UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sábado, 6 de setembro de 2025
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Israel mata 550 pessoas em ataque no Líbano

Todas as mortes que o estado sionista e fascista de Israel promove, seja na Palestina, no Egito ou no Líbano expressa a política imperialista, que se sustentam como “potências” a partir da exploração e a morte de milhões de pessoas em todo o mundo.

Wildally Souza | São Paulo – SP


INTERNACIONAL – Segundo o Ministério da Saúde do Líbano, o número de mortos nos ataques promovidos por Israel no país, nesta segunda-feira (23), já conta com 550 mortos e 1.835 feridos. Conforme os dados divulgados, 24 crianças e 42 mulheres foram mortas durante o ataque. 

De acordo com a agência de notícias oficial do Líbano – NNA, aviões de guerra israelenses realizaram mais de 80 ataques aéreos em 30 minutos de duração nas regiões e vales entre as cidades de Al-Zarrariyah e Ansar e na cidade de An-Nabatiyah, no sul do país. Ao mesmo tempo, Israel realizou ataques aéreos em muitas regiões do leste do país, como Bekaa, Shamstar, Budayi, An-Nabi Sheit e Bealbek. Aviões de guerra israelenses também bombardearam intensamente o leito do rio Litani, nos arredores de Ed-Dalafe, no sul do Líbano, e nas áreas a leste do Sur.

Na quarta-feira (18), o povo do Líbano foi abalado por uma série de explosões de pagers, resultando em dezenas de mortes e centenas de feridos. Esses dispositivos foram detonados em várias localidades, incluindo a capital, Beirute. Desde esse dia, Israel intensifica ataques contra o povo do Líbano e assassina milhares de pessoas, em sua maioria mulheres e crianças.

Os ataques terroristas de Israel foram possibilitados pela infiltração da agência de espionagem sionista Mossad se infiltrar dentro das fábricas que produziam esses meios de comunicação, muito utilizados em hospitais libaneses. As explosões deixaram muitas pessoas com membros amputados ou com perda de visão, o que levou a uma superlotação e paralisação do sistema de saúde libanês.

No último domingo (22), o exército israelense fez mais de 60 ataques aéreos durante a madrugada, enquanto diversas famílias estavam dormindo e outras tentando tirar seus familiares e amigos de escombros de ataques anteriores. 

Israel continua seu genocídio em todo o território do Oriente Médio em busca de dominação territorial e econômica. Todas as mortes que o estado sionista e fascista de Israel promove, seja na Palestina, no Egito ou no Líbano, expressa a política imperialista, que se sustentam como “potências” a partir da exploração e a morte de milhões de pessoas em todo o mundo. 

É preciso cobrar o Governo Federal e as instituições nacionais pela ruptura total das relações diplomáticas, militares e de inteligência do Brasil com o estado sionista de Israel. Unir os trabalhadores e operários desse país para caminharmos juntos rumo à construção de uma sociedade livre do imperialismo, da fome, das guerras e dos massacres fascistas, a sociedade socialista. 

Intensificar a solidariedade internacional que move as lutas no mundo, a fim de lutar pela soberania dos países explorados pelo imperialismo e pelo fim do genocídio promovido por Israel contra o povo palestino.

Estudantes se mobilizam contra violência sexual na USP

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Caso de estupro na moradia universitária da USP gerou denúncias da inação da Reitoria. Junto ao Movimento de Mulheres Olga Benário, mulheres e mães uspianas se mobilizam pela criação da Sala Lilás “Janaína Bezerra Vive” e por um serviço especializado de atendimento às vítimas de violência no campus.

Mariana Rodrigues


No último dia 21/8, a Universidade de São Paulo (USP) foi palco de um novo caso de violência sexual, que chocou a comunidade uspiana. Na saída de um evento, um homem rendeu uma aluna com um simulacro de arma de fogo em uma área arborizada da Praça do Relógio, em clara tentativa de estupro. O agressor e a vítima entraram em luta corporal, da qual ela escapou com ferimentos e o criminoso fugiu deixando para trás o simulacro.

Pouco após o acontecido, sabendo que não podem contar com a burocracia universitária, os próprios estudantes organizaram comissões de segurança para se protegerem mutuamente na volta para casa e dispararam em massa uma denúncia do caso nos grupos de comunicação da comunidade uspiana.

Na sequência, a Diretoria de Mulheres do DCE Livre da USP, entidade cuja gestão conta com a participação do Movimento de Mulheres Olga Benario e o Movimento Correnteza, convocou uma reunião com os coletivos feministas da USP para tomar ações em relação ao ocorrido. Assim, foi chamado um ato em frente da Prefeitura do Campus Cidade Universitária, em paralelo a uma reunião que ocorria entre o órgão e a Diretoria de Mulheres para cobrar medidas por parte da instituição. A Prefeitura se comprometeu a realizar a poda das árvores da Praça do Relógio e anunciou a abertura de uma licitação para a compra de novas lâmpadas.

No mesmo período, Yasmin Mendonça, estudante do curso de Letras e moradora do Conjunto Residencial da USP (CRUSP), e agora militante do Movimento de Mulheres Olga Benario, foi vítima de um caso de estupro na moradia. Em entrevista ao jornal A Verdade, a aluna denuncia a situação que viveu: “Após o ocorrido, me senti totalmente desamparada pela universidade como um todo. Eu fui enviada para a delegacia, depois para a assistência social, para outra delegacia, para a universidade, para a defensoria pública. É uma burocracia feita para te exaurir até que você desista de ter seu caso tratado com atenção. Sem contar com os episódios de ridicularização que passei durante esse período, implorando por uma medida protetiva, que me foi negada diversas vezes e que é única saída para conseguir a expulsão do assediador ao menos da moradia estudantil.”

Após longos dias de luta, o caso de Yasmin ganhou repercussão na mídia comercial. Devido à pressão popular comandada pelos movimentos estudantil e feminista, o abusador, na tarde do dia 12 de setembro, foi expulso da moradia universitária. Yasmin conseguiu uma medida protetiva cautelar, mas a USP ainda se nega a impedir que o agressor continue frequentando as aulas.

Não são casos isolados

Nem o caso de Yasmin e nem o caso da Praça do Relógio são eventos isolados. São frequentes as denúncias e os casos de violência de gênero que ocorrem na USP e chegam ao conhecimento do Movimento de Mulheres Olga Benario. Todavia, a universidade não possui nenhum tipo de serviço especializado para realizar o acolhimento dessas pessoas. Pelo contrário, em suas instâncias, a instituição expõe a vítima a situações constrangedoras e trabalha ativamente para abafar esses casos sem que eles tenham sido sequer solucionados.

Nesse contexto, os núcleos do Olga na USP reivindicam a criação da Sala Lilás “Janaína Bezerra Vive!”, um centro de referência para mulheres e vítimas de violência no campus Cidade Universitária (Butantã) e a criação de uma Sala de Amamentação no campus da USP Leste, para que haja um espaço acolhedor para estudantes mães.

Sobre o projeto, Lisa Topan, militante do Olga USP e estudante de Têxtil e Moda, explica: “O projeto da sala de amamentação e da sala lilás foi produzido pelo Movimento de Mulheres Olga Benário por meio de um edital da PRIP (Pró Reitoria de Inclusão e Pertencimento), que visava recolher “ideias inovadoras” relacionadas à diversos âmbitos, como bem-estar e saúde mental. No entanto, os projetos foram produzidos visando encobrir falhas da própria instituição, que delegou para os próprios estudantes a tarefa de resolver a falta de inclusão das estudantes mães e mulheres na Universidade de São Paulo”.

