quem elegeu Trump abrirá os olhos ao perceber que a vida real não se transformará na 8ª maravilha com “prosperidade e glória”, porque os grandes coronéis do mundo, magnatas como Elon Musk e Mark Zuckerberg sempre usaram o povo para se enriquecer e nunca serão idôneos para contribuir com políticas públicas que construam relações sociais de justiça, paz, respeito e amor. 

A história demonstra também que diante das opressões a resistência cresce. Não há império que dure para sempre, e a força dos povos, unidos em luta pelo bem comum, é o motor da verdadeira transformação. A América Afrolatíndia, berço de coragem e esperança, será a tumba do neofascismo/neonazismo global. Inspirados/as pela aurora austral (boreal), que são raios de luzes em noites escuras, ou descobrindo luzes no túnel e não apenas no final do túnel, construiremos a partir dos últimos um mundo com justiça, paz e amor, onde todas as fronteiras serão abertas e todos os muros derrubados. A Internacional da direita neofascista/neonazista não passará, é vencível, pois está recheada e podre de contradições! A força e a luz do justo, ético e da verdade, o que nos faz mais humanos, terão a última palavra. 

Por fim, a luta, a resistência e a história continuam e é animador ter a certeza de que a humanidade aspira um projeto social pautado por relações sociais de justiça, paz e amor, cuja colaboração entre os povos prevaleça sobre a barbárie prometida com a ascensão da extrema direita internacional, engendrada como ovos de serpente no útero do capitalismo que super-explora não só a dignidade humana, mas também todos os bens da natureza.

*Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG, mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; assessor da CPT, CEBI, Movimentos Sociais e Ocupações.

Famílias do MLB ocupam Secretaria de Habitação do Rio para garantir construção de moradia popular

Manifestação reuniu mais de 200 pessoas e conseguiu compromisso da secretaria da apresentação de novos terrenos para moradia popular no centro do Rio.

Redação RJ


LUTA POPULAR – Famílias organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) ocuparam, na manhã desta terça (28), a sede da Secretaria Estadual de Habitação, em São Cristóvão. Depois de um ano após a realização do acordo, o governo do estado ainda se recusa a iniciar a construção das habitações, mesmo já tendo o recurso liberado pelo Governo Federal. 

Após cerca de 5 horas de ocupação, as 120 famílias conseguiram ser recebidas por representantes da secretaria. No encontro foi garantido que o governo estadual apresentará nesta quarta (29) uma nova proposta de terrenos para a construção de unidades habitacionais populares no Centro da capital fluminense.

Entenda a luta das famílias do MLB por moradia popular no Rio

Há três anos, mais de 100 famílias sem teto do MLB estão lutando por moradia digna no Rio de Janeiro. Essas famílias organizaram em 2021 e 2022 duas ocupações no centro da cidade do Rio de Janeiro, Ocupação João Cândido e Luiz Gama, dando função social a dois imóveis abandonados. 

Depois de serem despejadas das duas ocupações, essas famílias conquistaram o compromisso do Governo do Estado de construção de 110 unidades no centro da cidade. O movimento e o governo, através da Secretaria de Habitação de Interesse Social (SEHIS), vem se reunindo ao longo de mais de dois anos em mesas de negociação para garantir esse acordo. Importantes acordos foram firmados e em janeiro de 2024 o movimento conseguiu a aprovação de recursos para a construção das 110 unidades. 

Os recursos viriam do Governo Federal, através do Programa Minha Casa, Minha Vida e dois terrenos foram doados pelo governo estadual, utilizando parte do patrimônio estadual que estava desocupado. Um dos terrenos, que comportaria 60 unidades, estava provisoriamente ocupado por um depósito de sucata de escolas de samba, que segundo o governo estadual, se comprometeram a liberar o terreno após o carnaval de 2024.

Ao longo do ano de 2024, os trâmites se seguiram e foram feitas vistorias, licenciamento do terreno e foi feita a licitação de uma empresa para iniciar as obras. Contudo, em agosto de 2024, as famílias foram surpreendidas com uma declaração do governador de que esses mais de dois anos de negociação haviam sido “um engano” e que o terreno não seria destinado para moradia. 

Procurado pelo MLB, o governo do Rio diz que não tem mais como dar andamento à construção neste terreno, pois a empresa licitada desistiu da obra. Porém, como o chamamento já estava em processo, o governo agora corre risco de perder o acesso ao recurso de cerca de 10 milhões de reais caso a situação não seja resolvida até o final de janeiro. 

