UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quinta-feira, 13 de novembro de 2025
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Partidos revolucionários de vários países defendem poder para os trabalhadores

Partidos revolucionários de vários países defendem poder para os trabalhadoresPartidos revolucionários da Argentina, Brasil, Equador, Uruguai e Paraguai defendem poder para os trabalhadores

Por ocasião do 9º Encontro de Organizações Anti-imperialistas e Revolucionárias da América do Sul, realizado entre 28 e 30 de novembro em Buenos Ares, na Argentina, as organizações participantes, demonstrando grande sensibilidade em relação ao desenvolvimento da crise geral que o capitalismo vive desde 2007 e suas graves consequências para as economias locais, redigiram declaração conjunta analisando a situação e convocando os povos a lutar pela tomada revolucionária do poder como única alternativa.

Declaração do 9º Encontro de Organizações Anti-imperialistas e Revolucionárias da América do Sul

Os efeitos da crise econômica internacional, desencadeada em 2007, persistem com distintas manifestações de agudeza em todo o planeta. Estalou primeiro nos EUA e se deslocou para a Europa, sendo os países capitalistas mais desenvolvidos os mais afetados pelos seus desdobramentos. Naqueles países que vinham experimentando altos índices de crescimento, como China, Índia e Brasil, suas taxas de crescimento diminuíram. As classes dominantes tomaram medidas para descarregar a crise sobre os trabalhadores e os povos, que provocaram grandes e variadas modalidades de luta da classe operária e dos povos em todo o mundo para impedir a liquidação de conquistas obtidas ao longo de muitos anos.

Essa ofensiva contra os trabalhadores foi acompanhada de medidas e ações políticas repressivas, como leis “antiterroristas” e o desenvolvimento de movimentos racistas, xenófobos e fascistas como nos EUA, França e Grécia.

A crise provoca um aguçamento das contradições interimperialistas e um dos maiores e recente exemplo é o comportamento dos países capitalistas frente à situação na Síria. Também aumentam as intervenções imperialistas diretas, como a da França em Mali, para garantir o controle de matérias primas.

A crise internacional se expressou de diversas maneiras na América Latina, sem adquirir até agora a gravidade que teve em outras zonas do mundo. Todos os países da região contaram, desde 2002, com um período de crescimento econômico, devido principalmente à alta do preço das matérias primas no mercado internacional (alimentos, minerais, combustíveis, etc.) e ao fluxo de capitais internacionais. Este “vento de popa” favoreceu a situação econômica desses países, independentemente das características de seus governos. Entretanto, há que se levar em conta que a economia destes países não se encontra blindada e a qualquer momento poderão desmoronar os preços das matérias primas por efeito dos problemas da economia a nível mundial.

Parte do fluxo de capitais é destinado aos investimentos em mineração, combustíveis, etc., aproveitando as medidas econômicas de desnacionalização e concessões de todo tipo que se estabeleceram no período do chamado neoliberalismo, e que seguem vigentes até hoje na maioria dos países da região.

Como adverte a CEPAL em seu informe sobre investimento estrangeiro direto na América Latina: estes investimentos tendem a reforçar a especialização produtiva da região como fornecedora de matérias primas.

Assim, constatamos o desenvolvimento de projetos de mineração em grande escala e a céu aberto, a entrega de concessões a empresas petroleiras de triste fama – como a Chevron -, que desnacionalizam a economia e afetam o meio ambiente. A isto se soma a intensificação da monocultura de soja, em detrimento de cultivos alimentícios tradicionais e economias regionais, que também traz junto a contaminação pelo uso de agrotóxicos e a tendência a uma maior concentração da terra e expulsão de pequenos camponeses e populações originárias.

Desde fins do século XX e inícios do século XXI houve grandes levantamentos populares na América Latina, como o zapatista no México, os movimentos que derrubaram governos entreguistas no Equador e na Argentina, as denominadas guerras da água e do gás na Bolívia, que possibilitaram a mudança de governo nesse país, e as mobilizações que frearam o golpe de estado na Venezuela. Isto em um processo de auge de lutas operárias, camponesas, estudantis e populares que obteve diversas conquistas e fez com que a região se tornasse, em um momento, no centro de grandes combates e conflitos sociais.