Não obstante, no início desse ano, o jornal A Verdade publicou a matéria “A USP acolhe as estudantes no combate à violência contra as mulheres?”, em que se denuncia a ausência de serviços de atendimento à mulheres vítimas de violência sexual nos campi da universidade.

Sobre isso, a militante do Olga USP e estudante de Ciências Sociais, Naomi Asato, afirma que “muitas estudantes se encontram sem canais efetivos de denúncia pelos órgãos da própria universidade. Por um lado, os próprios dados de violência são subnotificados. A Guarda Universitária, por exemplo, havia registrado apenas um caso de estupro em 2016 e nove de violência contra a mulher ao longo de 10 anos (2014 a 2024). Por outro, as Comissões de Direitos Humanos dependem do atendimento de professores e representantes discentes de cada curso, de modo que a gestão da Reitoria se desresponsabiliza dos casos. A gente tem entendido que realmente a única solução é nos organizarmos e lutarmos por uma universidade que assegure nossas vidas”.

As estudantes do movimento Olga destacam que a crise não foi inesperada. Em maio de 2024, o Olga, com o apoio do Correnteza, havia realizado uma roda de conversa sobre a Cartilha Verde “Violência contra as mulheres: conhecer para combater”, na cozinha coletiva do Bloco G do CRUSP, chamando atenção para os inúmeros casos de violência que ocorrem na moradia estudantil da USP.

Combater a violência, lutar pelo socialismo

Para o Movimento de Mulheres Olga Benário, as diversas formas de violência contra a mulher são a maneira utilizada pelo homem para exercer seu papel de dominação dentro do sistema capitalista. No mesmo sentido, o assédio, o estupro e a agressão são ataques a integridade física e moral da mulher, na lógica de que são uma forma do abusador afirmar seu poder em relação ao corpo considerado por ele inferior.

Ainda de acordo com o movimento, a USP, quando não toma nenhuma atitude para combater esses crimes, não faz isso por incompetência, falta de recursos materiais ou mau planejamento, mas “de caso pensado”. Na visão das militantes, a universidade sabe dessas ocorrências e tem todos os recursos para acabar com elas, mas seu projeto institucional prefere conviver com a violência de gênero e o racismo para tornar difícil a permanência da classe trabalhadora.

Em vez de criar medidas de combate à violência nos campi, dizem as mulheres do Olga, é cômodo para a USP simplesmente se omitir nesses casos, alegar à mídia comercial que medidas estão sendo tomadas e encobrir as denúncias até que a vítima desista de buscar justiça por conta de tantas dificuldades. A própria base da Polícia Militar da USP fica localizada nos arredores da Praça do Relógio e do CRUSP, mas nada foi feito em favor das vítimas dos recentes casos.

Pouco efetivos para combater crimes reais que têm acontecido no campus, esses mesmos policiais não deixam de marcar presença ostensiva em todas as manifestações e atos organizados na universidade, denunciam as organizações do movimento estudantil.

Após a Revolução Russa de Outubro de 1917, a dirigente bolchevique Alexandra Kollontai afirmou que “a escrava silenciosa de ontem agora é uma lutadora corajosa pela libertação da classe trabalhadora”. Compartilhando dessa concepção, o Movimento de Mulheres Olga Benário defende que a única maneira de colocar fim a esse sistema de opressão e violência é organizando as mulheres estudantes e trabalhadoras na luta.

Frente a situações como o crescimento da violência sexual na USP, as mulheres do Olga vêem como uma de suas tarefas principais a denúncia do projeto precarizador do governo estadual de Tarcísio de Freitas, “o inimigo número um dos estudantes de São Paulo”, e seus aliados na universidade. Além disso, convoca o movimento, é necessário denunciar as contradições existentes e apresentar para as mulheres e todo o povo a única saída para os problemas do capitalismo: a organização da classe rumo à construção da sociedade socialista, livre de todas as opressões.

Trabalhadores imigrantes e portugueses se mobilizam contra violência policial racista em Lisboa

Manifestação ocorrida em 14 de setembro lembrou da luta de 4 anos por justiça para luso-angolana vítima de violência policial em Portugal. Cláudia Simões foi condenada à prisão pelo judiciário português enquanto que os policiais que foram seus agressores foram absolvidos.

Marina Formighieri | Lisboa, Portugal


INTERNACIONAL – No dia 14 de setembro ocorreu em Lisboa, Portugal, uma manifestação com centenas de  pessoas clamando Justiça por Cláudia Simões e por diversas vítimas da violência racial do estado português. Militantes da Unidade Popular pelo Socialismo se juntaram a diversas organizações antirracistas, movimentos sociais e pessoas de diversas categorias da sociedade que se revoltaram com mais um caso de racismo, xenofobia e violência policial que é acobertado de maneira covarde pelo sistema judiciário, suplicando mais igualdade racial, fim das prisões violentas, da xenofobia e da brutalidade policial no país.  

O caso de violência ocorreu em 19 de janeiro de 2020, quando Cláudia Simões, mulher luso-angolana e moradora do bairro Amadora, em Lisboa, ao levar a filha de oito anos para a escola e perceber que a mesma havia esquecido o cartão de transporte de ônibus entrou  em conflito com o motorista do veículo, que mesmo após Cláudia relatar que o filho traria  o cartão da menina na paragem de destino, foi a rua chamar a polícia.  

O policial Carlos Canha, apesar de estar uniformizado, já estava fora do horário de serviço e mesmo assim se dirigiu para atender ao chamado do motorista de ônibus  junto de outros dois agentes da polícia. A abordagem de Carlos Canha foi completamente fora das proporções, o agente violentou Cláudia Simões, jogando-a no chão de barriga  para cima e enforcando-a, segundo testemunhas que passavam no local. Cláudia, em frente à filha e na tentativa de se defender mordia o agente, tendo consciência de que se o mesmo continuasse a enforcá-la, a mataria. Os dois agentes em serviço não interferiram na abordagem violenta do policial Carlos Canha.  

Cláudia, além da imobilização e da violência sofrida no local, alegou ter sofrido violências e insultos a caminho da delegacia. Na viatura, os dois policiais em serviço nada fizeram enquanto Cláudia era agredida com socos, ofensas e puxões de cabelo no banco de trás pelo policial Carlos Canha, o qual nem deveria estar na viatura e muito menos  atendo a ocorrências haja visto que não estava em serviço.  

O racismo português institucionalizado

Mesmo com vídeos retratando a violência sofrida por Cláudia, laudos médicos e relatos de testemunhas, o Ministério Público (MP) considerou Cláudia nas posições de vítima e ré ao mesmo tempo, em decorrência das mordidas que deu em Carlos Canha em sua defesa, ao ser enforcada e imobilizada com um mata-leão. Os três policiais foram acusados no mesmo processo em decorrência da prisão ilegal e das violências que Cláudia sofreu.  

Cláudia Simões foi condenada à 8 meses de prisão mesmo tendo sido vítima de agressões racistas de policiais portugueses. Foto: JAV

Entretanto, após quatro anos de luta nas ruas, nos tribunais e de um processo longo de revitimização da vítima, o Tribunal Judicial de Sintra condenou Cláudia Simões por “ofensa a integridade física qualificada” aplicando-lhe uma pena de oito meses de prisão por morder o policial Carlos Canha, e inocentou o policial fora de serviço em relação às  suas ações para com Cláudia Simões, condenando o mesmo a três anos de prisão apenas  por “violentar” e “sequestrar” outros dois homens, Quintino Gomes e Ricardo Botelho, que foram levados a delegacia de polícia. Os dois outros policiais que participaram da  abordagem, acusados de abuso de poder por não impedir os abusos de Canha, foram  inocentados. Ambos os processos de condenação foram suspensos na execução.  