Elza Cavalcante, 68 anos, uma das coordenadoras do movimento resume a situação: “O governo sempre diz que não tem jeito e que não há o que fazer, mas sabemos que não é assim quando se trata do interesse dos ricos! Nesses casos, o governo corre para despejar quem precisar e mover montanhas para resolver tudo bem rapidinho!”

A reivindicação do movimento é que o governo estadual e federal se unam para resolver a situação do terreno em tempo hábil para os prazos do programa, seja através da licitação de uma nova empresa ou através da indicação de outro terreno na área central. “O que não pode acontecer é o governo estadual abrir mão de 10 milhões de reais que seriam destinados para resolver a moradia de famílias pobres! O Governo está com a faca e o queijo na mão e não pode abandonar as famílias depois de tanto tempo de luta!”

Rodoviários de João Pessoa deflagram greve por salários dignos

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Iniciada nesta segunda-feira (27/1), greve dos trabalhadores do transporte rodoviário em João Pessoa defende aumento nos salários. Mesmo cobrando da população a pesada tarifa de R$5,20, empresas do setor oferecem reajuste pífio e vale-alimentação baixíssimo à categoria

Redação PB


Nesta segunda-feira (27/1), motoristas do transporte coletivo da Grande João Pessoa iniciaram uma greve geral após a recusa de sua proposta de 15% de aumento salarial por parte dos empresários do setor. A contraproposta apresentada pelos empregadores foi de apenas 3%, considerada insuficiente pela categoria.

O movimento ocorre em um contexto de insatisfação crescente entre os trabalhadores, especialmente após o recente aumento de 6% no preço das passagens, que aumentou de R$4,90 para R$5,20 e tornou a tarifa de João Pessoa a segunda mais cara do Nordeste. Apesar do reajuste que impacta diretamente os passageiros, os motoristas denunciam que os empresários priorizam os lucros também em detrimento das condições de trabalho da categoria, oferecendo propostas que, segundo eles, são desrespeitosas e não atendem às necessidades básicas dos trabalhadores.

Além do reajuste salarial de 15%, os motoristas reivindicam a retomada do vale-alimentação de R$500, que foi suspenso desde 2019, e o fim das jornadas duplas de trabalho, consideradas exaustivas e desumanas.

De acordo com relatos de trabalhadores, até às 7h30 da manhã desta segunda-feira, nenhum ônibus estava circulando na Grande João Pessoa. A paralisação desafia uma decisão do Ministério do Trabalho que determinou a manutenção de, pelo menos, 60% da frota em operação, sob pena de multa diária de R$ 10 mil. Mesmo diante dessa determinação, o sindicato dos motoristas manteve a decisão de suspender totalmente as atividades.

Embate na Justiça e nas ruas

Ainda pela manhã, centenas de trabalhadores seguiram para o Tribunal Regional do Trabalho (TRT-PB), após deliberarem pela proposta de 15% de reajuste salarial e o reajuste do vale-alimentação para 800 reais em assembléia no Sindicato dos Motoristas. Após uma mesa de negociação, da qual participaram o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de João Pessoa (Sintur-JP), o Sindicato dos Motoristas e representantes do Ministério Público do Trabalho (MPT), a categoria manteve a sua mobilização e paralisação das atividades após a apresentação de um reajuste de 5% apresentado pela classe patronal. Uma nova rodada de negociações acontece nesta quarta-feira (29), com proposta de 60% da frota em circulação a partir desta terça-feira (28).

A greve reflete não apenas a insatisfação da categoria, mas também a política da burguesia para quem trabalha em João Pessoa. O prefeito Cícero Lucena do Partido Progressista (PP) realiza políticas de mobilidade urbana em acordos que favorecem apenas os empresários do transporte coletivo, enquanto encarece e piora a vida dos moradores de João Pessoa e se nega a garantir direitos e salários de qualidade aos motoristas, tudo isso para aumentar a fortuna dos ricos.

A defesa da burguesia pela prefeitura de João Pessoa alcançou o nível de, durante um programa de rádio, Cícero Lucena pedir a prisão do presidente do sindicato dos motoristas, Ronne Nunes, com relação à deflagração da greve. A mobilização dos motoristas reforça a importância da luta sindical como ferramenta para garantir os direitos trabalhistas e buscar melhores condições de trabalho.

