No dia 3 de outubro, aconteceu a Solenidade de Reabertura do Salão Nobre da Faculdade de Direito do Recife, em comemoração dos seus 100 anos, onde foi convidado como conferencista o ex-vice presidente Marco Maciel.
Os estudantes, indignados com a homenagem à um interventor da ditadura em Pernambuco, levaram cartazes criticando a política ditatorial defendida pelo convidado e pedindo a abertura dos arquivos da ditadura. Contudo, o ex-vice presidente parece não lembrar de tudo isso, nem mesmo das condições que o fizeram chegar ao cargo de governador, falando no seu discurso de democracia e direitos eleitorais.
O DCE-UFPE quebrou o protocolo, demonstrando a insatisfação dos estudantes, para denunciar a infeliz escolha do Governador Biônico e fazer a justa homenagem que essa solenidade deveria ter feito, aos estudantes que muito lutaram por uma sociedade mais justa e democrática e que por isso foram perseguidos, presos, torturados, desaparecidos e mortos pelo regime representado por Marco Maciel em nosso estado, a exemplo de Umberto Câmara Neto patrono do DCE.
Além disso, solicitamos o apoio da Reitoria da UFPE ao Comitê de Memória Verdade e Justiça de Pernambuco, que tem como objetivo mostrar o que aconteceu com os desaparecidos políticos, julgar e punir os responsáveis pelos crimes cometidos contra os lutadores e lutadoras de Pernambuco.
Mais de 700 manifestantes foram presos sábado nos Estados Unidos, durante um protesto que bloqueou a ponte do Brooklyn, em Nova York, na 15ª jornada promovida pelo movimento Ocupar Wall Street, que mantém uma “acampada” no Zucotti Park, no centro de Manhattan.
A ponte liga a baixa de Manhattan ao bairro do Brooklyn, cruzando o East River.
A polícia alegou que não prendeu ninguém que se manteve no passeio, mas que os manifestantes foram para a estrada e assim bloquearam a ponte, o que é proibido. Mas os jovens dizem que foi a própria polícia que os conduziu e escoltou para a travessia rodoviária da ponte. Acusam, assim, a polícia de Nova York de os ter conduzido a uma armadilha.
Os manifestantes levavam à frente um cartaz onde se podia ler “We the People” (Nós, o Povo), as primeiras palavras do preâmbulo da Constituição dos EUA. Quando começaram as prisões, os manifestantes reagiram gritando “O mundo inteiro está a ver”, em alusão ao live streaming pela Internet que estava a decorrer no momento.
Em seguida, sentaram-se no chão e gritaram “Let them go!” diante de todos os jovens, alguns visivelmente menores, que estavam a se detidos. O protesto foi totalmente pacífico.
Segundo testemunhos citados pelo The New York Times, os detidos foram levados em dez autocarros e libertados em seguida. Há denúncias que alguns deles foram agredidos. Todos foram algemados. Cerca de 3 mil pessoas terão participado na manifestação.
As manifestações estão cada vez a ganhar mais peso, e os “indignados” norte-americanos, que denunciam a injecção de dinheiro público para salvar os bancos e a corrupção do sistema financeiro, recebem a cada dia apoio público de intelectuais como Noam Chomsky, o documentarista Michael Moore ou a actriz Susan Sarandon. Houve manifestações também em Washington, São Francisco e Chicago.
Aproximadamente 70 filmes foram gravados na URSS entre o período de 1931-1940. Mas a maioria deles, infelizmente, foi perdida. Ou, pelo menos, se encontra temporariamente perdida.
Algumas das imagens abaixo, retiradas do filme “Blossoming Youth”, produzem uma indelével impressão por causa da vivacidade e da naturalidade de suas cores, o que era muito incomum para o cinema da época.
Entre as fotos se encontram também algumas tomadas de um evento esportivo, provavelmente de 1939, na qual se encontravam presentes Stalin e Kalinin, então presidente da URSS.
Essa surpreendente qualidade são evidência do alto grau de avanço da cultura e das artes na URSS sob a direção de Stalin. Dificilmente encontram-se produções de nível semelhante nos países capitalistas deste período.
Aos desavisados, pode ter parecido que a aprovação do PL 7.376/2010 pela Câmara dos Deputados, na noite de 21 de setembro, foi uma vitória da democracia. Afinal de contas, o projeto impôs uma derrota aos setores de extrema-direita representados por parlamentares como o ex-capitão Jair Bolsonaro. Afinal de contas, dirão os otimistas, conseguiu-se criar a Comissão Nacional da Verdade, antiga reivindicação de ex-presos políticos e de familiares de desaparecidos políticos.
Ocorre que a Comissão Nacional da Verdade – na configuração em que foi aprovada e caso o Senado mantenha inalterado o texto do projeto – tende a resultar em mero embuste, um simulacro de investigação, tais as limitações que lhe foram impostas. Será preciso enorme pressão dos movimentos sociais para que ela represente qualquer avanço em relação ao que já se sabe dos crimes cometidos pela Ditadura Militar, e, particularmente, para que obtenha qualquer progresso em matéria de punição dos autores intelectuais e materiais das atrocidades praticadas pelos órgãos de repressão política.
A verdade pura e simples é que o acordo mediante o qual o governo aceitou emendas do DEM, do PSDB e até do PPS, mas rejeitou sem apelação e sem remorsos as diversas emendas propostas pela esquerda e pelos movimentos sociais, é a renovação da transição conservadora de Tancredo Neves. O acordo que selou a “conciliação nacional”, celebrado nos estertores da Ditadura entre o líder do conservadorismo civil e a cúpula militar, foi preservado por Lula e acaba de ser repaginado e remoçado por Dilma Roussef. Os militares são intocáveis, não importa que crimes tenham cometido, e seus financiadores e ideólogos civis idem.
Não foi por outra razão que o líder do DEM, deputado ACM Neto, subiu à tribuna ao final da sessão, minutos antes da votação decisiva, para elogiar “a boa fé e o espírito público” da presidenta da República. “O Democratas está pronto para votar, pronto para dizer sim à História do Brasil”, acrescentou gloriosamente. O deputado Duarte Nogueira, líder do PSDB, também comportou-se à altura da ocasião. Depois que o líder do governo, deputado Candido Vaccarezza, dispôs-se a incorporar uma emenda conjunta da deputada Luiza Erundina e do PSOL, Nogueira elegantemente pediu a palavra para objetar e declarar inaceitável o seu teor. Foi o que bastou para o líder do governo imediatamente recuar.
Muito sintomático do tipo de acordo que se arquitetou, e do papel que se pretende reservar à Comissão Nacional da Verdade, foram as repetidas homenagens que ACM Neto, Vaccarezza e até o líder do PT, deputado Paulo Teixeira, prestaram ao ex-ministro Nelson Jobim e ao seu assessor José Genoíno. Estes dois personagens foram os leva-e-traz dos altos comandos das Forças Armadas nas “negociações” entre estas e o governo ao qual deveriam prestar obediência. O líder do governo foi mais longe em suas demonstrações de subserviência e chegou a agradecer expressamente aos comandantes militares.
