UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

terça-feira, 1 de julho de 2025
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53 anos de imortalidade de Amaro Luiz de Carvalho são lembrados no Recife

53 anos do assassinato de Amaro Luiz de Carvalho são lembrados em ato político no Recife neste 22 de agosto. Homenagem a Capivara foi realizada na antiga Casa de Detenção, onde ele foi preso e torturado pela Ditadura Militar Fascista.

Redação


HERÓIS DO POVO – Os 53 anos da imortalidade de Amaro Luiz de Carvalho foram lembrados nesta quinta num ato político na Casa da Cultura, no Recife. A Casa da Cultura era a a antiga Casa de Detenção do Recife, utilizada como centro de prisões, torturas e assassinatos pelos agentes da Ditadura Militar Fascista (1964-1985). Foi neste local em que Amaro Luiz ficou preso por lutar contra o regime autoritários e defender o socialismo.

Capivara: herói do PCR e do povo brasileiro

Amaro Luiz de Carvalho (1931-1971), foi um dos fundadores e principais dirigentes revolucionários do Partido Comunista Revolucionário. Durante os anos 50 e 60, Capivara, como era conhecido, foi um destacado dirigente das Ligas Camponesas na Zona Canavieira.

Até 1961, Amaro militou no antigo PCB, mas após a viagem a Cuba, onde conheceu as transformações desencadeadas pela Revolução Cubana (1959), ficou descontente com os rumos daquele partido, que aderia cada vez mais a uma linha revisionista de conciliação de classes, e passou a militar no PCdoB. Neste partido, Amaro continuou seu trabalho nas Ligas Camponeses até que, com o advento do Golpe Militar de 1964, foi também ficando descontente com os rumos desta nova organização.

Foi em 1966, que junto com Manoel Lisboa e outros revolucionários, que ele decidiu fundar o Partido Comunista Revolucionário, organização que ele construiu e defendeu até suas horas finais. Além da sua atuação na Zona Canavieira, Capivara também contribuiu nas relações do PCR com outras organizações revolucionárias no mundo.

Mas sua atuação junto aos trabalhadores da Zona Canavieira só aumentava o medo dos agentes da repressão em Pernambuco. Em 22 de novembro de 1969, Amaro Luiz foi preso e torturado. Da Casa de Detenção do Recife foi transferido para São Paulo, mas em nenhum momento entregou seus camaradas e se manteve firme.

Condenado a dois anos de prisão, faltando dois meses para ganhar a liberdade, foi covardemente assassinado na Casa de Detenção do Recife a pauladas, em 22 de agosto de 1971. Sua morte foi tramada pela cúpula dos usineiros mais sanguinários de Pernambuco, chefiados por José Lopes de Siqueira (o mesmo que tentou matar Gregório Bezerra) e Júlio Maranhão, na presença do torturador Sérgio Paranhos Fleury, tudo sob a cumplicidade do coronel da PM Olinto Ferraz, então diretor da Casa.

Arte convocando para o ato político ocorrido hoje no Recife. Arte: Reprodução

Homenagem 53 anos depois

No local de sua prisão e morte, funciona atualmente a Casa de Cultura, onde ocorreu hoje (22/08) um ato em homenagem a sua luta e resistência. O ato faz parte da programação da 13ª Semana da Anistia, organizada pelo Comitê por Memória, Verdade, Justiça e Democracia de Pernambuco, que conta com o apoio de diversas organizações políticas, estudantis e sindicais, entre elas o Centro Cultural Manoel Lisboa e o Jornal A Verdade.

No ato foi instalada uma placa em memória a Capivara no local onde ficava localizada sua cela. Na homenagem ficou registrada o título “Lugar de Memória”.

A criação de espaços de memória para aqueles que lutaram e deram suas vidas para enfrentar a Ditadura Militar Fascista é uma das principais demandas de movimentos sociais, partidos políticos de esquerda e amigos e familiares das vítimas daquele regime. Estes lugares contribuem para que nunca se esqueça daqueles que lutaram e dos crimes cometidos pelo Estado brasileiro e seus agentes contra heróis da luta do povo pela sua libertação.

O sistema capitalista adoece a juventude

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O sistema capitalista, que coloca o lucro acima da vida, adoece a juventude. No Brasil, apenas 24,2% dos jovens de 18 a 24 anos ingressaram em uma universidade, e desse percentual, 70% precisam trabalhar e estudar para complementar a renda.

Bia Faria | UJR Sergipe


JUVENTUDE – De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), um bilhão de pessoas ao redor do mundo vivem com algum tipo de transtorno mental diagnosticado. É impossível debater o autocuidado e a priorização da saúde sem apontar o dedo para quem realmente contribui para que fatores como o uso excessivo das redes sociais, o sedentarismo e a má alimentação possam causar um impacto tão negativo na mente das pessoas.

O relatório da OMS apresenta ainda que 14% dos adolescente sofrem com algum problema de saúde mental e que 58% dos suicídios ocorreram antes dos 50 anos de idade. Mas qual a relação entre essa intensificação dos problemas de saúde mental e a juventude? A realidade é que o capitalismo tira a perspectiva de vida das pessoas a nível individual e, principalmente, coletivo.

No Brasil, temos um cenário onde apenas 24,2% dos jovens de 18 a 24 anos ingressaram em uma universidade, e desse percentual, 70% precisam trabalhar e estudar para complementar a renda. Ter um diploma significa ter melhores condições de achar trabalho, mas nem metade dos jovens brasileiros têm a possibilidade de entrar em uma universidade, quanto mais finalizar um curso de graduação.

