UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sexta-feira, 21 de novembro de 2025
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Quilombo da Família Machado luta por seu território

7 de setembroAs cidades industriais do mundo são, há muitos anos, o retrato da desigualdade socioeconômica do sistema capitalista. Com o planejamento urbano nas mãos das empresas construtoras e incorporadoras do setor imobiliário, vemos o aumento das contradições e das desigualdades que existem nas cidades.

No Brasil, isto não é diferente, e percebemos como o poder do capital imobiliário é forte se contarmos o número de ordens de reintegração de posse que são emitidas por juízes e juízas todos os dias, nos diversos estados do País. A razão principal do pedido de reintegração de posse está baseada na propriedade privada de um terreno por parte de uma pessoa, instituição, empresa ou por parte do próprio poder público (prefeitura, estado e União). Na maioria das vezes, terrenos abandonados são requeridos dada a revalorização de um determinado bairro ou região. Esta revalorização pode ocorrer em função da construção de estradas, ruas, estádios e shoppings, entre outros.

É com este panorama que trazemos o caso do Quilombo Família Machado, localizado dentro da Comunidade 7 de Setembro, ao lado do supermercado BIG, da Avenida Sertório, Zona Norte de Porto Alegre. Quem passa pela avenida todos os dias percebe as mudanças que vêm ocorrendo na região. Em função da construção da Arena do Grêmio, a Zona Norte da cidade vem recebendo um grande aporte de projetos imobiliários, voltados para a construção de condomínios fechados para as classes alta e média, público-alvo para uma empresa que se volte à construção de shopping centers, como é o caso da Real Empreendimentos. Em 2013, a Real Empreendimentos entrou com pedido de reintegração de posse da área onde está localizado o Quilombo da Família Machado, território quilombola já certificado pela Fundação Palmares. Embora já certificado, o quilombo encontra entraves para a titulação de seu território junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) devido às centenas de pedidos que tramitam junto ao instituto.

Onir de Araújo, da Frente Quilombola, aponta que, pelas características da comunidade que tem esse referencial de pertencimento negro, há uma relação com o território que não é uma relação meramente de moradia, mas sim uma relação histórica com o espaço. O Quilombo da Família Machado e a Comunidade 7 de Setembro acabam se transformando num marco de luta e resistência, uma vez que existe todo um quadro, em nível nacional, de ataques aos direitos das comunidades tradicionais, como a PEC 215, em nível federal, e aqui no Estado do Rio Grande do Sul, com o Projeto de Lei nº 31/2015, que vão na contramão de todos os direitos que  as comunidades quilombolas e o  povo negro conquistaram.

De certa forma, ela está servindo para tentar impedir um processo do avanço da especulação imobiliária e o processo de limpeza étnica, de embranquecimento da cidade, de destruição e desterritorialização histórica que os negros, os pobres e os indígenas vêm sofrendo em todas as cidades brasileiras.

Importante lembrar, portanto, o marco de resistência e a importância histórica dos quilombos em nosso país, marco da luta do povo negro contra a escravidão e por uma vida livre. O Quilombo dos Palmares é um dos grandes exemplos. Nesta comunidade, não havia exploração. Todos trabalhavam para produzir, e o resultado da produção era divido para todos. Palmares deu um grande golpe no governo dos colonizadores e mostrou que a organização e a luta poderiam acabar com as injustiças.  Foram necessárias várias expedições para o governo brasileiro, que representava Portugal, massacrar Palmares com um verdadeiro genocídio depois de 100 anos de existência.

Luiz Rogério Machado, Jamaica, morador da comunidade, conta um pouco sobre o processo de construção da comunidade: “Para nós, na periferia, se torna difícil, muitas vezes, por pouco estudo ou pela precariedade de trabalho que tem principalmente para pessoas pobres e negras de periferia, e temos que ter um local pra criar nossos filhos. Por isso, precisamos ocupar o espaço. Nós, como quilombolas, temos uma história muito grande naquele espaço e resolvemos retomar esse território. Por isso, em 2012, ocupamos aquele espaço. De lá para cá, as famílias se consolidaram e se ampliaram. Estamos com 219 famílias. Queremos montar nossa creche, já temos biblioteca, aulas de capoeira que eu dou, temos nossas festas, festa junina, de dia das crianças, dentro daquele espaço onde moramos. É um local extremamente bom para morar”.

Nunca deixamos pisar em nós

Eliane Andrade, 46 anos, moradora há dois anos da Comunidade 7 de Setembro, diz: “Desde que entrei, não me arrependo de nada, de ter botado minha cara a tapa, de ter feito protesto, ter gritado, de ter corrido, não importa o dia, não importa a hora. A minha luta não é em vão. A gente é muito unido. A gente corre atrás, nunca deixamos ninguém pisar em nós. Jamais vamos sair dali, jamais! A gente está com reintegração de posse ali, mas a gente não vai desistir.”

Apesar da reintegração de posse ajuizada, a comunidade está determinada a resistir em seu território. Vem realizando assembleias e pressionando o poder público para que a reintegração seja suspensa e que o relatório antropológico do quilombo seja produzido.

Sobre as ações jurídicas, Onir de Araújo relata que estão tomando todas as medidas cabíveis para evitar a reintegração e transferir essa discussão para a Justiça Federal, mas tudo isso significa somente ganhar tempo, porque o fundamental é que as famílias permaneçam no território.

A fala de Jamaica marca muito bem a decisão da comunidade em resistir: “Nós, enquanto Quilombo da Família Machado e Comunidade 7 de Setembro, queremos e vamos nos manter lá, vamos brigar pelo nosso espaço e pelos nossos direitos porque moradia é um direito, e todos os governantes passam por cima. Eles tapam o Sol com a peneira, mas nós vamos resistir que seja até a morte, nós não vamos sair de lá. Então chamamos todos os órgãos públicos do Estado do Rio Grande do Sul, principalmente o Ministério Público Federal, a que se conscientizem: de lá não vamos sair. Nós não temos medo de polícia, polícia a gente vê todos os dias”.

Com luta e organização, a comunidade conseguiu suspender, mais uma vez, a reintegração de posse. A luta segue e a mobilização e organização crescem.

Priscila Voigt e Nanashara Sanches, coordenação estadual do MLB – RS

Mulheres das Américas se unem por direitos na República Dominicana

encontro RD3De 25 a 27 de setembro, cerca de 500 mulheres, de 13 países, reuniram-se no 1° Encontro de Mulheres Caribenho e Latino-americano, com o tema “Em defesa de nossos direitos”. O evento aconteceu na República Dominicana, país onde viveram, lutaram e foram martirizadas as irmãs Mirabal. Uma delegação de 29 brasileiras, coordenadas pelo Movimento de Mulheres Olga Benario, de nove estados, participou do evento.

