UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quinta-feira, 20 de novembro de 2025
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A humanização na saúde mental

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CE 2Assim como a luta da reforma sanitária, nos anos 1970 e 1980, trouxe a bandeira do fim do modelo centrado no hospital, a reforma psiquiátrica tem como principal luta a desinstitucionalização na saúde mental, ou seja, a retirada dos doentes do isolamento social causado pela internação em hospitais psiquiátricos. A efetiva reintegração dos doentes mentais graves na comunidade é uma tarefa a que o Sistema Único de Saúde (SUS) vem se dedicando com especial empenho nos últimos anos.

O Serviço de Residência Terapêutica (SRT), assim como os programas governamentais “De Volta pra Casa”1 e o Programa de Reestruturação dos Hospitais Psiquiátricos, vem concretizando as diretrizes de superação do modelo de atenção centrado no hospital psiquiátrico. As residências terapêuticas constituem-se numa alternativa de moradia para um grande número de pessoas que estão internadas há anos em hospitais psiquiátricos e que, ao sair, não têm um suporte adequado na comunidade, muitas vezes sendo abandonadas pelas suas famílias.

A luta pela desinstitucionalização

Em uma visita ao Brasil na década de 1950, Franco Basaglia, precursor do movimento de reforma psiquiátrica italiano (conhecido como Psiquiatria Democrática), afirmou que os manicômios brasileiros lembravam um “campo de concentração”. A partir da década de 1970, com o surgimento do movimento da reforma psiquiátrica no Brasil, começou-se a discutir o modelo assistencial limitado à internação em asilos manicomiais, com função segregadora, que se mostrava muito mais alienante do que ressocializador e reabilitador. O movimento, formado a princípio por profissionais da área da saúde mental, teve a adesão de usuários do SUS e seus familiares. O movimento se caracterizou por iniciativas políticas, sociais, culturais, administrativas e jurídicas, que visavam à transformação da relação da sociedade com os portadores de transtorno mental, da instituição e do setor psiquiátrico, e das práticas estabelecidas séculos antes para lidar com esses indivíduos.

Em 2006, o jornal O Estado de S. Paulo editou uma matéria bastante polêmica, com o título “Hospital de Pernambuco é a cidade dos loucos”, referindo-se ao Hospital José Alberto Maia, localizado no Município de Camaragibe, na qual denunciava os maus-tratos e abusos sofridos por seus pacientes. “Os pacientes que sobreviviam naquele lugar inóspito dormiam pelo chão sobre papelões, as paredes eram sujas com fungos e vários pacientes se encontravam debilitados, apresentavam doenças respiratórias e de pele”.

O hospital teve suas portas fechadas para a entrada de novos pacientes em 2002, e o processo de desinstitucionalização se iniciou em 2010, unindo os esforços das esferas federal, estadual e municipal. No total, 536 pacientes foram transferidos da unidade. Destes, 48% foram para centros de desinstitucionalização localizados em Aldeia, também em Camaragibe, 25% foram para outros hospitais psiquiátricos e 20% foram para residências terapêuticas (Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, 2010). O objetivo era diminuir o índice de óbitos no local, melhorar a assistência e acelerar o encaminhamento dos pacientes para outros serviços de referência ou possibilitar o retorno ao convívio familiar.

A reforma psiquiátrica hoje

Diante do processo de reforma psiquiátrica, a desinstitucionalização por meio do Sistema de Residência Terapêutica (SRT) é a ferramenta precursora no processo de reabilitar e reintegrar os pacientes egressos dos manicômios judiciários e hospitais psiquiátricos. É por meio deles que ocorre o processo de reinserção dos egressos dos hospitais psiquiátricos e manicômios dentro da comunidade. O olhar em busca de um novo horizonte permite que o morador da Residência Terapêutica restabeleça alguns vínculos, com outros moradores e com o cuidador, que é o mediador desse novo processo.

Desde a construção dos SRTs geridos na cidade do Recife e com a introdução das Organizações de Saúde (OSs), funcionários relatam abusos e assédio moral. Consequentemente, para o assediado ocorrem várias perdas, entre elas: perda de motivação, criatividade, capacidade de liderança; aumento da ansiedade, insegurança, depressão, entre outras doenças; aumento das doenças profissionais e acidentes de trabalho; dificuldade de se manter empregado. Esse é o reflexo da saúde mental na cidade do Recife, que privatiza seus serviços sob a alegação de que a iniciativa privada pode complementar os serviços de saúde.

