Se o “poder material só pode ser derrubado pelo poder material”, como dizia Marx, é preciso de um método que sustente uma poderosa estrutura revolucionária. Por isso, a cota individual de cada militante é essencial para o avanço das lutas da UJR
Coordenação Nacional da UJR
A sociedade capitalista, baseada na exploração de um ser humano pelo outro, é dividida em classes sociais com interesses antagônicos. Nesta sociedade, tudo, do alfinete à grande fábrica, e até mesmo a força de trabalho humana, é transformado em mercadoria. Desta forma, a classe dos capitalistas, aqueles que são donos dos meios de produção, não trabalham e enriquecem à custa da exploração da classe dos proletários, aqueles que nada tem a chamar de seu e são obrigados a vender sua força de trabalho para sobreviver.
Exploradores e explorados vivem numa constante luta entre si. Uns para manter seu regime de exploração, sua riqueza e seus privilégios; outros para destruir essa velha sociedade e construir uma nova sociedade sem exploração, onde todos trabalhem e a riqueza da sociedade seja produto coletivo. Nesta luta “exploradores unem-se com exploradores, explorados unem-se aos explorados. Do choque de interesses entre ambos surgem as organizações com a finalidade de defender as aspirações e os anseios que eles representam” (Declaro-me marxista-leninista, Manoel Lisboa).
Assim, a burguesia cria seus próprios partidos, coloca seu imenso poder material e usa o Estado e seus aparatos repressivos para manter sua dominação. Por outro lado, o proletariado cria seu próprio partido comunista revolucionário, que deve ser sua principal arma na luta pela tomada do poder, pela destruição do Estado burguês e pela construção da sociedade socialista.
Desta forma, pode o Partido do proletariado cumprir sua missão histórica se não possuir as condições materiais para isso? Da mesma forma, a União da Juventude Rebelião, organização revolucionária da juventude brasileira, pode ser uma poderosa organização se não tiver os recursos financeiros que possibilitem sua estruturação, seu crescimento e desenvolvimento? Não.
Para ser capaz de fazer uma revolução que derrube o capitalismo, as organizações proletárias devem ser dotadas dos recursos materiais para isso. Para desenvolver essas organizações e fazer sua propaganda junto ao povo é necessário promover reuniões, plenárias, produzir milhões de panfletos, jornais, cartazes, etc. Para construir uma grande organização revolucionária é preciso ter centenas e até milhares de quadros profissionais, ou seja, pessoas cuja tarefa seja a construção da revolução. Mas, sem dinheiro, como é possível realizar reuniões em um país de dimensões continentais como o Brasil em que as passagens ficam cada vez mais caras? Como vamos produzir materiais de propaganda, adquirir megafones, equipar as sedes e sustentar militantes profissionais? Trata-se de idealismo acreditar que só com a “força de vontade” e sem a força material conseguiremos derrubar o poder da burguesia.
Desta forma, a história do movimento comunista é repleta de exemplos de como devemos financiar as organizações revolucionárias. Já na primeira década do século passado, o Partido Operário Social-Democrata Russo, o partido de Lênin, definiu em seus estatutos que um dos critérios para ser militante é fazer uma contribuição financeira ao Partido. Portanto, a cota individual deve ser a principal fonte de financiamento de uma organização revolucionária. Trata-se de uma fonte de recursos segura, que depende apenas do convencimento ideológico do militante. No entanto, não devemos achar que isso acontecerá de forma espontânea. É necessário discussão cotidiana, luta ideológica, cobrança e controle para que esta política seja efetivada.
Desde a sua criação, em 1995, a UJR definiu que é dever de cada camarada dar uma contribuição financeira à revolução. É evidente que os membros de uma organização revolucionária são, em geral, pobres. No entanto, cada um, de acordo com as suas condições, deve colocar os seus recursos à serviço da revolução e da luta contra a exploração.
No primeiro semestre deste ano, a militância da UJR deu provas de que a luta política e ideológica é capaz de superar obstáculos e a grande maioria da militância da UJR cumpriu com o seu compromisso de contribuir financeiramente. Agora, a campanha de arrecadação do segundo semestre precisa ser colocada em movimento. É necessário pautar nas reuniões e discutir individualmente com cada militante a sua contribuição para que 100% dos camaradas fiquem em dia com este compromisso revolucionário da cota individual.
Esta não é uma tarefa simples, exige um alto grau de concentração, de luta ideológica em todos os coletivos, controle (da cobrança e da execução), prazo, etc. No entanto, é uma tarefa fundamental, das mais coletivas e importantes para a nossa luta. Somente agindo assim, compreendendo de maneira profunda o significado da autossustentação para a libertação da classe trabalhadora e construção do Socialismo, é que desenvolveremos cada vez mais a ação e a influência da UJR, a juventude revolucionária do Brasil.
Matéria publicada na edição nº 297 do jornal A Verdade
Em 2015 e 2016, o movimento de ocupações derrotou o projeto de “reorganização escolar” do então governador Geraldo Alckmin. É prova de que a luta secundarista pode vencer a tentativa do fascista Tarcísio de privatizar e militarizar escolas
Biana Politto* | São Paulo (SP)
Em novembro de 2015, depois de grandes manifestações estudantis espalhadas pelos bairros e pelas cidades, uma onda de ocupações de escolas tomou o Estado de São Paulo.
Na época, o então governador Geraldo Alckmin (hoje, vice-presidente da República) elaborou, junto com seu secretário de Educação Herman Voorward, um projeto nomeado de Reorganização escolar. Foi uma resposta à greve dos professores da rede estadual, que durou 92 dias, com imensa adesão da categoria, quando a Avenida Paulista ficava pequena para os protestos, mesmo com uma violenta repressão com bombas e cassetetes da Polícia Militar.
Na prática, apesar de o governo tentar maquiar, a “reorganização” propunha o fechamento de 94 escolas, o que afetaria diretamente mais de 300 mil estudantes e cerca de 74 mil professores. Algumas escolas seriam entregues às Prefeituras Municipais, enquanto outras 28 não tinha sequer destino definido.
Diante dessa situação, as palavras de ordem dos estudantes eram claras: Não vamos permitir que fechem nossas escolas e vamos lutar até o fim! Vamos ocupar e resistir!
Sendo assim, mesmo as escolas que não eram diretamente atingidas pelo projeto, foram ocupadas pelos estudantes. Todos os dias, surgiam novas ocupações, mais estudantes despertavam sua consciência para lutar pelos seus direitos, contra o fechamento e a superlotação das escolas, por mais verbas para a educação, por aumento de salário para os professores, reformas nas salas de aula, abertura das bibliotecas, reformas nas quadras esportivas, ampliação e abertura de salas de vídeo, salas de informática, etc.
A primeira escola ocupada, em 09 de novembro de 2015, foi a E.E. Diadema, no ABC Paulista. No dia seguinte, foi a vez da E.E. Fernão Dias, na Zona Oeste de São Paulo e, assim por diante, dezenas de escolas foram se integrando nessa luta. Em pouco tempo, mais de 200 foram ocupadas na Capital, no ABC, Guarulhos, Osasco, Campinas, Jundiaí, Sorocaba, São José dos Campos, Jacareí, Ribeirão Preto, Santos, entre outras.
Cabe dizer que, de imediato, em resposta às ocupações, Alckmin entrou com pedido de reintegração de posse e cercou as principais escolas com a Polícia militar, numa clara intenção de intimidar, perseguir e acabar rapidamente com a luta dos secundaristas. Porém, nos trâmites da Justiça, o Governo foi derrotado duas vezes.
A democracia nas ocupações
Como essas ocupações eram construídas? Quem as organizava? Os grêmios estudantis contribuíram muito para a luta dos estudantes e geralmente um grêmio combativo e presente na escola já preparava a turma toda para participar de debates e principalmente da assembleia estudantil. Em assembleia, com espaço para defesa das ideias, a maioria tomava a decisão sobre realizar ou não a ocupação da escola.
