UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

segunda-feira, 8 de setembro de 2025
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CARTA | Por um jornal e um partido cada vez mais fortes

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O crescimento do trabalho do jornal A Verdade é um caminho seguro para o fortalecimento do partido e dos movimentos sociais. Em carta, brigadista conta: a atenção com a realização das brigadas, a escrita de matérias e o apoio ao desenvolvimento dos camaradas já trouxe frutos em várias regiões

Ignis Medina | Fortaleza (CE)


Não é novidade alguma a importância que os bolcheviques deram ao jornal de partido e o poder organizativo que esse instrumento trouxe à experiência soviética. Dito isso, é preciso que olhemos ao nosso redor e analisemos: fazemos o suficiente para construir um jornal e um partido leninista, camaradas?

“Mas o que se pretende com isso?”, o leitor pode pensar. Quando pensamos o papel do Pravda na revolução bolchevique, vemos que ele foi crucial de tal maneira que as próprias massas trabalhadoras ajudaram com a estruturação do jornal, conquistou-se uma enorme demanda do povo pela leitura de suas matérias e sua tiragem chegou à periodicidade semanal. Isso tudo em plena repressão czarista.

A realidade do Brasil exige um jornal de igual estatura, se não melhor. Em nosso país, trabalhamos cada vez mais, as leis trabalhistas estão sendo destruídas, as terceirizações são crescentes, a escala 6 por 1 é uma realidade corriqueira do nosso povo, quase 30% dos lares brasileiros enfrentam algum tipo de “insegurança alimentar” — nome burocrático para fome –, a cada poucos segundos uma mulher sofre algum tipo de violência, somos o país que mais mata pessoas trans no mundo por anos consecutivos e vemos uma crescente população em situação de rua todos os dias ao sairmos de casa.

O capitalismo brasileiro e mundial está em crise, e o nosso povo sente isso das formas mais profundas e brutais. É por isso, camaradas, que a Unidade Popular cresce em ritmo tão acelerado. Cada vez mais perde-se a esperança nesse sistema. Mas é tarefa do jornal A Verdade, construído por nós, de mostrar que há esperança e que há outro sistema, que será feito pelo próprio povos brasileiro: o socialismo.

O que os bolcheviques fizeram seria impossível sem a disciplina proletária. Em nosso caso, nada mais que justo que nossa ação siga a mesma linha para que alcancemos, por consequência, o mesmo resultado. Como vai a organização com nossas brigadas, nossa cotização e prestação de contas? Ela está organizada em cada cidade e cada estado que constrói o partido? Se não, vamos garantir uma análise, uma crítica e um planejamento para implementar uma organização de fato leninista.

Esse exemplo já é alcançado pela nossa militância em diversos lugares pelo país. Em Santa Catarina, a forte agitação feita pelos brigadistas do jornal A Verdade conseguiu mobilizar uma greve dos operários do setor pesqueiro, trabalho construído pelo Movimento Luta de Classes (MLC) e pela Unidade Popular (UP) em Itajaí. Há também o exemplo do Ceará, que realizou a maior brigada da sua história, vendendo 384 jornais nos locais de trabalho da União da Juventude Rebelião (UJR), mas que hoje tem dificuldade de mobilizar o mesmo número de vendas de jornal. Essas experiências provam que conseguimos desempenhar ótimos trabalhos quando damos mais atenção ao jornal.

É, mais do que nunca, necessário que o povo brasileiro quebre suas correntes, revolucione seu país e construa uma realidade de verdadeira liberdade. Ainda assim, a disciplina é uma das principais questões que impedem e atrasam o trabalho revolucionário. Não entendemos a pressa da corrida pelo mundo que ocorre a cada momento, com notícias à cada semana sobre a emergência climática que o mundo vive, as más condições que os trabalhadores passam, a fome, a morte, a guerra.

Ainda assim, disputamos essa batalha ideológica contra o individualismo e o comportamento liberal que nos é vendido cotidianamente pelo capitalismo. É, mais do que nunca, essencial que tomemos como exemplo os camaradas Che, Lênin, Manoel Aleixo, Manoel Lisboa e tantos outros que construíram sua disciplina com muita perseverança e, acima de tudo, muito amor ao povo.

Cada um de nós deve se ver como um representante do jornal em nosso bairro ou nossa cidade e como um agente político capaz de fazer denúncias e escrever sobre sua realidade local justamente por ser um morador. A tarefa e prática de escrever matérias não pode ficar para um ou outro camarada, mas sim ser compartilhada entre cada estudante, trabalhador, mulher, lutador dos bairros, todos nós! Quando deixamos de escrever, além de renegarmos a prática de uma atividade essencial dos comunistas, causamos sobrecargas a outros militantes. Ou seja, também é uma questão de disciplina e de nosso convencimento ideológico quando escrevemos ou não uma matéria.

Se vemos a venda do jornal como um termômetro do avanço dos revolucionários em nosso país, a participação nas brigadas também pode ser avaliada assim. Quantos filiados temos, em comparação com a participação nas brigadas? Um exemplo: às vezes, uma região tem trinta filiados, mas dez aparecem para a atividade. Nos animamos, já que dez pessoas participaram da brigada, mas esquecemos que vinte ainda não estão ganhas para nossas mobilizações.

Apesar disso, a responsabilidade de incentivar o aprofundamento da relação com o nosso jornal jamais pode ser individual. Sendo assim, é preciso que os núcleos da Unidade Popular e dos movimentos sociais manifestem a importância desse trabalho, parabenizando os camaradas que conseguirem desempenhá-lo bem e apoiando os que precisam de mais orientação. Devemos criar atividades que energizem a militância de base a participar mais da construção do A Verdade.

É com exemplos assim que poderemos começar a entender melhor a potência que o jornal tem em nossa mobilização e organização cotidiana. Com uma imprensa socialista mais forte, nosso partido alça vôo, levando com ele o Brasil para a revolução.

Fred Hampton: herói da luta revolucionária da juventude negra

Dirigente do Partido dos Panteras Negras, Fred Hampton foi um militante comunista muito capaz desde a juventude. Por sua luta, ele foi perseguido e assassinado pelo programa de Inteligência do FBI aos 21 anos, em 1969

Gabriela Torres | Redação PR


LUTA POPULAR – A necessidade do sistema capitalista de se alimentar de bases escravocratas incitou em inúmeros jovens negros de todo o mundo a iniciativa de tomar o protagonismo da luta revolucionária. Fred Hampton, dirigente do Partido dos Panteras Negras nos Estados Unidos, foi um desses socialistas. No último dia 30 de agosto, se vivoele teria completado 76 anos.