Uma programação especial foi realizada antes mesmo do início do encontro, acolhendo as delegações que chegavam e fortalecendo a unidade de nossas lutas. No dia 23, as companheiras participaram do seminário Violência de gênero a partir da perspectiva dos meios de comunicação. A mesa de debates teve a participação de representantes da República Dominicana, Argentina, Colômbia, Chile, Turquia e Brasil.

Todos os países relataram que, nas coberturas midiáticas, a vítima e sua voz são ignoradas; o destaque das matérias é para o violador, os fatos são apresentados a partir das visões masculinas, e os casos são tratados como crimes passionais, e não como uma violência de gênero e mesmo feminicídio. A forma sensacionalista como se apresenta a violência contra as mulheres nos veículos de comunicação de massa foi apresentada como questão chave. As mídias cumprem o papel de vetor social da ideologia dominante, legitimando e reproduzindo a violência de gênero.

Por fim, foi apresentada a necessidade de produções midiáticas independentes e classistas das mulheres, tratando das diferentes nuances das suas realidades, dando voz a elas como sujeito no combate à violência que sofrem.

No dia 24, as delegações internacionais conheceram Salcedo, capital da província Hermanas Mirabal. Iniciadas as atividades com um ato político em frente à prefeitura da cidade, as companheiras conheceram o museu que originalmente era a casa dessas mártires da luta pela libertação das mulheres e da classe trabalhadora. Emocionadas, as companheiras tiveram a oportunidade de conhecer a filha de Minerva, de mesmo nome, que falou sobre a importância e a continuidade da luta de seu pais.

Denuncia da violência contra a mulher

A programação do encontro começou no dia 25, com uma marcha em Santo Domingo, capital da República Dominicana. A concentração da marcha aconteceu na praça que homenageia María Trinidad Sánchez, lutadora pela independência do país, fuzilada em 1845 por se recusar a entregar qualquer informação sobre seus companheiros. A marcha se encerrou em frente ao Palácio do Governo, onde foi realizado um ato político denunciando o descaso com as políticas públicas populares no país. O Olga Benario foi um dos movimentos escolhidos para apresentar uma intervenção nesse momento. Na tarde desse dia, o evento começou, oficialmente, com os informes dos países sobre a conjuntura e as situações de opressão e também de organização e luta das mulheres.

Muitos foram os pontos comuns apresentados nos informes no que tange às violações de direitos das mulheres. A larga disparidade salarial entre homens e mulheres, a feminização da pobreza, barreiras para a participação política, acúmulo de jornadas de trabalho e escalada de todas as formas de violência são fenômenos presentes em todos os países. Os alarmantes números de mulheres violentamente assassinadas no México, onde morrem seis a cada dia, e no Brasil, onde são 15, são exemplos do reflexo mais claro da violência desferida contra as mulheres pelo sistema capitalista e sua estrutura patriarcal.

É importante ressaltar o fato de que a privação da educação dificulta o acesso das mulheres à cultura e também à qualificação profissional, contribuindo para que sua inserção no mercado de trabalho se dê por postos mais precarizados e mal pagos, reforçando a fragilização e manutenção das mulheres como economicamente reféns de relações abusivas.

No Haiti, por exemplo, a nação mais pobre das Américas, os dados sobre o acesso das mulheres à educação são impactantes. Com 90% de todo seu sistema educacional privado, o país tem 75% da população feminina analfabeta. Não por coincidência, a violência domiciliar está presente em mais de 60% das famílias, conformando-se como fenômeno cultural profundamente enraizado naquele país.

Na Colômbia, as mulheres têm vivenciado o que chamam de “sequestro express” por parte de grupos paramilitares e narcotraficantes. Tomadas de suas famílias, elas são violentadas e agredidas durante dias e depois devolvidas às suas comunidades, muitas vezes grávidas de seus agressores. No México o número de mulheres e jovens desaparecidos devido à guerra entre narcotraficantes, governo e grupos de extermínio tem crescido assustadoramente no último período. Estima-se que quase 30 mil mexicanos estejam desaparecidos sem vestígios, como o grupo de 43 estudantes secundaristas que desapareceram há cerca de um ano e jamais foram encontrados.

Na Argentina, as mulheres empreendem dura luta contra as medidas de austeridade, que incidem diretamente nos direitos sociais das mulheres, que também ocupam a maior parte das vagas precarizadas, e ainda travam a luta pelos desaparecidos e desaparecidas no período da ditadura militar.

No Equador, a situação não é diferente. A população conta com 52,2% de mulheres, sendo 11,4% destas analfabetas. No que se refere ao acesso ao mercado de trabalho, percebe-se naquele país profunda dificuldade e discriminação para o ingresso feminino que, bem como em outros países, ocupa a imensa maioria dos postos precarizados e são as que desempenham a função de empregadas domésticas. Outra grande luta encabeçada pelas mulheres é a da garantia do pleno exercício de seus direitos políticos, profundamente atacados no governo de Rafael Correa, que persegue e encarcera as lideranças populares e feministas classistas do país.

A Turquia enviou para o encontro uma observadora que também teve oportunidade de apresentar a situação em seu país. As mulheres turcas têm enfrentado uma luta pela garantia de direitos civis e políticos, luta encarniçada pela garantia do direito ao aborto, hoje ilegal em qualquer circunstância no país. O governo encabeça uma campanha de combate ao aborto, e autoridades argumentam que se uma mulher é violentada não pode “assassinar seu filho” e que, se preferir, que se mate após o parto.

Após os informes e denúncias de todas as delegações presentes durante todo o evento, concluímos que são profundas e similares as formas de exploração, violação de direitos e violência contra as mulheres. Em todos os países, o sistema capitalista, com sua estrutura patriarcal, utiliza-se de todos os instrumentos necessários para oprimir, dividir e exterminar as mulheres trabalhadoras. O aparato estatal, a religião, a mídia, o mercado de trabalho, as guerras e conflitos sempre incidem de maneira desumana, sobretudo para as mulheres das classes oprimidas. Há uma ameaça constante sobre as negras, as indígenas, as mais pobres e as assalariadas.

O encontro aprovou, por aclamação, uma resolução final em que se destaca a  solidariedade à luta dos povos, o repúdio às guerras imperialistas que criam cada dia mais imigrantes e refugiados e, consequentemente, miséria e mortes, foram algumas das tantas questões importantes apresentadas. A necessidade da unidade internacional e de lutas conjuntas no 8 de Março, 1º de Maio e 25 de Novembro e da luta anti-imperialista e em defesa do socialismo também constam da resolução.

O encontro se encerrou com muita energia revolucionária e exaltando o exemplo de luta das irmãs Mirabal. Por fim, aprovou-se que o próximo encontro será realizado em 2018, no Equador.