Onde não se tinha um grêmio organizado, os alunos mais ativos formavam essa linha de frente. Em geral, as direções das escolas não se posicionavam contra o projeto e faziam de tudo para impedir a luta, mas a força dos estudantes organizados e mobilizados era realmente superior a qualquer atitude isolada da direção. Formava-se, na prática, um verdadeiro exercício de democracia. Instalada a ocupação, era necessário garantir o funcionamento de atividades, como debates, aulas públicas, atividades esportivas e culturais.
A vitória dos estudantes
Além das ocupações, vale ressaltar também que o movimento continuou tomando as ruas, inclusive enfrentando toda truculência por parte do Estado, que batia e até prendia os estudantes. Alexandre de Moraes (hoje ministro do STF), era o secretário de Segurança Pública na época e não hesitava em dizer que a PM sempre interviria para tirar os alunos da rua.
Mas o movimento popular só crescia e, além dos sindicatos de educação e movimentos sociais, pais e mães formavam comitês de apoio às ocupações. Foi então que, 42 dias depois da primeira ocupação, Geraldo Alckmin vai para a TV anunciar a suspensão da reorganização escolar e a demissão do então secretário de Educação.
Os estudantes não se rendem
Infelizmente, nesse sistema capitalista, o habitual não é garantir educação de qualidade e com viés libertador para a juventude. Pelo contrário, os governos neoliberais e representantes da burguesia, gananciosos por dinheiro público, sucateiam o ensino, visam privatizar e lucrar com a educação.
Por isso, atualmente, o Governo de São Paulo, dirigido pelo fascista Tarcísio de Freitas, arquiteta outro ataque feroz à juventude secundarista, que é o projeto de militarização das escolas. Sendo assim, cabe novamente ao povo, às mães e aos pais, aos moradores do bairro da escola, aos estudantes, aos professores e funcionários, unidos e organizados, se mobilizarem para derrotar esse projeto, derrotar o Tarcísio e seus interesses, pois eles são completamente opostos aos interesses da juventude e da classe trabalhadora.
*Biana Politto é militante da União da Juventude Rebelião (UJR).
Matéria publicada na edição nº 297 do jornal A Verdade
A prática comprova: é nas reuniões dos núcleos que as mulheres se formam politicamente, constroem vínculos e formulam as demandas de seu território. Vitórias do movimento são construídas nas reuniões regulares de base
Andressa Ribeiro* | Porto Alegre (RS)
Os núcleos de base do Movimento de Mulheres Olga Benario são fundamentais para a formação das nossas militantes e para a definição das lutas do nosso movimento. Nesses núcleos, estudamos a teoria feminista marxista e compreendemos que as opressões que as mulheres enfrentam diariamente são fruto do patriarcado e do capitalismo. É também nos núcleos que definimos quais as lutas que cada bairro ou cidade necessitam no momento: mais vagas em creches, Casas de Referência da Mulher, mais políticas públicas para as mulheres, etc.
As reuniões devem ser realizadas, no máximo, quinzenalmente, de acordo com a necessidade de cada núcleo, e devem acontecer independentemente do número de participantes. Se o núcleo for composto por duas ou dez mulheres, a reunião deve ser mantida. A regularidade das reuniões fortalece as companheiras e demonstra a seriedade do nosso trabalho.
Um exemplo disso é o Núcleo da Cefer, na periferia de Porto Alegre (RS). Esse núcleo manteve a sua regularidade por muitos meses, mesmo com a presença de apenas duas ou três companheiras. Pode parecer pouco, mas é nesses encontros que as mulheres trabalhadoras têm a oportunidade de estudar sobre suas condições, compartilhar suas angústias e debater soluções para problemas individuais e coletivos.
Através desse núcleo, o movimento construiu vínculos importantes com a comunidade, o que foi crucial durante as enchentes de maio de 2024, que devastaram o Rio Grande do Sul. Criamos um abrigo exclusivo para mulheres vítimas das enchentes, após denúncias de assédio e estupro em abrigos mistos do Estado. Além disso, formamos um núcleo dentro do abrigo para fortalecer politicamente as mulheres que perderam suas casas, pois sabemos que essas enchentes foram resultado de uma política criminosa de precarização do sistema de contenção e da falta de planejamento urbano. Organizamos essas mulheres no Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) para lutarem por moradia digna.
Após o fechamento do abrigo, novos núcleos foram criados, expandindo nossa atuação política e prática por toda a cidade. Por isso, devemos valorizar nossas reuniões de base, manter sua regularidade com uma disciplina revolucionária e sempre planejarmos com tempo e dedicação os estudos e pautas para avançarmos cada vez mais a consciência das nossas camaradas, chegarmos em mais mulheres e, assim, acabar com esse sistema de miséria que massacra nossas vidas, construindo a sociedade socialista.
*Andressa Ribeiro é da coordenação do Movimento de Mulheres Olga Benário no Rio Grande do Sul
Matéria publicada na edição nº 297 do jornal A Verdade
No mês passado, a Casa Ieda Santos Delgado conquistou uma sede definitiva para atender as mulheres do Distrito Federal. Dois anos de luta constante do Movimento de Mulheres Olga Benário foram decisivos para essa vitória
Movimento de Mulheres Olga Benário | Brasília (DF)
Em outubro de 2022, na expectativa das eleições e da derrota do fascismo nas urnas, o Movimento Olga no Distrito Federal decidiu ocupar um imóvel que estava abandonado há mais de dez anos e transformá-lo em local de acolhimento para mulheres – parcela da população que mais sofreu com os retrocessos daqueles últimos quatro anos. Assim, nascia a Casa Ieda Santos Delgado, uma homenagem à militante da ALN que teve sua vida tirada por lutar pela liberdade do povo durante a ditadura militar.
A vitória eleitoral foi muito importante, mas, para derrotar o fascismo, é preciso estar continuamente em luta. Neste sentido, a Casa Ieda significou um norte para as trabalhadoras. De lá, organizamos panfletagens, o Natal Sem Fome do MLB, leituras e debates do jornal A Verdade, oficinas de elétrica, grafite, fotografia, música e teatro, aulões pré-ENEM com professores do MLC, aulas de yoga, capoeira e Krav Magá, plenárias de apresentação da Unidade Popular, festival de música e mutirões para construção de horta. Experimentávamos o poder popular e nos orgulhávamos de estar em um espaço livre da fome.
Entretanto, a mando do milionário governador Ibaneis Rocha (MDB), que nada se importa com o povo do DF (ver no site do Jornal as denúncias sobre o caos na saúde do DF), sofremos duas reintegrações banhadas à violência: gás de pimenta, intransigência policial, atropelamento, apreensão ilegal de bens e até prisão. Mas nada disso nos intimidou. Organizamos a Casa Ieda Itinerante, visitando cidades periféricas do DF, em parceria com escolas públicas, para divulgar o Movimento e levar acolhimento e informação para as mulheres. Finalmente, em 2023, ocupamos outro imóvel – afinal, o governador, após nos despejar, mandou depredar o primeiro prédio, retirando suas telhas para ficar inutilizável e virar um enorme foco de dengue.
Da nova ocupação, saímos após alguns dias, mas com um grande ato pela sede definitiva da Casa Ieda e com o compromisso de um grupo de trabalho com a Superintendência de Patrimônio da União (SPU) para viabilizar o tão sonhado espaço.
Quem luta, conquista
Neste ano, dia 27 de junho, a União cedeu um imóvel para a Casa Ieda Santos Delgado. Uma grande vitória para as mulheres na Capital do país, região que enfrenta o quinto maior índice do país de feminicídios, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, atrás de Mato Grosso, Acre, Rondônia e Tocantins.
“Foram dois anos, muitas reuniões na SPU e apoio coletivo. Quando saiu a notícia, foi muita empolgação. A gente fez a primeira ocupação com algumas militantes e fomos crescendo. Sem essa ousadia, poderíamos não ter hoje esse imóvel para colocar em prática nossos planos de organizar mais e mais mulheres, pelos nossos direitos e pelo nosso objetivo maior que é o socialismo”, diz Thaís Oliveira, coordenadora do Movimento Olga Benario no DF.