O objeto da desinstitucionalização começa mostrando que se faz necessário quebrar os moldes conhecidos e estabelecer novas práticas, promovendo a articulação dos envolvidos, com um modelo de Gestão Participativa da Saúde. Uma gestão participativa na Atenção Psicossocial envolve todos os seus atores: cuidadores de residência terapêutica, redutores de danos, técnicos de referência e moradores das residências terapêuticas e equipe dos Centros de Assistência Psicossocial (Caps).

Os desafios postos trazem a necessidade de ampliar o diálogo, o cuidado e as intervenções relacionadas com o cuidador, garantindo boas condições de trabalho, o fim do assédio moral sofrido e a vinculação direta desses profissionais com o Estado, pondo fim às OSs. Assim, será possível garantir um bom desenvolvimento deste trabalho de reintegração dos doentes à sociedade.

Nayara Silva, Pernambuco

Mortes e acidentes de trabalho são mais frequentes entre os terceirizados

dia 29 (1)O PL 4.330/2004, conhecido como Lei da Terceirização, aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 22 de abril, é considerada por sindicatos e pelo próprio Ministério Público do Trabalho como um retrocesso para os trabalhadores. Segundo o texto aprovado, que ainda irá para votação no Senado Federal (com a denominação de PLC 030/2015), a terceirização passa a ser legalizada em todos os ramos da economia e tanto nas atividades-meio quanto nas atividades-fim. Com isso, o trabalhador perde o vínculo direto com a empresa à qual presta serviço, ficando vinculado a uma terceira empresa, que paga, em média, 25% menos e reduz os direitos do trabalhador, conforme denunciado no jornal A Verdade, nº 172.

Além de pagar menos e exigir uma jornada de trabalho maior, a terceirização traz consigo o aumento do número de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Segundo o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho na Paraíba, Cláudio Cordeiro Queiroga Gadelha, “o trabalhador terceirizado está muito mais propenso a sofrer doenças ocupacionais, e cerca de 50% dos acidentes de trabalho e doenças ocupacionais atingem os trabalhadores terceirizados”. Com efeito, dados da Fundação Comitê de Gestão Empresarial revelam que, do total de trabalhadores afastados por acidentes de trabalho, em 2010, 741 eram funcionários contratados diretamente, ao passo que 1.283 eram funcionários terceirizados.

Terceirização no setor elétrico matou 61 pessoas

Segundo a procuradora do Trabalho em Pernambuco, Vanessa Patriota, que ajuizou ação civil pública contra a empresa de fornecimento de energia elétrica de Pernambuco, a Celpe, por terceirização ilícita, o número de acidentes de trabalho é maior nas terceirizadas em comparação com os funcionários do quadro: “O índice desses acidentes é três vezes maior entre os trabalhadores contratados por empresas interpostas (ou seja, terceirizados) do que entre aqueles diretamente contratados pela Celpe”, diz a procuradora.

Outro dado preocupante é que os acidentes nesse segmento geralmente são mais graves. “A taxa de gravidade relativa aos acidentes ocorridos com empregados da Celpe não chega a 200 numa escala, ao passo que a mesma taxa relativa aos acidentes ocorridos com terceirizados ultrapassa 3.000”, relata Vanessa.

Setenta e cinco terceirizados morreram na construção civil

Outro segmento que registra alto índice de terceirização, acompanhado de graves acidentes de trabalho, é a construção civil: das 135 mortes de trabalhadores, em 2013, 75 eram empregados de empresas terceirizadas, segundo dados do Instituto Humanitas Unisinosou seja, 55,5%. Basta lembrar que sete dos nove trabalhadores mortos nas obras de estádios da Copa do Mundo de 2014 eram contratados por empresas terceirizadas.

Ainda de acordo com o Instituto Humanitas Unisinos, no segmento, “serviços especializados não especificados e obras de fundação” morreram 34 pessoas, sendo 30 terceirizados. E, na categoria “obras de terraplenagem”, dos 19 mortos, 18 eram terceirizados.

Mas o número pode ser ainda maior: dos 36 Autos de Infração por Falta de Comunicação de Acidentes Fatais lavrados em 2013 no ramo da construção, 23 eram referentes a empregados de empresas terceirizadas.

Risco no setor petroleiro é cinco vezes maior entre os terceirizados

Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), os profissionais terceirizados têm 5,5 vezes mais chance de morrer em um acidente de trabalho do que os efetivos do setor. Entre 2012 e 2003, 130 trabalhadores do ramo vieram a óbito, dos quais 110 eram vinculados a empresas terceirizadas.

Após o acidente da plataforma da Petrobras P-36, que matou 11 pessoas, em março de 2001, a Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro considerou a terceirização da mão de obra a principal causa do acidente em seu relatório sobre o caso.

