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quinta-feira, 13 de novembro de 2025
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Drones, a nova máquina de morte dos Estados Unidos

DronesInicialmente utilizados como máquinas de espionagem, os drones, ou Veículos Aéreos Não Tripulados (VANT), passaram a ser máquinas de guerra no ataque dos EUA ao Afeganistão, em 2001, e na Guerra do Iraque, em 2003. Os drones foram empregados pela primeira vez em 1959, pelos Estados Unidos, mas o fato só foi admitido pela Força Aérea norte-americana em 1973, ou seja, 14 anos depois.

Com um operador na estação de controle no solo (GCS) e um satélite ligado a quatro aeronaves, estão criadas as condições para invadir o espaço aéreo de qualquer país, secretamente, assassinar civis indefesos, alegando que se está fazendo combate ao terrorismo. Assim foi, sob o comando da Central de Inteligência Americana (CIA), no Iraque, no Afeganistão e, mais recentemente, na Líbia, no Iêmen, na Somália e no Paquistão.

Em 2009, após um ataque ao território iemenita em que morreram dezenas de civis, entre eles mulheres e crianças, o governo norte-americano construiu uma base secreta na Arábia Saudita e, a partir dali, desferiu dezenas de ataques ao Iêmen sob pretexto de matar membros da organização terrorista Al Qaeda. O governo saudita se calou sobre o assunto e o governo americano não revelou qualquer registro a respeito. Foi num desses ataques que a CIA se vangloria de ter matado o clérigo Anwar al-Awlaki, um dos membros mais importantes da Al Qaeda depois do assassinato de Osama bin Laden, e que seria o primeiro norte-americano da lista de “prender ou matar” da central de inteligência. O clérigo era nascido no Estado do Novo México e a Constituição dos EUA proíbe que se coloquem cidadãos norte-americanos em listas desse tipo, o que causou uma forte reação das organizações de direitos humanos do país.

A mentira da luta contra o terrorismo

As ações no Paquistão, onde também existem bases da Al Qaeda, são da mesma envergadura, mas contam com a posição contrária do premiê Nawaz Sharif, obrigando Obama a se reunir com ele para tentar apaziguar o problema. Para isso foi necessária a liberação de mais de US$ 1,6 bilhão em ajuda militar e econômica ao Paquistão, ajuda que havia sido suspensa em 2011. O jornal The Washington Post informou, no entanto, que documentos secretos dos EUA revelaram que autoridades do alto escalão do governo paquistanês têm conhecimento há anos e apoiaram os ataques com drones da CIA. Eleito em junho deste ano e com repúdio da população aos ataques, o governo respondeu dizendo que “quaisquer que tenham sido os entendimentos no passado, o atual governo vem sendo muito claro em relação à sua política nessa questão”, enfatizando que considera tais ataques uma violação da soberania, bem como das leis internacionais.

Já somam pelo menos 65 os ataques com drones nos últimos anos no Paquistão, segundo o Washington Post chamados, ironicamente, de “pontos de diálogo” pela CIA. De acordo com a Anistia Internacional, ONG com sede em Londres, as mortes de civis acontecem às centenas e ninguém responde por elas. Ano passado, diz a Anistia, após apresentar minucioso relatório, foram assassinados por aviões não tripulados uma avó que colhia para a neta legumes em sua horta e 18 trabalhadores, na localidade de ZowiSidgi, sendo um deles de 14 anos, que conversavam à sombra. “Pessoas que claramente não são uma ameaça iminente aos EUA, não estão lutando contra os EUA, estão sendo mortas. Os EUA têm de se explicar claramente com justificativas para esses assassinatos”, sentencia Mustafa Qadri, pesquisador da Anistia que escreveu o relatório.

O Exército e a CIA trabalham juntos no Iêmen: a CIA voando com seus drones sobre a região norte a partir de sua base na Arábia Saudita e o Exército voando com os seus a partir de Djibuti. Só no Paquistão foram 3.336 mortos por esses ataques, desde 2003, de acordo com a New America Foundation. A Anistia Internacional considera que “os EUA podem ter cometido crimes de guerra no Paquistão”.

Estudo da HumanRightsWatch analisa seis ações com drones americanos contra alvos em território iemenita. A ONG conclui que os bombardeios mataram mais civis do que militantes. Um dos ataques, por exemplo, provocou 57 vítimas “colaterais”. Outro matou um clérigo muçulmano que pregava contra a Al Qaeda.

