UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sexta-feira, 12 de setembro de 2025
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Policiais Militares que mataram o jovem Thiago são presos no Rio de Janeiro

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Os quatro policiais militares que assassinaram o menino de Thiago Flausino, de apenas 13 anos, foram presos. Denúncia destaca que o homicídio foi realizado durante uma operação policial e que policiais plantaram provas para incriminar o jovem. Após 9 meses do crime, os policiais foram detidos.

Redação RJ


BRASIL – Nesta terça-feira (7), os quatro policiais militares que assassinaram o menino de Thiago Flausino foram presos. Thiago foi morto durante operação policial na Cidade de Deus. Roni Cordeiro de Lima, Diego Pereira Leal, Aslan Wagner Ribeiro de Faria e Silvio Gomes dos Santos já haviam sido presos preventivamente em setembro de 2023 pela Justiça Militar, acusados de fraude processual por omitirem verdades em suas primeiras declarações na delegacia, porém logo foram soltos e respondiam em liberdade até então.

A injustiça reina nesses casos. Como denunciado pela edição 291 do jornal A Verdade, em apenas 3 meses as polícias brasileiras já assassinaram quase 400 pessoas, sendo a maioria das vítimas negras. Ainda assim, poucos policiais tem suas condutas julgadas e menos ainda são punidos pelos seus crimes. A justiça burguesa não esconde seu projeto de massacre da população negra, majoritariamente jovem, das favelas.

Não podendo contar com a boa vontade das instituições corruptas, familiares e amigos de Thiago foram as ruas para exigir justiça. Diversos atos pacíficos foram realizados desde então, porém com uma truculenta resposta da PM, que buscava criminalizar a luta por memória, verdade e justiça. Chegando a inclusive, em um dos atos, levantar voz de prisão para o pai e tio de Thiago, os levando algemados para a delegacia.

Amigos e familiares realizam homenagens para Thiago, jovem de 13 anos assassinado pela PM no Rio de Janeiro. Foto: Reprodução.

No dia 9 de abril, o Ministério Público através da 1ª Promotoria de Justiça de
Investigação Penal Especializada do Rio, denunciou os 4 assassinos. A denúncia
destaca que o homicídio foi realizado durante uma operação policial ilegal em um
veículo particular. Além disso, as investigações apontam que os agentes
plantaram uma pistola Glock e munição ao lado do corpo para simular um
confronto armado. E finalmente, após 9 meses do crime, os policiais foram
detidos.

Por Memória, Verdade e Justiça

Em entrevista ao Jornal A Verdade, Priscila Menezes (mãe de Thiago) contou um
pouco de como sente a família nesse momento.

A VERDADE Como vocês da família estão se sentindo nesse momento da prisão?

Priscila – “Pra família é o final de uma esperança, que a gente está vendo que a justiça
ta andando. Não quer dizer que já está resolvido, não está resolvido, é um passo na frente. A gente sabe que ainda tem muita coisa para acontecer, mas o fato deles serem denunciados pelo homicídio já é um passo que a gente deu. Porque vai ser um passo de cada vez. Trouxe muita esperança para mim e para a família.

Ontem, quando eu recebi a ligação, eu fiquei muito emocionada, sabe? Parecia que eu
estava, assim, vendo que o que eu estou fazendo pelo meu filho está dando certo, que a
nossa luta está dando certo. Saber que eles estão presos é uma forma da gente está buscando justiça por Thiago. Eles não vão sentir nunca o que eu e a família senti e estamos sentindo desde o dia 7 de agosto, a dor que a gente vem sentindo todos os dias. Ontem completou 9 meses sem Thiago, e esse mês é o aniversário do Thiago. Seria o tão sonhado 14 anos dele. Meu filho sonhava em fazer 14 anos e eu não vou ter ele aqui comigo. Por quê? Porque esses policiais julgaram meu filho.

Como eu sempre falo, não aconteceu uma abordagem, se tivesse acontecido, meu filho estaria aqui comigo. Eles atiraram no Thiago para matar. Eu quero que esses policias sejam responsabilizados e fiquem presos. Esses policiais que estão envolvidos na morte do Thiago não podem estar soltos e exercer a função de policial. Não podem porque eles além de matarem uma criança de 13 anos, ainda tentaram incriminar. Mas, graças a Deus, a verdade está aí e vamos continuar lutando por justiça por Thiago.”

A prisão dos assassinos de Thiago é uma importante vitória e um avanço na luta pela justiça de tantos outros jovens assassinados covardemente pelas forças armadas do Estado capitalista. Seguiremos no combate para garantir que esses criminosos não saiam impunes jamais.

Em homenagem ao Thiago e como ato de justiça, no próximo dia 26 de maio, data
de seu aniversário, será realizado um campeonato de futebol a partir das 9 horas
no campo do AP2 na Cidade de Deus.

Por Memória, Verdade e Justiça!

Escolas brasileiras sofrem com a falta de bibliotecas

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As bibliotecas escolares se diferem de outros tipos de bibliotecas pela forma como devem operar dentro das escolas, buscando dar apoio aos estudantes até o ensino médio na sua formação cultural, científica e pessoal. Porém, mesmo após 14 anos de uma lei que prevê a universalização dessas bibliotecas, grande parte das escolas ainda não possuem esses espaços.

Leticia Gabriela*, Mel Peixoto** e Alberes Simão***


EDUCAÇÃO – As bibliotecas escolares se diferem de outros tipos de bibliotecas não apenas por sua localização no ambiente escolar, mas pela forma como devem operar dentro das escolas em conjunto com a equipe pedagógica e buscando dar apoio aos estudantes até o ensino médio na sua formação cultural, científica e pessoal.

A Lei 12.244 de 2010, no seu artigo 3º, prevê o seguinte: “Os sistemas de ensino do País deverão desenvolver esforços progressivos para que a universalização das bibliotecas escolares, nos termos previstos nesta Lei, seja efetivada num prazo máximo de dez anos, respeitada a profissão de Bibliotecário”. 

Ou seja, todas as instituições de ensino precisam ter bibliotecas, entendendo que esses locais precisariam, até 2020, se esforçar para cumprir essa meta. Porém, já nos encontramos em 2024, e grande parte das escolas, principalmente da rede pública, não possuem biblioteca.

E pior: as redes privadas de ensino, para burlar a lei, têm criado “salas de leitura” com a justificativa de que o acervo é pequeno demais para necessitar da contratação de um profissional formado.

A quem interessa a falta de bibliotecas escolares?

No dia 8 de abril deste ano, o governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva aprovou a Lei 14.837/2024, que altera a lei de 2010 para modificar a definição da biblioteca escolar, e assim criando o Sistema Nacional de Bibliotecas Escolares (SNBE). 

Mas isso não é motivo para se comemorar. Além de modificar a lei anterior, o governo Lula não coloca na mesma o papel do bibliotecário na biblioteca escolar, e nem exige que tenha em cada biblioteca escolar (sendo ela pública ou privada) um bibliotecário responsável pelas unidades informacionais. O Ministério da Educação não se preocupou com o papel da pessoa bibliotecária de ser mediadora cultural de uma escola.

Para o profissional bibliotecário, a biblioteca escolar é uma extensão da escola. Ela cumpre um papel importante de formar pessoas dentro das escolas e criar vínculos de leitura e intelectualidade e informacional na escola como: promover as habilidades, as competências e as atitudes que contribuam para a garantia dos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos e alunas, em especial no campo da leitura e da escrita.

