UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sexta-feira, 21 de novembro de 2025
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Che Guevara vive!

Che Guevara e Fidel Castro

Depois de ter sido, ao lado de Fidel, Camilo e Raul, um dos principais comandantes da Revolução Cubana, de ter assumido o Ministério da Indústria e o Banco Central de Cuba, de ter organizado a guerrilha na África, determinado a impulsionar a Revolução na América Latina e construir um mundo novo, no dia 5 de março de 1967, Che Guevara e o primeiro grupo de 44 guerrilheiros chegaram à Bolívia, numa fazenda cedida por Roberto Peredo, integrante do Partido Comunista Boliviano (apoio pessoal, pois o Partido nunca se comprometeu com a guerrilha).

Falhas cometidas por alguns guerrilheiros e a delação feita por dois desertores deram ao Exército a certeza de que havia um grupo armado na região e sua localização. Preparam o primeiro ataque, que acontece no dia 23 de março, mas a guerrilha já os esperava e, numa emboscada, derrota o Exército sem sofrer baixas. A segunda batalha também é positiva para os rebeldes, tendo ocorrido a 10 de abril.

A seguir, há uma dispersão de forças e tudo transcorre sem maiores novidades até 31 de agosto, quando a traição de Honorato Rojas, camponês que apoiava a guerrilha, proporcionou a emboscada de Vale Del Ieso, quando foi dizimada toda a retaguarda. A essa altura, o exército aprendera com os erros cometidos nas investidas anteriores e com o treinamento de três meses efetuado por enviados do Governo dos EUA: um coronel, quatro capitães e 12 sargentos.

O cerco vai se fechando e, no dia 8 de outubro, Pedro Pena, um camponês interessado em receber a recompensa de US$ 4.200, delata a presença de 17 guerrilheiros (é a vanguarda, comandada por Che). Eles são cercados por 70 homens e há 1.500 nos arredores bem armados e alimentados, enquanto os guerrilheiros estão famintos, maltrapilhos, com fome e sede.

O combate encarniçado começa em torno do meio dia. Às 15h, Che é atingido na perna, sua arma inutilizada; Willy (Simon Cuba) tira-o da linha de fogo. Os dois são detidos: Che, com ferimento leve; Simon Cuba, ileso. Levados para o povoado de La Higuera, são custodiados numa escola, cada um numa sala. No dia seguinte, o presidente da Bolívia, René Barrientos, após consultar seus patrões, o Governo dos Estados Unidos, autoriza a execução sumária de ambos e de qualquer prisioneiro da guerrilha, temendo uma mobilização internacional por sua liberdade e que o julgamento fosse transformado em tribuna, como Fidel o fizera em Cuba. Assim, no dia 9 de outubro, às 12h50, Che e Simon são executados à queima roupa.

No dia 11, desapareceu o cadáver de Che. Até morto, ele representava um perigo para as classes dominantes. Só foi encontrado em 1997, após 19 meses de buscas iniciadas desde que o general Mário Vargas Salinas, um dos que comandaram as tropas contra a guerrilha, revelou que o tinham enterrado em Vallegrande (área da luta). Os restos mortais foram trasladados para Cuba, onde, recebido com honras de herói nacional repousa em Santa Clara.

Brilhando pelo mundo inteiro

Mas, apesar de sua morte, a cada ano que passa, a cada nova geração, aumenta o número dos admiradores e seguidores de Che Guevara em todo o mundo. E não são apenas os comunistas e revolucionários. Os moradores de La Higuera o veneram como San Ernesto. Milhares de jovens nem entendem o seu pensamento e sua luta, mas têm-no como referência por sua dignidade e sua coerência, tão raros em nossos dias em que a degradação moral do capitalismo se espalha por todas as classes sociais. Por que isso? É Jean Paul Sartre, filósofo francês, quem responde: “Foi o ser humano mais completo de nossa era. “O braseiro boliviano de Ñancahuazu foi provisoriamente extinto, mas a sua luz continua a brilhar, a incendiar por toda a parte novos braseiros, a fazer brotar novas centelhas, a guiar os povos como uma tocha na noite. Nada poderá apagar essa luz”.

Ao discursar na Praça da Revolução, em Havana, no dia 18 de outubro de 1967, Fidel Castro assim definiu Ernesto Che Guevara: “Não é fácil conjugar numa pessoa todas as virtudes que se conjugavam nele. Não é fácil que uma pessoa de maneira espontânea seja capaz de desenvolver uma personalidade como a sua. Diria que é desse tipo de homens que é difícil igualar e praticamente impossível superar. Porém diremos também que homens como ele são capazes, com seu exemplo, de ajudar que surjam homens como ele. (…) Muitas coisas ele pensou, desenvolveu e escreveu. E há algo que deve se dizer num dia como hoje: é que os escritos de Che, o pensamento político e revolucionário de Che têm um valor permanente no processo revolucionário cubano e no processo revolucionário da América Latina”.

Hoje, o nome de Che, suas ideias e seu exemplo, tornaram-se verdadeiras bandeiras de luta contra as injustiças, contra a opressão do imperialismo capitalista e pelo socialismo e, a cada dia, o pensamento de Che torna-se mais vivo e mais atual. Che vive!

Projeto Novo Recife é investigado pela Polícia Federal

estelita

No último dia 30 de setembro, a Polícia Federal (PF) anunciou que houve fraude no leilão do terreno do Cais José Estelita, realizado em 2008. O terreno, localizado no centro do Recife, pertencia à Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima e foi leiloado em outubro de 2008 para o Consórcio Novo Recife por um valor inferior ao do mercado. O Consórcio é formado pelas empresas Moura Dubeux, Queiroz Galvão, GL Empreendimentos e Ara Empreendimentos.