Vivian Mendes e Raphaela Lopes, de Santo Domingo

Resolução do 1º Encontro de Mulheres da América Latina e do Caribe

Santo Domingo, 27 de Setembro

Na República Dominicana, berço das irmãs Mirabal, terra generosa por sua natureza maravilhosa e o calor de sua gente, mulheres da Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, República Dominicana, Equador, El Salvador, Haiti, México, Paraguai, Peru, Porto Rico e Venezuela se reuniram motivadas pelo lema: “As mulheres da América Latina e do Caribe presentes na luta pela nossa emancipação, junto a nossos povos pela libertação”.

Com enorme entusiasmo, operárias, camponesas, estudantes, docentes, profissionais, intelectuais, artistas, desempregadas, empregadas domésticas, donas de casa, aposentadas, trabalhadoras autônomas, indígenas e negras, chegamos aqui financiadas por meio de distintas atividades desenvolvidas em cada país, evidenciando que as mulheres populares são capazes de realizar grandes coisas sem recorrer ao financiamento de ONGs ou cooperações estrangeiras dos países imperialistas.

As mulheres da América Latina e do Caribe, desde a luta pela independência do colonialismo, participam ativamente na construção histórica de nossos povos, e em todas as atividades desenvolvidas esteve mais claro que nunca os exemplos de Micaela Bastidas, Juana Azurduy, Manuela Sáenz, María Trindade Sánchez e das milhares de lutadoras anônimas a quem honramos com a convocatória.

Continuamos os passos de mulheres revolucionárias como Clara Zetkin, Rosa Luxemburgo, as mártires da fábrica de algodão nos EUA, em cuja homenagem se estabeleceu o 8 de Março como Dia Mundial da Mulher Trabalhadora. Também rendemos nossa homenagem e seguiremos o exemplo de mártires como Olga Benario, Lolita Lebrón, Azucena Villaflor, Rosita Paredes e muitas mais que doaram seu sangue pela reivindicação dos direitos das mulheres e dos povos.

Nossos países estão irmanados por uma história em comum, com características sociais, econômicas e linguísticas similares, pela luta anticolonial e anti-imperialista e contra a opressão dos setores dominantes locais, na busca de um futuro de mudanças profundas que nos levem à emancipação e definitiva independência das mulheres junto a nossos povos.

As mulheres são as mais afetadas por este sistema injusto e repressivo. Lutamos contra a dupla exploração e opressão, contra a violência de gênero, contra a discriminação étnico-cultural e etária; por educação sexual e reprodutiva para conhecer e decidir, anticoncepcionais para não engravidar e aborto legal para não morrer; para acabar com as redes transnacionais de tráfico que escravizam as mulheres, meninas e meninos na prostituição e no narcotráfico, redes que existem com a cumplicidade dos Estados capitalistas e patriarcais subordinados aos intuitos imperialistas; pelo direito ao trabalho, contra todo tipo de abusos no âmbito do trabalho, por salário igual para trabalho igual; pela segurança alimentar, por educação de qualidade e erradicação do analfabetismo feminino, saúde pública e de qualidade; contra todo tipo de discriminação, contra o racismo e a xenofobia, pelo reconhecimento das etnias e  povos originários; pelo direito das mulheres e das trabalhadoras do campo a terra e a garantias para sua atividade produtiva.

Em todo o Encontro, nas oficinas e plenárias, as mulheres expressaram seu repúdio a todas as formas de violência existentes em seus respectivos países e a troca de experiências constituiu o fator principal para estabelecer acordos e resoluções que animarão a luta das mulheres pela conquista de sua emancipação e pela definitiva independência de nossos países.

Rechaçamos firmemente as guerras de intervenção imperialista, que são a causa da migração, aumento maciço de refugiados e a constituição de um exército de seres humanos sem teto e sem trabalho, sendo a causa do sofrimento de milhões de mulheres e suas famílias.

Ao finalizar este bem-sucedido Encontro, comprometemo-nos a fortalecer os laços de unidade, amizade e solidariedade das mulheres trabalhadoras e dos distintos setores populares; a impulsionar juntas jornadas continentais em três datas que constituem momentos históricos para as mulheres do mundo: 8 de março, Dia Mundial das Mulheres Trabalhadoras, como um dia de compromisso das mulheres em conquistar sua libertação; 1º de maio, Dia Internacional da Classe Trabalhadora, que deve ter seu caráter de luta pela unidade e organização das e dos trabalhadores contra a exploração capitalista ratificado; e 25 de novembro, Dia Contra a Violência às Mulheres, para recuperar o sentido histórico da luta e sacrifício das irmãs Mirabal e nos solidarizar com as lutadoras e lutadores sociais que enfrentam julgamentos por fazer uso de seu legítimo direito à resistência.

 

Lucro dos bancos cresceu 850% em doze anos

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Ao divulgar os fatos que ocorrem na sociedade, o objetivo principal da mídia burguesa (jornais, revistas, rádios e TVs que estão sob controle da classe capitalista) é, além de expor o ponto de vista da classe dominante, esconder a verdadeira causa desses acontecimentos visando a enganar os trabalhadores. Um claro exemplo disso é a cobertura da imprensa burguesa sobre o orçamento de 2016 enviado pelo Governo Federal ao Congresso Nacional.

Como se sabe, o orçamento tem um déficit de R$ 36 bilhões, ou seja, após a soma de toda a arrecadação, ficará faltando ao governo este valor para pagar suas despesas. O que fizeram então TVs, rádios e jornais em infindáveis notícias e entrevistas sobre este fato?

O ex-golpista de 1964 Delfim Netto¹, ministro de vários governos da ditadura militar, com a autoridade de ser responsável pela criação da dívida pública do país, declarou, no dia 19 de setembro, em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo: “Ela (Dilma) é simplesmente uma trapalhona” e “O envio do orçamento ao Congresso foi a maior barbeiragem política e econômica da história recente do Brasil”.

Além de afirmar que foi um absurdo enviar ao Congresso um orçamento com déficit, a imprensa burguesa culpou o excesso de ministérios, os salários dos servidores e os gastos com os programas sociais como as causas do déficit do governo. Nenhuma linha, entretanto, sobre a fortuna que o governo gasta mensalmente com a dívida pública. Parece até que este gasto não existe no orçamento ou que se trata de uma despesa insignificante.

Qual é a verdade? Por que faltam R$ 36 bilhões no orçamento da União? O que leva o governo a ter déficit em vez de superávit nas suas contas?

Somente este ano, de janeiro a agosto, o Governo Federal desembolsou R$ 338,3 bilhões com juros da dívida, um valor muito superior ao gasto em 13 anos com o Bolsa Família. Apenas no mês de agosto, as despesas com juros somaram R$ 49,7 bilhões, bem mais que o déficit de um ano inteiro. Qual é então a causa do déficit: os juros ou os programas sociais?