Sabemos que o grande monopólio da educação não possui interesse no ensino-aprendizagem, visando apenas o lucro. Portanto, o não pagamento de um bibliotecário por escola, é uma economia de pelo menos R$ 3.158,96 (valor do piso mínimo do estado do Rio de Janeiro de 2019) por unidade. Se formos considerar que as escolas privadas possuem redes escolares em vários bairros da cidade, o não pagamento dos profissionais é um lucro enorme para esses empresários. 

Mas o lucro dos grandes ricos e acionistas não é o ponto de maior interesse da população, principalmente da população periférica que em sua maioria não tem acesso fácil a bibliotecas públicas ou centros culturais.

Falta de bibliotecas é realidade nas escolas brasileiras

Um levantamento feito pela Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (ATRICON), mostra, com base nos dados do Censo Escolar de 2022, que apenas 31% das escolas públicas brasileiras contam com biblioteca. A situação se mostra ainda mais grave quando são observados apenas os dados da educação infantil, em que somente 18% das unidades de informação apresentam o espaço para consulta e empréstimo de livros.

O estudo também aponta que 52% dos alunos matriculados em escolas públicas estudam em estabelecimentos sem bibliotecas. Neste quesito, os ensinos infantil e fundamental destacam-se negativamente, uma vez que 78% dos alunos da educação infantil (que corresponde a quase 5,2 milhões de crianças) e 51% do fundamental (que representa mais de 11 milhões de crianças) não possuem bibliotecas à disposição no ambiente escolar. Já no ensino médio, esse percentual cai para 31%, equivalente a 2 milhões de estudantes.

Ao analisar o índice por estados, é possível verificar que Acre (13%), São Paulo (16%), Maranhão (29%) e Distrito Federal (31%) são os que registram menor percentual de alunos matriculados em estabelecimentos com bibliotecas. Na outra ponta, os Estados com mais estudantes em escolas com bibliotecas são Minas Gerais (82%), Rio Grande do Sul (76%), Paraná (73%) e Goiás (69%).

O levantamento ainda apresenta os dados por redes de ensino, ilustrando que 98% das escolas federais têm biblioteca. Nas redes estaduais, o número cai para 61% e nas municipais fica em 23%. A pesquisa também aponta que, entre as escolas públicas que possuem bibliotecas, apenas 45% contam com bibliotecário. Nos estabelecimentos cuja administração é de responsabilidade dos Estados, apenas 51% têm bibliotecários, enquanto nas escolas municipais o índice cai para 39%.

A influência do monopólio da educação não atinge apenas as escolas particulares, mas afeta também as públicas. Os interesses econômicos e políticos da classe burguesa são os que regem o país, colocando em cargos públicos aqueles que se curvam sobre sua vontade. A elite econômica que rege a educação privada é a mesma que impõe seus interesses sobre a educação pública, cortando gastos e trabalhando para o sucateamento de escolas e serviços.

Só a luta muda a vida

As bibliotecas das escolas públicas sofrem com cortes orçamentários, pois são secundarizadas dentro do ensino, ficando sem verba para renovação de acervo, contratação de profissionais qualificados, ou mesmo construção e manutenção do espaço da biblioteca. Essa realidade contribui para aumentar as desigualdades de acesso à educação de qualidade em todo o país.

Na luta para amenizar essa realidade, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) constrói, entre vários outros projetos de educação popular, o projeto CRIA. O projeto, que funciona desde 2020 em Cabo Frio (RJ), busca incentivar a cultura e educação entre crianças e adolescentes.

Mas também, a luta pela educação precisa ser unificada em todos os níveis. É preciso construir uma grande mobilização dos estudantes secundaristas e universitários na luta por mais investimentos na educação, bem como fortalecer a grandiosa greve nacional dos técnicos administrativos da educação (TAEs) e dos docentes.

A luta pelas bibliotecas escolares se une à luta por investimentos em salário, infraestrutura, contratação e permanência dos estudantes nas escolas públicas. Urge que não apenas os profissionais bibliotecários e da educação, mas a população como um todo volte seu olhar para essa problemática e se organize para reivindicar também essa melhoria na educação.


*Presidente do Diretório Acadêmico dos Estudantes de Biblioteconomia (DAEB) – UNIRIO

**Presidente do Centro Acadêmico de Biblioteconomia (CABU) – UFG

***Estudante de Biblioteconomia e militante do Movimento Correnteza na UFPE

Estudantes da USP iniciam acampamento em solidariedade à Palestina

Estudantes da USP se mobilizam em acampamento contra o genocídio do povo palestino. Mobilização se soma ao movimento mundial de estudantes contra os crimes de Israel em Gaza. Acampamento pede rompimento da USP com todas as instituições israelenses.

Juliana Lopes | São Paulo


JUVENTUDE – Estudantes da Universidade de São Paulo (USP) iniciaram um acampamento na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) em protesto contra o genocídio do povo palestino realizado pelo Governo de Israel. No dia 08 de maio, o acampamento amanheceu com uma longa lista de programação, envolvendo oficinas, passagens em sala, panfletagens e encerrando o dia com uma Mesa em Solidariedade e em Defesa da Palestina, denunciando também o genocídio nas favelas brasileiras com as armas israelenses.

Mesmo com ataques e ameaças dos fascistas, que interromperam momentaneamente a mesa que abriu oficialmente o acampamento, os estudantes os expulsaram com palavras de ordem em repúdio ao Estado de Israel e o genocídio televisionado em Gaza.

O movimento agora pretende intensificar a mobilização e ampliar o acampamento até que a USP rompa os laços com Israel e se amplie a pressão para que o governo brasileiro, assim como nossos vizinhos Colômbia e Bolívia, rompa relações com o Estado sionista.

A mobilização dos estudantes da USP se soma ao movimento mundial, iniciado pelos alunos de universidades dos EUA, seguido pela Europa e outros países da América Latina. A solidariedade internacional ao povo palestino reforça também o caráter antifascista e anti-imperialista do movimento estudantil.

Parcerias com instituições israelenses

A ação foi motivada também pela renegociação da parceria entre a USP e a Universidade de Haifa, que se encerra agora em maio de 2024, como forma de pressionar pelo rompimento de todas as relações com entidades israelenses. Ao todo, existem convênios com três universidades de Israel, além do próprio Consulado Geral de Israel em São Paulo, parceria essa que criou o Israel Corner, um “espaço interativo intercultural”.

Ao manter relações com instituições israelenses, a USP reforça a mensagem que aceita ter dentro dos seus campi institutos e salas de aula polos de reprodução do sionismo. Ela não só se isenta de contribuir para o fim dos horrores que estão acontecendo na Palestina, como ajuda a manter a ideologia sionista viva dentro do ambiente universitário.

O sionismo nada mais é que uma ideologia de caráter nacionalista e reacionária que tenta justificar a existência do Estado criminoso e assassino de Israel e a pilhagem das riquezas das terras palestinas. Colocar o sionismo em contraposição ao povo palestino, até fomentando debates entre um e outro, como se fossem de pesos iguais, é ignorar o imperialismo, o colonialismo e o genocídio imposto aos palestinos há oito décadas, criando a ilusão de se tratar de uma “guerra justificável”.

Não existe nada de justificável nas ações do Estado terrorista israelense e isso precisa ser abertamente denunciado, e não acobertado. Assim, se a Universidade de São Paulo acredita que o genocídio palestino em Gaza não justifica o rompimento de todas as relações com instituições sionistas, então o movimento estudantil será responsável por denunciar as consequências da manutenção desses acordos e pressionar a universidade para que os rompa.

