UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

domingo, 9 de novembro de 2025
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O cinema e a consciência negra

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Segundo a tese mais aceita no meio acadêmico, no ano de 1538 o primeiro grupo de escravos negros vindos da África aportaram na Bahia trazidos pelo traficante de pau-brasil Jorge Lopes Bixorda. A partir de então, foram milhões de negros e negras trazidos ao Brasil para servir de mão de obra escrava pelos senhores de engenho, traficantes de pau-brasil, mineradores, barões do café e latifundiários de todos os matizes. Os negros africanos eram trazidos para o continente americano em navios com um índice de mortalidade grande, pois as condições da viagem eram as piores possíveis, sem água potável, médicos ou comida suficiente.

Seguiram-se quase 400 anos de escravidão oficial e outros tantos de escravidão clandestina. Todos esses anos de escravidão negra geraram uma dívida histórica do Estado capitalista brasileiro com os povos negros que vieram para o Brasil forçadamente e foram determinantes para construir, cultural, sociológica e economicamente, o país que temos hoje. Com o fim da escravidão e o desenvolvimento de novas tecnologias na produção, os negros passam a ocupar postos de trabalho que necessitavam de menos capacitação profissional e consequentemente vão ficando à margem. Enquanto os industriais e agroexportadores de café preferiam imigrantes europeus com experiência em trabalhos mais elaborados, os negros iam ficando submetidos a subempregos e mendicância, formando as primeiras favelas brasileiras nas cidades de grande população negra, como o Recife, Salvador e o Rio de Janeiro.

Zumbi

Porém, toda essa história de opressão não ficou sem resposta por parte de negros e negras, e várias revoltas e rebeliões se inscrevem na história de nosso país. Uma formação característica da época das rebeliões escravas era o quilombo. Formados por negros e negras fugidos dos engenhos e latifúndios, os quilombos eram grandes aglomerações num sistema de produção cooperativa e divisão de tarefas coletivas. O mais famoso quilombo foi o de Palmares, liderado por Zumbi.

Na verdade, Palmares era um conjunto de dez quilombos que, em meados de 1670, atingiu a soma de 20 mil habitantes, segundo dados da época. Foi inspirado nesta história que Cacá Diegues fez o filme Quilombo. Com atuações memoráveis de Zezé Mota e Antônio Pompeu (no papel de Zumbi) o filme retrata muito bem o cotidiano de Palmares, a forma de tomar as decisões, as relações entre os quilombolas e as relações com os brancos. Com roteiro baseado nos livros Ganga Zumba (João Felício dos Santos) e Palmares (Décio de Freitas), o filme retrata a fuga de um grupo de escravos de um engenho em Pernambuco, por volta de 1650, e a subida ao Quilombo dos Palmares; com eles vai Ganga Zumba, príncipe em África e líder militar. Com o passar dos anos, o seu afilhado Zumbi assume a liderança militar, e depois de discordar do acordo entre Ganga Zumba e o governador de Pernambuco, assume a liderança política e religiosa de Palmares, enfrentando um dos maiores exércitos da história colonial brasileira. O filme conta ainda com uma trilha sonora à altura, dirigida por Gilberto Gil.

Palmares não foi a única resistência negra. A revolta dos Malês, na Bahia, os incêndios dos canaviais em Pernambuco e Alagoas, a Balaiada, no Maranhão, são apenas alguns exemplos de rebeliões contra a situação da escravidão. Porém, na história que se conta nas escolas, não é bem assim. “Ao tratar das lutas dos negros brasileiros e africanos, uma das características mais frequentes da historiografia oficial é classificá-las à margem da história (…) O que têm a ver os negros com o alargamento das fronteiras? Ou com a independência? Ou com a República? Como não se pode alijá-los do 13 de Maio, transformam-nos em figuração: uma gente trabalhadora, um tanto bruta, de quem os grandes homens tiveram compaixão, dando-lhes a liberdade”, diz Júlio José Chiavenato em seu livro As lutas do povo brasileiro. Mas por que interessa apagar de nossa história esse período?

Ao contrário do que afirmam os historiadores oficiais, o fim da escravidão aconteceu porque ficou simplesmente inviável para os capitalistas manterem tal instituição. Inviável economicamente, porque os negros resistiam cada vez mais, ateando fogo a engenhos, colocando pedaços de carne podre no meio da moagem da cana, fugiam, se rebelavam matando feitores e senhores de engenho; inviável socialmente, porque havia uma comoção pública abolicionista crescendo, principalmente entre os estudantes e trabalhadores urbanos, como fazia notar Castro Alves em seus versos: “Cai, orvalho do sangue do escravo/ cai, orvalho, na face do algoz/ cresce, cresce, seara vermelha/ cresce, cresce vingança feroz”. Portanto, o que acabou, principalmente, com a escravidão, foram as lutas dos negros e trabalhadores e não a boa vontade de nenhuma princesa. E mesmo com todas essas lutas, ainda assim, os negros herdaram dificuldades e preconceitos que se arrastam até os dias atuais.

Quanto vale ou é por quilo?

