UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sexta-feira, 8 de agosto de 2025
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“Bandeiras na mão, liberdade de expressão”

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Foto: Camila Sol
Foto: Camila Sol

A explosão de manifestações ocorridas em todo o Brasil também teve profundas repercussões em Minas Gerais, em particular Belo Horizonte. Diferente do aconteceu em outros estados, o maior alvo dos protestos foi a Fifa e os Governos Federal, Estadual e Municipal.

A primeira jornada de manifestações aconteceu no dia 15 de junho, reunindo oito mil pessoas, que fizeram uma passeata da Praça da Savassi até a Praça Sete, tendo à frente o Copac (Comitê Popular dos Atingidos pela Copa), o Movimento Fora Lacerda e a União da Juventude Rebelião (UJR).

A segunda manifestação ocorreu no dia 17 e reuniu cerca de 30 mil pessoas. Neste ato, foi visível a presença de grupos de direita, de pessoas ligadas ao PSDB, de skinheads, de P2s, grupos militares de extrema direita com o objetivo de atacar os partidos de esquerda e as organizações populares. Ao final desse ato, um provocador infiltrado rasgou uma bandeira do MLB, demonstrando a clara intenção de intimidar as lideranças populares.

Ganhar as massas para as ideias avançadas

A partir daí, uma assembleia popular horizontal, organizada pelo Copac, reuniu milhares de pessoas debaixo do Viaduto Santa Tereza. Na primeira assembleia, muitas pessoas defenderam a retirada das bandeiras de partidos de esquerda das manifestações, mas a maioria rechaçou esta posição, por se tratar de posição antidemocrática, defendida, inclusive, pela direita e seus meios de comunicação. Fez-se um grande e rico debate sobre a necessidade de todos defenderem as bandeiras vermelhas e combater os fascistas, num entendimento de que os partidos que estavam nos atos não eram governistas, bem como da necessidade de conversar com os milhares de manifestantes para esclarecê-los, ou seja, disputar suas consciências.

Essa luta política aberta modificou radicalmente a organização e a condução das manifestações seguintes. Deu um rumo às mobilizações e garantiu a vitória da unidade. Nesse mesmo dia, após a assembleia, todos comprovaram que grupos de provocadores, fascistas e oportunistas de direita depredavam o prédio da Prefeitura de Belo Horizonte para responsabilizar o movimento social organizado. Sem nenhuma presença policial no Centro de BH, quebra-quebra e saques seguiram-se pela madrugada, reforçando ainda mais o sentimento de que as manifestações deveriam ser comandadas pelas organizações políticas e lideranças populares que se reúnem em torno do Copac.

Uma lição aplicada no ato organizado no dia 20 de junho, que reuniu 40 mil pessoas. Centenas de infiltrados provocavam os militantes dos partidos de esquerda, insuflavam as pessoas a agredir os que estavam com bandeiras vermelhas. Um grupo de 30 skinheads neonazistas armados investiu sobre os partidos, mas foram rechaçados por anarquistas, comunistas, militantes populares e todos os que condenavam o fascismo.

A repercussão foi tão grande que a edição do dia 21 de junho do jornal Estado de Minas, comentando sobre a presença dos partidos nas manifestações o jornal reconheceu a firmeza dos militantes do PCR, descrevendo-o como “uma organização de esquerda muito forte no movimento estudantil”, por não ter se intimidado, respondendo “bandeiras na mão, liberdade de expressão”.

Uma nova assembleia do Copac atraiu uma presença ainda maior de pessoas, consolidando-se como núcleo de aglutinação de forças, fortalecendo as decisões anteriores e avançando nos preparativos para o ato do dia 20, dia do jogo entre México e Japão pela Copa das Confederações, no Mineirão, quando 200 mil pessoas participaram da maior manifestação da história de Belo Horizonte. As bandeiras vermelhas tremulando, todos os movimentos sociais e organizações políticas de esquerda presentes. Grande unidade popular. O verde e amarelo predominava, mas todas as cores estavam presentes. A resposta do Governo foi reprimir violentamente os manifestantes. Outras 100 mil pessoas participaram do ato no dia 26 de junho, dia do jogo entre Brasil e Uruguai. Na véspera, o governador Antônio Anastasia pediu reunião de urgência com os presentes do Copac. Uma comissão de dez pessoas se reuniu com o governador, entre elas, Gladson Reis, da AMES-BH e da UJR, e Leonardo Péricles, do MLB. Apesar da ampla divulgação dada pelo Governo, nenhum acordo foi assinado e foi exigido que a PM não infiltrasse provocadores no meio dos manifestantes.