Estes grandes movimentos de luta que se desenvolveram na América Latina e que em alguns casos derrocaram governos, etc., não tiveram um final revolucionário por diversos fatores, principalmente pela debilidade das forças revolucionárias.

Sobre este marco surgiram novos governos que se apresentaram como alternativa às chamadas “políticas neoliberais” predominantes nos anos 90, alguns deles com programas nacionalistas e reformistas e que teorizam uma via pacífica ao socialismo no século XXI. Outros que ainda hasteando parte desses programas expressaram ou se subordinaram a setores da grande burguesia e dos latifundiários associados a distintos imperialismos, tomando em geral distância dos EUA.

Embora o imperialismo ianque ficasse debilitado nesta região por sua própria crise, pelo auge das lutas populares, pelo surgimento de governos que resistem a algumas de suas políticas, e pela maior presença de seus rivais imperialistas europeus, russos e chineses, ele segue sendo o principal inimigo dos povos da América Latina. Apoiou os separatistas bolivianos, promoveu o golpe de estado em Honduras, impôs sete bases militares na Colômbia e Costa Rica, intervém no narcotráfico no México, pôs em operação a 4ª frota no Atlântico Sul, apoia a oposição ao chavismo na Venezuela, continua com o bloqueio contra Cuba, impulsiona a chamada Aliança do Pacífico de recente conformação (integrada pelo Peru, Colômbia, México e Chile) e apoia o governo de Cartes no Paraguai.

Devido ao desenvolvimento desigual dos países imperialistas, a penetração da China, que avança em muitas regiões do mundo, também cresceu no continente. Os investimentos chineses diretos chegam a 50 bilhões de dólares. O comércio bilateral, segundo a CEPAL, alcançou, em 2012, 261 bilhões de dólares. É a maior sócia comercial do Brasil, mantém um ativo comércio com Chile e Peru. É a principal compradora de azeite e soja da Argentina e foi a principal investidora estrangeira em 2010. Compra sob a exigência, como no caso da Argentina, de que compremos manufaturas, como vagões ferroviários, em detrimento da indústria nacional.

Em geral, a chamada “diversificação da dependência” aprofundou em muitos países a dependência, com mais internacionalização e concentração monopolista. Além disso, reforçou-se a dependência da região em relação à exportação de produtos primários e ao extrativismo em detrimento da indústria nacional.

A grande explosão da luta de massas no Brasil em junho deste ano, que começou com o rechaço ao aumento das tarifas de transporte e se estendeu a reivindicações em todo o país pela situação da saúde e da educação, foi precedido por grandes greves operárias particularmente na construção das centrais hidrelétricas na Amazônia e nos estádios que se preparam para o mundial de futebol. Em centenas de cidades houve manifestações que alcançaram a milhares de pessoas nas capitais e experiências de constituição de assembleias populares. A luta contra a entrega do petróleo e outras riquezas do país tomou um novo impulso.

Também no Paraguai se realizaram grandes manifestações exigindo um programa de reivindicações ao novo governo, demonstrando que a luta pela reforma agrária com a ocupação de terras segue viva apesar das provocações, da criminalização e da crescente repressão contra o povo.

Na Colômbia, o movimento popular se desenvolve e uma expressão disso foi a greve e a marcha agrária.

No Chile, já são vários anos de aprofundamento da luta pela educação igualitária, pública e gratuita.

No Uruguai, há grandes lutas protagonizadas pelos docentes e trabalhadores públicos por salários, aposentadorias e orçamento. Continua a luta contra as privatizações.