Israel fecha emissora de TV árabe após matar mais de 150 jornalistas palestinos em Gaza

Emissora Al-Jazeera foi fechada por decreto do ditador Netanyahu neste domingo (5). Governo israelense também suspendeu credenciais de jornalistas e proibiu outros veículos de imprensa de contratar funcionários da TV fechada.

Redação


INTERNACIONAL – Em mais um ataque à liberdade de imprensa e ao trabalho jornalístico, o regime autoritário sionista de Israel fechou, por ordem do governo Netanyahu a emissora de TV do Catar, Al-Jazeera. A Al-Jazeera ficou internacionalmente reconhecida por denunciar o genocídio palestino e por ser uma das únicas emissoras a terem jornalistas cobrindo o genocídio em Gaza do ponto de vista palestino.

Na Faixa de Gaza, jornalistas da Al-Jazeera se destacaram em furar o bloqueio midiático de Israel e dos EUA e mostra a realidade dos crimes cometidos pelo exército sionista. O trabalho dos jornalistas e repórteres cinematográficos foi tão importante para denunciar o genocídio ao ponto em que tornou os profissionais da imprensa alvos constante dos bombardeios israelenses.

Um dos casos mais lembrados é o do chefe da sucursal de Gaza da Al-Jazeera, Wael Dahdouh, que 5 membros da sua família serem assassinados pelo exército israelense num bombardeio contra o campo de refugiados de Nuseirat. Dahdouh, de 53 anos, perdeu sua esposa, dois filhos e um neto. Até agora, cerca de 150 jornalistas foram assassinados pelas forças de Israel em Gaza desde outubro.

Ataques a familiares e aos próprios jornalistas é uma tática comum de Israel há anos. Em maio de 2022, militares sionistas assassinaram a jornalista também da Al-Jazeera Shireen Abu Akleh, em Jenin, na Cisjordânia. O assassinato da jornalista gerou revolta entre os palestinos e de profissionais da imprensa de todo o mundo.

Agora, Israel tenta mais uma vez calar de vez a voz dos jornalistas que defendem a causa palestina. O caso da Al-Jazeera, uma emissora internacionalmente reconhecida, mostra até onde a tal “principal democracia do Oriente Médio” é realmente democrática. Israel não fechou a Al-Jazeera apenas por ser uma emissora árabe, mas porque ela dava voz a jornalistas e ao povo palestino. Além de fechar a TV, o governo de Israel também apreendeu todos os equipamentos dos jornalistas e os proibiu de trabalhar em outros veículos de imprensa.

A censura a voz palestina é uma regra em Israel e em todos os meios de imprensa aliados dos sionistas. Basta ligar qualquer canal de TV no Brasil para ver que poucos ou nenhum representante da comunidade palestina são convidados para dar a visão palestina do genocídio. O que Israel está fazendo agora é só estabelecer a censura de forma mais descarada do que já aplicava antes.

Estudantes ocupam universidades nos EUA pelo fim do massacre do povo palestino

Estudantes de várias universidades dos EUA realizam, neste momento, atos, acampamentos e ocupações para denunciar o massacre do povo palestino. Eles cobram uma posição pública de suas instituições de ensino sobre o genocídio na Faixa de Gaza e o fim dos investimentos destas universidades em Israel. 

Redação


INTERNACIONAL – Estudantes de várias universidades dos EUA realizam, neste momento, atos, acampamentos e ocupações para denunciar o massacre do povo palestino. Eles cobram uma posição pública de suas instituições de ensino sobre o genocídio na Faixa de Gaza. O movimento estudantil já atinge mais de 50 universidades norte-americanas, incluindo algumas das mais renomadas mundialmente, como Harvard e Columbia.

Para impedir os protestos, as reitorias das universidades e os governadores acionaram tropas policiais, que agem com brutalidade e, em alguns casos, chegaram a usar balas de borracha e gás lacrimogênio. No total, até a presente data (05 de maio), mais de 2.300 jovens já foram presos.

As ações se iniciaram na Universidade de Columbia, em Nova York (maior cidade norte-americana). Após a detenção de mais de 100 estudantes por parte da polícia local, os protestos se espalharam por todo o país. O campus está ocupado desde o dia 17 de abril e bandeiras palestinas estão espalhadas pelos prédios e jardins. “Como palestino, é minha responsabilidade estar aqui e mostrar minha solidariedade ao povo de Gaza”, afirmou Yazen, um dos primeiros estudantes a ocupar o campus.

A principal reivindicação é que a universidade corte relações com o Governo de Israel e com empresas a ele ligadas ou que lucram com as mortes em Gaza.

Na região de Boston (norte do país), ações acontecem nas Universidades de Havard (a mais antiga e tradicional dos EUA) e de Northeastern, onde outros 100 estudantes também foram presos. Na Universidade George Washington, na capital federal, estudantes iniciaram um acampamento no dia 26 de abril e, já no dia 27, a direção da instituição decidiu suspender todos os manifestantes como “medida disciplinar”.

Nos Estados do Texas e da Califórnia os respectivos governadores enviaram tropas policiais para dissolver violentamente os acampamentos, gerando fortes confrontos. Na Universidade de Emery, em Atlanta, as agressões policiais foram muito fortes, resultando em estudantes feridos e cerca de 40 pessoas presas, entre elas, a presidente do Departamento de Filosofia, professora Noelle McAffee, que tentou impedir a prisão de seus alunos.

Na Universidade de Yale, Estado de Connecticut, estudantes judeus abriram uma faixa com os dizeres: “Mais um judeu por uma Palestina livre”. A comissão organizadora controla o acesso ao acampamento, onde não é permitido o uso de álcool e de drogas. A estudante mexicana Mimí Elías, uma das 60 pessoas detidas dentro do campus, afirmou: “Permaneceremos aqui até que falem conosco e ouçam as nossas demandas”.

As notícias diárias que chegam da Faixa de Gaza aumentam a revolta popular ao redor do mundo contra o sionismo e a intervenção imperialista. Assim como durante a Guerra do Vietnã, a juventude estadunidense se levanta mais uma vez contra a política imperialista de seu país no mundo. A resposta dos governos estaduais e do Governo Biden é a repressão policial, mas o exemplo de combatividade do movimento estudantil tem sido maior.

Já no dia 25 de abril, foi a vez de estudantes da Universidade Sciences Po, em Paris, armarem uma barricada na frente do prédio da instituição e acamparem na rua. “Vemos o que está acontecendo nos EUA e realmente esperamos que esse movimento se espalhe aqui na França”, afirmou Hicham, 22 anos, estudante de mestrado em Direitos Humanos. “Não cederemos até que o genocídio em Gaza termine”, afirmou Zoe, 20 anos, estudante de Administração Pública.

EUA mandam armas para assassinar palestinos

Apesar do repúdio a Israel e da solidariedade internacionalista ao povo palestino, os governos imperialistas continuam a fazer comércio normalmente com Israel. Nenhuma sanção, bloqueio ou embargo econômico foi imposto aos sionistas.

Ao contrário, o Congresso dos EUA aprovou, no dia 23 de abril, um pacote de US$ 23 bilhões (R$ 115 bilhões) de ajuda militar para Israel. O genocídio palestino significa mais dólares nos bolsos dos bilionários donos das empresas fabricantes de material militar dos EUA.

Diante disso, apenas a pressão dos povos do mundo e uma solidariedade ativa com o povo palestino pode pôr fim ao massacre e contribuir para a libertação da Palestina do jugo sionista.