As sentenças apresentadas no Tribunal Judicial de Sintra só evidenciam o que  todas as pessoas racializadas que vivem em Portugal já sabem, o estado português constantemente ameniza a violência policial e racial e perpetua a segregação racial por todo o país. As manifestações que ocorrem no país por justiça a Cláudia Simões são também apelos por milhares de trabalhadores e trabalhadoras que habitam e constroem o país e que são constantemente marginalizados e violentados por um estado que se  aproveita do seu esforço.  

Na manifestação do último sábado (14), que saiu em marcha em frente ao  Estabelecimento Prisional de Lisboa rumo a Praça da Martim Moniz, realizou-se ainda uma homenagem e apelo em memória de Danijoy Pontes e Daniel Rodrigues, vítimas do  sistema carcerário violento, que morreram em 2021 no Estabelecimento Prisional de  Lisboa, com poucos minutos de diferença entre os óbitos. Os jovens tiveram suas mortes  consideradas naturais, apesar de nunca terem apresentado problemas sérios de saúde e de  em seus obituários existirem várias divergências, suas mães, familiares e amigos lutam  por justiça e por uma investigação criteriosa.

A herança colonialista e o racismo estrutural 

A resposta do estado português frente ao avanço do racismo e da xenofobia não  só é insuficiente como demonstra a passibilidade do mesmo dentro dos espaços de poder do país. É urgente e necessário organizar o povo na luta antirracista e constranger o  sistema judiciário, de segurança e legislativo a não só parar com as violências como  garantir às pessoas vítimas de racismo direitos iguais e uma vida justa, sem exploração.  

Não é de se surpreender que os aparelhos da burguesia que utilizam do estado  português se aproveitem das violências raciais e do racismo estrutural para continuar  lucrando e explorando as massas de trabalhadores e trabalhadoras negras. Sua história de enriquecimento baseada na escravização dos povos africanos e do tráfico humano é uma  cicatriz aberta na África.  

Portugal, responsável por colonizar Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe foi responsável por traficar ao menos 5,8 milhões de africanos somente para o Brasil (segundo a Blend, 2023), sem considerar o número de pessoas escravizadas levadas ao país europeu. A brutalidade que acompanha a história da riqueza de Portugal se contrasta com o seu histórico silêncio. Vergonhosamente, somente em 2024 Portugal assumiu a sua responsabilidade histórica com a escravidão e a colonização, o estado fala em “reparação” sem muitos detalhes, mostrando um discurso esvaziado.  

Somente a luta dos povos é capaz de superar as contradições impostas por esse  sistema opressor que se renova a cada século com tamanha crueldade. Tal qual a luta pela  libertação das colônias portuguesas na África que ocorreram em meados de 1975, é  preciso entender que para vencer o racismo precisamos derrubar o sistema capitalista,  honrando aqueles que deram a sua vida pelos povos livres da África como o grande  revolucionário marxista-leninista Amílcar Cabral.

CARTA | Quantas vidas o projeto de privatização do Metrô DF ainda irá levar?

O problema do Metrô não é ser um bem público, é estar com investimento insuficiente; é ter uma categoria que está há mais de 10 anos sem concursos para contratação de novos funcionários, fazendo com que os empregados estejam sobrecarregados e acumulando muitas funções.

Thiago Medeiros | Brasília


CARTA – Pelos mais de 42 quilômetros da extensão do Metrô do Distrito Federal, ouve-se o murmurinho da insatisfação: “Tá atrasado!”; tá quebrado”; “pegou fogo!” ou “tá parado!”. O povo trabalhador, usuário do transporte público, sabe que o Metrô – DF não está funcionando como deveria. A nossa indignação é verdadeira e ela tem um responsável central, Ibaneis Rocha (MDB).

O governador tem provado, através dos seus mandatos, que é compromissado somente com os ricos, pouco se importando com a vida da classe trabalhadora do quadradinho. Nada deixa isso mais claro do que o seu trato com o Metrô – DF, com a população que o usa e com os funcionários que trabalham no modal de transporte. Ibaneis quer vender este bem do povo para enriquecer ainda mais os burgueses da capital, que transformarão o meio de transporte de mais de 160 mil pessoas diárias em um meio de lucrar.

As falsas promessas da privatização

Por que o Metrô não funciona como deveria? Por que atrasa? Por que quebra? Por que pega fogo? Por que para?

A resposta para todas essas perguntas é uma, o sucateamento. Um sistema tão complexo como o do Metrô exige uma quantidade adequada de profissionais nas estações, investimento em manutenção e concursos para recomposição da equipe, tudo que não vimos do governo de Ibaneis.

A diferença de investimento da gestão emedebista para a do governo anterior é de mais de 1 bilhão de reais, sendo que as demandas continuam as mesmas, senão maiores. Com essa situação, o governador cria um problema e se lança a salvador com uma solução, a privatização.

Agora, pensemos juntos, se o Metrô, atualmente, está sendo tão severamente prejudicado pelo milionário Ibaneis, por que outros ricos saberiam solucionar seus problemas? A lógica privatista é mentirosa!

O problema do Metrô não é ser um bem público, é estar com investimento insuficiente; é ter uma categoria que está há mais de 10 anos sem concursos para contratação de novos funcionários, fazendo com que os empregados estejam sobrecarregados e acumulando muitas funções. É necessário lutarmos pelo Metrô, pois o Metrô é nosso, da classe trabalhadora do Distrito Federal. Nós, que pegamos o Metrô nos horários de pico, sabemos que não tem um rico andando no trem conosco. As pessoas com as quais estamos espremidos, são como nós, são trabalhadores. Se a burguesia não pega Metrô, também não tem que pegar lucro nele.

Quem paga pela privatização?

O empresário pode achar que é ele, com seu sujo dinheiro, mas os trabalhadores do Metrô – DF já estão pagando com seu sangue. O projeto de sucateamento do Metrô vem silenciosamente levando as vidas de trabalhadores e trabalhadoras da categoria, que se veem reféns e vítimas de sua própria profissão.

Somente no ano passado (2023), tivemos o caso do atropelamento de um vigilante terceirizado entre as estações Águas Claras e Taguatinga Sul enquanto fazia uma ronda nos trilhos dos trens a fim de evitar roubos do cabeamento. Houve, também, um acidente que levou dois funcionários do Metrô a sofrerem queimaduras após um choque elétrico em uma subestação de energia da estação Galeria, onde um dos trabalhadores sofreu queimaduras de 1º, 2° e 3° grau em 50% de seu corpo. Podemos falar também da morte do engenheiro do Metrô que sofreu uma queda na sala técnica da estação Praça do Relógio, quando parte do piso cedeu sob seus pés.

A preocupação de que novos acidentes ocorram afeta profundamente a categoria, como relata Amanda Sousa, agente de estação e uma das diretoras do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários do Distrito Federal (SindMetrô/DF): “A gente tem uma insegurança muito grande no trabalho em relação a integridade física e psicológica diante das últimas ocorrências de trens pegando fogo e explosões em equipamentos. A gente teme muito pela vida de terceiros, os usuários do Metrô; a gente sabe da responsabilidade que é carregar milhares de vidas diariamente. [A gente] teme pela vida dos nossos colegas e pela nossa vida, porque sabemos que pode vir a chegar um extremo de fatalidade decorrente desse sucateamento tanto com usuários como com a gente mesmo. Então a gente fica nesse clima de tensão.”

O Metrô é nosso!

Fica claro para todas as pessoas que usam o Metrô – DF que o modal de transporte está em uma situação de precariedade. O que também precisa ficar evidente é que isso não é somente um “desinteresse” por parte do governo do DF, mas sim um projeto de entregar tudo aquilo que é dos trabalhadores nas mãos de empresários, muito similares ao próprio governador Ibaneis, para que eles possam lucrar com o bem que tem de ser do povo.