Na tribuna, o deputado Paulo Teixeira fraudou a história ao declarar que, “como todos sabem”, as violações ditatoriais “foram praticadas entre 1968 e 1980”! Portanto, não houve golpe militar nem qualquer atrocidade entre 1964 e 1968. Gregório Bezerra não foi arrastado seminu pelas ruas de Recife. Os militantes das ligas camponesas não foram executados pela repressão. Comunistas não foram presos e torturados na Bahia. O tenente-coronel aviador Alfeu de Alcântara Monteiro não foi assassinado na Base Aérea de Canoas, e o sargento Manoel Raimundo Soares não foi atirado, de mãos amarradas, nas águas do Guaíba. Nada disso. E, para arrematar, o líder do PT citou a boa tese de Tancredo: a “conciliação nacional”, a ser propiciada pela Comissão Nacional da Verdade.
O setor da esquerda que embarcou no acordo para manter viva a Ditadura acredita piamente que não é possível, nem desejável, avançar um milímetro em punições, porque a correlação de forças está dada, ad eternum, desde a transição. Nisso, consegue apequenar-se perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos, que, ao julgar o caso da Guerrilha do Araguaia, decretou que “as disposições da Lei de Anistia brasileira que impedem a investigação e sanção de graves violações de direitos humanos são incompatíveis com a Convenção Americana, carecem de efeitos jurídicos” e que “são inadmissíveis as disposições de anistias, as disposições de prescrição e o estabelecimento de excludentes de responsabilidade, que pretendam impedir a investigação e punição dos responsáveis por graves violações dos direitos humanos, como tortura, as execuções sumárias, extrajudiciárias ou arbitrárias e os desaparecimentos forçados”.
Mas qual será mesmo a finalidade da Comissão Nacional da Verdade, se contar com apenas sete membros, alguns dos quais poderão ser até militares; se não dispuser de autonomia financeira; se tiver de investigar quatro décadas em apenas dois anos; se for sujeita ao sigilo; e, finalmente, se não puder remeter suas conclusões ao Ministério Público e à Justiça, para que os autores dos crimes e atrocidades cometidos pela Ditadura Militar sejam julgados e processados na forma da lei?
A resposta é uma só. Na visão desse setor que envergonha a memória dos heróis tombados na luta contra a Ditadura, ela foi assim enunciada pelo ex-ministro Nilmário Miranda: “O objetivo principal da Comissão da Verdade é produzir um relatório que seja base para os currículos escolares. Essa que é a grande novidade, nunca tivemos isso na história do Brasil”.
Pedro Estevam da Rocha Pomar Jornalista, editor da Revista Adusp
O Centro Cultural Manoel Lisboa (CCML) realizou em Recife, o debate “Os 5 Heróis Cubanos: América Latina, Caribe e Cuba na Construção do Futuro” com Luiz Soaréz Salazar, professor de Relações Internacionais da Universidade de Havana-Cuba, Coromoto Godoy, Cônsul da Venezuela em Recife e Edival Cajá, Sociólogo e presidente do Centro Cultural Manoel Lisboa.
Salazar iniciou sua intervenção explicando a relação dos cinco cubanos, acusados injustamente e presos desde 1998 nos Estados Unidos, e defendeu a integração dos países da América Latina e Caribe como condição fundamental para enfrentar o imperialismo norte americano e tirou várias dúvidas do público sobre a saúde, a educação e o sistema eleitoral de Cuba. A cônsul da Venzuela, Coromoto relatou emocionada “o apoio de Cuba aso páises menos desenvolvidos, enviando milhares de médicos e professores, inclusive para Venezuela”.EdivalCajá denunciou o massacre imperialista aos povos da América Latina e do mundo e defendeu que a única alternativa para os povos é o socialismo.
Camila Áurea, diretora do Centro Cultural Manoel Lisboa- PE
Ontem (28/09/2011), desde as 06:00, comandados pelo Sindicato dos Trabalhadores das Industrias de Massas Alimentícias de Contagem – SINDMASSAS, os trabalhadores da empresa Vilma Alimentos, situada na Cidade Industrial, em Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte), resolveram cruzar os braços, paralisando suas atividades por tempo indeterminado. Segundo o Presidente do SINDMASSAS o motivo da paralização é que “a empresa atrasou salário em 20 dias, não vem pagando o adicional de insalubridade, corta a cesta básica quando o trabalhador falta de serviço mesmo apresentando o atestado médico, assédio moral, entre outros”. A paralização acontece na porta da empresa com a participação de mais de 300 trabalhadores. O sindicato informou também que até as 08h40 do mesmo dia a diretoria da Vilma Alimentos permanecia sem negociar com o movimento.
Fernando Morais, 65 anos, autor das obras A Ilha e Olga, e um dos principais escritores brasileiros, acaba de lançar pela Companhia das Letras seu mais novo trabalho: Os últimos soldados da Guerra Fria.
O livro narra a história de cubanos infiltrados em território estadunidense em uma rede terrorista com sede na Flórida e ramificações na América Central, rede que contava com o apoio tácito, nos Estados Unidos, de membros do Poder Legislativo e com a complacência do Executivo e do Judiciário. O objetivo desses cubanos era evitar atentados terroristas contra Cuba. Cinco desses cubanos foram presos pelo FBI em 1998, acusados injustamente de espionar os Estados Unidos, e permanecem até hoje em cárceres norte-americanos. São os chamados Cinco Patriotas ou Cinco Heróis. Neste 12 de setembro completam-se 13 anos dessa injusta prisão.
O autor fez um longo trabalho de pesquisa e investigação, com muitas entrevistas oficiais e extraoficiais, inclusive com membros do FBI. Os direitos do livro já foram vendidos para ser transformado em filme.
Fernando Morais é jornalista e trabalhou no Jornal da Tarde, na revista Veja e em várias outras publicações da imprensa brasileira. Recebeu três vezes o Prêmio Esso e quatro vezes o Prêmio Abril de Jornalismo. Publicou, pela Companhia das Letras, Olga; Chatô: o rei do Brasil; Corações sujos; A ilha e Cem quilos de ouro; e, pela Planeta, O Mago, Montenegro e Toca dos Leões.
O jornal A Verdade esteve no lançamento do livro, realizado em São Paulo no dia 23 de agosto, e entrevistou com exclusividade Fernando Morais.
A Verdade – Fernando, por que fazer um livro sobre Os Cinco? O que te motivou?
Fernando Morais – Primeiro é uma história fascinante, uma história eletrizante. Desde o primeiro dia que eu ouvi essa história fiquei fascinado e, com o passar do tempo, acabei descobrindo que se tratava também de uma injustiça, um erro judicial gravíssimo; e que contá-la seria também uma forma de contar as agressões de que Cuba vem sendo vítima não só depois do fim da União Soviética, mas desde que a Revolução triunfou, em 1959. Então percebi que uma história altamente jornalística acabava permitindo que você revelasse uma situação que boa parte da população brasileira desconhece.
Depois da investigação que fez, quem você identifica como principais personagens dessas agressões contra Cuba?
