UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sexta-feira, 8 de agosto de 2025
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Trabalhadores realizam ato para cobrar CPI em Alagoas

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Trabalhadores realizam ato para cobrar CPI em AlagoasOrganizados pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e pelo Movimento Via do Trabalho (MVT), trabalhadores da cidade e do campo realizaram, no último dia 28 de agosto, um importante ato denunciando a corrupção na Assembleia Legislativa de Alagoas.

Há meses, as denúncias sobre funcionários fantasmas e altos salários na folha da Assembleia têm tomado conta do Estado e, mesmo com a tentativa da Mesa Diretora e do Governo em esconder essa realidade, cada vez mais cresce a indignação popular contra esta situação.

Assim, centenas de manifestantes se concentraram em frente à Catedral de Maceió, utilizando-se de carro de som e de muita agitação para denunciar e convocar a população para a luta contra a corrupção e pela instalação imediata da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa.

“Estamos aqui para apresentar a lista dos deputados que ainda não assinaram a instalação da CPI. Vamos pressionar para que acabe a farra do dinheiro público”, declarou a presidente da CUT, Amélia, presente no ato.

Os manifestantes se dirigiram até a frente da Assembleia e ocuparam a sua entrada, contando com o apoio dos servidores da casa, que se solidarizam com o ato. Vale lembrar que, enquanto vários funcionários fantasmas ganham gordos salários, o plano de carreira dos servidores continua sem ser implementado.

Presente no ato, o companheiro Magno Francisco, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Supermercados (Sindsuper-AL) e representante do Movimento Luta de Classes (MLC), fez uso da palavra para saudar os participantes do ato e chamar todo o povo de Maceió para cobrar a instalação da CPI e exigir a prisão dos envolvidos em mais um escândalo de corrupção do poder legislativo alagoano.

“Há alguns anos, o povo esteve nas ruas e denunciamos os mais de R$ 300 milhões que foram roubados. Agora, estão tentando esconder para debaixo do tapete mais um caso de corrupção. A pressão popular vai ser fundamental para darmos um basta nessa situação”.

Após a ocupação, uma comissão de sindicalistas foi recebida pelo presidente da Assembleia Legislativa enquanto os manifestantes seguiram para o Palácio do Governo, onde outra comissão foi recebida pelo governador para tratar do Plano de Cargos e Carreiras dos servidores públicos do Estado.

Redação Alagoas

Guerra na Síria: declaração do Partido do Trabalho da Turquia

Guerra na SíriaO governo do AKP entusiasmado com a guerra na Síria

O governo do AKP (Partido Justiça e Desenvolvimento) da Turquia recebeu com entusiasmo a decisão dos imperialistas de lançar uma ofensiva armada contra a Síria, encabeçada pelos Estados Unidos e Inglaterra. O AKP espera que, com o ataque, seja possível levar a cabo uma intervenção militar direta.

Ahmet Davutoğlu, o ministro turco de Assuntos Exteriores, declarou que participaria sem vacilação em uma possível coalizão de intervenção na Síria. No entanto, apenas a Grande Assembleia Nacional de Turquia (TBMM), o parlamento turco, está autorizado em assuntos exteriores, como mandar soldados aos países estrangeiros e declarar a guerra.

O governo do AKP, antes de iniciarem os levantamentos populares no Oriente Médio, tinha a estratégia de desenvolver relações comerciais com os países da região e, mediante a pressão militar e econômica, aumentar sua força política na região sendo o principal aliados dos países imperialistas.

Depois dos levantamentos que se iniciaram primeiramente na Tunísia e que se estenderam por todos os países árabes, a Irmandade Mulçumana e outras forças religiosas conseguiram chegar ao poder na Tunísia, Líbia e no Egito. A partir dessa fase, o governo do AKP pretendeu-se protetor dos partidos políticos e governos islamitas-sunitas do Oriente Médio. Apoiou financeiramente os governos da Irmandade Mulçumana na Tunísia e no Egito. Transferido sua experiência de dez anos no governo, os ajudou a construir suas instituições policiais e agências de inteligência.

O primeiro ministro Recep Tayyip Ergdogan tinha relações íntimas com Bashar Al Assad antes dos levantamentos árabes, facilitando a obtenção de vistos entre ambos os países, organizando reuniões comuns do Conselho de Ministros, planificando aumentar o volume do comércio com a Síria, etc.

Após o ano de 2011 e das movimentações armadas de grupos com Al-Qaeda e Al-Nusra, virou as costas para Assad e se posicionou junto ao Qatar e a Arábia Saudita, os aliados mais importantes dos grupos terroristas islâmicos na região.

Enquanto o Qatar e a Arábia Saudita financiavam grupos terroristas, o governo do AKP lhes permitiu o estabelecimento de bases e acampamentos na Turquia e que realizassem ataques militares na fronteira da Turquia contra o Estado Sírio.

O AKP pretende colocar um governo islâmico-sunita na Síria, depois de já ter conseguido isto na Tunísia, Egito e na Líbia. Não obstante, a pesar do grande desejo de intervenção militar do governo do AKP, o povo da Turquia não apoia nenhuma intervenção militar na Síria. Pesquisas de opinião indicam que mais de 70% do povo está contra uma guerra com a Síria. Há 10 anos, antes da ocupação do Iraque, os Estados Unidos planejava usas as forças armadas da Turquia para intervir neste país. No entanto, em uma votação no parlamento foi rechaçada a autorização pedida pelo governo do AKP para enviar tropas ao Iraque. Naquele momento, inclusive, alguns deputados do governo votaram contra a proposta.

Hoje, todos os partidos políticos com representação no parlamento, exceto o AKP, estão contra a intervenção na Síria e a participação da Turquia em qualquer campanha militar contra este país. Desta maneira, o AKP pretende atropelar o parlamento para realizar a intervenção. Por isso, é muito provável que se produzam algumas provocações, a exemplo das que ocorreram antes com lançamento de morteiros a partir da Síria, a explosão de bombas que causaram a morte de 53 civis turcos em um distrito fronteiriço e vários disparos vindos do território Sírio que mataram civis turcos.

O EMEP, Partido do Trabalho da Turquia, está contra a intervenção na Síria e pede o fim do apoio imperialista às forças armadas não-sírias, ou seja, a grupos como Al-Qaeda e Al-Nusra.

Defendemos que o povo Sírio deve decidir sobre o futuro da Síria, de forma democrática e livre de qualquer ingerência externa.

Ante a situação política atual, nosso partido põe no centro de seu trabalho a luta pela paz, trabalhando pelo estabelecimento de uma frente popular de paz.

