UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quinta-feira, 11 de setembro de 2025
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“Da Colina Kokuriko” aponta a necessidade da luta coletiva para transformar a realidade

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Conceitos como organização, reconhecimento de direitos e luta social se apresentam em “Da Colina Kokuriko”, trazendo à tona questões fundamentais para nossa realidade e reforçando a ideia de que apenas por meio da luta organizada é possível promover mudanças significativas em nossas vidas e na sociedade como um todo.

João Pedro Souza | Redação – PE


CULTURA – Situado no início da década de 1960, período em que o Japão se reerguia após  a segunda guerra e um período de domínio de ideias fascistas, e se preparava para sediar as Olimpíadas. O filme “Da Colina Kokuriko” que traduzido significa: “A Colina das Papoulas” pode ser considerado um dos filmes mais notáveis já produzidos pelo Studio Ghibli até hoje, representando também o ápice da carreira do jovem diretor Gorō Miyazaki. Atualmente, o filme está disponível na plataforma da Netflix.

Lançado em 2011, o filme de animação conta a história de Umi Matsuzaki (Nagasawa), uma jovem estudante do ensino médio que assume a responsabilidade de cuidar dos irmãos e de sua avó, administrando uma pousada na cidade de Yokohama. Nessa época sua mãe foi para os Estados Unidos concluir os estudos universitários e se tornar uma professora universitária. Já o seu pai foi morto através de uma emboscada em um navio em que ele estava durante a guerra travada contra a Coreia. A garota Umi, em memória de seu pai, todas as manhãs, hasteia as bandeiras marítimas “U” e “W” que juntas significam “esperança de uma navegação segura” em frente à sua casa. A casa está localizada em uma colina com vista para o porto e toda a costa e as bandeiras são visíveis para todos os navios que se aproximam do continente.

O outro protagonista do filme é Shun Kazama (Okada), um jovem estudante do ensino médio que se junta a um grupo liderado por vários meninos da escola do prédio do Quartier Latin (um dos edifícios mais famosos e históricos da cidade) que proporciona aprendizagem, confecção do jornal da escola e desenvolve um clube de cultura. Além disso, Shun é uma pessoa de caráter forte e embora não conhecesse seus pais biológicos, foi acolhido e educado por seus pais adotivos. Shun atua como um dos diretores do jornal da escola e busca servir como exemplo para que os jovens lutem pelos seus direitos e se organizem coletivamente, não desistindo de seus sonhos e objetivos.

A organização em defesa do prédio Quartier Latin

A trama se desenrola na cidade de Yokohama em 1963, enquanto o país se prepara para sediar as Olimpíadas de 1964, sendo a demolição do edifício do Quartier Latin um fato importante para avançar na construção de novos espaços para as Olimpíadas que estão por vir. Nesse tempo, o presidente da escola em parceria com o governo japonês, tinha como objetivo a demolição do prédio histórico o mais rápido possível sem nenhuma consulta com a população local e nem com os jovens que frequentavam aquele espaço.

O jovem Shun já estava preocupado com os rumos que o histórico prédio Quartier Latin iria tomar e planejava maneiras de resistir à demolição. Durante esse período, Shun descobriu que Umi hasteava a bandeira diariamente em sua pousada em homenagem ao seu pai e escreveu uma carta para ela. Deve-se notar que os jovens Umi e Shun frequentavam a mesma escola, mas não se conheciam. Umi ficou sabendo da carta e foi ao encontro de Shun para conhecer o trabalho de organização e resistência realizado no Quartier Latin. Foi assim que Umi conheceu Shun, o desenvolvimento do jornal da escola e os dois acabaram se apaixonando durante o processo de organização dos estudantes.

É importante destacar que no prédio Quarter Latin, retratado no filme, predominava uma presença masculina, evidenciada pela sua característica de ser um clube frequentado majoritariamente por rapazes. Embora não explicitado de forma direta na narrativa cinematográfica, a preservação do edifício se tornou uma batalha liderada pelos rapazes, até que Umi, sugere para Shun uma ação de reorganização e limpeza do espaço e as moças são convocadas para auxiliar nesse trabalho. É nesse momento que Umi assume a liderança dessa tarefa, sendo destacada para mobilizar outras jovens que se unem à causa, tomando a iniciativa e engajando-se junto aos rapazes na luta em defesa do prédio.