Também não é verdade que o governo invista muito em Educação e Saúde. Muito pelo contrário. O orçamento da Educação em 2015 é de apenas R$ 38,2 bilhões, e o da Saúde, R$ 87,7 bilhões. Portanto, três meses de gastos com juros são o que o Estado investe em Educação e Saúde por ano. Por isso, a saúde pública está sucateada, postos de saúde são fechados e universidades e escolas públicas cortam despesas com assistência estudantil e atrasam salários dos trabalhadores.

Pior, segundo a Auditoria Cidadã da Dívida, as despesas com juros são muito maiores do que os números oficiais indicam. Em 2014, o Governo Federal gastou R$ 978 bilhões com juros e amortizações da dívida – 45% do orçamento –, enquanto que com a Saúde foram apenas 3,98% e com a Assistência Social, 3,08%. Já o orçamento federal de 2015 reservou R$ 1,356 trilhão para os gastos com a dívida pública.

Esta situação se repete nos governos estaduais e nas prefeituras. Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo, Alagoas, Goiás, entre outros estados, devido aos enormes encargos com a dívida, estão cortando investimentos sociais, e alguns governos chegaram a fatiar o salário dos trabalhadores públicos.

Quem manda no governo

E por que o governo gasta tanto com juros?

Primeiro, porque o Estado é sempre o Estado da classe mais poderosa economicamente e, na última fase do capitalismo, como ensina Lênin, a classe econômica mais forte é a oligarquia financeira.

Segundo, porque a dívida pública é um excelente meio para a classe capitalista se apropriar dos recursos do Estado. Trata-se de um negócio sem risco. Os bancos compram títulos públicos, revendem esses títulos para uma minoria de ricos e ficam recebendo juros sobre juros todos os meses, vendo crescer mais e mais a dívida do governo com eles.

Terceiro, porque os ministros e os presidentes do Banco Central são nomeados após indicação ou autorização da oligarquia financeira. O atual ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é, como se sabe, uma indicação do dono do Bradesco. O presidente do Banco Central nos dois governos Lula foi Henrique Meirelles, ex-presidente do Bank of Boston. No governo de FHC, o presidente do Banco Central foi Armínio Fraga, ex-diretor da Soros Fund Management LLC, do magnata George Soros, e integrante do Conselho Internacional do banco JP Morgan, e, em sua gestão à frente do BC, chegou a fixar a taxa de juros em 45%. Fraga foi anunciado como futuro ministro da Fazenda em caso de vitória de Aécio Neves.

São essas autoridades econômicas, na realidade serviçais dos donos dos bancos e de fundos de investimentos, que decidem qual a taxa de juros do país e onde vai ser aplicado o dinheiro arrecadado pelo governo com os impostos pagos em sua maioria pelos trabalhadores². Resultado: nos últimos 12 anos, o lucro dos quatro maiores bancos do Brasil aumentou 850%, saindo de US$ 2,1 bilhões para US$ 20 bilhões.

Por outro lado, a mídia burguesa faz um estardalhaço tão grande que até parece que o Brasil é único país do mundo com déficit no orçamento.

Ledo engano. Os EUA terão, em 2016, um déficit de US$ 429 bilhões (2,3% do PIB), 47 vezes maior que o déficit do Brasil (R$ 36 bilhões, 0,5% do PIB). Mas os EUA têm esse gigantesco déficit, e o sr. Delfim Netto nem ousa pensar que Barack Obama seja um trapalhão, quanto mais falar isso numa entrevista!

A sonegação patronal

Há ainda outra importante causa para o déficit público sobre a qual a imprensa burguesa nada diz: o não pagamento de impostos pela classe rica, a sonegação fiscal de grandes empresas e bancos.

Levantamento da revista Carta Capital publicado em 9 de setembro deste ano revelou que a grande indústria deve ao Estado brasileiro R$ 236,5 bilhões; o comércio, R$ 163,5 bilhões; e o sistema financeiro (bancos), R$ 89,3 bilhões. Portanto, esses sonegadores de impostos devem ao país um total de R$ 489,3 bilhões, o que cobriria 13 anos de déficit.

Lembremos que, de acordo com o mestre em Finanças Públicas e ex-secretário de Finanças na gestão da prefeita Luíza Erundina em São Paulo, Amir Khair, a taxação do patrimônio da classe rica poderia render aproximadamente R$ 100 bilhões por ano, dinheiro também suficiente para cobrir duas vezes o déficit da União.

Mas quem ouviu em alguma rádio, viu numa TV ou leu em um jornal burguês que o governo precisava cobrar os impostos devidos pelos ricos sonegadores ou taxar as grandes fortunas para acabar com o déficit público?

Não ouviu nem ouvirá, porque o governo fez a opção de jogar a conta da crise nos ombros dos pobres e não dos mais ricos. Preferiu seguir governando segundo os interesses de uma minoria privilegiada que enriquece com a exploração da classe operária e com o saque dos recursos públicos via dívida pública, privatização do nosso patrimônio, sonegação e com os seculares subsídios do governo. Com efeito, para garantir que não ocorra nenhum atraso nos pagamentos de juros, a oligarquia financeira exigiu, e o governo, por duas vezes este ano, cortou verbas da Educação e de outros setores, cancelou o reajuste salarial dos servidores públicos, reduziu o seguro-desemprego e anunciou novas privatizações.

Servidão à grande burguesia

Mas o que levou o governo do PT a tão profunda submissão ao capital financeiro?

Mesmo antes de assumir a Presidência da República, Lula e o PT se aliaram com a grande burguesia nacional, colocando um rico industrial como vice-presidente. Na campanha eleitoral, em junho de 2002, lançaram a famosa Carta aos Brasileiros, em que afirmavam: “Vamos preservar o superávit primário o quanto for necessário para impedir que a dívida interna aumente e destrua a confiança na capacidade do governo de honrar os seus compromissos”.

Ao assumir o governo, o PT manteve a política econômica de prioridade à exportação de commodities (minérios e produtos como soja, carne etc.), privilégios para os bancos (nos primeiros meses do governo Lula, o BC chegou a fixar a taxa básica de juros, a Selic, em 26%) e subsídios para os grandes monopólios nacionais e estrangeiros. Em resumo, reforçou o controle da burguesia sobre os setores-chave da economia ao manter todas as corruptas privatizações realizadas pelo governo de FHC em vez de realizar transformações estruturais na economia brasileira. Tal política, em que pesem alguns avanços sociais, aumentou a concentração do capital nas mãos da classe capitalista. Prova disso é que uma elite de 71 mil pessoas detém 23% da riqueza do país.