No dia 01 de setembro, o Dia de Paz, serão realizadas marchas pela Paz em Istanbul e em muitas outras cidades da Turquia. O Partido do Trabalho convoca a todos os partidos irmãos, às forças revolucionárias e democráticas a rechaçar a intervenção militar contra a Síria e apoiar a luta pelo estabelecimento da paz em todo Oriente Médio.

Emek Partisi (EMEP)
Partido do Trabalho
Turquia

Bertolt Brecht: a cultura em favor de um mundo novo

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Playwright Bertolt BrechtQual boletim de sindicato, de movimento popular, jornal ou outras publicações de esquerda não citaram o “Analfabeto Político”; não mencionaram que ninguém chama de violentas as margens que oprimem o rio; não alertaram para o individualismo e o comodismo de quem não se preocupa que alguém lhe tire uma rosa do jardim, que sequestrem o vizinho porque não tem nada a ver com isso, até que seja tarde demais; “Há homens que lutam a vida toda…”. Às vezes, sim, às vezes, não, escreve-se o nome de quem elaborou esses pensamentos tão profundos e eternos.

A mesma Alemanha que gerou Hitler para a destruição da Humanidade, produziu seu antídoto sintetizado pelo filósofo que não veio para interpretar, mas para transformar o mundo (Karl Marx) e no campo da cultura, pelo genial Eugen Bertholt Friedrich Brecht. Ele nasceu no dia 10 de fevereiro de 1898, em Augsburg, extremo sul da Alemanha. Mudou-se para Berlim no final da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Viveu na juventude toda a efervescência e acirradas lutas de classes da República de Weimar.

Poucos e Frutíferos Anos

As perdas humanas e territoriais que a Rússia teve na Primeira Guerra Mundial foram compensadas pelo avanço que significou a Revolução Bolchevique (1917). Já o povo alemão, nada ganhou. Derrotada, a Alemanha teve de assinar o Tratado de Versalhes em condições humilhantes. Com o rabo entre as pernas, o Império (II Reich) saiu de cena e cedeu lugar à República, fundada na cidade de Weimar.

Nas condições em que surgiu, tendo de assinar a rendição, sem provocar alterações no sistema econômico (capitalista), o povo não entendeu a República como uma conquista. Consideravam-na fraca, elemento que seria muito bem explorado pelos nazistas para obter a adesão popular a um regime totalitarista que acenava com a perspectiva de uma nação forte, dominadora, e anunciava a superioridade da raça ariana e o resgate do seu poderio. O fim do regime republicano ocorre em 1933, com a ascensão de Adolf Hitler ao Governo e ao poder.

Mas foram anos intensos em que, influenciado pela Revolução Russa, o povo alemão viveu lutas memoráveis, inclusive uma tentativa de tomada do poder à bolchevique, com a Revolução Espartaquista (1919)(1). No campo da cultura, a efervescência dos anos 20 do século passado não teve precedente nem consequente.

Brecht, que já iniciara sua produção teatral no interior, bebe das fontes revolucionárias, representadas na Alemanha por Erwin Piscator, por meio do qual conhece, assimila e se aprofunda na teoria e na prática da Proletkult (Cultura Proletária) russa (1917-1926). Inspiram-no Emilevitch e Victor Chklovski , com sua teoria do estranhamento.

Isto é, tirar o convencional do palco, causar estranheza para provocar a reflexão. O público deixa de ser mero espectador para participar de todo o processo da produção teatral: montagem, ensaios, encenação, debates posteriores, sempre contribuindo, questionando, intervindo. O Construtivismo negava a arte pela arte, arte como simples entretenimento ou produto de mercado. O teatro épico se contrapõe ao teatro dramático, de origem grega, cuja definição se faz por ninguém mais, ninguém menos que Aristóteles, em sua Poética: “…conduz o espectador a uma ilusão da realidade e redução da percepção crítica”.(2) No teatro épico revolucionário a diferença não está apenas na objetividade do conteúdo, mas também na forma, dialeticamente relacionados: o proletariado vai para o palco (conteúdo) e o palco vem para o meio do proletariado (forma). A criação também se tornou prioritariamente coletiva; a esta prática, Brecht não aderiu inteiramente, dada a sua genialidade como autor.

Brecht não foi apenas dramaturgo. Foi poeta, pensador e pôs a mão no cinema. Nesses aspectos, as influências também são grandiosas e revolucionárias: o grande poeta Maiakovski (3), o não menos festejado cineasta Sergei Eisestein e as técnicas de colagem de Picasso (4)adaptadas para o teatro e o cinema(5).

Nos anos 20, o rádio era, ainda, uma experiência embrionária. Brecht previu sua importância como instrumento de educação, mobilização, formação de opinião do povo. Escreveu a TEORIA DO RÁDIO, à qual a esquerda não deu muita importância, infelizmente, porque Hitler soube utilizá-la magistralmente.

Com a subida de Hitler e do nazismo ao poder, qualquer sopro de criação, qualquer movimento de massa à esquerda foi esmagado sem dó nem piedade. Além de artista revolucionário, Bertolt Brecht se filiara ao Partido Comunista da Alemanha no final dos anos 20. Antes de ser massacrado pela bota opressora, exilou-se. Longe do movimento de massas, dedicou-se à reflexão sobre o teatro e a arte em geral, escreveu poemas e produziu peças. Nestas, sem abrir mão da objetividade revolucionária, deu ênfase também ao comportamento, aos sentimentos humanos, sem esconder que eles provêm da vida social. Foram as peças desse período que o tornaram conhecido mundialmente. Entre outras, A Mãe, O Casamento do Pequeno-Burguês, O Círculo de Giz Caucasiano, Os Fuzis da Senhora Carrar.

Passou pela Áustria, Suíça, Dinamarca, Finlândia, Suécia, Inglaterra, Rússia, Estados Unidos. Em 1947, dois anos após o término da Segunda Guerra Mundial, retorna à Alemanha, vivendo na parte oriental, que passou a compor o bloco socialista. Aí, fundou a Companhia Teatral Berlim Ensemble, que encenava, principalmente, suas peças, e publicou suas Obras Completas. Recebeu o Prêmio Stalin da Paz em 1954. Faleceu no dia 14 de agosto de 1956, aos 58 anos de idade.

Brecht no Brasil

A influência brechtiana no Brasil remonta aos anos 40 e teve seu auge nos anos que antecederam ao golpe de estado de 1964, com o Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE, o Teatro de Arena, o Teatro do Oprimido, o Cinema Novo. Autores como Dias Gomes, Augusto Boal, IdibalPiveta, Glauber Rocha, Zé Celso Martinez têm maior ou menor referência em Brecht.