O Metrô – DF precisa, urgentemente, de maior investimento em sua estrutura e de um concurso público para recompor o quadro de funcionários, que está defasado e sobrecarregado. O Metrô é nosso e por isso temos que lutar por ele!

Mulheres são exemplo no esporte

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Embora com tantas adversidades encontradas, as atletas brasileiras, durante os Jogos Olímpicos, mostraram que são verdadeiras lutadoras, trazendo para casa 12 das 20 medalhas conquistadas pela delegação em Paris.

Giovana Ferreira | Salvador


MULHERES – Entre os dias 26 de julho e 11 de agosto, ocorreram os Jogos Olímpicos 2024, sediados em Paris. Pela primeira vez na história, com participação feminina igual à masculina, entre os mais de 10 mil atletas que competiram. A criação dos Jogos Olímpicos é datada na história em 776 a.C na Grécia, com a exclusão das mulheres. Com a retomada, em 1896, a participação feminina permaneceu excluída, e foi permitida a partir de 1900, mas com presença menor do que 10% até 1948.

Por vivermos numa sociedade capitalista, onde o machismo oprime as mulheres todos os dias, são inúmeras as barreiras que enfrentamos para acessar e permanecer em diversos espaços, como no esporte. No Brasil, enquanto o Governo Federal entregou 43% do orçamento para o pagamento da dívida pública, o investimento para os esportes não passa de 1% ao ano. Ou seja, são migalhas para investir na infraestrutura esportiva, programas de incentivos nas escolas, auxílio técnico e médico, além dos recursos para o treinamento dos atletas.

Apesar desta realidade, foi registrada, de forma inédita na delegação brasileira, uma maioria feminina (154 mulheres e 123 homens). Porém, ainda é necessário lutar pela construção de políticas que incentivem mais mulheres a praticarem esportes e assegurem a atuação das atletas femininas nos jogos, a exemplo da existência de centros esportivos com estrutura de creche, amamentação e fraldário para as mães e suas crianças, assim como políticas de enfrentamento aos assédios e demais violências que as mulheres sofrem no dia a dia.

Embora com tantas adversidades encontradas, as atletas brasileiras, durante os Jogos Olímpicos, mostraram que são verdadeiras lutadoras, trazendo para casa 12 das 20 medalhas conquistadas pela delegação em Paris. Além disso, foram as mulheres na Ginástica Artística, com Rebeca Andrade; no Judô, com Bia Souza; no Vôlei de Praia, com a Ana Patrícia e Duda, que garantiram as três medalhas de ouro do nosso país.

No capitalismo, o esporte é tratado como mais uma forma de obtenção de lucro. Para isso, a burguesia incentiva a rivalidade entre as nações, ao mesmo tempo que fala em solidariedade e união. O maior exemplo que temos da solidariedade proletária e incentivo à prática de esportes, até hoje, é o da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que assegurava nas instituições de educação boas escolas esportivas e infraestrutura impecável, de forma que, mesmo após mais de 30 anos do fim do socialismo no país, este ainda ocupa a segunda delegação com maior número de medalhas olímpicas na história, 1.010 no total.

Matéria publicada na edição nº 298 do Jornal A Verdade.

Mulher, não se cale! Lute!

Precisamos nos unir a outras mulheres da classe trabalhadora, que enfrentam os mesmos problemas que nós, e lutar para mudar essa situação. Transformar nossos problemas em denúncias contra esse sistema que nos massacra e oprime, o capitalismo.

Carol Vigliar | São Paulo


MULHERES – A matéria “Mais de um milhão de mulheres sofreram violência em 2023”, na edição 296 do jornal A Verdade trouxe dados a respeito do aumento no registro de todos os casos de violência contra as mulheres no Brasil e mostrou que, em 2023, mais de um milhão de casos foram registrados no país. Em relação à violência doméstica, foram registrados mais de 258 mil casos e, destes, mais de 2.700 tentativas de feminicídio. Dados subnotificados, como sabemos.

Mas o que mais chama atenção são os casos de feminicídio: em 2023, uma média de quatro mulheres por dia perderam suas vidas por serem mulheres, o maior número desde que o crime passou a ser tipificado. Os casos de abuso sexual também revoltam: foram mais de 72 mil casos denunciados, um a cada seis minutos; 240 diariamente. Mais de 60% destes ocorreram com crianças menores de 13 anos.

Todos os dados mostram que a violência aumentou. Mas, infelizmente, sabemos que esses números não expressam toda a violência que mulheres e crianças estão submetidas. Muitas mulheres não denunciam seus agressores e passam toda uma vida reféns de abusos e torturas. Muitas demoram para perceber que chantagem, humilhação, controle do dinheiro e dos horários, por exemplo, também são formas de violência. Com as crianças é ainda pior. Muitos casos só são conhecidos após muitos anos ou, às vezes, nunca.

Em uma roda realizada na Casa Laudelina de Campos Melo, em São Paulo, uma trabalhadora relatou que, após anos de violência, com queimaduras, mordidas, chutes e socos, quando decidiu fugir com seus filhos para não morrer, foi à delegacia, mas lá questionaram se ela realmente teria coragem para fazer aquilo.

São inúmeros os casos de mulheres que relatam sofrer mais violência ao chamarem a polícia. Ao chegar com uma mulher, atendida pela Ocupação Helenira Preta, em Mauá, presenciei a escrivã da delegacia gritar com mãe e filha que foram buscar ajuda, dizendo que elas deveriam ir primeiro ao IML e só depois à Delegacia. Os casos de omissão e violência dentro das delegacias são muitos. 

Além disso, sabemos que os serviços são insuficientes e pouco conhecidos pelas mulheres. As próprias Delegacias de Atendimento à Mulher (Deams), são insuficientes: das 568 existentes no país, apenas 10% funcionam 24 horas e aos finais de semana.

Como agir?

Os dados realmente são de indignar. Todas as mulheres conhecem outra que já passou por alguma violência. As delegacias, muitas vezes, não parecem ambientes seguros. Então, como agir?

Quando as mulheres se unem e se organizam são uma força poderosa! A saída para a violência passa por aí: organização e luta. No final da década de 1990, o movimento feminista paulistano se mobilizou por mais políticas públicas de proteção às mulheres e conquistou o primeiro espaço público do país que presta esse tipo de atendimento, a Casa Eliane de Grammond, hoje infelizmente privatizada pela gestão do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB).

As mulheres também foram protagonistas nas lutas pela redução da jornada de trabalho, nas lutas contra a fome e a carestia e nos movimentos que derrubaram a ditadura militar no Brasil. Os movimentos de mulheres no nosso país garantiram todos os direitos que temos hoje, demonstrando que a luta vale a pena e que podemos arrancar ainda mais conquistas.

É por isso que o Movimento de Mulheres Olga Benario organiza no país todo ocupações e redes de apoio para mulheres em situação de violência. Não apenas para ofertar serviços que o Estado omisso não oferece, mas principalmente para organizar mulheres. Além da violência doméstica, sofremos outras inúmeras violências. Ou aluguel e comida caros não são formas de nos violentar? Não conseguir comprar roupas de frio e calçados adequados para nossos filhos também não são expressões de violência?

Por isso, precisamos nos unir a outras mulheres da classe trabalhadora, que enfrentam os mesmos problemas que nós, e lutar para mudar essa situação. Transformar nossos problemas em denúncias contra esse sistema que nos massacra e oprime, o capitalismo. Começar conquistando um centro contra a violência ou iluminação adequada nos bairros e dar continuidade à luta para mudar esse sistema de morte, organizar todo o nosso povo para construir o socialismo! Por isso, mulher, não se cale! Lute!