A operação foi batizada de Lance Final e segundo laudo pericial da PF realizado com base em uma documentação apreendida, “durante a perícia feita, ficaram constatados fortes indícios de fraude, principalmente porque o valor do terreno, segundo a consultoria que fez o levantamento prévio, estaria orçado em torno de R$ 65 milhões e o leilão teria iniciado com o valor de R$ 55 milhões, valor que foi arrematado”.

As acusações também apontam que apenas uma empresa participou do leilão. “A abertura do leilão também foi muito rápida e havia muitas limitações para outras empresas concorrerem. O edital foi lacônico quanto aos requisitos para a habilitação das empresas e deixou uma única pessoa para decidir quem poderia participar da disputa. Uma segunda empresa foi desabilitada com base em critérios subjetivos, tudo indicando que houve direcionamento da disputa. O prazo mínimo de 15 dias estipulado pela Justiça para a publicação de recursos também foi ignorado. A Milan Leilões (empresa paulista contratada pela Caixa Econômica Federal e que foi responsável pelo leilão) não informava nada para o mercado. É evidente esse favorecimento”, declarou a delegada responsável pela operação, Andrea Pinto.

A investigação também pretende apurar se há outros crimes associados, como tráfico de influência, associação criminosa e corrupção ativa e passiva. A PF também pediu à Justiça Federal o seqüestro do imóvel para garantir o ressarcimento do prejuízo aos cofres públicos.

Projeto Novo Recife

O Projeto prevê a construção de prédios residenciais e comerciais e desde a sua divulgação, em 2012, tem sido alvo de vários protestos e manifestações do movimento auto-intitulado Ocupe Estelita. Várias atividades culturais foram realizadas pelo movimento numa tentativa de mostrar a população uma alternativa para aproveitar o terreno de 10,1 hectares.

O último protesto em Recife aconteceu na noite desta quinta-feira, 1º de outubro, no centro da cidade. Os manifestantes realizaram uma passeata pacífica pela Avenida Conde da Boa Vista em direção à Prefeitura do Recife. Durante o ato, houve truculência da polícia, que disparou um tiro de bala de borracha a queima roupa no rosto de um dos manifestantes sem nenhuma motivação. O vídeo está circulando pelas redes sociais, ganhando destaque inclusive internacional.

Ludmila Outtes, Recife

Toneladas de comida são destruidas na Rússia

RUSSIA-UKRAINE-CONFLICT-SANCTIONS-FOOD-TRADEAs cenas de toneladas de comida sendo destruídas na Rússia rodaram e chocaram o mundo no início do mês de Agosto desse ano. O motivo? A Rússia aprovou um embargo sobre produtos agrícolas da União Européia (UE), Noruega, Austrália, Canadá e EUA após 28 países da EU decidirem manter sanções econômicas a Rússia até janeiro de 2016, medida articulada, sobretudo pelo governo Norte americano, após os atritos entre as duas potências sobre o futuro da Criméia, quando um referendo realizado ano passado anexou o país à Rússia.

Assim, em resposta as imposições dos outros países o governo Russo decidiu proibir a entrada de Carne, Peixes, Frutas e verduras, leite e derivados desses países. O problema é que, mais uma vez, quem está sofrendo com essa “briga de cachorro grande” entre EUA e Rússia é a grande população do país. Segundo o Instituto de Estudos Estratégicos Integrados (IKSI em Russo) a resposta do governo Russo criou preços exorbitantes e prateleiras vazias por conta do embargo. A Rússia importa da Europa 31,5% da carne, 42,6% de laticínios, 70% das frutas, 32% dos legumes e 50% do leite que consome. Ou seja, uma total dependência dos produtos oriundos desses países.

Como se não bastasse o mundo inteiro ver a insanidade em nome do lucro por parte de Vladmir Putin, o presidente anunciou investimentos de 3,7% do PIB Russo em armamento em julho desse ano. Ou seja, U$$81bilhões por ano em novas armas entre convencionais e nucleares. As 114 toneladas de carne e as 73 de frutas, verduras e queijo incinerados no início de agosto desse ano só fez aumentar ainda mais as taxas de fome e pobreza entre a população pobre russa. Contrabando de alimentos voltou a fazer parte do cotidiano russo, como já vimos em 1998, aonde o país chegou inclusive a receber ajuda humanitária internacional.

A mídia mundial tentou comparar a atual crise no país com as falsas informações divulgadas sobre a URSS, sobretudo na época de Stálin. É claro que eles não falam que, tal situação, só encontra paradigma na época dos Czares, antes da revolução bolchevique de 1917 e não citam a crise de 1929, a chamada “quebra da bolsa de nova York”, onde os países do primeiro mundo agonizavam, enquanto a URSS se industrializava, eletrificava todo seu território e encarava como fantasmas do passado coisas como fome, analfabetismo e desemprego.

Ou seja, os mesmo que antes comemoravam a vitória do capitalismo sobre o socialismo se digladiam e tentam esconder cada vez mais suas mazelas, coisa impossível em uma época de informação digital. Dito de outro modo, na briga por mais lucros, matam de fome seu próprio povo e promovem ainda mais guerras. E, como disse Manoel Lisboa de Moura, “é impossível amar uma pátria que lhe mata de fome”. Esses famélicos se erguerão mais uma vez.

 

Cloves Silva, Estudante de Letras da UFRPE

Presos políticos palestinos estão em greve de fome

Liberdade já! Fim das prisões administrativas!
Liberdade já! Fim das prisões administrativas!


Cinco palestinos detidos em cárceres israelenses entraram em greve de fome há mais de 39 dias: Nidal Abu Aker, Ghassan Zawahra, Shadi Ma’ali, Munir Abu Sharar e Badr al-Ruzza. Os cinco estão sob detenção administrativa, prática baseada numa lei da época do Mandato Britânico na Palestina (1920-1948) que vem sendo aplicada desde 1945. Essa lei permite que pessoas sejam detidas sem acusação formal, sem instauração de processo, sem julgamento e, portanto, sem possibilidade de defesa. Trata-se de uma lei condenada em todo o mundo.