No período da ditadura, se a expressão é bem mais difícil, a referência continua forte e reflui nos anos 80/90. Ocorre que a redemocratização trouxe a ilusão de volta e a crença, tantas vezes refutada pela História, de que a via institucional é capaz de promover a transformação da sociedade. Assim, em vez de mobilizar, organizar e desenvolver a consciência de classe, a grande maioria da esquerda passa a preocupar-se com a conquista do voto. Esta guinada foi influenciada também pelo fim do bloco socialista soviético. A burguesia cantou vitória e afirmou: a História terminou.

Demorou pouco para a História seguir seu curso e para a Teoria Marxista comprovar seu caráter científico: enquanto houver divisão de classes, a luta será o motor da História. O capitalismo cava a própria cova, enredado em suas contradições insolúveis. A crise se instalou na periferia, atingiu o centro e não vislumbra solução dentro do sistema, e o povo oprimido saiu da acomodação tanto lá como aqui.

Mas nem todo mundo se rendeu (ou se vendeu) ao canto da sereia burguesa. Em 1997, nasce em São Paulo a Companhia do Latão7, com a proposta de resgatar Brecht, sem dogmatismo, pois isto seria trair a teoria brechteana. Em 1998, é celebrado o centenário de nascimento do grande dramaturgo e poeta, com encenação de peças, debates, conferências e outras atividades.

A proposta de um teatro, de uma arte, que não seja mero entretenimento para o “respeitável público” é mais atual do que nunca. É preciso que seja retomada não apenas como expressão da vida do povo, mas como meio de transformação a partir da reflexão, da participação, da organização.

A peça Ensaio sobre o Latão, encenada pela Companhia do Latão, termina com o Diretor falando: “…Queremos espectadores despertos capazes de sonhar em pleno dia…”. É dizer, não sonhar o sonho impossível, que acontece muitas vezes durante o nosso sono. Mas sonhar acordado, com os pés no chão, aquele sonho mobilizador de que falava Lenin, parodiando o poeta Pisarev. O sonho que não se sonha só, mas é um sonho coletivo, que nega a realidade em que vivemos, supera o comodismo e nos mobiliza em vista da sociedade sem classes que enxergamos numa revolucionária visão do futuro.

José Levino é historiador

Notas
1.  Sobre a Revolução Espartaquista, leia A Verdade, nº 59, no artigo da pg. 12, dedicado a Rosa Luxemburgo.
2. Citado por Camila HespanholPeruchi em Companhia do Latão, uma experiência com teatro dialético no Brasil – projeto de iniciação científica – Universidade Estadual de Maringá (PR).
3. Sobre Maiakovski, leia artigo em A Verdade, nº 149.
4. Sobre Pablo Picasso, leia A Verdade, nº 90.
5. Brecht, entre documentários e filmes de menor repercussão, produziu KuhleWampe, filme sobre a vida e os anseios da classe operária.

Louvor do Revolucionário
Bertolt Brecht

Quando a opressão aumenta
Muitos se desencorajam
Mas a coragem dele cresce.
Ele organiza a luta
Pelo tostão do salário, pela água do chá
E pelo poder no Estado.
Pergunta à propriedade:
Donde vens tu?
Pergunta às opiniões:
A quem aproveitais?

Onde quer que todos calem
Ali falará ele
E onde reina a opressão e se fala do Destino
Ele nomeará os nomes.

Onde se senta à mesa
Senta-se a insatisfação à mesa
A comida estraga-se
E reconhece-se que o quarto é acanhado.

Pra onde quer que o expulsem, para lá
Vai a revolta, e donde é escorraçado
Fica ainda lá o desassossego.

Mery Zamora: “Sou uma mulher que não se vende”

MeryZamora é professora equatoriana e presidente da União Nacional dos Educadores (UNE)Mery Zamora é professora equatoriana e presidente da União Nacional dos Educadores (UNE). Lutadora, mãe e mulher exemplar, devido à sua luta por uma educação pública e de qualidade no Equador e por suas ideias revolucionárias, é vitima de uma perseguição feroz do governo Rafael Correa. Nesta entrevista, MeryZamora diz como está enfrentando essa situação e afirma: “não sou uma mulher que se ajoelha, que se dobra. Sou uma mulher que não se vende”.

Como está Mery Zamora neste momento?
Estou tranquila, e o digo com a maior sinceridade. Estou bem como mulher, professora e dirigente social, primeiro porque sou inocente, porque a verdade me assiste. Não sou delinquente, não sou terrorista, não sou corrupta e nem sabotadora; porque não estou envolvida nos casos de corrupção do Governo.

A serenidade demonstrada em meu rosto, a serenidade expressa em minhas palavras e a alegria que inunda meu sorriso são a expressão de que sou inocente, de que estou com a consciência tranquila. Hoje, mais do que nunca, meu compromisso firme para enfrentar o Governo é a razão da minha vida. Caminha com a cabeça erguida, caminha por minha terra sem temor de ser apontada por meu povo como corrupta ou mentirosa.

Vou resistir. Correa deve saber que MeryZamora não é mulher que se ajoelha, que se dobra. Sou uma mulher que não se vende, porque a diferença entre esses juízes e eu é que eles têm preço, enquanto eu tenho minha valentia, que é incalculável.

Sigo em minha escola, em minha casa, explicando a meus filhos que estas são as coisas que devemos enfrentar na vida para deixar um legado de dignidade.

Como receberam a notícia da sentença seus alunos e pais?
Em minha escola, Lorenzo Luzuriaga, em Portoviejo, as mães, que são muito carentes, estão muito preocupadas. Logo que saiu a sentença escreveram-me. A segunda-feira após o anúncio da condenação foi muito emotiva para mim porque desde cedo as mães dos alunos das minhas turmas chegavam preocupadas dizendo que rezavam por mim, que haviam feito missas por mim, um sem-número de coisas próprias do nosso povo. Tudo isso me encheu de energia positiva. Disseram-me que confiasse, pois a justiça tarda, mas não falha. Inclusive, falaram que “o que escutamos é que terroristas são os que matam e sequestram, e você não faz isso; você ensina nossos filhos, lhes transmite respeito e valores”.

Meus alunos me dizem: “senhorita, se a levarem presa nós vamos com você, e diga às câmaras que queremos falar que você professora e que é boa”.

O que sente Mery Zamora diante da solidariedade do povo?
Hoje, mais do que nunca, pela solidariedade que demonstram meus companheiros das organizações sociais, gremiais e sindicais, sinto que estou no caminho correto. O povo está despertando. No povo equatoriano existe a consciência de que os direitos humanos são violados. Quem não pensa igual ao regime correísta é judicializado, criminalizado e preso.

O direito de pensar diferente é proibido para que não denunciemos a corrupção e a violação dos direitos humanos, como no caso dos meninos do Colégio Técnico Central, cujo único delito foi defender uma educação de qualidade.

