UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quarta-feira, 16 de julho de 2025
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Mulheres das Américas unidas por direitos e igualdade

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O Movimento de Mulheres Olga Benario realizou, entre os dias 18 e 20 de maio, a 1ª Conferência de Mulheres das Américas, na cidade de São Bernardo do Campo, em São Paulo. Estiveram presentes cerca de 300 delegadas de 13 Estados do Brasil e sete países das Américas (Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Peru, Uruguai e Venezuela, além da europeia Alemanha).

Na mesa de abertura, diferentes entidades e autoridades saudaram a realização do encontro. Um vídeo em homenagem a Olga Benario emocionou todos os presentes e deu o tom de combatividade que a homenageada sempre demonstrou em suas ações.

Nancy Bello, da Venezuela, ressaltou o compromisso de trabalhar pelas mulheres do povo que sofrem no seu dia a dia com as mazelas do capitalismo: “Que essa corrente que está em nossas entranhas seja cada vez mais revolucionária”, exaltou a camarada.

O conjunto de pessoas que compuseram essa mesa abordou as diversas bandeiras em defesa das mulheres e de toda a classe trabalhadora. Alicia Fernandes, do Uruguai, lembrou que “são as mulheres trabalhadoras que sofrem com a dupla exploração e as péssimas condições de trabalho. Nossa luta não é só uma questão econômica, mas de saúde, educação, moradia, enfim, de melhores condições de vida”.

Denúncias e homenagens

Um dos temas principais da conferência foi “A luta das mulheres frente à crise do capitalismo”. As delegações presentes relataram as inúmeras dificuldades que o capitalismo impõe aos trabalhadores, principalmente em tempos de crise, como a perda de direitos adquiridos, o desemprego, a redução das aposentadorias… e tudo isso atingindo principalmente jovens e mulheres.

Foi apresentada, como única saída para derrubar esse sistema, a organização das mulheres em um partido operário de vanguarda, forte, verdadeiramente comunista, que cumpra o papel de impulsionar a indignação dos povos com mobilizações e formação política e ideológica.

Outro momento que emocionou a todas foi a “Homenagem às mulheres assassinadas pelos governos ditatoriais das Américas”, que lembrou mulheres que lutaram por democracia, por direitos,  pela revolução social e sofreram com a repressão extrema dos governos de seus países. Foram lembradas revolucionárias de ontem e de hoje como Soledad Barret, Iara Iavelberg, Anatália Souza, Ana Sosa, entre outras. A música fez parte desse momento: a cantora popular Karina França foi responsável pelas intervenções culturais desse ato e trouxe ao momento obras de Violeta Parra, Chico Buarque, Mercedes Sosa e Sérgio Sampaio, que rememoraram as lutas populares.

Organização das mulheres e de suas famílias

As mulheres dos povos das Américas foram sempre a vanguarda dos movimentos deste continente.  Essa foi a constatação da mesa de debates “As experiências de organizações de mulheres das Américas”.

Em muitos países, a mobilização surge da necessidade básica como a luta por saneamento, energia, creches, lavanderias e restaurantes populares. Nos últimos anos, na Argentina, cresceu a participação das mulheres na luta pela moradia, no combate às drogas e nos movimentos estudantis. “As mulheres argentinas começaram a acordar e elevar sua consciência para lutar por  seus direitos. Foi isso o que aconteceu durante a ditadura militar, com as Mães da Praça de Maio”, afirmou Laura Montes, membro de La Multisetorial de la Mujer, de Mar del Plata, Argentina.

Foi consenso na mesa de debates que, mesmo com os avanços conseguidos, as mulheres permanecem ligadas ao mundo privado da casa, ao trabalho doméstico. Por isso, essas mulheres perceberam a necessidade de elevar a consciência de suas famílias, o que fez com que muitas inserissem seus filhos na luta para que eles compreendessem a importância de também lutar por seus direitos.

Outra discussão presente no segundo dia da conferência foi a forma como as mulheres burguesas se organizam para a manutenção do poder com o objetivo de continuar explorando a classe trabalhadora, como lembrou Cecilia Jaramillo, do Equador. Diante desse quadro, as mulheres operárias foram obrigadas a se contrapor a essa realidade. Organizaram lutas nos campos, nas fábricas e nos bairros para barrar todo tipo de exploração e, por consequência, elevar a qualidade de vida do povo. Nessa perspectiva, vê-se a importante da união de homens e mulheres na luta de classes.

Foram vários os relatos que expressaram a opressão em que vivem as mulheres, como em casos em que são obrigadas a usar fraldas para não saírem de seus postos de trabalho quando precisam ir ao banheiro ou da proibição de sair das fábricas.  Lembramos aqui o caso das mulheres que morreram assassinadas pelo incêndio ocorrido no século passado em uma fábrica, nos EUA, que deixou mortas cerca de 130 operárias tecelãs – fato que originou a data que marca a luta das mulheres no mundo, o Dia 8 de Março.

Declaração final do Encontro Continental de Mulheres

“Nossa luta não é contra as homens ou mulheres, mas sim contra o sistema capitalista”

 “A exploração e opressão da mulher é uma realidade inerente à sociedade dividida em classes; assim como toda a classe trabalhadora, as mulheres pobres são cada vez mais massacradas e agredidas por esse sistema, vivendo as contradições do capital x trabalho. Desde que se desenvolveu o direito à propriedade privada e a divisão social do trabalho, a mulher também se tornou um objeto de posse. As mulheres, nesse sistema, são dupla e até triplamente oprimidas, recebem salários inferiores nas mesmas funções, são mais afetadas com a falta de direitos trabalhistas e com a precariedade dos serviços básicos.

Com a atual crise do sistema capitalista, crescem as demissões e pioram as condições de trabalho. Sofrem mais as mulheres, pois recebem os piores salários, ocupam as piores funções e são as primeiras a serem demitidas. As professoras, uma profissão essencialmente feminina, têm jornada tripla de trabalho, recebem muito pouco e vêm de perto o sofrimento e a fome nos bairros pobres. Essa superexploração causa enfermidades, como tendinite, LER, alergias, estresse em níveis elevados, entre tantos outros que comprometem a saúde destas trabalhadoras.