As últimas informações vindas da prisão indicam que a saúse dos cinco vem se deteriorando dia após dia. Eles precisam de cuidados médicos, mas as autoridades israelenses não permitem que os cinco sejam transferidos para hospitais. Além disso, colocou-os em celas separadas, junto com criminosos comuns, na tentativa de pressioná-los para que encerrem o protesto pacífico.

Hoje, há mais de 350 palestinos sob detenção administrativa nas prisões israelenses. Em apenas quinze anos — de 2000 a 2015 —, Israel emitiu mais de 23 mil ordens de detenção administrativa.

O período inicial da detenção gira em torno de seis meses. Terminado esse tempo, a detenção é renovada, mantendo os palestinos presos por anos e anos sem que eles saibam do que são acusados e sem possibilidade de defender-se, uma vez que não são instaurados processos nem realizados julgamentos.

A detenção administrativa viola os mais básicos dos direitos humanos e naturais. O Pacto Internacional sobre os direitos civis e políticos estabelece, em seu artigo 9-2, a obrigatoriedade de informar, a toda pessoa detida, e no momento da detenção, os motivos de sua prisão.

Já a IV Convenção de Genebra esclarece que a detenção administrativa é uma medida extremamente dura que as  autoridades de ocupação aplicam contra civis que não respondem a processos criminais nem enfrentam processos penais. A detenção administrativa  só pode ser usada quando um cidadão representar uma verdadeira ameaça à segurança, nos termos do artigo 78 da Convenção — que prevê instauração de processo, apelação e direito de defesa do detento.

É necessária a mais ampla solidariedade com os cinco (Nidal Abu Aker, Ghassan Zawahra, Shadi Ma’ali, Munir Abu Sharar e Badr al-Ruzza). A luta pela libertação nacional palestina está em um momento crucial e é preciso fortalecer os esforços pelo isolamento do sionismo e do imperialismo na região.

Da Redação

Lutar não é crime! Liberdade imediata para Jobert!

Nesta última sexta-feira (25), Jobert Fernando, trabalhador da CEMIG, diretor do Sindeletro-MG e integrante do Movimento Luta de Classes (MLC) foi preso arbitrariamente por apoiar e lutar incondicionalmente ao lado centenas de famílias de ocupações rurais e urbanas na cidade de Nova Lima e região.

A ação da Policia Civil de Minas Gerais comete mais um ato de abuso e desrespeito aos cidadãos mineiros e uma criminalização aos militantes e lutadorxs sociais. E não é um ato isolado da repressão. Apesar de grande mobilização e apoio às lutas sociais em Minas Gerais, a repressão continua tal como acontecia nos governos tucanos.

A prisão do companheiro Jobert é uma arbitrariedade, um ato de truculência e desrespeito, principalmente, quando em Minas Gerais o Estado e seu aparato repressivo é permissivo com traficantes do colarinho branco, é conivente com empresários corruptos e políticos desonestos, e defende os representantes das classes dominantes, de empresários da especulação imobiliária e dos latifundiários.

Nova Lima é uma cidade dominada por coronéis e poderosas empresas de mineração. Há alguns anos Jobert tem colocado sua experiência de sindicalista para auxiliar e fortalecer o trabalho do MLB na região, apoiando a luta de centenas de famílias pobres a conquistarem sua moradia digna, enfrentando despejos e injustiças.

jobert fernando de paula sindieletro cartaz

Abaixo à repressão!
Lutar não é crime!
Solidariedade a todos os lutadores e lutadoras sociais!

Redação MG

Sobre o uso do Facebook

O Brasil conta com 306 milhões de dispositivos conectados a internet, a maioria telefones inteligentes (154 milhões de smartphones), segundo um estudo divulgado em abril deste ano em São Paulo pela universidade Fundação Getúlio Vargas (FGV). O 26ª Relatório Anual de Tecnologia da Informação calculou que o Brasil conta com três terminais (computadores, tablets ou telefones inteligentes) para cada dois habitantes. Isso quer dizer que a maioria da população acessa a internet, na maior parte do tempo dos seus celulares.  O maior tempo de acesso acontece em redes sociais como o Facebook e WhatsApp.

Assim, fica claro que os revolucionários podem utilizar essas ferramentas para a divulgação de suas ideias, tendo em vista o grau de visitação das massas nesses meios. Ao mesmo tempo, em que devem se manter vigilantes com o tipo de informações veiculadas, percebendo que o controle de todos os dados se encontra nas mãos de nosso inimigo de classe, a burguesia, e particularmente o imperialismo norte-americano.

Por outro lado, o uso das redes sociais, como de toda e qualquer ferramenta seja ela um martelo, um jornal ou uma arma, deve estar submetido aos princípios gerais da luta de classes, da nossa ideologia proletária, do acúmulo do marxismo-leninismo e da nossa construção partidária. Isso quer dizer que os comunistas não podem utilizar esses mecanismos da mesma forma que a pequena burguesia, burguesia e seus partidos. E devem achar estranho se assim estiverem fazendo.

Com efeito, se não estivermos concentrados em nosso objetivo maior, o de fazer a revolução mobilizando as mais amplas massas de trabalhadores para se libertarem do sistema capitalista, cairemos em várias armadilhas criadas pelos nossos inimigos e potencializadas pelas redes sociais. Os “mexericos” (mais conhecidos como conversa de corredor) são uma destas armadilhas.