Matéria publicada na edição nº 298

Jornalista palestino: “Às vezes, sou espancado ou preso”

O jornal A Verdade entrevistou o jornalista palestino Shafee Al-Hafeth. Residente de Hebron, a maior cidade da Cisjordânia, Shafee mora na região com mais 14 membros da família. Eles costumavam trabalhar nos territórios ocupados antes dos conflitos com soldados israelenses terem se acirrado, desde outubro do ano passado. Hoje, apesar das ameaças e riscos, o jornalista mantém o compromisso de reportar os abusos e violências do Estado israelense.

Ele conta já ter sido submetido a múltiplas agressões e espancamentos, além de sofrer ameaças de morte, mas resiste: “Depois que os negócios pararam, continuei sendo o único a continuar trabalhando, desafiando as ameaças e os riscos que enfrentava. Enfrentei a morte várias vezes, mas me recuso a parar de relatar a verdade”. Neste momento o Exército de Israel intensifica sua operação de ocupação na Cisjordânia, já somando dezenas de pessoas mortas sob o argumento “caça aos terroristas”.

A Verdade – A ajuda humanitária tem chegado na Cisjordânia?

Shafee – Desde 07 de outubro de 2023, devido ao bloqueio de fronteiras e passagens e à paralisação de trabalhos, nenhuma ajuda especial chegou à Cisjordânia. As famílias dependem dos rendimentos provenientes da agricultura, do comércio ou de algum apoio de organizações de caridade. Muitos enfrentam dificuldades para garantir o sustento diário, o que os leva a procurar donativos nas ruas ou em locais públicos.

Você poderia falar sobre sua rotina e da sua família nos últimos meses?

Desde 07 de outubro, minha rotina de vida mudou drasticamente. A vida tornou-se difícil devido aos postos de controle militares estabelecidos pela ocupação israelense entre cidades e aldeias na Cisjordânia. O deslocamento de Hebron para Belém, que costumava levar meia hora, agora leva longas horas devido aos postos de controle militares e inspeções constantes.

Às vezes, sou espancado ou preso, e, às vezes, são disparadas balas de borracha contra nós nos postos de controle. Sou sujeito a revistas minuciosas e agressões físicas por parte de soldados israelenses. Além disso, minha família sofre pressão psicológica e medo constante devido à deterioração da situação de segurança e à falta de estabilidade econômica. Contamos agora com a agricultura e o comércio locais como principal fonte de renda, na ausência de salários e auxílios.

Sobre as agressões que você enfrentou, poderia explicar como o Exército de Israel opera para oprimir as pessoas, especialmente os jornalistas?

O Exército israelense exerce intensa repressão contra cidadãos e jornalistas. As agressões incluem impedir-nos de trabalhar, restringir a nossa liberdade de movimento e nos prender por expressarmos nossas opiniões em redes digitais. Eles revistam celulares e apagam qualquer coisa relacionada à guerra ou à bandeira palestina. Sou sujeito a espancamentos, ameaças de morte e horas de detenção. Além disso, enfrentamos ataques de colonos sob a proteção do Exército sionista, que queimam casas e carros dos cidadãos e incendeiam campos agrícolas, que são a principal fonte de sobrevivência dos cidadãos.

Como está o controle israelense das fronteiras da Cisjordânia?

Israel tem controle total sobre todas as fronteiras da Cisjordânia. A saída da região é permitida sob condições limitadas, não podendo haver quaisquer problemas de segurança com a ocupação israelense. Em geral, viajar a partir da Cisjordânia é possível, mas enfrenta muitas restrições, e quaisquer questões de segurança que envolvam familiares podem dificultar a viagem.

Israel controla todas as aldeias e cidades, com portões de ferro que fecham às 15h30 e abrem às 08h00. Houve uma mudança recente na situação, uma vez que o controle sobre a Cisjordânia foi entregue ao Ministro das Finanças israelense e ao líder do partido “Sionismo Religioso”, Bezalel Smotrich. Pouco antes de lhe enviar esta mensagem, uma gravação de áudio que vazou indicava a sua intenção de anexar a Cisjordânia a Israel, o que poderia levar a mudanças significativas na região e virar a situação de cabeça para baixo, resultando potencialmente no nosso deslocamento total.

Entrevista publicada na edição nº 298 do Jornal A Verdade.

Juventude revolucionária debate os rumos da luta pelo socialismo no 28º EIJDAA

Os debates do encontro giraram em torno dos conflitos interimperialistas, como guerras, intervenções e golpes, o avanço do fascismo, o genocídio na Palestina e os desafios na organização da juventude mundial. 

Rafael Morais | República Dominicana


INTERNACIONAL – Entre os dias 18 e 25 de agosto, a República Dominicana foi palco de um importante evento internacional: o 28° Encontro Internacional da Juventude Democrática, Antifascista e Anti-imperialista (EIJDAA), promovido pela Conferência Internacional de Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas (CIPOML). O encontro reuniu delegações do Brasil, Equador, Haiti, Turquia, Alemanha, Estados Unidos, Porto Rico, México, Espanha e República Dominicana. O Brasil foi representado pela União da Juventude Rebelião (UJR), que enviou uma delegação com 11 camaradas de todas as regiões do país, sendo sua maior participação neste evento.

Entre os participantes brasileiros, estava Leonardo de Paula, de São Paulo, vencedor da campanha de emulação promovida pela UJR. “A campanha de emulação foi um verdadeiro trabalho coletivo. A experiência foi muito desafiadora, pois fez crescer consideravelmente nosso trabalho com o Jornal através das brigadas e reforçou nossa coesão. Encaramos a tarefa de forma coletiva em cada região”, disse Leo.

Além da campanha de emulação, a UJR promoveu uma intensa preparação de sua delegação ao EIJDAA, com estudos sobre a conjuntura política internacional, organização de materiais de propaganda, divisão de tarefas e planejamento financeiro, tudo para garantir uma atuação efetiva no encontro. Para Natália Borges, do Rio de Janeiro, “esta preparação prévia foi fundamental para que conseguíssemos participar da melhor forma possível no encontro. Chegamos lá com um grau maior de conhecimento sobre os países, as organizações e nossas tarefas”.

A delegação brasileira se destacou pela participação ativa em diversas frentes: realizou reuniões com representantes de todos os países; contribuiu nas discussões dos grupos de trabalho e nas conferências; promoveu e incentivou atividades físicas todos os dias de manhã. A cultura brasileira também foi apresentada, fortalecendo e aproximando os laços internacionais.

Os debates do encontro giraram em torno dos conflitos interimperialistas, como guerras, intervenções e golpes, o avanço do fascismo, o genocídio na Palestina e os desafios na organização da juventude mundial. 

A delegação da UJR apresentou a luta do movimento estudantil brasileiro, com ênfase no papel do jornal A Verdade como ferramenta essencial na organização, crescimento e formação da juventude. A necessidade de intensificar a propaganda socialista no dia a dia também foi fortemente defendida. Segundo Kamila Nascimento, de Pernambuco, “o encontro foi marcado por várias trocas de experiências sobre as formas que as juventudes se organizam nos vários países e como podemos nos fortalecer para dar enfrentamento às lutas que estão por vir e unir as organizações de juventude no mundo pelo socialismo”.

Para sair com o máximo de informações possíveis, aprender com as experiências e compartilhar as lutas pelo mundo, a delegação organizou uma equipe de entrevistas. O objetivo era conhecer mais de cada organização, preparar materiais para pesquisa e publicações no jornal A Verdade. Sobre isso, João Gabriel, de São Paulo, pontuou que “conhecer a realidade de diversos países e como atuam os comunistas ao redor do mundo, impulsiona nossa luta aqui no Brasil. Essa troca foi muito rica e queremos compartilhar com os leitores de A Verdade um pouco do que acumulamos lá”.