Da mesma forma, LettaTayler, responsável pelo estudo, diz que “estamos muito preocupados que o fracasso da Casa Branca em mostrar que esses ataques estão de acordo com a lei internacional possa criar um perigoso precedente para outros países”, pois com a quantidade de mortes de civis e o sigilo das operações é altamente provável que outros países – aliados ou não de Washington – comecem em breve a fazer uso dessas armas (só EUA e Israel já realizaram ataques com drones).

Corrida armamentista

Enquanto esse debate internacional esquenta, a indústria norte-americana da guerra desenvolve microdrones, que servirão para segurança interna do país e de suas cidades, mas também para assassinar cidadãos de outros países ou mesmo grupos de pessoas;microdrones do tamanho de uma borboleta, chamados de “Switchblade”, que carregam uma carga do tamanho de uma granada, foram utilizados pelas Forças Armadas dos EUA, segundoJohn Horgan, professor do Stevens Instituteof Technology e autor de quatro livros sobre o assunto.

Mais de 50 nações já têm a tecnologia, bem como grupos como o Hezbollah. Oficiais de segurança dos Estados Unidos estão tão preocupados com a ameaça de terrorismo com drones que já executaram simulações de ataques em um programa chamado “Black Dart”. Empresas de defesa como a Procerus Technologies agora desenvolvem um software que permitirá que drones rastreiem e destruam outros drones.

Assim se desenvolve a indústria da morte e da guerra, confiando em que a tecnologia será maior que o ser humano, que superará todos os limites para a obtenção do lucro e que os homens não alcançarão as condições de se revoltar contra todos os crimes cometidos em seu nome e que não serão capazes de impor suas verdadeiras necessidades de uma vida harmônica, voltada para o bem-estar e a liberdade. Enganam-se: a humanidade está muito mais perto de se libertar desse regime do que imaginam os imperialistas com suas máquinas de guerra.

Marcos Villela, Rio de Janeiro

Luta de sem teto ganha novo impulso

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Depois das gigantescas manifestações de junho e julho, em que milhões de trabalhadores foram às ruas conquistando a redução do preço das passagens, a frase “Quem luta conquista” passou a ter mais força em nosso País. Essa realidade influenciou milhares de famílias de baixa renda da Região Metropolitana de Belo Horizonte, que resolveram não ficar esperando os inexistentes programas habitacionais de prefeituras e governos e foram à luta pelo direito humano de morar dignamente.

No fim do mês de julho, famílias de sete comunidades (Eliana Silva, Camilo Torres, Irmã Dorothy, Helena Greco, Cafezal, Dandara e Rosa Leão), organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e pelas Brigadas Populares, realizaram uma histórica ocupação da Prefeitura de Belo Horizonte, reivindicando a regularização de suas comunidades, ligação de água, energia elétrica, esgoto e títulos de posse. As famílias foram recebidas pelo prefeito Márcio Lacerda, que, pressionado, foi obrigado a se comprometer com as reivindicações dos movimentos. A repercussão foi nacional e, no Estado de Minas Gerais, acabou sendo outro fator impulsionador para milhares famílias sem teto se mobilizarem.

Aumentam as ocupações urbanas

A Ocupação Rosa Leão, situada na Mata do Isidoro cresceu e passou a contar com cerca de 1.500 famílias. Outras duas ocupações surgiram perto de Rosa Leão: a Ocupação Vitória, com mais de quatro mil famílias, e a Ocupação Esperança, com mais de 2.500, totalizando mais de oito mil famílias nessa mesma região.  Em Contagem, cidade da Região Metropolitana de BH, além da ocupação Guarani-Kaiowá (Brigadas Populares), com 150 famílias, em outubro, surgiu a Ocupação Wilian Rosa (Movimento Luta Popular), com mais de quatro mil famílias. Outras milhares de famílias vêm se mobilizando em cidades como Betim, Ribeirão das Neves e Santa Luzia. Segundo levantamentos realizados pelo MLB, Comissão Pastoral da Terra (CPT) e pela Rede Nacional de Advogados Populares (Renap), essas ocupações urbanas realizadas nos últimos meses, somadas as já existentes e não regularizadas, somam mais de 20 mil famílias.