Assim falava Enver Hoxha em seu artigo Sobre o caráter ideológico dos mexericos: “Os mexericos são um fenômeno típico da pequena-burguesia. Têm um caráter pequeno-burguês e são manifestações da ideologia burguesa. Os mexericos mal intencionados são produto do subjetivismo e não têm nada de comum com uma crítica sã, realista e construtiva. Bem pelo contrario, têm um caráter difamador, frequentemente calunioso, tanto com intenção como sem ela… Deve-se ver aí um método de crítica dos mais odiosos, próprio dos pequeno-burgueses. Não há nele qualquer atitude sã, de princípio, nem construtiva porque ela deforma os fatos, inventa, intencionalmente ou não, circunstâncias não verificadas, porque procede de boca a ouvido pelas costas e em prejuízo do elemento que toma como alvo.” (Ver site de A Verdade, no link https://averdade.org.br/2013/03/sobre-o-carater-ideologico-dos-mexericos/).

enverhoxha congress

O Facebook em particular está cheio disso. Alguém faz uma crítica solta no ar sem dizer a quem e o porquê, muito menos sem revelar os fatos concretos e materiais que levaram àquilo, e reproduz o disparate até a exaustão mesmo para milhares de pessoas que não estão envolvidas com a questão, apelando sempre para “os maus instintos da multidão”, como diria Lênin. Termina sendo muito mais uma provocação do que uma crítica e não precisamos falar dos efeitos nocivos e não educativos que tem as provocações. Além disso, depois da crítica subjetiva e sem endereço, fica também um convite generalizado para a fofoca in box (ferramenta para conversações particulares), afim de “esclarecer” o ocorrido.

Como se não bastasse ainda existem os “prints” (fotos das discussões em particular) que são feitos visando expor a pessoa que apresentou divergência a determinado pensamento, em público, e provar por a mais b, também em meios virtuais, que ela está errada. Transformando assim o movimento educativo e pedagógico de crítica e autocrítica, apenas em uma luta entre vencedores e perdedores. O resultado é que pessoas da mesma classe social, ao invés de aprofundarem sua união contra o inimigo comum, criam laços de ódio entre si que dificilmente serão superados nos momentos de luta. Isso se transforma em um enorme favor para os capitalistas que continuam a nos explorar sem maiores problemas.

Por sua vez, o Whatsapp não foge muito dessa lógica, ainda com mais um aditivo. São criados grupos para discussão de determinados assuntos em vez de levar esses debates para as reuniões. Quem procede assim, sem dúvida pensa que “o centralismo democrático deve servir aos outros, e não a mim”, revelando sua própria incompreensão do marxismo e seu próprio individualismo.

Vejamos uma vez mais o que o camarada albanês tem a nos dizer: “Combater implacavelmente os ‘mexericos’ sob as formas burguesas e pequeno-burguesas com que se apresentam, não significa dissimular os erros que se manifestaram em qualquer domínio político, ideológico, moral ou organizativo. Pelo contrário, a crítica destes erros deve ser feita, mas deve repousar sobre sólidas bases de princípio, apoiar-se bem sobre fatos, ser aberta, formulada cara a cara ou perante o coletivo, no momento em que é necessária e não ser baseada em simples suposições. A crítica deve, em todas as circunstâncias, caracterizar-se por um objetivo moral, político e ideológico, ter uma função educativa para o indivíduo ou para o coletivo criticado, nunca ter como objetivo esmagar moralmente o elemento em causa, mas, pelo contrário, elevar o seu moral para lhe permitir corrigir os seus erros”.

A presunção comunista e o estilo de trabalho cotidiano

Outro problema é a sensação falsa de dever cumprido ao declararmos nossa opinião sobre determinado assunto ou luta nas redes sociais. Assim que nossa postagem, ou mesmo uma foto que tiramos no momento de um protesto, é visualizada por milhares de pessoas e ‘curtida’ por centenas, temos a impressão que o nosso papel comunista foi cumprido. O mesmo ocorre quando preferimos “criar um evento” no facebook, substituindo o panfleto da entidade/movimento e sua distribuição com nossa linha política, data, horário e local onde determinada atividade será realizada. Sem levar em conta o que podemos aprender com as massas, quais suas reivindicações e que formas de luta querem utilizar, a nossa presunção comunista diz: “o título do evento ficou ótimo, a arte também, já convidei mais de 2 mil pessoas, todos vão aderir”.

Mas isto não é verdade. Nada pode substituir o trabalho cotidiano de diálogo e contato com as pessoas em espaços privilegiados como as brigadas do jornal, panfletagem nos bairros e no centro da cidade, passagens em sala ou locais de trabalho, confecção dos jornais das entidades e etc. Todo esse trabalho é quem pode ao fim e ao cabo levantar as massas pra lutar contra um determinado problema e desenvolver sua consciência política.

“A presunção comunista — disse Lênin  — significa que um indivíduo, que se acha no Partido Comunista e ainda não foi expulso, imagina poder cumprir todas as tarefas a golpes de decretos comunistas. Menos frases pomposas mais trabalho concreto, cotidiano… Menos estrépito político, maior atenção aos fatos mais simples, mais vivos… da edificação comunista…” (Lênin. Uma grande iniciativa).

As redes sociais são muito propícias para os que muito falam e pouco fazem. De modo que temos que estar vigilantes para que nossa militância não se assemelhe a dos partidos da pequena-burguesia, que mais querem ter reconhecimento, do que dedicar a energia de seus militantes à luta cotidiana de nosso povo.

Divulgar nossas ideias

Como dito no início, é grande o número de pessoas que tem se informado sobre os acontecimentos da política nas redes e os revolucionários não podem desprezar isso. O acesso ao site do nosso jornal, por exemplo, pode aumentar e muito se todos escreverem mais matérias sobre tudo o que acontece em suas localidades e utilizarem essas ferramentas para divulgar mais a nossa página e nossa política.