Diferente do que ocorreu em vários lugares, em Belo Horizonte conseguiu-se vencer os oportunistas de todo tipo, sabendo enfrentar as adversidades com unidade popular e combatividade, respeitando a amplitude e diversidade, mas sem se descaracterizar sua política de enfrentamento às políticas conservadoras e neoliberais dos governos constituídos.

Fernando Alves, dirigente do PCR de Minas Gerais

O livro de Lobão e o filme sobre Renato Russo

Somos Tão JovensNo início de maio, enquanto o roqueiro conservador (?) Lobão atraía os holofotes da grande mídia pelo lançamento de seu livro ultrarreacionário Manifesto do Nada na Terra do Nunca, ganhando capas de revistas e espaço em diversos noticiários, estreava nos cinemas o filme Somos Tão Jovens, do diretor Antônio Carlos da Fontoura, que conta parte da juventude de Renato Russo e o surgimento da banda Legião Urbana.

Só que mais curiosa que a quase sobreposição dessas datas (o filme estreou no dia 3 de maio e o livro foi lançado no dia 6) foi a resposta do público e da mídia aos dois eventos. Enquanto Lobão busca se afirmar a todo custo no campo extramusical, criando polêmicas e regurgitando na imprensa ressentimentos típicos de um pequeno-burguês fracassado, o filme de Renato Russo levou mais de um milhão de espectadores aos cinemas somente nos dez primeiros dias de exibição.

Embora a grande mídia tente apresentar o pseudorrevoltado Lobão como um exemplo para a juventude brasileira, insatisfeita com a situação econômica, política e social do País, a reação do público mostrou, mais uma vez, que as músicas e o mito criados em torno da figura de Renato Russo já conquistaram uma nova geração de brasileiros e brasileiras que se reconhecem mais nas letras de Renato, falecido em 1996, do que nas excentricidades raivosas e direitistas de uma múmia que a mídia insiste em tentar emplacar.

Também pudera: em seu livro Lobão ataca o comunismo, a Comissão da Verdade, a esquerda em geral e afirma que Che Guevara é “um dos maiores e inquestionáveis assassinos do século 20”. O perfeito idiota útil que a direita precisa para dar expressão ao que ela não pode sustentar abertamente.

Já o filme sobre Renato Russo, fazendo um recorte que cobre desde a rara doença óssea que o deixou paralítico aos 15 anos de idade até o primeiro show da Legião Urbana fora de Brasília, reconstitui o ambiente em que o jovem compositor escreveu os primeiros grandes sucessos da banda, como Ainda É Cedo, Que País É Esse?, Eu Sei e Faroeste Caboclo, entre outros.

Somos Tão Jovens revela vários conflitos de Renato, um jovem de classe média de Brasília vivendo nos anos finais da Ditadura Militar. Num período em que o punk surgia não apenas como música, mas também como uma atitude de contestação política e cultural da juventude ao capitalismo, Renato abraçou o movimento e bebeu de suas influências, formando-se enquanto músico de poucos acordes e crítico da ordem vigente. Cenas como as que mostram Renato e seus amigos fazendo pichações em muros ou quando um membro de sua banda ensaiava com uma camisa da União Soviética (CCCP) reforçam o clima de contestação da época.

Embora não seja uma grande produção, o filme não deixa de ser uma boa opção para conhecer um pouco mais do início da carreira do compositor que continua, mesmo 17 anos após a sua morte, conquistando novas gerações de brasileiros unicamente pela força de sua música. Bem ao contrário de Lobão, que, se lançou alguma música nos últimos anos, não foi por ela que recebeu a atenção da grande mídia.