Sobre a importância das trocas de experiência que o encontro possibilitou, citamos a intervenção feita por Hanna Lubcke, em nome da Organização para a Construção do Partido Comunista dos Trabalhadores da Alemanha (Arbeit Zukunft): “Enquanto é fácil sentir-se sobrecarregado pelas muitas tarefas que enfrentamos, há poucas coisas que te dão tanta força quanto saber que, enquanto eu vou dormir, um jovem acorda do outro lado do mundo com o mesmo objetivo”. 

O encontro ainda reforçou a importância da união internacional na luta contra o capitalismo e o imperialismo. Na resolução final é apontado que “a burguesia afirma que não é possível derrotar o capitalismo. Mas os jovens reunidos no EIJDAA afirmam que só é possível alcançar a verdadeira liberdade se vivermos em um sistema onde os seres humanos são livres da exploração”.

Neste espaço tão importante da juventude combatente, a UJR não poderia deixar de erguer bem alto a memória e a luta incansável de nossa companheira Sarah Domingues. Ela esteve presente nas intervenções, no jornal da UJR, no adesivo em sua memória que estampou o peito daqueles que estavam presentes. Por isso, na resolução final do EIJDAA está registrado que “Sarah foi uma das lideranças da luta da juventude no Brasil, tocou as vidas de milhares de jovens, ensinou e mostrou aos seus camaradas e às massas de jovens lutadores o poder da luta coletiva. O ataque a Sarah é um ataque a toda a juventude do mundo que está lutando por seus direitos. Os nomes desses camaradas, cujas bandeiras carregam as demandas da juventude de todo o mundo e o acúmulo da experiência da luta socialista, se espalharão pelo mundo”.

Matéria publicada na edição nº 298 do Jornal A Verdade.

O Jornal é uma ferramenta militante dos revolucionários

O jornal A Verdade trás, em suas notícias e artigos, não apenas os fatos isoladamente, mas através da interpretação da teoria marxista-leninista. Denuncia o

J. H. Melman e Redação | Rio de Janeiro – RJ


O jornal A Verdade é uma publicação impressa, quinzenal. Isso provoca uma renovação periódica do esforço da militância para fazer agitação e propaganda junto ao povo, especialmente nas chamadas brigadas. A cada nova edição, ocorre uma nova “rodada de conversas”, sobre os posicionamentos do Partido com a militância e com a população.

Aos brigadistas, cabe apresentar o Jornal e ouvir os trabalhadores, suas opiniões e demandas. Essas demandas podem gerar novas lutas e mais pessoas podem se somar aos núcleos de base. A partir daí, podem enviar denúncias e artigos para o Jornal. Ou seja, a informação flui nos dois sentidos de comunicação.

A Verdade é um jornal de caráter político, revolucionário. Suas notícias e artigos trazem não são só os fatos em si, mas os interpretam à luz da teoria marxista-leninista. Denunciam as contradições do sistema capitalista e apontam a construção da sociedade socialista como saída real para a classe trabalhadora. Assim, as edições impressas do Jornal não “envelhecem” rapidamente. Experimente pegar uma edição mais antiga, de seis meses ou um ano atrás. Muitas das matérias ainda servirão como denúncia, mesmo para casos mais recentes ou para uma determinada situação que ainda persiste.

E já que é um jornal proletário, A Verdade precisa se manter pelos esforços de seus militantes e leitores. Ser um jornal autofinanciado garante a liberdade para enfrentar e fazer denúncias sobre grandes grupos econômicos e seus interesses contrários aos da classe trabalhadora. O valor arrecadado com as vendas de uma edição financia as edições futuras. Contribuições extras são sempre bem-vindas e devem ser encorajadas e buscadas ativamente.

Esses recursos, junto com o esforço de distribuição, controle, circulação e debate permitirão assegurar a continuidade e a ampliação do alcance do Jornal, o que já vem acontecendo. Nos últimos dois anos, triplicamos nossa tiragem e seguimos fortes para alcançar novas metas em vistas do aniversário de 25 anos do Jornal, no próximo mês de dezembro.

Ferramenta de trabalho do militante

Um militante deve ter sempre um exemplar do Jornal à mão. O Jornal serve para abrir uma conversa, para estimular o interesse e a aproximação de pessoas que venham conversar sobre o Partido e os movimentos. Os casos são os mais diversos. Um exemplo: um militante vai fazer uma panfletagem em um determinado local para chamar para uma manifestação e a conversa sobre o assunto se desenvolve. A partir deste assunto, facilmente pode-se oferecer o Jornal. E, mesmo que essa pessoa não o compre, se o militante estiver com um exemplar à mão, o Partido, os movimentos, nossa política, poderão ser apresentados com mais qualidade. Vai ficar claro que há um forte trabalho apoiando aquele militante, apoiando a manifestação.

Outro exemplo é o caso das brigadas casadas com a campanha eleitoral das candidaturas revolucionárias da Unidade Popular (UP), nestas eleições municipais. Ao entregar um panfleto, ao agitar numa caixa de som, cada militante deve também se esforçar para a ampliar a discussão e oferecer o Jornal.

Ler o Jornal a cada nova edição é tarefa de cada militante, que deve buscar ativamente sua quota o mais rápido possível. Os responsáveis pelas reuniões periódicas devem também levar o Jornal para ser estudado coletivamente nas reuniões e para distribuir para quem ainda não o recebeu.

No caso dos núcleos dos movimentos e da UP, estes devem usar o Jornal em suas reuniões como material de estudo e como forma de apresentação às novas pessoas que chegam a todo instante para se somarem na luta. Esses núcleos podem organizar brigadas por local de atuação (moradia, estudo ou trabalho). Isso formará mais rapidamente novos agitadores políticos e aumentará a inserção do Partido nas massas.

Como desenvolver as brigadas

As brigadas (vendas coletivas do Jornal) proporcionam momentos de aprendizado, desenvolvimento, interação e debate junto à população. Por isso que toda a militância deve se envolver nesta tarefa, considerando as possibilidades e as capacidades de cada um. A falta de dinheiro não deve impedir um militante de atuar nas brigadas: os núcleos podem debater formas coletivas para garantir as passagens e a manutenção (água, lanche, etc.) para todos militantes que desejem participar.

Participar de uma brigada ajuda a vencer o receio de falar em público e ou oferecer o Jornal. Ajuda a quebrar ideias pré-concebidas sobre um “jornal em papel” ou de que isso “é uma tarefa para os jovens”. Entender a importância da tarefa vai fazer com que o conjunto da militância se integre às brigadas periodicamente.

A regularidade e o empenho na participação das brigadas serve também de exemplo para inspirar outros militantes e gera reconhecimento por parte da população, que passa a ver, na prática, que o nosso Partido e os movimentos estão presentes em todos os momentos da vida do povo.

Os locais de brigadas costumam ser fixos, e as brigadas são anunciadas nos canais de comunicação e nas reuniões. Cada brigada tem uma quantidade de jornais que será levada pelo responsável para o ponto de encontro. Os jornais serão, então, distribuídos entre os militantes presentes. Quem estiver fazendo a brigada e ainda não estiver seguro, recebe a ajuda de outro camarada mais experiente, formando uma dupla.