Se o capitalismo é a escravidão assalariada, caso o Projeto de Lei 4.330 aprovado na Câmara dos Deputados seja também aprovado no Senado e sancionado pela presidente da República, além de piorar as condições de trabalho e aumentar os riscos de acidentes com morte, vai tornar mais dura a vida dos trabalhadores e mais rica a classe dos que exploram. Serão reduzidos os salários, diminuídos os postos de trabalho e enfraquecida a organização sindical.

Portanto, não resta outro caminho à classe trabalhadora senão ocupar as ruas e preparar uma greve geral para impedir a aprovação desse famigerado projeto no Senado e afirmar a união e a força da classe operária.

O que é a terceirização

No Brasil, a partir da década de 1980, iniciou-se um movimento de flexibilização e subcontratação de mão de obra em larga escala, especialmente em algumas empresas multinacionais. Na década de 1990, a terceirização ganhou relevância, difundindo-se por vários setores, inclusive na esfera pública, nas atividades-meio. Segundo o PL 4.330, que tramita na Câmara dos Deputados, a terceirização agora pode avançar para as atividades-fim. As consequências são graves para os trabalhadores:

Redução dos salários – um trabalhador terceirizado, ganha, em média, 24,7% a menos do que um trabalhador direto.

Aumento da jornada de trabalho – apesar de ganhar menos, trabalha, em média, 3 horas a mais.

Rotatividade nos postos de trabalho – o vínculo empregatício é mais frágil, muitos sequer possuem a carteira assinada, provocando periodicamente ondas de demissões. É comum ver terceirizados entrando e saindo de empregos num curto espaço de tempo, o que se agrava com as novas barreiras para acesso ao FGTS.

Aumento nos acidentes de trabalho – dados do Ministério Público do Trabalho mostram que, em todas as áreas, os profissionais contratados por empresas terceiras sofrem mais acidentes de trabalho e desenvolvem mais doenças ocupacionais. Também o número de mortes decorrentes de acidentes é maior entre os terceirizados.

Enfraquecimento dos sindicatos – além disso tudo, os terceirizados passam a ser representados por diferentes sindicatos, vinculados às empresas e não às categorias, como hoje acontece. Com isso, ocorre o enfraquecimento de sua organização de classe e, consequentemente, seus salários tendem a diminuir e direitos a serem sonegados, o que, em efeito cascata, repercute para o conjunto dos trabalhadores.

Thiago Santos, Recife

Famílias ocupam terreno em Diadema e lutam para não dormir na rua

11402832_479701888869792_1340899786472248591_nO aumento das demissões e a falta de perspectiva de encontrar um emprego vêm afetando de maneira direta a população de Diadema, cidade da região do ABC paulista.O desemprego é acompanhado pelo crescimento do preço do aluguel e da especulação imobiliária, características de uma região com grande densidade populacional e alvo do interesse de diferentes grupos financeiros que manipulam as leis de propriedade fundiária.

Mais de 400 famílias ameaçadas pelo perigo eminente de despejo e atormentadas com os valores abusivos dos aluguéis que muitas vezes consomem mais da metade da renda familiar, decidiram consturir na madrugada do dia 28 de junho a Ocupação Zumbi dos Palmares, em um terreno desabitado há mais de 20 anos de propriedade da prefeitura municipal de Diadema.

Grande parte dessas famílias participa desde de 2008 do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas – MLB e negocia há anos com a prefeitura um projeto de construção de casas populares na cidade. Ano após ano, o poder público vem protelando a concretização deste projeto, interpondo barreiras burocráticas, dilatando prazos jurídicos, inviabilizando, na prática, a construção de um projeto social que resolva o problema das famílias. Nos últimos três anos, o prefeito Lauro Michels (PV) e seu secretariado foi quem cumpriu este triste papel de impedir a realização da construção dessas casas populares.

Para Márcio Alves, um dos coordenadores do MLB: “O compromisso da prefeitura é com os especuladores que manipulam as leis e usam da corrupção para manter a posse dos terrenos, impedindo a realização de projetos de interesse social. Para as famílias, não sobra outra alternativa senão ocupar e estabelecer a moradia, fortalecendo a solidariedade e ajudando as pessoas que precisam na comunidade”.

Já no primeiro dia de realização da ocupação, as famílias conseguiram da prefeitura o compromisso de convocar uma audiência pública que discuta modificações no plano diretor da cidade. A prefeitura, no entanto, vai se reunir primeiro com os empresários na segunda-feira (29) e depois com os movimentos sociais na terça-feira (30).

