UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

segunda-feira, 17 de novembro de 2025
Início Site Página 646

PM de São Paulo joga nuvem de gás lacrimogênio no centro

Violência_são_joãoFoi um dia de provocações da Polícia Militar hoje no centro de São Paulo. Após promover o despejo de 200 famílias que viviam em um edifício ocupado na avenida São João, zona central de São Paulo, policiais iniciaram uma operação de terror a pretexto de combater supostos vândalos que atiravam pedras, incendiaram um ônibus e sacos de lixos. Em todas as imagens divulgadas em tempo real pela mídia dos monopólios, os “vândalos” não passavam de 15 gatos pingados.

A verdade é que a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral e balas de borracha a torto e a direito. Vários relatos dão conta de que pessoas eram afetados com efeito do gás a quilômetros de distância do tal confronto. Como prova o vídeo abaixo gravado por celular na rua Capitão Salomão, a PM se colocou na esquina de ruas onde estão cortiços e bares populares e atirou a esmo, procurando provocar a população.

https://www.youtube.com/watch?v=H72WHWujGuk

O relato abaixo foi feito por Bruno Torturra, do site Fluxo :

“Mais de 10 cartuchos de gás são disparados no meio da rua. Crianças, idosos, trabalhadores, apartamentos, lojas, motoristas… todos envolvidos pela fumaça cancerígena, abortiva, altamente tóxica do gás CS. Bombas de efeito moral. Balas de borracha disparadas aleatoriamente por policiais ao longe. O Choque avança. E atira mais gás agora na Cap. Salomão, onde não havia nenhum. Repito, nenhum distúrbio. Botequins tomados de gás. Um hotel popular tomado de gás na portaria”.

Várias pessoas, principalmente os mais jovens, procuraram responder na mesma moeda, resistindo à truculência da PM.  Sempre que há injustiças nos bairros populares, como o assassinato de inocentes, a população responde com fechamento de ruas e enfrentamento à polícia. Dessa vez não foi diferente.

A luta por moradia

A ocupação da Frente de Luta por Moradia – FLM na rua São João é uma das centenas de ocupações que existem hoje na cidade de São Paulo. Apenas na cidade, são mais de 400 mil imóveis abandonados, sem função social, a grande maioria no centro. Alguns prédios estão abandonados há mais de vinte anos, como é o caso do edifício da Avenida São João, antes um hotel.

A causa de tanta casa sem gente e tanta gente sem casa é a especulação imobiliária. O lucro que se pode  auferir em cima da propriedade de um edifício é mais importante do que o direito mais básico e fundamentalmente humano que é o de uma família ter um teto para se abrigar do frio, da chuva e poder viver.

O poder judiciário, o mesmo que no dia de hoje aprovou o pagamento de auxílio-moradia para todos os juízes federais, é célere em expedir mandatos de reintegração de posse quando os prejudicados são as famílias mais pobres. Mas esse mesmo poder judiciário é mansinho e faz vista grossa para shoppings e outras construções luxuosas que roubam terras devolutas, constroem sobre mananciais e usam mão-de-obra escrava em seus canteiros.

É preciso uma transformação profunda, que acabe com tanta injustiça. É preciso enxergar para além da fumaça do gás lacrimogêneo.

Jorge Batista, São Paulo

Investigação na vala de Perus é retomada

0

Cemiterio perusNo dia 04 de setembro a Comissão Estadual da Verdade “Rubens Paiva” realizou uma audiência pública, para marcar a retomada dos trabalhos de investigação e identificação dos restos mortais resgatados de uma vala clandestina no cemitério Dom Bosco, no Bairro de Perus, São Paulo/SP.

O Cemitério Municipal Dom Bosco foi parte integrante do sistema de repressão, durante a ditadura militar. Foi construído em 1971, na gestão do então prefeito de São Paulo, o Sr. Paulo Maluf, e utilizado para indigentes e vítimas do regime ditatorial. Fazia parte do projeto original a construção de um crematório, o que causou estranheza e suspeitas, pois havia inclusive impedimento legal para cremar cadáveres de indigentes.

O projeto do crematório foi abandonado em 1976 e no mesmo ano as ossadas que haviam sido exumadas em 1975 e amontoadas no velório do cemitério, foram enterradas na vala comum clandestina.