Cresce a repressão

No entanto, esses milhares de famílias sofrem com a falta de políticas públicas e programas de habitação, e também com a enorme repressão promovida pela Polícia Militar a mando das prefeituras e do Governo Estadual. A PM, com total apoio das gestões municipais, vem utilizando diversas táticas de guerra contra essas famílias pobres, como o emprego de cavalaria, cachorros, batalhão de choque, grupo de ação tática especial, helicópteros, tratores, incêndio de barracas, destruição de pertences das famílias e até o uso do Caveirão (tanque blindado da PM). “Infelizmente, apesar de existir uma ponderação do Estado, afirmando que é ineficaz a desocupação forçada de famílias, uma vez que o que vai resolver é uma política de reforma agrária e urbana, a PM vem agindo de forma truculenta, em casos pontuais com abuso de poder”, destacou o advogado popular Élcio Pacheco, da Renap.

Exemplos que confirmam essa afirmação são o despejo violento da Ocupação Eliana Silva, em maio de 2012, quando 350 famílias foram removidas de um terreno na região do Barreiro, em BH; e o despejo de 150 famílias, ocorrido no último dia 25 de outubro, de uma ocupação que nem sequer tinha nome ainda, situada ao lado da Vila Corumbiara, também na região do Barreiro. Nesse último, a Polícia Militar, juntamente com a prefeitura de BH, realizou um despejo ilegal, pois não havia sequer ordem judicial. Em mais uma operação de guerra contra o povo pobre, foram presas sete pessoas. “A Polícia vem agindo como verdadeiros capitães do mato, jagunços fardados, deixando de ser funcionários públicos para agir fora da lei, humilhando as pessoas a serviço do capital”, afirmou Frei Gilvander, da CPT.

Luta e avanços

Diante de tamanhas injustiças, duas declarações são importantes para exemplificar os sentimentos experimentados pelas famílias moradoras dessas ocupações: “Meu filho é cego. Entramos na ocupação porque não suportamos mais sobreviver em um único cômodo, cedido de favor. A gente estava almoçando na barraca e, de repente, bombas começaram a explodir ao lado, que era já nossa casa, esperança de uma vida nova. Foi um sufoco enorme ter que fugir correndo com meu filho cego sob tiros e gritaria. Meu filho e eu temos direito de viver em paz. Como se pode fazer isso também com uma criança cega?”, disse Dona Maria Neuza Barbosa, moradora despejada da ocupação no Barreiro. Mas também importantes avanços vêm sendo registrados por algumas ocupações, fruto das diversas manifestações promovidas pelos moradores da Ocupação Eliana Silva. Com participação das Ocupações Irmã Dorothy e Camilo Torres, organizadas pelas Brigadas Populares, uma comissão composta pela Copasa (companhia de saneamento), Cemig (companhia de Energia), Ministério Público e Prefeitura visitaram essas ocupações para fazer levantamentos iniciais sobre as ligações de esgoto, água e energia elétrica. O levantamento foi bastante positivo: “Os técnicos constataram o que o movimento já diz há muito tempo: é possível ligação oficial de água, luz e esgoto e a regularização de nossa ocupação; vamos aumentar nossa luta até resolver esse problema”, afirmou Poliana Souza, da Coordenação do MLB.

Leonardo Pericles, Belo Horizonte

MLB conquista casa popular em Natal

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Há seis anos, 240 famílias se organizaram no Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), e ocuparam um terreno pertencente ao Município de Natal-RN. Um único propósito: iniciar uma luta incansável por uma moradia digna.

Seguindo a tradição do MLB, em uma de suas assembleias, aprovou-se por unanimidade o nome da ocupação. Daquele dia em diante, passou a se chamar 08 de Outubro, Ernesto Che Guevara. Uma justa homenagem ao heroico guerrilheiro e grande revolucionário do mundo inteiro.

 Desde então, muitas batalhas foram travadas. Com o passar de dois anos, 68 famílias foram contempladas em outra parte do projeto do já então Conjunto Leningrado, uma conquista do MLB também. Isso fortaleceu o espírito e o sentimento de vitória em cada uma das famílias que continuariam nessa jornada. Com o passar dos anos, poucas famílias submeteram-se ao conformismo e abandonara a luta. Mas, o mais importante, foi a determinação dos que seguiram em frente.