Também podemos formar mais quadros e com maior rapidez se ajudarmos os militantes a evitarem a superficialidade tão presente nesses espaços e, ao invés de ler o título de determinada notícia, lerem toda a matéria ou todo um livro que trate sobre aquele assunto, se for o caso. Se conseguirmos que vários de nós deixem de passar horas na frente de um computador julgando a vida das pessoas e passem a ter mais atenção com os problemas do seu bairro, da sua escola ou do seu trabalho, ou seja, que estejam atentos aos mais próximos e aos seus problemas.

Ainda podemos fortalecer nossas entidades/movimentos usando as redes de forma auxiliar e nunca substituindo o corpo a corpo da luta de massas. Sendo pessoas mais simples e verdadeiras, e não olhando de cima para baixo para o povo, conseguiremos conquistar de vez o coração daqueles que estão a nossa volta.

Quanto a nossa organização, tudo o que nos interessa deve que ser discutido em nossas instâncias e as ferramentas podem apenas nos ajudar a colocar em prática aquilo que definirmos nas reuniões presenciais de nosso coletivo.

Deste modo garantiremos nossa unidade de vontade e de ação, bem como uma ligação privilegiada  e concreta com a juventude e o povo trabalhador, estando assim bem mais pertos de realizar a revolução e construir o socialismo em nosso país.

Queops Damasceno, militante do PCR

Professor Magno Francisco é ameaçado de morte em Alagoas

MAGNO JORNALEm Alagoas – um dos estados com maior violência policial do país – um ativista social e professor da Universidade Federal de Alagoas está sendo ameaçado de morte por grupos de extermínio em atividade no Estado. Magno Francisco, é primo de um jovem de 17 anos, Davi Silva, sequestrado e assassinado por policiais militares e que teve seu corpo recentemente encontrado com claros sinais de violência.

A tia de Magno e mãe de Davi, Dona Maria José, ja foi vítima de um misterioso atentado quando uma “bala perdida” a atingiu na cabeça na porta de casa, acertando de raspão. Ainda relacionado ao caso Davi, uma policial militar que se prontificava a denunciar a atuação dos grupos de extermínio no estado, a PM Izabelle, foi assassinada há cerca de um mês.

Magno Francisco tem uma trajetória de militância social em Alagoas que se inicia ainda no movimento estudantil e é hoje um dos articuladores do Comitê Memória, Verdade e Justiça. As ameças são tentativas de calar sua voz de denúncia contra a violência policial que cresce a cada ano contra os jovens negros da periferia de Alagoas.

Abaixo, reproduzimos o vídeo que circula pela internet denunciando as ameaças que Magno vem sofrendo:

 

https://www.youtube.com/watch?v=IsflG5uIpII

 

Da Redação

Exposição homenageia vida e obra de Abelardo da Hora

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Está em exposição no Centro Cultural da Caixa em Recife, até o dia 27 de setembro, a coleção das obras mais famosas do escultor, ceramista, desenhista, pintor, gravurista e poeta Abelardo da Hora. Com o título “Abelardo da Hora 90 anos: vida e arte”, a exposição conta, através das obras do artista, suas paixões e suas lutas, representadas em figuras como “A fome e o brado”, “Menino do Mocambo” e “Meninos do Recife”.

Nascido em 31 de julho de 1924 na Usina Tiúma, em São Lourenço da Mata (PE), Abelardo descobriu seu talento ao ingressar no curso técnico de Artes Decorativas na Escola Industrial Professor Agamenon Magalhães, atual ETEPAM, no bairro da Encruzilhada. “Eu queria ser engenheiro mecânico e o meu irmão, não sei por que cargas d’água, queria ser escultor. Mas quando eu fui me inscrever não tinha vaga. Eu disse: bem, já que não tem mais vaga, me inscrevo em Artes Decorativas por quê pelo menos tenho um amigo, que é meu irmão”, contou Abelardo.

Abelardo ganhou destaque na sua turma, sendo convidado, ao final do curso, para ingressar na antiga Escola de Belas Artes, no Recife. A partir daí suas obras ganharam destaque cada vez maior, transformando Abelardo em um dos maiores nomes da cultura popular brasileira.

A luta contra a opressão

O envolvimento com a política começou ainda na Escola de Belas Artes, quando Abelardo foi eleito presidente do Diretório Acadêmico, em 1941. A primeira medida instituída por ele foi a expansão da sala de aula para as ruas: para ele, os alunos deveriam produzir suas obras de acordo com o captavam da realidade da cidade; por isso, insistiu para que os alunos realizassem várias visitas aos bairros do Recife.

Esse sentimento guiou toda a vida de Abelardo. Acreditava que o artista deve ser mais que um mero criador de belezas; deve usar seu trabalho como forma de contribuir para a melhoria da realidade social em que vive. A insatisfação com as injustiças e a opressão, o levaram a se envolver cada vez mais com a política. Integrante do Partido Comunista, Abelardo acreditava que, através da arte, era possível ampliar a politização das massas, despertando-as para a luta social.

Em 1948, Abelardo fundou a Sociedade de Arte Moderna do Recife, que serviu de inspiração para o Ateliê Coletivo e o Movimento de Cultura Popular (MCP), cujo principal objetivo era elevar o nível cultural da população para melhorar sua capacidade aquisitiva de ideias sociais e políticas. Também fizeram parte do MCP o educador Paulo Freire, o escritor Ariano Suassuna e o músico Geraldo Menucci.

Preso 70 vezes durante sua militância ativa no PCB, Abelardo sofreu perseguição política durante a ditadura militar, tendo várias de suas obras proibidas pela censura. “Eu sou o único sobrevivente da Direção Estadual do Partido Comunista daquela época. Eu tive pena de morte decretada contra mim. Não me mataram porque eu era casado com a irmã do político Augusto Lucena”, comentou. Após o Golpe Militar, Abelardo saiu do partido por não concordar com suas posições a partir de então. “O partido não tomou posição. Nós tivemos uma reunião logo no outro dia de manhã, com o companheiro da direção nacional. Estava eu, Gregório Bezerra e Hugo Martins. O companheiro da direção disse, ‘Companheiros, a direção manda dizer a vocês que salve-se quem puder’. Aí Gregório fechou o punho e falou ‘com uma direção de comadres como essa, eu saio do partido agora mesmo’. Ele saiu da sala, seguido por mim e Hugo”.