11222591_999625946763796_7856599075075720102_nA Guarda Civil Municipal (GCM) tem atuado sob as ordens de Lauro Michels para intimidar as famílias e atacar o direito de ir e vir da população. Mesmo frente as temperaturas mínimas de 12ºC ocorridas por esses dias na cidade, a guarda impede a entrada de cobertores e lonas na ocupação, fazendo com crianças e idosos sofram intenso frio. A guarda também dificulta a entrada de remédios, alimentos e água.

Cristina Damásio, uma das coordenadoras do MLB, disse “que é uma atitude desumana da prefeitura e da GCM. Morar com dignidade é um direito humano e as pessoas que aqui estão lutam para não viver na rua e criar seus filhos com dignidade”.

O endereço da ocupação fica na rua Nossa Senhora dos Navegantes, ao lado do Estádio Municipal, no bairro do Eldorado. Na segunda e terça-feira, várias atividades culturais e de formação, contra a redução da maioridade penal e em defesa da reforma urbana ocorrerão na ocupação. Vários movimentos e ativistas sociais estão visitando o terreno e demonstrando sua solidariedade.

Da Redação.

Após repressão, movimento força governo a dialogar sobre ocupações na Izidora

Presos BH
Juliano (estudante) e Leonardo (Coordenação do MLB) estavam entre os presos no dia 19

A Verdade recebeu um relato da reunião entre os bispos Dom Walmor e Dom Mol com o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), o qual reproduzimos mais abaixo.

No dia 19 de junho, a Polícia Militar de Minas Gerais prendeu cerca de 20 lideranças e apoiadores das ocupações da região conhecida como Izidora, na Capital Belo Horizonte, que protestavam na Assembleia Legislativa do Estado frente à iminente ameaça de despejo determinada pelo governo estadual.


Prezados companheiros,

Como sabem, houve uma reunião hoje (22/06) entre os bispos Dom Mol e Dom Walmor com o governador Pimentel e sua equipe para que se restabelecesse a negociação acerca das Ocupações do Izidora. A negociação foi reaberta sob o cumprimento de algumas condições.

Após a reunião, que durou quase duas horas, o reitor da PUC Minas, Dom Mol, nos pediu que relatássemos o que ficou acordado entre a Arquidiocese e o Governo. Eis, objetivamente, os pontos:

1º – O Governo entendeu como necessário que os bispos agendassem uma reunião com o presidente do Tribunal de Justiça, Dr. Pedro Bittencourt, para demonstrar que há uma negociação em andamento e que a liminar de reintegração de posse seja suspensa, no momento. Foi sugerido por Dom Mol e aceito pelo Governador e seus assessores a participação do desembargador Manoel Morais na reunião, que tem experiência em conflitos fundiários urbanos e é reconhecido pelo seu bom senso em conflitos sociais;

Para essa reunião também será convidado o procurador Afonso Henrique e um representante de cada Defensoria Pública.

O governador e sua equipe irão à reunião com os desembargadores, procurador e defensores, além do bispo Dom Walmor.

2º – É preciso que se forme uma equipe de professores da PUC e da UFMG, integrantes das Brigadas Populares, Coletivo Margarida Alves e lideranças das ocupações para apresentar, em brevíssimo tempo, uma proposta de negociação.

A equipe/comissão deve ser pequena (talvez seis pessoas), de caráter mais técnico e ágil. Visualizamos que o Governo tem pressa e que precisamos nos movimentar com celeridade para firmar o acordo inicial.

A equipe deve se reunir com os representantes do Governo até semana que vem e esta reunião será chamada de “Primeira Reunião da Mesa de Negociação Específica para o Conflito no Izidora”;

3º – Aprovado o primeiro projeto, a comissão será ampliada para negociação de detalhes. Então, com maior número de atores dos dois lados, acontecerá a “Segunda Reunião da Mesa de Negociação Específica para o Conflito no Izidora”, que deverá acontecer no Palácio Cristo Rei, na Praça da Liberdade;

A segunda reunião deverá contar com maior número de lideranças dos movimentos, apoiadores e órgãos do poder judiciário vinculados para que se tenha poder de decisão. O que a segunda comissão decidir na sala de reuniões do Palácio Cristo Rei será levado a efeito.

Seguem agora algumas informações complementares que julgamos importantes:

Dom Mol nos relatou suas impressões sobre a posição do Governo: A primeira foi a de que a negociação está chegando ao fim e precisa ter uma conclusão. Que a suspensão do despejo iminente não significa tranquilidade, mas apenas que ganhamos alguns dias para procurar uma solução sem violência.