Com o imóvel definitivo da Casa Ieda, temos novos desafios: abrir suas portas para todas as mulheres que desejam lutar; criar uma grande rede de apoio com psicólogas, advogadas, assistentes sociais e outras profissionais voluntárias; fazer formações, atividades de finanças e eventos artísticos e culturais. Outro desafio será a reforma, pois o imóvel estava fechado há muito tempo, se deteriorando. Precisamos fazer mais mutirões e campanhas de financiamento e doação de mobília e eletrodomésticos. São desafios grandes, mas que se apequenam quando vemos o quanto já foi feito, quantas vidas já foram salvas ou mudadas nesses 13 anos de existência do Movimento Olga no Brasil.
Dia 24 de agosto será nosso Ato de Inauguração. Momento para celebramos e reafirmarmos que esta conquista é um importante passo para fortalecer o grau de organização e luta das mulheres.
Transformar a dor em luta
A essência do sistema em que vivemos, o capitalismo, é o abismo social. Um punhado de bilionários, de um lado e, de outro, milhões de pessoas sobrevivendo com baixos salários, jornadas exaustivas de trabalho, fome e miséria. Quando se é mulher e pobre, somam-se a dupla jornada de trabalho, salários ainda menores e as mais diversas violências.
Com toda essa situação, não nos resta outra opção que não seja a luta. Esse sistema perverso e desumano precisa acabar. Foi justamente para isso que o Movimento Olga foi criado, para ser uma ferramenta de libertação, com a clara convicção de que a verdadeira emancipação da mulher só será possível com a vitória do socialismo e temos pressa!
Desde 2016, o Movimento Olga iniciou uma nova etapa da luta feminista em nosso país, realizando ocupações de mulheres. Já organizamos mais de 20 Casas, distribuídas por todas as regiões do país. Se os governos se omitem em enfrentar a urgente e persistente questão da violência de gênero, façamos nós as alternativas. Sem recursos, mas com muito convencimento e ousadia, ocupamos, revitalizamos e transformamos imóveis abandonados – que não cumpriam qualquer função social –, em grandes exemplos de poder popular, resistência e organização coletiva. A partir daí, mais e mais companheiras se organizam e novos núcleos de base do Movimento surgem.
Organize sua revolta! Lute com o Movimento Olga Benario!
Matéria publicada na edição nº 297 do jornal A Verdade
Estudo das matérias nas reuniões da Unidade Popular e implementação das brigadas da União da Juventude Rebelião foram fundamentais para o aumento da circulação do jornal A Verdade entre os trabalhadores do Rio de Janeiro
Redação RJ
O Rio de Janeiro vem registrando, desde o ano passado, um crescimento contínuo da tiragem do jornal A Verdade. Hoje, o estado recebe 4.400 exemplares por quinzena, resultado da luta política entre a militância dos movimentos que constroem o jornal. No mesmo período do ano passado, a cota estadual era de 2.200 jornais, representando um crescimento de 100% em 12 meses.
A meta de 4.400 era uma das etapas definidas para alcançar 7 mil exemplares até o fim deste ano, parte do plano para expandir a agitação e a propaganda revolucionárias no terceiro maior estado do país. Hoje, o jornal A Verdade já pode ser comprado em brigadas em 20 dos 92 municípios fluminenses.
Contribuiu fortemente para esse resultado a introdução do estudo do jornal nas reuniões de núcleo da Unidade Popular (UP). A União da Juventude Rebelião (UJR) também foi fundamental no processo de crescimento, com a implantação de mais dias de brigada e a garantia das cotas individuais para o conjunto da militância.
Portas de fábrica
O objetivo agora é fazer o Jornal chegar às portas de fábricas e outros locais de trabalho. Nosso jornal tem sido cada vez mais reconhecido em várias partes do país pelo trabalho em porta de fábricas. Estados como São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Pernambuco têm se destacado neste trabalho.
Agora, a militância do Rio de Janeiro se mira nestes exemplos para alcançar a próxima etapa da meta de crescimento do Jornal no estado. O Rio é um dos principais polos industriais do país e a exploração e os baixos salários são a realidade comum em todas as cidades.
O crescimento das brigadas nestes locais, portanto, tende a ampliar ainda mais a capacidade de diálogo com a classe trabalhadora. Hoje, nosso jornal já tem denunciado graves problemas enfrentados pelo povo no Rio, como violência, privatizações e desastres climáticos.
O crescimento de 100% na cota estadual em um ano e a chegada do Jornal em mais lugares é resultado deste movimento, que se realiza em nível nacional para consolidar o jornal A Verdade como o principal veículo de imprensa da classe trabalhadora brasileira.
Matéria publicada na edição nº 297 do jornal A Verdade
No dia 15 de agosto, a população de Porto Velho (RO) acordou com um dos piores índices de poluição do ar do país segundo os medidores da IQAir. O agronegócio é o grande causador de queimadas e conflitos no estado em disputa de terra.
Redação RO
BRASIL – Além de todos os problemas que a fumaça traz para a nossa respiração, causou o fechamento temporário do aeroporto de Porto Velho devido a densidade da nuvem de fumaça. A mídia burguesa tem alertado sobre os riscos à saúde e como se cuidar nessa situação, porém não há um debate sobre quem é o principal causador dessa crise.
O uso do fogo nos sistemas agrícolas tradicionais é um saber ancestral e muito diferente dos incêndios criminosos que visam a grilagem. Em diversos ecossistemas, como florestas, campos, áreas úmidas e savanas, há tradições de manejo do uso do fogo para promover a fertilização da terra para novo plantio (como na roça de toco, coivara ou itinerante), para manejar pasto nativo para criação de gado e/ou para a rebrota de algumas espécies de uso extrativista.
Esse processo é parte da constituição da agrobiodiversidade ao longo do tempo, ou seja, o cultivo consciente da combinação de uma diversidade de espécies vegetais de interesse humano, seja para alimentação, criação animal, artesanato, arquitetura, medicina ou rituais.
Esse fogo manejado – realizado em sistemas tradicionais – é feito com base em regras consuetudinárias que respeitam o tempo e o lugar certos (áreas pequenas e de uso rotativo) e a forma de fazer o fogo, garantindo que ele não se alastre. Os povos e comunidades visam preservar as matas e, por isso, cuidam desse processo e estabelecem protocolos coletivos.
Segundo dados do Projeto Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (INPE), a situação atual dos incêndios na Amazônia, com 47,7% dos focos de incêndio registrados no país, destaca a urgência da situação. Em Rondônia, o aumento exponencial dos focos de incêndio, que saltou de 1.715 em agosto de 2023 para 1.856 já antes do fim de agosto de 2024, reflete uma escalada preocupante na devastação ambiental.
Esse crescimento acentuado é ainda mais alarmante quando se considera que o mês de setembro historicamente registra o maior número de queimadas, com 2.651 casos em 2023. Esses números não são meramente estatísticas, eles nos mostram qual a real situação do povo rondoniense enfrenta. O alto índice de focos de incêndio não é uma causalidade e sim um programa muito bem executado, por mais que o governo tente colocar a culpa na população com propagandas dizendo: “Evite queimadas e desperdícios de água, faça sua parte!”
Eleito e reeleito sob a influencia do bolsonarismo, o Governador de Rondônia, o Coronel Marcos Rocha (União Brasil), manteve a política fascista de conluio junto aos latifundiários do estado contra o meio ambiente em Rondônia. Projetos de redução de áreas de conservação ambiental como o PLC 080/2020 que ajudou os grileiros de terra e dificultou as entidades de fiscalização. Rondônia registrou um aumento de 113,7% de conflitos no campo em 2023 em comparação com o ano anterior. Esse número é o maior em sete anos, de acordo com a série histórica apontada no relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Além de fortalecer a grilagem, esse tipo de incêndio buscar limpar grandes áreas para virar pasto posteriormente. Porém, num período extremamente seco o fogo vai se alastrar facilmente, como aconteceu em Vilhena, interior de Rondônia, no dia 14 de agosto. Segundo o Corpo de Bombeiros, o fogo destruiu cerca de 30 hectares de vegetação por mais de cinco horas.
Por isso, é preciso defender um novo programa de sociedade que não busque acabar com as nossas florestas, denunciando o grande latifúndio que só busca se expandir, sempre visando o lucro, mesmo que isso custe cobrir um estado de fumaça. Lutemos pela reforma agrária popular e manter nossa floresta de pé.