Um bom panorama destas dificuldades e preconceitos vividos hoje pelos negros pobres é o filme de Sérgio Bianchi, Quanto vale ou é por quilo? Com um roteiro bastante original, que mescla cenas históricas com acontecimentos do cotidiano, o filme nos apresenta a história de escravos e escravas negras deparados com uma sociedade hostil e hipócrita, que apresenta como solidários os brancos que, coniventes com a escravidão, dão migalhas de direitos aos negros próximos. E o brilhantismo do filme está exatamente no paralelo que faz com a atualidade, na atuação de ONGs e entidades beneficentes, que movimentam milhões de reais por ano e, quando resolvem algo, são problemas individuais, mantendo o mesmo sistema de opressão existente.

O importante do filme é exatamente a demonstração de que são os mesmos sentimentos que moviam e movem os beneficentes na busca por salvação ou mesmo ganhos pessoais. Uma das contas que o filme revela é emblemática: “Em todo o País, apenas em entidades que prestam assistência a menores carentes, calcula-se que sejam movimentados mais de 100 milhões de dólares por ano. Cada criança carente corresponde, nesse novo mercado, à criação de cinco novos empregos. (…) de acordo com essa funcionária, temos cerca de dez mil crianças abandonadas nas ruas. Se pegássemos os 100 milhões de dólares, quantia estimada de movimentação financeira dessas entidades que atendem menores carentes, e dividíssemos pelo número estimado de crianças, que são dez mil, cada uma receberia 10 mil dólares por ano. Com esse dinheiro seria possível comprar um apartamento de quarto e sala para cada um deles, a cada dois anos.”

No próximo dia 20 de novembro comemoramos o Dia da Consciência Negra. Criado no início da década de 70 do século passado, em oposição ao 13 de Maio que se apresenta como a data em que a princesa Isabel libertou os escravos, a data marca o dia da morte de Zumbi (aquele que nunca morre, em quimbundo, linguagem de origem bantu muito comum entre os escravos trazidos ao Brasil).

Nesse dia, a melhor forma de comemorar é organizar a luta contra o racismo e a opressão que ainda hoje persiste sobre os negros em nosso país, e uma boa forma de organizar essa luta é com cine-debates nas universidades, escolas, bairros populares e locais de trabalho com esses dois filmes, Quilombo e Quanto vale ou é por quilo?, pois é importante combater o mito de que vivemos numa democracia racial e que o racismo ficou no passado.

Yuri Pires,
critico de cinema de A Verdade

A importância do quadro para a revolução

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O que é um quadro? Devemos dizer que um quadro é um indivíduo que alcança o suficiente desenvolvimento político para poder interpretar as grandes diretrizes emanadas do poder central, torná-las suas e transmiti-las como orientação à massa, percebendo, além disso, as manifestações dessa massa com aos seus desejos e motivações. É um indivíduo de disciplina ideológica e administrativa que conhece e pratica o centralismo democrático e sabe avaliar as contradições existentes no método para aproveitar ao máximo suas múltiplas facetas; que sabe praticar, na produção, o princípio da discussão coletiva e responsabilidade única; cuja finalidade está provada e cujo valor físico e moral se desenvolveram no compasso de seu desenvolvimento ideológico, de tal maneira que está sempre disposto a enfrentar qualquer debate e responder até com sua vida pela boa marcha da Revolução. É, além disso, um indivíduo com capacidade de análise própria, o que lhe permite tomar decisões necessárias e praticar a iniciativa criadora de modo que não se choque com a disciplina.

O quadro, pois, é um criador, um dirigente de alta estatura, um técnico de bom nível político, que pode, raciocinando dialeticamente, levar adiante seu setor de produção ou desenvolver a massa desde o seu posto político de direção.

Este exemplar humano, aparentemente rodeado de virtudes difíceis de alcançar, está, no entanto, presente no povo de Cuba, e nós o encontramos todo dia. O essencial é aproveitar todas as oportunidades que há para desenvolvê-lo ao máximo, para educá-lo, para tirar de cada personalidade o maior proveito e convertê-la no valor mais útil possível à nação.

Consegue-se o desenvolvimento de um quadro na labuta diária. Mas deve-se empreender a tarefa, além disso, de um modo sistemático, em escolas especiais, onde professores competentes sejam exemplos para os alunos, favorecendo a mais rápida ascensão ideológica.

Num regime que inicia a construção do socialismo, não se pode supor um quadro que não tenha um alto desenvolvimento político, mas por desenvolvimento político não se deve entender só o aprendizado da teoria marxista; deve-se também exigir a responsabilidade do indivíduo pelos seus atos, a disciplina que restringe qualquer debilidade transitória e que não esteja em conflito com uma alta dose de iniciativa, a preocupação constante com todos os problemas da Revolução. Para desenvolvê-lo é necessário começar por estabelecer o princípio seletivo na massa, é ali onde é necessário buscar as personalidades nascentes provadas no sacrifício ou que começam agora a mostrar suas inquietudes, e levá-las a escolas especiais, ou, na falta delas, para cargos de maior responsabilidade que as ponham à prova no trabalho prático.

Assim fomos encontrando uma multidão de novos quadros, que se desenvolveram nestes anos; mas seu desenvolvimento não foi uniforme, posto que os jovens companheiros se viram frente à realidade da criação revolucionária sem uma adequada orientação de partido. Alguns triunfaram plenamente, mas há muitos que não puderam fazê-lo completamente e ficaram na metade do caminho, ou simplesmente se perderam no labirinto burocrático ou nas tentações que dá o poder.