A elite da comunidade cubana residente na Flórida, que, através de organizações de extrema direita, planejava e financiava esses atentados, pagava mercenários, pagava quem contratava os mercenários. O livro publica documentos sobre isso, publica conteúdo de grampos telefônicos que não deixam absolutamente nenhuma dúvida sobre tudo o que aconteceu, todos os atentados que aconteceram em Cuba, sobretudo depois do fim da União Soviética, em 1990. Eles foram inspirados, financiados, patrocinados por organizações de extrema direita de Miami.
Essas organizações eram somente de cubanos? Havia alguma intervenção de órgãos estadunidenses?
Eram organizações de cubanos, mas que agiam com a leniência e complacência das autoridades americanas. Fidel Castro, utilizando a intermediação de Gabriel García Márquez, fez chegar ao presidente Bill Clinton, à Casa Branca, um megadossiê, do qual eu tive cópia, de todos os documentos, que dão tudo: nome, sobrenome, endereço, estatura, onde trabalha, placa do carro; e filmes, pois eles foram filmados e tiveram telefonemas gravados. Tenho tudo isso, eles me deram tudo isso, me deram as imagens e me deram os áudios, não me deram só as transcrições – que mostram que não há nenhuma dúvida de que tudo o que aconteceu, todas essas violências de que Cuba foi vítima nesse período, eram planejadas e financiadas por grupos de Miami.
Há algum indício de financiamento do próprio governo dos Estados Unidos em relação a isso?
Eles são profissionais, né? Em nenhum momento há participação direta do governo. A responsabilidade do governo norte-americano está na leniência com que tratava esses grupos. Há uma coisa extremamente importante: no primeiro documento que Fidel Castro enviou para Bill Clinton ele diz que, para os Estados Unidos permitirem a existência de grupos terroristas tão perigosos na Flórida, isso iria acabar se convertendo em um problema para os próprios Estados Unidos. Onde foi que os pilotos do 11 de Setembro aprenderam a pilotar aviões? Todos os árabes que jogaram aviões contra as Torres Gêmeas e contra o Pentágono e tentaram jogar contra a Casa Branca, todos eles fizeram curso de pilotagem na Flórida, todos, sem exceção, embora não haja na Flórida comunidades árabes nas quais eles pudessem se disfarçar. Então, na verdade, a advertência que Fidel fez ao presidente Clinton em 1998, portanto três anos antes dos ataques às torres, foi profética e se cumpriu. Foi graças à leniência das autoridades americanas com o desenvolvimento do terrorismo na Flórida que o ovo da serpente foi chocado.
Com o terrorista Posada Carriles a postura dos Estados Unidos foi muito diferente em relação ao caso dos cinco cubanos. A que você atribui essa diferença de tratamento?
É o duplo critério: dois pesos e duas medidas. Posada Carriles foi absolvido agora, no começo do ano, em um tribunal do Texas, e nem estava sendo acusado pelos crimes que cometeu, estava sendo acusado por crimes absolutamente banais: falsificar documento para entrar nos Estados Unidos, não declarar isso ou aquilo… quando na verdade ele é responsável, entre outras, por uma barbaridade que foi a bomba colocada em um avião da Compañía Cubana de Aviación que caiu em Barbados e matou dezenas de pessoas, todas civis. A respeito disso o sócio dele nesse projeto, nesse atentado, Orlando Bosch, quando foi ouvido pela imprensa sobre o atentado, disse: “Todos os aviões de Cuba são militares, ali dentro não tinha nenhum inocente”.
Quais são as principais violações de direitos humanos que osCinco têm sofrido desde a prisão?
Em primeiro lugar foram condenados por crimes que não cometeram, porque eles nunca espionaram os Estados Unidos, em nenhum momento. O Gerardo não tem nenhuma responsabilidade pela derrubada dos dois aviões daHermanos al Rescate, até porque no dia em que os aviões foram derrubados Gerardo não estava em Miami, estava levando Juan Pablo Roque para voltar para Cuba. A capitã, que era comandante da base aérea norte-americana de Boca Chica, disse que Tony [Antonio Guerrero] nunca sequer tentou espionar papéis norte-americanos e, mesmo que tivesse tentado, não conseguiria, porque não tinha acesso – ele era um torneiro mecânico, um operário, não tinha acesso sequer a computadores. Então essa é a primeira injustiça de que eles foram vítimas, e isso não é a opinião de uma pessoa de esquerda, isso é a opinião de Jimmy Carter [ex-presidente dos Estados Unidos], isso é a opinião de Robert Pastor, que foi subsecretário de Estado de Bill Clinton.
Além das penas a que foram submetidos, eles estão sendo submetidos a um castigo adicional que são as dificuldades para as famílias os visitarem nos Estados Unidos, dificuldades para a concessão de vistos para as famílias, sendo que, no caso de Olga e de Adriana, elas nunca mais puderam ver os maridos, nunca mais. São 13 anos em que eles estão presos, e elas nunca mais tiveram visto para entrar nos Estados Unidos para ver os maridos. Então, além da pena a que eles foram condenados – Gerardo está condenado a duas prisões perpétuas mais 15 anos – além disso têm um castigo adicional; ele [Gerardo] não pôde nunca mais ver a esposa dele.
Como você qualifica o bloqueio contra Cuba, que, apesar de ser condenado pela ONU, ainda assim se mantém? Que tem isso a ver com a política estadunidense em relação a Cuba?
Só tem uma explicação – e, aliás, o próprio Clinton assume isso indiretamente nas suas memórias -, que é a importância da Flórida nas eleições norte-americanas. Não há candidato a presidente nos Estados Unidos, seja democrata, seja republicano, que consiga se eleger sem ir fazer o beija-mão da comunidade cubana na Flórida, em Miami. Clinton disse nas memórias dele que promulgou a lei Helms-Burton – primeiro tem aquela retórica que é para castigar Cuba e blá-blá-blá, mas depois diz – porque eleitoralmente era um negócio interessante, porque era candidato à reeleição. As palavras não foram exatamente essas, mas diz expressamente que, como ele era candidato à reeleição, era bom fazer uma média com a comunidade cubana na Flórida.
Você escreveu dois livros importantes para o Brasil: A Ilha, que também trata do tema de Cuba, e Olga. Atualmente o movimento de mulheres no Brasil constituiu uma organização que leva o nome de Olga Benário, em homenagem a essa importante lutadora comunista. Você acha que contribuiu com seu trabalho para que Olga Benário seja uma figura conhecida no Brasil? E que expectativa tem em relação a este novo livro?