O direito da mulher à maternidade e ao trabalho

As mulheres são as que mais sofrem com a falta de direitos e acesso às condições de vida dignas, reflexos do sistema econômico vigente. Quando se trata das jovens, negras, pobres, homossexuais e índias, a discriminação e exploração são ainda maiores. Essa é a realidade da maioria dos países da América Latina.

Não há creches nos locais de trabalho, universidades e escolas, o que não garante o direito das mulheres a trabalhar e a ter sua formação.  A licença maternidade é inferior à necessária para a mãe e para o bebê e muitas jovens são expulsas das moradias universitárias quando ficam grávidas, ou seja, toda a responsabilidade da gravidez recai sobre a mulher. Portanto, defender a existência de creches e escolas públicas de qualidade é defender o direito da mulher à maternidade, ao trabalho e à educação.

Desde que nascem, o tratamento familiar dado às meninas é diferente do que é dado aos meninos . As meninas são criadas para serem donas de casa e mães, são educadas para serem submissas aos homens. E os meninos educados para o espaço público, para o comando e para a agressividade.

Aborto legal para não morrer

 A mulher jovem é privada de participar dos espaços públicos, é presa, enclausurada em casa e em muitos casos sofre violência física e sexual doméstica por parte dos pais, companheiros e/ou responsáveis, que se sentem donos delas, evidenciando assim, o grande machismo existente na cultura capitalista.

Não há políticas para educação sexual, gerando um número cada vez maior de gravidez precoce, ao mesmo tempo que gera inúmeras mortes por abortos clandestinos nessa faixa etária. A igreja também ocupa papel importante diante do Estado, definindo questões que dizem respeito à decisão da mulher e à saúde pública.

É necessária, então, uma atenção à saúde da mulher, a descriminalização e legalização do aborto. Desmistificar os dogmas religiosos e o preconceito em relação a este ponto. Garantir educação sexual para decidir, anticonceptivos para não abortar e aborto legal para não morrer.

As mulheres são extremamente sexualizadas e são transformadas em mercadorias à venda (corpo e imagem). E apesar de toda a propaganda sexual da mídia, as mulheres é que são ditas culpadas em casos de estupro, alegando o uso de roupas inapropriadas e insinuações. Além da violência sexual, existem vários outros tipos de violência, como a patrimonial, doméstica, moral, psicológica, obstétrica, entre outras. O movimento de mulheres deve combater veementemente qualquer um destes tipos de violência, bem como as suas causas. Também se devem exigir as condições materiais para aplicação das leis conquistadas ao longo dos anos, como a Lei Maria da Penha, no Brasil.

 As mulheres pobres se prostituem e as famílias vendem suas meninas por dinheiro e serviços necessários à sua sobrevivência; outras vezes elas são sequestradas, com a mesma finalidade. A América Latina é a principal rota para a venda de mulheres, tanto para o mercado sexual como para a venda de órgãos. Uma vez prostituídas, sofrem mais violência, quase institucionalizada, de tão naturalizada que parece ao senso comum. É papel ainda do movimento de mulheres aprofundar o debate sobre a prostituição e os problemas relacionados a esta.

Participação política

Estaremos mais próximas da resolução destes problemas com a maior participação das mulheres nos espaços de decisão. Durante muito tempo, as mulheres foram impedidas de participar da política; apesar de hoje termos alcançado este direito de atuar politicamente, ainda é insuficiente, tendo em vista que somos mais da metade da população mundial. A principal causa disto são as condições econômicas de nossos países, que reservam a mulher um papel inferior na sociedade. Exemplo disso é que a direção dos movimentos sociais, organizações e partidos, é, em sua maioria, masculina. As diretorias de mulheres nas entidades e organizações, quando existem, são postas em plano secundário. É importante que as mulheres participem e sejam eleitas para parlamentos e para cargos executivos, pois isto é uma acumulação de forças para a luta revolucionária.

Precisamos trabalhar com esses problemas específicos das mulheres trabalhadoras, estudantes, camponesas como uma forma de atraí-las para luta do movimento de mulheres. Intensificar a formação política, partindo destas lutas concretas. Trabalhar esses problemas com uma perspectiva de classe, apontando a ideologia proletária.

Os países latinos americanos são explorados pelos países imperialistas, elevando o nível de opressão aos povos. Como já apontado, as mulheres sofrem ainda mais com isto; portanto, é papel do movimento de mulheres lutar contra todos os imperialistas, para a garantia da libertação nacional de nossos países. Condenamos veementemente a invasão inglesa das ilhas Malvinas, território da Argentina. E a invasão imperialista a todas as nações e povos do mundo!

Solidariedade

Nós nos solidarizamos e exigimos a liberdade das e dos presos políticos populares da América Latina, Caribe e de todo o Mundo! Rechaçamos a criminalização dos protestos sociais em nossos países. Exigimos o fim de toda a legislação antiterrorista, pois são usadas apenas para criminalizar os lutadores populares e revolucionários. Exigimos também o julgamento e a prisão comum para os repressores das ditaduras fascistas e genocidas.

Nós, da América Latina, somos herdeiras do sangue de diversas revolucionárias: Olga Benário, Ana Soto, Celica Gomez, Iara Iavelberg, Marilena Vilas Boas, Soledad Barret, Azucena Villaflor, Ana Sosa, Helena Quinteros, Rosita Paredes, Augusta La Torre, entre tantas outras que deram sua vida para a construção de um mundo melhor, igual e socialista.

Por isso, concluímos que a emancipação da mulher só se dará com uma revolução proletária, o fim do capitalismo e a construção do socialismo, no caminho de uma sociedade sem classes. Destruir as bases culturais, políticas e ideológicas do velho sistema, que lucra com a exploração e opressão das mulheres é o único modo de garantir plenamente os direitos femininos e igualdade entre mulheres e homens. Nossa luta não é contra as homens ou mulheres, mas sim contra o sistema capitalista”.