Dentro de um sistema onde estudar é visto como um privilégio ao invés de ser um direito, grande parte dos estudantes não pode apenas estudar. Para continuar estudando é preciso trabalhar para garantir o transporte, a alimentação, o aluguel e a mensalidade, nos casos de estudantes de ensino privado. Esses aspectos ficam explícitos nos altos índices de evasão dentro das universidades brasileiras. Devido às dificuldades concretas do cotidiano da juventude, ir para uma universidade significa ter mais custo do que o possível para viver.

Essa falta de perspectiva de vida se intensifica mais ainda quando partimos para o mercado de trabalho. De toda a população empregada, 39,1% está em um trabalho informal e 36,63% ganha apenas um salário mínimo. Para além disso, cerca de 14 milhões de jovens entre 14 e 24 anos trabalham para complementar a renda nas suas casas. Falar sobre autocuidado, sobre uso das redes sociais e sedentarismo, é encarar o problema de forma idealista se não tocarmos no seu principal responsável: o sistema capitalista.

Além de todos os aspectos individuais, é essencial compreender como os fatores sociais, ambientais, climáticos e políticos afetam a realidade da juventude no século 21. Os dados em relação à quantidade de famílias que passam por situação de insegurança alimentar, que moram na rua ou mal conseguem pagar aluguel, o aumento dos desastres ambientais e climáticos ocasionados pelo aquecimento global e pela devastação ambiental, tudo isso surge como uma grande onda de desânimo e de desesperança para quem já tem muito pouco.

Ter que escutar absurdos ditos por políticos de direita e ver a repressão contra aqueles que se movimentam para mudar a realidade, afeta a perspectiva de vida da juventude. Em um mundo que pouco se importa se você vai estar vivo no dia seguinte, contanto que você produza e continue sendo explorado.

A saúde mental no capitalismo

Os transtornos de saúde mental só passaram a ser reconhecidos como um problema social  a partir de meados do século 19. A depressão e a ansiedade estão associados a outras condições de saúde e ligados à intensificação das contradições do sistema capitalista.

Por isso, quando debatemos a importância do acompanhamento profissional, do exercício físico, da redução de danos no uso de drogas, da necessidade da diminuição do uso de redes sociais e dos hábitos de saúde e do autocuidado, é essencial tratar da relação disso com a manutenção da perspectiva de vida e enxergar as soluções para os problemas apresentados a partir do ponto de vista revolucionário.

É preciso trazer o exemplo de Olga Benario, que no campo de concentração em Lichtenburg, convenceu as outras presas a estudar filosofia marxista e se exercitar todos os dias. É importante pensar no convívio com outras pessoas que também enxergam e escolhem lutar pela perspectiva revolucionária, nas melhorias concretas dos problemas criados pelo capitalismo, no estudo e na manutenção dessa luta cotidiana, além de ter a compreensão de que quem está bem nesse sistema podre são aqueles que lucram com a exploração. Não existe resposta simples para o problema da saúde mental, mas como diz a letra da música “Incêndios”, da banda El Efecto, “Não há solução dentro do teu conforto”.

Luta estudantil conquista aumento de bolsas para estudantes na UFC

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Após a redução repentina das bolsas de permanência estudantil na Universidade Federal do Ceará (UFC), os estudantes se organizaram na luta do movimento estudantil e conquistaram aumento das bolsas.

Nathan de Deus | Fortaleza (CE)


EDUCAÇÃO – No início deste ano, os estudantes da Universidade Federal do Ceará (UFC) foram surpreendidos com a redução repentina das bolsas de permanência estudantil na
universidade: apenas 560 estudantes em Fortaleza foram deferidos no Processo Seletivo
Unificado (PSU).

Esse edital concentra as bolsas e auxílios de assistência estudantil na UFC, para receberem a bolsa BIA (Bolsa de Iniciação Acadêmica). Em 2023, 948 estudantes da capital cearense receberam a bolsa. A redução nas bolsas se deu pela criação do Auxílio Ingressante, uma
política importante para a permanência de estudantes recém-ingressos na universidade. No entanto, essa política demandou a realocação de um quantitativo orçamentário sem que os estudantes pudessem opinar sobre essa decisão. Quando se trata dos campi nos interiores, a situação é de ainda mais abandono: no campus de Sobral –  maior campus dos interiores da UFC –  apenas 80 estudantes tiveram acesso à bolsa.

O resultado da redução de bolsas foi o receio geral do corpo estudantil em conseguir se
manter na universidade. O cadastro de reserva para a bolsa BIA em Fortaleza contava com
1300 pessoas. Em Sobral –  cidade em que maioria dos estudantes residem em municípios
vizinhos e pagam aluguéis caros – apenas 39 pessoas receberam o auxílio moradia,
enquanto 184 contarão com a sorte para saber se vão seguir com seus estudos ou não.

Dessa forma, muitos tiveram de procurar um emprego, um desses estudantes foi Gabriel
Gomes: “Eu estou no 7º semestre do meu curso e fui muito afetado pelo corte das bolsas. Sou transplantado de medula óssea, tratamento de um diagnóstico de Leucemia aos 18 anos. Ainda tenho algumas complicações, para as quais faço uso de medicamentos até hoje. E, infelizmente, não consigo receber esses medicamentos no SUS, e preciso comprar. Isso faz com que eu gaste mensalmente mais de R$200,00 só com medicamentos, e com a falta das bolsas tudo isso fica ainda mais difícil.”

Luta estudantil

A reação do movimento estudantil não poderia ser diferente. Através do Diretório Central dos Estudantes da UFC, da força do Movimento Correnteza e demais organizações políticas de esquerda, os estudantes realizaram manifestações que ocuparam o Restaurante Universitário da UFC e o Conselho Universitário, o maior espaço deliberativo da universidade.