Foi preciso fazer diversas passeatas rumo à Prefeitura, Secretarias de Habitação e Governo do Estado, mas, como diz o lema do nosso Movimento: “Com luta e com garra, a casa sai na marra!”. Devido a esta permanente mobilização, o MLB conquistou mais 143 unidades habitacionais no Conjunto Vivendas do Planalto, empreendimento do Minha Casa, Minha Vida, que fica ao lado do Conjunto Leningrado.

Hoje, podemos olhar para nosso barraco e dizer com orgulho que vencemos mais essa batalha. Dona Luzia Santos da Silva, mãe de seis filhos, viúva, 63 anos, diz que teve de trabalhar durante toda sua vida para garantir o sustento da família, mas o dinheiro sempre foi insuficiente. Agora ela fala orgulhosa do período em que morou em um barraco na ocupação 08 de Outubro Ernesto Che Guevara: “Foi no barraco que aprendi a diferenciar ocupação de favela, devido à sua organização e a conscientização política dos moradores, reivindicando e alcançando, a cada passo nas ruas, seus direitos, para que hoje eu possa ir morar num apartamento”. Serão 143 famílias que deixarão de morar em barracos, e realizarão o sonho de conquistar com sua luta o seu apartamento a ser entregue nos próximos dias.

Agora temos um novo desafio, acelerarmos o processo de conquista das famílias das ocupações Anátalia de Souza Alves, 08 de Março e tantas outras que ainda existem em nossa cidade. Por isso, devemos continuar na luta por uma verdadeira reforma urbana e pelo socialismo.

Marcos Antonio, coordenador do MLB RN

CMP elege nova direção nacional

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CMPCom o tema “20 anos de luta e resistência popular”, aconteceu, entre os dias 25 e 27 de outubro, na cidade de Ipatinga (MG), o 5º Congresso Nacional da Central de Movimentos Populares (CMP). Ao todo, mais de 400 representantes de movimentos sociais de 18 Estados se reuniram para debater a conjuntura do País e os rumos da CMP para os próximos anos.

O congresso debateu as três teses apresentadas, que resgatavam a importância da CMP e apontavam as tarefas e desafios para o futuro. Eleita a tese-guia, os delegados e delegadas presentes se dividiram em grupos para discutir a organização da Central, seus eixos políticos, o balanço da última eleição e a conjuntura nacional. Diversas alterações foram propostas, entre as quais o repúdio aos leilões do petróleo, a defesa da punição aos torturadores da ditadura e a reafirmação do socialismo como bandeira de luta estratégica da CMP.

Nesse momento, a participação ativa e combativa da delegação do MLB, que reuniu mais de 60 companheiros e companheiras, foi determinante para apontar o caminho das lutas e da mobilização popular como foco principal da CMP.

O último dia foi reservado à votação das emendas e à eleição da nova Direção Nacional. Foram inscritas duas chapas, sendo a chapa 2 “Por uma CMP forte, plural, de luta e independente”, composta pela maioria dos movimentos presentes ao congresso, sagrada vencedora com 345 votos, contra 56 da chapa 1. Ao MLB coube a indicação de quatro membros titulares e um suplente à nova Direção Nacional da Central.

Os desafios da CMP estão traçados. Cabe agora à nova Direção e aos movimentos organizados levar a entidade de volta ao caminho das ruas pela transformação da sociedade.

Da Redação

Êta, juventude corajosa!!!

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Leilão 1Nesse dia 21 de outubro, data em que ocorreu o leilão do maior campo de petróleo descoberto pela Petrobrás e um dos maiores do mundo, o Campo de Libra, muitos protestos contrários a esse leilão ocorreram pelo Brasil. Um deles, porém, chamou-me especialmente a atenção.

Relembrando a cena:  de um lado, uma barreira grande de soldados (mil e cem deles, segundo a TV) com roupas escuras e armas ameaçadoras; no outro, uma barreira de jovens com coloridas bandeiras, protegidos por improvisado escudo de  placas de metal (em número de cem, segundo a TV).

A imagem emocionou-me.

Emocionou-me como gente. Emocionou-me como mãe. Emocionou-me como brasileira.

Aqueles poucos jovens diante de tantos soldados não nos desencoraja; pelo contrário, só nos encoraja. Lembramos de Jesus, que, mesmo na cruz, machucado, pregado, sem movimentos, mudou a história com seu exemplo. Deixou ao mundo a mensagem de que o povo, ainda que explorado, excluído, e mesmo em reduzido número, pode sim, enfrentar os poderes.