Frederick Allen Hampton nasceu na periferia da cidade de Chicago, originário de uma família de operários de uma fábrica de amido. Seus pais participaram da Grande Migração Negra, como ficou conhecida a saída em massa de negros norte-americanos do Sul do país para fugir das leis segregacionistas.

Desde muito jovem, Hampton demonstrava revolta com a forma como a sociedade estava organizada: ainda adolescente, organizou atos contra a violência policial e atuou no movimento estudantil através da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor. Ele se tornou estudante de Direito para confrontar o Estado, e rapidamente se tornou um comunista: para destruir as bases racistas da sociedade, era necessário pôr fim à lógica de exploração da propriedade privada, e apenas com o fim do capitalismo os negros e as negras poderiam se libertar das amarras escravocratas que se mantém até hoje.

A militância nos Panteras Negras

Aos 20 anos de idade, se filiou ao Partido dos Panteras Negras, uma organização marxista-leninista que atuava com uma política de autodefesa entre a juventude negra dos guetos e que em pouco tempo conquistou o posto de “principal ameaça à segurança nacional” para a inteligência do FBI, a polícia federal norte-americana.

Dentre as principais lutas práticas do partido estava a política de cafés da manhã coletivos nas comunidades, que chegou a alimentar mais de dez mil crianças fixamente em cidades como Oakland, Chicago e Seattle; havia também um programa de supervisão comunitária às ações da polícia militar nos bairros pobres, estimulado por uma formação política oferecida aos moradores, que começaram a inspecionar os abusos da corporação nos guetos negros.

Hampton se destacava pela sua fala inflamada e apostava no trabalho de massa como o principal agente de transformação na luta pelo socialismo: organizou um pacto de não-agressão entre gangues locais de Chicago para parar a violência entre os jovens negros, desenvolveu a política nomeada Coalizão Arco-Íris (uma frente de solidariedade de classe que, além da população negra, contemplava movimentos de brancos pobres, comunidades indígenas e das populações de origem porto-riquenha, mexicana e chinesa) e em pouco tempo foi eleito vice-presidente nacional de seu Partido.

Por ser um grande agitador e organizador, Hampton estava se tornando uma referências para os negros e a juventude revolucionária não só dos Estados Unidos, mas de todo o mundo.

“Acredito que vou morrer fazendo o que nasci para fazer”

A repressão do FBI esteve presente desde o início da trajetória de Fred Hampton, de prisões após participar em manifestações pacíficas até acusações forjadas por policiais. A partir da COINTELPRO, um programa de inteligência do FBI montado para investigar e destruir o Partido dos Panteras Negras, o Estado conseguiu infiltrar na organização o seu agente William O’Neal, um informante que se tornou guarda-costas de Hampton e forneceu as informações necessárias para que ele fosse pego pego em uma emboscada no seu próprio apartamento.

Hampton foi sedado para não reagir aos 15 policiais que invadiram a sua casa e espancaram sua companheira grávida de oito meses. Após empregar uma enorme violência contra todos os militantes que estavam presentes no apartamento naquela noite, o FBI assassinou Fred Hampton, aos 21 anos de idade, em uma operação de poucos minutos com mais de 80 tiros disparados.

A brutalidade da morte do chamado Messias Negro revoltou as comunidades negras e preencheu as ruas de várias cidades em uma onda de manifestações que chegou a destruir viaturas e postos policiais locais. Mais de cinco mil trabalhadores acompanharam e se emocionaram no funeral daquele jovem líder comunista, que deixou um legado para todos os jovens negros que decidem dedicar as suas vidas à construção da sociedade socialista e à destruição do racismo.

Bancários do MLC-DF: Contra o acordo com a Fenaban, lutar por mais conquistas!

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Na negociação coletiva dos bancários, o comando da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (CONTRAF/CUT) se prepara para aceitar a proposta rebaixada de acordo salarial oferecida pelos banqueiros. Em nota, Núcleo de Bancários do Movimento Luta de Classes do DF convoca a categoria a votar NÃO ao acordo e preparar uma forte mobilização grevista

Redação DF


O Núcleo de Bancários do Movimento Luta de Classes do Distrito Federal (MLC-DF) tem a obrigação de revelar a farsa que está sendo vivida neste período de negociações com os bancos. Enquanto o comando nacional da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (CONTRAF/CUT) finge que luta por melhorias, na realidade, eles aceitam qualquer migalha que os bancos oferecem e vendem isso para a categoria como uma grande vitória.

Os sindicatos que tratam esse acordo ridículo como uma vitória acabam desmobilizando a categoria, ao invés de uni-la. Os pelegos estão apenas aceitando as migalhas que os bancos ofereceram sem nem contestar. Falam que lutaram e pressionaram o máximo que deu, mas se recusam a mobilizar a categoria para uma greve.

A conciliação e o medo pelego

O índice de aumento oferecido na proposta da Federação Nacional dos Bancos (FENABAN) que os negociadores do comando nacional propõem que os bancários aceitem prevê um aumento de apenas 0,7% acima da inflação, um aumento inferior até àquele dado pelo governo ao salário mínimo. Isso é uma destruição do histórico de luta da categoria de bancários, que sempre foi vanguarda nas lutas trabalhistas, tendo grandes conquistas históricas, como a jornada de 6 horas. Tudo, claro, sempre arrancado com muita luta.

Já hoje em dia, as mesmas pessoas que deveriam estar à frente dessas lutas são as que dizem que não temos forças e que os funcionários não aderem à greve, mesmo com a própria base implorando por uma mobilização e tomando iniciativa de protestos nos comentários da Internet enquanto aguarda alguma mobilização do sindicato. A direção se perde num discurso derrotista de que não deveríamos nos arriscar a perder o que já foi oferecido e garantir que não perderemos nenhum direito. Enquanto isso, seguem ignorando todas as perdas históricas da categoria, como o fim da licença prêmio, a diminuição dos salários após a implementação do plano real e a perda de planos de saúde na aposentadoria para funcionários contratados após 2018 no Banco do Brasil e na Caixa.

Uma das propostas do acordo específico do Banco do Brasil trata do processo de demissão sem justa causa, que foi considerado legal pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ainda este ano, uma grande perda para os funcionários de empresas públicas e sociedades de economia mista. Essa proposta tem um texto confuso, pois, apesar do sindicato dizer que ela existe para nos defender da decisão do STF, parece mais que veio para ajudar o banco a abusar disso, sem deixar margem para defesa dos funcionários.