Para assegurar o triunfo e a consolidação total da Revolução, necessitamos desenvolver quadros de diferentes tipos; o quadro político, que seja a base de nossas organizações de massa, e que as oriente através do Partido Unido da Revolução Socialista* (já se está começando a estabelecer as bases com as escolas nacionais e provinciais de Instrução Revolucionária e com os estudos e círculos de estudo de todos os níveis); também necessita-se de quadros militares para os quais se pode utilizar a seleção que a guerra fez de nossos jovens combatentes, já que ficou com vida uma boa quantidade, sem grandes conhecimentos teóricos, mas provados no fogo, provados nas condições mais duras da luta e de uma fidelidade a toda a prova com o regime revolucionário, a cujo nascimento e desenvolvimento estão intimamente ligados desde as primeiras guerrilhas da Sierra. Devemos promover também quadros econômicos que se dediquem especificamente às tarefas difíceis da planificação e às tarefas da organização do Estado Socialista nestes momentos de criação.

É necessário trabalhar com profissionais, estimulando os jovens a seguir algumas das carreiras técnicas mais importantes para tentar dar à ciência o tom de entusiasmo ideológico que garanta um desenvolvimento acelerado. E é imperativo criar a equipe administrativa que saiba aproveitar e harmonizar os conhecimentos técnicos específicos com os demais e orientar as empresas e outras organizações do Estado para integrá-las ao forte ritmo da Revolução. Para todos eles, o denominador comum é a clareza política. Esta não consiste no apoio incondicional aos postulados da Revolução, mas sim num apoio racional, numa grande capacidade de sacrifícios e numa grande capacidade dialética de análise, que permite fazer contínuas contribuições, em todos os níveis, à rica teoria e à prática da Revolução. Estes companheiros devem ser selecionados na massa, aplicando-se o princípio único de que o melhor sobressaia e que ao melhor sejam dadas as maiores oportunidades de desenvolvimento.

Em todos estes lugares, a função do quadro, apesar de ocupar frentes distintas, é a mesma. O quadro é a peça mestra do motor ideológico que é o Partido Unido da Revolução. É o que poderíamos chamar de parafuso dinâmico deste motor: parafuso enquanto peça funcional que assegura seu correto funcionamento, dinâmico enquanto não é um simples transmissor para cima ou para baixo de lemas e demandas, mas um criador que ajudará o desenvolvimento das massas e a informação dos dirigentes, servindo de ponto de contato com aqueles. Tem uma importante missão de vigilância para que não se liquide o grande espírito da Revolução, para que esta não durma, não diminua seu ritmo. É um lugar sensível; transmite o que vem da massa e lhe infunde o que orienta o Partido.

Desenvolver os quadros é, pois, uma tarefa inadiável no momento. O desenvolvimento dos quadros tem sido tomado com grande empenho pelo governo revolucionário; com seus programas de bolsa de acordo com princípios seletivos, com os programas de estudo para os operários, dando diferentes oportunidades de desenvolvimento tecnológico, com o desenvolvimento das escolas secundárias e as universidades abrindo novas carreiras, com o desenvolvimento, enfim, do estudo, do trabalho e da vigilância revolucionária como lemas de toda a nossa pátria, baseados fundamentalmente na União de Jovens Comunistas, de onde devem sair os quadros de todo tipo e ainda os quadros dirigentes da Revolução no futuro.

Comandante Ernesto Guevara de La Serna
Cuba Socialista, setembro de 1962

* O primeiro esforço das organizações revolucionárias cubanas pela constituição de um partido marxista-leninista unificado foi a criação das Organizações Revolucionárias Integradas (ORI), agrupando num único organismo político o Movimento 26 de Julho, o Partido Socialista Popular e o Diretório Estudantil Revolucionário. Depois se passou à formação do Partido Unido da Revolução Socialista, que posteriormente deu origem ao Partido Comunista de Cuba.

As gaiolas da China capitalista

Apesar de alguns revisionistas seguirem afirmando que a China é um país socialista, os fatos insistem em demonstrar que a economia chinesa, em que pese ainda ter um grande número de empresas e bancos estatais, é, de fato, uma economia capitalista e seus governantes adotam cada vez mais políticas de exclusão dos pobres, o que é uma característica dos governos capitalistas.

Para garantir o êxito de uma feira religiosa que ocorreu em 20 de setembro, as autoridades da Província de Jiangxi, no sul da China, inspiradas no pensamento de Deng Xiaoping e no filme norte-americano Planeta dos Macacos, decidiram colocar os mendigos da cidade em gaiolas. Os que não aceitaram a humilhação foram levados para um local desconhecido.

Os responsáveis da feira justificaram a medida da seguinte forma: “Esse ano nós decidimos que não queríamos mendigos vagando pela feira, constrangendo nossos visitantes e estragando o evento.” Outro organizador explicou assim o uso das gaiolas: “Não tivemos escolha a não ser bani-los do local. Vimos nas gaiolas uma boa solução para todos. As pessoas ainda podem dar dinheiro, mas não são mais assediadas e seguidas no festival, onde estão passando um dia em família. Os mendigos estão “confortáveis” em suas gaiolas. As pessoas dão comida e água como presentes. De certa maneira, é melhor eles estarem ali do que ter que encontrar um lugar na rua.”