Durante a manifestação, aprovaram a construção de um fórum em que os estudantes possam opinar sobre a disposição do orçamento da universidade. Após muita luta e pressão, também foi conquistada a chamada de 200 estudantes do cadastro de reserva da BIA, fruto da recomposição orçamentária das instituições federais em junho, conquistada pela greve federal da educação.

A história nos mostra que tudo que o nosso povo possui vem da sua luta, o fim da
escravidão; as leis trabalhistas; a meia passagem e o passe livre estudantil. Assim como a vitória das 200 bolsas na UFC. A luta do Movimento Correnteza e o DCE da UFC organiza o movimento estudantil por uma universidade feita pelo povo e para o povo.

Descaso com a educação no RN atinge estudantes de licenciaturas

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Para os estudantes da UFRN, o mercado de trabalho educacional é impraticável e está cada vez mais distante da realidade potiguar. Com políticos se escondendo na câmara e votando pela precarização das carreiras de professores, o atual estado das licenciaturas no Rio Grande do Norte (RN) reflete a expectativa do povo.

João Romeu | Redação RN


EDUCAÇÃO – Com projetos de lei que atuam para extinguir a carreira dos professores, como a PLC 25/2023 em Natal, os dados de licenciandos e licenciados da capital potiguar expressam significativamente o resultado de políticas de sucateamento do campo dos profissionais de educação, refletidas em números alarmantes de esvaziamento dos cursos da área de ensino.

Em nível municipal e estadual, as consequências da desvalorização da carreira dos professores já se perpetuam. Com um déficit de 50% de professores na rede pública e a falta de concursos e cursos que verdadeiramente capacitem os profissionais licenciados, os governantes locais optam por boicotar os trabalhadores da educação com políticas públicas que criam uma ‘terceira carreira’ com condições mais abusivas e exploratórias do que as primeiras criadas.

Por fatos assim, em 2022, o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, órgão de pesquisa vinculado ao congresso nacional) relatou que, no Brasil, pelo menos 58% dos alunos de licenciaturas abandonaram seus cursos.

Os dados são alarmantes, pois apresentam os índices mais elevados da década, mostrando que sem os investimentos adequados e sem a priorização da carreira e do bem-estar dos trabalhadores, enfrentaremos um grave déficit nacional de profissionais das licenciaturas nos próximos quinze anos. Promovendo ainda mais fragilização da educação nacional, tanto para os profissionais, mal remunerados e mal preparados, como para quem estuda, com uma formação precária.

A realidade dos estudantes

Estudantes se mobilizaram desde fevereiro de 2023 para conquistar aumento de 75% nas bolsas da UFRN. Foto: JAV/RN
Estudantes se mobilizaram desde fevereiro de 2023 para conquistar aumento de 75% nas bolsas da UFRN. Foto: JAV/RN

E com a chegada em uma universidade sucateada, os estudantes das licenciaturas no Rio Grande do Norte (RN) se sentem cada vez mais incapazes e desmotivados para encarar o mercado de trabalho. “Eu vim de Rondônia para Natal com uma ideia de uma universidade desenvolvida e inclusiva e, na prática, encontrei um espaço sem estrutura e políticas de permanência que favorecessem qualquer tipo de profissional em formação. Não tive ilusões sobre o que é ser professor no Brasil, mas quando temos um presidente que diz pautar as universidades públicas como prioridade, mesmo assim, por exemplo, temos cursos de licenciatura com 4 formandos no final do ano. Fica claro que só o povo vai lutar pelo povo, por essa revolta que quero me formar e me sindicalizar, lutar plenamente pelo que conquistei em cinco anos de curso”, diz Iuna Brasil, estudante de Letras e militante do Movimento Correnteza.

Os cursos de Letras são alguns dos cursos com maior evasão da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (como Francês com apenas 4 formandos no ano de 2023), e são vários motivos para isso: falta de políticas e projetos de permanência estudantil; residência universitária negligenciada e concorrida, atraso no pagamento e baixa remuneração das bolsas e auxílios que não atingem sequer um salário mínimo; espaço escasso no mercado de trabalho e baixa manutenção dos direitos trabalhistas.

O Movimento Correnteza na luta pela permanência estudantil, garantiu aumento de 75% das bolsas de assistência na UFRN em maio de 2023. A mobilização dos estudantes garantiu o reajuste das bolsas que estavam defasadas há muito tempo.

Pela segunda vez, UP será o partido mais jovem das eleições

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Média de idade dos candidatos da Unidade Popular pelo Socialismo (UP) é de 36 anos, quase 15 anos a menos que a média das outras legendas. Dado reflete a centralidade dos jovens, especialmente os negros, nas lutas do partido. Conheça as candidaturas

Guilherme Arruda | Redação SP


Pela segunda eleição municipal seguida, a Unidade Popular (UP) será o partido mais jovem do país, segundo um levantamento realizado pelo portal de notícias Poder360. A média de idade dos candidatos a prefeito e vereador da UP no pleito de 2024 é de 36 anos de idade, muito próxima da média de 36,6 anos registrada nas eleições de 2020.

O protagonismo da juventude na Unidade Popular, que em 2019 se tornou a mais recente legenda a conquistar o registro legal no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), contrasta com a baixa renovação do sistema político burguês, cada vez mais mal avaliado pelos jovens. Somando todos os partidos, a média de idade dos candidatos à prefeitura no Brasil será de 50,8 anos, o número mais alto desde as eleições de 2000.

O dado também revela o papel central que os militantes da União da Juventude Rebelião (UJR), um dos quatro movimentos sociais que promoveram a campanha de legalização do partido, têm na construção da UP e de suas lutas antifascistas.