Os sindicatos pelegos insistem em dizer que o texto ainda está sendo analisado e deve sofrer alterações. Mas como podemos votar em uma pauta que não conhecemos?

Nenhum passo atrás

Precisamos ser uma alternativa junto aos bancários! Não temos obrigação de aceitar essa proposta, apesar da indicação das direções sindicais ligadas a CONTRAF/CUT de que deveríamos. Ainda há tempo de votar não na assembleia e garantir uma proposta justa aos bancários que geram tanto lucro com seu trabalho e usufruem tão pouco do mesmo. É preciso lutar para conquistar novos direitos, um aumento digno, como já foi feito no passado pela categoria bancária em diversas ocasiões.

Ao contrário do que as direções pelegas vêm tentando mostrar, a nossa classe tem, sim, muita força, e, mesmo com todos os fatores de desmobilização, a própria base já se mostra mais do que disposta a lutar por melhorias nas nossas condições de trabalho. Portanto, convocamos todos os bancários a VOTAR NÃO para essa proposta e dizer SIM À GREVE.

Israel já destruiu 85% das escolas da Faixa de Gaza

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477 das 564 unidades escolares da Faixa de Gaza já foram destruídas por Israel deste outubro de 2023, revelam dados das Nações Unidas. Todas as 12 universidades do enclave palestino também foram bombardeadas.

Guilherme Arruda | Redação SP


Na Palestina, assim como na maioria dos países do Hemisfério Norte, um novo ano escolar deveria começar neste mês de setembro. Porém, 85% das escolas da Faixa de Gaza foram destruídas ou danificadas pelos bombardeios de Israel desde o início da guerra, segundo informações do Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, o que inviabiliza o início das aulas para as crianças.

Em números concretos, 477 das 564 unidades escolares já foram atingidas pela campanha genocida que as tropas israelenses promovem no enclave palestino desde outubro do ano passado. Pelo menos 625 mil crianças e adolescentes estão sendo afetadas pela destruição do sistema escolar de Gaza, dizem as Nações Unidas.

As cifras revelam a falsidade da alegação feita por Israel de que seu Exército teria invadido a Faixa de Gaza apenas para enfrentar “terroristas”, forma caluniosa dos sionistas se referirem à resistência palestina. Toda a infraestrutura de educação, saúde, transporte e saneamento da Palestina está sendo atingida pela destruição sistemática ordenada pelo primeiro-ministro fascista Benjamin Netanyahu.

Educação palestina na mira

Além das escolas, as instituições de ensino superior também são um alvo da violência do sionismo na atual guerra. Todas as 12 universidades sediadas na Faixa de Gaza foram bombardeadas por Israel, revela o mesmo relatório da ONU. Por conta dessa situação, 88 mil estudantes universitários palestinos se encontram impedidos de continuar sua formação de nível superior.

Apesar do estrangulamento promovido pela ocupação israelense, a Educação na Palestina registrou ótimos resultados nas últimas décadas. Recentemente, a Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos, concluiu que “os palestinos têm uma das taxas de alfabetização mais altas do mundo”. As estatísticas mais recentes apontam que há menos de 2% de analfabetismo na nação árabe.

Da mesma forma, a população palestina possui uma das mais altas taxas de pós-graduação de todo o Oriente Médio. Apesar disso, 70% dos mestres e doutores de Gaza estavam desempregados antes da guerra, já que Israel os impede de sair do enclave para trabalhar e levar recursos para suas famílias empobrecidas pelo cerco.

Os ataques contra 85% das escolas e 100% das universidades de Gaza indicam que a intenção do governo de Netanyahu nesse genocídio que já custou a vida de mais de 40 mil palestinos, além de matar o máximo possível, é negar o direito à educação daqueles que sobreviverem.

Em todo o mundo, o povo têm organizado grandes manifestações contra essas demonstrações da desumana violência israelense e pela liberdade da Palestina. No Brasil, a Unidade Popular (UP) aprovou moção em solidariedade ao povo palestino em seu último congresso e seus militantes estão participando ativamente das mobilizações de denúncia dos crimes de Israel na Faixa de Gaza.

Operação resgata 91 trabalhadores escravizados em Pernambuco

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Denúncias conduziram operações que resgataram 91 trabalhadores em uma situação que o Ministério Público do Trabalho definiu como “análoga à escravidão, em Pernambuco, 73 estavam trabalhando em obras de condomínios de luxo em praias no litoral sul do estado.

Redação PE


BRASIL – O Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) do Ministério do Trabalho e Emprego, realizou operações contra trabalho escravo, expondo a realidade de exploração e violação de direitos humanos no estado de Pernambuco. Durante as investigações, 91 trabalhadores foram resgatados, sendo 73 deles encontrados em apartamentos de luxo no litoral sul do estado.

As operações, realizadas por conta de denúncias, revelaram as condições em que os trabalhadores estavam submetidos, como jornadas exaustivas e ausência de contratos formais de trabalho. O caso mais grave foi identificado em um canteiro de obras no município de Tamandaré, onde 45 trabalhadores estavam alojados em barracos improvisados, sem acesso a saneamento básico, em condições de extrema insalubridade.

Os trabalhadores, vindos de diversas regiões do Brasil, relataram que foram atraídos pela promessa de empregos, mas acabaram em uma situação de extrema vulnerabilidade. Além da falta de pagamento, muitos afirmaram que eram constantemente ameaçados e impedidos de deixar o local.

As empresas envolvidas nas obras enfrentam agora sérias acusações. Além de serem obrigadas a regularizar a situação dos empregados e a pagar os valores devidos, as empresas podem enfrentar pesadas multas.

O caso expôs a preocupante realidade que o sistema capitalista apresenta atualmente que é o trabalho escravo contemporâneo no Brasil, particularmente em indústrias que envolvem investimentos em grande escala e desenvolvimento imobiliário de luxo e que a grande mídia, as leis e o poder público parecem ignorar ou esquecer.

As inspeções continuam e novas ações devem ser tomadas nos próximos dias para garantir que os direitos dos trabalhadores sejam protegidos bem como as denúncias por parte dos trabalhadores para barrar esse absurdo.