Aqueles jovens não nos envergonham; pelo contrário, só nos orgulham. Não tiveram medo da forte barreira escura com armas ameaçadoras. Nós é que nos envergonhamos de não estarmos lá com eles. Aqueles jovens ficaram próximos ao local, até o último momento, quando já não se podia impedir o leilão. Eles e elas lá, defendendo a soberania do Brasil, e nós seguindo com nossas tarefas, como se nada estivesse acontecendo.

Por que estavam ali?  Certamente não para curtir “sexo, drogas e rock androll”, pois não vi nada disso ali.

Vi ali: coragem, que muitos sindicalistas e políticos “machões” não têm. Preocupação com  Pátria, que o próprio Governo não tem. Politização, que os arrogantes de bolsos cheios e discursos vazios não tem.

Aqueles jovens e aquelas jovens disseram a nós que, em grandes massas ou em pequenos grupos,  “Um filho teu não foge à luta”…  e para não ser conivente com o machismo: “Uma filha tua não foge à luta”.

Antonia Carrara, São Paulo

Chapa Livre vence eleições na UFSCar

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chapa livewA Universidade Federal de São Carlos é uma importante universidade federal no Estado de São Paulo, reunindo mais de dez mil estudantes nas cidades de São Carlos, Sorocaba e Araras. O Diretório Central dos Estudantes tem uma ativa história de participação no movimento estudantil, fazendo-se presente em diversas lutas nacionais do movimento.

Tendo passado por um período de desorganização, o DCE voltou a funcionar no ano de 2012, mas a gestão foi marcada pela apatia. Agora, nos dias 30 e 31 de outubro, ocorreu a eleição para o DCE e abriu-se uma nova perspectiva para o movimento estudantil da UFSCar, em especial pela vitória da Chapa Livre, de oposição a atual diretoria.

Envolvendo estudantes de todos os campi descontentes com os rumos do DCE, a chapa reuniu diversas lideranças independentes e militantes da UJR, Domínio Público e Juntos, vencendo a eleição com 920 votos contra 384 da chapa da situação.

Este resultado abre novas perspectivas para a organização de um movimento estudantil combativo e o fortalecimento da luta por uma universidade pública de qualidade.

Redação

Estudantes da Unicap reelegem Construção Coletiva

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Construção ColetivaNos dias 30 e 31 de outubro, os estudantes da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), principal universidade privada do Estado, reelegeram para a diretoria do Diretório Central dos Estudantes (DCE) a gestão Construção Coletiva. O DCE-Unicap foi protagonista na luta dos estudantes nas jornadas de junho, chegando a organizar assembleias com centenas de estudantes para promover as passeatas que tomaram conta das ruas do Recife. Promoveu ainda a luta contra os aumentos das mensalidades e restabeleceu o contato com as entidades de base.

Assim, os estudantes foram às urnas dispostos a confirmar este caminho de luta e participação, dizendo não àqueles que outrora abandonaram a entidade. Ao término da apuração, com mais de 75% dos votos válidos (986 a 325), a chapa Construção Coletiva foi reeleita, tendo como novo presidente o estudante de Direito Arisson Fernandes.

Sem dúvida, este resultado contribuirá e muito com o movimento estudantil pernambucano, que, nos últimos meses, avançou na organização de diversos DCEs e retomou a União dos Estudantes de Pernambuco (UEE) para o rumo da luta.

Redação

Estudantes vão às ruas por passe-livre em Natal

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NatalNo último dia 01 de outubro, foi levada à discussão na Câmara Municipal de Natal-RN, o Projeto de Lei do Passe-Livre, apresentado pela vereadora Amanda Gurgel (PSTU) e pelos vereadores Sandro Pimentel e Marcos do PSOL.

Após o impedimento do reajuste das tarifas do transporte público, as manifestações de junho ainda se refletiam no temor dos representantes dos empresários do transporte na Câmara Municipal. Centenas de estudantes, organizações como a UESP, MPL, UJR, LPJ, PSTU e PCR e movimentos sociais, como o MLB, estiveram presentes na sessão para pressionar os vereadores a votarem a favor do projeto.

Como já era de se esperar, um dos vereadores, Júlio Protásio (PSB), pediu vistas ao projeto com o intuito de dar travar as discussões, já que os autores do projeto pediam urgência na votação. Mas isso não adiantou. A disposição de todos que estavam presentes era de sair com o passe-livre aprovado.