Jovens revolucionários nas prefeituras

Em vários municípios onde disputará a prefeitura, a Unidade Popular lançou a chapa mais jovem da cidade. “Para além de ser o partido das lutas do presente, nós queremos ser o partido do futuro. Por isso, temos nas nossas fileiras camaradas muito jovens que toparam o desafio de construir uma nova sociedade, a sociedade socialista”, opinou Vinícius Seguraço, de 25 anos, que é candidato a prefeito pela UP em Cabo Frio (RJ).

Outro exemplo de jovem candidata vem de Juazeiro do Norte (CE), onde a professora Sued Carvalho, aos 28 anos, será uma alternativa popular e socialista aos grupos políticos dominantes. Ela também é a primeira mulher trans a ser candidata ao Poder Executivo no Cariri cearense.

A luta por uma “Mauá para as mulheres e os trabalhadores” será o mote da campanha de outra jovem candidata da UP: Amanda Bispo, que também tem 28 anos, e disputa a prefeitura da cidade do ABC Paulista. Desde que se tornou membro da UJR, ela atua politicamente no município, tendo sido coordenadora da Casa Helenira Preta do Movimento de Mulheres Olga Benário e candidata à prefeitura em 2020, na primeira participação da UP nas eleições.

“Nós, mulheres jovens e trabalhadoras, já tivemos várias vitórias aqui em Mauá com a nossa luta. Além de atender mais de 700 mulheres com advogadas, psicólogas e assistentes sociais de forma voluntária na Casa Helenira Preta, onde também criamos um espaço cultural com biblioteca e cursos para estimular as mulheres a se organizar, ainda conquistamos a criação de uma Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres”, contou Amanda ao jornal A Verdade.

Estudantes pelo poder popular

Avaliando que o movimento estudantil deve ser um dos protagonistas da luta contra o fascismo e da construção do poder popular nas cidades, a UP confiou a diversos estudantes universitários a tarefa de  representar a população trabalhadora nas eleições, com candidatos inclusive nas capitais.

Em Teresina (PI), o jovem negro e estudante de História da UFPI Santiago Belizário será o candidato da Unidade Popular. No último debate ao vivo, ele se destacou ao denunciar o abandono vivido pela população trabalhadora da capital piauiense em um embate direto com o atual prefeito direitista.

A UP também seguiu esse caminho em duas cidades de Pernambuco. Uma delas é Caruaru, onde Maria Santos, estudante de Pedagogia na UFPE e vice-presidente da União dos Estudantes de Pernambuco, disputará a prefeitura. A outra é Petrolina, onde Maria Clara, que é estudante de Psicologia, vai lutar pelo Poder Executivo. Ambas são jovens de 23 anos.

“As nossas candidaturas são de estudantes que vem da escola pública, que são da universidade pública e que utilizam o transporte coletivo e o Sistema Único de Saúde (SUS). Por sermos da classe trabalhadora é que sabemos o que de fato acontece com o nosso povo, sentimos tudo na pele”, diz Maria Clara.

A juventude negra vai ocupar as Câmaras

Para além da forte presença dos jovens na eleição, os negros são maioria entre os candidatos da UP, o que demonstra a centralidade da juventude negra na proposta política revolucionária, socialista e antifascista do partido. Esse fato se destaca principalmente nas chapas de vereadores da Unidade Popular.

Na cidade de São Paulo, que vive um cenário de crescimento da violência policial e dos ataques à educação pública, Dany Oliveira participará da batalha eleitoral para defender os direitos da juventude contra os desmandos do governador Tarcísio de Freitas e do prefeito Ricardo Nunes. A coordenadora-geral do DCE UFRJ, Giovanna Almeida, cumprirá um papel similar com sua candidatura à vereança pela UP no Rio de Janeiro.

“A Unidade Popular se propõe a ser um espelho do povo, nós representamos a juventude trabalhadora e moradora de periferia que luta todos os dias pra sobreviver nesse sistema”, defendeu o candidato cabofriense Vinícius Seguraço, convocando os jovens a se organizar para lutar com a Unidade Popular contra o fascismo e pelo socialismo.

A mobilização estudantil da UESP na luta pelo passe livre em Petrolina

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A União dos Estudantes Secundaristas de Petrolina (UESP) organiza o movimento estudantil desde os anos 2000, com destaque para a luta pelo passe livre no transporte municipal. Após intensos protestos, em junho deste ano, o aumento foi suspenso pelo Ministério Público de Pernambuco, mas a UESP continua na luta para garantir o passe livre.

Kassiane Eduarda | Petrolina – PE


EDUCAÇÃO – A União dos Estudantes Secundaristas de Petrolina (UESP), desde os anos 2000, tem desempenhado um papel fundamental na defesa dos estudantes e seus direitos. A entidade trava uma árdua luta e levanta a bandeira em defesa dos estudantes do município. Dentre todas, destaca-se a luta pelo passe livre no transporte municipal, que visa garantir o acesso às instituições de ensino.

A campanha pelo passe livre em Petrolina ganhou força devido ao elevado preço das passagens, que desde 2022 custa R$ 5,00, sendo uma das mais caras não somente do estado, como também do Brasil, com valor mais alto que muitas capitais. Como consequência, a ida dos estudantes para as escolas se tornou difícil.

Muitos jovens, especialmente aqueles de famílias de baixa renda, enfrentam dificuldades financeiras para arcar com os custos das passagens, comprometendo a sua frequência escolar e, consequentemente, seu desempenho acadêmico. A UESP, reconhecendo essa dificuldade, se mobiliza para garantir que todos os estudantes tenham acesso à educação de qualidade, lutando por um transporte público mais acessível e inclusivo.