Sempre apoiado pelo PCdoB, o PT sepultou a teoria marxista da luta de classes, fez piada com a tese marxista de que as crises econômicas são inevitáveis no capitalismo e que somente abolindo este sistema é possível acabar com o desemprego e a pobreza, e propagou a teoria da governabilidade com afirmações do tipo “A governabilidade do país tem de reunir todas as forças” e “O país é muito grande e complexo para ser governado por um único partido”.

Tal governabilidade levou o PT a abandonar a reforma agrária, desistir de taxar as grandes fortunas e de fazer a auditoria da dívida pública, promover leilões do nosso petróleo, de aeroportos e rodovias e permitir o ingresso do capital estrangeiro no Banco do Brasil.

Para manter suas alianças com partidos assumidamente de direita como PP, PMDB, PTB, PSD, entre outros, passou a coletar milhões e milhões da burguesia para financiar milionárias campanhas eleitorais. O fato é que o processo de direitização do PT se aprofundou, e o partido se transformou naquilo que dizia ser o seu contrário. Em outras palavras, a teoria da governabilidade levou exatamente à atual situação de ingovernabilidade, pois, ao trair os interesses fundamentais da classe operária e se afastar dos movimentos populares, o PT se tornou facilmente manobrável pela classe dominante.

Não é um fenômeno novo na história, tampouco um caso único nos últimos anos, mas uma consequência natural de um partido que é hegemonizado pela ideologia pequeno-burguesa. Mirem-se, por exemplo, em Atenas, na recente traição do Syriza, partido que, eleito pelo povo grego contra a política de austeridade da União Europeia, passou a implementá-la sem nenhuma resistência e sem nenhum pudor.

Por tudo isso, o caminho que o governo escolheu para eliminar o déficit do orçamento é cortar investimentos sociais, realizar mais privatizações, reduzir o seguro-desemprego, cancelar concursos públicos, manter subsídios às montadoras e ao agronegócio e elevar os juros e os gastos com a dívida. A teoria da governabilidade exige agora um novo ajuste fiscal. O primeiro já provocou a maior recessão dos últimos 15 anos, 600 mil trabalhadores demitidos, reduziu salários, aumentou a precarização no mercado de trabalho, cortou verbas dos programas sociais e colocou à venda a BR e a Transpetro.

Construir um novo caminho

É natural, portanto, que outra vez nos perguntemos: para que serve uma governabilidade que impõe o imobilismo a sindicatos e movimentos sociais e se curva aos interesses da oligarquia financeira e de partidos de direita e corruptos?

Há tempo que A Verdade vem advertindo que esse caminho não colherá bons frutos. É preciso, pois, olhar para frente e não para trás.

Os trabalhadores, os camponeses, a juventude rebelde e combativa, o movimento popular independente têm que construir seu próprio caminho, vencer o imobilismo e derrotar na prática a política de conciliação de classes, desenvolvendo a luta em todos os setores. Organizar greves contra demissões, preparar grandes ocupações pelo direito à moradia, organizar passeatas contra o corte de verbas, exigir de prefeituras e dos estados uma saúde pública digna, lutar contra o atraso ou parcelamento dos salários, ocupar a sede dos governos que preferem desviar o dinheiro público para os banqueiros em vez de pagar o salário dos trabalhadores e construir uma unidade popular que seja alternativa política para os que querem lutar pela revolução e pelo socialismo em nosso país.

Lula Falcão é diretor de Redação de A Verdade e membro do Comitê Central do PCR

 ¹Há um dito popular que afirma: “Uma vez golpista, sempre golpista”.

²De acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), mais de 79% da população brasileira que recebe até três salários mínimos por mês contribui com 53% da arrecadação de impostos no país.

 

Professor Magno Francisco denuncia ameaças ao secretário de Segurança de Alagoas

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magno coletivaNeste dia 13 de outubro, o professor Magno Francisco da Silva, militante da UP e do Movimento Luta de Classes (MLC), foi recebido pelo secretário de segurança de Alagoas, Alfredo Gaspar de Mendonça, para reforçar as denúncias de ameaças a sua vida que vem sofrendo há pouco mais de um mês. Segundo ele, existe um plano para matá-lo por parte dos grupos de extermínio que atuam no estado.

Magno Francisco teve seu primo, Davi da Silva, 17 anos, assassinado pela PM de Alagoas no dia 25 de agosto de 2014. Desde então, tem cobrado publicamente a punição dos policiais envolvidos no caso.

Na audiência, Magno apresentou que descobriu o plano por meio de uma fonte da PM, que o conhecia do período em que era liderança estudantil na UFAL, que, por ter admiração pela sua atuação militante, considerava uma grande injustiça o plano de execução que estava sendo tramado.

O secretário de Segurança designou um delegado especial para investigar denúncia e disse que a principal preocupação era garantir a integridade física do professor. A audiência contou com a participação do reitor da UFAL, professor Eurico Lobo, da professora Elaine Pimentel, do projeto “UFAL em Defesa da Vida”, dos advogados Daniel Nunes e Pedro Montenegro, representantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB-AL, de representantes do Sindicato dos Trabalhadores da UFAL (Sintufal) e do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas.

Ao final, Magno declarou que permanecerá cobrando justiça para o Caso Davi e que a elucidação deste caso é fundamental na luta contra o extermínio da juventude pobre e negra da periferia.

Redação

Governador Alckmin, do PSDB, quer fechar mais de mil salas de aula em São Paulo

Ato contra fechamento de escolas
Ato contra fechamento de escolas



O fim do ano não representa o fim dos problemas para professores e estudantes do estado de São Paulo. Pelo contrário, desde setembro a precarização e os ataques do governo vêm se intensificando contra a educação pública paulista.

Que a escola pública precisa de uma reorganização ninguém discute. Mas a decisão do governo Alckmin vai na contramão do que é preciso fazer. Enquanto se cobra a abertura de mais turmas para eliminar a superlotação, teremos escolas sendo fechadas. Enquanto se exige a contratação dos professores aprovados no último concurso, estamos prestes a ver dezenas de milhares ficarem sem emprego ano que vem. Enquanto todos concordam que é preciso aumentar os investimentos na educação, o governo do PSDB quer economizar milhões.

Mais uma vez vemos a cara de pau do governador para apresentar argumentos contrários ao que ele realmente fará. Assim como prometeu que não faltaria água ou que São Paulo seria um lugar seguro para viver, agora ele promete que a educação paulista vai melhorar. Acontece que no ano de 2014 o estado de São Paulo teve nota abaixo da meta para os índices nacionais.

Os outros argumentos são ainda piores:

A justificativa de que separar ciclos aumenta a qualidade é mentira, visto que países com educação de qualidade – como Noruega e Finlândia – seguem a tendência de eliminar as séries e matérias construindo um conhecimento único e interdisciplinar e integrando estudantes de idades diferentes. A pedagogia não é preocupação do governo tucano.