Semelhantes às usadas em zoológicos, as gaiolas são baixas o que obriga os adultos a ficarem sentados, pois não cabem em pé. Apesar de serem “livres” para sair das gaiolas, os mendigos que decidem sair são “banidos da área do festival e obrigados até mesmo a deixar a cidade”.

Acontece que os mendigos não surgiram do nada. Eles são frutos de uma política que tirou a terra dos camponeses e a entregou nas mãos de grandes companhias estrangeiras que foram instaladas na China. Eles foram gerados também pelas reformas econômicas iniciadas na década de 70 sob o comando de Deng Xiaoping, que criou as Zonas Econômicas Especiais, promoveu ampla abertura para o capital estrangeiro e estimulou o crescimento da burguesia nacional. Tais reformas expulsaram milhões de camponeses do campo, deixando-os desempregados, e privatizou a terra nas cidades, o que levou milhares de famílias serem despejadas de suas casas e se tornarem moradores de rua e sem emprego,  transformando-se em mendigos.

Mas enquanto a miséria cresce na China e torna-se impossível escondê-la, a riqueza do povo chinês vai para o exterior ou para mãos privadas. O jornal New York Times revelou em outubro que os familiares do primeiro-ministro chinês Wen Jiabao, que terminará o mandato em novembro, têm uma fortuna de US$ 2,7 bilhões. Segundo o jornal, os nomes de parentes de Wen Jiabao aparecem em vários documentos de empresas oficialmente chefiadas por amigos, colegas de trabalho ou parceiros de negócios. Entre os investimentos da família de Wen estão um condomínio em Pequim, uma fábrica de pneus, a empreiteira que construiu o Estádio Ninho de Pássaro para a Olimpíada de 2008 e a Ping An Seguros, gigante mundial na área de serviços financeiros. Os familiares do premiê têm ainda participações em bancos, teles, projetos de infraestrutura e resorts para turistas e offshores abertas em paraísos fiscais. O jornal revela ainda que as empresas dos parentes de Wen tiveram apoio financeiro de estatais como a China Mobile, uma das maiores teles do país. Aliás, grupos privados receberem apoio do estado para impulsionar seus negócios ou para evitar uma falência é também uma prática bastante comum no capitalismo. Como se vê, a família de Wen Jiabao cumpriu à risca o pensamento do líder Deng: “ser rico é glorioso”.

Entretanto, para enganar as massas trabalhadoras do país, o governo chinês excluiu em outubro, da Assembleia Nacional Popular (ANP) e do Partido Comunista Chinês (PCC), o dirigente Bo Xilai. Bo Xilai deve responder na Justiça por acusações de corrupção generalizada quando administrava a Província de Chongqing e de ter sido cúmplice de sua mulher Gu Kailai na morte de um empresário britânico.

Porém, a classe operaria chinesa não está alheia a tudo isso. Pelo contrário, cresce o número de greves e de manifestações, o que tem aumentado em muito a dor de cabeça dos governantes.

Em 6 de outubro, milhares de trabalhadores da Foxconn, que fabrica componentes para o iFhone 5, da Apple, entraram em greve contra os baixos salários, pela diminuição da jornada de trabalho e exigindo melhores condições de trabalho. A Foxconn é a maior fabricante mundial de componentes para computadores, atuando na montagem de produtos para Apple, Sony, Intel e Nokia, entre outras empresas e suas instalações na China empregam até 1,1 milhão de trabalhadores.

Em 15 de outubro, os operários da fábrica Henan Xinfei Electric Co. Ltd. decepcionados com os salários baixos e após realizar vários dias de greve e manifestações na cidade de Xinxiang, receberam aumento no salário mensal de 300 yuans (US$ 48) a partir de outubro e outro aumento de 200 yuans a partir do início de 2013. O salário mensal de um trabalhador da Xinfei é de cerca de 1.200 yuans (US$ 184,6), menor que o salário médio de um trabalhador da cidade, que é de 2.160 yuans (US$ 332,3). A empresa também prometeu pagar adicionais de trabalho para condições de altas temperaturas ou horas extras.

Em setembro, em outra fábrica da Foxconn no norte da China, cinco mil policiais foram destacados para reprimir uma greve de 79 mil operários após o suicídio de um trabalhador.

O fato é que o “socialismo de mercado” chinês nada tem de socialismo; é puro capitalismo. Significa apropriação privada das riquezas produzidas pelos trabalhadores e, em decorrência, a exploração e o empobrecimento do povo e o enriquecimento de uma minoria com o apoio do Estado. Com efeito, de acordo com levantamento da Pesquisa Financeira Domiciliar da China, os 10% domicílios chineses mais ricos têm 57% da renda e 85% de toda a riqueza do país.

Os trabalhadores chineses levaram milhares de anos para derrubar as muralhas da opressão, da exploração e da intervenção estrangeira. Conseguiram em 1949 com o triunfo da Revolução Popular da China. Dessa vez, bastarão algumas décadas para enterrar e sepultar corretamente a burguesia e seu modo de produção capitalista e erguer uma sociedade fraterna, humana e livre, um verdadeiro socialismo.