Da Colina Kokuriko demonstra que só a luta coletiva é que muda a realidade

Durante a mobilização estudantil, foram realizadas inúmeras manifestações com o objetivo de envolver cada vez mais estudantes da escola na defesa do edifício e na oposição à sua demolição. Shun e Umi foram fundamentais na organização desta tarefa, e todos que entenderam o chamado participaram ativamente, acreditando fortemente na causa que defendiam.

A capacidade de organização social assim como seu engajamento na construção coletiva é expresso nas passeatas e mobilizações dos estudantes da escola. A organização dos estudantes em defesa do prédio traz vitórias significativas para a classe estudantil, mantendo o local do prédio e impondo uma derrota visível ao presidente da escola, assim como ao governo japonês e aos interesses financeiros externos que estavam por trás da demolição.

Evidentemente que durante o filme os jovens secundaristas Umi e Shun enfrentam dificuldades particulares, no entanto, eles se esforçam para manter a organização, buscando os interesses coletivos sem esquecer de suas responsabilidades acadêmicas. Umi, por exemplo, mantém notas exemplares enquanto cuida de seus irmãos e avó e ajuda a administrar uma pensão – uma situação com a qual mulheres estudantes brasileiras podem se identificar: estudar e trabalhar ao mesmo tempo, além de cuidar de familiares.

Mesmo sem a presença dos pais biológicos, Shun conseguiu encontrar força e disciplina para lutar pelos direitos coletivos, continuar aprendendo e enfrentando diversas dificuldades na narrativa cinematográfica. Mesmo assim, isso fez dele uma das maiores referências da escola na defesa do prédio Quartier Latin, no qual contribuiu para a vitória coletiva na preservação do edifício.

Conceitos como organização, reconhecimento de direitos e luta social se apresentam em “Da Colina Kokuriko”, trazendo à tona questões fundamentais para nossa realidade e reforçando a ideia de que apenas por meio da luta organizada é possível promover mudanças significativas em nossas vidas e na sociedade como um todo. Assim, o enredo do filme nos proporciona reflexões sobre a importância da organização e da luta dos estudantes por seus direitos, apesar das dificuldades impostas por uma sociedade cada vez mais individualista e liberal, que a todo momento nos faz acreditar que estamos “perdendo tempo” ao se dedicar em lutas coletivas para nossa emancipação, o que é um grande equívoco quando confrontado com a realidade.

Conubes: UJR e Rebele-se convocam estudantes a lutar pela Educação

Conubes, o Congresso da União Brasileira de Estudantes Secundaristas, foi marcado pelo crescimento da bancada de oposição, liderada pela UJR e o Movimento Rebele-se. Delegados defenderam mais democracia na entidade e mais luta nas ruas e escolas do país

Cadu Machado | Redação


EDUCAÇÃO – Entre os dias 14 e 16 de junho, realizou-se, em Belo Horizonte (MG), o 45º Congresso da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes). Durante os três dias de evento, aconteceram importantes debates sobre a conjuntura política nacional, o genocídio na Palestina, a violência contra a juventude negra, a crise ambiental, vários eixos sobre educação e movimento estudantil.

Mais de cinco mil estudantes de todo o Brasil saíram de seus estados em caravanas depois de organizar o processo de eleição e mobilização de delegados em suas escolas. O Movimento Rebele-se, impulsionado pela União da Juventude Rebelião (UJR), destacou-se por sua combatividade, defendendo as posições mais avançadas na luta pela revogação da Reforma do Ensino Médio, a ampliação dos recursos destinados à educação, o combate à privatização e à militarização das escolas no Brasil.

Ditadura nunca mais!