Na Argentina, os camponeses pobres realizaram grandes lutas por terra e insumos, os povos originários resistem às políticas de despejo de suas terras. Houve ocupações de terra para moradia nas cidades desafiando a repressão. O movimento operário segue brigando por reajuste de salários e aposentadorias, contra o trabalho precário e a demissão. Em todas estas lutas há grande participação de mulheres e jovens.

Na Venezuela, a decisão do governo de regular a margem de lucro dos importadores permite que setores organizados do movimento sindical inspecionem e denunciem as práticas abusivas e os especuladores de setores que procuram a queda do governo Estas medidas tiveram grande apoio popular.

O movimento popular no Equador combate a um governo que inicialmente se apresentou como progressista, mas que experimentou um acelerado processo de direitização. Toma força a luta contra a política extrativista que entrega os recursos naturais ao capital estrangeiro, afeta o meio ambiente e os direitos dos povos; combate a criminalização do protesto popular e exige o respeito aos direitos dos trabalhadores violados por uma política governamental antioperária.

As organizações participantes veem com alegria e otimismo o desenvolvimento da luta dos povos em nossa região. Neste cenário ratificamos nosso compromisso de organizar as mulheres, os estudantes, os trabalhadores, os camponeses, e povos originários em processos que desemboquem na conquista do poder para os trabalhadores e os povos.

Novembro de 2013

Partido Comunista Revolucionário – Brasil
Partido Comunista Marxista Leninista do Equador
Partido Paraguai Pyahura
Partido Comunista Revolucionário do Uruguai
Partido Comunista Revolucionário da Argentina

50 anos da experiência de Paulo Freire em Angicos

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50 anos da experiência de Paulo Freire em AngicosTodos sabem a importância de Paulo Freire para educação, mas ainda poucos conhecem sua experiência na cidade de Angicos.

Angicos é uma cidade pequena do Rio Grande do Norte, na qual Paulo Freire implementou um projeto de alfabetização para 380 trabalhadores, que ficou conhecido como “Quarenta horas de Angicos”.

Paulo Freire foi convidado para este trabalho em 1962 e em 24 de janeiro de 1963, houve a primeira aula regular do projeto sobre o tema: “Conceito antropológico de cultura”, iniciando a primeira das “Quarenta horas de Angicos”.

Em 2 de Abril, houve a quadragésima hora de aula dada, com a presença do presidente da República João Goulart.

Para Freire, primeiro vem a leitura do mundo e depois a formação das palavras. O diálogo é parte essencial do processo educativo, e não a aula discursiva. A educação é vista como uma forma de desocultar a ideologia dominante.

Em maio de 1963, houve a primeira greve em Angicos. Os fazendeiros chamavam a experiência de Paulo Freire de “praga comunista.”

A experiência de Angicos foi levada para outras cidades como “projeto-piloto” do Programa Nacional de Alfabetização que seria iniciado em 1964.

Este exitoso projeto foi interrompido pelos carrascos do Golpe Militar de 1964. Freire partiu para o exílio no Chile no mesmo ano. Em Angicos, com medo, muitos educandos e educadores queimaram e enterraram seus cadernos. A experiência foi encerrada. Algumas pessoas que participaram dela também foram presas durante a Ditadura Militar.

Antes de partir para o exílio Paulo Freire foi preso e passou 70 dias na cadeia, acusado de “comunista e subversivo”. Na prisão, um dos oficiais responsáveis pelo quartel solicitou a Paulo Freire para alfabetizar alguns recrutas e ele explicou que estava preso por alfabetizar.

Angicos nos lembra que ainda em 2013 o analfabetismo não foi erradicado em nossa nação. Angicos nos lembra que os algozes da Ditadura que tanto mal fizeram ao país ainda conseguiram acabar com o projeto de alfabetização que Paulo Freire tinha para o país. Aos que defendiam a ditadura e aos que a defendem até hoje, o importante é que a os trabalhadores permaneçam de olhos vendados.