A história de que existem vagas ociosas é uma das maiores mentiras já ditas nos últimos vinte anos do PSDB no governo de São Paulo. Afinal, salas com mais de quarenta alunos são comuns. Jovens em idade escolar existem aos montes, o que não existe é incentivo para que eles frequentem a escola pública. Então, ou largam os estudos ou migram para a escola particular quando podem.

A história de que será possível adaptar prédios aos ciclos oferecidos é outra balela. Já são anos em que as verbas para educação são cortadas e neste ano muitas escolas receberam metade da verba do ano passado. No segundo semestre as escolas não têm papel higiênico para os estudantes e até a merenda está sendo racionada. Material escolar é uma raridade e o programa de distribuição de livros foi cancelado para economizar.

O artigo do secretário da educação diz que não devemos reduzir a educação a uma escala de proficiência. Mas o que significa atrelar o trabalho do professor a um bônus que varia de acordo com as notas dos estudantes no SARESP? Decidir a escola que abre ou fecha turmas baseado nas notas do SARESP não é reduzir tudo a uma proficiência?

O fato é que toda a população será atingida com a desorganização que acontecerá em 2016. Pais e mães terão que mudar suas rotinas para levarem seus filhos nas escolas, estudantes serão afastados de seus amigos e professores e do ambiente em que cresceram, e professores nem sabem se terão emprego para sustentar suas famílias!

Por isso, junto aos estudantes e familiares, nos juntamos nas manifestações de repúdio a reorganização proposta e dizemos em alto e bom som: “Não feche a minha escola”! Uma grande manifestação de estudantes e professores está convocada para a próxima quinta-feira, às 10 horas, na frente do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual.

Lucas Marcelino, professor da rede estadual de São Paulo.

Bancários em greve lutam por dignidade

Cartaz da Contraf
Cartaz da Contraf

Numa demonstração de arrogância e desrespeito com a categoria bancaria brasileira, a Federação Nacional dos Bancos apresentou uma proposta absurda de reajuste salarial: 5,5%, quase metade da inflação do período. Lembrando que o setor financeiro tem todas as condições de contemplar seus trabalhadores com um reajuste digno, visto que lucrou R$ 36,3 bilhões somente no primeiro semestre deste ano. Nos últimos dez anos foram 850% de aumento nos lucros.

Por outro lado, Segundo a pesquisa feita pela Fundação Procon, os juros do cheque especial atingiram em outubro média de 12,28% ao mês, a maior desde setembro de 1995. No mês anterior, a média estava em 11,9% a.m.

A greve nacional dos bancários chegou a números importantes: no total 10.818 locais de trabalho paralisaram suas atividades.  Para se ter uma ideia, apenas na capital paulista, mais de 52 mil trabalhadores de 700 locais de trabalho, sendo 23 centros administrativos e 677 agências, cruzaram os braços a fim de pressionar por uma proposta digna dos bancos.

Segundo o presidente da Contraf – CUT, Roberto Von der Osten, é notório o grau de insatisfação dos bancários em greve. “Estamos percorrendo os locais paralisados, que cresceram mais uma vez e ouvindo a indignação dos bancários. Afirmam, entre outras coisas, que foi uma proposta desleal e desmotivadora e criticam os bancos com frases como ‘depois eles vêm fazer campanhas internas de motivação e mandar cartinhas dizendo que nos valorizam. Só que não! Sem a inflação e sem ganho real não dá. Isto é exploração. Exploração não tem perdão’. Esperamos que os banqueiros ouçam estes protestos e mudem a sua posição”.

Sem uma proposta decente, que contemple reposição da inflação e aumento real, a greve segue forte nos 26 Estados da Federação e no Distrito Federal, com adesões das agências e centros administrativos de todo o País.

As reivindicações dos bancários:

Reajuste salarial de 16%. (incluindo reposição da inflação mais 5,7% de aumento real)

PLR: 3 salários mais R$7.246,82

Piso: R$3.299,66 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último). Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$788,00 ao mês para cada (salário mínimo nacional).

Melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários.

Emprego: fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PLC 30/15 no Senado Federal, além da ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas.

Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.
Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós.

Prevenção contra assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários.

Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transexuais e pessoas com deficiência (PCDs).

Serley Leal, Ceará

Abaixo o governo assassino do AKP!

Nota de solidariedade do PCR aos camaradas do Partido do Trabalho (EMEP) – Turquia


 

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O Comitê Central do Partido Comunista Revolucionário (PCR) vem a público prestar sua solidariedade aos bravos militantes do Partido do Trabalho (EMEP), da Turquia, que perderam tragicamente 15 camaradas no atentado terrorista ocorrido no último dia 10 de outubro, em Ancara, e que covardemente assassinou 97 pessoas e deixou quase 200 pessoas feridas.

Não temos dúvida que a manifestação pela Paz, promovida pelas principais organizações sindicais e revolucionárias do país, foi atacada covardemente pelos mesmos grupos que alimentam o ódio de classe contra os trabalhadores e acreditam que com a guerra imperialista conseguirão deter a crescente insatisfação e rebeldia dos povos e salvar o imperialismo capitalista.

Há anos, o governo fascista e corrupto de Recep Tayyip Erdogan vem alimentando a violência contra as organizações populares com o objetivo de se manter no poder e seguir sua política de submissão aos interesses do grande capital. Com certeza, o ocorrido em Ancara levará a população turca, em especial a classe operária e a juventude, a perder toda e qualquer ilusão em Erdogan e seu partido AKP e a se somar à luta pela verdadeira democracia, pois, como declarou o Comitê Central do EMEP, “a luta contra o poder desse governo, que dá suporte aos massacres e atentados, é também a luta pelo futuro do país”.

Os imperialistas e todos os reacionários acreditam que com a violência e o medo poderão sufocar a luta de classes e o sentimento de revolta dos explorados do mundo. Mas a verdade é que os métodos fascistas contra a organização popular e revolucionária têm seus dias contados, assim como sua política de desemprego, cortes dos investimentos sociais, privatizações, precarização do trabalho e cortes dos salários, tudo para beneficiar uma minoria de bancos e de monopólios nacionais e internacionais.

A resposta da classe operária turca a esse crime virá com a ampliação de suas lutas e com o fortalecimento das organizações revolucionárias como o EMEP, destacado membro da Conferência Internacional de Partidos e Organizações Marxista-Leninistas (CIPOML) e firme defensor do socialismo como caminho seguro para a conquista da Paz e da democracia.

Temos a certeza que o sangue derramado por esses militantes da causa do socialismo covardemente assassinados será o adubo que fertilizará o solo para a caminhada dos povos da Turquia, sua união e vitória contra as forças reacionárias e fascistas.