Lula Falcão,
membro do comitê central do PCR

A primeira poligrafia de autores piauienses

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A obra Dicionário de Sabedoria dos Piauienses representou um marco dentro da literatura do Piauí, pois colocou sob uma nova ótica a maneira de ser vista a primeira poligrafia de autores piauienses. As palavras, por si só, possuem uma grande capacidade de transformação quando colocadas de maneira sincronizadas dentro de concepções inovadoras e, neste caso, estas mesmas (as ideias) foram aplicadas brilhantemente na obra acima citada.

Cada página folheada vai revelando, paulatinamente, axiomas inspirados e suas várias nuances que perpassam o limite dos padrões estabelecidos pelos pensadores. As ideias expressas em livros desse gênero, que são os fragmentos dessa obra, têm vida própria, e a sapiência tende a andar de “mãos dadas” com a criatividade.

Durante o meu “passeio cultural” por este livro-rico, tanto na forma como em conteúdo, verifiquei que constavam no Dicionário de Sabedoria dos Piauienses diversos autores contribuindo para o engrandecimento dessa obra, com suas frases cheias de verdade, dentre os quais se destacam: Mário Faustino dos Santos e Silva; Maria Elizabeth Rego Oliveira; Eliane Madeira Moura Fé Dantas; Claudete Maria Miranda Dias; José Camilo da Silveira Filho e Cineas das Chagas Santos, entre outros.

O primeiro, dos que foram mencionados acima, nasceu em Teresina a 22 de outubro de 1930. Ele estreou em sua carreira literária publicando dois poemas em 1948, no jornal paraense Folha do Norte, intitulados Dois Motivos da Rosa e Poemas do Anjo. A linguagem poética encontrada é de estilo conciso, enxuto, e emprega poucos adjetivos. As principais figuras de linguagem utilizadas são a metáfora (alcançando tons sublimes), anáfora e antítese. A passagem transcrita abaixo, tirada de uma das poesias de Mário Faustino, ilustra tudo o que foi colocado sobre ele: “Amante: coração queimado”.

Logo em seguida, com muita dinamicidade e inteligência, surge a Maria Elizabeth, também, chamada de Beth Rego. Nasceu no Rio de Janeiro, no dia 2 de fevereiro de 1960. É poetisa e militar. Em 1996, com o livro Ofício da Palavra, obteve o primeiro lugar na categoria poesia no concurso literário da Fundação Cultural Monsenhor Chaves. Essa mulher, tão forte e corajosa, expressa toda a sua delicadeza e amor nessa seguinte menção: “A vida sem amor não tem sentido, é um passar de horas e dias, é um vazio”.

Em terceiro lugar encontra-se Eliane Madeira, natural de Simplício de Mendes, nascida a 16 de abril, em 1957. Publicou dois livros: Álbum de Fotografias e Por Dentro da Alma, em 2001. Em sua citação, escreve o seguinte: “A poesia é a essência da alma que alivia o coração”.

Claudete Maria Miranda nasceu em 11 de janeiro no ano de 1951. Ela tem vários trabalhos publicados nas seguintes revistas: Presença, Cadernos de Teresina e Espaço e Tempo. Fez curso de interpretação e técnica vocal. Em um trecho do seu aforismo, diz: “Todo povo tem história, é preciso difundi-la, pesquisá-la”.

O quinto pensador, chamado José Camilo da Silveira Filho, também conhecido como Camilão, é um político, escritor e professor universitário brasileiro que tem sua história marcada pelo Piauí. Ele é membro da Academia Brasileira de Letras. O seu apotegma diz o seguinte: “Pode-se dizer-se que tudo aquilo que existe no homem comunica algo ou muitas coisas”.

Cineas Santos nasceu em Campo Formoso, Município de Caracol, Sertão do Piauí. É poeta, cronista, intelectual, professor, advogado, agente cultural, editor e livreiro atuante no Brasil. Também autor da letra do Hino Oficial de Teresina, em parceria com o músico Erisvaldo Borges. Entre as várias máximas que ele já escreveu, existe uma salientando o medo: “O medo nos faz arredios, desconfiados, tristes, paranoicos”.

Enfim, todos os seis pensadores escolhidos por mim para representar os demais que ajudaram a tornar realidade esse livro tão importante são grandiosos, e conseguiram passar o que sentiam por meio dos seus ditos, multiplicadores de sabedoria. E, por último, o sétimo autor, que a ousadia e sagacidade o transformaram em sua obra, convertendo-a em realidade. O nome desse “mágico” com as palavras: José Antônio da Silva.

Maria de Lourdes Oliveira Cruz

Tem especialização em docência superior pela faculdade Centro de Ensino Unificado de Teresina (Ceut). Formada em espanhol (Uespi) e francês (UFPI).   

Doenças negligenciadas: retrato de um país desigual

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Já se passou mais de um século desde que médicos como Oswaldo Cruz e Carlos Chagas denunciaram que determinadas doenças estavam diretamente ligadas ao subdesenvolvimento social.

Doenças como a dengue, doença de Chagas, leishmaniose, malária, esquistossomose, hanseníase e tuberculose ainda matam um milhão de pessoas por ano no Brasil. Mas o que todas elas têm em comum? A resposta repousa num histórico de negligência repetida e no fato de que nenhuma delas está na lista de prioridades. Além disso, essas doenças resistiram ao tempo e estão presentes até hoje na vida da maioria das pessoas carentes.