Dom Mol relatou-nos ainda que fez duas colocações ao Governo e nos dois momentos sentiu que foi compreendido. A primeira colocação veemente foi advertir o Governo de que a Polícia está absolutamente despreparada para uma operação em meio a conflito social e o confronto do dia 19 deixou isso claro. A segunda é a de que não havia ainda uma negociação, porque o Governo estava com um projeto pronto e não o dispôs para ser efetivamente negociado. Neste momento o diretor da Cohab, Claudius Leite, trouxe propostas a serem apresentadas, como a construção de mais um quarto nos apartamentos do programa MCMV para as famílias maiores, aluguel social e disponibilização de uma área próxima à Catedral Cristo Rei, na Av. Cristiano Machado, para desenvolvimento de um projeto da PUC e da UFMG de urbanismo popular, que pode ser destinada aos membros da ocupação que não puderem ingressar no programa MCMV.

Para sermos objetivos, caros colegas, é isso. Agora vamos nos reunir para tomar providências.

Alícia e Lucas, representantes das Ocupações da Izidora na reunião do Palácio Cristo Rei

Coca-Cola pode causar câncer

Coca-Cola 02As propagandas não vendem só as mercadorias, vendem também ilusões. As publicidades da Coca-cola, por exemplo, são recheadas de cores, fantasias, famílias felizes, casais apaixonados, jovens descolados. Por de trás de tamanhas artimanhas para convencer e manter-se como a maior empresa mundial no ramo de bebidas, vale tudo, inclusive viciar seus consumidores, o que pode levar até o desenvolvimento do câncer.

Pesquisas mostram que o refrigerante mais consumido no mundo pode causar esta doença. De acordo com o toxicologista Anthony Wong, foi detectada uma quantidade exagerada do corante caramelo IV, substância que dá cor e sabor ao refrigerante.

Segundo o especialista, o caramelo IV está relacionado ao câncer de pulmão, esôfago e sangue. Esse produto, em maior quantidade, é considerado potencialmente cancerígeno. Refrigerante em excesso é tão prejudicial aos dentes quanto crack e cocaína, afirma esse estudo.

A bebida vendida no Brasil tem 67 vezes mais quantidade desta substância que a Coca-Cola vendida, nos Estados Unidos. O diretor do Centro pela Ciência de Interesse Público, da Califórnia, Michael Jabocson, explica que o corante deveria ser retirado pela indústria. A substância representa uma ameaça à saúde pública.

Mas as máscaras caem e, devido às consequências que este produto causa nas pessoas, fez os seus lucros diminuírem. A empresa está enfrentando um período fraco em vendas, nos Estados Unidos, seu maior mercado, porque os consumidores norte-americanos estão bebendo menos refrigerantes em função das preocupações de saúde relacionadas ao consumo de açúcar e adoçantes artificiais.

A Coca-Cola anunciou que cortaria US$ 1 bilhão em custos até 2016, ao reportar uma queda de 8,4% em seu lucro no quarto trimestre do ano passado, e anunciou que reinvestiria o US$ 1 bilhão em custos cortados, para bancar um novo esforço de marketing. No começo do mês, anunciou uma parceria com a Green Mountain Coffee Roasters para colocar à venda suas marcas de bebidas em uma máquina caseira de refrigerantes que chegará ao mercado ainda este ano. Vale realmente tudo para se manter no mercado capitalista.

Claudiane Lopes

Conferência de Saúde discute formas de financiamento

conferência 02Ocorreu em Recife, nos dias 16, 17 e 18 de junho, a 12ª Conferência Municipal de Saúde, com o tema “Saúde pública de qualidade no Recife: direito de todos e todas e dever do Estado”. Com a participação de 524 delegados eleitos nas assembleias distritais, representantes dos segmentos dos trabalhadores e usuários se juntaram aos gestores de saúde do Município de Recife para debater a assistência à saúde, a educação popular e tecnologias em saúde, além do controle social desenvolvido no SUS.

A abertura da Conferência contou com a participação de representantes da Prefeitura, Secretaria de Saúde Municipal, Ministério da Saúde e do Conselho Municipal de Saúde do Recife. Os espaços foram abertos a observadores e convidados, que contribuíram para a discussão e levaram sugestões para melhorias nos serviços de saúde públicos.

O segundo dia foi destinado aos grupos de trabalho, que tinham como principal objetivo a aprovação de propostas nos diversos eixos oferecidos para os níveis municipal, estadual e nacional. O grupo mais polêmico foi o de “Financiamento à saúde e parceria público-privada”. O grupo, que teve participação em peso dos gestores municipais, fomentou o debate sobre o aumento do financiamento federal destinado à saúde, combate às emendas parlamentares de autoria do presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, que trazem redução das verbas do SUS e favorecimento dos planos privados de saúde, além da ampliação de concursos públicos e convocação dos profissionais aprovados em concursos vigentes.