Em 04 de setembro de 1990 essa vala foi aberta e descobertas 1.564 ossadas de indigentes, presos políticos e vítimas dos esquadrões da morte. Posteriormente esse número foi reduzido a 1.049, por serem de crianças, portanto mais frágeis, e que deterioraram muito a ponto de ser impossível a identificação.

Argumenta-se que essas ossadas de crianças foram colocadas na vala clandestina por se tratarem de crianças vitimadas pela meningite em uma epidemia da doença que as autoridades tentavam esconder. Há também possibilidade de, dentre essas ossadas, estarem a de adolescentes vítimas do esquadrão da morte.

Estima-se que dentre as 1.049 ossadas restantes possam estar os restos mortais de pelo menos quatro desaparecidos políticos, cujos nomes estão no livro do cemitério, sendo eles Francisco José de Oliveira, Grenaldo de Jesus da Silva, Dimas Casemiro e Hiroaki Torigoi.

Na audiência ficou claro a desídia com que as autoridades trataram o tema até hoje. Isso porque as ossadas foram diversas vezes transportadas e acomodadas de forma totalmente indevida, o que as deixou em péssimas condições. Passaram pela UNICAMP e pela USP, sem que as investigações fossem concluídas, e em tais locais foram armazenadas de forma totalmente indevida, em sacos plásticos ou de tecido, sem temperatura adequada, sofrendo inclusive enchentes, cuja umidade era mantida devido ao armazenamento em sacos, enfim, não houve nenhum cuidado para que se as ossadas não se deteriorassem ainda mais, e assim a identificação pudesse de fato ocorrer.

Até esse momento o processo de busca da identificação das ossadas estava paralisado. Porém a constante luta dos familiares de mortos e desaparecidos políticos e dos movimentos sociais impulsionou a retomada dos trabalhos e a união de esforços da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”.

As denúncias com relação à ausência de iniciativas de resolução da questão da vala de Perus já vinham sendo feitas pelos familiares há anos e, depois de muita luta, juntamente com a Comissão da Verdade, foi possível uma parceria com a UNIFESP, e a criação de um Centro de Antropologia e Arqueologia Forense, o primeiro do Brasil com características de multidisciplinaridade, e com a colaboração de sete peritos de institutos de antropologia forense da Argentina e do Peru.

No ato também foi relembrado o valor histórico da retomada dos trabalhos da vala de Perus buscando a identificação dos restos mortais lá encontrados, pois ainda hoje existem valas comuns, pessoas desaparecendo, grupos de extermínio, principalmente nas periferias, ou seja, ainda há muitos resquícios da ditadura.

Além disso, é uma dívida que o Estado Brasileiro tem com os familiares que tiveram seus entes violentamente torturados e assassinados e jogados numa vala comum, sem sequer a possibilidade de fazer um sepultamento digno a eles. Além disso, órgãos como o Instituto Médico Legal não fornecem documentos que tem a posse e que poderiam auxiliar os familiares na procura pelos restos mortais.

A vala clandestina de Perus é mais um capítulo tenebroso da Ditadura Militar ainda não esclarecido, e que reafirma como ainda há muito a se conquistar na luta por memória, verdade e justiça, como a punição aos torturadores e a imediata abertura de todos os arquivos!

Assista o documentário Mártires Anônimos e conheça mais da história da vala de Perus:  Documentário

Raquel Brito, assessora da Comissão da Verdade Rubens Paiva

Sobre medo e fascismo

0


1948095_280639718769567_8783289246558752228_n“Se eu fosse querer parar o jogo a cada vez que me chamassem de macaco ou crioulo, todos os jogos iriam parar. O torcedor grita mesmo”. 
Essa frase foi proferida por Edson Arantes, outrora conhecido como Pelé, em entrevista no dia 10 de setembro. É uma frase que tem um claro objetivo: naturalizar o racismo e a repressão ao negro, pregando a resignação. Foi uma frase emitida na mesma semana em que a agressora do goleiro Aranha, Patrícia Moreira, percorreu os principais programas de auditório da TV da família Marinho, se fazendo de vítima.

O objetivo maior é propagar o medo. Neste 11 de setembro, um Centro de Tradições Gaúchas – CTG da cidade de Santana do Livramento – RS que realizaria a celebração de um casamento coletivo onde um dos casais é gay, foi incendiado após ameaças. Outra casal gay desistiu da cerimônia em virtude das ameaças.