A fumaça das queimadas está se alastrando no interior de São Paulo, com a conivência do agronegócio. A região de Ribeirão Preto é uma das mais afetadas, com incêndios criminosos nos canaviais e bloqueios de estradas
Redação SP | Ribeirão Preto (SP)
Neste domingo (25/8), o interior de São Paulo vive o pior momento de uma crise de fumaça e chamas que se arrasta desde o início de agosto. Só neste mês, até o dia 24/8, o estado já registrou 3.480 focos de queimadas e incêndios. É a maior quantidade de focos ativos em um único mês desde 1998, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Imagens de satélite mostram dezenas de colunas de fumaça espalhadas por todo o estado e a poluição espessa pode ser vista das janelas de aviões e já chegou em cidades distantes das queimadas. Fruto da destruição promovida pelos grandes latifundiários do agronegócio, depois de atingirem o Pantanal e a Amazônia, as queimadas espalharam-se por todo o interior de São Paulo, causando grandes impactos na vida do povo trabalhador. Pelo menos 3 pessoas já morreram tentando combater os incêndios.
Regiões do interior devastadas
Em todo o estado de São Paulo, 17 pontos de interdição de rodovias já foram registrados por conta das fumaças e das queimadas. Porém, nos últimos dias, a região de Ribeirão Preto (SP) se tornou a mais afetada pela crise de fogo.
O terminal rodoviário da cidade registrou inúmeros atrasos e suspensões de viagens regionais de ônibus, impactando a vida de milhares de trabalhadores que não conseguiram voltar para suas casas após o dia de trabalho devido aos bloqueios nas estradas por conta dos incêndios e à péssima condição de visibilidade imposta pela fumaça em diversos trechos. Na rodoviária, o jornal A Verdade presenciou um cenário de lotação e de abandono da população, que não sabia se conseguiria voltar para sua casa em segurança.
Já no município de Sertãozinho (SP), as aulas da Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (FATEC) foram canceladas na quinta-feira (23/8). Os trabalhadores da usina de cana de açúcar Raizen, na mesma cidade, tiveram que ser evacuados às pressas, devido à proximidade do fogo que se alastrava por um canavial próximo. Os jovens internos da Fundação Casa de Sertãozinho precisaram ser removidos para uma antiga unidade na cidade de Ribeirão Preto, pois a fumaça tomou conta da região onde o prédio fica localizado.
Elen, que estuda no campus de Sertãozinho do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) e mora em Pitangueiras (SP), também na região de Ribeirão Preto, ofereceu ao jornal A Verdade um relato sobre o caos causado pelas queimadas nas estradas do interior de São Paulo. “Eu estava voltando da aula de Sertãozinho para Pitangueiras e o motorista do ônibus prosseguiu a viagem ignorando a interdição da estrada, mas não dava pra enxergar a pista. Quando deu, o que havia era fogo dos dois lados da pista, quase chegando no asfalto. O vidro do ônibus aqueceu e até queimou o meu braço”, ela disse.
A estudante também fez uma denúncia sobre a situação que encontrou em sua cidade. “Quando chegamos em Pitangueiras, a situação é essa que estamos vendo: muita fumaça, dificuldade para respirar, sono prejudicado. Eu moro em frente a um canavial e hoje, não sei como, colocaram fogo perto da minha casa. Ele se alastrou e se juntou com outros, que já estão chegando em Jaboticabal [cidade vizinha]. Quando a polícia chegou, o fogo já estava muito alto e nós tivemos que evacuar o bairro. Agora, estou na casa da minha sogra sem saber se o fogo vai chegar na minha casa”, conta a jovem.
Na região de São José do Rio Preto (SP), no Noroeste paulista, as cidades de Ubarana e Urupês também suspenderam as aulas nas escolas, devido à baixa umidade do ar e aos altos níveis de fuligem presentes. Em Ubarana, uma rua inteira precisou ser evacuada às pressas devido a proximidade do fogo em relação às casas. Já em Urupês, dois funcionários de uma usina perderam suas vidas tentando combater o avanço do incêndio.
Ao final do sábado (24/8), as queimadas levaram o estado de São Paulo a decretar situação de emergência por 180 dias em 45 cidades, incluindo Ribeirão Preto, Pitangueiras, São José do Rio Preto e Sertãozinho.
Saúde dos trabalhadores em risco
Não bastassem os inúmeros problemas causados ao meio ambiente, as perdas materiais e os impactos sobre o cotidiano dos trabalhadores brasileiros, as queimadas também causam sérios danos à saúde do povo. Só nas últimas semanas, 3 trabalhadores perderam suas vidas e centenas de outros tiveram sua saúde prejudicada com a explosão de queimadas, em grande parte proveniente de campos agropecuários e canaviais no interior de São Paulo.
Ao longo de agosto, a umidade relativa do ar na cidade de Ribeirão Preto atingiu níveis alarmantes, abaixo de 20%. Com as queimadas e a fuligem tóxica presente no ar, estão surgindo e se agravando casos de diversas doenças nos olhos, na pele, no coração, nos sistemas gastrointestinal e respiratório, além de alguns tipos de câncer.
O cenário vivido no sábado (24/8) em Ribeirão Preto é um exemplo dessa crise na saúde. Nessa data, uma espessa camada de fumaça e fuligem, acompanhada de muito vento, se espalhou por toda a região, cobrindo o sol e deixando o ar muito difícil de respirar. Às 18 horas existiam 14 focos de incêndio no município. Os equipamentos do Sistema Único de Saúde (SUS) apresentou um aumento de 60% nos atendimentos, especialmente relacionados às doenças respiratórias e o sistema telefônico do SAMU esteve inoperante por horas.
Para piorar a situação, devido às oscilações de energia elétrica, 23 poços artesianos de água da Secretaria de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (SAERP) foram desligados, atingindo todas as regiões da cidade e deixando centenas de milhares de pessoas sem acesso à água. Apesar dos esforços dos servidores do SAERP, no momento da publicação da matéria, 17 poços seguem desligados.
Muito do problema elétrico se deve à privatização do serviço de energia para a empresa CPFL, que cobra contas altíssimas e presta um serviço ineficiente. Porém, o caos também se deve à falta de investimentos no SAERP, que passa por um processo de sucateamento que tem como efeito direto a precarização do serviço de abastecimento de água e a dificuldade de atender a uma emergência como a vivida hoje.
Destruição ambiental no Ribeirão Verde
Na cidade de Ribeirão Preto, existe um complexo de bairros conhecido como Ribeirão Verde, cercado por matas e vida silvestre. Porém, essa realidade vem se alterando rapidamente nos últimos anos, fruto da especulação imobiliária e das queimadas de mata nativa. Os incêndios das últimas semanas agudizaram fortemente esse problema.
Rosana, que é diretora da Associação de Moradores do Complexo Ribeirão Verde, revelou o descaso político da prefeitura direitista que agravou a situação. “Sou moradora do Complexo Ribeirão Verde desde 2001. Na entrada do nosso bairro tem uma Área de Preservação Permanente, com animais diversas espécies. Hoje, nossa mata está pedindo socorro por causa do último incêndio. Enquanto isso, um projeto de preservação que tínhamos conquistado ficou parado na Secretaria do Meio Ambiente, foi engavetado pela gestão do atual prefeito Duarte Nogueira (PSDB”, ela explica.
Biólogo e militante da Unidade Popular (UP), Vinícius denuncia as causas desse cenário: “O que estamos presenciando é de fato a prova, esfregada em nossas caras, das mudanças climáticas e o prejuízo que a monocultura do agronegócio acarreta”.
“A economia da região de Ribeirão Preto é formada pela cana de açúcar, uma monocultura que suga e seca a terra. A cada ano que passa, sentimos a nossa região ter menos chuvas. Agora, os incêndios que começaram no Pantanal e na Amazônia trazem essa fumaça. Os ‘rios voadores’, que antes traziam chuvas para nossa região, estão trazendo fumaça das queimadas”, continuou Vinicius em depoimento ao jornal A Verdade.