Como está o processo contra você?
Em 14 de junho deste ano, quando o Tribunal de Garantias Penais decidiu impor-me uma pena de oito anos de prisão, junto a meus advogados e companheiros, decidimos interpor um recurso de esclarecimento e relaxamento antes da apelação. Fizemos isso porque esta sentença, em suas 109 páginas, não tem pé nem cabeça, está cheia de irregularidades. Em toda sua redação a sentença menciona tratados internacionais que, ao invés de sustentar a decisão, argumentam a favor de minha inocência. Temos defendido que se faça a argumentação de toda a sentença, pois há o que se denomina juridicamente de “testemunhos que não são idôneos”, feitos por inimigos pessoais e políticos declarados do réu.

Além disso, validaram o áudio que os peritos criminalísticos da Polícia Nacional afirmaram não poder transcrever por problemas técnicos. Esta é uma sentença que se supõe ter sido feita fora do tribunal.

Que mensagem deixa a seu povo?
Quero dizer-lhes que a luta continua e que é dos valentes que os prepotentes e autoritários vangloriam-se quando os valentes lhes permite. Nosso povo é de gente que não se submete, leal e de grandes princípios. Somos pessoas que não nos deixamos comprar por um punhado de lentilhas. A lealdade e a consequência de nós que lutamos para que as famílias vivam dignamente continua de pé. Mesmo que se esgotem todas as instâncias e MeryZamora vá presa, que seja, de qualquer maneira entregarei minha vida pelas causas justas. Oito anos não são nada comparados com todos estes anos que tenho lutado pela transformação em meu país.

(Entrevista publicada pelo periódico Opción, nº 261)

“Lutamos por uma autêntica revolução social”

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Lutamos por uma autêntica revolução socialRealizou-seentre 15 e 19 de julo, em Quito, Capital do Equador, o 17º Seminário Internacional Problemas da Revolução na América Latina. O Seminário é promovido pelo Partido Comunista Marxista-Leninista do Equador (PCMLE), pelo Movimento Popular Democrático (MPD) e por várias outras organizações populares deste país. O PCR e a UJR estiverem presentes no Seminário, que contou ainda com a particpação de dezenas de organizações da América Latina, da Europa e dos Estados Unidos. A seguir, a declaração final aprovada pelos presentes no Seminário.

Nosso norte é o socialismo!

Passados cinco anos desde a explosão da atual crise econômica do sistema capitalista, seus efeitos continuam presentes nos distintos países do planeta, com maior ou menor intensidade em uns e outros.

O que mais se destaca dela, nos últimos meses, é a resposta dada pelos trabalhadores, a juventude e os povos às medidas econômicas implementadas pelos governos burgueses e pelos organismos financeiros internacionais com o suposto afã de superá-la. Para a burguesia, fica cada vez mais difícil descarregar a crise sobre os ombros dos trabalhadores porque estes têm uma melhor compreensão que a crise deve ser paga por aqueles que a provocaram.

A Europa é um exemplo vivo da enorme e constante mobilização social contra os programas econômicos neoliberais; nela, a classe operária e a juventude desempenham papéis memoráveis. Entretanto, o velho continente não é o único ponto do planeta onde os governos de plantão e as classes dominantes no poder são alvos de protesto: o Norte da África, Ásia e América Latina são também cenários de importantes lutas. Em geral, podemos afirmar que pelo mundo inteiro corre o descontentamento com o status quo e a procura de mudança anima a ação dos povos.

Em nosso continente, após um período de inflexão da luta social produzido particularmente nos países governados por regimes qualificados de “progressistas”, assistimos a um novo despertar da luta das massas trabalhadoras que ultrapassa as fronteiras nacionais e anima a luta dos povos irmãos. Combatem por salários dignos, educação, saúde, pelo pão, por democracia, direitos políticos, em defesa da soberania, dos recursos naturais, contra a corrupção, enfim, batalham pela vida, por liberdade!

Nestas contendas coincidem os povos dos países nos quais a burguesia abertamente neoliberal ainda se mantém no poder, assim como os regidos pelos denominados governos “progressistas”. Em uns e outros governos, além das óbvias diferenças que não podemos perder de vista, há também muitos aspectos coincidentes. É difícil diferenciar, por exemplo, a Lei de Segurança Cidadã colombiana da sua similar equatoriana ou das reformas ao Código Integral Penal deste mesmo país, que penalizam o protesto social; pouco ou nada destoam as reformas trabalhistas de evidente conteúdo neoliberal aplicadas no México com as existentes no Brasil, ou as denominadas leis antiterroristas que são executadas na Argentina, no Peru, etc.

Tanto os governos “progressistas” como os neoliberais apostam no extrativismo (saque dos recursos naturais) como via de desenvolvimento, de progresso e bem estar, mas que bem ensina a história é o caminho para a consolidação da dependência estrangeira, da pauperização dos povos e da irremediável destruição da natureza.
Concordam também esses governos no impulso de reformas jurídicas e institucionais em prol de uma dinamização da institucionalidade burguesa, necessária para os novos processos de acumulação capitalista e, além disso, orientadas ao controle social e à criminalização dos protestos populares.

A partir de concepções políticas distintas, mas não irreconciliáveis, as facções burguesas à frente destes governos concorrem a processos de modernização do capitalismo, com o que aspiram provocar maiores níveis de acumulação para as oligarquias nativas e melhores condições para participar no mercado capitalista mundial.

As mudanças que se desenvolvem na América Latina e no Caribe não são outra coisa que um desenvolvimento do capitalismo. Em alguns casos são uma superação ao neoliberalismo, mas de nenhuma maneira uma negação do sistema imperante, pois não põem fim à propriedade privada sobre os meios de produção, não acabam com o domínio dos banqueiros, empresários e latifundiários, não termina a dependência estrangeira.

A modernização capitalista

Os chamados governos progressistas estão provocando um grave dano na consciência dos trabalhadores, da juventude e dos povos. A significativa obra social e material e a abundante e eficiente propaganda governamental criou a ficção – internamente nos respectivos países e em nível internacional – que, na realidade, estão sendo produzidos processos de mudança. Sem dúvida a realidade é outra, seus programas econômicos e políticos não fazem mais que reafirmar as classes dominantes no poder e a dependência estrangeira.

A modernização em curso vai de mãos dadas com os capitais estrangeiros, sejam estadunidenses, europeus ou asiáticos, o que tem feito da América Latina e do Caribe um cenário de intensa disputa interimperialista nos âmbitos econômico e político. Destaca-se o acelerado crescimento dos investimentos chineses na região e a perda de espaços do imperialismo norte-americano, o que não é menos perigoso para os povos.

As organizações participantes do 17º Seminário Internacional Problemas da Revolução na América Latina concordam na necessidade de enfrentar com a mesma energia tanto os governos neoliberais como os chamados governos “progressistas”, pois um e outro representam interesses econômicos e políticos da burguesia e do capital financeiro imperialista.