No dia 10 de setembro, na região metropolitana de Goiânia, o jovem João Antonio Donati, de 18 anos, foi sequestrado, torturado, teve as duas pernas e o pescoço quebrado e morreu como resultado da tortura. Os assassinos deixaram em sua boca um bilhete: “Vamos impedir que essa praga se espalhe”. O crime de João Antonio era ser gay.

Quase sempre, um novo Amarildo desaparece nas mãos da polícia militar. No dia 29 de Agosto, foi o jovem Davi da Silva, 17 anos, morador do bairro Benedito Bentes, em Maceió – AL. Sua mãe declarou: “Não sei mais o que fazer, nem a quem recorrer. Meu filho morava comigo e era a única companhia que eu tinha. Sei que ele estava errado quando foi abordado pelos policiais, porque estava com maconha, mas a função da polícia é prender, e não fazer com que uma pessoa desapareça deixando a família aflita.”

Negros, gays, moradores da periferia vivem sob o medo e a polícia e a mídia querem que eles se resignem, se escondam e se enquadrem na “moral e bons costumes”. Há os que comemoram tantas mortes e violência, dizendo que isso é normal. Mas há, também, os que olham para o lado e fingem não ver, abrindo mão de lutar de maneira resoluta contra o racismo, o machismo e a homofobia.

A verdade é que o clima de negação dos direitos civis mais básicos, somado ao medo e à resignação social são o melhor caldo para o desenvolvimento do fascismo. O fascismo ganha a consciência de grande parte da sociedade quando consegue convencer que a solução para os problemas sociais é prisão, repressão, perseguição e ordem, quando, muito pelo contrário, o Brasil só poderá resolver seus problemas com mais direitos, igualdade social e liberdade de organização e expressão.

Quem se abstêm de combater pelos direitos civis no Brasil leva água ao moinho do fascismo.

Jorge Batista, São Paulo

A não representação da mulher negra na mídia

1

No dia 16 de setembro, a Globo estreia o seriado “Sexo e as negas”, de autoria de Miguel Falabella. O autor sugere que o programa é uma paródia ao seriado estadunidense “Sex and the City”. No lugar de Nova York, a versão brasileira tem como cenário a cidade alta de Cordovil, subúrbio carioca. No lugar de quatro mulheres brancas bem sucedidas, estão as negras Tilde (Corina Sabbas) uma operária, Zulma (Karin Hills) camareira, Lia (Lilian Valeska) costureira e Soraia (Maria Bia) é cozinheira.

Nem mesmo foi ao ar e o programa já recebe críticas contundentes do movimento de mulheres negras, que o consideram racista e machista. Indo na contramão do que deveria propor uma emissora que se utiliza de concessão pública, o programa reforça uma série de estereótipos a cerca da mulher negra como sua associação à pobreza, a empregos mal remunerados e à hiperssexualização de seus corpos.

É claro que existem mulheres negras camareiras, costureiras, mas também há as advogadas, arquitetas, professoras, ou seja, “a realidade da mulher negra vai além desses estereótipos que o Miguel Falabella vai reportar”, afirma Gabi Porfírio, no episódio 1 do programa “#As nega real”, iniciativa do Blogueiras Negras.

Para além da representação negativa da mulher negra na mídia, o seriado é escrito por um homem branco e narrado por uma personagem branca – Jesuína, interpretada pela atriz Cláudia Jimenez, dona de um bar onde as amigas se encontram para discutir seus problemas e de onde saem para trabalhar e se relacionar. Esses dois elementos acabam por tirar o protagonismo das mulheres negras, enquanto autoras e narradoras de suas próprias histórias. Dizer, portanto que “Sexo e as negas” é um seriado protagonizado pro negras não cabe nesse contexto.

Na coletiva de imprensa do seriado, Falabella tentou se explicar: “eu já vi as críticas na internet. Só no Brasil as pessoas falam do programa antes de assistir. Eu escolhi esse nome como uma prosódia do jeito carioca de falar, inclusive por isso não tem o ‘r’ em negras. Por esse motivo também tinha que ser eu mesmo falando o nome no final da vinheta. As pessoas precisam encarar com humor. Mas é isso, as pessoas têm que protestar mesmo. Este país precisa de protestos”.

Menos de uma semana da estreia do seriado, já há boicote organizado na internet e a Secretaria Especial da Promoção da Igualdade Racial recebeu três denúncias de racismo contra o programa. A Secretaria se comprometeu a averiguas as denúncias e notificará a emissora, se julgar necessário. No Facebook, a página intitulada Boicote Nacional ao programa “Sexo e as negas” da rede Globo, estimula as pessoas a não assistirem ao programa e recebe depoimentos de mulheres negras que revelam suas profissões e afirmam não serem representadas pelo programa.