Agronegócio e criminosos capitalistas causam as queimadas
Segundo dados do Painel Geoestatístico dos Incêndios Florestais em Unidades de Conservação e Áreas Protegidas, mais de 90% das queimadas que aconteceram em São Paulo no ano de 2022 são provenientes de ações humanas criminosas como o uso irregular de fogo em atividades agropecuárias e vandalismos. Essas ocorrências estão se multiplicando nos últimos anos, devido ao descaso do governo estadual de São Paulo, encabeçado pelo fascista Tarcísio de Freitas, e das prefeituras aliadas ao agronegócio, que negligenciam as fiscalizações do campo.
Ao jornal A Verdade, a Unidade Popular de Ribeirão Preto frisou que só o avanço na construção do socialismo pode pôr um fim a essa e outras consequências da busca incessante dos capitalistas por mais lucros, que destroem tudo o que vêem pela frente, inclusive as vidas humanas e o planeta. Para o partido socialista e antifascista, o descaso dos governos anda de mãos dadas com o aumento da exploração e da destruição ambiental em nosso mundo, e a solução definitiva para essa crise só pode ser o fim do sistema econômico que estimula essas queimadas e incêndios.
O programa da Unidade Popular, em seu sexto ponto, defende a “reforma agrária popular, a nacionalização da terra e o fim do monopólio privado da terra”.
Na região de Ribeirão Preto, a UP está convocando os trabalhadores a se organizar para enfrentar os capitalistas e políticos burgueses que estão por trás dos grandes danos causados pelas queimadas em São Paulo. “Nós, como população, devemos lutar contra esses que beneficiam os usineiros e destroem a saúde e o bem-estar dos trabalhadores de Ribeirão Preto”, concluiu o biólogo Vinícius.
O jornal A Verdade realiza entrevistas com os candidatos e candidatas da Unidade Popular (UP) às prefeituras das capitais brasileiras.
Rafael Freire | Redação
BRASIL – O jornal A Verdade inicia uma série de entrevistas com os candidatos e candidatas da Unidade Popular (UP) às prefeituras de capitais brasileiras. Trazemos Lenilda Luna, 57 anos, jornalista e servidora da UFAL, candidata em Maceió (AL). Também Luciano Schafer, 44 anos, militante do MLB, candidato em Porto Alegre (RS). Raquel Brício, 32 anos, trabalhadora portuária, candidata em Bélem (PA). E Ricardo Senese, 37 anos, metroviário, candidato em São Paulo (SP). Nesta primeira rodada, falamos sobre Brasil, os objetivos da UP nas eleições e sobre a realidade de cada cidade.
Qual a avaliação da UP sobre a atual situação do povo brasileiro?
Ricardo Senese – Mais de 64 milhões de brasileiros vivem em insegurança alimentar, que é um nome menos duro pra fome. Isso mostra um grande sofrimento do nosso povo pra sobreviver. Uma classe trabalhadora que batalha muito pela sobrevivência, submetida a condições de trabalho muito precárias. Uma classe trabalhadora extremamente explorada. A precarização é a principal marca do trabalho no Brasil hoje. Nas grandes cidades, as pessoas levam muito tempo para chegar ao local de trabalho e já chegam cansadas.
Além disso, os salários são rebaixados e, após a Reforma Trabalhista do governo golpista de Michel Temer (MDB), aumentou o desemprego e a contratação sem carteira assinada. Jornadas de trabalho móveis, de acordo com os interesses dos patrões e que não garantem o salário integral ao final do mês.
Luciano Schafer – É isso que o companheiro trouxe: muita informalidade, ou seja, falta de direitos, e para quem tem carteira assinada, perda de direitos. E, em geral, um grave problema de moradia. O aluguel é uma forma de escravidão. As grandes cidades também são dirigidas pela burguesia. A burguesia que atua no mercado imobiliário tem muita força e, por isso, existe falta de moradia. Apesar de serem construídas cada vez mais casas e prédios, por um lado, o déficit de moradia cresce também, por outro.
Porém, o povo brasileiro está sempre disposto à luta. A prova disso é que, desde a pandemia, quando as condições de vida do povo pioraram muito, inclusive aqui no Rio Grande do Sul, aumentou a quantidade de ocupações de famílias sem-teto. É assim sempre quando vamos aos bairros mobilizar: as famílias entendem perfeitamente a luta por moradia e pelo socialismo, que nada mais é do que os trabalhadores decidirem seu próprio destino. E a luta, quando é bem organizada, traz muitas vitórias.
Raquel Brício –Essa questão da fomeno Brasil é uma contradição muito triste, principalmente porque sabemos que nosso país é um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo. Mas essa produção não é destinada para alimentar o povo. Colocar a alimentação nas mãos do agronegócio é condenar nosso povo à fome. O setor da burguesia que atua no campo quer aumentar seus lucros e, se eles obtêm uma maior margem de lucro exportando, eles vão exportar. Por isso plantam tanto milho e soja para exportação, criam gado para o mesmo fim. Inclusive, todos os governos incentivam isso, mantendo nosso país com esse papel de exportador de alimentos, encarecendo os produtos no mercado interno, impedindo as famílias mais pobres de terem acesso ao mínimo necessário de alimentação. Precisamos também de uma alimentação saudável, livre de agrotóxicos, sem ultraprocessados.
Quero destacar também que a crise capitalista afeta toda a classe trabalhadora, mas especialmente as mulheres. O direito à alimentação, à moradia, ao trabalho, ao estudo são negados o tempo todo às mulheres, inclusive pela falta de creches para deixar os filhos. Esta é uma realidade para milhões de mulheres brasileiras.
BELÉM. Raquel é a candidata para enfrentar as oligarquias. Foto: JAV/PA
Lenilda Luna – A questão ambiental tem tudo a ver com essa superexploração capitalista, já citada pelos companheiros. O povo brasileiro está refém dos interesses das multinacionais nas nossas riquezas. Então, o meio ambiente e nossos territórios estão sendo explorados de uma forma brutal, com muita ganância, sem nenhuma preocupação com a vida das pessoas e com a natureza. E é nesse solo contaminado onde plantamos e construímos nossas casas. E, claro, essa situação afeta mais a classe trabalhadora, que não tem como se deslocar para outras regiões.
Outra questão é que sempre aparecem oportunistas para tentar enganar o povo. Recentemente, foi Bolsonaro, com todo aquele discurso de que iria melhorar as coisas, mas só queria roubar joias. Apesar de termos derrotado esse fascista nas últimas eleições, no lugar veio a política de conciliação de classes, que, na prática, muda pouca coisa. Até alguns nomes do Governo Bolsonaro permanecem no Governo Lula. Então temos que nos mobilizar por mudanças efetivas, reais, que provoquem mudanças no sistema, não apenas no governo de plantão.
Quais os principais objetivos da UP nessas eleições municipais?
Raquel – Um dos nossos objetivos nessas eleições é desmascarar o caráter de classe do fascismo. O fascismo ainda não foi derrotado em nosso país e, nessas eleições municipais, os candidatos fascistas vão disputar para tomar as gestões municipais para colocar em prática a sua política dos ricos, das elites. E é exatamente isso que eles escondem: vestem uma capa de moralidade, de Deus, Pátria e Família, mas escondem que o seu programa, que a sua política econômica, a sua política para as cidades e para o país, é uma política de retirada de direitos, de redução de serviços públicos ofertados à população, para manter e ampliar os privilégios dos ricos que financiam suas campanhas.
Ricardo – Queremos também valorizar as lutas do nosso povo. Têm surgido muitas lutas organizadas, greves, manifestações, ocupações. Como afirmou a companheira Raquel, essa luta contra o fascismo é fundamental e ela tem que ser o mais organizada possível. Porque o povo é maioria e o segredo está na organização. Essa questão do fascismo também está muito associada à militarização da sociedade, situação que estamos enfrentando aqui no Estado de São Paulo, com os projetos de privatização e militarização das escolas que o governador Tarcísio (amigo de Bolsonaro), tenta nos impor. É isso que eles querem como modelo de sociedade.