Ana Rosa Carrara, São Paulo

Sobre Stálin

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Durante sua vida o camarada J. Stálin motivou a admiração e o carinho da classe operária e de todos os povos da vasta União Soviética e também o respeito e a amizade dos trabalhadores dos cinco continentes, o ardor e o entusiasmo dos comunistas de todos os países e, é obvio, o ódio dos reacionários, dos imperialistas e burgueses que se sentiam feridos profundamente pelas colossais realizações da União Soviética, pelas grandes ações econômicas, culturais, tecnológicas e científicas dos trabalhadores e da intelectualidade socialista, pelos grandes e impressionantes triunfos da revolução, do socialismo e dos comunistas.

Nessa conjura contra Stálin, sobre cujo nome se combatia o comunismo, se destacou por sua maledicência e persistência a propaganda nazista que não deixava passar um dia sequer sem lançar suas malditas calúnias.

Esse ódio contrarrevolucionário e anticomunista caracterizou também Trotski e seus seguidores.

Pouco depois da morte de Stálin se somavam ao coro dos reacionários e anticomunistas de todos os países que sempre o insultaram, as vozes dos “comunistas” que ascenderam à direção do Partido e do Estado soviético.

Desde então, até nossos dias, o anti-stalinismo é a voz recorrente de todos os reacionários, dos ideólogos da burguesia, dos trotskistas, dos revisionistas e dos oportunistas de todas as cores.

Atacando Stálin se pretende derrubar as extraordinárias realizações do socialismo na União Soviética e no que fora o campo socialista, se quer minimizar e, inclusive, ignorar as grandes contribuições do Exército Vermelho e dos povos soviéticos na luta decisiva contra o nazismo, tenta-se denegrir o partido comunista e o regime socialista como totalitários, como negação da liberdade e da democracia. Em nome de Stálin se ataca Lênin, Marx e o socialismo. Difamar Stálin como um burocrata e sanguinário significa atacar a ditadura do proletariado e, com isso, negar a liberdade dos trabalhadores e dos povos, a democracia socialista. Caluniar Stálin como um ignorante e medíocre é desconhecer suas grandes contribuições à teoria revolucionária, ao marxismo-leninismo. Atacar Stálin significa negar a necessidade da existência e da luta do partido comunista, transformá-lo em um movimento de livre pensadores e anarco-sindicalistas, lhe tirar sua essência leninista, o centralismo democrático.

O cúmulo do anti-stalinismo é tachar de stalinistas a quem traiu a revolução e o socialismo em nome de acabar com os “crimes de Stálin” e fazer da União Soviética um “país democrático”. A estupidez dos reacionários e dos oportunistas não lhes permite distinguir que Kruschev, Breshnev, Gorbachov e Yeltsin, confessos anti-stalinistas, destruíram pedra por pedra a grande obra da classe operária e dos povos soviéticos, dos comunistas, de Lênin e de Stálin.

Os ataques a Stálin são de tal magnitude que, inclusive, um número importante de lutadores sociais, de esquerdistas e de revolucionários tem sido vítima de suas mentiras. No fundamental, trata-se de pessoas sinceras, interessadas na libertação social e nacional mas que desconhecem a personalidade e a obra de Stálin e, por isso, fazem coro a várias dessas tergiversações. Trata-se também de alguns revolucionários pequeno-burgueses que atacam Stálin a partir de posições pretensamente “humanistas”.

Aos comunistas de agora corresponde defender a verdade revolucionária sobre Stálin, já que somos seus camaradas, seus continuadores.

Pablo Miranda, 1º Secretário do PCMLE

Avança preparativos para 23ª Eijaa

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O 23° Encontro Internacional da Juventude Antifacista e Antiimperialista (EIJAA) acontecerá nos dias 4 a 11 de agosto, em Caracas,Venezuela, com a expectativa da participação de 1.000 jovens, sendo 500 delegados internacionais de 20 países de todos os continentes.

A programação do EIJAA, será intensa, com cinco temas centrais: 1) A crise do capitalismo: seus efeitos sobre a juventude e suas saídas; 2) A luta dos jovens no mundo por democracia e participação política; 3) Educação: Os modelos atuais e as propostas dos movimentos estudantis; 4) Os movimentos culturais do século XXI e 5) A luta pelo meio ambiente é para a vida. Além disso, teremos debates complementares, como o tema da mulher jovem e também atividades recreativas, culturais e esportivas.

Segundo o  do Comitê Nacional Preparatório da Venezuela “a realização do 23° EIJAA desperta grandes expectativas na juventude venezuelana. Esperamos um salto qualitativo na organização dos jovens, e um aprofundamento da luta da juventude por seus direitos”.

Sobre a importancia de sediar esse evento, os membros do Comitê Preparatório na Venezuela afirmaram a A Verdade que “O mais importante de tudo isso é o compromisso revolucionário, educar os jovens a compreender o perigo representado pelo fascismo para o nosso povo, e a necessidade de lutar contra ele de forma organizada, com a clareza de que a única saída para povo é a construção do socialismo científico. Isto para nós é um imenso desafio que nos enche de entusiasmo e sem dúvida nos dará a oportunidade de fazer avançar a luta revolucionária.”

O Encontro acontecerá em meio as eleições presidenciais na Venezuela, e o Comitê organizador venezuelano reconhece que a realização do 23º EIJAA próximo às eleições desempenha um papel muito importante na mobilização, educação e organização da juventude.

Também no Brasil é grande a expectativa para participar do Encontro. A delegação brasileira está sendo coordenada pela União da Juventude Rebelião (UJR) com a criação em cada estado dos Comités  de Preparação do EIJAA e a organização dos lançamentos públicos, buscando convocar amplamente a juventude  para lutar pelo fim da opressão e por um mundo de paz e fraternidade.