O debate ficava acalorado à medida que os gestores tentavam barrar as propostas trazidas pelos trabalhadores e usuários do SUS. A tentativa de impedir a aprovação de algumas propostas por parte da gestão era evidente, não só dentro dos grupos de debates, mas também na plenária final. Com um sistema de votação eletrônica, por diversas vezes, ficou claro que algo estava errado: apesar da platéia se manifestar a favor de uma proposta com aplausos e palavras de ordem, o resultado da votação no telão indicava a vitória da outra proposta.

Ao fim da plenária final, foram eleitos os delegados para a 8ª Conferência Estadual de Saúde, que acontecerá em Gravatá, entre os dias 14 e 17 de setembro.

As Conferências de Saúde representam o maior espaço de controle social dentro do Sistema Único de Saúde, permitindo uma representação paritária dos segmentos sociais envolvidos, garantindo o debate sobre a assistência à saúde e o financiamento nas esferas federal, estadual e municipal. Porém, infelizmente, a população tem ficado alheia, permitindo que o governo tome conta desse espaço, dificultando a aprovação de propostas que defendam um SUS de qualidade e universal. É preciso conscientizar os usuários e trabalhadores da importância de ocupar esse espaço, que é seu por direito. Reacender o controle social e o sentimento de defesa de um sistema de saúde público, estatal e de qualidade, livre da iniciativa privada que mercantiliza a doença.

Ludmila Outtes, enfermeira

Movimentos entregam pauta de reivindicações ao governador de Pernambuco

foto2Os movimentos populares organizados no Estado de Pernambuco, CMP, MLB, MLT, MNLM e União, estiveram, no último dia 18, em audiência com o governador do Paulo Câmara no Palácio das Princesas. Os movimentos entregaram uma pauta de reivindicações e denúncias das reintegrações de posse que aconteceram recentemente de forma violenta, como nos casos das ocupações de Afogados, que contou com mais de 300 policiais, cachorros e batalhão de choque; a da ocupação Olga Benario, que teve um aparato policial de 800 policias; e a da Cacique Chicão, com mais de 400 policias, todas nos messes de maio e junho deste ano.

Entre os pontos da pauta estavam: mesa permanente de diálogo com os movimentos; fim das reintegrações violentas; fortalecimentos da Sehab e do Conselho Estadual das Cidades de PE; discussão sobre o Plano Diretor e as áreas estaduais a fim de disponibilizá-las para construções de interesse social, principalmente habitação; apoio a projetos dos movimentos em andamento.

Esta será a primeira de uma série de encontros com o Governo do Estado. A luta pela Reforma Urbana, por uma cidade de todos, é longa, mas é justa!

Contra vontade da diretoria do SINTIETFAL, base delibera manutenção da greve

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186204_ext_arquivoAssembleia tumultuada quase acaba em pancadaria provocada pelo presidente do sindicato

Os servidores do IFAL estão em greve desde o dia 15, por deliberação da categoria em assembleia geral de base, realizada no dia 22 de maio e reafirmada no dia 12 de junho. Os diretores do sindicato da categoria, proibidos de atuar pela justiça no último período, realizaram sua primeira assembleia hoje (16), em Satuba, foram contrários aos encaminhamentos da base, e acabaram sendo expulsos da assembleia.

A categoria ficou revoltada ao ver a gestão sindical 2009/2012 –  reconduzida pelo TRT 19ª Região para responder pelo SINTIEFAL durante o período eleitoral – chegar uma hora atrasada na assembleia, querer deslegitimar a greve, não querer colocar para votação às demandas da base e, por fim, impedir os servidores de decidirem sobre a eleição para a nova gestão.

Agressões

O novo/antigo presidente do SINTIETFAL, que retornou à posse da entidade na última semana, começou ameaçando o jornalista presente (funcionário do sindicato desde 2012) para não haver registros da assembleia. Fato repudiado pela base.

“A assembleia foi unânime em manter Ésio Melo como assessor de comunicação do sindicato, mas quem presidiu a mesa se negou a pôr em votação isso”, afirmou Mayara Esteves, técnica do Câmpus Satuba e representante do comando de greve, dizendo ser “absurdo a categoria participar de uma assembleia que o presidente não encaminha nenhuma votação”.

Houve também cerceamento das falas dos servidores por parte do presidente da assembleia, com interrupções constantes e até com um empurrão a um filiado do sindicato, durante seu pronunciamento, como mostra o vídeo abaixo.

Deliberações

Mesmo com toda confusão causada pelos representantes do SINTIETFAL, a base conseguiu aprovar a greve dos servidores na assembleia geral com votação conduzida pelo presidente do sindicato, como manda o estatuto.