Tática nazista das “valas comuns”

Em mais um capítulo da carnificina contra o povo palestino, ao menos 700 corpos foram encontrados em valas comuns nos hospitais Al-Shifa e Nasser, na Faixa de Gaza, após a saída das tropas de ocupação israelenses. Já passa de 35 mil o número de palestinos assassinados por Israel, sendo a metade, pelo menos, de crianças.

Com a possibilidade de uma guerra aberta contra o Irã e milícias do Iraque, Síria e Líbano, o Governo de Israel retirou, no último mês de abril, a maioria dos soldados da Faixa de Gaza. Ao mesmo tempo, intensificou a campanha de bombardeios com drones, aviões e mísseis e o cerco sobre a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, fronteira com o Egito, onde se encontram 1,5 milhão de palestinos refugiados de outras localidades.

Essa saída temporária das tropas possibilitou que fosse comprovado o tamanho da destruição deixada pelos sionistas nos hospitais, escolas e mesquitas onde a população tentou se refugiar nos últimos sete meses.

Segundo a ONU, apenas no Hospital Nasser, na cidade de Khan Younis (sul), quase 300 corpos de pessoas idosas, mulheres e crianças foram encontrados. Muitos com sinais claros de execução sumária. “As vítimas teriam sido enterradas profundamente no solo e cobertas com lixo. Entre os mortos, estavam supostamente idosos, mulheres e feridos, enquanto outros foram encontrados com as mãos amarradas e despidos”, afirmou Ravina Shamdasani, porta-voz do Escritório de Direitos Humanos da ONU.

Já no hospital Al-Shifa, a Organização Mundial da Saúde teve acesso ao local no início de abril. “Da mesma forma como a maior parte do norte, o Hospital Al-Shifa – antes o maior e mais importante hospital de referência em Gaza – é agora uma casca vazia depois do último cerco”, relata a OMS.

A missão também verificou a existência de valas comuns neste hospital, demonstrando ser uma das táticas do genocídio instaurado por Israel, junto com os bombardeios de casas e fuzilamentos de comboios humanitários. “Nossa equipe reportou um cheiro forte de corpos em decomposição em todo o entorno do hospital. Garantir a dignidade, mesmo na morte, é um ato indispensável de humanidade”, afirma a organização da ONU.

Todos estes relatos mostram a crueldade e o caráter genocida da ocupação israelense da Palestina. Apoiados pelo imperialismo estadunidense e europeu (e com a cumplicidade de Rússia e China), os sionistas se sentem à vontade para destruir da forma como quiserem a vida do povo palestino.

A descoberta das valas comuns nos dois hospitais de Gaza é uma atrocidade que em nada deixa a desejar da tática dos nazistas durante o holocausto, na Segunda Guerra Mundial. As valas comuns eram uma regra durante o extermínio de judeus, comunistas e outros povos durante a ocupação nazista. Para se ter uma ideia, durante a invasão à URSS, os nazistas executaram 33 mil judeus ucranianos na ravina de Babi Yar, perto de Kiev, em setembro de 1941. A tática usada pelos genocidas de então foi justamente executar a sangue frio e jogar os corpos em valas comuns.

Portanto, embora o Governo israelense acuse de antissemitismo ou nazismo qualquer um que critique seus crimes, é o Exército de Israel que pratica as piores práticas dos nazistas.

Matéria publicada na edição nº291 do Jornal A Verdade.

Justiça suspende votação ilegal que aprovou privatização da Sabesp

A suspensão da venda ilegal da Sabesp na capital é fruto de luta e da pressão popular, escancarando que Ricardo Nunes (MDB) está tentando atropelar os direitos do povo. A segunda votação no plenário da Câmara foi realizada mesmo com decisão judicial que suspendia sua realização.

Tami Tahira e Redação, São Paulo 


TRABALHADOR UNIDO – Segundo a decisão da juíza Celina Kiyomi Toyoshima, a Câmara dos Vereadores de São Paulo, ao prosseguir com a votação da privatização da Sabesp, violou decisão judicial que determinou que a votação só poderia ocorrer após a realização de todas as audiências publicas agendadas e apresentação de estudo de impacto financeiro.

Leonardo Silva, advogado do Movimento Luta de Classes, fez a seguinte síntese: “A decisão proferida em 03/05 suspende os efeitos da votação ocorrida em 02/05/2024 bem como qualquer ato posterior. Ou seja, o ato sancionatório do prefeito Ricardo Nunes também teve seus efeitos suspensos. A decisão cita que além do desrespeito ao Poder Judiciário, o processo legislativo desrespeita princípios constitucionais.”

Provocações e impedimentos à oposição na Câmara Municipal

A sessão da última quinta-feira (02), que ocorreu descumprindo a decisão judicial, foi precedida por uma audiência pública em que a população contrária a privatização da Sabesp teve seu acesso dificultado. A distribuição de senhas em quantidade inferior ao números de lugares vagos nas cadeiras da galeria resultou em um número reduzido de pessoas contrárias à posição do presidente da sessão. O vereador fascista Rubinho Nunes (União Brasil), com origem no MBL e autor da CPI que investigaria o Padre Julio Lancelotti, provocou e desrespeitou os manifestantes da oposição, além de tentar agredir a vereadora Luana Alves (PSOL).

A votação sobre a privatização da Sabesp aconteceu sob protestos dentro e fora do plenário. O presidente da Câmara de Vereadores, Milton Leite (União Brasil) ainda expulsou manifestantes contra a privatização da Sabesp que estavam na galeria do Plenário durante o processo de votação. Na tentativa de manter a votação e descumprir a exigência da juíza que exigia um estudo de impacto financeiro, a prefeitura encaminhou ao legislativo um documento produzido pela própria prefeitura, negando sua necessidade. Nele, declara que “não se vislumbra qualquer impacto orçamentário-financeiro e não cria qualquer nova despesa ou implica qualquer renúncia de receita para o município”.

Trabalhadores da SABESP se manifestam na audiência pública (Foto: Movimento Luta de Classes)

Votação prosseguiu, mesmo na ilegalidade

Mesmo com a ilegalidade da sessão, a Câmara prosseguiu a votação, com 37 votos de parlamentares a favor da venda da Sabesp e 17 contrários.

A Sabesp é uma empresa avaliada no mercado em 50 milhões de reais que emprega 12 mil funcionários. A empresa pública atua em 375 municípios do estado, e a não adesão da capital (que detém mais da metade do faturamento da Sabesp) à empresa privatizada diminuiria o interesse de compra. Assim, para cumprir com o projeto de privatizar as empresas, bens e serviços públicos promovido pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a base aliada na capital manobra para promover a venda da Sabesp a qualquer custo.

O papel do povo na defesa da Sabesp

Sobre a decisão da juíza e este processo ilegal, o advogado Leonardo Silva comenta: “O processo legislativo está previsto na Constituição Estadual e tem por função a manifestação dos interesses do povo. Por isso, a votação da privatização, mediante o atropelo das etapas legais e da ignorância acerca do impacto que a entrega da Sabesp ao capital financeiro ocasionará ao povo paulista, não é apenas inconstitucional e ilegal, mas expõe que os interesses na aprovação desse Projeto de Lei são meramente políticos/eleitorais e vinculados ao poder econômico. A decisão judicial de suspensão dos efeitos da votação apenas cumpriu o texto constitucional e as normas de regulamentação. O que se espera é que o processo legislativo tenha todas as suas etapas respeitadas e, principalmente, tenha por horizonte a vontade popular e não os interesses da burguesia”.