Luciano – Queremos acender a chama revolucionária em cada cidade. A denúncia é importante, mas precisamos apresentar soluções a partir das lutas. Os movimentos têm cumprido um papel fundamental na conjuntura nacional, e a Unidade Popular pode cumprir o papel de centralizar essas lutas radicalizando, construindo mais ocupações e mais greves, apontando para a construção do socialismo. O povo brasileiro tem plenas condições de gerir sua própria vida. Vamos crescer nossas fileiras, filiar muita gente nova, vender muito jornal A Verdade, para que, logo depois que passar o período eleitoral, fazer muita luta.
Lenilda –Essas elitesfazem o jogo eleitoral, de direita. Num dia, são inimigas (de fachada), no outro, estão se confraternizando. Porque os interesses são os mesmos, de explorar o povo. Então é muito importante isso que os camaradas já colocaram. E a UP está preparada para fazer essa denúncia. Aqui em Maceió, só nós iremos fazer essa denúncia. De um lado, está o atual prefeito, do PL, mesmo partido de Bolsonaro e ligado ao presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira. Do outro, o candidato do MDB, com uma vice também fascista, que atualmente é vereadora e chegou a apresentar um PL do Estupro na Câmara Municipal antes mesmo do PL apresentado no Congresso Nacional. E essa chapa será apoiada pelo PT…
MACEIÓ. Lenilda é a única candidata mulher e de esquerda. Foto: JAV/AL
Lenilda, Maceió sofre atualmente com um grave crime socioambiental provocado pela mineração desenfreada da empresa Braskem. Como a UP tem denunciado este caso e quais as consequências para o povo maceioense?
Esse crime da Braskem provocou o afundamento de cinco bairros de Maceió, gerando o deslocamento forçado de mais de 60 mil pessoas de suas casas. E, a cada capítulo, essa história só piora. Primeiro, porque as vítimas não sabem mais em quem confiar. O Ministério Público Federal, que deveria ter atuado em defesa das vítimas, acabou atuando como mediador de um acordo em que todas as vítimas são unânimes em dizer que foi favorável à empresa, principalmente aquelas pessoas em situação mais vulnerável.
Em troca de promessas de indenização, a Braskem se apropriou dos terrenos das casas das pessoas e está fazendo aterramento nas crateras que ela mesmo fez no subsolo ao longo de décadas, praticando mais um crime ambiental ao retirar toneladas de areia das praias para, literalmente, tapar buraco. A UP tem sido incansável nesta denúncia desde 2018, e sempre apoiando as mobilizações das famílias atingidas, pois ainda existem muitas questões pendentes nas indenizações, no amparo às vítimas. Neste processo eleitoral, vamos subir o tom das denúncias.
Luciano, como o partido tem enfrentado, especialmente em Porto Alegre, todo esse processo das enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul? Quem são os responsáveis e o que fazer para impedir novos crimes contra o povo e a natureza?
Nosso partido, desde os primeiros dias das enchentes, convocou os núcleos de militantes para organizarmos a rede de solidariedade. Quando conseguimos reunir todo mundo, decidimos visitar os abrigos para cadastrar as famílias atingidas, convocando para reunir nos núcleos do MLB. Depois, toda a militância da UP vestiu a camisa do MLB e foi para os bairros populares prestar solidariedade, levar alimentos, água e roupas, e fazer mais cadastros. Esse processo nos levou a organizar a Ocupação Sarah Domingues, inclusive com reforços de militantes vindos de outros estados, como Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro.
Além da solidariedade imediata, eu penso que a questão mais importante que apresentamos às famílias foi a luta, que só na luta podemos resolver nossos problemas, pois os governos sempre prometeram e nada aconteceu. Então nosso desafio agora é enfrentar os interesses da burguesia, da especulação imobiliária, que coloca o povo trabalhador pra morar nos piores lugares, que alagam. A Prefeitura não faz a devida manutenção das bombas de drenagem, das bocas de lobo, das galerias. Deixou parados milhões de reais nos cofres da Dmae e não fez essa manutenção, sucateando o departamento para vendê-lo com dinheiro em caixa. Ou seja, as privatizações e todo o dinheiro que deixou de ser investido foi para algum lugar. O atual prefeito Melo e as administrações anteriores têm culpa em tudo isso.
Raquel, Belém sofre, há várias décadas, com falta de infraestrutura, como moradia e saneamento. Como a UP se mobiliza para enfrentar esses problemas?
Belém vive esses problemas de infraestrutura porque a lógica da cidade ainda é a lógica de serviços privados. Transporte público operado pelos empresários que boicotaram a recente tentativa de licitação e seguem com o péssimo serviço para a população. Outro exemplo é a empresa Guamá Ambiental, que ganhou volumosos recursos para organizar o aterro sanitário, mas que, no final das contas, não passava de mais um lixão, cometendo vários crimes ambientais e causando muito transtorno para toda a população da Região Metropolitana, deixando Belém com lixo entulhado por longos períodos nas ruas da cidade.
A outra questão é da moradia, com mais de 80 mil famílias que não têm onde morar na nossa capital. E sabemos que há formas legais de resolver isso, inclusive, com previsão de expropriação de imóveis que se encontram abandonados, sem cumprir nenhuma função social, e que podem ser destinados para moradia popular. Neste sentido, temos que saudar a Ocupação Chico Mendes, realizada no Centro de Belém nos últimos dias, mobilizando famílias sem-teto para lutar por seus direitos.
O saneamento é outro ponto que precisa ser encarado com seriedade, pois investir no setor significa qualidade de vida e saúde para a população. Inclusive, para piorar ainda mais a situação, o governador do Estado Hélder Barbalho quer privatizar a companhia de água Cosanpa. Já vimos os casos desastrosos de privatização do setor elétrico e o povo de Belém vai lutar contra mais uma entrega do patrimônio público nas mãos dos monopólios capitalistas.
PORTO ALEGRE. Luciano é o único candidato vítima das enchentes. Foto: JAV
Ricardo, no Estado de São Paulo existe uma onda de privatizações (metrô, trens, escolas, empresa de água, etc.) e a UP tem se colocado na linha de frente da resistência. Como isso afeta a vida do povo paulistano?
A gente sente que é um barril de pólvora pronto pra explodir, porque é muita revolta do povo. Está todo mundo se sentindo oprimido e o nosso partido atua no sentido de desenvolver essa revolta para a construção de uma greve geral, com muita força, no momento certo. A vida está cada vez mais penosa, o povo cada vez mais massacrado. Na estação do Metrô, onde eu trabalho no atendimento ao público, percebo isso, a dificuldade das pessoas até em entrar no sistema para pagar sua passagem. Só para entrar no Metrô já é uma luta.
A UP, sim, está na linha de frente dessas lutas contra o Governo do Tarcísio de Freitas, aliado do atual prefeito da capital, Ricardo Nunes, a exemplo da aliança que eles selaram para privatizar a Sabesp, a companhia de água. Não teria como privatizar a empresa em nível estadual sem garantias de que a Câmara Municipal aprovaria também que a empresa fosse a leilão.
Sabemos que o Nunes deseja um segundo mandato para seguir nas privatizações na capital. Ele já privatizou os cemitérios e boa parte das escolas infantis, que foram para as mãos das chamadas Organizações Sociais. Não vamos deixar!
Matéria publicada na edição impressa nº 297 do jornal A Verdade.
O sistema eleitoral privilegia os partidos já estabelecidos no Congresso Nacional e exclui a participação dos partidos populares, em especial a Unidade Popular (UP), que foi fundado sem sequer ter a condição de participação na propaganda eleitoral gratuita de rádio e TV.
Rafael Pires | Diretório Nacional da UP
BRASIL – Com o início da luta eleitoral no dia 16 de agosto, o debate entre os candidatos é, sem dúvidas, uma das principais oportunidades de a população conhecer as propostas, o programa de cada partido e decidir pelo seu apoio, fazer suas escolhas.
Numa eleição justa e democrática essa seria uma importante forma de debater os graves problemas que vive nosso povo, não avaliando apenas o acesso a serviços públicos básicos, como segurança, saúde e educação, mas discutindo abertamente sobre o desemprego, sobre as péssimas condições de trabalho que o capitalismo impõe para a classe trabalhadora, a crise ambiental, o papel do Estado brasileiro, e como podemos superar as profundas contradições de nossa sociedade.