A abertura do Congresso foi marcada por uma importante e emocionante homenagem a Edson Luís, estudante secundarista assassinado pela ditadura militar em 1968, símbolo da resistência estudantil, que contou com a participação de militantes da resistência contra a ditadura, entre eles Edival Nunes Cajá (ex-preso político e presidente do Centro Cultural Manoel Lisboa), Jô Moraes (ex-presa política e ex-deputada federal) e Nilmário Miranda (ex-preso político e integrante do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania).

Durante sua intervenção, Cajá ressaltou a importância de a Ubes assumir a bandeira da luta por memória, verdade, justiça e democracia e convocou os estudantes a seguirem o exemplo de Edson Luís e tomarem as ruas: “O cadáver de Edson Luís é mais poderoso que as armas daqueles que o assassinaram, pois seu exemplo segue presente em cada estudante, em cada grêmio, em cada luta”, disse. Cajá também denunciou que o perigo de novos golpes continuará rondando o país enquanto não houver punição aos golpistas de 1964 e um duro combate aos fascistas do presente. “Essa bandeira jamais pode ser abandonada. A luta contra o fascismo só será decidida em favor do povo com mobilização e muita luta”, defendeu.

Solidariedade ao povo gaúcho

Outro momento marcante do Congresso foi o ato de solidariedade aos estudantes e ao povo do Rio Grande do Sul, severamente afetados pelas enchentes. Durante o ato, livros cobertos de lama, trazidos de escolas gaúchas, foram exibidos como símbolo das dificuldades enfrentadas. “A bancada do Rio Grande do Sul está aqui para representar os milhares de estudantes que não puderam vir ao Congresso por ainda estarem sofrendo os impactos das enchentes. Viemos cobrar mais investimentos na reconstrução do estado e o cancelamento da Dívida Pública”, afirmou o estudante gaúcho Kaye.

Diretoria majoritária prejudica participação

Ao longo do Conubes, problemas de infraestrutura impediram que muitos estudantes participassem com qualidade do evento. No primeiro dia, por exemplo, apenas metade das delegações conseguiram sair dos alojamentos, pois não tinham ônibus suficientes para todos se deslocarem até o local do Congresso. “A pergunta que fica é: como um movimento que não consegue contratar uma empresa de ônibus, que já deu provas da sua incapacidade de gestão em diversos congressos mal organizados, vai ter condições de organizar os estudantes para as enormes lutas para derrotar a reforma do Ensino Médio e melhorar a educação no país?”, questiona Valesca Barreto, militante da UJR na Bahia e diretora da Ubes pela oposição. Os estudantes que vieram de vários estados do país e levaram dias na estrada até chegar em Belo Horizonte merecem mais respeito”, cobra Valesca.

Rebele-se na Ubes

A plenária final do Congresso foi marcada por um claro crescimento do Movimento Rebele-se, organizado pela UJR. Os mais de 500 delegados do movimento ocuparam uma parte significativa do ginásio, entoando palavras de ordem e empunhando bandeiras de luta. Durante a defesa de teses, Isa Gandolfi, primeira vice-presidente da Ubes, convocou os estudantes a fortalecerem o movimento estudantil em todo o país e criticou a falta de democracia e de reuniões na gestão anterior: “Cada um aqui nesse plenário tem uma tarefa fundamental, que é fortalecer o movimento estudantil em cada canto do país. Mas isso só será possível se for construído junto com os grêmios, que ensinam para a juventude que é possível mudar a realidade do nosso país”, afirmou.

O Rebele-se encabeçou uma chapa unificada da oposição à diretoria majoritária, ao lado de outros movimentos, como a UJC, Juntos!, Vamos à Luta e PSTU. Do outro, o campo majoritário, liderado pela UJS e correntes de juventude do PT, PDT e PSB, defendendo a gestão da entidade apática e desligadas das lutas nas bases, supervalorizando acordos e negociações como estratégia para avançar.

A votação para a composição da nova diretoria foi tensa e marcada por denúncias de irregularidades, assim como o processo de tiragem de delegados. Houve falta de transparência e coação nas urnas destinadas aos delegados da majoritária. Estudantes que desejavam votar na chapa de oposição enfrentaram dificuldades, incluindo impedimentos para depositar seus votos e intimidações.