O Tribunal de Justiça de São Paulo já anulou e/ou suspendeu outros processos legislativos por falta de realização das audiências publicas e dos estudos necessários. A luta por uma Sabesp pública e com mais investimentos está nas mãos do povo, que já se declarou contrário à privatização numa pesquisa da QUAEST e em plebiscito convocado pelo SINTAEMA junto a metroviários e ferroviários.

Milhares de atingidos na maior enchente da história do RS

População gaúcha sofre com enchentes catastróficas. Centenas de milhares de pessoas estão sendo afetadas e municípios inteiros sendo evacuados. Eventos climáticos extremos no RS são resultado do modelo de exploração capitalista que degrada o meio ambiente. 

Cauã Roca | Porto Alegre


BRASIL – O povo do Rio Grande do Sul enfrenta, há uma semana, as consequências de um sistema político e econômico que destrói o meio ambiente e expõe a classe trabalhadora a condições de vida cada vez mais precárias. Já são 235 municípios afetados pelas enchentes, contabilizando mais de 351 mil pessoas afetadas. Ao menos 39 pessoas morreram e 68 estão desaparecidas. Ainda, mais de 32 mil pessoas precisaram abandonar suas casas invadidas pela água.

Na capital, Porto Alegre, o nível do Rio Guaíba atingiu a marca de 4,77 metros na noite desta sexta-feira, ultrapassando a enchente de 1941, a maior registrada até então, quando o Guaíba atingiu 4,76 metros. A cidade conta com um sistema de proteção contra enchentes, que ainda assim foi incapaz de impedir que porções significativas das zonas norte e central fossem tomadas pela água.

Uma das comportas que compõem o sistema, a de número 14, rompeu sob a pressão da água, e, segundo a Prefeitura, ainda há a possibilidade do rompimento também da comporta 12. Isso sem falar na situação que enfrentam os moradores do bairro Arquipélago, composto por 16 ilhas e localizado completamente fora deste sistema de proteção.

O imprevisto que se previa

Essa é a quarta grande enchente de grandes proporções que o Rio Grande do Sul enfrenta em um período inferior a um ano. No ano de 2023, o estado contabilizou um total de 80 mortos em decorrência das enchentes, além de dezenas de milhares de desalojados.

“A burguesia não está aqui passando por isso, não está aqui sofrendo, perdendo tudo que tem. A última enchente foi em novembro, antes disso teve outra em setembro. A gente vê o povo tentando salvar o pouco que conquistou desde lá. Gente que perdeu a casa, perdeu móveis. De lá pra cá o povo teve que trabalhar pra repôr e vai passar por tudo de novo.”, relata Gustavo Ramos, vice-presidente estadual da Unidade Popular Pelo Socialismo e morador da cidade de Eldorado do Sul, na região metropolitana da capital. Em novembro, Gustavo e sua mãe precisaram sair de casa com a água passando da cintura, carregando os cachorros no colo. Nessa mesma enchente, uma das comportas da capital já havia vazado.

Ou seja, por mais que a burguesia e seus meios de comunicação tentem apresentar essa situação como algo inesperado, que foge ao controle dos governos, a realidade é que todos os anos o povo trabalhador fica desabrigado pelas enchentes, e cada vez com mais frequência. Além disso, nós sabemos quem morre, e sabemos que não são os ricos em suas mansões protegidas das chuvas.

Os bairros mais afetados são sempre os bairros da periferia. Enquanto a população mais pobre perde o pouco que tem, do outro lado estão os ricos, verdadeiros responsáveis pela crise climática, seguros e possibilitados de deixar o estado sem grandes dificuldades com seus helicópteros e jatos particulares. Já o trabalhador está impedido de circular ou sequer de receber ajuda: mais de 100 trechos de rodovias estaduais e federais estão bloqueados no Rio Grande do Sul.

As causas e os culpados

Ora, se o desastre podia ser previsto, também poderia ser prevenido. No entanto, mesmo após as enchentes do ano passado, o orçamento da defesa civil no Rio Grande do Sul não foi ampliado. Pelo contrário, foi reduzido, e representa menos de 0,2% do orçamento do Governo do Estado para o ano de 2024.

As falhas nas comportas de Porto Alegre refletem a pouca manutenção resultante de uma política de corte de verbas. Isso sem falar na ausência de qualquer planejamento ou investimento para garantir infraestrutura adequada, sistemas de drenagem eficientes, áreas de permeabilização do solo, projetos de contenção de cheias, e moradias dignas em locais que não sejam de risco. Naturalmente, a burguesia lucra muito mais reconstruindo as casas destruídas e vendendo os mesmos móveis e eletrodomésticos todos os anos para as pessoas que precisam repor o que perderam seus bens nas enchentes do que com um projeto real de revitalização da cidade.

Mais que isso, os governos seguem aplicando uma política de precarização e privatização das empresas públicas em áreas essenciais como infraestrutura, energia e água. Um exemplo é a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), que teve seu setor de distribuição privatizado em 2021, vendido por apenas R$ 100 mil.

Como consequência da política do lucro acima de tudo, o povo gaúcho teve não só a conta de luz aumentada, como também vem enfrentando apagões cada vez mais frequentes e longos. Em março de 2022, moradores da capital ficaram 7 dias sem luz após uma tempestade. A situação se repetiu em janeiro de 2024, e em março deste ano mais de mil moradores do interior ficaram 12 dias sem energia elétrica.

O governo ainda planeja privatizar os setores de geração e transmissão de energia. Outra empresa na lista da privatização é o DMAE (Departamento Municipal de Água e Esgoto), de Porto Alegre, que além de tratar a água da capital também é responsável pelas estações de bombeamento que despejam as águas da chuva de volta ao Rio Guaíba.

Para além disso, é importante lembrar que a crise climática é mais uma expressão das crises do capitalismo. A burguesia, movida pela ganância e o desejo de lucro, busca produzir sempre mais, sem se importar com a emissão desenfreada de gases poluentes, usando de forma inconsequente os recursos hídricos, derrubando e queimando florestas para expandir o cultivo de soja ou a criação de gado. Ao mesmo tempo que destrói o meio ambiente para produzir mais, esses produtos não chegam aos trabalhadores e, muitas vezes, apodrecem nas prateleiras dos supermercados. Para a burguesia, o lucro é mais importante que todas as formas de vida.

Portanto, é impossível solucionar o problema climático nos limites do capitalismo. Somente uma sociedade em que a produção seja direcionada a atender as necessidades do povo é capaz de garantir um desenvolvimento econômico e social em harmonia com a natureza e o meio ambiente. Somente um sistema em que os interesses dos trabalhadores sejam os principais permitirá que a riqueza social seja utilizada para prevenir os desastres “naturais” e proteger o povo. Para enfrentar a crise climática, só existe uma saída: a revolução socialista.

Após pressão popular, Turquia anuncia rompimento de relações comerciais com Israel

Em anúncio realizado no dia 2 de maio, a Turquia rompeu as relações comerciais com Israel. Rompimento é resultado de dezenas de manifestações populares que vêm ocorrendo no país para uma posição mais dura contra os sionistas.

Redação


INTERNACIONAL – Com várias bases da OTAN e dos EUA, além de uma forte relação com países imperialistas, o governo do presidente autoritário Recep Erdogan estava sob intensa pressão popular pela sua postura prática em relação ao genocídio do povo palestino. Apesar de discursos pomposos em comícios e em fóruns internacionais, a Turquia não havia tomado nenhuma medida prática para isolar o Estado de Israel.