Carolina de Mendonça, São Paulo

Prazos da FIFA para as obras da Copa matam três trabalhadores no Itaquerão

ItaqueraoPrevista para abrigar a abertura da Copa do Mundo da FIFA em 2014, a Arena Corinthians, mais conhecida como Itaquerão, foi palco de um triste acontecimento na manhã desta quarta-feira (27.11), a morte de três operários em um acidente com um guindaste. Em nota a FIFA disse que “a segurança de todos os trabalhadores tem sido sempre de suma importância para todas as companhias encarregadas da construção dos doze estádios da Copa.” No entanto, não é o que diz o laudo do Ministério Público, que foi emitido em agosto do ano passado.

O laudo do MP apontava nada menos do que 50 irregularidades a serem corrigidas com urgência para que a obra pudesse seguir com segurança. A medir pela insegurança que causou a morte dos operários, as recomendações do MP não foram seguidas. O promotor José Carlos de Freitas afirmou que solicitará um parecer do Corpo de Bombeiros sobre o acidente desta quarta-feira.

As entidades sindicais e os comitês populares da Copa já vem denunciando irregularidades na preparação deste megaevento há muito tempo. São despejos forçados, repressão policial, greves e paralizações nas obras. As reivindicações centrais dos operários que trabalham nas obras da Copa, são sempre por melhores salários e condições de trabalho. Em 2011, durante uma greve de operários do Maracanã o então ministro dos esportes Orlando Silva (PCdoB-SP) pediu que os operários fossem patriotas e torcessem para o Brasil e para que os prazos fossem cumpridos.

Há dias que a imprensa esportiva pede pressa nas obras da Copa. A FIFA por sua vez, faz do atual ministro dos esportes Aldo Rebelo (PCdoB-SP) um fiscal de obras, exigindo celeridade nas mesmas. O governo aperta as construtoras para que estas “andem mais rápido”. Daí já viu onde esse jogo de pressão vai estourar né? Nas costas dos operários, que além de ganharem mal, trabalham em condições insalubres e tem que trabalhar com prazos apertados. O resultado disso? Ontem foram três mortes, três famílias que não terão mais seus entes queridos para as festas de final de ano. Até a Copa não se sabe o saldo, mas parece que já começamos a ver o tão falado legado da Copa.

Desse jeito, a FIFA, a CBF, as empreiteiras e os patrocinadores enchem seus cofres e os operários trabalham feito loucos para isso, vendo seus companheiros morrerem em acidentes. É, desse jeito fica muito difícil ter patriotismo.

Yuri Pires, São Paulo

Antonio Banderas defende nacionalização de grandes empresas como saída para a crise

Antonio Banderas defende nacionalização de grandes empresas como saída para a criseO ator espanhol Antonio Banderas surpreendeu os telespectadores da CNN ao criticar o presidente Barack Obama e sugerir que os países europeus e os EUA apliquem as mesmas medidas econômicas aplicadas por Hugo Chávez na Venezuela.

Durante sua conversa com a jornalista Ana Pastor, Banderas foi questionado sobre diversas pontos em relação à atual crise financeira e possíveis soluções para ela.

Banderas criticou os “mercados, os lobbies, as grandes corporações” e disse que, embora sejam eles que de fato governam, eles não tem, entretanto, que “dar a cara” quando países e governos passam por crises.

“Não estamos sendo governados por aqueles em quem votamos”, disse.

“Como parar isso?”, perguntou a repórter.

“Você para isso como fez Hugo Chávez, você pega todas as grandes empresas e as nacionaliza”, respondeu Banderas em meio a um silêncio ensurdecedor.

“Não há outra saída”, concluiu.

O ator de Hollywood também criticou Barack Obama por não cumprir suas promessas de campanha e por sucumbir à pressão dos grandes negócios e do mercado financeiro.

Glauber Ataide, com informações de The Local

Vídeo: Maracanã e os Donos do Rio

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O vídeo ‘Maracanã e os Donos do Rio’ revela o controle da cidade do Rio de Janeiro pelas grandes empreiteiras, tendo o estádio como caso emblemático das ligações perigosas entre empresários e governantes.