Juntamos nossa voz a todas as vozes do mundo que denunciam esse covarde atentado e nos solidarizamos às famílias dos mortos e feridos que lutavam pela paz entre os povos. Ao mesmo tempo, convocamos nossos militantes e as entidades democráticas do Brasil a organizarem atos de solidariedade ao povo turco e contra o governo fascista de Erdogan e do AKP.

Toda solidariedade ao povo turco e ao EMEP!

Abaixo o governo assassino fascista de Erdogan e do AKP!

Viva o internacionalismo proletário!

Comitê Central do Partido Comunista Revolucionário (PCR)

Brasil, 13 de outubro de 2015

MLC exige a convocação dos concursados na Conferência de Saúde de Pernambuco

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Entre os dias 07 e 09 de outubro, ocorreu a etapa estadual da Conferência de Saúde em Pernambuco, no Centro de Convenções de Olinda.

A principal reivindicação do Movimento Luta de Classes (MLC) na Conferência foi a imediata convocação dos aprovados no concurso da Secretaria de Saúde, que apesar do elevado déficit de profissionais, continua sem previsão para o início da convocação dos aprovados.

A estimativa inicial era superior a 3 mil delegados eleitos nas 185 cidades de Pernambuco, porém menos da metade conseguiu transporte para se deslocar dos seus municípios até o local do evento. O MLC denunciou a manipulação dos espaços de controle social distribuindo panfletos durante o evento. Uma grande parte dos delegados manifestou seu apoio às denuncias.

Em meio a muita desorganização, o principal objetivo da conferência não foi atingido: deliberar as propostas para melhoria do Sistema Único de Saúde (SUS).

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Desorganização impede o controle social

Já durante o primeiro dia foi possível observar a intenção dos gestores em implodir os debates. Curiosamente, no consolidado de propostas encaminhadas pelas etapas municipais, não constavam as propostas aprovadas em Recife e Petrolina. Quando questionados sobre o ocorrido, a comissão organizadora disse, inicialmente, não conhecer o fato. Após seguidas denúncias de vários delegados, a comissão concordou que “houve uma falha na relatoria”, mas, ao invés de garantir a resolução do “mal entendido”, disse que nada poderia ser feito.

“Em Recife ficamos até as 22h no grupo de debate sobre o financiamento do SUS para barrar as propostas da gestão de aumentar o financiamento para as OSs e em defesa da convocação dos concursados, para pôr fim à terceirização. Aí, chega aqui e não vemos nossas propostas que foram aprovadas com muita luta! É uma palhaçada! Eles querem nos empurrar as propostas deles de todo jeito, ficam manipulando as votações e acabando com o debate”, denunciou um trabalhador eleito delegado na Conferência Municipal de Recife.

No segundo dia várias pessoas passaram mal após o almoço. Após receber muitas denúncias, a Vigilância Sanitária resolveu averiguar e o resultado foi a interdição da empresa fornecedora da comida servida no evento, o que aumentou ainda mais a insatisfação dos participantes.

Entre os vários grupos que se manifestaram, destacaram-se o movimento pela reforma psiquiátrica, que já na abertura realizou um protesto contra a internação compulsória, e o movimento indígena, que acusou a organização de excluí-los da Conferência ao impedir que os índios tivessem acesso ao aparelho de votação pelo fato deles não portarem cédula de identidade.

Os grupos de debates sobre os eixos temáticos não aconteceram. As resoluções para a etapa nacional foram aprovadas de forma atropelada, impedindo o debate e a participação dos delegados na construção das propostas, o que levou vários delegados a esvaziaram o local por não aceitarem a forma como a mesa conduzia a Conferência.

No final do terceiro dia foram eleitos os delegados para a etapa nacional, que acontecerá em Brasília, entre os dias 1º e 4 de dezembro de 2015, onde prosseguiremos exigindo melhorias e mais investimentos públicos para assegurar um SUS universal, gratuito e de qualidade.

Redação PE

Governo fascista de Erdogan é responsável por massacre na Turquia

Ao menos 128 pessoas morreram e centenas ficaram feridas no ataque à bomba contra a Manifestação pela Paz organizada ontem em Ankara pelas organizações sindicais. Leia nota do Partido do Trabalho (EMEP), que perdeu 15 militantes no atentado.

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Erdogan e sua política de guerra são responsáveis pelo massacre!

A despeito de quem reivindique a autoria do atentado, a força por trás desse ato de terror e provocação fascista é o presidente Erdogan e o AKP, arrastando o país ao caos e à guerra num esforço para prorrogar seu mandato. Esse governo belicista em seu palácio* e o MIT – serviço de inteligência militar turco – tinham sob vigilância os responsáveis pelas atrocidades em Diyarbakir, em 5 de junho, e Suruç, em 20 de julho, mas optaram por não fazer nada. O objetivo destes massacres e provocações é disseminar uma política de medo entre a classe operária e os povos do país para estabelecer seu controle. Hoje está claro que a luta contra o poder desse governo, que dá suporte aos massacres e atentados, é também a luta pelo futuro do país.

O terror fascista e as provocações atingem todos os povos e forças de trabalho!

Erdogan insiste em sua política de intervir na questão Síria apoiando grupos bárbaros como o Estado Islâmico e o Al-Nusra, enquanto encerra sem conclusões o processo de negociação da questão curda**; a escalada do conflito através do estabelecimento de toques de recolher, áreas de exceção e intervenções militares em cidades curdas arrastam o país para um clima de guerra.

Os curdos exigem resolução do conflito pela igualdade de direitos; a intenção desta onda de ataques é atingir as forças democráticas do país, os sindicatos, os meios de comunicação, os trabalhadores e todas as forças populares que lutam por seus direitos.

Estes ataques são levados a cabo não só pelas forças estatais, mas também pelas quadrilhas armadas pelo serviço militar de inteligência – MIT – para exercer sua intervenção na Síria. Essa política está em vias de transformar o país em um círculo de fogo, como na Síria.

Hoje é o dia de converter o mundo num campo de batalha contra essa onda de ataques!

O país está num impasse: ou nos entregamos à política de guerra do governo, ou aumentamos a luta por um futuro democrático em que os trabalhadores e povos do mundo vivam em paz e comunidade.

Hoje é dia de propagar a luta em todos os cantos do país e dizer Fora! aos que pretendem continuar sua política inimiga do povo através do terror fascista e das provocações. Hoje é o dia em que os trabalhadores e toda a gente deve transformar os locais de trabalho, fábricas e bairros em campos de luta pela democracia e contra estes ataques.

Unir as forças para exigir punição aos culpados dos massacres e para parar o fascismo!

Fortalecer a luta pela democracia e paz convocando a greve e resistência geral!