A declaração da Turquia vem um dia após o presidente Gustavo Petro, da Colômbia, romper todas as relações diplomáticas com Israel. O país latino-americano já havia rompido acordos militares com os sionistas desde o fim do ano passado.

Erdogan vinha aumentando o tom contra Israel nos últimos meses, chegando inclusive a receber representantes da resistência palestina em abril. No entanto, até agora, a Turquia não havia alterado suas relações econômicas com Israel. 

Em 2023, o país havia comercializado mais de 6 bilhões de dólares em produtos importados e exportados com Israel. A maior parte das exportações para o Estado sionista foi de ferro e aço, produtos fundamentais na produção da indústria bélica israelense. 

No mês passado, o governo turco havia anunciado restrições a este comércio. No entanto, segundo apuração do diário turco Evrensel, a Turquia exportou, em abril, 315 milhões de dólares (5% do total de 2023). Ou seja, Erdogan continuava na sua política de falar contra Israel, mas não fazer nada de efetivo em defesa do povo palestino.

Dúvidas continuam diante da nova decisão do governo. Um dos principais gasodutos que abastece Israel de óleo e gás passa pela Turquia. O exército genocida israelense é extremamente dependente do óleo e gás produzidos no Azerbaijão e Cazaquistão, que exportam estes produtos através de um oleoduto que atravessa a região de Ceyhan, no sudeste da Turquia.

Por ser um país de maioria islâmica e também por ter fortes relações históricas, a Turquia tem uma forte relação com a luta pela causa do povo palestino e esta é uma demanda forte no conjunto do povo. No entanto, desde a década de 1950, quando a Turquia ingressou na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), os sucessivos governos se subordinam aos interesses do imperialismo estadunidense na região. Fruto desta relação se inclui décadas de cumplicidade com os crimes de Israel contra o povo palestino.

Mas os povos da Turquia vem demonstrando que não aceitam mais a posição hipócrita do atual governo. Querem ações efetivas para impedir que Israel continue a matar o povo palestino. 

Já em novembro de 2023 manifestantes cercaram a base da OTAN de Incirlik, no sul do país. A pressão contra Erdogan aumentou ainda mais após as eleições municipais de 31 de março, onde os candidatos de oposição venceram as eleições nas maiores cidades do país e em várias regiões do interior. No último Primeiro de Maio, centenas de pessoas foram presas em Istambul e outras cidades por protestarem, sendo que uma das pautas era a luta do povo palestino.

A declaração de rompimento de relações comerciais do último dia 2, feita pelo Ministério do Comércio, portanto, é uma forma do governo pressionado de Erdogan dar alguma resposta à população. 

Recep Erdogan, apesar de se apresentar como aliado do povo palestino, faz muito pouco para ajudar na libertação da Palestina, mesmo sendo presidente de uma das maiores potências regionais do Oriente Médio, ao contrário, continua a se colocar como testa de ferro dos interesses do imperialismo.

Estudantes da UNIRIO entram em greve contra cortes de verba na educação

Ontem (2), greve estudantil se iniciou na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). A pauta central dos estudantes é a recomposição orçamentária após quase 10 anos de cortes de verba nas universidades federais. Movimento dos estudantes se une às greves de técnicos e professores na universidade. 

Matheus Travassos | Rio de Janeiro


JUVENTUDE – Estudantes da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) aprovaram greve a partir do dia 2 de maio. Após a assembleia geral, realizada no dia 30 de abril e que reuniu ao menos 600 alunos de todos os cursos, a greve estudantil na universidade se une às greves do técnicos administrativos e professores.

A Unirio segue com os técnicos administrativos em greve desde o dia 11 de março, parte do movimento paredista nacional da Fasubra, e sua movimentação vem ganhando cada vez mais força e inserção dentro da categoria. Não diferente desse cenário, agora rumam os professores que, no dia 28 de Abril, deflagraram greve a partir de ontem (2). Nesse estado de agitação constante, o DCE organizou, há 3 semanas, junto dos CAs e DAs no seu conselho de entidades de base, uma agenda de assembleias por curso, para encaminhar os debates centrais desse processo, visto que havia muitas dúvidas sobre o caráter da greve.

No Conselho de Centros Acadêmicos, o debate girou em torno dos motivos da greve. A defesa dos estudantes dos demais segmentos é a necessidade urgente da recomposição do orçamento das universidades públicas. A denúncia da política de austeridade fiscal, que permanece sendo aplicada no Brasil, está sendo largamente denunciada. 

“Não tem como a gente ficar estudando e trabalhando o dia todo, enquanto 46% do PIB vai para pagar juros da dívida pública, indo pra fora do país pra banqueiros e empresários, enquanto menos de 1% fica com a educação”, denunciaram as falas revoltadas nas assembleias e passagens em sala. “O arcabouço fiscal é um nome bonito pro teto de gastos do Temer”.

Internamente, a universidade está se mantendo correndo atrás de emendas parlamentares. A obra do Casarão do Centro de Ciências Jurídicas e Políticas só continua em andamento por conta de emendas parlamentares, já que não existe dinheiro para terminar algo que já dura mais de 2 anos. Já a obra do novo Centro de Ciências Humanas e Sociais, que já dura mais de 10 anos, segue a mesma lógica das emendas.

Hoje, mais de 50 bilhões de reais do orçamento da União vão para deputados e senadores, em sua maioria do centrão e aliados dos fascistas que atacam desde sempre a universidade pública. Esta situação é tão precária que a antiga gestão golpista da reitoria recebeu emendas parlamentares de Chiquinho Brazão, mandante do assassinato de Marielle e Anderson. Até hoje a comunidade acadêmica da UNIRIO não sabe que fim tomou os recursos destas emendas. 

A decisão do conselho de CAs foi fundamental para garantir uma enorme mobilização no dia da assembleia. De todos os cursos da Unirio, 14 entraram em estado de greve, somente 2 rejeitaram e 7 não conseguiram fazer suas assembleias de curso, mas se mobilizaram para a assembleia geral. Não se via mobilização assim, com a universidade lotada, desde o Tsunami da Educação, em 2019, para barrar os cortes do fascista Bolsonaro.

Na assembleia, apenas 11 dos mais de 600 estudantes foram contra a deflagração de greve na Universidade, que se iniciou também no dia 2 de maio. Foi tirado um comando geral de greve, que irá coordenar nossas atividades, e comandos locais de greve, para aprofundar as demandas de cada campus. O debate, para além da recomposição, está fazendo lutas importantes: reformas curriculares adaptadas à nossa realidade latino-americana, contratação de professores, mais acessibilidade nos campi, acesso de filhas e filhos das estudantes ao bandejão e a desprivatização do mesmo, aumento da frota de ônibus da universidade, reforma dos banheiros, fortalecimento da política de permanência e bolsas, entre várias outras demandas fundamentais para a nossa permanência na universidade.

Nesse sentido, estão sendo organizadas ocupações de mobilização nos campi, com arte e cultura, rodas de conversa, mutirões de limpeza e reparo nos prédios, seminários, universidade na praça e atos nas ruas. O DCE, sindicato dos professores e o sindicato dos técnicos buscam agora um comando unificado de greve para fortalecer a luta entre os 3 segmentos da universidade.

Os estudantes da UNIRIO se somam agora na mobilização para expandir o movimento grevista em outras universidades. Além disso, defendem uma maior pressão sobre o governo para garantir a recomposição orçamentária da rede federal. As greves de professores, técnicos e agora estudantes já mobilizam mais de 60 universidades em todas as regiões do país.