Acho que não tenho nenhum mérito, e não é modéstia mineira, mas acho que, se eu não desenterrasse esta história [sobre Olga], alguém faria isso; foi uma casualidade que eu tenha sido o responsável. Eu me lembro de uma coisa curiosa: quando estava escrevendo Olga, fiz uma pesquisa – naquela época não tinha internet, não tinha Google, não tinha nada disso… – então eu fiz uma pesquisa no IBGE para saber quantas ruas, praças ou avenidas no Brasil tinham o nome de Olga Benário; e descobri que só tinha uma, em Ribeirão Preto, e, por uma ironia do destino, num bairro milionário, num bairro chiquíssimo de Ribeirão Preto. Até hoje existe, está lá: rua Olga Benário Prestes. Se você entrar hoje na internet e procurar rua Olga Benário, praça Olga Benário, avenida Olga Benário, você vai ver que tem centenas espalhadas por todo o Brasil. No caso do Olga, a história que antes era privilégio de meia dúzia de comunistas virou uma história que é propriedade de todo mundo: o livro vendeu 700 mil exemplares, o filme foi visto por cinco milhões de pessoas, fora as exibições da Rede Globo, que atingem de 40 a 50 milhões de pessoas. Eu tenho a expectativa de que a história dos Cinco possa ter um resultado semelhante; hoje a história dos Cinco é de conhecimento de meia dúzia de militantes de esquerda no Brasil. Espero que este livro, e sobretudo o filme que vai ser feito em cima do livro, popularizem esta história, e espero que, quando a popularizarem, eles já estejam em liberdade. Hoje autografei um exemplar que vai ser levado a Cuba para ser enviado a eles nas prisões; disse que estou esperando que a gente possa festejar a liberdade deles, com eles, aqui no Brasil, bebendo caipirinha.
Vivian Mendes, coordenação do Movimento de Mulheres Olga Benário
Na região mais conhecida como o Chifre da África, milhões de pessoas estão morrendo de fome. Membros dos grupos de assistência da ONU (Organização das Nações Unidas) encontram crianças fracas demais até para engolir a comida. Pais estão assistindo a seus filhos morrer sem nada poder fazer. Halimar Omar, um pequeno agricultor na Somália, após três anos de seca, já enterrou quatro de seus seis filhos. “Não há nada pior que ver uma criança morrer diante de seus olhos porque você não pode alimentá-la”, disse Omar. Segundo Ban Ki-Moon, secretário-geral da ONU, são mais de 11 milhões de pessoas que estão em extrema necessidade na Somália e sete milhões no Quênia e na Etiópia.
Até agora, alguns poucos governos atenderam aos apelos desesperados do secretário-geral da ONU para aumentar as doações de alimentos. No total, quase um bilhão de pessoas passam fome no mundo.
Não bastasse, prosseguem sem trégua os bombardeios das potências imperialistas (EUA, Inglaterra e França) sobre a Líbia. Até julho, informa a ONU, mais de 15 mil líbios morreram devido à nova guerra imperialista.
Porém, essas enormes tragédias humanas, que revelam bem o que é o sistema capitalista, são colocadas de lado pelos grandes meios de comunicação para destacar se o Governo dos Estados Unidos vai ou não elevar mais uma vez sua dívida de 14,3 trilhões de dólares, o equivalente a sete vezes o PIB do Brasil. Aliás, aumentar a dívida norte-americana não chega a ser uma novidade: desde os anos 80, o Congresso já aumentou 40 vezes o teto da dívida.
Mas por que tanta preocupação com o aumento da dívida da maior potência econômica capitalista?
Os possuidores dos títulos da dívida são os mega-agiotas de papéis, isto é, grandes bancos, fundos de investimentos, corporações internacionais, bilionários e Tesouros de dezenas de países. Sem aumentar o teto da dívida, os EUA não têm como pagar a esses especuladores e, teriam que renegociar o prazo de vencimento dos títulos e os juros a serem pagos. Teriam, assim, uma queda em seus rendimentos. Portanto, o interesse da grande burguesia que governa o mundo com o aumento do teto da dívida pública é unicamente garantir que a agiotagem internacional continue funcionando sem freios.
No entanto, apesar de todo o estardalhaço da grande imprensa sobre essa dívida, nada é dito sobre as reais causas do seu colossal aumento.
De fato, os EUA não chegaram a ter a maior dívida do mundo à toa. Trata-se do país que mais gastos militares realizou desde a Segunda Guerra Mundial. É o que mais fabrica e possui armas nucleares; o que mais financiou e apoiou golpes contra governos populares; possui 1.000 bases militares fora do país e é o que mais guerras e intervenções realizou nos últimos 60 anos.
Somente no ano passado, os EUA gastaram 800 bilhões de dólares para financiar as guerras no Iraque e no Afeganistão. Este ano, com a guerra para conquistar o petróleo líbio, o gasto militar cresceu ainda mais. Por dia, são gastos dois milhões de dólares na guerra contra a Líbia e, a exemplo do Governo Bush, Barack Obama tem aumentado o orçamento militar todos os anos.
Portanto, as guerras financiadas com o dinheiro público e os gastos militares são as principais razões para a disparada da dívida dos EUA. Sem pôr fim às guerras imperialistas, não há como o problema da dívida ser resolvido.
Uma outra causa para o brutal avanço da dívida são os variados e enormes subsídios que o Governo estadunidense concede há anos à classe capitalista. Com efeito, os ricos norte-americanos anualmente recebem financiamentos a juros negativos para suas empresas e maciços cortes de impostos. Para se ter uma ideia, basta saber que até jatinhos de executivos das grandes empresas têm o combustível pago pelo Estado.
Governo doou bilhões para banqueiros
Ademais, com a nova crise do capitalismo, os EUA gastaram rios de dinheiro para socorrer seus monopólios e bancos e evitar a bancarrota da GM, da Ford, dos bancos JP Morgan, AIG, Bank of America, Merrill Lynch e Citigroup, entre outros. O total gasto com o socorro aos bancos e monopólios ultrapassou os cinco trilhões de dólares. Tivessem os EUA poupado esse dinheiro, a dívida seria bem menor.
Por fim, com o desemprego recorde – hoje mais de 20 milhões de homens e mulheres estão desempregados- ,famílias endividadas e sendo despejadas de suas casas, 50 milhões de pessoas vivendo na pobreza e a economia em recessão, a arrecadação caiu. Com menor arrecadação e gastos maiores, a dívida cresce em espiral Por mês, a dívida norte-americana aumenta cerca de 130 bilhões de dólares.
A solução seria, portanto, os EUA abandonarem sua política imperialista e poremr fim aos privilégios para banqueiros e corporações internacionais, mas isso vai contra a essência do sistema capitalista.Afinal, sem as guerras, como os monopólios norte-americanos vão conquistar petróleo de outras nações? Sem intervenções e chantagens sobre governos, como os EUA vão conquistar mercados para seus produtos e manter a espoliação sobre dezenas de nações? Lembremos que os EUA consomem 25% do petróleo mundial, mas possuem apenas 2,38% das reservas e que, após a invasão do Iraque, quatro empresas norte-americanas, (Halliburton, Baker Huhhes, Wearhertford e Schlumberger) detêm a maior parte dos contratos para a exploração do petróleo iraquiano.
Por outro lado, não são só os EUA que estão à beira de um calote. Após três anos salvando bancos e monopólios, a maioria dos governos capitalistas também está atolado em dívidas impagáveis.
Segundo dados do Economist Intelligence Unit (EIU), o Japão tem uma dívida de 199% do seu Produto Interno Bruto (PIB). A Itália, 119%. A China, aproximadamente 90% do PIB. A Alemanha, 69% e Portugal (93%).
Somadas as dívidas dos países europeus que declaradamente não têm condições de pagar, o montante chega a 5,5 trilhões de euros.