Convocamos os trabalhadores, a juventude e os povos em geral a cerrar fileiras frente às correntes ideológico-políticas supostamente de esquerda, revolucionárias ou progressistas que manipulam a consciência e o desejo de mudança existente nos povos e que atuam contra o movimento popular organizado e as forças que representam autênticas posições de esquerda revolucionária. Solidarizamo-nos com os povos que escolhem o caminho do combate para que suas vozes sejam ouvidas e para conquistarem suas reivindicações. Apoiamos os povos – e particularmente os jovens – da Turquia, do Brasil, do Chile e do Egito, que com iniciativa e energia, nas ruas, conquistaram significativas vitórias.

Estamos junto ao povo equatoriano que enfrenta um governo demagógico que usa a repressão e o medo para impedir que o descontentamento social tome a forma de luta aberta e contínua. Rechaçamos a criminalização do protesto social imperante. Solidarizamo-nos com MeryZamora, Cléver Jiménez, com os 7 de Cotopaxi, os 12 estudantes do Colégio Técnico Central e com os mais de 200 dirigentes e ativistas sociais que enfrentam processos penais com a acusação de sabotagem e terrorismo.

Apoiamos o povo venezuelano que luta para impedir que a direita e o imperialismo revertam o processo político inaugurado por Hugo Chávez, ao mesmo tempo em que fortalecemos também a exigência de que se adotem medidas radicais para levar o processo adiante.

Nosso norte é o socialismo! Lutamos por um verdadeiro processo revolucionário, por isso, apoiamo-nos na unidade dos trabalhadores, dos camponeses, da juventude, das mulheres, dos povos originários e na tradição libertária dos povos latino-americanos. Orientamos nossas energias contra a dominação estrangeira e contra a exploração das classes dominantes locais, e só pondo fim à sua opressão conquistaremos a liberdade. Esse é nosso compromisso.

Quito, 19 de julho de 2013

Partido Comunista Revolucionário – Argentina
Partido Comunista Revolucionário – Brasil
União da Juventude Rebelião – Brasil
Movimento pela Defesa dos Direitos do Povo – Colômbia
Fundação Escola da Paz – Colômbia
Juventude Democrática Popular – Colômbia
Coletivo Sindical e Classista Guillermo Marín – Colômbia
Partido Comunista da Colômbia (marxista-leninista)
Organização Comunista de Operários – Estados Unidos
Frente Democrática Nacional – Filipinas
Liga Internacional de Luta dos Povos – América Latina
Partido Comunista do México (marxista-leninista)
Frente Popular Revolucionária do México
Partido Comunista Peruano Marxista-Leninista
Partido Marxista-Leninista do Peru
Bloco Popular – Peru
União de Mulheres Solidárias – Peru
Frente Democrática Popular do Peru
Partido Proletário do Peru
Coordenação Caribenha e Latino-Americana de Porto Rico
Partido Comunista Marxista-Leninista do Equador
Movimento Popular Democrático
Juventude Revolucionária do Equador
Confederação Equatoriana de Mulheres pela Mudança
Frente Ampla – República Dominicana
Partido Comunista do Trabalho – República Dominicana
Rede de Garantias Legais – República Dominicana
Partido Comunista Bolchevique da Rússia
Partido Comunista Bolchevique da Ucrânia
Movimento Gayones – Venezuela
Corrente dos Jovens Antifascistas e Anti-imperialistas – Venezuela
Corrente Sindical Marxista-Leninista – Venezuela
Movimento de Educação para a Emancipação – Venezuela
Movimento de Mulheres Ana Soto – Venezuela
Partido Comunista Marxista-Leninista da Venezuela

Apesar da crise, cresce riqueza de uma minoria

Apesar da crise, cresce riqueza de uma minoriaEm fins de 2012, o CréditSuisse, uma das maiores instituições financeiras do mundo, publicou o relatório Riqueza Global – Databook 2012 (http://migre.me/fB7dv), em que analisa a evolução da riqueza nos diferentes países do mundo e sua distribuição entre os adultos (maiores de 20 anos) e entre os países.

O relatório faz uma estimativa da riqueza existente no mundo a partir da análise do PIB e de relatórios financeiros fornecidos por alguns países, e considera riqueza os ativos financeiros, os ativos não financeiros (principalmente casas e terras) e a capacidade de endividamento para consumo. Conclui que a riqueza mundial, em 2012, atingiu o patamar de US$ 227,7 trilhões, divididos – ou melhor, mal divididos – entre a população de 4,6 bilhões de adultos. É um crescimento de 96% desde o ano 2000 e proporcionalmente maior que o da população no período.

É importante ressaltar que, mesmo com a crise econômica de 2008, considerada a maior desde 1929, houve crescimento da riqueza mundial.

Todo esse crescimento, no entanto, não serviu para resolver as desigualdades ou diminuir os problemas sociais no mundo. Pelo contrário, quase todos os países ficaram ainda mais desiguais. Um punhado de capitalistas – 29 milhões de pessoas – detém nada menos do que US$ 87,5 trilhões, o que significa 39,3% da riqueza existente no mundo. Estes são os milionários, a classe usurária, com patrimônio acima de US$ 1 milhão.

Na outra ponta está a imensa maioria da população mundial, 3,184 bilhões de humanos, quase 70% do povo que detêm menos de US$ 10.000 cada. Estes bilhões de pessoas, juntas, apenas alcançam US$ 7,3 trilhões, ou seja, quase 11 vezes menos do que toda a riqueza monopolizada pelo punhado de capitalistas.
Esta riqueza também está concentrada em determinadas regiões do planeta. A América do Norte e a Europa detêm mais de 60% de toda a riqueza produzida no mundo, apesar de representarem menos de 15% da população.

O relatório é eficaz para provar dois fatos que ficam cada dia mais evidentes no capitalismo. O primeiro é que a geração de riqueza significa, na fase imperialista em que estamos, acumulação dessa mesma riqueza na mão de poucos. Sendo a economia mundial dominada por monopólios e por gigantescas instituições financeiras, o crescimento dessa economia só pode beneficiar a pequena minoria que a domina.

Fica provado também que a sociedade já atingiu um nível de desenvolvimento onde não há lugar para os graves problemas sociais que persistem. Miséria, fome, pessoas sem casa, desemprego, mortes por doenças curáveis, nada disso é condizente em um mundo que atingiu uma riqueza per capita de US$ 48.500 para cada adulto.
A verdade é que a pirâmide da riqueza está de cabeça para baixo, pois todos os recursos foram drenados para o topo. A verdade é que é insustentável manter esta pirâmide de pé, pois ela gera a degradação da vida humana e do meio ambiente.