O vídeo faz parte da campanha “Quem são os Proprietários do Brasil?”, realização Instituto Mais Democracia, apoio Fundação Rosa Luxemburgo.

Para proteger Copa, Fifa faz registro até mesmo de marca ‘pagode’

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Para proteger Copa, Fifa faz registro até mesmo de marca pagodeDesde o anúncio da Copa no Brasil, a Fifa já conseguiu através de pedidos no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual), autarquia do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o registro de mais de 1.000 marcas. O objetivo da entidade com a prática é proteger os seus interesses e resguardar comercialmente o Mundial no País.

Nenhum dos pedidos realizados pela federação chamou tanto a atenção, no entanto, quanto a solicitação de exclusividade no uso da expressão ‘pagode’.

No último dia 3 de setembro, a revista do INPI anunciou a concessão do termo com base na Lei Geral da Copa, sancionada pela presidente Dilma Rouseff em 2012 e que prevê benefícios como maior rapidez na avaliação e registro no instituto a propriedades ligadas ao Mundial. Ainda foi concedida à marca o status de alto renome, deixando em aberta, assim, a possibilidade de ser impedido legalmente que outras empresas façam uso do nome para qualquer atividade mercadológica.

O responsável pelo registro foi o escritório Montaury Pimenta, Machado & Vieira de Mello. Em contato com a reportagem do ESPN.com.br, ele não soube informar o motivo do pedido e disse apenas “receber instruções da Fifa e cumpri-las”.

Um advogado que presta serviço para a entidade no Brasil considerou a solicitação “apelativa” e realçar a sua “obsessão por proteger” a Copa.

A princípio, como se trata de uma denominação de alto renome, a Fifa poderia impedir até mesmo a divulgação de uma peça publicitária de uma casa de show com a palavra ‘pagode’ e aumentar ainda mais a polêmica em torno de seu poder o País. Até aqui, não foi identificado nenhum movimento nesse sentido, contudo.

Registrada na categoria de fontes tipográficas, a marca representa nada mais do que o nome da fonte utilizada pela entidade em todo o material impresso do Mundial 2014. Ou seja, qualquer tentativa de copiá-la em cartazes pode resultar em uma notificação por parte do presidente Joseph Blatter e companhia.

Em caso de não cumprimento da lei, a pena é de três meses a um ano de detenção ou multa.

Na Copa de 2010, a Fifa se envolveu numa batalha judicial com a companhia aérea Kulula depois de a empresa anunciar voos entre as cidades-sedes da África do Sul ao lado do ano ‘2010′, registrado pela federação como marca. Em resposta, os sul-africanos lançaram uma campanha com a frase “nem no próximo ano, nem no ano passado, mas em algum lugar entre os dois”.

Marcus Alves
Fonte: ESPN

Doenças do trabalho afetam 160 milhões trabalhadores

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Acidente de TrabalhoSegundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a cada 15 segundos, 160 trabalhadores são vítimas de acidentes de trabalho e, destes, um morre. O número total chega a 2,3 milhões de mortes por ano: cerca de dois milhões devido ao desenvolvimento de doenças e 321 mil resultado de acidente de trabalho – ou seja, uma morte por acidente para cada seis mortes por doença. No Brasil, o cenário é o mesmo: a cada sete benefícios concedidos por afastamento por doença relacionada ao trabalho, um é pago por acidente.

Dados do último Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho, realizado pelo INSS, mostram que as notificações de acidente de trabalho diminuíram em 2010. Contudo, o número de mortes cresceu 11,4% em relação ao ano anterior. A maior parte das vítimas é de jovens entre 25 e 29 anos. O Brasil ocupa o 4º lugar no ranking mundial de mortes por acidente de trabalho, perdendo apenas para a China, Estados Unidos e Rússia (OIT, 2013).