Desesperados, e vendo seu sistema caminhar para a bancarrota, a burguesia mundial e, em particular, a oligarquia financeira, tudo faz para que os trabalhadores e os povos paguem por mais uma crise econômica.
Esta é a razão para vários economistas burgueses defenderem abertamente que somente um corte gigantesco nos programas sociais, o desmantelamento da saúde pública e a privatização da educação podem reverter a situação de endividamento dos Estados capitalistas.
A Grécia, por exemplo, para receber um novo empréstimo do FMI e da União Europeia, foi obrigada a vender sua soberania, demitir 150 mil trabalhadores, privatizar empresas públicas, cortar verbas para a educação e a saúde, aumentar a jornada de trabalho e reduzir o salário mínimo. O resultado dessas draconianas medidas, semelhantes em tudo aos planos do FMI para a América Latina, foi aumentar a recessão e a pobreza no país. Tornou-se comum nas ruas de Atenas encontrar pessoas sem-teto vasculhando caixotes de lixo à procura de alimento e desempregados nas ruas em busca de trabalho.
Pior. Nada no horizonte aponta para o fim da atual crise capitalista.
A economia global continua em recessão e a OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico) prevê desaceleração na maioria das grandes economias, inclusive China, Brasil e Índia.
De acordo com a organização britânica Oxfam, o preço dos alimentos aumentará de 70 a 90% até 2030 devido à especulação nos mercados futuros de commodities de agricultura, ao uso de alimentos como biocombustivéis e à crise econômica.
Na União Europeia, quase 20% da população não tem os meios necessários para satisfazer as suas necessidades mais básicas.
Um gigantesco exército de desempregados, constituído principalmente por jovens, se forma em vários países.
Na Espanha, o desemprego entre a população de 16 a 24 anos, está em 43%. Nos EUA, 19%. Na Grécia, 25%. Na Itália, 27% e na Irlanda, 30%. No Egito, 80% dos jovens estão desempregados, e mais da metade da população vive na miséria.
Em consequência, prospera também a prostituição e o tráfico de drogas. Segundo a Unicef, 223 milhões de meninas e meninos são vítimas de exploração sexual no mundo.
Enquanto isso, 217 magnatas estão hoje mais ricos do que há um ano. Em 2009, eles tinham 1,27 trilhão de dólares de patrimônio. Hoje, possuem 1,37 trilhão de dólares de patrimônio, informa a revista Forbes.
Socialismo ou barbárie
Como vemos, a crise continua e se agrava porque nenhum dos problemas que a causaram – os baixos salários, o desemprego, as guerras, a dominação do capital financeiro, isto é, a contradição entre o caráter social da produção e a propriedade privada dos meios de produção – foram resolvidos.
O capitalismo chega, portanto, ao século 21 deixando claro sua total incapacidade em solucionar os obstáculos ao desenvolvimento econômico e em satisfazer as necessidades da humanidade.
Assim, a voraz e insaciável classe dos capitalistas, ansiosa por crescer seus lucros, por meio de seus governos segue a velha receita para as crises econômicas que ela mesma fabrica: arrocho dos salários, demissão de funcionários públicos, privatizações de empresas, ampliação da jornada de trabalho, cortes dos investimentos nos serviços públicos, aumento da idade para o trabalhador se aposentar e redução dos impostos para as grandes empresas e bancos. O objetivo dessas medidas, diferente do que dizem os meios de comunicação burgueses, não é pôr fim à crise, mas obter mais recursos financeiros para pagar os escorchantes juros das dívidas públicas e, dessa forma, garantir uma sobrevida para o sistema financeiro internacional e manter os lucros da oligarquia financeira.
Esta é a luta que o mundo trava hoje. O resultado final desse confronto se dará nas ruas, nas praças e nos campos. A vitória dos trabalhadores, necessária para evitar a barbárie, é plenamente possível. Mas, dependerá de se conseguir êxito na tarefa de atrair a maioria das massas populares para o lado da Revolução, pois, como disse Lênin no III Congresso da Internacional Comunista: “Se durante a luta tivermos ao nosso lado não só a maioria dos trabalhadores -mas a maioria de todos os explorados e oprimidos – então venceremos realmente”.
Lula Falcão, membro do comitê central do Partido Comunista Revolucionário
Durante a realização do 15º Seminário Internacional Problemas da Revolução na América Latina, realizado no Equador de 11 a 15 de julho, o jornal A Verdade entrevistou Zinaia Smírnova, dirigente do Partido Comunista (bolchevique) de toda a União Soviética. Zinaia analisa a atual situação da Rússia, do movimento revolucionário e a repressão no país.
A Verdade – Zinaia, nos fale um pouco sobre a volta do capitalismo na Rússia, sobre a situação atual do povo Russo.
Zinaia Smírnova – Em primeiro lugar gostaria de saudar fraternalmente o Partido Comunista Revolucionário e o jornal A Verdade, que nós conhecemos bem, e a classe operária brasileira. Recebam esta saudação em nome da pátria de Lênin e Stálin, em nome do Partido Comunista (bolchevique) de toda a União Soviética e em nome da pátria que venceu o fascismo e que não está de joelhos frente à ditadura fascista da Rússia atual. Bem, neste momento estamos vivendo a “data negra” – agora faz 20 anos do fim da URSS. O povo soviético viu por dois momentos a justeza da doutrina marxista; o primeira de fato, depois da revolução e até 1956, e. agora, mais ainda no absurdo que vivemos atualmente. Em 20 anos não houve a construção de um metrô sequer, nem de uma fábrica; foi construído um único avião e 80 milhões de russos são considerados em baixas condições de saúde e expectativa da vida. 80% dos hospitais não têm água e também 80% dos medicamentos vendidos em farmácias são falsificados; 75% da população não tem condições de se alimentar bem e 20% da população entre 7 e 20 anos não sabe sequer assinar o nome. Por outro lado, as 20 pessoas mais ricas da Europa são russas. A população na Rússia, ao contrário do que acontece em geral no mundo, diminui ano a ano. Agora, para cada nascimento são registradas de 2 a 2,5 mortes no país, dependendo da região. Desde 1992 se morre mais do que se nasce na Rússia. São registradas 50 mil mortes no país ao ano. A expectativa de vida caiu de 75 anos para mulheres e 73 para homens, em 1991, para atuais 56 e 42, respectivamente. Para termos ideia do que isso significa, a guerra no Afeganistão assassinou 13 mil pessoas durante 10 anos. Hoje é mais seguro viver no Afeganistão do que na Rússia. Existem 14 milhões de policiais de todos os tipos na Rússia, mas estamos em primeiro lugar no mundo em tráfico de drogas e de órgãos humanos. Apesar de 90% do gás e do petróleo utilizados na Europa virem da Rússia, lá o preço da gasolina é o dobro do que é cobrado nos EUA, cerca de US$ 3 [cerca de R$ 4,70] o litro. A comida é muito cara, mas em compensação a vodca e o cigarro são muito baratos: com poucos centavos se pode comprá-los.
O Governo tem aumentado a repressão ao movimento revolucionário?