Reforma Trabalhista agrava luta de classes

Exploração para quem tem emprego formal e desemprego para outros tantos milhões. Foto: ATS
Exploração para quem tem emprego formal e desemprego para outros tantos milhões. Foto: ATS

A aprovação da Reforma Trabalhista em 2017 (Lei 13.467/2017), que, na prática, despreza os direitos trabalhistas, dificultou consideravelmente a luta pelo combate à exploração de trabalhadores escravizados. Essa mudança na legislação criou um ambiente que facilita a exploração dos trabalhadores, agora amparada pela legalidade.

Desde 2021, o número de denúncias de trabalhadores escravizados tem crescido. Em 2021, foram registradas 1.915 denúncias, número que subiu para 2.119 em 2022 e alcançou 3.422 em 2023. Para comparação, o recorde anterior havia sido registrado em 2013, com 1.743 denúncias. Em todo o Brasil, entre 19 de julho e 28 de agosto, 593 pessoas foram resgatadas em 15 estados diferentes. 

“O capitalismo é uma escravidão assalariada”

Canavieiros trabalham debaixo de sol e de chuva para cortar toneladas de cana por dia. Foto: Verena Glass
Canavieiros trabalham debaixo de sol e de chuva para cortar toneladas de cana por dia. Foto: Verena Glass

Como se pode falar que o fim da escravidão no Brasil foi em 13 de maio de 1888, se, mais de 100 anos depois, o nosso povo ainda é explorado nas mesmas condições? Como podemos falar em democracia, se a maioria do povo não participa das decisões de poder? A classe trabalhadora não foi consultada quando o governo do golpista Michel Temer aprovou a Reforma Trabalhista, e muito menos quando o governo fascista do Bolsonaro aprovou a Reforma da Previdência, em 2019. Mesmo ano em que concedeu renúncias tributárias e incentivos fiscais às empresas, muitas delas multinacionais, um total de R$ 306,4 bilhões.

Ludmila Outtes, coordenadora do Movimento Luta de Classes e candidata à prefeitura do Recife, destaca que “o capitalismo é uma escravidão assalariada e situações como essa só comprovam isso. O que vale é o lucro acima da vida e o que for possível fazer pra aumentar os lucros será feito, inclusive explorar ao máximo a classe trabalhadora. E a Reforma Trabalhista aprovada em 2017 só aprofundou isso. Hoje, com a Reforma e a possibilidade do trabalho intermitente, o próprio salário mínimo não existe mais para uma parte dos trabalhadores. Isso porque se ele só recebe as horas trabalhadas, não há garantias que no final do mês ele receberá o salário “cheio”, aprofundando a miséria e a exploração. E tudo sob a chancela do Estado e da justiça.”

A condição do povo no capitalismo é de miséria e exploração. Esse sistema adoece a juventude, tira a perspectiva de vida das pessoas a nível individual e, especialmente, coletivo. Enquanto a maioria da sociedade, o proletariado, trabalha e produz riquezas; uma minoria, representada pelos burgueses, a classe capitalista, se apropria dessas riquezas.

Por fim, Ludmila reforça que “a nossa luta não pode ser só pela revogação das reformas fascistas. Elas são só uma face da exploração capitalista. Mas enquanto houver a apropriação das riquezas, a propriedade privada dos meios de produção, ainda teremos exploração. Então a única solução real pra classe trabalhadora e pro fim da escravidão é destruir o capitalismo e construir uma sociedade socialista.”

Ato denuncia despejo da Ocupação Chico Mendes em Belém

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A reintegração de posse contra a Ocupação Chico Mendes na última sexta-feira (30/8), em Belém (PA), contou com um enorme aparato de repressão da Polícia Militar e unidades da Polícia Federal. Nenhuma alternativa foi oferecida às 80 famílias que perderam seu teto.

Redação PA


Na última sexta-feira (30/8), 80 famílias foram despejadas da Ocupação Chico Mendes, no centro da cidade de Belém. A ocupação foi organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) para garantir os direitos de seus moradores à habitação, segurança e alimentação digna. O prédio ocupado estava abandonado desde 2012, sem cumprir função social.

A Receita Federal se apresentou como proprietária do imóvel e pediu reintegração de posse sem propor qualquer alternativa para as famílias que lá estavam. Essas famílias já haviam sofrido com o processo de desocupação promovido pelo Estado contra a antiga Ocupação Dandara dos Palmares, realizada no ano de 2022 no centro de Belém.

O despejo foi realizado no dia em que a Ocupação Chico Mendes do  MLB Pará celebrava seus 20 dias de existência. Injusta e sem diálogo com as famílias, a repressão contou com o uso de aparato militar desproporcional pelas forças de segurança.

Logo após o despejo, apoiadores e famílias que moravam na ocupação realizaram uma manifestação denunciando o ocorrido. “Olham pra gente com preconceito sendo que a gente não tem onde morar e o prefeito não ajuda em nada. Com o auxílio que a gente recebe de 600 reais, ou a gente come ou paga aluguel. Eu tenho três filhos. Moro de aluguel. Todo mês fico na correria. Preciso muito mesmo de uma moradia, um lugar digno para morar”, disse uma das moradoras da Ocupação Chico Mendes.

Embrião de uma nova sociedade, ocupações como a Chico Mendes são uma representação do poder do povo, quando os explorados e oprimidos decidem o rumo de sua história. A água, cozinha, alimentação, educação, creche, lazer e cultura existiam para todos da Ocupação, e não somente para uma minoria.

A decisão desumana da juíza que autorizou a reintegração de posse não leva em conta a vida dessas famílias e demonstra que, para a Justiça burguesa, é mais importante a manutenção da propriedade privada de um imóvel vazio do que o direito fundamental e humano da moradia digna.

O MLB ressalta que as famílias da Ocupação Chico Mendes devem ter seus direitos respeitados e a moradia digna garantida. Para o movimento, enquanto a população viver em barracos de papelão, de favor na casa de parentes, em áreas de risco, calçadas, praças e debaixo de viadutos, ocupar será um dever revolucionário.

Famílias sem-teto construíram mais casas que o poder público em Belo Horizonte

Relatório da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Câmara Municipal de Belo Horizonte escancara contradição. Desde 1994, programas habitacionais do Estado entregaram 18 mil casas, 7 mil a menos que as ocupações dos movimentos de moradia

Redação


Após décadas de luta dos movimentos populares em prol da reforma urbana e pelo direito à moradia digna, no ano de 2000, finalmente o direito à moradia foi incluído na Constituição brasileira. Em julho de 2001, houve a conquista da Lei 10.257, o “Estatuto das Cidades”, que prevê uma série de instrumentos para viabilizar e garantir o direito à moradia. Certo, mas, agora, quem se responsabiliza em garantir esse direito?