Outras deliberações, como o repasse do fundo de greve para ser utilizado nas mobilizações, a manutenção do funcionário da comunicação do sindicato, a anistia do pagamento da mensalidade sindical durante o litígio jurídico da entidade e o início do processo eleitoral, com a formação da comissão eleitoral e de um regimento eleitoral, foram aprovadas simbolicamente, pois os atuais diretores se recusaram a colocar para votação e saíram do auditório sob vaias e gritos de “ih, fora!” dos presentes.

Para Gabriel Magalhães, professor do câmpus Satuba, esse tipo de atitude mostra que essa direção é antidemocrática e não possui condições de conduzir nem a greve nem as eleições. “Na greve dos Garis do Rio de Janeiro e na dos Rodoviários do Rio Grande do Sul vimos exemplos de que a categoria pode fazer a luta sem depender de direções burocratizadas que se agarram em estatutos obsoletos para se perpetuar nas direções dos sindicatos”, afirmou Magalhães.

Redação, Alagoas

Fascistas da Venezuela planejam ações violentas na próxima semana

AécioUm plano de ações violentas está preparado para ocorrer na Venezuela entre os próximos dias 21 e 27 de junho, de acordo com informações de diversos movimentos populares daquele país. As ações devem ser orquestradas pela extrema direita do país e contam, como sempre, com forte financiamento do exterior.

As ações coincidem com as comemorações da batalha de Carabobo que ocorrem no próximo dia 24 e relembro um evento histórico importante para a Venezuela: a vitória do exército de libertação de Simón Bolívar sobre os exércitos colonialistas espanhóis.

O objetivo é se aproveitar da deterioração do abastecimento no país para desestabilizar o governo de Nicolás Maduro e criar as condições para uma nova tentativa de golpe. Mais uma vez, o governo da Venezuela se vê diante de uma encruzilhada onde as vacilações em implantar de fato as transformações socialistas não têm mais lugar.

É exatamente neste contexto que se insere a visita oportunista de Aécio Neves e Aloysio Nunes, senadores do PSDB, no dia de hoje em Caracas. Os senadores do PSDB viajaram em avião da Força Aérea Brasileira – FAB, cedido pelo ministro da defesa Jaques Wagner (PT), e tentaram criar um fato político ao desembarcar na capital venezuelana afirmando que o governo de Madura havia proibido a viagem. Uma vez desmentidos, os senadores foram cercados por manifestantes na saída do aeroporto e retornaram ao Brasil após desistirem de passar pelo trânsito da cidade.

A confrontação social na Venezuela tende a crescer no próximo período e a postura dos senadores do PSDB apenas reafirma que o destino do processo venezuelano diz respeito a todos os povos da América Latina.

Da Redação.

Ex- Pantera Negra é liberto nos EUA após 43 anos na solitária

pantera 2No ultimo dia 8 de junho, a justiça americana mandou soltar Albert Woodfox, ex-integrante do Pantera Negra, após ter passado 43 anos em uma solitária. Albert foi preso por roubo no final dos anos 60, durante uma campanha do FBI para desmantelar o movimento negro americano, que tinha no partido dos Panteras Negras a maior referência, sobretudo após o assassinato de Malcolm X em 65, na luta contra a segregação e racismo que imperava no país, de forma aberta, naquela época. Em 1972, já na cadeia, Albert recebeu nova acusação: ter assassinado um dos carcereiros à faca. Levado para a solitária passou os últimos 43 anos totalmente isolado, tendo como direito apenas uma hora de banho de sol por dia.

A soltura de Albert Woodfox acende o debate sobre os falsos mitos dos direitos humanos e da democracia norte-americana. Na verdade, a acusação de assassinato dentro da própria cadeia foi para calar Woodfox, que não parou de exercer sua militância e organizava os próprios presos dentro da cadeia. Sua principal bandeira era o questionamento dos abusos sofridos pelos detentos e a falta de direitos humanos nos presídios americanos. Com o advogado cedido pelo partido e negado pelo tribunal, uma das testemunhas de acusação ser um cego, a própria viúva de o carcereiro assassinado ter alegado a inocência do acusado, a prisão foi revogada três vezes seguidas sobre o argumento de racismo no julgamento e até o polígrafo (detector de mentiras) ter atestado a inocência do mesmo, Albert Woodfox e mais dois companheiros líderes dos Panteras Negras (Robert King, solto em 2001, depois de 29 anos de cadeia e Herman Wallace, que morreu em 2013, três dias depois de ser solto, vítima de câncer no fígado. Só foi solto por conta da saúde fragilizada) continuou preso de maneira arbitrária e com a conivência do Estado. Um prisioneiro político.