Ana Gabriela Fontana, Belo Horizonte

Governo de Rafael Correa viola direitos humanos

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Num flagrante desrespeito à Constituição e a diversas leis internacionais, o governo do presidente do Equador, Rafael Correa, mantém preso há mais de três meses um grupo de jovens trabalhadores, estudantes e militantes políticos equatorianos acusados injustamente de “terrorismo”, “subversão” e “atentado à segurança do Estado”. Alberto Merchán, Royce Gómez, Javier Estupiñán, Enrique Zambrano, Abigaíl Heras, Santiago Gallegos, Hugo Vinueza, Andrés Castro, Elizabeth Tapia e Cristina Campaña estão detidos na Prisão Feminina e no Centro de Detenção Provisória, em Quito, apesar de que, até agora, nem o governo nem a Justiça a seu serviço tenham apresentado provas dos supostos crimes que teriam cometido.

Os delitos de “terrorismo” e “atentado contra a segurança do Estado” vêm sendo utilizados por Correa para criar medo e conter o crescente descontentamento popular no país. De fato, nos últimos anos têm aumentado enormemente a carestia de vida, o desemprego, o sucateamento da saúde, o analfabetismo e a pobreza. O governo, em vez de enfrentar esses problemas, tenta calar a voz do povo e impede a liberdade de expressão, de organização, de reunião e mobilização, satanizando, perseguindo e prendendo todos os que pensam diferentemente dele.

O caso mais conhecido é o do estudante Marcelo Rivera, ex-presidente da Federação dos Estudantes Universitários do Equador, há 30 meses detido, acusado de “terrorismo”. Rivera, cuja pena o governo quer aumentar em um ano mais, cumpre uma injusta, arbitrária e inconstitucional detenção em uma penitenciária de segurança máxima localizada próximo à fronteira com a Colômbia e conhecida como a “Guantânamo do Equador”. Mesmo tendo ele bom comportamento e tendo cumprido todos os preceitos legais para reduzir sua pena, o Comitê Único de Reabilitação Social, por pressão direta do presidente Correa, negou reiteradas vezes sua liberdade, exigindo para tanto o pagamento de uma multa equivalente a mais de R$ 500 mil.

Outro caso recente se deu no dia 26 de abril, quando, em um novo ato ilegal e de abuso do poder, sete pessoas, entre elas acadêmicos e dirigentes sociais e políticos, foram condenadas a um ano de prisão por apoiar as manifestações de 30 de setembro de 2010 durante uma revolta de policiais contra o governo. Entre os condenados estão Hernán Yáñez, reitor da Universidade Técnica de Cotopaxi (UTC), Edwin Lasluisa, diretor da FEUE, Paul Jácome, deputado suplente do MPD, Xavier Cajilema, vereador, Sílvia Bravo, professora da UTC, Richard Artieda e Carlos Albán. A eles se somam Mery Zamora e William Pazmiño, dirigentes da União Nacional de Educadores (UNE), que também estão sendo processados por “sabotagem e terrorismo”.

Estes são apenas alguns exemplos entre as centenas de processos similares movidos contra quem ousa levantar-se contra a prepotência e o autoritarismo de Correa.

De acordo com Cecilia Jaramillo, presidente da Confederação de Mulheres pela Mudança do Equador (Confemec) e que denunciou a repressão política em seu país durante a Conferência de Mulheres das Américas realizada recentemente em São Paulo, existem atualmente 450 processos contra dirigentes sociais e mais de uma dezena de presos políticos no país. “Nos últimos anos, os trabalhadores e a juventude equatoriana vêm sofrendo com a crescente repressão e perseguição aos protestos sociais, por parte do governo Correa. Nesse período, 204 defensores dos direitos humanos e da natureza foram processados por sabotagem e terrorismo, foram registrados dez casos de perseguição e criminalização contra 48 dirigentes sindicais e 20 processos contra jornalistas”, denuncia Cecilia, que completa: “O país está se transformando em cenário de perseguição contra o pensamento divergente das posturas do governo, que está montando uma estrutura policial para controlar cada vez mais as pessoas. Temos vivido um sem-número de injustiças, arbitrariedades e ilegalidades. Agora, Correa manipula a justiça, processa e prende  todos os que pensam diferentemente dele – dirigentes sociais que a única coisa que querem é que exista no Equador democracia, trabalho digno, salários justos, educação de qualidade e justiça para quem comete atos de corrupção e viola os direitos humanos. Mas lutar por isso é considerado, por Rafael Correa, ato terrorista que atenta contra a segurança do Estado, por isso ele prende a mães e pais de família, injustamente”.

Liberdades democráticas em perigo

Mas não apenas os militantes de esquerda e as organizações são sociais perseguidos pelo governo porque questionam o caráter democrático de Rafael Correa. O Exame Periódico Universal dos Direitos Humanos da ONU também manifestou, em sua última reunião, preocupações quanto às liberdades dentro do país. Para o delegado da Suíça presente ao encontro, o Equador vive “um clima de censura e autocensura, pelo que se deve trabalhar pelo respeito à liberdade de expressão e de imprensa”.

Outro relatório, desta vez divulgado pelo Programa de Direitos Humanos da Universidade Andina Simón Bolívar com dados referentes a 2011, apresentou um quadro mais detalhado de como se encontram os direitos humanos no Equador. O documento, um esforço conjunto de diferentes organizações sociais e acadêmicas, mostra que no Equador existe um “cenário de prepotência e autoritarismo que viola os direitos fundamentais das pessoas”. De acordo com Enrique Ayala Mora, um dos organizadores do relatório, “não vivemos uma ditadura no Equador, entretanto há traços de autoritarismo preocupantes, sobretudo o fato de se considerar que dirigentes de movimentos sociais são terroristas” – prova de que o governo de Rafael Correa não é nenhum regime democrático, mas um governo repressor e prepotente.