Entretanto, nas eleições em nosso país o sistema eleitoral privilegia os partidos já estabelecidos no Congresso Nacional e exclui a participação dos partidos sem essa representação, medida extremamente injusta, em especial para a Unidade Popular (UP), que, sendo o partido mais recente no país, foi fundado sem sequer ter a condição de participação na propaganda eleitoral gratuita de rádio e TV, tampouco acesso ao fundo partidário.
Essas medidas aprovadas na chamada “reforma eleitoral” de 2015, em vez de ampliar a participação do povo nas eleições, representaram, na prática, a consolidação dos partidos já existentes, destinando uma fortuna de recursos públicos e monopolizando o acesso aos meios de comunicação entre os mesmos de sempre.
Ou seja, alteraram as regras do jogo em benefício próprio, tudo isso sobre o falso discurso de ampliar a democracia. Quem não lembra, na última eleição presidencial, da participação do “Padre Kelmon” nos debates das grandes emissoras de TV, enquanto Leonardo Péricles (UP) foi impedido de participar? Quer dizer, uma candidatura laranja, que claramente defendia o fascista Bolsonaro, estava autorizada, enquanto quem apresentava em seu programa a suspensão do pagamento da dívida pública e a defesa da soberania nacional foi barrado.
Restrições à UP
Ao longo de toda a pré-campanha nas eleições de 2024, foram raros os espaços de mídia abertos para que as candidaturas populares da UP apresentassem suas críticas e propostas. Assim, ocorreram as sabatinas para as pré-candidaturas na TV, rádio e grandes sites e, já na primeira rodada de debates, promovida pela rede Bandeirantes e suas afiliadas no último dia 08 de agosto, as candidaturas da UP foram excluídas de participação, numa clara demonstração do descompromisso das grandes redes com a democracia.
Mas, nessa eleição, fica claro que lei eleitoral e suas restrições não servem para todos! Na disputa para a Prefeitura de São Paulo, maior cidade do país, se a candidatura for de um rico, mesmo que seja de um partido que não possui representação na Câmara dos Deputados, as portas estarão abertas e haverá ampla cobertura para ouvir as suas mentiras.
Prova disso é que, já nas primeiras sabatinas de pré-candidatos, como no portal UOL, GloboNews e também no debate da Bandeirantes, os microfones estavam direcionados para ouvir Pablo Marçal (PRTB), o “coach” bolsonarista da internet, que nada consegue apresentar de proposta para os graves problemas da cidade, mas que, por ser milionário e andar de helicóptero, recebe ampla cobertura da mídia.
Com uma fortuna declarada de R$ 200 milhões, sua condenação na Justiça de Goiás por fraude bancária, as investigações sobre desvio de recursos eleitorais para suas próprias empresas e diversas movimentações bancárias suspeitas foram esquecidas. Seus próprios resultados em pesquisas eleitorais são fruto exatamente dessa excessiva exposição, paga a peso de outro dentro das redes digitais e alimentada cotidianamente pela grande mídia.
Quem tem mais propriedade para falar sobre o transporte público na capital paulista, ele ou o metroviário e candidato a prefeito pela UP, Ricardo Senese? A não convocação de Senese aos debates é por conta da campanha persistente de denúncias contra as privatizações que a UP tem desenvolvido em São Paulo? Só há espaço na mídia para quem defende ou silencia frente à entrega completa do Metrô à iniciativa privada e à militarização das escolas?
Quer dizer, para debater temas como a reforma urbana e moradia popular, ampliação do número de creches e escolas, transporte público e gratuito, e de uma sociedade verdadeiramente justa e voltada para os trabalhadores, a democracia brasileira e a grande mídia não estão preparadas. Já para atender aos caprichos e propagar as mentiras dos milionários, aí tudo bem.
É preciso ampliar as mobilizações e discussões durante todo o período da luta eleitoral e essa exclusão da UP, em vez de intimidar ou colocar na defensiva a militância do partido, servirá de combustível para estarmos ainda mais presentes nas ruas, conversando e convocando a população à luta, distribuindo milhões de panfletos e promovendo agitações e denúncias sobre os problemas das cidades em todos os municípios onde a Unidade Popular apresente suas candidaturas comprometidas com o poder popular e a defesa do socialismo.
Editorial publicado na edição impressa nº 297 do jornal A Verdade.
Desde o início da campanha eleitoral todos os grandes monopólios de rádio e TV se recusaram a convidar candidaturas da Unidade Popular às prefeituras para debates eleitorais. Em muitas cidades, a cobertura diária da campanha é feita em condições desiguais com outros candidatos.
Redação
BRASIL – As capitais e principais cidades do país terão nas redes de TV e rádio debates entre os candidatos à prefeitura. No entanto, como a primeira rodada de debates da Rede Bandeirantes deixou evidente, há um claro boicote às candidaturas de partidos de esquerda, como a Unidade Popular.
A reportagem do Jornal A Verdade entrou em contato com as assessorias de imprensa de algumas candidaturas da Unidade Popular em algumas cidades do país. O que pudemos verificar é que só há uma regra para a cobertura eleitoral: criar “critérios” para impedir a participação de candidatos e candidatas da UP nos debates e na cobertura.
O caso que chama mais atenção é o das três principais emissoras: Globo, Record, Band. Cada uma delas criou um critério completamente diferente da outra para garantir a participação apenas dos candidatos da preferência delas. Pelos relatos da assessoria de imprensa das candidaturas da UP em Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Rio de Janeiro, essas emissoras se utilizam de critérios que vão desde a pesquisa eleitoral da escolha delas, caso da Globo, até o fato do partido ter ou não parlamentares, mesmo a eleição sendo para prefeitura.
A Band por exemplo determinou que apenas partidos com 5 parlamentares participariam dos seus debates, ocorridos no início de agosto. A Record estabeleceu que era preciso ter alguma representação parlamentar no Congresso Nacional. Ou seja, cada uma decidiu sozinha os tais critérios.
Monopólios privados de comunicação fazem o que querem nas eleições
O fato é que não existe qualquer igualdade de condições na cobertura midiática nas eleições municipais. Assim como a lei eleitoral proíbe a UP e outros partidos de esquerda de terem direito ao horário eleitoral gratuito e ao fundo partidário, as emissoras de rádio de TV tem completa liberdade para fazerem o que quiser na cobertura das eleições municipais.
Voltemos ao exemplo da Globo. Segundo a posição da emissora em pelo menos três cidades (Rio, BH e Recife), o critério para fazer a cobertura diária das candidaturas é o resultado obtido por cada candidato na última pesquisa Datafolha ou Quaest.
Na determinação da emissora, candidatos que não pontuarem só terão espaço nos jornais locais uma vez a cada 15 dias, enquanto aqueles que tiverem 1 ou 2% poderão aparecer uma vez a semana, que obtiver 3 ou 4%, terão espaço duas vezes na semana, quem tiver mais de 5% aparecerá todos os dias.
Por que só utilizar estas pesquisas? Por que estes percentuais, sendo que a margem de erro das pesquisas nunca é inferior a 2% para mais ou menos? Isso se ficarmos apenas na lógica da emissora.
Não para por aí, a Globo optou por dar mais destaque a outra eleição, a dos EUA, que neste ano elegem presidente e parlamentares. Na edição do Jornal Nacional de 21/08, mais de 10 minutos do programa (de 25 minutos de duração) foram dedicados à cobertura da Convenção Nacional do Partido Democrata. Ou seja, para a Globo é mais importante gastar tempo falando de uma eleição que o telespectador nem poderá votar do que apresentar os candidatos nas eleições municipais, ou falar dos partidos que a disputam.
Candidatos da burguesia tem espaço ilimitado
A situação piora quando essas emissoras dão muito mais destaque às candidaturas dos partidos de direita. O caso da Record chama atenção. Em São Paulo, numa reportagem de 5 minutos sobre o dia dos candidatos a prefeito de São Paulo exibida na TV, apenas 10 segundos foram dedicados a 3 candidatos, entre eles, Ricardo Senese da Unidade Popular, outros 6 candidatos tiveram 4 minutos e 50 segundos de reportagem.