O governo russo está sustentando em três pilares: demagogia, passividade da população e repressão. O governo utiliza demagogia barata para se manter. É disseminada a ideia de que a Rússia está em processo de reconstrução e também que tem caráter anti-imperialista, razão pela qual é “malvista e perseguida” pelo mundo. Por outro lado, com a derrota da URSS o povo russo ficou desnorteado. Tinha-se clareza de que o caminho era o socialismo, e a população não entende o que aconteceu – ficou descrente na mudança. Além disso, existe a realidade de que 80% dos ingressos financeiros russos vêm através do petróleo; com o aumento internacional do valor desse produto, alguns setores tiveram melhora nas condições de vida. Tudo isso colabora para uma posição de passividade da população. Quanto à repressão, o governo tem mecanismos legais de reprimir não somente os revolucionários, mas qualquer pessoa que esteja em desacordo com ele. Sentenças de morte e sequestros de crianças sob a alegação de que seus pais não têm condições morais de criá-las, tudo isso por motivos políticos, são praticados indiscriminadamente e dentro da lei. Nossa filha foi sequestrada com esta alegação. Houve muita manifestação de apoio e, depois de cinco meses, conseguimos a autorização para passarmos três dias juntos, e foi quando tive a chance de fugir com ela. Ela dizia apenas três palavras quando a encontramos: “Eu tenho medo”. Não temos condições de voltar para a Rússia neste momento, porque, além de tudo, estou com a minha sentença de morte decretada. Setenta mil crianças passaram por situação semelhante na Rússia, não somente porque os pais são comunistas, mas porque essa é uma forma de pressão do Estado contra qualquer um que se oponha à sua política. Desde 2009 o PC(b)R está proibido e vive na clandestinidade.
Como se posiciona o Partido Comunista da Federação Russa frente a essa situação?
O Partido Comunista revisionista se diz continuador do processo revolucionário e apresenta a realidade de hoje como um processo que vem desde a revolução e é alinhado ao governo. Eles apoiaram o Parlamento em favor desta prática de sequestro de crianças, por exemplo. Hoje, o que acontece na Rússia é uma espécie de vingança da burguesia por termos construído o socialismo, por termos vencido o fascismo e, principalmente, pela ação de Lênin e Stálin. É verdadeiramente uma política genocida contra nós.
E como vocês avaliam o avanço da luta revolucionária neste momento?
No último congresso do nosso partido, realizado na clandestinidade em 2010, concluímos que vivemos na Rússia uma situação pré-revolucionária, porque as classes dominantes não podem mais governar com seus “velhos métodos”, como diria Lênin. O regime está caindo em descrédito, cada vez mais, diante da população. Nos últimos anos tem aumentado o número de greves e ações de protesto, inclusive ilegais. A insatisfação cresce até mesmo entre as estruturas de poder, especialmente na aeronáutica e na marinha. O trabalho do nosso partido agora está voltado para criar as condições subjetivas para a revolução, para que as massas mais amplas do povo trabalhador reconheçam em nosso partido a força capaz de movê-las ao assalto da fortaleza do poder do capital. Nosso jornal A Verdade Bolchevique foi proibido, mas em julho deste ano começamos a distribuição do A Bandeira Bolchevique, restabelecemos o trabalho com a nossa página na internet, atualizada no exterior, e também nas redes sociais e jornais locais. Além disso, a orientação do partido é que ampliemos nosso trabalho junto às organizações sociais – e já temos importante influência em muitas. Não estamos de joelhos diante desse governo fascista. O que o capitalismo demonstra é que ele representa a morte, mas a vida é sempre mais forte que a morte. Como dizemos na Rússia, sobre a tormenta triunfa o arco-íris, sobre a morte triunfa a vida, e é pela vida de nosso povo, pelo amanhecer de nosso país que luta o Partido Comunista (bolchevique) de toda a União Soviética.
Em entrevista exclusiva ao jornal A Verdade, James J. Brittain, sociólogo, ph.D. em sociologia com ênfase em economia política e professor assistente do Departamento de Sociologia da Acadia University, no Canadá, fala sobre as Farc-EP (sigla das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo), contando um pouco de sua história e esclarecendo vários mitos difundidos sobre a guerrilha. Brittain passou mais de cinco anos vivendo em meio às Farc-EP, participando de várias de suas atividades, conhecendo suas estruturas e entrevistando combatentes e camponeses residentes nas regiões sob domínio da insurgência. Parte dessa pesquisa, juntamente com uma extensa bibliografia, resultaram em seu livro Revolutionary social change in Colombia – the origins and direction of the Farc-EP, lançado em 2010, e que já é considerado referência básica no assunto.
A Verdade – Há quanto tempo você vem pesquisando sobre as Farc-EP? Conte-nos um pouco da sua experiência na Colômbia junto à guerrilha.
James Brittain – Desde o fim da década de 1990 eu tenho me interessado e tentado compreender as complexidades da guerra civil colombiana, particularmente do ponto de vista dos mais marginalizados. Isso me levou à realidade daqueles em luta direta com a classe dominante na Colômbia – isto é, me levou a um encontro pessoal com as Farc-EP. Quando comparada com muitas outras partes da América Latina – onde algum tipo de mudança social é vista ou percebida como aparentemente funcional dentro dos limites do modelo eleitoral liberal democrático – a Colômbia demonstra uma realidade bem diferente, e com isso, a necessidade do conflito direto de classe. Isso me levou a começar a me comunicar com a guerrilha e mais tarde, a conduzir pesquisa de primeira mão em áreas sob seu controle/operação durante grande parte da última década.
Que circunstâncias objetivas levaram à formação das Farc-EP?
A resposta é bem complexa. mas vou tentar responder. De forma resumida, muitos daqueles oprimidos por uma grave exclusão social, pela repressão estatal, por um governo apático e pelo agravamento das condições econômicas perceberam que romper relações de classe limitadas e desiguais por meios convencionais era, literalmente, impossível. Em resposta à expansão de interesses capitalistas e a um estado engajado em atividades coercitivas extremas contra uma população rural, e sendo este estado, ao mesmo tempo, inativo na promoção de serviços de saúde, seguro social agrário e uma enorme lista de serviços sociais como educação, as Farc-EP se estabeleceram durante os anos 1960 como um coletivo de autodefesa camponês que criticava a interferência imperialista na Colômbia, enquanto colocava em prática estratégias de reforma agrária e modelos alternativos de desenvolvimento via aliança operário-camponesa. Isso, no entanto, ocorreu apenas depois de décadas de tentativas de alcançar alguma forma de mudança social através de desenvolvimento alternativo e meios pacíficos. Sem nenhuma outra possibilidade, as Farc-EP foram constituídas, então, em maio de 1964.
As Farc-EP são uma organização marxista? A guerrilha perdeu hoje sua motivação ou orientação ideológica inicial, como é divulgado pela imprensa burguesa?