O papel social da arte

“Faço a minha arte respondendo a uma necessidade vital. Como quem ama ou sofre, se alegra ou se revolta, aprova ou denuncia e verbera. (…) A minha arte é feita dos meus sentimentos e de meus pensamentos: nunca os separo. A marca mais forte do meu trabalho tem sido, entretanto, o sofrimento e a solidariedade. A tônica é o amor: amor pela vida, que se manifesta também pela repulsa violenta contra a fome e a miséria, contra todos os tipos de brutalidades, contra a opressão e a exploração. Arte pela vida em favor da vida”.

Abelardo da Hora é autor de mais 1.800 obras entre esculturas, cerâmicas e desenhos. Muitas de suas obras estão espalhadas pela cidade do Recife. A principal marca do seu trabalho é a denuncia social, representada em suas obras expressionistas. Conta como ninguém a realidade dos meninos de rua, através da série de 22 desenhos, intitulada “Meninos do Recife”, que ganharam um poema com o mesmo nome, escrito por Abelardo.

Habitantes desse pântano,/ sem escrituras, sem títulos,/ submetidos ao ócio / que gera a fome e o vício/ e um calendário implacável/ de misérias e imprevistos”, retrata uma realidade ainda hoje vista nas ruas, não só de Recife, mas de todo o país. Uma realidade dura que tocava Abelardo, o entristecia e o revoltava, transformando sua arte em protesto, em meio de luta.

Abelardo faleceu no dia 23 de setembro de 2014, aos 90 anos. Porém, sua arte permanece imortal, retratando violentamente uma realidade reproduzida diariamente de miséria e opressão, mas também de solidariedade e amor.

Ludmila Outtes, Recife.

Minerva Mirabal representa a rebeldia da mulher dominicana

cropped-minerva_mirabalDe hoje a 27 de setembro, está sendo realizado na cidade de Santo Domingo, República Dominica, 1º Encontro Internacional de Mulheres Latino-Americanas e Caribenhas. O objetivo do Encontro é debater os os principais problemas enfrentados pelas mulheres no continente e a necessidade de uma maior mobilização e luta por seus direitos e por uma nova sociedade. Para compreender mlehor a importância desse importante acontecimento, A Verdade entrevistou Luz Eneida Mejia, presidente do Movimento de Mulheres Trabalhadoras da República Dominicana. Luz mejia é enfermeira, com três décadas de exercício, graduada em Serviço Social atuou no movimento social comunitária e em organização dos trabalhadores e foi deputada no Congresso Nacional.

Leumam Razalaz, Santo Domingo

A Verdade – Em novembro de 2014, as mulheres dominicanas fundaram o Movimento de Mulheres Trabalhadoras da República Dominicana. Quais são os principais objetivos do Movimento?

Luz Eneida Mejia – Reivindicar os direitos e interesses das mulheres trabalhadoras da República Dominicana e contribuir com o esforço de nosso povo para completar o processo de libertação nacional inconcluso, seguindo o exemplo de Juan Pablo Duarte e María Trinidad Sánchez, que conseguiram a separação do Haiti; de Gregorio Luperon, que encabeçou o movimento restaurador, expulsando os espanhóis do território nacional; da Raça Imortal, movimento encabeçado pelos jovens que enfrentaram com armas a tirania de Rafael Leónidas Trujillo. Este movimento se organizou no estrangeiro e chegou ao país em 1959, por Constanza, Maimón e Estero Hondo. Militarmente fracassou, mas foi o início da queda do regime totalitário e o nascimento da esperança da liberdade do povo dominicano.

Finalmente o ditador Trujillo foi justiçado em 30 de maio de 1961. Entretanto, essas forças obscuras e antidemocráticas impedem a inclusão da mulher em condições de igualdade na vida política, social e econômica do país.

O que representa para as mulheres dominicanas a luta das irmãs Mirabal?

É um exemplo, em especial Minerva Mirabal, fundadora do Movimento 14 de Junho, que assumiu o programa dos revolucionários que enfrentaram com armas a tirania encabeçada por Trujillo e que a assassinaram junto com suas irmãs em 25 de novembro de 1960. Minerva representa a rebeldia da mulher dominicana frente ao status quo, sua luta pela liberdade de todo o povo.

Qual é hoje a situação da mulher dominicana, seus principais problemas e lutas?

É a mesma do povo, agravada pela desigualdade de gênero. Nosso país tem um Estado baseado na desigualdade social, péssimos serviços públicos, negação de direitos trabalhistas aos trabalhadores e trabalhadoras, desigualdade de acesso ao emprego por razões de gênero, desigualdades salariais entre homens e mulheres, ademais, uma crescente insegurança civil, muitíssima corrupção e impunidade e una justiça que não castiga os funcionários do governo do Partido da Libertação Dominicana.

As lutas das mulheres são as mesmas que as do povo: aumento salarial, mais emprego, maior investimento em saúde, transparência, mais segurança civil, diminuição da dívida externa, fim da impunidade e dos feminicídios que se converteram numa da maior causa de morte de mulheres no país.

Nestes momentos, nós, mulheres dominicanas, demandamos o direito à educação sexual nas escolas e serviços de saúde reprodutivos, gratuitos e de qualidade, e o direito a abortar em caso de violação, incesto, má formação congênita ou que a vida da mãe corra perigo, este tema está no centro da opinião pública e ao seu redor se agrupam as distintas correntes do movimento de mulheres, assim como as distintas denominações religiosas coincidem na oposição ao exercício deste direito e a que se consigne no marco jurídico do país.