Em tempos nos quais todos os dias temos notícias sobre racismo, é louvável as mulheres negras se articulares dessa maneira para afirmarem que não aceitam mais serem tratadas de forma estereotipada pela mídia e que querem contar suas histórias da maneira que julgarem mais apropriada. Toda a solidariedade à luta de nossas companheiras negras.

O assunto está sendo coberto pelo Blogueiras Negras, vale a pena acompanhar.

Luciana Mendonça, São Paulo

 

Trabalhadores fazem plebiscito para definir pauta da campanha salarial

0
Trabalhadores votam na Atento São Bernardo
Trabalhadores votam na Atento São Bernardo

Teve início na porta das empresas de telemarketing do grande ABC, o plebiscito para montar a pauta da campanha salarial de 2014. A Atento São Bernardo, com mais de 8 mil funcionário e a CB Contact Center, com cerca de 3 mil funcionários, foram as primeiras e a votação foi massiva.

A grande participação dos trabalhadores está mostrando a disposição de luta da categoria e temos apostado na união e organização dos trabalhadores para conquistar a valorização dessa categoria tão explorada em nosso país.

Contamos com o apoio do SINDSERV-SBC, da CUT, e, em particular, com a presença do seu Diretor Glauco durante o Plebiscito na Atento SBC.

Na próxima semana teremos a divulgação dos resultados do plebiscito e com a pauta decidida vamos encaminha-la para as empresas e iniciar as mobilizações.

Com informações de: ficalogado.com.br

Redação São Paulo

Afiliada da Globo manipula eleições no RS

0

RSEm 2014, o jornal mais conhecido do Rio Grande do Sul, Zero Hora, completa 50 anos, os mesmos 50 anos do início da Ditadura Militar brasileira. Coincidência? Não. E quando lemos sua primeira edição não restam dúvidas sobre o tipo de relação existente entre ZH e o regime.

Na capa de seu primeiro número, o jornal se identifica como independente e democrático, sem vínculos ou compromissos políticos. Afirma ter como objetivo servir ao povo, defender seus direitos e reivindicações. Apenas um mês após o golpe, porém, a publicação tenta justificar a quebra de direitos imposta pela ditadura. Na reportagem da página 4, intitulada “Pedida suspensão dos direitos políticos dos ex-ministros de Jango”, comemora o expurgo de policiais contrários à ditadura e a prisão de todos secretários de Estado do Rio de Janeiro que apoiavam João Goulart. Ainda declara que os ministros de Jango são acusados de participar de atividades contrárias ao regime democrático, e repudia as reformas sociais que Jango começava a instalar no País.

Hoje sabemos que o discurso utilizado pelo ZH condizia com o discurso militar, sendo um dos principais veículos voltados a enganar o povo, fantasiando o golpe de avanço para os brasileiros. Ainda cumpriu o papel de distorcer por completo ideologias de esquerda como o marxismo, chamando os militantes desta teoria de terroristas e ditadores, com o objetivo de fazer a população repudiá-los. Na verdade, os marxistas estavam do lado da luta para que fosse aprofundada a democracia no Brasil

Ano passado, com o retorno de lutas populares nas manifestações de rua,foi flagrante o poder que o jornal tem. No mês de junho, quando as passeatas caminharam rumo à Avenida Ipiranga com a intenção de protestar em frente à sede da Zero Hora (Grupo RBS), grande contingente da Brigada Militar já estava lá, armada, dispersando os manifestantes com muitas bombas de gás lacrimogêneo e cumprindo ordem para que nada acontecesse ao prédio.

ZHFica a prova de que os órgãos de “segurança” apenas defendem as grandes empresas e só obedecem a seus desmandos de poder, enquanto o povo é ignorado. Não foi por conta própria que a Brigada foi defender a tão amada sede do seu jornal favorito. Cumpriu ordens de quem realmente comanda o Estado, os grandes empresários, que foram os principais questionados nos protestos, já que controlam o transporte “público” no País, seu preço e sua qualidade.