Nos últimos 47 anos as Farc-EP se desenvolveram num movimento sociopolítico complexo e organizado, com membros de todos os setores da sociedade colombiana; populações indígenas, afrocolombianos, trabalhadores rurais sem terra, intelectuais, sindicalistas, professores, setores do proletariado urbano e por aí vai – todos esses lutando por desenvolvimento social através da realização de uma sociedade socialista – e é, com certeza, um movimento baseado na tradição marxista. Como foi notado por Bernard-Henri Lévy após entrevistar membros da guerrilha, o marxismo-leninismo das Farc-EP “não me lembra nada que já tenha ouvido ou visto em qualquer outro lugar… isso é um impecável comunismo; juntamente com Cuba, este é o último comunismo na América Latina e, certamente, o mais forte”. Uma das razões pelas quais muitos ingenuamente pensam que a guerrilha “perdeu sua direção ideológica” pode ser baseada na estratégia de longo prazo das Farc-EP de compreensão e aplicação do marxismo no contexto de uma realidade colombiana. Desde sua formação as Farc-EP permanecem comprometidas à práxis da transformação revolucionária das relações sociais na Colômbia. Para que isso ocorra é necessário que a revolução seja das, com e para as populações marginalizadas dentro do país, o que levou as Farc-EP a confiar na consciência interna e no suporte das classes trabalhadoras rural e urbana. Já foi bem documentado que a guerrilha foi pouquíssimas vezes apoiada – se é que foi mesmo apoiada – por auxílio estrangeiro, e tem, ao contrário, sustentado sua luta pela base. Mesmo em grande solidariedade, a guerrilha se dissociou, tanto material quanto imaterialmente, da União Soviética antes do seu colapso, o que é uma forte indicação de por que a guerrilha não sofreu perdas materiais quando o regime soviético implodiu. De fato, esta estratégia orgânica fez que as Farc-EP se fortalecessem sociopoliticamente e aumentassem por todo o país durante um período em que outras guerrilhas latino-americanas, que eram em parte dependentes de apoio soviético ou cubano, se enfraquecessem ou que passassem de seu radicalismo para uma retórica mais liberal de aspirações políticas.
As Farc-EP têm alguma ligação com o plantio de coca ou com o tráfico de drogas?
Uma tremenda desinformação tem sido apresentada neste assunto. Contrariamente à crença popular, as Farc-EP foram, por muitos anos, severamente contra o cultivo de plantações relacionados à indústria da droga. No entanto, à medida que a economia rural e as colheitas diminuíram ao passar dos anos, como resultado de políticas neoliberais – e não havia mais retorno em plantações tradicionais – muitos camponeses não tinham muitas opções a não ser subsidiar suas rendas com o cultivo de marijuana e, posteriormente, coca. Pelo fato de as Farc-EP serem um movimento do, com e para o povo, seria hipócrita por parte da guerrilha exigir dos camponeses, pela força, que abandonassem uma plantação que lhes fornecia alguma forma de renda no ambiente político-econômico em que se encontravam. No entanto, pensar que isso faz das FARC-EP traficantes de drogas ou “narco-guerrilhas” é, no mínimo, absurdo e revelador de quão pouco aqueles que fazem tais afirmações conhecem ou compreendem da economia política rural da Colômbia.
O ex-conselheiro militar da presidência de Álvaro Uribe Vélez, Alfredo Rangel Suárez, afirmou que “é um erro tratar as FARC como um cartel de drogas porque isso ignora o fato de que o objetivo principal das FARC não é fazer dinheiro com o tráfico de drogas mas tomar o poder.” Pintar as FARC-EP como uma guerrilha associada ao tráfico tem sido uma tentativa estratégica para desmoralizar a práxis das FARC-EP, deslegitimizar as intenções sociopolíticas e econômicas da organização e, finalmente, evitar uma solução negociada para a guerra civil.
Já foi amplamente comprovado que não existe nenhuma prova para sustentar a afirmação de que as FARC-EP estejam diretamente envolvidas com a indústria da coca. Até mesmo representantes dos governos da Colômbia e dos EUA já insistiram nessa posição. Por anos, oficiais do exército estadunidense, da Drug Enforcement Agency e de sua embaixada na Colômbia já citaram que o estado nunca obteve nenhuma evidência de que as FARC-EP estejam envolvidas no transporte, distribuição ou comércio de drogas ilícitas na América do Norte ou na Europa. Além do mais, o ex-presidente colombiano [1998-2002] e ex-embaixador nos EUA [2005-2006] Andrés Pastrana Arango também manteve a mesma posição de que as FARC-EP não estavam de maneira alguma ligadas ao tráfico de drogas. Pastrana revelou que o estado colombiano não conseguiu encontrar “nenhuma evidência de que eles estão diretamente envolvidos com o tráfico de drogas.”
E indo um pouco além da questão do envolvimento com as drogas, há também a (silenciada) questão do trabalho feito pela guerrilha em limitar a indústria da coca para que não se espalhe completamente pelos setores rurais do país. Após a recusa das FARC-EP em dar apoio ao cultivo de coca durante os anos 1970 e início dos anos 1980, a insurgência mudou sua posição no final dos anos 1980 e durante os anos 1990. Permanecendo em oposição à coca, as FARC-EP começaram a trabalhar com a ONU durante os anos 1980 por inúmeros projetos relacionados à substituição de plantio em regiões sob controle da insurgência. Trabalhando independentemente do governo, a ONU adotou as FARC-EP como parceira em programas relacionados ao desenvolvimento social à substituição de plantios. Muitos oficiais então louvavam as FARC-EP como qualquer coisa exceto como narco-guerrilha (por exemplo, Klaus Nyholm, ex-diretor do Programa de Controle de Drogas da ONU na Colômbia, e James LeMoyne, ex-conselheiro especial da ONU na Colômbia). As FARC-EP nunca promoveram a produção de coca. A insurgência tem por muito tempo encorajado e auxiliado projetos de substituição de plantios em diversos municípios. Mais do que resistir à economia das drogas, as FARC-EP tem deliberadamente buscado programas de substituição de desenvolvimento alternativo. Durante os anos 1990 e 2000 as FARC-EP apoiaram com sucesso uma mudança de plantações de coca para plantações legais na gestão de Micoahumado no município de Morales no departamento (estado) de Bolivar. Projetos similares foram implementados em regiões do departamento (estado) de Casanare no centro-nordeste.
O trabalho da insurgência relacionado ao desenvolvimento alternativo em relação ao cultivo de coca vem desde a época da administração de Belisario Betancur Cuartas [1982-1986]. Este é um ponto importante pois demonstra que as FARC-EP foram, de fato, a primeira organização na Colômbia a incentivar a substituição de plantio – muito tempo antes do problema da coca ficar fora de controle. Infelizmente, todas as chances de tais medidas (e trabalho em conjunto com a ONU) tiveram um abrupto rompimento em 2002, quando os estados da Colômbia e dos EUA apoiaram uma invasão militar na zona desmilitarizada de San Vicente del Caguán, interrompendo assim qualquer possibilidade da insurgência de devotar tempo, energia e segurança a tais projetos. A despeito de tudo isso, as FARC-EP permacem engajadas em projetos autônomos para encorajar os camponeses a cultivar plantações de subsistência.
As Farc-EP estão diminuindo e perdendo apoio popular? Elas impõem recrutamento forçado?