Governo espiona oposição

Além de perseguir e prender todos os que pensam diferentemente dele, o governo Correa também oficializou a espionagem contra movimentos sociais e dirigentes políticos da oposição por meio do Regimento para a Implementação do Sistema de Vigilância Técnica Eletrônica, que restringe ainda mais os direitos estabelecidos na Constituição do país. Sob o pretexto de combater a “insegurança e a delinquência organizada”, o governo instaurou uma ampla rede de vigilância eletrônica que constitui uma perigosa ameaça aos direitos dos cidadãos do país.

Não bastasse, ultimamente é notável a presença de pessoas do governo infiltradas nas mobilizações, assembleias e demais atividades das organizações sociais e populares para levantar dados e informações sobre os dirigentes, denegrir o movimento popular e forjar “evidências” que justifiquem processos contra os manifestantes.

Como se percebe, a linha do governo de Rafael Correa de criminalizar o protesto social e perseguir e prender líderes sociais e dirigentes políticos da esquerda desrespeita a Constituição equatoriana, viola os direitos humanos e configura uma perigosa conduta que busca silenciar os povos, impedir o livre desenvolvimento das organizações sociais e amedrontar os críticos e opositores de sua política antipopular.

Entretanto, longe de lograr êxito, a repressão imposta por Correa faz crescer a indignação e a luta do bravo povo equatoriano por um país verdadeiramente livre e democrático.

Heron Barroso

CMP realiza plenária nacional em Aracaju

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Aracaju sediou, de 25 a 27 de maio, a Plenária Nacional da Central de Movimentos Populares (CMP), com a presença de 20 Estados brasileiros e de cerca de 150 delegados, que debateram o tema “Central é para lutar, construindo o socialismo no movimento popular”. A plenária rearticulou a força do movimento popular em todo o Brasil e, com bastante unidade, convocou o V Congresso Nacional da CMP Brasil.

No primeiro dia, Wellington Bernardo, coordenador do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas e da coordenação nacional da CMP, disse que, “neste momento de crise econômica que vive o mundo, a CMP precisa não só manter viva a luta do povo pobre, como também esclarecer de onde vem a exploração, qual a raiz dos seus problemas e conscientizá-lo de que o caminho para ter uma vida digna é a construção de uma sociedade socialista”.

Os dias seguintes foram dedicados ao debate de construção do V Congresso da CMP, que ficou marcado para o período de 23 a 26 de outubro de 2013. Esse encontro comemorará o 20º aniversário da CMP.  Durante 20 anos a Central foi construída em cada luta do povo pobre do Brasil por reforma urbana, direitos sociais e o socialismo. “Precisamos manter viva essa trajetória de combatividade que marca a história da CMP; nosso povo já comprovou que é organizado e entendeu que é na luta que se conquistam moradia digna e direitos sociais”, disse Wellington Bernardo.

Num clima de unidade e animação, foram definidos os critérios de participação dos Estados que devem organizar seus congressos e garantir uma grande bancada para o fortalecimento do debate e a reconstrução da CMP pela base.

A CMP também repudiou a brutal e arbitrária reintegração de posse promovida pelo Poder Judiciário e pela polícia do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, contra as famílias da ocupação Eliana Silva, que se organizaram para lutar por seu direito à moradia digna, e reafirmou que as ocupações são uma forma legítima de luta que o povo tem para se defender da opressão.

Ésio Melo e Juliete Pantoja, Aracaju

Ocupação Sá Pereira arranca compromisso para moradia em Belém

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Organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas, cerca de 100 famílias, incluindo idosos e crianças, ocuparam na madrugada do dia 6 de maio um prédio do INSS, na cidade de Belém, Pará. A ocupação foi denominada Sá Pereira, em homenagem ao companheiro Carlos Sá Pereira, fundador do Sindpetro Pará, preso político em 1964q964 e militante do PCR, falecido no ano passado.

Durante o domingo, os ocupantes limparam o prédio e receberam visitas e apoio de vários outros movimentos e vizinhos que doaram comida, água e um fogão para ocupação.

Na noite de domingo, os membros da ocupação que se encontravam reunidos em assembleia geral foram surpreendidos pela ação truculenta da Guarda Municipal que invadiram e expulsaram os ocupantes do prédio com gás lacrimogêneo e agredindo crianças e idosos.

Logo após o despejo, as famílias se reuniram em praça pública e decidiram permanecer em luta realizando na manhã do dia 7 de maio, um ato público que teve início no local da ocupação, que estava cercado por uma tropa da Guarda Municipal, e terminou em frente da Prefeitura de Belém. Na ocasião, uma comissão de quatro companheiros foi recebida pelo Chefe de Gabinete do prefeito, o Sr. Oseas Junior e à tarde pelo secretário de Habitação do município, o Sr. Oswaldo Gonzaga. Na audiência, o secretário assumiu compromisso de as famílias num projeto para a construção de 100 casas.

Após a vitoriam Fernanda Lopes, da coordenação do MLB, declarou a A Verdade que o movimento espera que a prefeitura cumpra com o compromisso firmado e que puna os responsáveis pela violência praticada pela Guarda Municipal. “As famílias estão no clima de aumentar ainda mais a influência do MLB nos bairros de Belém e dispostas a lutarem com todas as forças para verem o sonho da casa própria ser realizado.”

Redação – Pará

“Somos todos Eliana Silva”

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20 dias. Esse foi o tempo de duração de uma das mais organizadas ocupações que Belo Horizonte já tinha visto. A ocupação Eliana Silva, formada na região do Barreiro desde o dia 21 de abril, contava com 350 famílias, que lá estavam organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e ocuparam um terreno que estava abandonado há mais de 40 anos. Nesses dias em que durou a ocupação, muitos avanços foram alcançados pelos seus moradores, que tinham no mínimo três refeições ao dia (as crianças chegavam a ter até quatro refeições), todas as decisões principais referentes à organização da comunidade eram decididas em assembleias realizadas todos os dias; era proibido o uso de drogas e até mesmo uma creche foi organizada, atendendo dezenas de crianças. Todo esse exemplo de organização e disciplina incomodou os poderosos da cidade, em especial, o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda e o governador do Estado de Minas Gerais, Antônio Anastasia. Cedendo à pressão desses “governantes”, a juíza da 6ª Vara da Fazenda Municipal, Dra. Luzia Divina, concedeu a reintegração de posse a favor da prefeitura de BH, sem o Município tivesse sequer comprovado a propriedade ou a posse do terreno.