Redação Belo Horizonte

Rap: ritmo e poesia a serviço da revolução

MC DemoO rap é uma importante forma de expressão dos moradores das regiões mais pobres das grandes metrópoles brasileiras, que, constantemente, sofrem com os abusos da polícia, do tráfico de drogas, com a falta de infraestrutura e de perspectiva de vida. É nesse contexto que, entre muitas outras formas de manifestação, encaixa-se o rap, palavra que vem das iniciais de rhythm and poetry (ritmo e poesia, em inglês.). O ritmo surgiu nos Estados Unidos, em meados da década de 1970, e chegou ao Brasil no início dos anos 1980.

Jailson Davi, de Olinda, Pernambuco, conhecido no movimento hip-hop como MC Demo, considera que o rap não é só movimento musical destinado ao entretenimento, mas um instrumento de luta por melhores condições de vida das pessoas que são deixadas à margem da sociedade pelo capitalismo. “O rap deve ser um instrumento de luta e de propaganda da necessidade de grandes transformações sociais por meio de uma revolução socialista. Como mostram as músicas O Povo no Poder e Coração Vermelho (ver em: www.soundcloud.com), feitas em parceria com o MC Davi Perez, de Florianópolis.

Por trazer em suas letras mensagens de rebeldia e de contestação das mazelas da sociedade, o rap se tornou um dos estilos musicais mais aceitos pela juventude brasileira. Cientes desse potencial e visando desviar o rap e o movimento hip-hop de sua essência, a burguesia, principal interessada na alienação dos jovens, investe pesado por meio das gravadoras na cooptação dos artistas mais conscientes e importantes do gênero, e incentiva músicas com letras fúteis e distantes da realidade do povo, oferecendo em troca um caminho para o sucesso. Não é à toa que o rap é hoje um dos ritmos que mais crescem no mercado fonográfico, gerando lucros astronômicos.

Mas a resistência está aí, e, como todo movimento popular que surgiu para lutar ao lado do povo, cresce e se populariza cada vez mais. Para MC Demo, “a cada música de rap que se vende, surgem dezenas para continuar a luta e mostrar, de diferentes pontos de vista, que existe a luta de classes na sociedade e defender um mundo novo de justiça social”.

Da Redação

Pela retirada da Minustah do Haiti

Pela retirada da Minustah do HaitiNo 1º de junho, uma série de atos exigiram a saída imediata das tropas da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) e o fim da intervenção estrangeira no país. A seguir o manifesto das entidades democráticas da República Dominicana denunciando as constantes agressões das tropas da ONU ao povo haitiano.

Há exatamente nove anos, em 1º de junho de 2004, as tropas militares da Minustah, a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti, invadiam este país irmão sob o pretexto de uma suposta “estabilização”, que nunca chegou. Tudo ao contrário!

Em lugar de melhorar a situação gerada pelo golpe de Estado de 2004, a Minustah aumentou os níveis de violência contra um povo despojado de todos seus direitos, debaixo da opressão de um sistema baseado no trabalho semiescravo, do desemprego de 70% da população economicamente ativa e dos salários subumanos.

Ao invés de promover a paz, as tropas da ONU cometem violações sistemáticas dos direitos humanos essenciais da população e importaram o cólera, doença que, até agora, deixou mais oito mil mortos e de 600 mil enfermos. Expressamos nossa especial indignação frente à atitude da ONU, que preferiu evocar a imunidade de suas tropas a fim de rechaçar qualquer indenização às famílias das vítimas diretas e da reparação dos imensos danos causados ao País.

Por onde se olha, é inconcebível sustentar que a Minustah – militares e policiais que provêm, em sua maioria, da Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, El Salvador, Guatemala, Paraguai, Peru, Uruguai – devem permanecer no Haiti.

Em 2011, o Senado haitiano votou, por unanimidade, pela retirada das tropas da Minustah para o ano de 2012. Os ministros da Defesa dos países da Unasur apontaram a necessidade de reduzir a presença de suas tropas e estabelecer um plano de retirada em junho de 2012, mesmo que este compromisso tenha ficado apenas em palavras. As organizações haitianas realizaram inúmeras manifestações massivas contra a presença da Minustah, incluindo funerais simbólicos em Petite Riviére de l’Artibonite e Porto Príncipe, em outubro de 2011. Ações judiciais estão em curso contra a ONU pela introdução do cólera, e um conjunto de associações chamado Kolektifòganizasyon pou dedomajeviktimkolerayo trabalha sem descanso para fazer justiça sobre o caso.