Dessa forma, tendo passado mais de um século, Pernambuco mudou a forma de economia, já não depende só do plantio. Ao contrário, tem recebido muitos investimentos e, falando em termos econômicos, segundo especialistas, é um estado que está em plena ascensão. Porém, essas mazelas que insistem em assolar a vida de tantos cidadãos nos mostram a realidade do Estado de Pernambuco e do Brasil. A verdade é que a vida da maior parte da população não é tão boa assim.

Isso tudo só confirma que desenvolvimento econômico não significa o mais importante: desenvolvimento social. Uma população precisa de serviços e obras estruturais, juntamente com uma espécie de tríade de direitos que são: educação, acesso a serviços de saúde e saneamento básico.  A ausência destes três pontos favorece o aparecimento de diversas doenças que não prevalecem em condições de pobreza e contribuem para a manutenção do quadro de desigualdade, já que representam forte entrave ao desenvolvimento social.

A grande verdade é que as doenças negligenciadas estão diretamente ligadas a questões econômicas, pois, as grandes indústrias farmacêuticas não veem nessas doenças nenhum potencial de se tornarem impulsoras de compradores de remédios. Em outras palavras, são doenças que não têm um público comprador. Afinal, estão presentes na parte da população pobre e que mal consegue sobreviver.

E é justamente pela falta de investimentos da iniciativa privada e pelo esquecimento por parte da máquina pública que tanto a população carente quanto essas doenças são negligenciadas. Não se pode pensar em doenças sem pensar nas pessoas e, nesse caso, há uma dupla negligência típica do capitalismo: onde as indústrias são mais importantes que moradias, lucro é mais importante que cidadãos e onde o dinheiro vale sempre mais que os seres humanos.

Não se pode ficar esperando que um dia essas doenças sejam prioridade. É preciso muita luta para trazer direitos sociais a todos. Fazer o cidadão ser um cidadão de verdade. Só assim ele terá direito de viver sem ser presa fácil de doenças tão simples de serem evitadas. Somente em um país socialista a igualdade social será o remédio para uma população tão negligenciada quanto as doenças que ela tem.

Lene Correia, Recife

Fontes: IBGE(CENSO 2010) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

Famílias promovem ocupação em Teresina

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Cansadas de esperar pelos programas do Governo que prometem moradia, cerca de 120 famílias organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) ocuparam, no dia 21 de outubro, um terreno da Prefeitura de Teresina, localizado na Zona Sudeste da Capital piauiense. O local estava abandonado há anos, servindo apenas para favorecer a especulação imobiliária.

A ocupação foi batizada de Olga Benario, em homenagem à grande lutadora comunista que entregou sua vida à defesa de uma sociedade mais justa e à luta contra o nazifascismo.

No dia 25, cerca de 30 famílias foram recebidas pelo secretário de governo da Prefeitura, Antônio Cláudio, que se comprometeu a dialogar com o movimento e encaminhou as famílias à Secretaria de Habitação. Em seguida, a comissão se reuniu com representantes desta Secretaria, abrindo as negociações sobre a solução do problema de moradia.

A Ocupação Olga Benario recebeu apoio dos moradores da região, e, todos os dias, dezenas de famílias que não aguentam mais viver de aluguel ou de favor na casa de parentes procuram o Movimento para se somar à luta.

Natalia Freitas e Amanda Augusta, Teresina

Quando o sonho vira realidade

Num clima de otimismo e fé, mais de 200 barracos de alvenaria já foram construídos na Ocupação Eliana Silva, em Belo Horizonte. “Nossa meta é transformar a ocupação em um bairro e vamos provar que isso é possível, tendo ligação oficial da luz, da água, rede de esgoto, iniciar o projeto da área de lazer e queremos construir o centro ecumênico,” disse Poliana Souza, 25 anos, mãe de uma filha, militante do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e membro da coordenação da ocupação.

Incentivados pela coordenação, boa parte das casas de alvenaria estão sendo construídas através dos mutirões. Os moradores se juntam em grupos e vão levantando as moradias. Os avanços podem ser registrados através das falas dos moradores: “Espero que, no futuro, meus filhos possam estudar. Espero que minha vida possa mudar. Agora tenho endereço fixo, comecei a trabalhar e estou juntando dinheiro para melhorar minha construção”, relata Cristina Lima, 22 anos, mãe de dois filhos. “Eu vim pra cá porque morava de favor na casa de filho e eu não pretendo depender de filho por toda vida. Depois que separei do meu marido, ele vendeu a casa e fiquei anos morando de favor. Agora estou ocupando meu tempo. Graças a Deus, não tenho nada que reclamar da ocupação. Espero construir minha casa e ficar quentinha aqui dentro. Espero que esse povo (Prefeitura e Polícia) não venha mexer com a gente aqui”, afirma Dona Cassilda dos Anjos, 57 anos.

Exemplos da capacidade popular de resolução de problemas são cotidianos nesta ocupação: uma horta comunitária está sendo organizada, e o adubo está sendo feito a partir dos restos de comida e de outros materiais orgânicos.