Relatório da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor, da Câmara Municipal de Belo Horizonte, aponta que, entre os anos de 1994 e 2018, o poder público municipal entregou 6.376 moradias através dos programas Vila Viva e Drenurbs e mais 3.527, através de outros programas. Se somarmos a estes números as unidades entregues pelo programa federal Minha Casa, Minha Vida, os números chegam perto de 18.500 unidades.

Por outro lado, se somarmos o que foi produzido de moradia de forma independente pelas ocupações organizadas pelos movimentos sociais, veremos que o número é muito superior. Mais de 25 mil famílias conquistaram suas casas na luta das ocupações em Belo Horizonte. Esse número considera apenas um período mais recente, de 2009 em diante, pois é difícil identificar os processos mais antigos de ocupações pelo grau já consolidado de urbanização dos territórios e reassentamentos.

Isso reforça a importância de um movimento organizado e combativo como o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Somente quando as famílias decidiram não carregar mais a pesada cruz do aluguel, quando afirmaram que não passariam mais pela humilhação de morar de favor, quando levantaram a cabeça e decidiram romper com a exploração imposta pela especulação e encararam de frente os ricos e suas propriedades, foi que finalmente a casa saiu, na marra!

“Está claro como a luz do Sol que o Estado atual não pode, nem quer remediar a tragédia da falta de moradias. O Estado nada mais é que a totalidade do poder organizado das classes dominantes, dos proprietários de terras e dos capitalistas em confronto com as classes espoliadas, os agricultores e os trabalhadores. O que não querem os capitalistas individuais tampouco quer o seu Estado. Portanto, embora individualmente o capitalista simule lamentar a escassez de moradia, dificilmente moverá um dedo mesmo que superficialmente para diminuir as consequências terríveis, e o capitalista global, o Estado, também não fará mais do que isso.” (Sobre a questão da moradia, F. Engels)

Engels já nos apontava que não se trata de boa ou má vontade, mas sim que é impossível resolver o problema da habitação sem um profundo combate aos ricos e sem uma revolução que dê cabo a toda a exploração. Afinal de contas, qual pobre tem dinheiro o suficiente para ter um prédio no Centro da cidade, e se dar ao luxo de deixá-lo abandonado? Quem são os donos das grandes propriedades abandonadas, que não cumprem nenhuma função social?

Diante da incapacidade do Estado burguês para resolver tal problema e dos altos preços dos aluguéis, o caminho dos pobres sempre foi a luta, sendo as ocupações urbanas verdadeiras ferramentas de combate à especulação imobiliária e de construção do poder popular.

Matéria publicada na edição nº 297 do jornal A Verdade

Mais de duas mil famílias vivem em ocupações no Centro do Rio

Levantamento do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur/UFRJ) desnuda falta de políticas de habitação na cidade. Famílias das ocupações do Rio de Janeiro afirmam que seguirão lutando por moradia popular

Paula Guedes | Rio de Janeiro (RJ)


Um levantamento do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com o Observatório das Metrópoles e a Central de Movimentos Populares, divulgado no último mês de julho, mapeou que existem 69 ocupações de imóveis abandonados no Centro do Rio de Janeiro que abrigam 2.435 famílias sem teto. O estudo também aponta que mais de 500 crianças vivem nessas ocupações e, ainda, que a maioria dos moradores é composta por pretos ou pardos (85,2%), sendo que aproximadamente 70% são mulheres.

As famílias que vivem nesses imóveis relatam que ocuparam devido à falta de alternativas de moradia digna a preços acessíveis. A maior parte busca as ocupações como refúgio após não terem conseguido se estabelecer em outros locais, devido à violência, à distância do Centro ou o preço alto dos aluguéis em imóveis regulares.

O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) organiza famílias sem-teto em todo o Brasil e, no Rio de Janeiro, tem organizado as famílias que moram nestas ocupações, além de realizar novas ocupações para dar condições dignas de moradia a essa população.

Enita Pereira, de 59 anos, é cuidadora de idosos e uma das representantes dessas famílias organizadas no MLB. Ela mora numa ocupação espontânea no Centro e conta que se mudou para a ocupação após passar por um despejo: “Eu morava numa casa que desabou após uma ventania e a Defesa Civil interditou tudo. Depois do desabamento, eu procurei o MLB porque estava abrigada numa igreja, mas tinha uma filha pequena e não tinha condições de pagar um aluguel com o salário que eu recebia”.

Enita então participou da Ocupação Luiz Gama, organizada pelo MLB no Centro da cidade, que garantiu moradia digna para 70 famílias. “A nossa situação lá não era fácil. A Polícia manteve um cerco sobre a gente por mais de um mês e não deixava nem água entrar”, conta outra moradora, Alessandra Melo, de 38 anos, mãe de Sophia, dez anos, e de Raí, dois anos. “Mesmo assim, eu gostava muito de morar lá. Meus filhos eram cuidados pelas creches dos jovens e todas nós cuidávamos da cozinha, que servia café, almoço e janta todos os dias”, relata Alessandra.

Um mês após a Ocupação, a Justiça determinou o despejo das famílias, sem nenhuma solução temporária. Mas a luta deu resultado: Enita e Alessandra fazem parte do grupo de 110 famílias do MLB que serão contempladas em dois habitacionais na região central do Rio de Janeiro, com previsão de início das obras ainda neste ano.

A conquista do Movimento é muito importante, mas, infelizmente, ainda é uma exceção. Para a grande maioria das famílias que vivem em ocupações no Centro, os Governos Estaduais e Municipais não oferecem auxílios imediatos e nem soluções permanentes. Exemplo disso é que, em julho deste ano, a Secretaria Municipal de Habitação, que já não conta com programas próprios, ainda sofreu um corte de quase R$ 230 milhões por determinação direta do prefeito Eduardo Paes (PSD).

Hoje, o programa Minha Casa, Minha Vida tem sido o principal programa social relacionado a moradia no país, mas ainda sofre com problemas. Marcia Valêncio, trabalhadora doméstica, de 50 anos, conta sua experiência de morar em um condomínio do programa, em Senador Camará, a quase 40 km do Centro da cidade: “Eu morava em uma ocupação no Centro, mas fomos removidos e transferidos para o condomínio, mas lá a violência é muito grande e é muito distante das casas em que trabalho. Depois de anos, procurei novamente o MLB para participar de uma ocupação e ter novamente o direito de morar e de trabalhar”.