Mas essa foi apenas uma das enormes arbitrariedades cometidas contra as famílias trabalha-doras. Apesar do gigantesco déficit habitacional, que segundo o IBGE afeta 120 mil famílias, nenhuma delas é beneficiária do programa “Minha Casa, Minha Vida”.

Segundo dados da própria prefeitura, em 2008, se inscreveram em Belo Horizonte para o Programa “Minha Casa Minha Vida” 198 mil famílias, o que equivale a cerca de um milhão de pessoas, um terço da população da capital mineira. Considerando que a Prefeitura constrói apenas mil casas por ano, serão necessários duzentos anos para zerar o déficit habitacional atual; somamos a isso os mais de 70 mil imóveis ociosos na cidade, que continuam dessa forma porque a prefeitura não se utiliza das leis vigentes para enfrentar a especulação imobiliária e dar destina-ção social aos imóveis. Mesmo com tamanha omissão, a prefeitura e o governo do Estado, prepararam a reintegração de modo a pegar as famílias de surpresa e dificultar a resistência.

Caveirão para os pobres

Rasgando a própria Constituição, foi realizada no dia 10 de abril, uma reunião clandestina entre a juíza, a Polícia Militar, a prefeitura, o governo do Estado e o Ministério Público. Na manhã do dia 11 de maio, sem nenhuma notificação prévia de um oficial de justiça às famílias, um aparato militar de fazer inveja à ditadura militar, composto por mais de 450 homens fortemente armados com escopetas, spray de pimenta, cassetetes, escudos, e demais armas de diversos calibres, cães, cavalaria, helicóptero e até um “Caveirão” (tanque de guerra da PM), foram utilizados para reprimir as famílias da ocupação. Agressões e demais violências tanto do ponto de vista físico como do ponto de vista psicológico foram cometidas contra crianças, mulheres grávidas e idosos, houve espancamento, mães foram impedidas por até 39 horas de poder amamentar seus filhos e diversos pertences pessoais das famílias foram roubados pela polícia e pelos fiscais da prefeitura. Todo esse aparato militar foi usado para destruir as barracas de lona em que as famílias moravam e atemorizar o povo que ousa levantar a cabeça e lutar. Apesar da resistência das famílias, que enfrentaram como podiam esse crime contra o povo trabalhador, toda a infraestrutura da ocupação foi destruída. Mesmo com toda essa truculência, a PM não conseguiu retirar as famílias do terreno que ali ainda permaneceram até o outro dia às 16h, quando em assembleia, decidiram sair por vontade própria de cabeça erguida e com a certeza que a luta deve continuar. Importante destacarmos que enquanto acontecia a desocupação, milhares de pessoas das comunidades de Camilo Torres, Irmã Dorothy, das Vilas Santa Rita, Corumbiara e da Vila Pinho tentaram furar o bloqueio para se solidarizarem com as famílias da ocupação Eliana Silva e foram também reprimidas, com cassetetes, spray de pimenta e cavalaria.

Fascismo e perseguição

No dia 13 de maio, o rapper paulistano Emicida, foi preso após um show em um festival de Hip Hop realizado na região do Barreiro, sob a alegação de “desacato à autoridade”. No início da música “Dedo na ferida”, dedicada às vítimas do atentado fascista do governo tucano de São Paulo contra as famílias do Pinheirinho, Emicida afirmou “Somos todos Eliana Silva”, e convocou o público a levantar o dedo do meio contra a polícia que desocupa as famílias mais humildes e contra os políticos que não respeitam a população.

Outro caso preocupante foi o relativo às perseguições sofridas pelo Frei Carmelita Gilvander Moreira, assessor da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e grande aliado da ocupação. No dia 15 de maio, os freis Adailson e João Paulo (que moram na mesma casa) ao chegarem, se depararam com um automóvel Fiat Uno, branco, estacionado no portão da casa, com as quatro portas abertas e com quatro homens de pé fora do automóvel, um com um cacete grande na mão, em atitude ameaçadora, num horário que Frei Gilvander deveria ter chegado. Já estava escuro na hora e chovia uma chuva fina. No dia 16, uma das advogadas do movimento enquanto voltava para casa foi perseguida por uma moto por quatro bairros. Essas denúncias já foram apresentadas à Polícia Civil, à Comissão dos Direitos Humanos da ALEMG (Assembleia Legislativa), ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Imprensa. No dia 21, nova agressão a Frei Gilvander; dessa vez, seu site foi atacado e os vídeos que denunciam os despejos e injustiças contra as ocupações no Estado de Minas Gerais foram retirados do ar.

A luta continua

Dois dias após o despejo, mais de duzentas famílias acamparam na porta da prefeitura de BH e lá permaneceram durante dois dias. A reação do prefeito foi a já esperada: não houve nenhum diálogo que resultasse em solução do problema. Mas novamente houve uma enorme repercussão em toda a imprensa da cidade. Na quarta-feira, dia 16 de maio, as famílias desocuparam a entrada da prefeitura e saíram em passeata até a Assembleia Legislativa onde lotaram o plenário para a realização de uma audiência pública sobre a ocupação.