De 24 a 26 de setembro, será realizado, em Santo Domingo, o 1º Encontro Latino-Americano e Caribenho de Mulheres. Por que este encontro foi convocado e quais são seus objetivos?

Fortalecer a organização e a unidade das mulheres da América Latina e do Caribe para alcançar mudanças na situação atual dos direitos das mulheres e de nossos povos, além de estabelecer coordenações e vínculos entre as mulheres organizadas da América Latina e do Caribe e trocar experiências entre as mulheres sobre sua situação nos países participantes, mediante exposições, discussões e debates, o que permitirá uma declaração conjunta de acordos sobre como se coordenarão as organizações de mulheres de América Latina e do Caribe para alcançar nossas metas.

Que relação existe entre este Encontro e a Conferência Internacional de Mulheres realizada em Caracas, em 2011?

O encontro de Caracas serviu de plataforma que decidiu pela convocatória do 1º Encontro de Mulheres de América Latina e do Caribe, ante a necessidade de coordenar nossas ações para alcançar melhores resultados para a conquista de uma sociedade justa e igualitária para todas e todos, decidiu-se realizar na República Dominicana, em setembro de 2015, e aqui as esperamos de braços abertos.

Que países estão confirmados? A expectativa é reunir quantas mulheres?

México, Haiti, Porto Rico, Colômbia, Bolívia, Uruguai, Brasil, Equador, Venezuela, El Salvador, Martinica, Guatemala, Chile, Argentina e República Dominicana e ainda esperamos confirmação de Curaçao. Serão cerca de 400 mulheres trabalhadoras.

 

 

Frente Povo sem Medo será lançada dia 08 de outubro

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Uma Frente Nacional permanente de mobilizações será lançada no próximo dia 08 de outubro,quinta-feira, em São Paulo. Sob o nome de Povo sem Medo, mais de mil militantes de todo o país vão aprovar a carta de princípios e o manifesto da frente que convocará mobilizações contra direita e em defesa das causas populares.

Abaixo, reproduzimos a carta convocatória para o lançamento da frente:

CARTA CONVOCATÓRIA LANÇAMENTO DA FRENTE POVO SEM MEDO

“Faça da sua vida a aventura de não apenas sonhar em um mundo melhor mas viver uma vida lutando por ele”

Pepe Mujica

O mundo vive sob o signo de uma profunda crise do capitalismo, que perdura desde 2008. Medidas de austeridade econômica dominam a agenda política, multiplicando desemprego, miséria e redução dos direitos trabalhistas. Por outro lado, os banqueiros comemoram cada aniversário da crise, aumentando seus já exorbitantes lucros.

No Brasil, as medidas econômicas não deveriam seguir o mesmo script. O “ajuste fiscal” do governo federal diminui investimentos sociais e ataca direitos dos trabalhadores. Os cortes na educação pública, o arrocho no salário dos servidores, a suspensão dos concursos são parte dessa política. Ao mesmo tempo, medidas presentes na Agenda Brasil como, aumento da idade de aposentadoria e ataques aos de direitos e à regulação ambiental também representam enormes retrocessos. Enquanto isso, o 1% dos ricos não foram chamados à responsabilidade. Suas riquezas e seus patrimônios seguem sem nenhuma taxação progressiva. O povo está pagando a conta da crise.

Ao mesmo tempo, os setores mais conservadores atacam impondo uma pauta antipopular, antidemocrática e intolerante, especialmente no Congresso Nacional. Medidas como a contrarreforma política, redução da maioridade penal, a ampliação das terceirizações, as tentativas de privatização da Petrobrás e a lei antiterrorismo expressam este processo.

No momento político e econômico que o país tem vivido se torna urgente a necessidade de o povo intensificar a mobilização  nas ruas, avenidas e praças contra esta ofensiva conservadora, o ajuste fiscal antipopular e defendendo uma saída que não onere os mais pobres..

A conjuntura desenha momentos desafiadores para o movimento social brasileiro. Precisamos apostar na unidade nas ruas e nas lutas. Esta é a motivação maior de criar uma frente nacional de mobilização, protagonizada pelos movimentos sociais, a Frente Povo Sem Medo.

Será preciso avançar na agenda que os setores populares imprimiram em várias mobilizações ao longo de 2015, como o 15/4, o 25/6 e o 20/8 e também nas greves e mobilizações de diversas categorias organizadas dos trabalhadores:

Contra a ofensiva conservadora e as saídas à direita para a crise. Não aceitaremos saídas políticas com Temer e o PSDB. Não aceitaremos a pauta que este Congresso impõe ao Brasil. Defenderemos a radicalização da nossa democracia, a tolerância e as liberdades contra o racismo, a intolerância religiosa, o machismo, a LGBTfobia e a criminalização das lutas sociais.

Contra as políticas de austeridade aplicadas pelo governo, em nome de ajustar as contas públicas. Não aceitamos pagar a conta da crise. Defenderemos que a crise seja combatida com taxação de grandes fortunas, lucros e dividendos, auditoria da dívida e suspensão dos compromissos com os banqueiros.

A saída será nas ruas, com o povo, por Reformas Populares. Defenderemos a democratização do sistema político, do judiciário e das comunicações e reformas estruturais, como a tributária, a urbana e a agrária.

Esta frente nasce em um momento de grandes embates e com a responsabilidade de fazer avançar soluções populares para nossa encruzilhada. Sabemos que para isso será preciso independência política, firmeza de princípios e foco em amplas mobilizações.

Convocamos todos e todas a se somarem no lançamento da “Frente Povo Sem Medo” que será realizada no dia 08 de Outubro na cidade de São Paulo, às 18:00.

AQUI ESTÁ O POVO SEM MEDO!