A inexistência de grandes programas de habitação social e a insuficiência dos programas que existem se torna, portanto, um dos principais motivos que explica a permanência de tantas famílias em ocupações no Centro. Renan Carvalho, coordenador do MLB e morador do Rio de Janeiro, afirma: “Enquanto não houver um programa permanente de construção de moradias populares, de combate aos preços altos de aluguel e de urbanização dos bairros populares, a saída do povo será sempre ocupar! Se a porta está trancada para nós pelo caminho da compra, do aluguel ou pelo caminho dos programas sociais, vamos abri-la na marra, através da luta!”.

Matéria publicada na edição nº 297 do jornal A Verdade

Famílias da Ocupação Sarah Domingues conquistam terreno

Vitória da luta por moradia no Rio Grande do Sul: após enfrentar o autoritarismo do governador Eduardo Leite, famílias da Ocupação Sarah Domingues do MLB conquistaram um terreno para construir um conjunto habitacional.

 Gustavo Ramos | Porto Alegre (RS)


No dia 26 de julho, dezenas de famílias organizadas no Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) se posicionaram em frente ao Palácio Piratini, o palácio do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, pela quarta vez em pouco mais de um mês. Uma comissão entrou no local para a reunião de negociação com o governador para garantir a moradia das famílias da Ocupação Sarah Domingues, despejadas em junho com muita truculência. Os gritos dos camaradas ecoavam pelos salões quando se firmou a garantia de que o Governo cederia um terreno para as famílias. Essa grande conquista veio após meses de luta, sangue e suor.

Da lama à luta

A dor profunda de perder tudo pelo qual se trabalha uma vida inteira, de perder familiares, conhecidos, amigos, marcou as mentes e os corações do povo gaúcho durante e depois das enchentes de maio. Quando nesse abismo não parecia haver mais esperança, esse mesmo povo encontrou na bandeira vermelha do MLB um verdadeiro abrigo e decidiu erguer a cabeça e ir à luta.

Foi esse o sentimento, de arrancar o que é nosso por direito, que guiou as mais de cem famílias a ocuparem o prédio do Governo do Estado, abandonado há mais de dez anos, na madrugada do dia 16 de junho. O trauma da chuva, da água, da lama, foi transformado em combustível.

Sem pestanejar, esse povo transformou um prédio abandonado, sujo de lama da enchente, num espaço limpo, com cozinha e creche para as crianças. A angústia do que tínhamos passado, os rostos marcados pela dor, agora davam lugar ao sorriso da construção de algo novo, diferente, na Porto Alegre destruída pela enchente.

Porém, rapidamente o Governo enviou seus carrascos da Tropa de Choque para cima das famílias, das crianças, do trabalhador sem-teto. Com táticas fascistas de repressão, foram lançados spray de pimenta e bombas de gás, que tomaram conta do ar no interior do prédio. Crianças pequenas choravam, desesperadas. Outras vomitavam. Ao sair do prédio, fomos todos revistados, tratados como criminosos e inimigos. Com prazer, os policiais jogavam os pertences das famílias na lama suja. Das mochilas reviradas, caíam somente talheres, frutas que as famílias tinham levado para passar a noite. Nada mais, justamente porque não tínhamos mais nada.

Depois disso, uma tarde inteira sob a chuva fria, encharcados, emparedados contra a Tropa de Choque, isolados de qualquer atendimento jurídico, para, após isso, sermos encaminhados em ônibus para a delegacia. A todo momento, tentavam nos intimidar, nos convencer de que estávamos do lado errado, de que éramos nós os criminosos, de que não valia a pena lutar. E a nossa luta e organização nos deram mais e mais certeza, ao longo desse duro dia, que estávamos do lado certo, que estávamos com a razão, mesmo diante de todo o aparato de repressão. E isso, novamente, reacendeu a chama de luta das famílias e dos militantes do MLB.

A luta continua

O povo foi, então, acertar suas contas com os culpados pela sua miséria e sofrimento. Rapidamente, apareceu no Palácio Piratini o governador Eduardo Leite (PSDB). Ao ser perguntado sobre o que queríamos, um companheiro virou as costas e apontou para as palavras no verso da camiseta do MLB: “Morar dignamente é um direito humano”. Essa pressão, a fúria do povo, garantiram uma reunião marcada para a semana seguinte, com a presença do governador. Nos ônibus de volta aos bairros, gritavam palavras de ordem e o vermelho de nossas blusas se avermelhava ainda mais.

A luta direta deu outros rumos à negociação. Depois de várias reuniões, enfim chegava a resposta do governo: um terreno na Zona Sul da cidade a ser cedido para o MLB para a construção de um habitacional por meio do programa Minha Casa, Minha Vida Entidades. Na mesma semana, já foi garantida uma visita ao terreno, com a coordenação do MLB, confirmando as condições do local. Longe dos pontos de alagamento e das zonas de risco, o terreno é muito bem localizado, perto de escolas e CRAS. Enquanto isso, nos núcleos o espírito da vitória e da conquista traz novos ares para o povo que luta. Novos horizontes, a certeza da necessidade de lutar, renovaram os compromissos de todos com a luta pela moradia e pelo socialismo.

Podem tentar nos matar afogados, nos tirar tudo que temos, nossa casa, nossas vidas, mas não há nada que pare o movimento dos que lutam, da nossa classe trabalhadora, e a luta da Ocupação Sarah Domingues veio para provar isso.

Da lama suja da enchente, do cheiro de morte que cobriu nossas ruas e o nosso estado, brotou o fervor da luta, e o povo decidiu tomar o seu destino em suas próprias mãos. Não temos nada a perder na luta, mas sim um mundo inteiro para conquistar.

Viva o MLB! Viva a Ocupação Sarah Domingues!

Matéria publicada na edição nº 297 do jornal A Verdade

28º SIPRAL: “Contra o genocídio e a guerra imperialista”

Leia a declaração final do 28º Seminário Internacional Problemas da Revolução na América Latina, realizado em Quito (Equador), que convoca à luta contra o imperialismo. Pelo Brasil, o seminário contou com a participação do Partido Comunista Revolucionário e da Unidade Popular

Redação


Há pouco de mais de 30 anos, desde o fim da chamada Guerra Fria, o mundo vive seu momento mais conflituoso, devido à agudização das contradições entre as potências imperialistas, que, inclusive, avivam o perigo de deflagração de uma nova guerra mundial. O grave cenário atual obedece a profundidade e a amplitude dos problemas que se apresentam, as forças e fatores que atuam no cenário mundial e as graves implicações que os atuais problemas podem trazer no futuro. Mas, ao mesmo tempo, é um período em que se evidencia um ascenso na luta e na rebeldia dos trabalhadores, da juventude, das mulheres, dos camponeses e dos povos originários, que enfrentam os planos antipopulares dos governos, exigem direitos e condenam as políticas autoritárias e belicistas.