A Minustah, lamentavelmente, fracassou em relação aos objetivos estabelecidos pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Ou melhor: o único objetivo que cumpriu foi o de ocupar militarmente o País a serviço dos interesses que não são os do irmão povo haitiano. Sua presença responde a uma política que priva a população de sua cidadania, seus serviços públicos, sua terra, seus bens naturais. O Haiti não deve ser mais um laboratório da economia e da “segurança” neoliberal, políticas que geraram ainda a dívida, uma arma adicional contra os povos, como vemos em toda a América, o Sul do Globo e agora também na Europa.

Haiti não necessita de tropas militares nem da Minustah nem de nenhum outro país!

Haiti necessita do reconhecimento de sua dignidade, seu potencial e direito à autodeterminação, como todo povo!

Necessita que lhe tirem de cima as mãos e botas que o dominam. Necessita de médicos, sanitaristas, educadores, engenheiros, técnicos, todos eles a serviço da reconstrução que o povo haitiano reclama, um povo historicamente dizimado, mas que conserva a dignidade de ser o primeiro país livre e antiescravista da Nossa América.

Por tudo isto, neste 1º de junho, convocamos a nos mobilizarmos para exigir:

– Retirada imediata da Minustah e todas as tropas militares do território haitiano;
– Fim da ocupação econômica e do saque, incluindo a supressão dos acordos de livre comércio;
– Reconhecimento dos crimes cometidos pela Minustah, incluindo a introdução do cólera, a punição aos responsáveis e a indenização das vítimas;
– Restituição e reparação da dívida histórica, financeira, social e ecológica que se deve ao povo do Haiti;

Movimento de Trabalhadores Independente (MTI)
Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH)
Corrente do Magistério Juan Pablo Duarte
Juventude Caribe
Frente Estudantil Flavio Suero (Feflas)
Fórum Social Alternativo (FSA)
Frente Universitária Renovadora (FUR)
Frente Ampla (FA)

Entrevista com Cris, estudante presa durante manifestação

Cris, a estudante que foi presa durante as manifestações no Recife está no Parlatório. Ela é presidente do DCE da FAFIRE e nos conta detalhes do ocorrido e como foi tratada durante o tempo que permaneceu na Colônia Penal Feminina.

Assassinato de menino boliviano em São Paulo

Assassinato de menino boliviano em São PauloO assassinato do menino boliviano de 5 anos, Brayan Yanarico Capcha, deixa claro a situação de segregação social e violações de direitos enfrentadas por esses imigrantes que, muitas vezes, chegam de forma ilegal ao Brasil.

Brayan foi morto, na região de São Matheus, zona Leste de São Paulo, durante um assalto à casa em que morava com a família e outros bolivianos, na última sexta-feira, dia 28 de junho.

Familiares relatam que o menino foi baleado pois chorava muito. Quatro suspeitos já foram presos. A família do menino estava no Brasil havia apenas seis meses e trabalhavam em uma oficina de costura.

A comunidade boliviana na cidade de São Paulo realizou um ato, no centro da cidade, no dia 1º de julho. Logo no dia seguinte a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, convocou uma reunião extraordinária para discutir ações de proteção aos estrangeiros no Brasil. O assassinato abre uma discussão sobre os direitos dos imigrantes no Brasil.

 Ana Rosa Carrara, SãoPaulo

Egito: Exército derruba Morsi e suspende Constituição

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Golpe militar no EgitoUm golpe de Estado organizado pelo Exército egípcio derrubou o presidente Mohamed Morsi, suspendeu a Constituição, dissolveu o Parlamento e nomeou para presidente interino Adly Mansour, presidente do Supremo Tribunal Constitucional. O anúncio da decisão foi feito num mensagem televisiva do chefe do Exército, rodeado de líderes religiosos, jovens do movimento Tamarrod e Mohamed El Baradei.

Mais uma vez, o as Forças Armadas realizam um golpe no Egito. No dia 03 de julho, tanques ocuparam as ruas e pontes do Cairo e foi decretada a prisão do presidente Mohamed Morsi e de vários de seus colaboradores.