Privatização da Sabesp é aprovada em votação ilegal e contra a vontade do povo

Sob protestos da população e dos trabalhadores urbanitários, Câmara Municipal de São Paulo autorizou a prestação do serviço de tratamento e distribuição de água e esgoto do município pela iniciativa privada. Na prática, votação viabiliza privatização da Sabesp, ao permitir operação na região mais lucrativa atendida pela empresa

Cadu Machado e Guilherme Arruda | São Paulo (SP)


BRASIL – Nesta quinta-feira (2/5), a Câmara Municipal de São Paulo aprovou em segundo turno o Projeto de Lei 163/2024, que autoriza a prestação dos serviços de água e esgoto da cidade pela iniciativa privada. A votação se concluiu com 37 votos a favor e 17 contra o projeto, com toda a base do prefeito Ricardo Nunes se posicionando de forma favorável à privatização.

Ao desobrigar a capital paulista de ser atendida por uma empresa pública, a nova lei tenta viabilizar a venda da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para o capital privado, projeto que tem sido o principal objetivo do governador fascista Tarcísio de Freitas (Republicanos) desde o início de seu mandato.

A estatal paulista é a nona maior empresa de água e esgoto do mundo em população atendida e terceira maior em receita, e por ser lucrativa está na mira do setor privado há décadas.

Ao redor do mundo, a incapacidade do setor de prestar este tipo de serviço tem levado a uma verdadeira onda de reestatização de empresas que foram privatizadas nas últimas décadas, a exemplo da água de metrópoles como Berlim, Buenos Aires e Paris. Um estudo internacional identifica que, desde 2000, já aconteceram 884 reestatizações e remunicipalizações de empresas que haviam sido privatizadas.

No próprio município de São Paulo, a entrega dos serviços funerários e de energia para empresas privadas, como a Enel, já demonstrou na prática os problemas das privatizações. Desde que foram cedidos à iniciativa privada, ambos os serviços encareceram muito e se multiplicaram as denúncias da queda de sua qualidade.

Mesmo assim, os vereadores decidiram colocar São Paulo na contramão da tendência mundial e da vontade popular, para beneficiar suas campanhas de reeleição com o apoio dos grandes capitalistas interessados em comprar a Sabesp.

Na Câmara, o jornal A Verdade acompanhou uma série de irregularidades na votação da privatização da Sabesp e na audiência pública que a antecedeu.

Audiência pública sem povo

Trabalhadores da Sabesp tiveram forte presença na Câmara, lutando contra a privatização da empresa. Foto: JAV

Para a manhã, estava marcada uma audiência pública que debateria a privatização dos serviços de água e esgoto. Às 11h, Rubinho Nunes (União Brasil), presidente da Comissão de Política Urbana da Câmara que presidia a audiência, tentou iniciar as discussões sem a presença da população. Só depois de muita pressão dos manifestantes presentes e reclamação da bancada oposicionista é que foi autorizada a entrada de pessoas no plenário, mas apenas com senhas distribuídas pelos vereadores.

Quando a audiência começou, ficou ainda mais clara a violência que os fascistas estão dispostos a empregar para tentar impor sua política ao povo. Durante sua fala, um orador que defendia o caráter público da Sabesp foi atingido por um objeto lançado por uma manifestante pró-privatização, o que aumentou a tensão no plenário.

Apesar das dificuldades, vários trabalhadores fizeram contundentes denúncias da venda do patrimônio dos paulistanos. “A pressa para aprovar o projeto é porque o mercado financeiro está nos calcanhares dos vereadores fazendo lobby pela privatização da água”, afirmou Marcelo Viola, funcionário da Sabesp e diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema), em fala muito aplaudida pelo público da audiência.

Os discursos de Viola e de outros membros do Movimento Luta de Classes (MLC), da União da Juventude Rebelião (UJR) e da Unidade Popular (UP) podem ser conferidos na reportagem em vídeo produzida pelo jornal A Verdade.

Votação irregular e possivelmente ilegal

O placar final da votação foi de 37×17. Toda a base de Nunes foi favorável à privatização. Foto: JAV

Pouco depois do fim da conturbada audiência, Milton Leite pôs o PL 163/2024 para discussão na Casa infringindo uma decisão judicial. Isso porque, para que a votação acontecesse, a Justiça de São Paulo havia exigido que a Prefeitura realizasse um mínimo de oito audiências públicas e apresentasse um estudo do impacto financeiro da medida. A mesma irregularidade foi vista no primeiro turno de votação do projeto.

Apesar de nenhum dos dois requisitos ter sido cumprido, o presidente da Câmara – um aliado do prefeito Nunes – decidiu prosseguir com a apreciação do PL. No lugar de um estudo, o governo municipal apresentou um documento de quatro páginas que simplesmente dizia que “o projeto não traz impacto financeiro”, fazendo um verdadeiro deboche com a entrega de uma empresa do povo.

Assim como nos trabalhos da manhã, a atuação de Milton Leite foi marcada pelo desrespeito com a população. Para impedi-lo de se manifestar, o presidente da Câmara mandou a Guarda Municipal expulsar do plenário Ricardo Senese, metroviário do MLC que tem se destacado com uma liderança da luta em defesa das três empresas públicas paulistas ameaçadas de privatização – CPTM, Metrô e Sabesp.

Mesmo com a “aprovação” da medida pela maioria de direita na Câmara, os vereadores contrários ao projeto acreditam que as irregularidades na condução da sessão a tornam ilegal. As bancadas de oposição afirmaram que vão entrar na Justiça para impedir que a votação seja considerada válida.

“Essa também é a posição do Ministério Público e da Defensoria de São Paulo”, de acordo com a vereadora Silvia Ferraro, uma das que votaram contra o projeto. Sua avaliação é de que os dois turnos da votação teriam que ser refeitos.

“O que a gente viu foi uma verdadeira mostra do que o fascismo é capaz de fazer contra os trabalhadores. Querem vender a maior empresa de saneamento do Brasil, um patrimônio do povo paulista construído com muito trabalho ao longo de cinquenta anos”, resumiu Marcelo Viola.

Luta vai continuar

Marcelo Viola, militante do MLC e diretor do Sintaema, denuncia a privatização da Sabesp em manifestação em frente à Câmara Municipal de São Paulo. Foto: JAV

Durante todo o dia, uma manifestação com presença massiva da UP, dos movimentos sociais e dos trabalhadores da Sabesp na porta da Câmara denunciou os absurdos da votação para a população que passava. O ato acabou se tornando ainda maior devido à política antidemocrática de Milton Leite, que não queria permitir que o povo organizado acompanhasse a audiência e a votação no plenário.

Ao fim da manifestação, após a aprovação do projeto, o que se ouvia entre os funcionários da Sabesp presentes era a defesa de uma greve em defesa da empresa pública.

“A gente avalia que esse ainda não é o fim da jornada, ainda tem muita luta para ser feita. Amanhã [3/5], às 18h, vai haver uma assembleia no Sintaema para debater um indicativo de greve para o dia 6/5. Queremos que o prefeito Ricardo Nunes ouça a população e os trabalhadores da Sabesp e vete esse projeto”, relatou Marcelo Viola.

No Brasil e no mundo, classe trabalhadora sai às ruas contra a exploração no 1º de Maio

Classe trabalhadora mundial foi as ruas denunciar o imperialismo, o fascismo e os ataques aos direitos dos trabalhadores. No Brasil, o MLC e a UP foram às periferias das grandes cidades defender aumento geral nos salários, redução da jornada de trabalho e a prisão para todos os fascistas e golpistas comparsas de Bolsonaro.