Partido do Trabalho (EMEP) – Turquia

Notas:

*Em meio a essa política, Erdogan inaugurou um novo palácio do governo, o mais suntuoso no mundo; mais informações: http://pt.euronews.com/2014/10/29/turquia-erdogan-inaugura-polemico-palacio-presidencial/

**A região curda faz também fronteira com a Síria, onde as forças guerrilheiras revolucionárias femininas curdas exercem a principal resistência ao Estado Islâmico e outros grupos bárbaros, enquanto lutam pela autonomia curda e contra os ataques do governo fascista-nacionalista de Erdogan.

Atentado a bomba mata 128 pessoas durante manifestação na Turquia

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Turquia

Uma manifestação pela paz em Ancara, organizada neste dia 10 pelas quatro maiores associações de trabalhadores da Turquia foi marcada por um atentado a bomba. Duas bombas explodiram às 10h entre as pessoas que se dirigiam à praça, perto da estação de trem da cidade.

Dados do governo pouco após confirmavam 95 mortos e 246 feridos (o número de mortos já subiu para 128. Atualizado às 16:52h). 15 camaradas do Partido do Trabalho (EMEP, *revolucionários), entre eles um membro do Comitê Central, perderam suas vidas, e por volta de 30 ficaram feridos.

Nas eleições de junho, o partido do governo Erdoğan (AKP) perdeu parte de seus votos e não elegeu deputados o suficiente para formar um governo majoritário. O AKP rejeitou a coalizão com outros partidos e vetou a convocação de novas eleições em primeiro de novembro.

Após encerrar as negociações quinquenais com as representações políticas curdas, o governo aterroriza a região curda com suas forças militares.

Mais de mil guerrilheiros, civis, militares e policiais morreram vítimas da campanha de terror nos últimos meses. O ataque do governo nessas regiões recai sobre os eleitores do HDP (Partido/coalizão das forças de esquerda revolucionária e democráticas) que pela primeira vez ultrapassou o quórum de 10% dos votos necessário para fazer parte da composição do governo.

As organizações que lutam contra a política de terror de Erdoğan e por uma resolução de paz à questão curda tentam nos últimos tempos se fazerem ouvidas através de atos e manifestações. A manifestação de hoje for convocada pela confederação revolucionária de sindicatos dos trabalhadores – DISK, o KESK (confederação dos sindicatos de servidores públicos), TMMOB (conselho dos arquitetos e engenheiros) e o conselho dos médicos, TTB.

Condenamos energicamente esse ataque e reafirmamos que atos como esse não vão nos fazer desistir.

EMEP – Partido do Trabalho, Turquia

Retrato de um direitista contemporâneo

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Sujeitos com pensamentos de direita são fáceis de serem reconhecidos. Geralmente repetem como papagaios tudo o que a grande mídia produz. Tem ódio ao PT de graça, são incapazes de fazerem uma crítica bem fundamentada ao governo e escondem os problemas dos outros partidos, sobretudo dos seus correligionarios. Falam só em corrupção o tempo inteiro, mas sonegam imposto de renda, enchem a cara de álcool e drogas pra dirigir, tratam mulheres como objeto, são machistas, racistas e homofóbicos (até algumas mulheres direitistas são assim). Se pautam pela moralidade o tempo todo, mas não são capazes de olhar no espelho e reconhecer seus próprios defeitos. São egoístas ao extremo, só solidários com as pessoas do seu ciclo de amizades. Passam nas ruas com seus carrões em frente aos pontos de ônibus lotados, vêem pessoas dormindo nas ruas e crianças pedindo esmolas, mas não se sentem envergonhados de estarem do outro lado da desigualdade. Muitas vezes estufam o peito e clamam a meritocracia para ficarem com a consciência mais leve.

FB_IMG_1444434187798Um direitista convicto tem a desonestidade de comparar Fidel Castro a Hitler. Ele não abre mão de desqualificar todos os grandes seres humanos que lutam por igualdade, que defendem os direitos do povo pobre, que dedicam a vida ao povo trabalhador. O direitista fala mal do próprio povo, do próprio país, mas não sai do sofá para lutar por direitos. Ele abre a boca com seus dentes brancos de clareamento para dizer que os Estados Unidos é bom nisso, é próspero naquilo, mas não pega um livro de história para entender que a prosperidade de qualquer império depende da miséria das suas colônias. O direitista é tão hipócrita que fala mal do país e sonha em morar nos EUA ou na Europa, mas vai às ruas protestar contra a corrupção (e nada mais) com camisa da CBF (entidade notoriamente corrupta) e bandeiras do Brasil, reivindicando o patriotismo num nacionalismo exacerbado e cego.

O direitista tem alta capacidade de se contradizer para argumentar. A camada mais reacionária do direitismo defende intervenção militar “constitucional”, pois precisam salvar a “democracia”; invocam textos bíblicos escritos há 2000 anos para defenderem a pena de morte e se dizem cristãos (se Jesus era a favor da pena de morte, por que evitou o apedrejamento de uma mulher acusada de adultério?); são capazes de dizer que “preferem ver seu povo morrer pela repressão do que nas filas dos hospitais”. E quem vai morrer enfrentando a repressão nos protestos para melhorar a saúde pública?

ScreenHunter_5659-Apr.-13-12.44-1O direitista contemporâneo brasileiro venera figuras cujo legado é apenas a disseminação do ódio aos seres humanos. Ele chama Chico Mendes de oportunista e Carlos Marighela de assassino, mas se identifica com Malafaias e Bolsonaros. Ele fica indignado com o traficante da favela, mas cerra os lábios quando o helicóptero do Senador da República no qual ele mantém uma identificação de classe é apreendido com 450kg de cocaina. Ele adora notícias da operação Lava-Jato, mas teme que seja iniciada uma operação do tipo “Aspirador de Pó”. Vai que numa dessas seu líder maior seja preso…A implicação que o direitista tem com o dólar alto não tem relação com o aumento do trigo importado e, consequentemente, com o aumento do pão. Ele não sabe o preço do pão. O aumento do dólar é um impeditivo para suas viagens à Nova York para fazer compras ou passear por meia dúzia de países europeus na baixa temporada. A saída dele para o preço alto da gasolina é privatizar a Petrobras, deixar que o “livre mercado” resolva isso. Deve ser por que no livre mercado haja mais possibilidade de o direitista atingir seu sonho: ser dono único do que poderia ser riqueza de todos. Afinal, o direitista só se preocupa com ele mesmo.

Jobert Fernando de Paula
Diretor de formação e cultura do SINDIELETRO-MG, militante do Movimento Luta de Classes (MLC), militante do Movimento de Lutas nos Bairros Vilas e Favelas (MLB) e da Unidade Popular pelo Socialismo (UP)