Vivemos um período em que as contradições fundamentais da época se encontram exacerbadas, isto é: as contradições que enfrentam entre si os distintos países imperialistas; as que opõem as classes dominantes contra as classes dominadas; e as que se apresentam entre os países opressores e os povos e nações oprimidas.

As disputas interimperialistas se expressam em todo o planeta, e os países dependentes são suas principais vítimas. No propósito de controlar mercados e áreas de influência, as potências imperialistas fortalecem os blocos existentes, armam outros; produzindo-se novos reagrupamentos, de acordo com os interesses particulares de quem os compõem.

No curso da agudização das disputas entre os países e potências imperialistas, que se produzem com o fim de proteger ou ampliar o controle dos mercados e as zonas de influência, são os povos os que pagam as mais graves consequências.

O genocídio de que é vítima o povo palestino é um dilacerante exemplo. Em nome de combater uma suposta ação terrorista, o sionismo de Israel e o imperialismo estadunidense buscam afirmar suas posições em uma região – o Oriente Médio – de enorme valor estratégico por sua localização geográfica e pelas enormes riquezas que contém seu solo; por isso é que suas ameaças e canhões apontam também para outros países da região. As dezenas de milhares de vidas ceifadas em Gaza pelas tropas sionistas do sanguinário Netanyahu, as centenas de milhares de feridos e expulsos de seu território, valem muito pouco nos cálculos dos milionários benefícios econômicos e materiais obtidos por apoderarem-se da região.

Além do fascista Netanyahu e do imperialismo estadunidense, também devem responder pelo genocídio que se comete em Gaza os países da União Europeia, Canadá, Austrália, Reino Unido e todos que não se opõem a essa criminosa invasão, o que equivale a dar sinal verde à continuidade do massacre na Palestina. Também são cúmplices os Estados que mantém relações comerciais com Israel. Os povos do mundo levantam sua voz de condenação ao genocídio em Gaza, exigem que se ponha fim imediato à intervenção militar e que o Exército israelense abandone o território palestino! Netanyahu é um criminoso, deve ser preso! O povo palestino tem direito a sua autodeterminação e ter seu próprio Estado! Chamamos as trabalhadoras e os trabalhadores, a juventude, as mulheres a defender e ampliar a solidariedade com o povo palestino!

Mais de meia centena de conflitos armados se desenvolvem na atualidade em distintas partes do planeta. Por trás desses conflitos estão os interesses estrangeiros, atiçados por camarilhas que respondem aos propósitos de países e potências imperialistas.

De todas as guerras localizadas, a que mais tem concentrado a atenção por suas implicações geoestratégicas, pelos atores que se encontram envolvidos, é a que se produz na Ucrânia, de onde a invasão russa já dura mais de dois anos. Ali se jogam os interesses a médio e longo prazo do imperialismo russo, por um lado, e, por outro lado, os interesses do imperialismo estadunidense e seus aliados da Otan e da União Europeia. Em cada batalha interimperialista, o povo e a juventude ucraniana são as principais vítimas, e a eles expressamos nossa solidariedade.

Os povos não querem as guerras de agressão, nem os conflitos bélicos em que se dirimem os interesses dos grupos monopolistas e dos estados capitalista-imperialistas; os trabalhadores, a juventude e os povos condenam essas guerras, buscam a paz, a solução pacífica a esse tipo de conflito. Exigimos o cessar-fogo na Ucrânia, a retirada das tropas russas e da intervenção de toda intenção de parte dos EUA e da Otan!

Outro ponto candente, de onde pode sair graves desdobramentos, é a região do Mar da China (por onde passa 60% do comércio mundial) e o sudeste asiático. Ali não apenas se produzem os problemas entre China e Taiwan, mas sim uma disputa entre o imperialismo ianque, o imperialismo japonês e o imperialismo chinês pelo controle da região.

Em outras partes do planeta há povos que impulsionam guerras justas, lutas de libertação, ações em busca de pôr fim à dominação e à opressão colonial e imperialista. As lutas do povo saarauí, do povo do Iêmen, do povo porto-riquenho, do povo curdo e do mesmo povo palestino são exemplos disso. Estamos juntos com todos os povos que combatem pelo direito a sua autodeterminação, por sua independência, por sua emancipação nacional!

No mundo atual, a fonte das guerras de agressão é o capitalismo imperialista: enquanto este existir, persistirão estes conflitos e o perigo que se produza uma guerra generalizada. Para conquistar a paz é preciso acabar com as causas que geram a violência reacionária, pôr fim ao regime de exploração e opressão em que vivemos, levar à vitória e ao triunfo da revolução operária e popular em cada um de nossos países para construir uma nova civilização. Essa civilização é dos operários e camponeses no poder, a do poder popular, a do socialismo e do comunismo.

Quito, 03 de agosto de 2024

28º Seminário Internacional Problemas da Revolução na América Latina (Sipral)


Argentina: Partido Comunista Revolucionário, Partido do Trabalho e do Povo;

Brasil: Partido Comunista Revolucionário, Unidade Popular;

Colômbia: Partido Comunista de Colômbia (marxista-leninista), Movimento pela Constituinte Popular, Juventude Democrática Popular;

Equador: Partido Comunista Marxista-Leninista do Equador, Juventude Revolucionária do Equador, Unidade Popular, União Geral de Trabalhadores do Equador, Frente Popular, Mujeres por el Cambio, Federação de Estudantes Universitários do Equador, Federação de Estudantes Secundários do Equador, União Nacional de Educadores, Confederação Unitária de Bairros do Equador, Associação Equatoriana de Amizade com o Povo Saharaui (AEAPS), Centro de Documentação em Direitos Humanos “Segundo Montes Mozo S.J.” (CSMM);

EUA: Edições Estrela Vermelha;

México: Partido Comunista do México (marxista-leninista); Frente Popular Revolucionária, Coordenação do Movimento Amplo Popular;

Peru: Partido Comunista Peruano Marxista-Leninista;

Porto Rico: Trabalhadores e Estudantes Comunistas pela Mudança Social;

República Dominicana: Partido Comunista do Trabalho, Frente Ampla;

Turquia: Partido Comunista Marxista-Leninista da Turquia e do Curdistão


Moção do 28º Seminário sobre a Venezuela

Solidariedade com os trabalhadores e o povo venezuelano, que se respeite o direito à autodeterminação, rechaço à ingerência estrangeira

A Venezuela vive uma aguda crise política, agravada imediatamente após o processo eleitoral realizado no último dia 28 de julho de 2024.