Sandino Patriota, São Paulo

Greve na Eletrobrás dobra governo e arranca conquistas para os eletricitários de todo o país

Greve na Eletrobrás dobra governo e arranca conquistas para os eletricitários de todo o paísApós 24 dias de intensa mobilização e greve em todo o país, os mais de 27 mil trabalhadores das empresas pertencentes a Eletrobrás arrancaram do governo um ganho real no salário de 2,5%, além de impedirem retrocesso em seus direitos garantidos por acordos coletivos de anos anteriores.

Desde o mês de maio o Comando Nacional dos Eletricitários (CNE) se encontrava em campanha salarial discutindo com a direção da Eletrobrás o acordo coletivo da categoria em todo o país. Falta de diálogo e pouca intenção de avançar nos direitos dos trabalhadores marcaram as pouquíssimas mesas de negociação da CNE com a empresa. Três meses se passaram e apenas três mesas de negociação foram realizadas..

Boa parte das ações da Eletrobrás encontram-se privatizadas desde os anos 90. A dependência da empresa ao capital internacional, que tem influência grande de um grupo de especuladores, como a J.P.Morgam e fundos internacionais, que exigem remessas de lucros cada vez maiores, impossibilitou o avanço das negociações com os trabalhadores, não restando aos mesmos outra alternativa a não ser a deflagração da greve, que teve início no dia 15 de julho tendo adesão de 90% da categoria.

Numa clara demonstração de submissão aos interesses desse setor de especuladores, a estatal, após 8 dias de greve, entrou com ação na Justiça do Trabalho pedindo a ilegalidade da greve tentando criminalizar o movimento paredista. Fato que foi bastante repudiado pelo movimento, visto que tal ação não acontecia há mais de 23 anos, onde nem mesmo o famigerado governo anti-povo de FHC, sob pressão de greves e mobilizações, teve a coragem de fazer.

O tiro saiu pela culatra! A greve foi considerada legítima pela Justiça que se negou a declarar a ilegalidade do movimento. O movimento grevista atingiu as 14 empresas estatais ligadas a Eletrobrás, dentre elas: a CHESF, Eletronorte, Eletrosul, Furnas, entre outras.

Mesmo com a intransigência do governo que se negava a negociar, ameaçando a retirada de conquistas garantidas por acordos anteriores e ainda discriminar trabalhadores recém ingressos dos antigos, o movimento, após 2 semanas de impasse, acatou solicitação do ministro do TST para que houvesse a suspensão do movimento e, assim, se retomassem as mesas de negociação.

A boa intenção dos trabalhadores não foi capaz de sensibilizar a estatal e o governo, que chegaram ao ponto de se retirarem da mesa de negociação. E novamente os trabalhadores retomaram o caminho da greve conseguindo arrancar, no dia 7 de agosto, a reposição salarial de 6,49%, equivalente a inflação anual medida pelo IPCA, que representa pra categoria um ganho real de 0,8% retroativo a maio, assim como a correção da inflação no salário para o ano de 2014 com ganho real de 0,7% em janeiro e mais 1% em setembro do ano que vem. A categoria pedia 11,5% de reajuste como sugerido pelo DIEESE no início da campanha salarial.

“O CNE e os sindicatos saem com a certeza de que essa categoria está preparada para enfrentar qualquer desafio. Foi assim nos anos 90, no auge dos governos liberais, e se repete agora, com a nova geração de companheiros (as) que foram à luta em defesa de uma Eletrobrás fortalecida e que valoriza seus trabalhadores” afirma nota da Federação Nacional dos Urbanitários. Dentre essa nova geração encontramos o presidente do Sindicato dos Urbanitários da Paraíba que parabenizou os trabalhadores da CHESF pela disposição de luta e afirmou que “a luta não é só do sindicato, e sim de toda categoria, que entendeu que sem luta não há vitória”.

Os trabalhadores saem fortalecidos por somar forças na luta contra a precarização do trabalho que tem sido atacado com as terceirizações no setor e o conjunto de demissões imposto pela empresa que já atinge 20% da categoria. Sem falar na luta pelo cancelamento dos leilões de privatização de usinas hidrelétricas previstas para ocorrerem em dezembro deste ano.

Emerson Lira
Fonte: Movimento Luta de Classes

Mais uma capitulação

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Mais uma capitulação Muitos, se não a maioria, dos que não se importam com a entrega das riquezas do País à oligarquia financeira transnacional e a seus bancos e  empresas, precisam mudar de atitude. Não é uma questão de patriotada, mas de entender que sem soberania um povo fica privado de dignidade e de prosperidade e até da chance de sobreviver.

2. Se o Brasil continuar à mercê de corporações transnacionais, bancos e potências imperiais, aumentará o fosso entre a minoria, cada vez menor, dos servidores desse sistema de poder e a maioria, esmagadora e crescente, dos brasileiros que vivem em condições de vida insuportáveis. Na verdade, escravos com seu destino nas mãos do império.

3. O fosso começou a ser alargado desde 1954,  logo após o golpe militar-udenista que entregou, de bandeja,  o mercado do País às transnacionais, através de privilégios incríveis, mantidos e aumentados nos  cinco anos de JK. Esse processo foi-se agravando e, hoje, longe de ser revertido, prossegue intensificando-se.

4. As potências anglo-americanas  não apenas intervieram nos golpes de 1954 e 1964, mas também determinaram o curso político  do País desde o começo dos anos 80.

5. Neste mês a grande mídia não teve como esconder as revelações de Snowden, ex-contratado terceirizado dos serviços secretos dos Estados Unidos, sobre a abrangência da espionagem eletrônica, telefônica etc. que estes fazem, há muitos anos,  dentro do Brasil. Entretanto, quase não se divulgam as ações dos serviços de outras potências, como o Reino Unido.

6. Esse controle sobre as telecomunicações nem necessitava das tecnologias de captação de informações que os EUA hoje aplicam em quase todo o mundo. De fato,  o grau de traição ao País foi de tal ordem, que o Brasil ficou, em 1998, sem satélite próprio de telecomunicações, com a privatização da EMBRATEL, controlada pela MCI dos EUA.

7. Datam de longe as intervenções do governo dos EUA praticadas para abortar iniciativas capazes de contribuir para o desenvolvimento tecnológico do Brasil.  Nos anos 70 e 80, os EUA vetaram a importação de componentes estratégicos pela EMBRAER e causaram o fechamento da empresa ENGESA, que fabricava blindados, ao intervir junto à Arábia Saudita para cancelar um grande contrato.

8.  Em consequência do modelo instituído no Brasil a partir de 1954 –  a que se atribuíram os falsos milagres de crescimento do PIB, pouco depois traduzidos em dívidas e estagnação – o  poder das transnacionais sobre o   mercado foi suficiente  para asfixiar as empresas privadas nacionais, matando, no ovo, as possibilidades de estas desenvolverem tecnologia.