No dia 10 de março de 2022, a UESP foi às ruas para protestar contra o aumento das passagens da rede SIM de Petrolina, que antes custavam R$ 4,10 e, com o reajuste, subiram para R$ 5,00. A entidade levantou o questionamento ao governo municipal: “que município é esse que se gaba por sua educação de qualidade, mas não garante acesso às escolas dos estudantes petrolinenses?” 

Apesar dos desafios e da resistência inicial, a pressão contínua exercida pela UESP resultou em avanços significativos. Em 20 de junho de 2024, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), junto ao Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, suspendeu o aumento das tarifas no município após as manifestações dos estudantes ganharem repercussão.

No entanto, a prefeitura quer manter o valor atual, mas os estudantes não vão permitir. A UESP luta pelo passe livre no município para que os estudantes não precisem pagar tarifas elevadas e tenham o acesso à escola garantido. A luta pela redução da passagem é um exemplo inspirador de que é apenas com a luta que se conquista.

Nasce a Ocupação Chico Mendes em Belém do Pará

Ocupação Chico Mendes foi fundada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) em um prédio que estava há mais de dez anos sem cumprir função social no centro de Belém (PA)

Welfesom Alves | Belém (PA)


LUTA POPULAR – Na madrugada do dia 09 de agosto, cerca de 80 famílias organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) ocuparam um prédio abandonado no Centro de Belém. O imóvel estava há, pelo menos, dez anos sem cumprir nenhuma função social, gerando insegurança e doenças para quem transita na região.

O nome da ocupação homenageia Chico Mendes, líder popular covardemente assassinado em 1988, em Xapuri (Acre). Em sua trajetória, lutou decididamente pelo direito do povo à terra, vida digna para os povos e pelo poder popular, sem jamais abrir mão da compreensão da luta de classes, afinal “ecologia sem luta de classes é jardinagem”, disse Chico Mendes.

São mais de 83 mil famílias sem moradia na Região Metropolitana de Belém. Essa cidade tem como marca a desigualdade social entre ricos e pobres e, assim, a ocupação é a principal forma de luta do povo trabalhador.

As três primeiras ações após a ocupação foram: combater a fome; promover o cuidado das crianças; desenvolver o debate político no espaço. Para isso, a cozinha comunitária contou com o apoio da militância para garantir alimentação para toda a comunidade. Outra equipe tratou de organizar a creche para as crianças, permitindo que houvesse lazer e educação, com atividades lúdicas organizadas por pedagogas e estudantes. Por fim, a terceira equipe organizou a limpeza dos espaços coletivos. Assim, duas assembleias foram realizadas e as comissões de trabalho foram eleitas.

Passados quase três anos desde o processo violento e ilegal de reintegração da Ocupação Dandara dos Palmares, no bairro da Campina, zona do comércio, um novo imóvel transforma os sonhos da classe trabalhadora em realidade.

Matéria publicada na edição nº 297 do jornal A Verdade

Petroquímicos do RS comemoram vitórias da greve de junho

Em junho, os petroquímicos gaúchos realizaram uma importante greve que enfrentou a gigante Braskem e conquistou aumentos nos salários e benefícios da categoria. O jornal A Verdade entrevistou uma das lideranças dos trabalhadores do Polo Petroquímico do RS para saber mais do movimento grevista

Redação RS | Triunfo (RS)


TRABALHADOR UNIDO – Em junho, os trabalhadores do Polo Petroquímico do Rio Grande do Sul realizaram uma importante greve para lutar por salários mais dignos e melhores condições de trabalho. A paralisação foi encabeçada realizada pelos operários do distrito industrial de Triunfo (RS), organizados pelo SINDICONSTRUPOLO, principal sindicato da cidade. Após seis dias de máquinas paradas e muita mobilização, os trabalhadores tiveram uma série de conquistas, que demonstram a importância das greves na luta sindical.

Entre as vitórias do movimento grevista dos petroquímicos, estão um reajuste de 5% no salário-base, aumentos de R$100 no vale alimentação, R$60 no café da manhã e R$50 na cesta natalina, além do abono total de todos os dias que durou a greve.

Entrevistamos um dos trabalhadores que compunha a greve e que preferiu não se identificar. Em entrevista o trabalhador aponta as reivindicações da greve e as condições de trabalho que alguns trabalhadores enfrentam.

O jornal A Verdade entrevistou uma das lideranças dos petroquímicos grevistas, que, para evitar retaliações patronais, preferiu não se identificar. Na conversa, ele faz um relato da greve, das más condições de trabalho que levaram à paralisação e das ações das empresas para tentar calar a luta dos trabalhadores.

Jornal A Verdade – Quando começou a greve dos petroquímicos do RS?

Trabalhador petroquímico do RS – A nossa greve teve seu início na sexta-feira, dia 21 de junho, e durou quase uma semana. Entretanto, as negociações já haviam se iniciado em maio, o mês anterior ao dissídio e ao reajuste salarial que é feito com base na inflação.

Quais foram as reivindicações da greve?

Nossa entidade sindical, o SINDICONSTRUPOLO, reivindicou um aumento de 6,5% do salário base dos funcionários, R$150,00 a mais no vale-alimentação que atualmente é de R$750,00, café da manhã para os funcionários, que hoje não recebem o café na empresa, e um aumento de R$100,00 reais na cesta natalina, que atualmente é de R$150,00. [Nota da Edição: as conquistas que o movimento alcançou estão no início da matéria]

O que motivou a greve dos petroquímicos do RS?

A greve se iniciou porque as empresas se negaram a acatar as propostas do sindicato, que realmente cobririam as necessidade dos trabalhadores.

Em nova proposta, as empresas ofereceram um aumento de 2,37% do salário base, que elas alegavam que estaria de acordo com a inflação segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), e 4% de aumento no vale-alimentação. Depois, propuseram o aumento de 3,75% no salário e, por último, puseram na mesa um aumento de 4,5% no salário base, mas mantendo o valor do vale-alimentação e sem oferecer café para os funcionários e nem aumento na cesta de Natal.