Como tem sido admitido recentemente pelo governo Santos, as Farc-EP não só têm apresentado uma inacreditável habilidade para manter seu poder e presença por todo o país, como isso é revelador do apoio que tem a guerrilha. No entanto, é essencial que aqueles no poder apresentem uma hegemonia que pinta as Farc-EP como fracas ou sem apoio civil. Mas quando alguém examina por toda a história as lutas contra o poder dominante, fica claro que qualquer movimento de guerrilha não pode ser conduzido ou manter operações contra forças do estado sem um significativo apoio social e político. Enquanto algumas frentes das Farc-EP têm sofrido alguns golpes nos últimos anos, a insurgência tem sido capaz de não apenas estabilizar campanhas contra alvos escolhidos, mas também tem aumentado suas atividades ano após ano. Por muitos anos, as Farc-EP vêm modestamente ampliando suas campanhas armadas contra as forças do estado (949 em 2004, 1.008 em 2005, 1.026 em 2006, 1.057 em 2007). Mas os últimos anos, no entanto, presenciaram um salto significativo no número de ataques militares da insurgência, em uma média de cinco ao dia (1.614). Ainda 2010 testemunhou o maior número de ataques da guerrilha contra as força do estado em 15 anos, totalizando mais de 1.947, e mais mortes das forças do estado do que no auge do conflito, no início dos anos 2000. Permanece o fato de que as Farc-EP são o mais longo movimento de guerrilha estabelecido nas Américas e desde o início se desenvolveu num movimento complexo e organizado com 65% de seus membros vindod do campo ou de municípios rurais – dos quais quase 13% são de origem indígena – e os outros 35% de setores urbanos. Isso está muito longe de um movimento que não tem apoio do povo. Quanto à questão do “recrutamento forçado”, a resposta é bem simples: fazer as pessoas lutarem por um movimento de autodeterminação e libertação através da força ou de ameaças resultaria apenas num desperdício de recursos e simplesmente geraria um plantel incapaz de dar resposta às forças do estado, pois estariam ali não para vencer, mas apenas para sobreviver. Ao se examinarem os dados acima, reconhece-se facilmente que, com uma média de seis ataques diários bem-sucedidos contra as forças do estado é possível ver além do que diz a propaganda da mídia dominante.
Qual foi o real objetivo dos EUA com o Plano Colômbia? Como ele afetou as Farc-EP?
A partir da metade dos anos 1990, as Farc-EP demonstraram um crescimento político militar que colocou os militares na defensiva. A partir disso, Washington procurou reforçar as medidas antiguerrilha da Colômbia esperando com isso diminuir a autoridade das Farc. Os EUA não podiam permitir, política ou economicamente, que um movimento de insurgência marxista-leninista chegasse ao poder em nível hemisférico ou geopolítico. Os EUA estavam bem atentos ao crescimento das Farc-EP e sua crescente ameaça aos interesses político-econômicos tanto domésticos quanto internacionais desde antes de 1997-1998. Evidências demonstram que Washington se envolveu com treinamentos às forças colombianas de contrainsurgência e posicionou tropas estadunidenses em regiões específicas do país desde o início dos anos 1990. Em 1990, por exemplo, o posto da CIA na Colômbia era o maior de seu tipo no mundo, e no fim dos anos 1990, os EUA e o estado colombiano já tinham estabelecido a maior campanha de contrainsurgência na história da América Latina, o Plano Colômbia. Para abrandar a oposição em relação ao crescente financiamento da contrainsurgência na Colômbia, o governo Clinton [1993-2001] camuflou o tópico da intervenção militar direta dos EUA sob a retórica de combate ao narcotráfico do Plano Colômbia. Inúmeros analistas já afirmaram que as Farc-EP não serão e não podem ser derrotadas. Alguns deles, como Marc Chernick, notaram que “apesar do constante aumento da capacidade militar do estado, ele ainda não é capaz de derrotar as guerrilhas hoje ou num futuro próximo… sua estrutura organizacional [da guerrilha], sua base de recrutamento e sua habilidade de travar guerra de guerrilhas por todo o território nacional permanecem inalteradas.” Especialistas, desde o ex-embaixador dos EUA em El Salvador, Robert White, até o historiador colombiano Herbert Braun, expressaram que Bogotá ou Washington não podem, de nenhuma maneira, derrotar as Farc-EP. Perto de seu final, o Plano Colômbia, com mais de 7,7 bilhões de dólares colocados na estratégia de contrainsurgência, não apenas falhou em derrotar as Farc-EP como testemunhou algumas das campanhas mais ferozes da guerrilha na década.
Glauber Ataide e Leonardo Péricles, Belo Horizonte
Quando se comemoram 50 anos da primeira viagem do homem ao espaço, realizada pelo soviético Yuri Gagarin, não podemos deixar de lembrar que este grande passo da humanidade foi dado pela pátria socialista.
Este fato, por si só, é uma das mais contundentes refutações do sofisma capitalista de que o socialismo não desenvolve a tecnologia.
É realmente notável a rapidez do desenvolvimento industrial, tecnológico e cultural que teve a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) num período tão curto de existência, comparado com os países capitalistas.
Em 1917, quando a Rússia fez a revolução socialista liderada pelos bolcheviques, o país era semi-feudal, extremamente atrasado e estava arrasado pela 1ª Guerra Mundial. Passada a guerra entre as nações, veio uma sangrenta guerra civil, que durou até 1923, na qual exércitos de 17 países capitalistas enviaram tropas para tentar derrubar o governo comunista.
Em 1941, a URSS foi invadida pela Alemanha nazista, entrando assim na 2ª Guerra Mundial. Sob o comando de Stálin, a URSS derrotou Hitler e salvou a humanidade do nazismo. Perdeu mais de 20 milhões de pessoas e teve milhares de fábricas e centenas de cidades completamente destruídas.
Não obstante, mesmo passando por todos esses problemas, em 1961, a União Soviética foi o primeiro país a enviar o homem ao espaço. Isso é notável: tudo isso no curto período de 1917 a 1961, e passando por todos esses problemas que passou.
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Os EUA, por sua vez, nem de longe foram tão afetados pela 2º Guerra Mundial quanto a URSS o foi. Pelo contrário, enriqueceram muito com ela. Enquanto a URSS tinha a preocupação de se reconstruir apenas com suas próprias forças, os EUA se desenvolviam à custa da destruição e da carnificina burguesas, e ainda oferecendo generosas ofertas aos países capitalistas europeus para que fizessem o mesmo (o famoso Plano Marshall).
Mesmo assim, os soviéticos chegaram ao espaço oito anos antes dos capitalistas, mostrando a superioridade da sociedade socialista. No dia 04 de outubro de 1957, o primeiro satélite artificial da Terra foi colocado em órbita pela União Soviética, o Sputnik I. Dois anos mais tarde, foi a vez do satélite Lunik 3E.
No dia 12 de abril de 1961, num voo que durou 108 minutos, foi a vez de o primeiro ser humano ser enviado ao espaço, marcando um novo horizonte para a humanidade. “Poyéjali!” (“Vamos lá!”), gritou Yuri Gagarin da cápsula momentos depois de decolar.
Somente numa sociedade socialista um filho de trabalhadores de uma fazenda coletiva, cujo pai era carpinteiro, pode entrar na história como o primeiro ser humano a viajar pelo espaço. O futuro da humanidade está no socialismo.