Um estudo desenvolvido por Claudio Goldman, em 2002, constatou que as categorias com maior número de acidentes de trabalho são metalúrgicos (22,64% dos acidentes), operadores de máquina (10,36%), industriários (9,24%) e soldadores (3,52%). Dentre os acidentes ocupacionais, os mais frequentes são as fraturas, as luxações e as amputações.

O Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) divulgou, oficialmente, a concessão de benefícios acidentários, no período de janeiro a julho deste ano, para 11.801 pessoas que sofreram acidente de trabalho, sendo 96,3% na área urbana e 3,7% na área rural. No mesmo período, foram concedidas 290 pensões por morte relacionada ao trabalho e 6.770 benefícios por invalidez.

Só na cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, os acidentes de trabalho contabilizaram, até meados de setembro, 1.806 atendimentos – uma média de 225 casos por mês – sendo a segunda maior causa de atendimento do Hospital da Santa Casa. Em São Paulo os números são mais alarmantes: foram realizados 25.468 atendimentos ambulatoriais ou emergenciais por acidente de trabalho no ano de 2012 – cerca de 70 por dia. Dados do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador apontam 444 mortes registradas decorrentes de acidentes de trabalho em São Paulo no ano passado (Agência Brasil, agosto 2013).

Vale lembrar que esses benefícios só são computados como acidente de trabalho quando é realizada a notificação pela empresa através da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), e há que se levar em conta a existência da subnotificação. Além do mais, o benefício só é concedido aos trabalhadores contribuintes da Previdência Social, realidade ainda limitada no Brasil. Segundo os dados do último Censo do IBGE (2011), dos 56.939.019 trabalhadores empregados, apenas 36.232.559 tinham carteira assinada. Por isso, é provável que o real número de acidentes de trabalho no Brasil seja bem maior que os apresentados.

Doenças ocupacionais

Outra condição preocupante, mas ainda subestimada, é a doença ocupacional, definida pela OIT como sendo “males contraídos como resultado da exposição do trabalhador a algum fator de risco relacionado à atividade que exerce”. Para isso, é necessário o estabelecimento de uma relação causal entre a doença e a atividade profissional.

Estima-se o surgimento, por ano, de 160 milhões de casos de doenças relacionadas ao trabalho no mundo, ou seja, 2% da população mundial é acometida por alguma enfermidade devido à sua ocupação profissional. Dentre estas, as mais comuns são as doenças pulmonares, musculoesqueléticas e mentais (OIT, 2013).

No Brasil, aproximadamente 6,6 milhões de trabalhadores estão expostos a partículas de pó de sílica (matéria-prima do vidro e um dos componentes do cimento). A inalação prolongada dessa poeira é responsável por doenças pulmonares, resultando em falta de ar e possível falência respiratória. A silicose (nome dado à doença pulmonar resultante da inalação do pó de sílica) é responsável por um grande número de mortes em trabalhadores de mineração e indústria de construção. Porém, muitas vezes, a morte não é relacionada ao trabalho, pois pode levar anos para acometer o trabalhador. Estudos realizados na América Latina revelaram uma taxa de prevalência de silicose em 37% dos trabalhadores de minas, subindo para 50% se a idade for superior a 50 anos. Outras substâncias que causam doenças pulmonares ocupacionais incluem o carvão e o amianto (OIT, 2013).

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que mais de 10% dos casos de incapacidade por perda de movimentos associados ao trabalho são problemas em nervos, tendões, músculos e coluna. Estas são decorrentes da postura inadequada, má estrutura física nos postos de trabalho e movimentos repetitivos (a exemplo da LER/DORT – Lesão por Esforço Repetitivo e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), causadas principalmente pela mecanização do trabalho. Na União Europeia as perturbações musculoesqueléticas constituem o mais comum problema de saúde relacionado com a atividade profissional, correspondendo 59% das doenças ocupacionais.