A influência do grupo RBS, afiliado à Rede Globo, sobre o povo gaúcho também acontece nas eleições. O primeiro caso conhecido foi o do antes comentarista, apresentador e diretor de telecomunicação Antônio Britto (PMDB). Eleito, em 1994, governador do Rio Grande do Sul, Britto iniciou um intenso processo de privatização. Diminuiu o patrimônio público dos gaúchos, vendendo boa parte do Estado para multinacionais. Passaram-se anos de grande indignação por parte da população a esse tipo de política neoliberal, mas, por conta dessa mídia manipuladora, nunca conseguimos ter as condições de intervir como autores da nossa política.

Nas eleições de 2006, caímos no mesmo buraco: outra ex-funcionária da RBS, Yeda Crusius (PSDB), foi eleita governadora do Estado. De comentarista do telejornal noturno para porta-voz das grandes empresas. Com uma gestão conhecida por tratar os movimentos sociais como criminosos. Repetiu a política de Britto.

Outros políticos foram eleitos com as mesmas características. Saem da imprensa com sua candidatura, usando sua fama para arrecadar patrocinadores. São os casos de Mendes Ribeiro (PMDB), Sérgio Zambiazi (PTB), Paulo Borges (DEM), etc.

Nestas eleições, o histórico se repete: Lasier Martins (PDT), comentarista do Jornal do Almoço, da RBS, quer repetir o que, há quatro anos, aconteceu com Ana Amélia Lemos (PP). Sai dos comentários da TV com a defesa mais escancarada do agronegócio e vai direto para a campanha ao Senado cheio de coronéis nas suas costas. Para sua eleição ao Senado, em 2010, a ex-repórter Ana Amélia, que hoje se candidata a governadora, teve um total de 82% do financiamento de campanha ligado a doações de empresas privadas, segundo o sítio Donos do Congresso. E não será diferente neste ano, na candidatura ao Senado de Lasier.

Com financiamentos gigantescos, rostos conhecidos da televisão e discursos enganadores, dão passos largos para praticarem a política reacionária de criminalização dos movimentos sociais e privilégios da burguesia. A afirmação: não existe mais direita e esquerda – utilizada pelos dois – vem comprovar a tentativa de subestimar a inteligência da população.

Tanto na ditadura, nas manifestações de rua e nas eleições, o papel da nossa mídia hoje é defender a manutenção da ordem, a despolitização do povo, o lucro dos patrões (que financiam os seus jornais, rádios e TVs) e todos os candidatos que façam o mesmo. É o que Lasier Martins, Ana Amélia e o Grupo RBS realmente deveriam assumir, assim como a Rede Globo e seu candidato a presidente, Aécio Neves (PSDB).

Emiliano Zuchetti, Porto Alegre

20º Grito dos Excluídos

2014_gra[1]O 20º Grito dos Excluídos ocorreu  em várias cidades do Brasil como resposta dos movimentos sociais a chamada semana da pátria e a nossa tão propagandeada “independência”. Com o tema “Ocupar Ruas e Praças por Liberdade e Direitos”, a realização do 20º evento em Pernambuco contou com a participação de milhares de militantes dos movimentos sociais organizados (CUT, MST, MLB, movimento de mulheres Olga Benário, partidos de esquerda, sindicatos, etc.) mesmo com a forte chuva que caiu no início do ato, milhares de pessoas participaram até o fim do evento.

Na ocasião, foi realizada mais uma brigada do jornal A Verdade, levando o debate sobre as eleições desse ano, onde foram vendidos dezenas de exemplares ao fim do evento. As brigadas do jornal A Verdade tem muita importância para propaganda do socialismo e denunciar a dura realidade dos trabalhadores. Nesta edição de numero 165, foi destacada a entrevista com a candidata Luciana Genro, que serve de subsidio para tratar do debate sobre as eleições no Brasil. A brigada é mais uma das muitas atividades que iremos realizar como preparo para a festa de nosso jornal, e sempre temos participado do Grito dos Excluídos, um evento que reúne os diversos seguimentos dos movimentos sociais e é um espaço aberto para a imprensa popular, com a venda de  dezenas de jornais.

A 20ª edição do Grito dos Excluídos no ano de 2014, em Recife – PE lembrou as manifestações populares do mês de junho de 2013, com a presença marcante da juventude crítica e ativa, ocupando as ruas e praças. Segundo os organizadores, o desafio é exigir o “padrão FIFA” não só para estádios, infraestrutura e eventos, mas para os direitos básicos da população de baixa renda como: terra, trabalho, educação, saúde, transporte, moradia, segurança, alimentação de qualidade, entre outros.

 Redação – PE.

 

MANOEL LISBOA VIVE!