A creche está ganhando apoios importantes. Um projeto pedagógico para creche está sendo organizado, com apoio de um núcleo de educação formado por professores e estudantes da Faculdade de Educação da UFMG e demais apoiadores de outras instituições e entidades.

No dia 14 de outubro, a rede de solidariedade realizou a comemoração do Dia das Crianças. Foram feitas muitas brincadeiras, oficinas e distribuição de centenas de brinquedos. O dia foi encerrado com a exibição o filme “Formiguinhaz”.

Os fins de semana são ocupados com atividades esportivas e culturais. Os times de futebol masculino, feminino e infantil já estão formados e iniciando seus treinos.

O MLB e a Associação Cultural e Social de Capoeira Santa Rita, que tem como coordenador o grande capoeirista Mestre Tito, fecharam um convênio que oferece aulas de capoeira gratuita aos moradores todas as sextas e sábados.

Outros avanços acontecem na ocupação. Na questão jurídica, houve uma vitória em primeira e segunda instância, onde o agravo feito por um suposto dono de parte do terreno foi indeferido pela Justiça.

Além disso, um grupo de Chorinho irá se apresentar no dia 4 de novembro na ocupação, e o coletivo Família de Rua, responsável pelo renomado Duelo de MCs, que já ganhou expressão nacional, irá realizar uma performance dentro da ocupação no dia 25 de novembro.

Leonardo Pericles, da coordenação do MLB

Construção Coletiva vence eleição do DCE Unicap

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O Movimento Estudantil dá mais um passo à frente em Pernambuco após a eleição realizada nos dias 25 e 26 de outubro para o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Católica de Pernambuco (DCE-UNICAP).

A UNICAP, tradicional Universidade de Pernambuco particular, está entre as mais caras instituições de ensino do estado. Devido aos altos custos das mensalidades e as abusivas taxas cobradas na graduação e a escassez de bolsas, tem um elevado índice de evasão. Com essa realidade, os estudantes precisavam de um DCE de luta e atuante, porém, não era isso que acontecia. As últimas gestões foram inoperantes, aceitavam o aumento das mensalidades e abandonaram a sede do DCE.

O movimento Grito Estudantil surgiu justamente para fazer diferente, realizou várias mobilizações na UNICAP e chegou a vencer a última eleição do DCE em 2010, porém, a administração da universidade em conluio com a anterior gestão do DCE fechou as portas da entidade. Essa atitude trouxe um enorme prejuízo para os estudantes.

Após muito diálogo entre os vários grupos existentes na universidade, a eleição para o DCE foi definida. Os prazos da eleição foram prorrogados para que todos pudessem inscrever suas chapas e participar da eleição. Duas chapas foram inscritas: Viração e Construção Coletiva, esta última apoiada pelo Grito Estudantil, Muda, Pra Fazer Diferente e pela UJR. Após a apuração, a Chapa Construção Coletiva 1045 votos e a Viração 343 votos. Venceu a vontade dos estudantes de renovação e de um movimento estudantil sério e de luta.      

Marcus Vinícius, Presidente do DCE-UNICAP.

Ares ABC realiza segundo congresso em Santo André

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Com a participação de 100 estudantes, ocorreu no dia 20 de outubro, na Universidade Federal do ABC, em Santo André, São Paulo, o 2º Congresso da Associação Regional dos Estudantes Secundaristas do ABC. O congresso começou com uma homenagem ao revolucionário Che Guevara, assassinado em 7 de outubro de 1967 pela CIA e o exército boliviano.

A mesa de abertura do congresso teve a presença de Gladson Reis, da Ubes, Aline Bailo, da Fenet, Carolina Mendonça, do Movimento de Mulheres Olga Benario, Wanderson Pinheiro, PCR, Tainá Siudá, MLB, e da juventude do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, representada por Wellington.

Um dos momentos de maior emoção do congresso foi quando o filho de Devanir José de Carvalho, militante do MRT assassinado pela ditadura em 1971, denunciou o assassinato de seu pai e as torturas que sua mãe sofreu e declarou ter orgulho de ter o mesmo nome do homem que fez de Cuba um país socialista e de saber que ainda hoje existem jovens que dão continuidade à luta. Todos os da mesa avaliaram de forma unânime o crescimento da Ares ABC, o seu reconhecimento e respeito nas escolas das cidades da região.

O congresso debateu a precariedade da educação no Estado de São Paulo e a política de sucateamento da educação pública do governo do PSDB, a falta de professores e de merenda nas escolas e a necessidade de que todos ali presentes lutassem e organizassem grêmios livres nas escolas do ABC.

À tarde ocorreram debates sobre o livre acesso à universidade e o passe livre no transporte público, além do crescimento do uso do tráfico de drogas nas escolas, a luta da mulher jovem por seus direitos e a questão do emprego para os jovens, pois muitos jovens trabalham de maneira  informal e não conseguem terminar o ensino  médio.

Com muita palavra de ordem e um agradecimento especial aos diretores da última gestão, que foram os primeiros a dar perspectiva de movimento estudantil secundarista na região, foi eleita a nova diretoria da Ares ABC, com  Hellan Pierri como presidente.  Logo em seguida foi dada posse à diretoria de dois grêmios das escolas Ordania, que fica em Santo André, e Colaço, de São Bernardo.