Os transtornos mentais representaram, em 2012, quase 10% dos benefícios concedidos por auxílio-doença pelo INSS. A depressão figura no topo da lista, com mais de 5,5 mil casos, decorrendo do estresse, pressão profissional e financeira, além do assédio moral sofrido diariamente pela grande maioria dos trabalhadores. É importante frisar que o estresse também está relacionado com doenças musculoesqueléticas, cardíacas e do sistema digestivo.

O papel da Cipa e dos sindicatos

Os números mostram uma realidade já denunciada pelo jornalA Verdade: as péssimas condições a que os trabalhadores são submetidos. A modernização das fábricas e o emprego de tecnologias nas empresas são utilizadas não para melhorar a segurança do trabalhador, mas para aumentar a riqueza do patrão.

A quase totalidade dos acidentes é previsível, podendo, portanto, ser prevenida. As empresas são obrigadas por lei a terem uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), composta por empregados e empregadores, cuja função é fiscalizar as condições de trabalho e garantir a segurança dos funcionários, minimizando os riscos de acidente. É fundamental a participação ativa dos trabalhadores na Cipa, atuando como atores do processo de melhoria estrutural e dos equipamentos de proteção.

Da mesma forma, os sindicatos são peças-chaves para a conquista de direitos trabalhistas, como o intervalo no horário de trabalho e a ginástica laboral, além de combater práticas de assédio moral que tanto afetam a saúde mental dos funcionários.

Ludmila Outtes, São Paulo

O mal-estar nas páginas de Veja

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Veja menteO mal-estar que a grande imprensa demonstra em relação a qualquer iniciativa de regulamentação da mídia é gritante. Em editorial, a revista Veja, símbolo maior de manifestações reacionárias de nosso jornalismo, condena veementemente as medidas aplicadas na Inglaterra após o escândalo do jornal News Of The World, de Hupert Murdoch.

Como o diabo foge da cruz, Veja se esquiva das questões e prega aos quatro ventos a liberdade de expressão que se pode perder com tais medidas. Entretanto, a publicação se esquece de mencionar sua demasiada contribuição em prol de que tudo continue da mesma maneira. Esquece que é o maior bastião conservador de um país de 200 milhões de habitantes. Em sua “cruzada” contra qualquer marco regulatório, declara-se em luta a favor das liberdades dos meios de comunicação, uma vez que a maioria dos países do norte já o fizeram há muito tempo.

A contradição da revista é tão grande que, em sua tentativa de demonizar setores tradicionais da esquerda, como o Movimento Sem Terra (MST), não lembra que nos Estados Unidos a reforma agrária já foi feita há mais de um século.

Ainda no editorial, a publicação desqualifica o organismo regulador inglês recentemente criado, enxerga de maneira mesquinha a iniciativa ao citar que é composto por “cidadãos sem ligação com os meios de comunicação, com o governo ou com partidos políticos”. Ora, cá entre nós, Veja concebe os meios de comunicação como uma espécie “Clube da Luluzinha”, na qual somente meia dúzia de contemplados podem decidir, opinar e lucrar.

O mal-estar de Veja não é solitário, outros veículos e grupos ainda maiores do que o conglomerado dos Civita defendem a mesma ideologia. Prefiro ficar com a opinião dos pobres, do povo, de quem não tem voz, mas tem sabedoria, e com o pertinente ditado popular: “quem tem, tem medo”.

 Ronaldo S. Lages, São Paulo

25 de novembro é dia de luta contra a violência

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violência mulher 01O ano de 2013 tem sido marcado pelo crescimento dos índices de violência cometida contra as mulheres em todos os principais estados do País, sobretudo contra as mulheres negras e pobres. É possível perceber que as notícias sobre o tema abriram novas frentes de discussão e, neste mês de novembro, quando se relembra, no dia 25, a luta internacional pelo enfrentamentoà violência contra a mulher, muito há o que fazer. São muitos os casos de assassinatos violentos, agressões, estupros, polêmicas na mídia sobre a disseminação do ideário machista e diversos embates em que entram concepções religiosas que se impõem sobre a vida das mulheres.