Decoracao 02No dia 04 de setembro de 1973, cerca de 41 anos atrás, foi assassinado brutalmente Manoel Lisboa de Moura, após 15 dias de bárbaras torturas sofridas pelos agentes da ditadura militar foi assassinado. Sua conduta de vida foi exemplar, até no momento mais difíceis e doloroso ele suportou as mais terríveis torturas, despido, pendurado no pau de arara, espancado por todo corpo, choques elétricos no pênis, nas mãos, nos pés, nas orelhas, queimado com vela, logo nos primeiros dias perdeu a sensibilidades dos membros inferiores, e nada disso fez entregar seu companheiros para os carrascos da ditadura.

“Eles te mataram, estás vivo”

Como bem coloca o poema Herói comunista de Valmir Costa, tentaram matar suas ideias, seu exemplo, mas ele está vivo em cada novo jovem que ingressa no Partido Comunista Revolucionário, está vivo em cada operário que decide lutar contra a exploração da burguesia, está vivo e inspirando cada vez mais pessoas a dedicarem suas energias para lutar por um mundo onde não tenha a exploração do homem pelo homem, o mundo da sociedade socialista.

No dia 5 de Setembro de 2014 as ruas da cidade do Recife-PE, amanheceram com os dizeres “Manoel Lisboa vive!” e o “PCR vive e luta”, homenagem realizada por militantes da União da Juventude Rebelião – UJR ao grande revolucionário que inspiram a juventude até hoje.

Publicamos abaixo um poema em sua homenagem:

Herói comunista

Eles te sangraram

Te queimaram

Nunca te curvaram

Eles dilaceraram

Teu corpo

Nunca tua alma.

Ele venceram

Teu corpo

Nunca tua vontade

Eles te mataram

Está vivo…

Eles monstros fascistas

Tu herói comunista

Protótipo da humanidade futura

Eles, vermes anônimos

Tu, Manoel Lisboa de Moura

(Valmir Costa, publicado no jornal  A LUTA, em dezembro de 1974, assinado por Lucas).

Alexandre Ferreira é militante do PCR 

A solidariedade entre mulheres não pode mascarar a luta de classes

0

1622707_10203177057211200_914812337_nDesde o primeiro momento em que notei que a palavra “sororidade” estava sendo difundida nos discursos das feministas, devo admitir que me causou um certo desconforto e, de fato, despertou em mim uma real preocupação referente ao uso constante deste termo, visto que os termos e conceitos não terminam em si, mas servem como ferramentas de reflexão para a compreensão de um determinado fenômeno.

Devido a isto, encaro como um fator limitador da construção da ação prática deste movimento – histórico e que não existe isolado – o uso constante de palavras análogas à “sororidade”.

A palavra sororidade vem do latim soror, que significa irmã e faz referência ao tratamento dado às freiras. Pois bem, alguns termos como “irmandade feminina” e “compaixão feminina” abrem espaço para generalizações que consequentemente levam à invisibilidade de mulheres que se diferenciam em questões de classe, cor e mesmo de identidade de gênero (mulheres trans), por exemplo, e por isso mesmo vivenciam as opressões de modo diferente.

A ideia de solidariedade que esta suposta “universalidade da mulher” insere neste contexto acaba se tornando uma falácia, pois esta mulher universal não existe. Nossas diferenças nos marcam e muitas vezes isto ocorre de forma violenta. Exemplo é a marginalização histórica das mulheres negras, que quando falamos de condições econômicas, são as mais afetadas.

Quero dizer com isto que não considero que o feminismo abarque a todas nós, apenas por sermos mulheres, mas por uma decisão política que tomamos. O feminismo não existe isoladamente, mas está inserido em diferentes contextos históricos. Para que o feminismo possa existir enquanto um movimento orgânico é necessário que ele possua diferentes dimensões, visto que está inserido em uma sociedade cindida em classes sociais que se diferenciam e ocupam lugares distintos, podendo ser privilegiadas ou não.

Diferenciar é importante porque além de humanos somos seres sociais e possuímos necessidades diferentes. É possível seguir esta mesma linha de raciocínio quando a questão é a luta das mulheres pelo direito à cidade. O papel da mulher neste debate é fundamental, visto que se fôssemos pensar apenas a população de modo geral, esta luta não incorporaria outras dimensões que dizem respeito às necessidades específicas das mulheres, que apesar de serem a maioria da população, são as que mais sofrem com a falta de políticas públicas.