O cenário de incerteza criado é alimentado por atores políticos externos, por governos de outros países, que se arrogam o direito de determinar quem é o ganhador desse processo. Nenhuma força externa deve decidir o destino da Venezuela; em virtude do direito de autodeterminação dos povos, corresponde a este resolver seus problemas, decidir suas formas de governo e escolher seus governantes. É particularmente grosseira a intervenção dos EUA, em conluio com a oligarquia venezuelana.

Pelos fatos, os presentes ao 28º Seminário Internacional Problemas da Revolução na América Latina rechaçam todo tipo de ingerência externa. Expressamos nossa solidariedade com o povo venezuelano, que atravessa momentos difíceis em sua vida, devido ao intervencionismo do imperialismo estadunidense, ao bloqueio econômico e às dificuldades de um governo, ao qual se exige maior compromisso com os anseios do povo por mudanças.

Matéria publicada na edição nº 297 do jornal A Verdade

UP tem 3 vezes mais candidatos pretos que a média dos outros partidos

Nas eleições de 2024, cerca de 33% dos candidatos que defenderão o programa socialista e antifascista da UP são pretos. Entre os partidos da burguesia, que apoiam o sistema que exclui e oprime os negros, a média é de apenas 11%

Guilherme Arruda | Redação SP


Nas eleições de 2024, a Unidade Popular (UP) será um dos partidos com maior proporção de pretos disputando um cargo. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 32,73% dos candidatos da UP se autodeclaram pretos, uma porcentagem 3 vezes maior do que a média dos demais partidos que estão participando da disputa: apenas 11% dos candidatos a prefeito e vereador nas eleições deste ano são pretos.

O cenário reflete as consequências de séculos de opressão e exploração, da escravidão no passado à exclusão e marginalização social na atualidade, que ainda se põem como barreiras à participação política da população negra.

No 13º ponto de seu programa político, a Unidade Popular defende o “fim do racismo e da discriminação dos negros”. Com a ampla presença dos pretos – especialmente jovens e mulheres – em suas chapas por todo o país na eleição de 2024, o partido demonstra mais uma vez o seu compromisso com a libertação negra e popular no Brasil. O jornal A Verdade conversou com algumas das candidatas da UP para apresentar suas lutas contra o fascismo e em defesa dos direitos da classe trabalhadora e do socialismo.

Candidaturas de luta

Na capital mais negra do país, Salvador (BA), a UP se destacou por lançar uma chapa 100% composta por negros para prefeitura, vice-prefeitura e vereança, com o objetivo de agitar seu programa socialista e antifascista na eleição municipal. Compõem a chapa Willian Santos do MLB, candidato a vereador, Giovana Ferreira, candidata à vice-prefeitura, e Eslane Paixão, candidata a prefeita.

“No caso de Salvador, que é a cidade mais negra fora da África, ter uma candidatura de uma mulher preta, pobre e periférica comprometida com um programa revolucionário só reafirma o nosso compromisso com a luta daqueles que são mais explorados pelo sistema capitalista, ainda mais nesse contexto em que os candidatos da UP não vão ter os bilhões que os candidatos da burguesia vão ter à sua disposição nessa eleição“, disse Eslane, de 31 anos. Além de candidata, a baiana é militante do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e ajudou a organizar na cidade a Ocupação Luiza Mahin, nomeada a partir de uma grande liderança da luta contra a escravidão naquele estado no século XIX.

Em Caruaru (PE), no Agreste pernambucano, a estudante Maria Santos, de 23 anos, é o nome da UP para a batalha eleitoral contra as oligarquias. “Aqui no município, só tem uma candidatura de mulher negra à prefeitura: a da Unidade Popular. O nosso objetivo com essa candidatura é organizar o povo, impulsionar a sua luta e mostrar uma alternativa concreta de mudança da realidade, que é o socialismo”, aponta a estudante.

Já na capital pernambucana, Recife, a candidata será a enfermeira Ludmila Outtes, de 36 anos. A liderança da UP também é a atual presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Pernambuco (SEEPE), posição da qual liderou mobilizações que resultaram em importantes conquistas para a classe, como o Piso Salarial e a sala de descanso exclusiva para a enfermagem nas instituições de saúde. Na própria categoria de que Ludmila faz parte, 80% das trabalhadoras são mulheres, das quais 65% são negras, como ela.

Agitar o socialismo nas eleições

Também na disputa pelo Poder Legislativo, a UP construiu chapas com importante participação dos pretos e das pretas entre os candidatos, particularmente os jovens, devido a seu papel central na mobilização cotidiana contra o fascismo e pelo socialismo no Brasil.

Um dos mais importantes exemplos vem do Sul do país: Amanda Wenceslau, de 22 anos, concorrerá à vereança em Florianópolis (SC) para defender os direitos da juventude negra catarinense. “Em um estado como Santa Catarina, que registra 6 injúrias raciais por dia, ter uma candidatura de uma jovem preta na capital é um desafio, mas mostra qual é o lugar que a gente tem na UP e na luta pelo socialismo”, explica a estudante de Saneamento no IFSC e diretora da Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico (FENET).

Na cidade operária de Mauá (SP), a UP lançou a candidatura de Selma Almeida, que é liderança da Ocupação Manoel Aleixo do MLB e coordenadora nacional da Central de Movimentos Populares (CMP). Ao jornal A Verdade, ela disse: “Nós que somos candidatos da UP sofremos o que todo mundo sofre. Ando de ônibus, uso o SUS e estou há seis meses esperando um especialista. A Unidade Popular é esse partido de lutas que quer chamar o povo às ruas para reivindicar os seus direitos e construir o socialismo. Eu me sinto muito honrada de carregar essa bandeira”.

Por isso, as candidatas entrevistadas ressaltam que a Unidade Popular quer utilizar o espaço das eleições para convocar os milhões de brasileiros explorados a lutar por grandes transformações econômicas e sociais no país. “A UP é um partido que vai organizar não só o povo negro, mas as mulheres, a classe trabalhadora, os pobres, todos os que estão sofrendo com a desigualdade no capitalismo”, defende a pernambucana Maria Santos.