9. Entre as intervenções diretas das potências imperiais (EUA à frente), avulta ter feito explodir o míssil da missão espacial brasileira, na base de Alcântara, matando no ato seus mais de 20 membros, no momento do lançamento.  Além disso, os  EUA pressionaram a Ucrânia para não transferir tecnologia ao Brasil, como prevê o acordo de cooperação espacial com esse país.

10. Os EUA arranjaram com o governo de FHC um acordo para a cessão da base de Alcântara para lançamentos,  altamente lesivo para nós, pois permite a construção de instalações e a entrada no País de equipamentos e efetivos das Forças Armadas da mais agressiva potência militar do mundo.

11. Com a saída do mega-entreguista em dezembro de 2002, esse acordo esteve, até há pouco, parado no Congresso, tendo sido agora colocado na pauta de votações  do plenário da Câmara dos Deputados, o que confirma estar a atual presidente cedendo às pressões imperiais em questões vitais para a soberania do Brasil.

12. Outros atos  de submissão ocorrem com o petróleo.  Pelo menos três destes terão, se não forem revertidos, consequencias fatídicas para o País.

13. Primeiro, os leilões, em maio de 2013,  de campos de petróleo na plataforma continental, com reservas de 19 bilhões de barris,  na cotação atual, US$ 2 trilhões. Segundo: o anúncio de leilão para o campo Libra, na área do Pré-Sal, com reservas de 12 bilhões de barris.  As duas medidas envolvem mais de 30 bilhões de barris.

14. Mormente nas condições infracoloniais do sistema tributário brasileiro, leiloar petróleo para empresas estrangeiras significa dar-lhes todo ele. Fora do Pré-Sal, o Brasil só recebe 10% de royalties sobre aquilo a transnacional declarar (o que ninguém confere). Não há impostos nem contribuições sobre a exportação.

15. Os agentes pagos e os enganados dirão que o Brasil obterá grande quantidade de divisas (moeda estrangeira).  Nós respondemos: quem recebe as divisas são os exportadores,  as petroleiras estrangeiras.

16. Estas venderão as divisas ao Banco Central, o qual, para pagá-las,   emitirá moeda nacional (reais) em quantidade assombrosa: quando estiverem exportando 3 milhões de barris/dia = 1.080 bilhões barris/ano,  serão cerca de US$ 356 bilhões,  o equivalente a 150% do total das atuais exportações do Brasil. Ao câmbio de R$ 2,2 por dólar, estamos falando de R$ 783 bilhões = 3,5 vezes o atual saldo médio da base monetária.

17. Então? Ou o Banco Central emitiria moeda, e as petroleiras estrangeiras ficariam com caixa para comprar todas as empresas, bancos e propriedades que quisessem no Brasil, ou emitiria títulos da dívida pública, dentro da tradicional política de enxugar a base monetária.

18. Neste caso, aumentaria, de golpe,  em 50% o estoque dos títulos da  dívida pública fora do Banco Central, e cresceria em 25% o absurdo serviço da dívida, que já consome quase metade das despesas da União. Com a dinâmica da composição dos juros, a explosão não demoraria.

19. Terceiro desastre com o petróleo: a deterioração das finanças da Petrobrás, decorrente das políticas antinacionais prevalecentes na ANP e na própria estatal, desde 1997, quando da instituição da Lei 9.478.

20. Nada melhor que ter uma empresa nacional responsável pelo abastecimento do País, a qual logrou êxitos notáveis na pesquisa e exploração (descobrindo enormes reservas), em contraste com os países que se entregam ao cartel anglo-americano.

21. Ora, a política brasileira dominada por interessados na inviabilização do desenvolvimento nacional, vem minando a (ex?) estatal, fazendo reduzir sua capacidade de investimento e, ao mesmo tempo, abrindo, sem a menor necessidade, ao cartel mundial as reservas por ela descobertas.

22. Com essa fieira de inesgotáveis danos ao País: 1) ele entrega a principal fonte de energia, tendente à escassez, do mercado mundial; 2) cria terrível inflação e torna ainda mais letal a dívida pública; 3) recebe dólares, com os quais nada pode fazer no exterior (os juros lá são desprezíveis, e as potências estrangeiras não vendem ativos produtivos estratégicos); 4) com a abundância de divisas para importar, agrava a desnacionalização e a desindustrialização, suas principais desgraças estruturais.

23. Mais uma capitulação, que leva o Brasil à ruína: a volta das elevações da taxa básica dos juros, SELIC. Neste ano, ela subiu de 7,25% para 8,5%, com o que caem as possibilidades de reduzir os gastos federais de R$ 753 bilhões, de  2012, com juros e amortizações das dívidas interna e externa = 43% das despesas totais da União.

24. Não há que crer nos artifícios contábeis das “autoridades monetárias”. Elas apresentam as despesas da dívida expurgadas de correção monetária, o que não é correto: quando você paga R$ 30 reis para almoçar, você está pagando R$ 30,00 mesmo; não há razão para deduzir a variação do  IGP-M no ano.

25. Outra coisa: não computam o que é pago por meio de títulos públicos, como se não tivesse sido pago: se um aplicador resgata  títulos  comprados há um ano, a juros de 15% aa., no valor de R$ 100 mi, e o Tesouro lhe paga, com novos títulos, R$ 115 mi, há que incluir  esta quantia na despesa, pois o título do Tesouro vale dinheiro e, além disso, rende juros.

26. Ademais, as autoridades não incluem no total os títulos do Tesouro em poder do Banco Central, cuja  maior parte circula entre o BACEN e os  bancos, nas operações de mercado aberto.

27.  Os brasileiros são espoliados também pelos juros bancários, a taxas muito maiores que as abusivas pagas pelo Tesouro nos títulos públicos.  O crédito de pessoas físicas e jurídicas chegou a R$ 2,4 trilhões = 54% do PIB. Se calcularmos taxa média de 30% aa., a conta dos juros, fora a da dívida pública, é quase outro tanto: R$ 720 bilhões.

28. Mais importante, além de estar na origem de todos os males da economia e das finanças, é o que vai para o exterior de lucros escondidos das transnacionais, através de diversas contas do balanço de pagamentos. Eles vêm dos altíssimos preços que elas praticam aqui dentro: é o mesmo que um imposto, só que pago pelos brasileiros  às empresas transnacionais, em vez de ser pago ao governo, equivalente a outra carga tributária de 35% do PIB.