Em geral, a brigada se inicia na hora marcada com a leitura coletiva da manchete, do editorial, seguida de debates e esclarecimentos. Todos precisam folhear o jornal individualmente para lerem as matérias que possam despertar mais interesse para o público daquele local específico onde se realiza a brigada. Caso alguém se atrase e não consiga participar da leitura coletiva, o responsável ou alguém indicado por ele vai garantir a leitura com quem chegar depois. Por isso, não se atrase!

Durante a brigada, os jornais ainda não vendidos são redistribuídos entre os militantes, a fim de que todos vendam a quota daquela brigada. A brigada segue até a venda de todos os jornais pelo conjunto dos militantes.

Se o jornal A Verdade tivesse edições exclusivamente eletrônicas, estaria sujeito ao risco de censura, bloqueio ou banimento por parte das grandes empresas de comunicação, especialmente dos monopólios das plataformas digitais (Instagram, X, etc.). Sendo um jornal impresso, ele permanece vivo, nas ruas, passando de mão e mão, e, assim, não é possível apagar sua existência. Nas brigadas, é comum vermos pessoas carregando seus exemplares, lendo-o, folheando-o. Um trabalhador que compra um jornal em seu intervalo de almoço, volta para seu local de trabalho e mostra o jornal a seus colegas. Isso dá ainda mais sentido a nossa luta revolucionária pelo socialismo.

Wilhelm Pieck, o marceneiro que virou presidente da Alemanha socialista

Wilhelm Pieck, um simples marceneiro alemão, lutou contra o fascismo e se tornou o primeiro presidente da República Democrática da Alemanha. Seu papel histórico contra o fascismo e pelo socialismo deve ser um exemplo para nós

Andrei Rodrigues | Rio de Janeiro (RJ)


Desde que o comunismo surgiu enquanto doutrina de libertação do proletariado, as camadasmais reacionárias da humanidade apresentaram o anticomunismo como resposta. Com o objetivo de esconder o potencial de transformação que uma sociedade pode ter sob o socialismo, os ideólogos da burguesia fazem de tudo para falsificar, distorcer e deformar as experiências históricas de construção das revoluções por todo o mundo e, ao mesmo tempo, apagar o papel heróico dos melhores filhos da classe trabalhadora. Compreender esse panorama nos ajuda a entender porque é desconhecida a história de Wilhelm Pieck, um simples marceneiro alemão que se tornou o primeiro presidente da República Democrática da Alemanha.

Os primeiros anos de luta

Nascido em 1876, no seio de uma família proletária na cidade de Guben (atualmente localizada na Polônia), Friedrich Wilhelm Reinhold Pieck deparou-se, ainda cedo, com a dureza da realidade capitalista. Filho de pai cocheiro e de uma madrasta lavadeira, Pieck foi jogado ainda muito cedo ao mundo do trabalho e, na década de 1890, com 15 anos, teve que ingressar em um curso técnico de marcenaria.

Revoltado com as terríveis condições às quais os trabalhadores alemães eram submetidos sob o Império, em 1894, direcionou as suas energias à militância na Associação dos Trabalhadores da Madeira. No ano seguinte, em 1895, ao compreender que a luta sindical é uma etapa específica de uma luta geral de transformação total da sociedade, Pieck decide entrar nas fileiras do Partido Social-Democrata da Alemanha (PSA), à época, o maior partido socialista de todo o mundo.

A partir da primeira metade da década de 1900, graças a sua dedicação e disciplina, o jovem marceneiro é escolhido como secretário do PSA na altamente proletarizada cidade de Bremen e, ainda nessa época, após ser eleito por expressivas votações entre os operários, começou a compor o parlamento local prussiano como representante do partido.

A Primeira Guerra Mundial e a luta contra o Social-chauvinismo

Com a chegada da Primeira Guerra Mundial, frente às posições revisionistas e social-chauvinistas da maioria da direção do PSA, que defendiam a participação dos operários na guerra da burguesia contra o operariado de outros países, Pieck se une definitivamente à ala internacionalista do partido.

Junto a camaradas como Rosa Luxemburgo, Karl Liebknecht e Clara Zetkin, denuncia as posições reacionárias da social-democracia da II Internacional. A organização de atos, conferências e a divulgação de propagandas anti-guerra fez com que Wilhelm Pieck fosse arduamente perseguido pelos cruéis oficiais alemães, que o jogaram na linha de frente da guerra de rapina.

Algum tempo após ser atirado ao campo de batalha, o comunista se negou a lutar a guerra das burguesias europeias e, por conta disso, foi preso por “insubordinação”, mas conseguiu fugir das punições que lhe foram impostas e entrou definitivamente na clandestinidade. Nesse período, a fim de fortalecer a unidade da classe trabalhadora alemã em prol da paz e da construção de um governo popular, Pieck empreendeu grandes esforços na consolidação da ala internacionalista (que veio a ser conhecida como Liga Espartaquista) como uma alternativa ao caduco e reacionário PSA. Em 1918, ao mesmo tempo em que organizava as mobilizações e as greves que fizeram parte da Revolução Alemã, foi também uma das figuras centrais na união dos grupos e organizações mais radicais do país que deram origem ao Partido Comunista da Alemanha (PCA), o estado-maior da classe trabalhadora alemã e leal membro da III Internacional.

A luta antifascista e a fundação da República Democrática da Alemanha

Após a repressão violenta da Revolução Alemã, as classes reacionárias do país coroaram o seu novo governo, a República de Weimar (1919-1933), com uma grande fachada democrática. Assim, a república que a burguesia divulgava internacionalmente como ápice da liberdade e da humanidade, foi, na realidade, terreno propício para que grupos fascistas se desenvolvessem e prosperassem sem pudor – tudo isso com a conivência da social-democracia, que priorizava perseguir os comunistas do que combater os reacionários. Frente a esse panorama, o PCA tomou para si a missão histórica de organizar as massas exploradas da Alemanha, utilizando as eleições como meio de divulgação da linha política do partido e transformando o parlamento burguês em uma tribuna de denúncias do povo.

Pieck cumpriu um papel fundamental na construção cotidiana dessas tarefas. A partir de 1921, a construção cotidiana e sistemática do trabalho partidário entre as massas alemãs permitiu que o camarada fosse continuamente eleito para diferentes instituições de poder – desde os parlamentos locais até ao Reichstag, o maior parlamento do país. Longe de se deixar levar pela ilusão burguesa de democracia, Pieck aproveitou a janela de oportunidade relativa das “liberdades democráticas” para divulgar incansavelmente o programa do Partido nos cargos em que ocupava.

O esforço coletivo empreendido pelo camarada e pelo conjunto do PCA garantiu que ele se massificasse e alcançasse a impressionante marca de mais 350.000 membros.

Com o avanço do fascismo na Europa e a chegada de Hitler ao poder na Alemanha, o PCA, agora sob a liderança máxima de Wilhelm Pieck, realizou um esforço internacional pela implementação da linha já defendida anteriormente pelo camarada Dimitrov da Frente Popular Antifascista. Mesmo estando exilado de sua terra natal, Pieck não poupou esforços para garantir o acompanhamento do trabalho do Partido e defendeu incansavelmente a justeza da linha da Frente Antifascista como secretário-geral da Internacional Comunista.

O papel histórico de coesão que o PCA cumpriu entre as demais forças anti-fascistas na Alemanha deve ser um exemplo para nós. Ao centrarem as suas energias na formação política das massas oprimidas pelo regime hitlerista e convocarem todos os setores populares para lutarem consigo, os comunistas foram capazes de superar o cisma entre as diferentes organizações e camadas politicamente atuantes e puderam atacar o fascismo com mais qualidade. Foi graças à tática chefiada pelo PCA que, após a libertação de Berlim pelo Exército Vermelho, o povo pode agir em prol da construção de uma nova Alemanha.