Coord. Nacional do MLC e Redação


TRABALHADORES – Em todo Brasil e no mundo, milhões de trabalhadores foram às ruas celebrar o Primeiro de Maio e defender seus direitos. Com manifestações expressivas em países como a Argentina, Colômbia, França e Turquia, a classe trabalhadora saiu às ruas para denunciar a exploração capitalista, o corte nos direitos trabalhistas e a piora nas condições de vida do povo.
No Brasil, houve manifestações em várias cidades e a militância do Movimento Luta de Classes e da Unidade Popular foi às ruas dos bairros pobres denunciar os ataques dos fascistas contra os trabalhadores. Atos expressivos ocorreram na periferia de Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro e no ABC Paulista.
Na França, mais de 50 pessoas foram presas em confronto com a polícia de Paris. O mesmo ocorreu com 200 trabalhadores que se manifestava contra o governo autoritário de Recep Erdogan, na Turquia. Em Bogotá, na Colômbia, diante de milhares de pessoas o presidente Gustavo Petro anunciou o rompimento total de todas as relações diplomáticas com o Estado terrorista de Israel.

Deter as reformas e o fascismo

Com o avanço das políticas neoliberais, ora adotadas por governos de direita, ora por governos sociais democratas, em diversos países percebemos mudanças nas leis trabalhistas. É o caso da “Reforma” Trabalhista e da Previdência no Brasil, a limitação das aposentadorias na França ou, mais recentemente, o arrocho salarial na Argentina.
Todas essas mudanças acontecem com o objetivo de maximizar os lucros das elites e cria um cenário, onde apenas 1% da população mundial concentrou mais da metade da riqueza produzida nos últimos anos. Se de um lado cresce a riqueza dos que já são muito ricos, no polo oposto cresce a miséria, para os verdadeiros produtores de toda a riqueza da sociedade, os trabalhadores! Problemas como a fome afligem quase 1 bilhão de pessoas no mundo, segundo a ONU, isso em uma sociedade que produz quantidade suficiente para alimentar toda a população mundial sete vezes.
As mulheres trabalhadoras se encontram muitas vezes em condições ainda mais duras, a diferença salarial chega 60% de diferença de salário entre um homem branco e uma mulher negra, segundo o IBGE. Isso tudo numa realidade de jornada dupla e tripla, onde a maior parte do trabalho feminino não é remunerada.
Na Turquia, milhares de trabalhadores foram às ruas contra governo autoritário e reacionário de Recep Erdogan. Foto: Murat Uysal/Evrensel

Luta antifascista e anti-imperialista no Brasil e no mundo

A luta da classe trabalhadora em todo o mundo no dia de hoje lembrou a necessidade de derrubada do fascismo e do imperialismo. Afinal, dentro do capitalismo, os regimes totalitários e violentos são sempre uma opção, já que para a burguesia o que vale é o lucro, independente de quanto sangue inocente precisa ser derramado.
Conflitos inter-imperialistas e o massacre do povo palestino por Israel, que já matou 34 mil pessoas, desenham um futuro de guerras para o mundo que precisa ser detido. Afinal, nas guerras de rapina o que temos são trabalhadores se matando para no final das contas prevalecer o interesse econômico das elites.
O Brasil vive um processo de crescimento da informalidade no mundo do trabalho, hoje em nosso país mais da metade da população apta ao trabalho está vivendo de bicos, uberizada ou pejotizada, por outro lado, apenas um terço da classe trabalhadora brasileira tem carteira assinada.
O discurso de empreendedorismo é alimentado pela imprensa burguesa como alternativa para o enriquecimento dos trabalhadores, mas a realidade é que 2/3 dos MEIs são empresas com apenas um empregado registrado, onde o trabalhador deixa de ter os direitos garantido na CLT.
A carestia tem sido outro grave problema, ano após ano o custo de vida tem disparado e os salários permanecem praticamente congelados, acabando com o poder de compra dos trabalhadores. Segundo dados do DIEESE o salário mínimo necessários para os brasileiros é deveria ser de R$6.438, mas hoje o valor é de R$ 1.412. Para 2025, o Governo Federal prevê aumento para apenas R$ 1.502,00. O mesmo Estado que mantem intacto o mecanismo da dívida pública que todo ano entrega quase metade do orçamento do país a banqueiros com o pagamento de juros e amortização da dívida pública.
Outro ponto que os atos do Primeiro de Maio no Brasil lembraram foi a realidade de adoecimento mental e físico tem causado grande perda a nossa classe e entre as principais razões está a sobrecarga de trabalho. A luta pela redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6×1 é algo urgente. Além do tempo de trabalho se deslocar nas grandes capitais consome em média mais de 7h por semana dos trabalhadores. Para a mulher trabalhadora a situação é ainda pior, estimasse que mulheres trabalham em média 7,5h a mais por semana que homens, devido ao acumulo nas tarefas domésticas.
Além das pautas econômicas a luta pela prisão de Bolsonaro, dos generais golpistas e dos burgueses que financiaram a tentativa de golpe militar em janeiro de 2023 também estiveram entre as principais bandeiras de luta levantadas pelo MLC e pela UP em todo país.

As origens do Primeiro de Maio

O dia 1º de maio tornou-se um dia de luta da classe trabalhadora ao redor mundo quando em 1º de maio de 1886 operários de Chicago realizaram uma grande greve pela jornada diária de 8 horas de trabalho. Na ocasião a luta foi duramente reprimida e dezenas de trabalhadores foram mortos e feridos. Três anos depois, em um congresso internacional na França, foi instituído o 1º de Maio como o Dia dos Trabalhadores e a partir desse exemplo se iniciou uma jornada de luta em várias partes do mundo pela redução da jornada de trabalho.
No Brasil mesmo antes da criação da CLT, que em 1943 instituiu a jornada de 8h diária e 48h semanal no nosso país, diversas categorias haviam conquistado o direito a uma jornada menor fruto das greves, como por exemplo, algumas categorias da indústria de São Paulo, que após diversas greves conquistaram a jornada de 8h diárias, já em 1917, após a primeira greve geral da nossa história. Na ocasião era comum que se trabalhasse até 14h por dia, mas havia em todo o mundo bastante enfrentamento do movimento sindical em torno dessa pauta.
Com a Revolução Russa de 1917 e a criação do bloco socialista, a classe trabalhadora mundial viu que é possível viver com dignidade, sem exploração e sem patrão. Em vários países socialistas, a jornada de trabalho chegou a ser reduzida para 7 ou 6h diárias. Os salários não eram pagos para garantir apenas o básico, mas para dar condições dignas a família de cada pessoa a ter acesso à alimentação, saúde, educação, lazer, cultura e esporte.
O trabalho social de toda classe trabalhadora era apropriado pelo conjunto da sociedade, não por um punhado de ricaços, como acontece no mundo capitalista. Hoje, trabalhamos todos os dias por um salário mínimo que mal dar para comer, enquanto os bilionários continuam cada vez mais ricos.
O Primeiro de Maio hoje em todo mundo relembrou esta história e apontou para um futuro de lutas contra as investidas da burguesia contra nossos direitos e pela derrubada completa deste sistema de exploração que até hoje só nos entregou miséria, fascismo e guerras. No mundo todo, em mais um Primeiro de Maio, foi levantada bem alta a bandeira do antifascismo e do socialismo.
Viva o Primeiro de Maio!