Mais uma vez, a truculência da Guarda Legislativa foi o estopim de muita violência por parte da PM. Um dos guardas agrediu uma estudante com uma tapa no rosto apenas por ela estar filmando e tirando fotos. Esta ação irresponsável gerou tumulto e provocou uma intervenção violenta da PM, que usou gás de pimenta, balas de borracha e cassetetes para agredir as pessoas. O resultado foi de três estudantes presos e dois feridos.

Por conta disso, todos que estavam dentro da Câmara acompanhando o debate, decidiram ocupá-la. Toda essa pressão levou o presidente da Casa a ter que encaminhar a votação do Projeto de Lei (PL) em regime de urgência, no dia seguinte, para evitar um maior desgaste.

Os 28 vereadores presentes votaram por unanimidade por duas vezes a favor do PL. Entretanto, o Projeto foi vetado pelo prefeito de Natal, Carlos Eduardo (PDT). Em nova sessão para discutir o veto do prefeito, nove vereadores votaram a favor do veto, seis se abstiveram e dez foram contra, o que levou à manutenção do veto, pois eram necessários 15 votos para derrubar o veto. É incrível como os vereadores mudaram de opinião tão rápido!

A Prefeitura anunciou que enviará à Câmara um projeto de passe-livre que contempla apenas a rede municipal de educação. Entretanto, o objetivo do movimento é a conquista do passe-livre estudantil irrestrito e não apenas para uma parte dos estudantes.

Por isso, apesar desse golpe, o movimento segue firme e mobilizando atos, manifestações, enfim, pressionando nas ruas para que possamos alcançar a conquista deste direito tão importante para os estudantes.

Samara Martins e Lucia Crisante, militantes da UJR

Lutar para transformar a universidade

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Greve na USPO mês de outubro começou nas universidades estaduais de São Paulo da mesma forma que terminou junho: com luta, mobilização e estudantes nas ruas questionando a ordem imposta.

Na USP, em especial, a mobilização segue forte. Desde o dia 01 de outubro, os estudantes do campus central decidiram ocupar o prédio do Conselho Universitário e deflagrar uma greve reivindicando eleições diretas para reitor, votação paritária entre as três categorias (alunos, funcionários e professores) e fim da lista tríplice, que confere ao governador a escolha do reitor entre os três mais votados. A direção da universidade agora sinaliza para a convocação de uma estatuinte em 2014, onde o tema seria debatido. A USP também já se comprometeu a negociar o retorno de três linhas públicas de ônibus extintas e o aumento da frota de ônibus circulares no campus;reajustes nas bolsas estudantis; mais prédios para moradia estudantil e abertura de uma discussão sobre o modelo de segurança da universidade; alémda devolução dos prédios do DCE e da Associação de Pós-Graduandos.

Nas três universidades públicas paulistas – USP, Unicamp e Unesp – existe uma estrutura de poder autoritária, antidemocrática e burocrática. Seguindo a cartilha do governo repressor do PSDB, dentro das universidades vigora o modelo de desrespeito aos interesses da comunidade acadêmica, de agressão àqueles que o questionam e de compra e venda de interesses políticos e econômicos.

Atualmente, as três instituições contam com cerca de 172 mil estudantes. Desses, poucos são os que vieram de escolas públicas, são negros ou pobres. Os cursos considerados de excelência aprofundam essa discriminação. Nos três cursos mais concorridos não existe nenhum calouro negro. Segundo Paulo Henrique “Bahia”, representante discente do curso de Letras, o maior da USP e da América Latina, com cerca de cinco mil estudantes, esta situação se deve a “um regime de exclusão ainda mais profundo que a universidade, um regime social. O vestibular apenas demonstra como o rosto do pobre no Brasil é negro, e, assim, os negros, que em sua esmagadora maioria não têm condições de pagar escolas particulares ou cursinhos, acabam relegados também no ensino superior às posições subalternas ou ao estudo em faculdades particulares com uma qualidade de ensino bastante inferior”.

Para os que vencem a fase excludente do vestibular e ingressam na USP surge logo outra seleção, para a assistência estudantil. Mesmo com a vaga garantida, muitos passam meses em alojamentos provisórios, onde só possuem uma cama para dormir e dividem o quarto com vários outros colegas. Segundo a estudante Bárbara Olívia, secretária da Associação dos Moradores do Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (AmorCrusp), “esses alojamentos possuem superlotação e fecham no final do ano. Só é selecionado quem mora muito longe ou vem de outro estado. Em alguns blocos de apartamentos a internet é muito lenta, atrapalhando na hora de fazer os trabalhos escolares, e até mesmo a água dos chuveiros é gelada”.