A regra de usar pesquisas eleitorais da preferência da emissora serviu também para o Grupo Globo definir as sabatinas de candidatos. No Rio e em São Paulo, as candidaturas da UP tiveram direito a apenas 30 minutos de uma sabatina gravada, ao passo que os candidatos mais bem colocados nas pesquisas financiadas pela Globo tiveram 1 hora.
Cobertura da mídia mostra jogo de cartas marcadas
A situação imposta pelos meios de comunicação mostra como o sistema eleitoral no Brasil é feito para favorecer os candidatos ricos e de direita. Os argumentos são sempre de que as candidaturas da UP tem “menos representatividade” ou “menos expressão” que as outras.
Mas, afinal, se exige das candidaturas da Unidade Popular que sejam conhecidas quando o partido tem negado o acesso ao horário eleitoral de rádio e TV e ao fundo partidário, também sofre o boicote dos monopólios de mídia.
No fim das contas, o objetivo dos grandes monopólios privados de comunicação é garantir que os partidos de direita e fascistas mantenham suas bases de poder para continuar tendo maioria nas eleições de 2024 e, posteriormente, em 2026. Para a grande mídia é mais interessante garantir o controle da política institucional por políticos representantes dos partidos do chamado Centrão, ou mesmo candidatos fascistas, para assim continuar tendo espaço livre para defender e aprovar medidas de ataques aos direitos do povo, privatizações das riquezas do nosso país entre outras medidas.
Participação da UP expõe contradições dos candidatos ricos e fascistas
Uma das poucas exceções nessas eleições será a Rede Minas, emissora pública de Minas Gerais, que convidou todos os candidatos à prefeitura da capital mineira a um debate eleitoral, no próximo dia 3 de setembro. Indira Xavier, candidata da Unidade Popular na cidade terá o que será provavelmente a única oportunidade de debater na TV em Belo Horizonte.
No Rio, foi a organização Redes da Maré, que organiza o Jornal Maré de Notícias quem fará um debate com todos os candidatos a prefeitura. Num dos principais complexos de favelas da capital fluminense, Juliete Pantoja terá oportunidade de questionar os candidatos dos partidos ricos no encontro que ocorrerá também no dia 3 de setembro.
Em Teresina, o candidato da UP pode participar do debate da TV Cidade Verde. No encontro, Santiago Belizário pode questionar o atual prefeito, Dr. Pessoa, do partido fascista PRD, sobre o descaso com o transporte público da cidade. Além disso, Santiago teve espaço para defender que prefeito e vereadores sejam obrigados a usar o SUS e não planos privados, como forma de garantir o financiamento da saúde pública. A candidatura da UP também foi convidada a participar do debate da TV Meio Norte, mas o candidato de direita à reeleição não quis participar.
Se esta fosse a regra em todas as cidades, dificilmente os candidatos da direita estariam tão confortáveis como agora para defender pautas de ataques aos direitos do povo trabalhador. Hoje, os debates viraram espaço para candidatos fascistas e milionários.
Com um ato político-cultural e a participação de representantes de entidades de cinco estados do nordeste, o Comitê Paraibano de Solidariedade ao Povo Palestino (COMPAPAL) foi inaugurado dia 17 de agosto.
Clóvis Maia | Redação PE e JC Moretti | Redação PB
BRASIL – No dia 17 de agosto, no auditório do Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior da Paraíba (SINTESPB) localizado na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), ocorreu o lançamento/apresentação pública do Comitê Paraibano de Solidariedade ao Povo Palestino (COMPAPAL). O encontro contou com representantes de organizações, partidos políticos, entidades sindicais, centros islâmicos, comitês, militantes e ativistas de Pernambuco, Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte.
Com uma programação intensa, o evento debateu a situação atual do genocídio promovido pelo sionismo de Israel – apoiado pelo imperialismo mundial – apontou ações conjuntas das diversas organizações e comitês na região, além de inaugurar oficialmente o comitê paraibano. Destaque especial para a aprovação unânime da solicitação de audiência ao Governador João Azevedo para requerer a suspensão imediata de qualquer relação comercial com o Estado de Israel.
Unidade em defesa da Palestina
Adotando como uma de suas bandeiras “contra toda forma de imperialismo, colonialismo e racismo”, o COMPAPAL já atuava antes mesmo de sua inauguração, tendo realizado diversas atividades no estado desde outubro de 2023, para confrontar as distorções da grande mídia que procura justificar o genocídio intensificado pela entidade sionista governada por Benjamin Netanyahu na Faixa de Gaza em reação à ação da resistência palestina de 7 de outubro de 2023. Foram organizadas atividades em escolas, distribuição de panfletos no Primeiro de Maio e em dois lançamentos de livros sobre a causa palestina ocorridos em João Pessoa, realização de três atos de rua, o mais recente no dia 15 de agosto na lagoa em frente ao terminal de ônibus, no qual foi denunciada para a população a compra de mais de 600 fuzis de Israel para a Polícia Militar da Paraíba e serviu para ampliar a divulgação do evento do dia 17.
Encontro de comitês Pró-Palestina do Nordeste
Com diversas entidades e comitês participando do ato, antes da atividade cultural ocorreu uma reunião de sistematização e trocas de experiências, na qual foi aprovada uma agenda coletiva a ser implementada nos Estados para continuar impulsionando a solidariedade ao povo Palestino. Entre as entidades participantes, estava a Aliança Palestina Recife, entidade com mais de 10 anos de atuação na capital pernambucana, ali representada por André Frej que ressaltou “a importância real das forças populares deixarem de lado questões secundárias para buscar uma unidade em torno da solidariedade ao povo Palestino”.
Já Elisa Lima, que militou por quase vinte anos no Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino afirmou que “é preciso priorizar a causa da Palestina, que vai muito além dessa questão do 7 de outubro do ano passado. É fundamental trazer a participação de membros das comunidades árabes para essas articulações”.
Representando o Centro Islâmico do Rio Grande do Norte, Muhammad Tawfik, palestino que vive no brasil há 25 anos, lembrou que “as organizações e comitês precisam diversificar as formas de atuação para trazer novas pessoas e dialogar com a sociedade. É importante criticar o imperialismo, denunciar a questão econômica, mas é também fundamental mostrar que essa é uma questão humanitária, de solidariedade. Mostrar como os hospitais e as crianças estão sendo massacradas”.
Ao final do encontro foi aprovada uma agenda de lutas que incluiu a formação de blocos da Palestina nas cidades para se somar ao Grito dos Excluídos em setembro, a elaboração de uma “Carta de João Pessoa” chamando à criação e/ou reativação de comitês nos estados e a preparação de atividades para marcar o primeiro aniversário da ação da resistência palestina e da nova etapa do genocídio cometido contra o povo palestino, crime que até agora matou mais de 40 mil palestinos, a maioria mulheres e crianças.
Saudação da União Palestina da América Latina ao COMPAPAL
Em nome da União Palestina da América Latina (UPAL), quero transmitir as nossas saudações revolucionárias palestinas aos companheiros e camaradas do Comitê Paraibano de Solidariedade ao Povo Palestino (COMPAPAL) que hoje celebra o lançamento de sua fundação. Saudações também para os compatriotas da Aliança Palestina Recife e Centros Islâmicos de Recife, João Pessoa e Natal. As manifestações de solidariedade, principalmente das forças progressistas, democráticas e de esquerda (partidos, movimentos, organizações e sindicatos) vem historicamente expressar a sua solidariedade e apoio à justa causa do povo palestino em sua luta pela libertação nacional contra a ocupação colonial sionista. A solidariedade que a causa palestina e sua resistência recebem das massas populares tem um papel fundamental como em outra ocasião contribuiu para a derrota definitiva do regime de apartheid da África do Sul.
O caminho do povo palestino é a resistência e a luta numa guerra de libertação popular de longo prazo até alcançar a vitória e o estabelecimento do estado palestino democrático e laico onde todos podem viver em uma condição de cidadania sem discriminação de origem, raça, cor ou religião desde o rio até o mar.
Abdel Rahman Abu Hwas, representante palestino-brasileiro na União Palestina da América Latina (UPAL)
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