Albert Woodfox foi o ultimo dos chamados “Três de Angola”, nome dado à penitenciária em Louisiana, construído em uma antiga plantação onde negros escravos realizavam trabalhos forçados. Ele sai da cadeia depois de 43 anos, a saúde totalmente debilitada pelas condições de sua prisão. Ele adquiriu diabetes, insônia, hipertensão e problemas renais devido aos anos de reclusão.

Sem dúvida, a prisão de nomes como Albert Woodfox ou Abu-Jamau, outro ex-líder dos Panteras Negras, também preso por sua militância desde 81, mostram como a repressão sobre o movimento negro americano, o racismo e a perseguição aos grupos políticos de esquerda estão enraizados na sociedade norte-americana. Os EUA são pioneiros na criação de cadeias privadas, totalmente alheias aos direitos humanos em detrimento do lucro fácil. Até a quantidade de presos é motivo para lucrar, porém, apesar do país ainda possuir a maior população carcerária do mundo (2,3 milhões de pessoas, segundo pesquisa de 2009 do King’s college London, uma das maiores instituições de ensino superior do Reino Unido) está longe de resolver problemas crônicos como a violência, a reeducação do detento ou o fim da segregação racial, ainda presente no país. Mais: estima-se que cerca de 50 mil presos americanos vivem em solitárias, o que segundo a ONU é um tipo de tortura, como ocorre na base de Guantánamo (presídio estadunidense no território cubano de segurança máxima) denunciada diversas vezes por órgãos internacionais de direitos humanos e movimentos sociais, inclusive americanos.

É inaceitável ter em pleno século 21 seres humanos serem tratados como na época da Idade Média, presos em verdadeiras masmorras e esquecidos do tempo e do mundo. Ainda mais: como um país que se diz o berço da democracia pode conviver com esse tipo de realidade? É mais uma mentira e uma falsa máscara que cai por terra dessa farsa chamada capitalismo.  Uma sociedade que se diz defensora dos direitos humanos e possui esse tipo de tratamento não pode ser considerada uma nação livre, muito menos democrática. A realidade é outra: capitalismo e liberdade são duas coisas que não se misturam, de forma alguma.

 

Clóvis Maia- Pernambuco. 

Direção do IBGE impede participação de servidores temporários em congresso da categoria

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Às vésperas do XI Congresso da Associação dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatística (AssIBGE), sindicato nacional dos servidores do IBGE, a direção executiva do instituto cometeu um novo ataque à livre organização.
Os servidores temporários eleitos delegados para o congresso não tiveram liberação de ponto para participarem do evento, abono garantido aos delegados que são servidores efetivos. Ao se manifestar a respeito, a direção do instituto afirmou que “a administração do IBGE não vislumbra razões de interesse público, ao autorizar o afastamento dos trabalhadores temporários, considerando a natureza transitória dos seus contratos de trabalho”.
Não bastasse a discriminação flagrante da direção do IBGE no tratamento de seus servidores, não foi garantida a autorização para os temporários compensarem suas faltas no trabalho devido à participação no congresso. Com isso, pior que desconto no salário, o próprio emprego do servidor temporário estaria em risco, pois seu contrato é renovado mensalmente de acordo com as necessidades de trabalho, disponibilidade de recursos orçamentários da instituição e de acordo com a nota da avaliação de desempenho, que leva em consideração, dentre outros critérios, a assiduidade do trabalhador. Se for mal avaliado em tal conceito, sua nota final poderia baixar a ponto de ser desligado do instituto.
Toda essa intimidação é uma clara tentativa de impedir que a parcela mais precarizada do IBGE se organize e lute mais incisivamente por direitos. Os temporários do IBGE correspondem a quase metade do total de servidores desta instituição.
O Congresso da AssIBGE, a ser realizado entre os dias 15 e 19 de junho, em Paty dos Alferes, no Rio do Janeiro, já começa com um grande papel a cumprir: denunciar que a direção do IBGE continua a perseguição aos que se mobilizam e lutam por direitos, e que ela é mais dura aos trabalhadores em condições contratuais mais frágeis, como as dos temporários. Na greve realizada em 2014, a direção do IBGE não teve dúvidas em demitir 169 trabalhadores temporários grevistas. Diante da crescente precarização do trabalho no IBGE e aos tantos ataques ao direito de organização, combatividade deve dar o tom na atuação da nova gestão da AssIBGE, para travar as lutas necessárias em defesa da instituição e em defesa dos trabalhadores.

Trabalhadores do IBGE em São Paulo