Mesmo após a matrícula,é preciso enfrentar vários desafios que vão além do conteúdo do curso e das provas. Em alguns casos, os calouros estudam em salas com mais de 60 ou 80 alunos, de forma que aqueles que chegam atrasados precisam sentar no chão.

Outro fato recorrente é a perseguição e repressão dentro do campus. “A atuação da PM dentro da USP não é muito diferente da atuação fora dela. A diferença é que nas ‘periferias’ a repressão é letal”, comenta a estudante da USP e diretora de Democratização da Mídia da UEE, Carolina Peters. É conhecido de todos que os militantes do movimento estudantil enfrentam mais dificuldades para conquistar bolsas ou auxílios como alimentação e moradia. As festas são proibidas na maioria dos campi, e a Polícia só aparece para agredir e incriminar os estudantes. Enquanto isso, os crimes como estupros e casos de machismo, racismo, homofobia, além de furtos e assaltos continuam aumentando. “Nos casos de estupro, os registros ainda são feitos como se a ocorrência houvesse acontecido no entorno, não dentro dos muros da Universidade. Há dois anos vem se articulando a Frente Feminista da USP. Dentro da Frente, acumulamos uma posição contrária à presença da PM no campus, não apenas por se mostrar ineficiente na garantia da segurança, mas por entender que se trata de uma instituição machista, sem preparo para atender às vítimas. Elaboramos um plano de segurança alternativo que prevê, entre outras coisas, melhorias na iluminação, abertura da universidade para a população e um efetivo feminino treinado na guarda universitária”, completa Carolina.

Na USP, o movimento estudantil tenta dar o exemplo. Após a intensificação das mobilizações foi feito um grande esforço para esclarecer a todos os estudantes os motivos da greve. Estão sendo realizadas rodas de discussão, aulas públicas com professores dos cursos, debates sobre temas políticos e sociais e exibição de filmes sobre a história das lutas estudantis, entre outras atividades, e vem crescendo o número de participantes nas assembleias a partir do incentivo para que estudantes novos possam falar e expor suas opiniões e diferentes pontos de vista.

As universidades públicas são financiadas por todos os cidadãos e, por isso, devem servir a todos.Democratizar a universidade é colocá-la a serviço do povo.

Lucas Marcelino, UJR – São Paulo

ELACS aprova jornada de lutas

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ELACSNos dias 04, 05 e 06 de outubro, foi realizado o 9º Encontro Latino-Americano e Caribenho de Sindicalistas (ELACS), na Cidade do México, com a presença de cerca de 120 delegados de sete países: Equador, Venezuela, Brasil, República Dominicana, Colômbia, Peru e do próprio México.Mais uma vez,Movimento Luta de Classes (MLC) se fez presente,sendo representadopelos companheiros Magno Francisco (Sindicato dos Trabalhadores em Supermercados de Alagoas) e Rafael Freire (Sindicato dos Jornalistas da Paraíba). Também participou Altamiro Nobre, pelo Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal de Alagoas (Sintufal).

“Além da oportunidade de participar de um importante evento internacional, onde pudemos aprender mais sobre a realidade de outros países, reforçando nosso espírito de união latino-americana e de solidariedade de classe, fomos indicados para sediar a próxima edição Encontro. Para nós do MLC isto significa um reconhecimento das lutas que temos desenvolvido”, afirma Magno. Por deliberação unânime da plenária final, ficou decidido que o 10º ELACS será realizado no Brasil, em 2015.

O Encontro se deu num momento de efervescência política no México, especialmente pela combativa greve nacional dos professores, que durou dois meses, e pela realização de grandes marchas nas ruas das principais cidades do País no dia 02 de outubro, data tradicional do movimento popular em memória aos 325 estudantes assassinados durante protesto em 1968. A manifestação na Capital mexicana contou com cerca de 50 mil trabalhadores e jovens, que, inclusive, entraram em confronto com a Polícia do Distrito Federal.