Em 1949, quatro anos após o fim da 2º Guerra Mundial, um golpe imperialista sequestrou a parte oeste da Alemanha e promoveu a fundação de um país satélite dos EUA e da OTAN, a República Federal da Alemanha (RFA). A fim de defenderem a sua soberania e a sua liderança política, os trabalhadores do leste, organizados sob a bandeira comunista do então Partido Socialista Unificado da Alemanha (SED)  – fruto da fusão entre o PCA e o PSA – realizaram amplos debates e discussões entre os sindicatos e os conselhos operários que resultaram na proposta da fundação de uma nação nova, soberana e, sobretudo, socialista: A República Democrática da Alemanha (RDA).

O povo da RDA elegeu Wilhelm Pieck como presidente e provou, assim, que em um país socialista até um simples marceneiro pode exercer o poder. Na presidência, Pieck promoveu uma ampla campanha de desnazificação no país, fortaleceu os sindicatos e as organizações operárias, abriu a política para que todos pudessem participar e investiu na reconstrução da Alemanha. O que os comunistas fizeram, isto é, reerguer um país das cinzas ao mesmo tempo que garantiam comida, moradia, educação, saúde e cultura para o povo não foi uma tarefa fácil e só pôde ser realizada graças à clareza política do partido e de Pieck.

Ainda em 1946, ao falar das tarefas do proletariado organizado para reconstruir a Alemanha o camarada disse:

“Nossa tarefa mais importante é aliviar a miséria do nosso povo e, acima de tudo, fazer nossa economia se mover novamente. Mas, diferente de antes, isso não é mais tarefa dos grandes capitalistas; em vez disso, deve ser feita por total responsabilidade dos trabalhadores, dos sindicatos e dos conselhos de operários. Eles devem ser assegurados da influência decisiva que têm neste processo […] Ainda maior é o nosso interesse em desenvolver nossa indústria como uma indústria de paz e em usar sua produção para satisfazer as necessidades do nosso povo.”

Governo do RN se nega a construir centro de referência da mulher

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Descumprindo acordo judicial, Governo do RN ofereceu espaço provisório inseguro e inadequado para o trabalho de atendimento de mulheres em situação de violência realizado pelo Movimento de Mulheres Olga Benário. Poder Executivo também se recusa a construir sede definitiva para a Ocupação Anatália de Souza Melo Alves

Nota do Movimento de Mulheres Olga Benário – RN


Na cidade de Natal (RN), a Ocupação de Mulheres Anatália de Souza Melo Alves nasceu em 25 de novembro de 2023, quando o Movimento de Mulheres Olga Benário ocupou o antigo prédio da Faculdade de Contábeis e Atuariais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

A ação foi fruto de uma decisão ousada: criar na capital potiguar uma casa de referência para combater os casos de violência e feminicídio, que tem aumentado a cada dia. No último ano, só no Rio Grande do Norte, as tentativas de feminicídio cresceram em 88%. As denúncias de violência contra a mulher também tiveram uma alta de quase 50%. No entanto, o Estado pouco tem feito para reverter a situação. De acordo com o Tribunal de Contas da União, metade das legislações e normas para proteção da vida das mulheres estão engavetadas, sem sair do papel.

Os serviços de atendimento às mulheres na cidade sofrem com o sucateamento. É o caso do Centro de Referência à Mulher Elizabeth Nasser, serviço municipal em que as trabalhadoras estão sobrecarregadas e recebem pouco apoio da prefeitura da cidade de Natal, capital do estado.

Com pouco mais de duas semanas de ocupação, o Movimento de Mulheres Olga Benário conquistou duas importantes vitórias em uma mesa de negociação judicial realizada em dezembro de 2023. Nessa mesa, além do movimento, estiveram presentes o Governo do Estado do Rio Grande do Norte, a Superintendência do Patrimônio da União, a Procuradoria Geral do Estado, a Procuradoria Geral do Município, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte e o Ministério Público Federal.

A primeira dessas vitórias foi a cessão, pela União, de um local para a construção de um centro de referência para mulheres, que será administrado pelo Movimento de Mulheres Olga Benário. Ficou definido na reunião que a construção desse espaço definitivo será financiada por meio de uma emenda parlamentar, sendo esta aplicada pelo governo estadual do RN.

Além disso, enquanto o novo prédio estivesse em processo de construção, o Governo do Estado teria a obrigação de prover um espaço provisório seguro para que o movimento continuasse a atender mulheres em situação de violência, salvando suas vidas.

9 meses de descaso

Após o acordo judicial, a Ocupação Anatália de Souza foi realocada para a antiga Delegacia da Mulher, que estava fechada há 6 anos, sem qualquer manutenção estrutural de suas instalações pelo governo estadual.

A consequência desse descaso é que falta água diariamente na ocupação, as infiltrações levam a alagamentos quando há chuva, e os dias de sol são marcados por um calor intenso devido à falta de ventilação. Além disso, a iluminação é precária, faltando luz com frequência. Em janeiro de 2024, houve uma explosão do disjuntor, escancarando os perigos do espaço para as mulheres.

Em conversa com o movimento, a própria representação do Governo do Estado afirmou que existe um laudo do Corpo de Bombeiros condenando o espaço para onde a ocupação foi realocada, devido às más estruturas para atendimento ao público.

Diante dessa condições precárias, o movimento procurou diálogo, durante 9 meses, com o Governo do RN, especialmente com  o Gabinete Civil e a SEMJIDH, secretaria responsável pelas políticas para as mulheres, visando a realocação da ocupação. No entanto, não houve qualquer resolução.

Isso demonstra uma decisão política do governo de descaso com a vida das mulheres, ao se negar a oferecer um espaço de referência digno para que o Movimento de Mulheres Olga Benário atenda trabalhadoras que sofrem diariamente com a exploração e a violência.

Recusa em ceder espaço

Além da falta de interesse em encaminhar a realocação da Ocupação Anatália de Souza Melo Alves para um local adequado, sem infiltrações, com energia e água encanada, o Governo do RN aparentemente se recusa a cumprir com o acordo judicial firmado com o Movimento de Mulheres Olga Benário.

Nos últimos nove meses, o movimento também tem tentado dialogar com a SEMJIDH para que a secretaria organize a solicitação do imóvel doado pela Superintendência do Patrimônio da União para a construção do centro de referência. No entanto, até o momento, não houve qualquer movimentação por parte da pasta para realizá-lo. Pelo contrário, a SEMJIDH se negou diversas vezes a realizar a solicitação, afirmando que o acordo judicial era ilegal e que não havia concordância por parte da secretaria na realização da decisão.

Em outras palavras, fica claro o desinteresse do Governo do Estado em cumprir o acordo judicial que ele mesmo assinou. Em consequência disso, o Executivo estadual prejudica o andamento da construção do centro de referência na cidade, impedindo que mais pessoas sejam salvas por esses aparelhos de acolhimento e fortalecimento social, psicológo, jurídico e político para mulheres.

Pela realocação da Ocupação Anatália

Nos últimos meses, a Ocupação Anatália de Souza realizou dezenas de atendimentos, plantões gratuitos com profissionais de saúde, cursos e núcleos de formação política para as mulheres.

Todos os dias, a ocupação realiza conversas com as mulheres do bairro e das periferias da cidade, a fim de fortalecer essas trabalhadoras que sofrem violências diárias do sistema capitalista, seja dentro de casa, na rua ou no trabalho. É um trabalho que salva vidas.

Por isso, chamamos todos os apoiadores e apoiadoras do Movimento de Mulheres Olga Benário e da Ocupação Anatália de Souza para participar da construção da luta pela vida das mulheres e de uma forte mobilização por uma sede digna para o trabalho de atendimento de mulheres em situação de violência.