Abdel Fatah al Sisi, chefe do Exército, fez o anúncio oficial, rodeado por Ahmed al Taayeb, xeique da instituição islâmica Al Azhar, pelo papa da igreja copta, Teodoro II, pelo prémio Nobel da Paz, Mohamed El Baradei.

O presidente interino, Adly Mansour tomou posse e dirigirá um governo de gestão e de coligação, que irá preparar eleições presidenciais e legislativas. Será constituído um comitê de especialistas para emendar os artigos mais polêmicos da Constituição.
Morsi está refugiado numa mesquita do Cairo e impedido de sair do País, assim como as principais figuras da Irmandade Muçulmana. Morsi afirmou que “não aceitará nunca renunciar de forma humilhante à sua pátria, à sua legitimidade e à sua religião”, mas apelou aos membros da Irmandade que não lutem, apesar de, segundo ele, lhes terem “roubado a revolução” e garante que continua a ser o presidente do Egito.

Na Praça Tahrir e junto ao palácio presidencial juntaram-se centenas de milhares de pessoas que festejaram o derrube de Morsi.
Os militares afirmam que o seu objetivo foi proteger os manifestantes, mas depois de terem ficado por mais de três décadas no poder, muitos desconfiam desse objetivo. O fato é que as Forças Armadas egípcias, com forte vinculação com os serviços de inteligência dos Estados Unidos, nunca saíram no poder e a maior prova é a de ter em menos de 24 horas realizado o golpe militar.

Da Redação

“Eu fui protestar”, diz juiz aposentado que desafiou a polícia em protesto

Silvio Mota, juiz aposentadoDurante a manifestação em Fortaleza, Capital do Ceará, no último dia 27 de junho, uma cena chamou a atenção de todos os presentes, ganhou destaque na imprensa nacional e foi parar na capa do jornal norte-americano The New York Times.

O ex-militante da ALN Sílvio Mota, 68 anos, foi tirar satisfações cara a cara com o Batalhão de Choque porque, minutos antes, encontrava-se sentado na calçada com sua esposa, em meio a mais um protesto próximo à Arena Castelão, quando os dois foram atingidos por gás lacrimogêneo. Sílvio é juiz do trabalho aposentado e coordenador do Comitê pela Memória, Verdade e Justiça do Ceará. A ALN é a Ação Libertadora Nacional, organização revolucionária dirigida por Carlos Marighella no combate à Ditadura Militar no Brasil.

“Eu fui protestar. Eles me agrediram. Me levantei e fui tomar satisfações. Aquilo foi uma violação de tudo! Primeiro, eles tentaram dizer que eu não tinha direito de ir até eles. Depois tentaram me prender. Precisei mostrar minha identidade profissional, aí eles recuaram”, afirma. Ainda de acordo com Sílvio, após a queixa contra os policiais, ele se afastou para voltar à manifestação e, neste momento, mais projéteis de gás lacrimogêneo foram lançados, um deles atingindo suas minhas costas. “O Batalhão de Choque e a Polícia Militar em geral não reagiram a provocações. Eles chegaram para acabar com a manifestação”, completa.

Milhares de manifestantes caminhavam pela Avenida Dedé Brasil, em direção à Arena Castelão, durante a realização do jogo Espanha e Itália, pela Copa das Confederações. Eles pediam mais investimentos em educação e saúde, redução do valor da tarifa de ônibus e o fim dos gastos excessivos com a Copa. No total, 92 pessoas foram detidas pela Polícia.

Da Redação

Luta continua em Belém para reduzir preço das passagens

Luta continua em Belém para reduzir preço das passagensCerca de 500 pessoas do movimento Belém Livre ocupam o hall da Câmara Municipal de Belém, no bairro do Marco, desde a manhã de segunda-feira, 1º de julho. Os jovens impediram a votação do Plano Plurianual (PPA) do município, exigindo que fosse votada a redução do preço das passagens. Os vereadores se retiraram do plenário e a votação foi remarcada.

Integrantes da Guarda Municipal de Belém jogaram spray de pimenta. ‘Estamos em um ambiente fechado e a Guarda nos agrediu com o spray de pimenta’, afirmou um dos estudantes.