Esses mesmos empresários levaram a greve ao 4° Tribunal Regional do Trabalho (TRT), acusando ilegalidade no movimento, mas o sindicato assegurou na Justiça a legitimidade da greve.

As empresas também alegaram que não podiam acatar as reivindicações por terem sido afetadas pelas enchentes no RS e depois vieram com a conversa de que a Braskem não autorizaria os aumentos exigidos pelo SINDICONSTRUPOLO.

Conte um pouco sobre o andamento da greve e como as empresas agiram frente a ela.

Antes do seu início, o sindicato se mobilizou para convocar os trabalhadores por ele representados para anunciar a greve. Com a concordância de todos, o SINDICONSTRUPOLO anunciou a paralisação às empresas com 48 horas de antecedência, conforme pede a legislação.

No primeiro dia, os funcionários ocuparam a frente da Braskem no acesso principal, sem trabalhar mas sem bloquear os acessos. Eles almoçaram na empresa nesse dia.

No segundo dia da greve, os funcionários tiveram transporte para ir à empresa, mas não tiveram transporte para voltar para suas casas e nem almoço, pois a Braskem não autorizou os trabalhadores da cozinha a fazer as refeições dos demais funcionários e nem o funcionamento do transporte de retorno. Todos os outros dias se seguiram iguais ao segundo.

As empresas também ameaçaram descontar os dias da paralisação nos salários dos operários, o que é ilegal. Houve ainda ameaças de demissões e advertências, entre outras medidas punitivas. Essas ameaças chegavam aos trabalhadores através de mensagens de texto, tentando coagi-los a trabalhar.

A mando das empresas, a Brigada Militar esteve presente no local da greve desde o primeiro dia de mobilização.

Quais são as condições de trabalho na empresa em que você está?

A empresa em que eu trabalho é suja. Ela contrata como ajudante e nos paga o salário dessa função, mas o funcionário faz o serviço de montador. Por outro lado, a verba que a empresa recebe da Braskem é para pagar o montador profissional, mas nos pagam só o salário de ajudante.

População de Jaboatão dos Guararapes (PE) sofre sem um transporte público de qualidade

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Apesar de ser a terceira cidade mais rica do estado, Jaboatão dos Guararapes amarga há mais de 50 anos na mão de uma direita conservadora e reacionária, negando coisas básicas para a sua população, como um transporte público de qualidade.

Clóvis Maia | Redação PE


BRASIL – No dia 18 de julho, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) determinou que a Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes suspendesse um processo de implementação de catracas no transporte complementar da cidade, além de instaurar uma auditoria especial para investigar se não houve nenhum processo de corrupção e irregularidades no processo.

O prefeito de Jaboatão, Mano Medeiros (PL), queria destinar R$20 milhões para instalar a bilhetagem eletrônica no sistema de transporte complementar da cidade, composto por ônibus velhos, caindo aos pedaços e ainda privados. A tentativa aconteceu após um atropelamento envolvendo um micro-ônibus em abril desse ano, que deixou cinco pessoas mortas e mais 26 feridas durante uma procissão num Domingo de Páscoa.

Em maio deste ano o governo Federal destinou R$214,7 milhões do novo PAC Seleções, voltado para projetos dos governos estaduais e prefeituras para áreas como saúde, educação e mobilidade urbana. Mas como se vê, a prioridade do Prefeito bolsonarista é outra e está bem distante do povo trabalhador.

População sofre com a falta de serviços básicos

Jaboatão tem um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 13,295 bilhões (CONDEPE/FIDEM 2020) sendo atualmente o terceiro maior PIB do estado, perdendo apenas para a cidade do Recife e Ipojuca. No entanto, até o ano de 2019, Jaboatão era o segundo maior PIB do estado. Na contramão disso, a cidade amarga a 5.º posição do Índice de Desenvolvimento Humano em Pernambuco e está entre as 50 mais violentas do país.

Além disso, apenas 38,4% dos lares tem saneamento adequado, 48% da população vivem com meio salário mínimo, 6,1% com R$ 70,00 mensal. Serviços básicos como médicos nos postos de saúde, vagas nas creches municipais e ruas asfaltadas são alguns dos problemas enfrentados pelos jaboatonenses.

Por isso que em abril desse ano, durante a jornada nacional de luta contra a carestia e a fome, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) com as famílias da Ocupação Selma Bandeira organizou uma ocupação na Prefeitura para denunciar a situação do município. A resposta do governo municipal: destinar recursos públicos para o setor privado, no lugar de regularizar de fato o transporte municipal com ônibus de qualidade, passagens justas e passe livre para a juventude.

O perigo do fundamentalismo religioso nas igrejas do Brasil

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Durante o governo Bolsonaro, líderes evangélicos apoiaram o fundamentalismo religioso, resultando em discursos de ódio e ataques a minorias. Movimentos cristãos progressistas, como a Teologia da Libertação, e igrejas inclusivas têm combatido essa tendência, defendendo a justiça social e os direitos humanos.

Coletivo Cristãos Antifascistas


As origens do fundamentalismo religioso no Brasil

Ao explorar as raízes e as transformações que o conceito de “fundamentalismo” sofreu ao longo do tempo, chegamos a uma compreensão mais ampla, percebendo como “fundamentalismos”. Estas são formas concretas de interpretar a realidade e de agir com base nessas interpretações.