O Fórum Permanente de Solidariedade às ocupações em Belo Horizonte vem fazendo reuniões periódicas e as entidades e demais participantes vêm desenvolvendo diversas atividades de solidariedade. Além do rapper Emicida, outros artistas também têm prestado solidariedade à ocupação, como são os casos da banda Graviola e Lixo Polifônico, do grupo 4 Instrumental, dos rappers do Duelo de MC’s, dentre outros. Nos sábados, 19 e 26, foram realizadas plenárias com as famílias para decidir sobre a continuidade da luta. Destaque para a plenária do dia 26 que contou com a presença de várias entidades e até do vice-prefeito de Belo Horizonte, Roberto Carvalho, que disse ser contrário à política que Márcio Lacerda vem implementando e ao despejo das famílias de Eliana Silva. O vice-prefeito se comprometeu na plenária a ir até a presidente Dilma durante a próxima semana buscar solução e assegurou que retornará posteriormente às famílias para apresentar o resultado da conversa. Além disso, todos esses dias, centenas de pessoas espontaneamente vêm se mobilizando no sentido de ajudar as famílias com doações de roupas, cobertores, colchões, alimentos, apoio político, etc, reforçando ainda mais a vontade de vencer das famílias.

Para mais informações acesse: http://www.ocupacaoelianasilva.blogspot.com.br/.

Leonardo Pericles
Membro da coordenação Nacional do MLB

Estudantes de Varginha saem às ruas

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No dia 10 de maio, os estudantes do Campus de Varginha da Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG), organizados pelo Diretório Acadêmico Florestan Fernandes (DAFF) e pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) realizaram uma passeata até a prefeitura reivindicando o direito ao meio-passe universitário. “Há vários anos os estudantes de várias partes do Brasil têm conquistado este direito, e aqui em Varginha não pode ser diferente”, disse Renan Peres, coordenador-geral do DCE.

Desde o ano passado, os estudantes da Unifal-MG estão tentando manter diálogo com a prefeitura no sentido de garantir a aprovação do benefício, visto que os altos valores das passagens ainda se refletem bastante na evasão universitária. Foram feitas assembleias, reuniões com o prefeito e uma audiência pública na Câmara Municipal.

Como o prefeito se mostra resistente, os estudantes ocuparam a Prefeitura e uma comissão foi recebida. Com isso, foi marcada uma nova reunião para o início de junho com os representantes dos estudantes, da prefeitura e da empresa de transporte da cidade para garantir as condições da efetivação do meio-passe.

Os estudantes vão continuar mobilizados até a garantia definitiva da conquista do meio-passe em Varginha.

Rossi Henrique Chaves, vice-presidente do DAFF e militante da UJR

O Pronatec: avanço ou retrocesso?

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Dentro das escolas técnicas públicas se formam os principais quadros para a produção industrial, química e agrícola do nosso país; porém, a Confederação Nacional das Industriais (CNI) encaminhou junto do governo federal uma lei que legaliza o roubo do dinheiro público, a privatização descarada do ensino técnico. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego –PRONATEC- foi criado entre os setores mais reacionários da sociedade, que não defendem a educação pública e nem a soberania nacional. Após sua formatação, foi enviado ao Congresso Nacional e tramitou em regime de urgência, fazendo com que existisse pouco debate sobre seu funcionamento. O PRONATEC se coloca como um ataque gravíssimo a educação pública, com envio direto de dinheiro público para o setor privado e não somente via isenção de impostos, como acontece no PROUNI. Através do BNDES, o governo pretende oferecer financiamento ao Sistema S (SENAI, SESC, SESI, SENAC) que é dirigido pela própria CNI e sinaliza jorrar mais de R$ 24 bilhões até 2014 na iniciativa privada.

Segundo alguns pedagogos, o primeiro jeito que se tem para privatizar a educação é pondo-a em leilão. O segundo é pôr o PRONATEC em prática. Ao observar a lei Nº 12.5132/2011 (lei do PRONATEC) podemos constatar que são dispensáveis auditorias fiscais para a realização de convênios entre o governo e a iniciativa privada, permitindo assim que dinheiro público seja repassado à iniciativa privada sem que haja um controle efetivo, com exigências e contrapartidas previamente estabelecidas. O programa se assemelha muito com o acordo MEC-USAID, feito entre Brasil e EUA durante o período da ditadura militar, que previa o sucateamento da educação pública para o fortalecimento da iniciativa privada.

Muitos representantes do governo perguntam aos contrários do PRONATEC: ‘Qual é o problema da iniciativa privada na educação?’ O problema não está nela participando apenas da educação. Quando se trata de educação, saúde, transporte, reforma agrária, o interesse do setor privado fica ainda mais distante dos interesses do povo, já que na estrutura pública é possível disputar a concepção dessa mesma educação, saúde, transporte, reforma agrária; enquanto na estrutura privada, apesar de ela ter que obedecer a lei geral, a lógica de funcionamento é de favorecer os interesses da classe dominante e garantir seu lucro.

Sem dúvida que essas medidas de sucateamento não vão acabar com 30 milhões de brasileiros analfabetos funcionais e nem garantir um ensino técnico público e acessível; para isso é necessária uma grande mobilização em defesa da educação! É preciso que se erga a bandeira da garantia da educação pública e de qualidade, propiciando o avanço da ciência e tecnologia; universalização da educação pública; formação de profissionais capacitados; garantia do piso salarial para os técnicos; garantia da politecnia dentro de todas as unidades de ensino; o fim da mercantilização da educação, fim do pagamento da dívida pública e o investimento dos 10% do PIB para a educação pública. Só assim, os setores sociais terão prioridade e a educação será para todo o povo brasileiro e para classe trabalhadora.

Raphael Almeida
Estudante do IFRJ e diretor da FENET

Curso de Teoria Marxista na UFPE é um sucesso

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Nos dias 22, 23 e 24 de maio foi realizada mais uma edição do Curso de Teoria Marxista da UFPE. O evento lotou o auditório do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da universidade, mesmo num período de greve, o que demonstra não só a atualidade do marxismo como também o interesse crescente da juventude pelo tema.