Gabriela Valentim, militante da UJR e ex-presidente  da ARES ABC

Estudantes reorganizam grêmio do IEMG

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No dia 16 de outubro, milhares de estudantes comemoraram a refundação do Grêmio Livre Estudantil do Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG), depois de mais de 15 anos desativado. Em assembleia geral, mais de 1.300 estudantes decidiram reorganizar a entidade. Na assembleia foram aprovadas a comissão eleitoral e a data das eleições, e o grêmio recebeu o nome de “Professor Vinicius José Machado”, em homenagem ao primeiro diretor eleito democraticamente na escola, depois de mais de 16 anos, que morreu este ano, vítima de câncer.

Lamentavelmente, nas duas últimas semanas do processo eleitoral houve uma grande intervenção da Secretaria Estadual de Educação que, de forma autoritária, tentou controlar o processo através no Colegiado da escola, utilizando ilegalmente funcionários, fazendo ameaças e difamando as lideranças. Apesar de tudo isso, a chapa Atitude Coletiva, organizada pelos estudantes em conjunto com a Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas da Grande BH (Ames-BH), com mais de 300 estudantes, derrotou essa intervenção.

Mais de 1.000 estudantes participaram da votação. As urnas foram abertas em todos os turnos da escola e a chapa Atitude Coletiva obteve 825 votos contra 270 votos da chapa Fênix (chapa da direção da escola).

“Essas eleições foram um importante marco na construção do movimento estudantilem Belo Horizontee na luta contra a tentativa da Secretaria de Educação de atacar o direito à livre organização dos estudantes”, afirmou Lincoln Emmanuel, diretor da Ames-BH e estudante do Instituto de Educação.

A Ames-BH prepara seu congresso para o fim do mês de novembro e conta com mais um grêmio na sua base de apoio para fortalecer ainda mais a luta dos estudantes de BH.

Bruno Duarte, diretor da Ames-BH e estudante do IEMG

UJR realiza ativo universitário em Carpina

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Segundo dados do governo, o Brasil tem 50 milhões de jovens com idade entre 18 e 29 anos, e, destes, apenas 15% estão no ensino superior brasileiro, sendo que 75% estão nas universidades privadas que, na maioria das vezes, não oferecem um ensino de qualidade nem pesquisa e muito menos extensão universitária. Para deixar pior a situação, a política de assistência estudantil do governo para as universidades federais deixa desamparada a maior parte dos estudantes que necessitam dessas políticas para continuar seus cursos, principalmente em relação a moradia, alimentação e bolsas. O resultado desse imenso descaso com a assistência estudantil é o crescimento da evasão escolar nos bancos universitários para 21%, nos últimos dez anos, de acordo com o Inep.

Para transformar essa realidade, a União da Juventude Rebelião (UJR) realizou, nos dias 12, 13 e 14 de outubro, na cidade de Carpina, PE, o ativo nacional universitário da UJR, em que se reuniram os militantes universitários da Rebelião para discutir a intervenção na atual conjuntura.

Um importante debate no ativo nacional foi a atuação nos forúns da União Nacional dos Estudantes (UNE) e, mais particularmente, no 14º Conselho Nacional de Entidades de Base (Coneb) que se realizará no Recife nos dias 18, 19, 20 e 21 de janeiro de 2013. Num momento em que a Comissão Nacional da Verdade investiga os crimes cometidos pelos agentes do Estado brasileiro contra o povo, a juventude e a democracia, o Coneb será um importante momento, pois, por proposta da UJR, nele ocorrerá um ato político de formação da Comissão da Verdade da UNE, que será responsável por investigar os mortos, perseguidos e desaparecidos estudantes do período da ditadura, pressionando assim a Comissão Nacional a descobrir os assassinos de Honestino Guimarães, Manoel Lisboa e tantos outros. Neste mesmo Coneb será discutido um novo projeto de reforma universitária que a UNE passará a defender como projeto de universidade.

Infelizmente, nos últimos anos, a maior parte da diretoria da UNE tem apoiado políticas  desastrosas sobre os rumos da educação em nosso país, como é o caso da defesa incondicional do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Passados cinco anos de sua implementação, com a criação da Comissão de Acompanhamento da Expansão nas Universidades Federais, da qual fazemos parte representando a entidade, fica evidente que este programa não foi capaz de atender às demandas da universidade brasileira e muito menos de resolver o problema da exclusão a que está submetida a juventude brasileira.

Também a União Nacional dos Estudantes tem perdido apoio nas universidades públicas por conta dessa desastrosa política de blindar o governo sempre que os estudantes e a juventude entram em confronto com as políticas que vão de encontro às suas expectativas. Foi o caso da última greve nas universidades federais, que durou mais de cem dias e que, não fosse pela ativa participação dos diretores ligados à UJR e da oposição, não teria presença da entidade, visto que os estudantes em greve foram abandonados pela direção da UNE, pois estes sumiram das universidades no momento em que os estudantes mais precisavam de sua entidade máxima.

É por estas e outras razões que o ativo nacional da UJR convoca todos os seus militantes, aliados e simpatizantes a lutarem por uma UNE rebelde e combativa ao lado dos estudantes!

Yuri Pires, primeiro-vice-presidente da UNE