Assim, os fundamentalismos religiosos nas igrejas podem ser vistos como uma visão de mundo específica, onde a realidade é interpretada através de uma matriz religiosa que, por sua vez, influencia ações políticas. Essas ações buscam enfraquecer processos democráticos, negar abordagens científicas (vistas como ameaças à fé ou ao status quo), e desvalorizar a pluralidade cultural, a diversidade étnica e os direitos sexuais e reprodutivos. Neste contexto, matriz religiosa e ações políticas estão interligadas e se reforçam mutuamente. Eles identificam como inimigos os movimentos sociais, ativistas de direitos humanos, cientistas, intelectuais, educadores, sindicatos, partidos políticos e lideranças sociais que desafiam suas crenças. 

As ações públicas de confronto constante contra esses “inimigos da verdade” são frequentemente alimentadas pelo pânico moral, que é identificado pelo uso de desinformação e de fake news.

O seu avanço  no Brasil teve maior visibilidade durante o governo de Bolsonaro, onde figuras das maiores igrejas evangélicas do Brasil se aliaram ao ex-presidente como Silas Malafaia, pastor presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADEVEC), o bispo Edir Macedo, da igreja Universal do Reino de Deus e Romildo Ribeiro Soares, mais conhecido como R.R. Soares, apresentador do programa Show da fé e dono da Igreja Internacional da Graça de Deus. Essas igrejas citadas são umas das que mais tem membros registrados no Brasil e declararam total apoio ao ex-presidente. 

O que antes era o lema popular dos evangélicos “cristão não se envolve em política” atualmente tornou-se o “cristão vota em cristão”. 

Uma intervenção e mesclagem da fé com política de extrema-direita resulta na aliança de interesses de cunho reacionário, propagando discursos de ódio que demonizam a sua oposição com um discurso moralista, antibíblico, que ataca as minorias como pessoas de diferentes orientações sexuais e identidade de gênero, indígenas, quilombolas e religiões de matriz africana. Também demonizando com mentiras a consciência de classe e qualquer um que se identifique como de esquerda.

Essa postura fundamentalista nas igrejas não é nova e tende a persistir, pois sempre haverá aqueles que, por insegurança, timidez, autoritarismo ou oportunismo, buscarão impor uma visão estreita e inflexível da fé, excluindo qualquer perspectiva que ameace seu controle ou desafie suas crenças.

O papel das igrejas progressistas

Diante das tragédias causadas pelo fundamentalismo, muitos cristãos levantaram as suas vozes de diferentes formas, uns de maneira mais conciliadora, outros de maneira mais radical. Os humanistas como Erasmo de Roterdão não deixaram de ser cristãos mesmo combatendo o fundamentalismo de seu tempo.

Um exemplo recente de movimento cristão que surgiu para combater o fundamentalismo foi a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito (FEED), nascida em 2016 após o golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Outro exemplo de organização evangélica brasileira que surgiu para combatê-lo é o movimento Novas Narrativas Evangélicas, uma comunidade-plataforma de comunhão, construção e afirmação da pluralidade de identidades evangélicas. O Novas, como é conhecido, tem buscado articular os jovens evangélicos de diferentes denominações cristãs para pensar a fé em relação à pauta de direitos humanos e de combate ao fundamentalismo.

As Igrejas Inclusivas (ICs), que surgiram na década de 1990 no Brasil e fazem parte de um movimento iniciado nos EUA em 1968, acolhem grupos sociais historicamente marginalizados pelas religiões cristãs, como LGBTQ. Alguns exemplos são a Igreja Contemporânea Cristã, do Rio de Janeiro, a Cidade Refúgio e a Congregação Cristã Nova Esperança, ambas em São Paulo.

Na Igreja Católica, destacam-se as pastorais sociais, como a Pastoral da Juventude (PJ), a Pastoral Carcerária e a Pastoral da Terra. Essas pastorais são responsáveis por eventos importantes, como a Campanha da Fraternidade, realizada durante a Quaresma, e o Grito dos Excluídos, que todo ano acontece no dia 7 de setembro. Além disso, há o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), um organismo que, desde os tempos da ditadura militar, atua em defesa dos direitos dos povos indígenas no Brasil.

Congregações como a dos Missionários Combonianos (uma congregação religiosa fundada por São Daniel Comboni) e organizações como as comunidades eclesiais de base (CEBs), também combatem o fundamentalismo em função de sua ligação com a Teologia da Libertação.

A Teologia da Libertação e a Teologia Integral são teologias que surgiram na década de 60 para aproximar a igreja dos pobres e marginalizados, encontrando novas formas de vivência da fé cristã e conciliando a religião com a justiça social.

A fé, sem obras, é morta

O fundamentalismo é uma organização reacionária de religiosos que usam dos sentimentos das massas populares para com a religião para se promoverem política e economicamente. Ora, se ela é uma organização, logicamente só pode ser parado por uma organização a altura. 

Nos últimos tempos, o seu avanço  no mundo demonstra que seu combate precisa de uma renovação, uma maior unidade e organização por parte dos vários setores da sociedade e principalmente de dentro do próprio cristianismo. Nas décadas de 60 a 90 havia na América Latina uma Teologia da Libertação combativa e forte, nessa época, o continente sofria com inúmeras ditaduras sustentadas pelo imperialismo e perseguição por parte do Vaticano. 

Hoje, onde a América Latina desfruta de maior liberdade que no século passado e que o atual Papa, por muitas vezes, se torna um obstáculo ao fundamentalismo, parece que a Teologia da Libertação desapareceu. É necessário resgatar a história subversiva do cristianismo, relembrar dos padres guerrilheiros como Camilo Torres e Ernesto Cardenal, de religiosos que tiveram uma vida profética como Dom Pedro Casaldáliga, retomar o estudos dos clássicos da Teologia da Libertação como Ética Comunitária, de Enrique Dussel e Teologia da Libertação de Gustavo Gutiérrez, o combate ao fundamentalismo não pode ser feito por um corpo sem mente, é necessário que a Teologia da Libertação volte a ser estudada. 