29. Do financiamento dos déficits externos resultantes das transferências em várias contas do balanço de transações com o exterior, resultou a dívida externa, e desta saiu a  dívida interna, quando faltaram divisas para servir aquela.  Em função disso, os engenheiros brasileiros não têm empregos, e não se desenvolve tecnologia no País. Ademais, as pessoas ficam até sem saber para que servem as matérias primas e o preço que deveriam ter.

30. Como reagem os governos que têm fingido governar o País? Dão dinheiro e crédito barato às transnacionais e a aquinhoados  em novas concessões públicas, como ocorre com o transporte, portos e aeroportos, estradas com pedágios abusivos etc.  E cortam impostos das transnacionais e outros concentradores.

31. Não reduzem, porém, os  tributos que recaem sobre os cidadãos. Ao contrário, estes são onerados adicionalmente pelos sobrepreços dos oligopólios, como aponto no parágrafo 28 acima, e se exemplifica com os bens industriais, de qualidade sofrível,  e, amiúde,  custando o dobro de seus congêneres no exterior.

Adriano Benayon, doutor em economia e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento

UJR promove acampamento no Rio de Janeiro

Acampamento UJREm meio ao clima de mobilizações e luta da juventude carioca, a União da Juventude Rebelião realizou, entre os dias 19 e 21 de julho, o 3º Acampamento Estadual da UJR no Rio de Janeiro.

Dezenas de jovens puderam compartilhar experiências e debater questões ligadas à conjuntura, à organização revolucionária da juventude e à cultura popular. Durante o acampamento foram exibidos os filmes “A revolução não será televisionada” e “Panteras Negras”, realizadas oficinas de debates, grafite e pintura, atividades esportivas em grupos e o estudo do marxismo-leninismo.

O 3º Acampamento Estadual da UJR foi batizado “Hugo Chávez”, em homenagem ao ex-presidente da Venezuela que faleceu no início de 2013. Na plenária final, os participantes do Acampamento aprovaram uma carta-resumo das discussões realizadas e reafirmaram a decisão de fortalecer a UJR como forma de chegar à sociedade que queremos, à sociedade socialista.

Gabriela Nascimento, Rio de Janeiro

Seminário em Fortaleza debate privatizações e leilões do petróleo

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SEMINÁRIO EM FORTALEZA DEBATE PRIVATIZAÇÕES E LEILÕES DO PETRÓLEOO Movimento Sindical dos Petroleiros “Transparência e Ação” realizou, em parceria com o Movimento Luta de Classes (MLC), o Seminário “O Petróleo tem que ser Nosso!” no dia 17 de agosto na sede da Federação dos Trabalhadores do Comércio e Serviços do Estado do Ceará (FETRACE). O evento contou com a participação de dezenas de pessoas entre militantes, membros de movimentos sociais, sindicalistas e trabalhadores petroleiros. Foi um dia inteiro de debates acerca da importância de defender as riquezas do Brasil.

No período da manhã, Serley Leal, Coordenador do Jornal A Verdade no Ceará e presidente do Centro Popular de Cultura e Direitos Humanos Manoel Lisboa (CCML-CE) apresentou uma palestra sobre “Privatizações e Entrega das Riquezas Naturais no Contexto da Crise Capitalista Mundial” na qual foi abordado um pouco da história da nossa dependência econômica e de séculos de exploração de outras nações, bem como, o atual domínio dos grandes monopólios na economia brasileira.

Ao final da apresentação, afirmou “A crise capitalista de 2008, a exemplo de todas as outras, somente ampliou a concentração de capital nas mãos de pouquíssimas empresas. Foram esses monopólios que adquiriram as estatais privatizadas na década de 90 no governo entreguista de FHC, num processo que significou um verdadeiro CRIME contra o povo brasileiro. São elas também que hoje estão adquirindo aeroportos, estradas e portos, os quais, infelizmente, tem se tornado uma marca do atual governo. São as mesmas que fazem enormes e mentirosas campanhas na mídia de que é melhor privatizar as nossas riquezas naturais. É preciso acabar com o domínio dessas grandes corporações e construir uma economia controlada exclusivamente pelos trabalhadores”.

Já no período da tarde, o Presidente do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (SINDPETRO-RJ), Emanuel Cancela, palestrou sobre “A História da luta dos petroleiros e a Campanha Nacional o Petróleo tem que ser Nosso”. Num debate muito franco ele reforçou a necessidade dessa luta ainda mais no atual momento em que milhões de brasileiros foram às ruas defender seus direitos. Afirmou: “Quem ainda tinha dúvida de que o povo na rua consegue vitória, com o mês de junho, não resta mais nenhuma. Assim como várias vitórias foram conseguidas com as grandes mobilizações que ocorreram no Brasil, só conseguiremos reverter os criminosos leilões do petróleo promovidos pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), incluindo o do campo de Libra em outubro, se mobilizarmos o Brasil. O governo e a mídia tentam confundir a opinião pública difundindo a ideia da divisão dos Royalties do Petróleo, mas isso só representa apenas o rabo do elefante. O principal, o Elefante, tem sido entregue nas mãos dessas empresas petrolíferas estrangeiras que não tem nenhum compromisso com o povo brasileiro”.

Ao final do Seminário todos os participantes se comprometeram em multiplicar essa campanha bem como participar de um Comitê de Defesa do nosso Petróleo, com o apoio da Frente Nacional dos Petroleiros, no intuito de mobilizar e conscientizar mais pessoas.

Guardas fascistas atacam integrantes do movimento “O vale Acordou”

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Guardas não perdoam ninguémNo dia 29 de julho, completaram 14 dias de um acampamento em frente a prefeitura de Petrolina-PE realizado pelo movimento “O Vale Acordou”. Graças a ajuda da população, que apoiou o movimento desde seu inicio, eles se mantiveram firmes e fortes.

Mas quem diria que no mesmo dia em que o movimento conseguiu falar com o governador Eduardo Campos, eles seriam atacados covardemente por Guardas Municipais que a mando do prefeito Júlio Lossio (PMDB) atacaram na calada da noite com cassetetes, spray de pimenta e até mesmo com armas de choque.

Uma das muitas pessoas que foram vitimas dessa violência foi Sammara Oliveira, militante da União da Juventude Rebelião. Ela só conseguiu ser retirada desmaiada daquela selvageria. Depois de terem seus bens levados pelos guardas o movimento decidiu ocupar novamente a prefeitura mais agora com a ajuda da população eles vão desmascarar a corrupção que atinge Petrolina.

Mas que pena prefeito o seu golpe saiu pela culatra, o movimento se fortalece a cada momento e não será a sua Guarda Municipal fascista que irá impedir a população de reivindicar seus direitos como cidadãos. Está na hora do povo se unir não só contra a máfia do transporte que tem em Petrolina mais também contra a corrupção que ainda é forte em nossa cidade.

Leonildo Santos
Militante da UJR