Na tarde da terça-feira, 2 de julho, a votação chegou a ser suspensa duas vezes, após invasão de manifestantes no plenário. Eram cerca de 200 manifestantes que queriam a aprovação de projetos de emenda sobre o Passe Livre e a redução da passagem de ônibus em Belém. Houve confronto entre os manifestantes e Guarda Municipal. A Guarda reagiu com bombas de gás. Na confusão, várias pessoas ficaram feridas.

Em resposta, na quarta-feira, uma grande passeata foi realizada em Belém pela redução da passagem de ônibus e o passe livre para estudantes.

O protesto foi denominado como um “sentaço flexível”, de acordo com Thiago Cassebe, professor de Geografia, estudante e um dos integrantes do movimento Belém Livre. Cerca de 500 pessoas partiram do Mercado de São Brás e seguiram até o cruzamento da avenida Magalhães Barata com a travessa Castelo Branco, onde realizaram o primeiro bloqueio. Carregando faixas e bandeiras os manifestantes sentaram e deitaram estendidas na pista. Os funcionários de supermercados em greve por melhores salários se uniram ao ato.

Segundo Fernanda Lopes, do Movimento de Luta nos Bairros (MLB) e do PCR, a próxima manifestação deverá ser realizada na sexta-feira. Os manifestantes vão deliberar sobre as ações e percurso do ato momentos antes de sair para a caminhada.

Da Redação

Estudante é presa durante ato contra aumento das passagens em Pernambuco

A estudante foi presa sob alegação de estar portando explosivos durante o ato contra o aumento das passagens. Uma vigília foi montada em frente à delegacia exigindo sua libertação.

Reitoria permite que UFMG seja base militar da Força Nacional

Reitoria permite que UFMG seja base militar da Força NacionalDurante as últimas semanas, todo o País se envolveu nos protestos e manifestações que começaram em Porto Alegre, ganharam força em São Paulo com o Movimento Passe Livre e se intensificaram com o início da Copa das Confederações.

Estamos participando de um momento em que vemos uma intensa mobilização popular, conduzida por sentimentos de indignação da população, oprimida pelo Estado, que se rebela e mostra nas ruas seu poder de mobilização por direitos como saúde, educação, moradia digna, segurança pública e transporte público de qualidade. Os aumentos das passagens de ônibus levaram à reflexão quanto ao absurdo do sistema de transporte público e fez ressurgir várias outras demandas da população.

As manifestações seguem enfrentando muita violência e repressão por parte da PM, e em Belo Horizonte não foi diferente. Além da repressão nas ruas vivemos uma situação absurda. No dia 22 de junho, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) serviu como base militar para 150 integrantes da Força Nacional atacarem os manifestantes que passavam pela Av. Antônio Carlos, rumo ao Mineirão. Os militares perseguirem manifestantes, atiraram bombas de gás lacrimogênio em todas as direações e impedirem pessoas feridas de saírem para buscar socorro. Esta postura, no entanto, não é surpresa para quem conhece a política da atual Reitoria, que persegue lideranças estudantis, jubila estudantes que reivindicam assistência estudantil, proíbe festas, espaços de convivência e de cultura e chama a Polícia Militar para interromper atividades culturais no campus, e que, por outro lado, nem sequer adverte alunos que praticam atos de racismo, machismo ou fazem apologia ao nazismo, como, por exemplo, os autores do trote na Faculdade de Direito.

Uma instituição que serviu na Ditadura Militar para abrigar jovens perseguidos pela repressão tomou uma atitude totalmente contrária à sua história e ao seu princípio fundamental de autonomia.

Os estudantes repudiaram tal atitude, ocuparam a reitoria da UFMG no dia 25 e iniciaram um acampamento na universidade em protesto contra as forças policiais no campus. O protesto esperava por decisões que estavam sendo tomada no Conselho Universitário nesse mesmo dia. A representação discente levou ao Conselho as reivindicações dos estudantes, dentre as quais a principal era a retirada e proibição da permanência da Força Nacional dentro da UFMG, o que foi conquistado diante da pressão da comunidade acadêmica. Uma importante vitória dos estudantes!

Movimento Voz Ativa da UFMG