O fundamentalismo cria um ídolo a imagem do Deus da vida e engana o pobre, o Deus da vida é incompatível com ele, porque a libertação do oprimido das mãos de seus opressores é mandamento dele.

A luta contra o patriarcado na Albânia socialista

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A experiência revolucionária da Albânia se destacou por dar centralidade à luta contra o machismo e o patriarcado na construção do socialismo.

Gustavo Rebelo


HISTÓRIA – Ao contrário do que insinuam os inimigos do comunismo, os regimes socialistas deixaram na história um importante legado de luta contra opressões de gênero, raça, religião e outros marcadores de identidade. Cabe a nós, comunistas do presente, aprender sobre essas experiências, assimilar as razões dos seus êxitos e limites, de modo que nossas propostas e práticas políticas possam refletir o acúmulo de anos de experiência das gerações de comunistas que nos antecederam.

Menos conhecida do que merecia, a experiência revolucionária da Albânia se destacou por dar centralidade à luta contra o machismo e o patriarcado na construção do seu projeto socialista. A Albânia é uma pequena nação da região dos Bálcãs (na Europa do Leste) e conta com cerca de 3 milhões de habitantes. Após uma luta encarniçada que expulsou os invasores fascistas italianos e nazistas alemães do seu território na Segunda Guerra Mundial, os comunistas tomaram o poder do estado e deram início à transição socialista no país.

Antes da libertação nacional, a opressão contra a mulher albanesa era brutal. Ela não possuía nenhuma voz dentro da família. Quando noiva, não tinha sequer o direito de chamar seu marido pelo primeiro nome. As mulheres tomavam assento em locais separados dos homens nas igrejas e nas mesquitas, mas mesmo nas salas de estar das casas albanesas costumava-se ter uma separação para os dois grupos. Em algumas regiões, quando uma mulher era mal falada, poderia ter seus cabelos cortados e sofrer humilhações públicas na rua. As jovens mulheres eram frequentemente vendidas, até em idade infantil, para interessados em futuros casamentos.

Desafiando séculos de tradições obscurantistas, o Partido Comunista convocou as mulheres patriotas a se juntarem às forças guerrilheiras antifascistas de libertação, uma ação inédita na história da Albânia. As albanesas assumiram postos de responsabilidade nos destacamentos militares: eram comandantes, comissárias e secretárias de célula do Partido. Dos 70.000 membros do exército partisan, 6.000 eram mulheres.

Iniciada a construção do socialismo, o Partido definiu qual seria o caminho para concretizar a emancipação feminina, estabelecendo duas pré-condições básicas. Primeiro, as mulheres deveriam se livrar da escravidão assalariada. Como todo o povo trabalhador, a mulher proletária sofre com as consequências do capitalismo: insegurança, desemprego, fome, inflação, etc. Com a expropriação da burguesia e implementação da ditadura do proletariado, a mulher albanesa teria superado esta primeira pré-condição.

A segunda se concretiza com a inserção da mulher na produção social do trabalho. Com isso, estaria constituída a base material para a sua emancipação. Esta segunda etapa representou um enorme desafio para a revolução. A taxa de analfabetismo entre as mulheres chegava a 90%, e estas deveriam receber o quanto antes educação básica, capacitação técnica e mesmo formação acadêmica para assumir com equidade em relação aos homens as diversas funções dentro da estrutura produtiva da economia socialista. Nos primeiros anos da década de 1980, as mulheres albanesas já eram 46% da força total de trabalho no país.

Um dos empecilhos para aumentar a participação da mulher na produção social do trabalho e na vida política e social da Albânia era sua sobrecarga com tarefas domésticas. O Partido do Trabalho da Albânia (como passou a ser chamado o Partido Comunista após a revolução) entendia que a completa socialização do trabalho doméstico só seria alcançada após um salto no desenvolvimento industrial do país, o que ainda não era possível. Diante desse impasse, foi promovida uma grande campanha educacional em torno da divisão de tarefas domésticas entre toda a família. O Código da Família, aprovado em 1982, definiu direitos e deveres iguais para todos os familiares, estabelecendo que “os cônjuges apoiam um ao outro no cumprimento de todas as responsabilidades familiares e sociais.”

Com a campanha educacional promovida pelo partido, muitos noivados infantis foram dissolvidos voluntariamente pelos pais. Legislações específicas também foram formuladas para impedir casamentos sem o consentimento mútuo. A Constituição Albanesa de 1976 estabeleceu equidade de pagamentos para homens e mulheres, proibição de privilégios e exclusões em razão do sexo e igualdade de direitos no trabalho, pagamento, férias, previdência social, nas atividades políticas e sociais.

No início dos anos 1980, as mulheres eram 30% do número total de membros do Partido. Assumiram 30% das cadeiras da Assembleia do Povo, o maior corpo governamental do país. Eram 41% dos integrantes do Conselho do Povo, 30% da Suprema Corte, e algo como 44% das lideranças das organizações de massa. Embora estes percentuais não sejam equivalentes ao percentual total de mulheres na população albanesa, restam dúvidas se outro país do mundo à época ostentava números tão próximos da equidade plena em seus espaços de poder e decisão.

Em suma, a fala do camarada Enver Hoxha segue atual e deve nos servir de inspiração dentro da luta revolucionária em nossas fileiras:

“O Partido e a classe trabalhadora devem medir o avanço para a completa construção da sociedade socialista por meio do aprofundamento e progresso da revolução das mulheres dentro da nossa revolução proletária. Se a mulher for deixada para trás, a revolução também se atrasa.”