O principal debate do evento foi aquestão das reformas trabalhistas em curso em vários países, impondo à classe trabalhadora a retirada de direitos históricos como 13º e 14º salários; contrato coletivo de trabalho; possibilidade de questionamentos na Justiça sobre as verbas rescisórias; quebra da representatividade dos sindicatos; direito de greve; etc. Sobre isso, foi deliberada uma campanha de denúncias articulada internacionalmente e um seminário para 2014 na Colômbia.Outras importantes discussões foram sobre privatização e dependência das economias nacionais ante os monopólios internacionais; jovens e crianças trabalhadoras; situação da mulher trabalhadora; defesa dos recursos naturais; além da necessidade de fortalecer o movimento sindical classista, combativo e revolucionário na América Latina. Para dar continuidade a estes temas foi aprovada a criação de um site unificado do ELACS.

A programação do ELACS transcorreu em três locais simbólicos para a classe trabalhadora mexicana: o Sindicato Nacional dos Ferroviários (o mais antigo do País), o Sindicato Nacional dos Telefonistas e a Universidade Operária do México. Como encerramento do evento, foi fundada uma nova central sindical, a União dos Trabalhadores do México (UTM), reunindo sindicatos classistas de vários estados e setores, como ferroviários, professores, servidores públicos municipais e federais, trabalhadores da Universidade Autônoma do México (a maior da América Latina).

Movimento Luta de Classes (MLC)

Governo demite concursados em Minas Gerais

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MGSO governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, tem demitido, por mês, 270 trabalhadores da Minas Gerais Administração e Serviços S.A. (MGS), todos concursados, sem abrir processo administrativo e com a desculpa de redução de gastos.  É a política do “choque de gestão” dos tucanos. A MGS é uma empresa pública, ligada à Secretaria de Planejamento e Gestão de Minas Gerais (Seplag). Mesmo sendo regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), os trabalhadores não podem ser demitidos sem processo administrativo, assim como os trabalhadores dos Correios e os da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), por exemplo. Mas o Governo de Minas e a direção da MGS estão desconsiderando as leis e demitindo arbitrariamente, descumprindo inclusive a norma interna da empresa e a Resolução 40 da própria Seplag (que impede que haja demissões imotivadas e sem processo administrativo).

A MGS possui cerca de 22 mil trabalhadores em todo o Estado de Minas Gerais e está presente em todos os órgãos e secretarias do Governo, como Secretaria de Saúde, Educação e Defesa Social, além de lugares como as Unidades de Atendimento Integrado (UAIs), o Hospital João XXIII, IPSEMG e o Palácio das Artes.

Por isso, os trabalhadores decidiram se organizar e ir à luta contra as demissões. Organizados pelo Movimento Luta de Classes (MLC), pararam um turno da Secretaria de Defesa Social (Seds) em agosto. Em setembro, os trabalhadores da MGS das UAIs paralisaram as atividades em 12 unidades espalhadas por todo o Estado contra as demissões ilegais e a parceria público-privada (PPP) que o Governo de Minas quer implantar, passando para as mãos de capitalistas a responsabilidade de fazer as carteiras de identidade, passaportes e outros documentos que todo cidadão é obrigado a possuir.Os trabalhadores da MGS no Departamento Estadual de Trânsito (Detran) também realizaram paralisações.

Mas as demissões continuaram. Todos os trabalhadores da MGS lotados na Polícia Civil serão demitidos; 770 pais e mães de família irão para a rua. Em protesto, os funcionários fecharam a Avenida João Pinheiro junto com grevistas dos Correios e depois seguiram para a Praça Sete pela Avenida Afonso Pena, fechando toda uma via.Com esta paralisação, a luta da MGS apareceu em vários meios de comunicação, ajudando a fortalecer e divulgar o movimento.

Com as grandes movimentações e com o apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT), houve uma reunião na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) com a MGS, que declarou ser do Governo do Estado a responsabilidade pelas demissões, e que ela apenas segue o planejamento governamental.

No mês de outubro, a MGS abriu mais um concurso público, com 209 vagas, entrando em contradição com o que afirmou sobre não ter como remanejar os funcionários demitidos porque não havia vagas. Então, para que um novo concurso se continuam demitindo os trabalhadores? Será que essas pessoas serão realmente chamadas, ou serão chamadas para serem demitidas antes de completarem dois meses de casa, como vem ocorrendo? A abertura de concursos para a MGS é uma prova de que as demissões são uma grande injustiça e devem ser barradas com a união e a luta dos trabalhadores.

 Leonardo Zegarra, Belo Horizonte