Sei que não sou dona do termo “sororidade” e por isso mesmo não me proponho aqui a esgotar nenhum debate. Também não me proponho a atacar alguém em particular. Sei que podem existir diferentes concepções acerca de um mesmo termo ou conceito. Escrevo este texto para me posicionar politicamente sobre o uso de categorias simplistas que a meu ver podem prejudicar mais do que agregar.

Isto não significa, no entanto, que eu não respeite outras dimensões do feminismo. Meu intuito é que possamos refletir juntas sobre o uso indiscriminado de termos e também sobre problemas analíticos que podem surgir a partir disto.

Se o emprego deste termo não abrisse espaço para questionamentos, talvez não encontrássemos por aí tantas mulheres feministas assumindo posições contrárias à ideia de “irmandade” feminina. O uso de termos e conceitos genéricos pode ser perigoso devido à capacidade que estes possuem de simplesmente apagar alguns sujeitos. Além disso, muitas mulheres se sentem “pisando em ovos” ao tentar dialogar sobre questões como esta com outras feministas, que encaram o movimento como se fosse algo uno, que caminhasse dentro de uma linearidade e cujo processo de construção não abarcasse questões contraditórias e conflituosas.

Há mulheres que não se sentem contempladas com o uso de alguns termos – neste caso específico “irmã” – e isto por si só já é algo que merece devida atenção de feministas que acreditam que este movimento deve ser constantemente construído e dinamizado e que o uso de termos genéricos implica em perdas na capacidade de mobilização. Devemos procurar ser mais cuidadosos e menos românticos quando nos articulamos politicamente.

“Hoje, abarcar a diversidade, reconhecer as diferenças, falsas simetrias e privilégios existentes entre diferentes grupos de mulheres é fundamental para fazer o feminismo avançar. A mulher pode ser oprimida ou opressora, tudo vai depender do contexto em que está inserida. Reconhecer isso significa sair de um amontoado de pequenas questões pessoais para enxergar o quão complexo é o terrível patriarcado. Porém, vale sempre lembrar, não é ele nosso único inimigo” (Trecho retirado do site www.srtabia.com).

Se existe um debate que de fato é perigoso para os setores que se interessam em manter uma sociedade de classes e com desigualdade de direitos entre gêneros, é exatamente o debate sobre a igualdade. Reconhecer as diferenças deve fazer parte de um processo de emancipação.

A ideia de que somos mulheres e justamente por isto somos irmãs me remete a algo parecido como sairmos andando de mãos dadas por aí, de forma romântica, como se não houvesse a possibilidade de sermos esmagadas por uma outra “irmã” burguesa e que ocupa um lugar privilegiado na sociedade. Acredito em solidariedade entre mulheres, apoio mútuo, ouvir umas às outras, desconstruir coletivamente o machismo que ainda existe dentro de cada uma, com respeito, e na construção de espaços onde mulheres que sofreram opressões possam estar cercadas por outras mulheres que também sofreram opressões e que por meio da troca de experiências e ideias criativas e criadoras possam somar na luta contra o capital, o patriarcado e na construção de uma sociedade mais justa, com igualdade entre gêneros e sem classes, a sociedade socialista.

Yohanan Barros, Rio de Janeiro

FPLP realiza marcha em Gaza para comemorar vitória palestina

0

Che GuevaraA Frente Popular pela Libertação da Palestina organizou, na cidade de Gaza, uma manifestação de massas e militar com milhares de quadros, membros e apoiadores da Frente e centenas de guerrilheiros das Brigadas Abu Ali Mustafa. O evento aconteceu em celebração da vitória do povo Palestino em Gaza na recente agressão e em lembrança do 13o aniversário do assassinato de Abu Ali Mustafa, secretário geral da FPLP, morto em 27 de agosto de 2001 por um míssil fabricado nos EUA e lançado pelas forças sionistas contra seu escritório em Ramallah.

Os manifestantes carregaram bandeiras palestinas, banners da FPLP e imagens da resistência na região e ao redor do mundo, saudando a resistência libanesa e latino-americana, povos que apoiam de maneira resoluta a causa palestina.

Camarada Jamil Mizher, membro da Comissão Política e líder do comitê da FPLP em Gaza, saudou o povo palestino e definiu o sentido da resistência e da luta contra a máquina de guerra sionista, seu massacre genocida e sua destruição sistemática, matando e desalojando a milhares.