Não houve avanços na política prometida pelo Governo Federal para construção de creches, importante instrumento para garantir condições de independência econômica das mulheres impedidas de trabalhar por não terem com quem deixar os filhos. Não houve aumento significativo do número de delegacias especializadas no combate à violência contra as mulheres nem de casas-abrigos.

Prova disso é que segundo o Ministério da Justiça, até agosto de 2012,havia 475 Delegacias ou Postos Especializados de Atendimento à Mulher em funcionamento no país para um total de 5,5 mil municípios existentes no Brasil.

Afinal, até onde vai a violência contra as mulheres? Até onde elas serão consideradas objetos culpados por sua própria situação de opressão? Que fazer para combater a cultura machista, violenta e sexista?

Não se calar! Unir-se, organizar-se e lutar contra a violência e sua causa, um sistema que coloca o lucro acima de tudo e quer transformar a mulher em objeto sexual e mercadoria. O dia 25 de novembro é o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Violência contra a Mulher.

Organize-se e participe na sua cidade!

Movimento de Mulheres Olga Benário 

Che Guevara nas camisas do Madureira

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Che Guevara nas camisas do MadureiraO Madureira Esporte Clube, tradicional equipe de futebol do Rio de Janeiro, lançou recentemente a camisa do seu time de Futebol de 7. A novidade fica por conta do homenageado, Che Guevara.

O clube carioca resolveu celebrar os 50 anos da expedição que fez a CUBA, quando foram recepcionados na Ilha Socialista pelo então Ministro da Indústria, Che Guevara. Na ocasião, o Madureira fez 5 jogos e venceu todos.

A camisa de jogo é grená com gola polo e possui a imagem do revolucionário argentino na parte frontal à direita. Já a camisa de goleiro representa a bandeira de Cuba e também traz a famosa imagem clicada pelo fotografo Alberto Korda. Ambas as camisas trazem a famosa frase de Che: “Hasta La Victoria Siempre”.

A repercussão da nova camisa foi tão grande que a equipe de marketing do clube já pensa em utilizá-la para a equipe profissional de futebol de campo, que ano que vem completará 100 anos de fundação.

Che Guevara nas camisas do MadureiraO sucesso de vendas superou as expectativas dos administradores do clube. No Brasil, os pedidos são feitos de praticamente todas as regiões. Fora dele, o interesse também é grande. De acordo com a assessoria do clube, cerca de mil pessoas que desejam adquirir a camisa estão na fila de espera. Entre elas, moradoras da Espanha, Colômbia, Venezuela, Rússia, Itália, Turquia, Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Chile e Argentina.

O preço da camisa é R$ 80,00, podendo ser adquirida na loja oficial do clube, que fica na Arena Akxe, Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Pela internet, os pedidos são feitos através do email loja@madureiraec.com.br

Um reino chamado Muquém

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muquemO espetáculo de dança afro “Remanescentes: Um reino chamado Muquém”, aprovado no edital Prêmio Funarte Petrobras de Dança Klauss Vianna 2012 na categoria circulação e que tem como fonte de pesquisa a comunidade quilombola Muquém.

Descendentes de reis, dos guerreiros e guerreiras que lutaram, resistiram e instituíram o maior símbolo de organização política desse país: o Quilombo dos Palmares. Nesse contexto, o espetáculo mistura ficção e realidade, criando uma nova e possível versão para a existência de Dandara e de tantas outras mulheres do Quilombo dos Palmares que se refugiaram em Muquém, onde viveram por muito tempo no anonimato, instituindo, assim, um reino sem rainha.

É nesse enredo lúdico, cheio de lendas, crenças e mistérios que a montagem se inspira e concebe um espetáculo cuja proposta é despertar no público o interesse em se questionar: O que, de fato, seria uma ficção ou realidade? Quem são nossos antepassados? A que lugar eu pertenço? Por que Muquém existe e seu povo ainda vive?

O espetáculo de dança Muquém é uma prova viva da força e profundidade da nossa cultura popular.

Redação Alagoas