O exemplo da greve dos trabalhadores do transporte coletivo, junto de outros movimentos grevistas no Brasil, servem para mostrar a força que a luta dos trabalhadores unidos tem frente aos políticos e patrões, tanto para poder parar o lucro da burguesia e pressionar os políticos na exigência de melhorias na qualidade de vida e trabalho da população; quanto para tomar as rédeas da produção e da política do Brasil, para construir uma sociedade na qual a política e a economia sejam dirigidos pela classe trabalhadora em seu próprio interesse, uma sociedade socialista.

Primeiro encontro Trans da Unidade Popular (UP) acontece em Belém (PA)

Unidade Popular realiza seu primeiro Encontro Trans do Brasil em Belém, no estado do Pará

Nicole Bel | Belém (PA)


BRASIL — No fim de janeiro deste ano, militantes da Unidade Popular no Pará construíram a primeira experiência no Brasil de um encontro Trans no nosso partido. A construção desta atividade representa o início da pavimentação de uma linha coesa e decidida à cerca dos objetivos, necessidades, deveres e tarefas que o conjunto de nossa militância deve considerar para avançar no processo de organização das pessoas trans.

Com a presença de uma importante diversidade de militantes trans e cis, esclarecendo dúvidas sobre os papéis de gênero, as condições que marginalizam pessoas trans e discutindo sobre as raízes materiais da opressão que é imposta sobre essa população, um debate extremamente produtivo foi fomentado. Por meio da contribuição de cada militante, foi possível traçar um panorama acertado sobre a necessidade de organizar o conjunto da população trans que compõe a classe trabalhadora, e como as lutas e demandas específicas encontram-se em acordo com a necessidade de romper com o sistema capitalista, a fonte de toda a opressão de nossa classe, e o quão imperioso é a construção da sociedade socialista. 

A conjuntura que nos é apresentada hoje demonstra de forma muito clara: a maneira com que o fascismo se desenvolve tanto nacional quanto internacionalmente tem utilizado como uma de suas armas o espantalho das pessoas trans e o suposto risco da ideologia de gênero. Usam de nossos corpos como pressuposto para atacar mais e mais nossos direitos, permitindo sempre mais violência contra nós. E tudo isso é utilizado meramente como uma cortina de fumaça que permite cada vez mais ataques ao povo trabalhador, para que cada vez mais a grande burguesia perpetue seu poder e a exploração de nosso povo.

Organizar as pessoas trans e lutar por dignidade

Diante de tudo isso, diante da falta de perspectiva de vida que toda população trans enfrenta principalmente no Brasil, com as piores condições de acesso à educação, saúde e emprego, não nos cabe outra alternativa se não trilharmos pelo caminho revolucionário. Pois lutar pela nossa vida é lutar para romper com a miséria imposta ao nosso povo todos os dias. É reconhecer que não há forma possível de termos qualquer chance de uma vida digna sobre um sistema que busca constantemente nossa morte. Como coloca Victor Rivas de forma extremamente acertada: Lutar contra a transfobia é lutar contra o capitalismo.

É fundamental destacar a importância da contribuição teórica de cada militante e de cada leitor, que com determinado acúmulo foram capazes de redigir importantes matérias ao Jornal A Verdade que serviram de alicerce e apoio essencial no debate, por meio da leitura coletiva realizada no encontro. Cada militante trans que contribui ao redigir uma matéria, ajuda a construir e fundamentar mais ainda a linha de nosso partido nesse aspecto, e eis nosso objetivo: construir um partido que realmente represente nosso povo, que é constituído pelas pessoas trans, pelas mulheres, pelo povo negro, por toda classe trabalhadora e nosso interesse em comum – o fim da exploração e a miséria de todos pelo lucro de uma minoria privilegiada.

Com a existência de um primeiro encontro Trans, cabe ao nosso partido a construção de mais atividades como essas ao redor do Brasil. Para que nosso acúmulo se torne cada vez maior sobre a pauta Trans, para termos melhores condições de abordar sobre a questão dentro de todos os espaços, e tenhamos em nossas mãos a firmeza de ter a linha mais acertada que guie as pessoas trans e todo conjunto do nosso povo ao caminho revolucionário de libertação de nossa classe. A vitória é certa, e cabe ao nosso povo conquistá-la.