CONVOCAM PARA O LANÇAMENTO DA FRENTE POVO SEM MEDO:

 

Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)

Central Única dos Trabalhadores (CUT)

Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)

Intersindical – Central da Classe Trabalhadora

União Nacional dos Estudantes (UNE)

União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes)

Associação Nacional dos Pós Graduandos (ANPG)

Uneafro

Círculo Palmarino

Igreja Povo de Deus em Movimento (IPDM)

União da Juventude Socialista (UJS)

Rua – Juventude Anticapitalista

Coletivo Juntos

União da Juventude Rebelião (UJR)

Juventude Socialismo e Liberdade (JSOL)

Coletivo Construção

Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB)

Mídia Ninja

Coletivo Cordel

União Brasileira de Mulheres (UBM)

Bloco de Resistência Socialista

70 Anos de Gonzaguinha

gonzaguinha 1Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior (ou simplesmente Gonzaguinha) completaria 70 anos no ultimo dia  22 de setembro de 2015, não fosse um fatídico acidente automobilístico em 1991. Cantor e compositor de mão cheia juntou a herança musical do pai, o não menos importante Rei do Baião Luiz Gonzaga, com uma linguagem totalmente sua e uma sensibilidade que lhe permitiu traduzir o sentimento do país nos anos da ditadura. Gonzaguinha tinha apenas 19 anos quando ocorreu o golpe de 64 e já escrevia suas primeiras letras, mas foi na década de 70 que suas composições ganharam o país por meio dos festivais. Foi justamente no início daquela década que, junto com nomes como Aldir Blanc e Ivan Lins, fundaram o Movimento Artístico Universitário (MAU). Na ocasião ele, estudante de economia, dispôs sua música a serviço do povo.

Quem não economizou foi a repressão: das 72 músicas dele apresentadas a censura 54 sofreram algum tipo de intervenção, como a exemplo de “Comportamento Geral”, proibida de ser executada, mas não vetada a comercialização, o que lhe rendeu seu primeiro sucesso e disco em 1973. A letra, uma crítica aberta aos que se mantinham neutros em relação ao governo militar, tornou-se uma reflexão sobre nossa realidade, infelizmente ainda atual:

 “Você deve notar que não tem mais tutu

e dizer que não está preocupado

Você deve lutar pela xepa da feira

e dizer que está recompensado

Você deve estampar sempre um ar de alegria

e dizer: tudo tem melhorado

Você deve rezar pelo bem do patrão

e esquecer que está desempregado” (. . .)

Tal postura lhe rendeu o título de “Terrorista”, “Subversivo” e a alcunha de “Cantor Rancor”, uma tentativa pejorativa de macular sua imagem junto ao público, especialmente por ele fazer uma música com críticas escancaradas ao regime, a exemplo de Taiguara e Geraldo Vandré. O problema é que, especialmente pela linguagem muito próxima do grande público, seja pelo discurso utilizado ou pela identificação sonora de suas músicas (ritmos populares como o samba foi sua marca registrada), a adesão e o sucesso de Gonzaguinha o mantinha como uma preocupação para os sensores. “E por Falar no Rei Pelé, lançada em 1979,  é um desses exemplos de como o artista colocava o dedo na ferida do regime, ao denunciar o que tinha por traz da campanha do governo Médici com a vitória da Copa de 70:

“Craque mesmo é o povo brasileiro

carregando esse time de terceira divisão” (. . .)

Gonzaguinha ousou cuidar e voltar toda sua atuação política para a educação popular e ser a voz dos menos favorecidos, seguindo o conselho do pai, no dueto registrado no disco “A vida do Viajante”, de 1981, quando Luiz Gonzaga sugere que ele “não se esquecesse do povão” na faixa que dá nome ao disco. Pois é.  Ainda em 75 ele torna-se artista independente e um dos principais nomes na luta pelos direitos autorais. Durante a campanha de Anistia e as Diretas Já! Suas músicas tornaram-se verdadeiros hinos, cantados e conhecidos até hoje em todo o país. “E Vamos à Luta”, “O que é o que é?”, “é”,Sangrando” e tantas outras não perdem o brilho, sejam elas interpretadas por outros artistas ou tocadas nas rádios de todos os seguimentos.

A verdade é que a obra de Gonzaguinha é uma das mais populares de nossa música, e segue atualíssima justamente por tratar de temas do cotidiano. Em “Um Homem Também Chora (Guerreiro Menino)” ele pinta de um modo muito poético a realidade do trabalhador brasileiro:

“Um homem se humilha

Se castram seu sonho

Seu sonho é sua vida

E vida é trabalho

E sem o seu trabalho

O homem não tem honra

E sem a sua honra

Se morre, se mata

 

Não dá pra ser feliz” (. . .)

Em seus 70 anos não podemos esquecer sua arte e contribuição para nossa cultura. Gonzaguinha foi um exemplo enquanto artista e seu papel enquanto representante de uma classe social e de sua luta. A música desse grandioso gênio foi totalmente engajada e marcada pela denuncia e pela esperança, as duas entrelaçadas. Nada dessa conversa de que sua música começou muito áspera e foi tornando-se mais suave com a abertura do regime militar para a transição para a democracia. Muito pelo contrário, em todo tempo ele fez de seu discurso uma voz em defesa dos oprimidos, mesmo quando falava de amor:

“Quando eu soltar a minha voz

Por favor entenda

Que palavra por palavra

Eis aqui uma pessoa se entregando

Coração na boca

Peito aberto

Vou sangrando

São as lutas dessa nossa vida

Que eu estou cantando” (. . .)

Talvez a melhor maneira de resumir a obra e a vida de Gonzaguinha seja com seus próprios versos: “Começaria tudo outra vez”. . . E nós reforçamos esse sentimento, alimentamos essa esperança de ver “que a vida devia ser bem melhor, e será!” reforçamos a necessidade de que surjam mais e mais artistas como ele. E dizemos: Gonzaguinha, Presente! Sempre!

Clóvis Maia- Pernambuco