O curso foi dividido em três módulos – filosofia, economia e socialismo científico – e a cada dia novas inquietações surgiam nas intervenções dos estudantes. Não por acaso. O momento político que vive o mundo hoje, de aprofundamento das contradições do capitalismo, impõe à sociedade, e especialmente à juventude, a responsabilidade de responder a perguntas como “De onde vem a miséria?”, “Qual a raiz da divisão entre ricos e pobres?” e “Por que, em meio à opulência, reinam a fome e o analfabetismo?”.

No primeiro dia, Edval Nunes Cajá, dirigente do PCR,  tratou de fazer um apanhado histórico, desde a primeira forma de organização humana, o comunismo primitivo, até os dias atuais.

No módulo de Economia, o palestrante Rafael Freire tratou de um tema famoso até para os pouco iniciados na literatura marxista: a luta de classes. Em filosofia, foi possível aprender, a partir da explicação do historiador José Nivaldo Júnior, que a realidade está sempre em movimento e que esse movimento é impulsionado pela contradição entre o velho e o novo, que estão em conflito permanente em tudo o que existe na natureza e na sociedade.

Deste modo, oferecendo três belos dias de puro materialismo histórico e dialético, o Centro Cultural Manoel Lisboa, a UJR e o Movimento Correnteza prestaram um grande serviço à comunidade acadêmica e à construção de uma sociedade mais justa e fraterna que, antes mesmo de Karl Marx nascer, já figurava nas ideias dos espíritos mais preocupados com a supressão da desigualdade, com o nome de socialismo.

Thaynnara Queiroz, estudante de Pedagogia da UFPE

Pesquisa retrata universitário brasileiro

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A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) publicou o relatório Perfil socioeconômico e cultural dos estudantes de graduação das universidades federais brasileiras, encomendado ao Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (Fonaprace) com o objetivo de mapear a vida social, econômica e cultural dos estudantes de graduação presencial das universidades federais brasileiras. A coleta dos dados ocorreu de 11 de outubro a 17 de dezembro de 2010.

Edward Brasil, presidente da Andifes na gestão 2010/2011, explica que “a pesquisa tem por fim conhecer o nosso alunado e buscar indicadores para formular políticas de equidade, acesso e assistência estudantil, essenciais no contexto da dissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, e assim redobrar esforços para garantir a permanência de todos os estudantes, viabilizando a conclusão de seus cursos agindo preventivamente nas situações de retenção e evasão”.

Nossas universidades federais são compostas por 75% de estudantes jovens na faixa etária de até 24 anos e 8,7% são negros; 43,7% pertencem às classes C, D e E, e este percentual cresce na região Norte (69%) e Nordeste (52%). Já os estudantes da classe A perfazem 15%, com maior concentração na região Centro-Oeste (22%). Em contrapartida, a região Norte tem apenas 6,3% de estudantes da classe A, dado que derruba o mito de que nas universidades federais só há ricos e reforça a necessidade de as instituições garantirem uma política de assistência estudantil que garanta aos estudantes das classes C, D e E poder se manter na universidade.

Os estudantes são, em sua maioria, mulheres (53,5%), e a Região Norte tem a maior percentagem (58,2%). Há um elevado percentual de estudantes com filhos que utilizam as creches universitárias (43,4%). Ao mesmo tempo, dos trancamentos de matrícula por licença-maternidade as mães oriundas das classes C, D e E são a grande maioria, com 68%, ou seja, muitas elas abandonam o período por não terem onde deixar seus filhos, o que demonstra a importância de universalizar o acesso à creche.

Outro mito, aquele segundo o qual a grande maioria dos estudantes vão de carro para a aula, também não é verdade: são apenas 21,62%. Em contrapartida, cresceu para 18% o número de estudantes que se deslocam a pé, de bicicleta ou de carona, e, ainda assim, a maior parte, 56,5% utiliza transporte coletivo.

 O relatório mostra como é deficiente o investimento em programas de assistência estudantil, numa realidade em que metade dos estudantes são das classes C, D e E, e apenas 15% utilizam os restaurantes universitários; 2,5% estão em residências universitárias (com destaque para a Região Norte, com apenas 0,63%); e não chega a 11% índice dos estudantes atendidos pelos programas de bolsa permanência. O resultado é que 15% dos trancamentos de matrícula são por motivos financeiros.

Uma questão que merece destaque é a situação de saúde física e mental. Um terço dos estudantes não pratica nenhuma atividade física e quase metade (47,7%) relata ter vivenciado crise emocional nos últimos 12 meses. Os motivos levantados são diversos: por relações amorosas e conjugais (41%), assédio moral (25%) e  a interferência por dificuldades financeiras foi manifestada por 52%, por carga excessiva de trabalho (37%) e – alarmante – é que, por violência física ou sexual, foram relatados 24% dos casos.

Essas dificuldades afetam o desempenho acadêmico em proporções diferentes: ansiedade (70%), insônia (44%), sensação de desamparo/desespero/desesperança (36%), sensação desatenção/desorientação/confusão mental (31%), depressão (22%),medo/pânico (14%) e problemas alimentares (12%).

Os prejuízos decorrentes de problemas emocionais foram: falta de motivação para estudar ou dificuldade de concentração (61%), baixo desempenho acadêmico (48%), reprovações (31%), trancamentos de disciplinas (16%), mudança de curso (6%), risco de ser jubilado (6%) e trancamento geral (5%).

O relatório demonstra um retrato de uma universidade brasileira com muitos desafios, pois só tem 15% dos seus jovens no ensino superior, e, destes, 85% estão nas instituições de ensino particular. A pequena parcela que conseguiu ingressar nas universidades públicas passa por um grande desafio de se manter nelas, pois ainda é insuficiente a política de assistência estudantil oferecida.

A pesquisa reforça a necessidade de fortalecermos a organização dos estudantes e da sociedade para que possamos reverter este quadro. Neste sentido, o Seminário Nacional de Universidade Brasileira, realizado anualmente pela União da Juventude Rebelião e DCEs, cumprem um importante papel de fomentar o debate sobre nossa universidade.

Alexandre Ferreira, Coordenação Nacional da UJR