Também saudou o apoio ofertado pelos palestinos a Ahmad Sa’adat, Secretário Geral da FPLP, Abu Ahmad Fouda, Deputado do parlamento, e a camarada Khalida Jarrar, líder da FPLP e membro do parlamento que resistiu a uma ordem injusta de expulsão em Ramallah.

Mizher disse que a “lendária persistência de nosso povo e sua valente resistência que continua por 51 dias, provocou uma mudança estratégica na luta Árabe-Sionista e elevou nossa ação política e militar a um novo nível, apesar dos bombardeios e da destruição da agressão sionista por terra, ar e mar”.

Ele saudou os 2143 mártires que lavaram com seu sangue a estrada da vitória, dentre os quais citou Mohammed Abu Shamala, Raed al-Attar, Mohammed Barhou, Daniel Mansour, Salah Abu Hassanein, Shaaban Dahdouh, Zakaria Abu Daqqa e os guerrilheiros das brigadas Abu Ali Mustafa, Mohamoud Osama Abbas, Abu Omrein e Abdul Rahman Hadayed. “Os exércitos da resistência da resistência permanecerão e qualquer tentativa de removê-los falhará”, disse Mizher.

Com informações do site:  http://pflp.ps/english/

Da Redação

50 ANOS DOS ASSASSINATOS DE PEDRO FAZENDEIRO E NEGO FUBA

0

nego fuba pedro fazendeiro

07 DE SETEMBRO – INDEPENDÊNCIA OU MORTE? MORTE!!!

A vida é o direito mais sublime do ser humano.  Foi concedido por Deus. Só ele pode tomá-lo de volta. Não foi assim com Pedro Inácio de Araújo (Pedro Fazendeiro) e João Alfredo (Nego Fuba). Dois líderes camponeses cuja luta tinha como objetivo assegurar os direitos dos trabalhadores e a concretização da Reforma Agrária no Brasil. Para isso, fazia-se necessário que o homem do campo tivesse uma entidade que os assistisse e, em 1958, foi fundada a Liga Camponesa de Sapé, que tinha como lideranças João Pedro Teixeira; Pedro Fazendeiro, Nego Fuba, Assis Lemos, Severino Barbosa e outros.

Pedro Fazendeiro, homem de caráter, carismático, destemido, pacífico. Consciente da exploração do homem do campo, tinha o perfil perfeito para conscientizar o trabalhador na luta por seus direitos. Fazia o trabalho de base, era o alicerce das Ligas no campo. À medida que a Liga de Sapé crescia, crescia também a aversão dos latifundiários por ele e seus companheiros. Há época, o coronel Luiz de Barros, delegado do Município de Sapé, era o “carrasco dos trabalhadores”.

Com o Golpe Militar de 64, covardes, assassinos, psicopatas e detentores do poder deram vazão a seus piores instintos de crueldade. Pedro Fazendeiro foi preso no 15º Regimento de Infantaria, em Cruz das Armas. Órgão das Forças Armadas do Exército Brasileiro, na época sob o comando de José Benedito Montenegro de Magalhães Cordeiro, o major Cordeiro, capacho dos usineiros.

Lá, Pedro Fazendeiro foi torturado física e psicologicamente até o dia 07 de setembro de 1964, data em que, na calada da noite foi simulada uma soltura e Pedro Fazendeiro, juntamente com João Alfredo, foram levados pelos agentes. Hoje, 07 de setembro de 2014 – data que simboliza liberdade –meio século se passou, eas gerações de Pedro Fazendeiro e  Nego Fuba vivem presas à eterna tortura e a sentimentos de saudade, espera, dor, dúvida, desesperança, revolta, injustiça por conta da impunidade que se arrasta.

Pedimos que seja revista esta Lei da Anistia: não pode um torturador, um criminoso ser anistiado.  Pedimos que o silêncio seja quebrado. As gerações atuais e futuras têm direito à verdade. É uma parte podre da História do Brasil que deve ser conhecida em toda sua totalidade. Pedimos que abram os arquivos da Ditadura. Não podemos continuar como Eternos Filhos do Silêncio. Queremos os restos mortais dos dois líderes para dar-lhes ao menos um sepultamento digno. Nossas entranhas clamam por justiça!

José Marinardi de Araújo
Josineide Maria de Araújo
Nadieje Maria de Araújo (in memoriam)
Naúgia Maria de Araújo
Walter de Araújo
____________________________
Filhos de Pedro Fazendeiro