Apesar desses desafios, e de todas as manobras e vícios do processo, o crescimento do Movimento Rebele-se e da UJR foi inegável, crescendo em mais de cem delegados, sendo o movimento com a maior mobilização de estudantes da rede federal e elegendo 12 diretores com a chapa da oposição. “Esse crescimento é muito importante para a luta pela retomada da Ubes como um espaço de resistência e mobilização estudantil’, acredita Isa.

Compromisso com a luta

Para Millene Barbosa, militante da UJR no Rio Grande do Norte e diretora da Ubes, o Congresso reforçou a luta contra as privatizações das escolas e elevou a consciência dos estudantes: “Fizemos muita agitação sobre os problemas da juventude e apresentamos o socialismo como solução. Por isso, recrutamentos muitos jovens para a UJR. Agora, é hora de voltar para as nossas escolas e aumentar ainda mais nosso trabalho e nossas lutas”.

A juventude e os estudantes que foram ao 45º Conubes com o Movimento Rebele-se e a UJR saem com um compromisso renovado de intensificar as lutas nas escolas pelo Brasil todo. Seus objetivos são claros: revogar o Novo Ensino Médio, garantir mais verbas para a educação e fortalecer a resistência estudantil contra qualquer tentativa de desmonte e privatização do ensino público.

“Não dá mais para nossas escolas continuarem do jeito que estão, sem merenda e estrutura digna, enquanto o Governo e o Congresso debatam ‘novos modelos’ de educação. Defendemos que a Ubes esteja dentro de cada escola, mobilizando os estudantes, pois, só assim, seremos ouvidos sobre nossas reais necessidades”, disse Isa Vaz.

Lutas garantem recondução da diretoria do Sindicato dos Enfermeiros de Pernambuco

A eleição do SEEPE ocorreu nos dias 12 e 13 de junho e, apesar de chapa única, houve uma votação recorde. Ao todo, participaram 457 enfermeiros e enfermeiras, número maior que na última eleição, que contou com disputa de chapas.

Redação PE


TRABALHADORES – Nos últimos anos, a Enfermagem foi palco de intensas lutas e mobilizações nacionais pela aprovação e implantação do piso salarial nacional da categoria. Passeatas gigantes e paralisações unificadas marcaram o período de 2021 a 2023, quando, finalmente, a Lei 14.434/22 foi colocada em vigor. E o centro de todas essas batalhas foi, sem sombra de dúvidas, o Estado de Pernambuco, conduzido pela direção do Sindicato dos Enfermeiros (Seepe) e pelo Movimento Luta de Classes (MLC).

O Seepe também conduziu diversas manifestações e greves locais, com demandas da saúde estadual e dos municípios, pautas econômicas e políticas, como a destinação de mais verbas para a saúde pública e a luta contra a privatização da atenção básica.

Em dezembro do ano passado, no apagar das luzes, a Prefeitura de Recife lançou uma proposta de entregar a administração de 47 unidades de saúde da família para a iniciativa privada. O Seepe foi o único sindicato a se manifestar veementemente contra, participando, inclusive, da audiência no Conselho Municipal de Saúde e fazendo duras críticas ao modelo privatista do prefeito da capital.

Essa combatividade também se manifestou na rede privada, com uma batalha intensa pela aprovação da convenção coletiva de trabalho (CCT), garantindo o pagamento integral do piso salarial, batalha que ainda persiste, pois, apesar de constar na CCT, as empresas privadas seguem desrespeitando a convenção e a lei federal.  Por isso, seguimos na luta, convocando atos e expondo na imprensa o que o capital é capaz de fazer para manter seus altos lucros, em detrimento da saúde dos profissionais e dos usuários.

Também fruto desse trabalho, conseguimos ampliar em quase 100% o número de filiados no sindicato desde a primeira gestão, em 2018, até hoje.

Força da luta garante unidade

Graças a toda essa organização e luta, a eleição para a composição da nova diretoria do sindicato foi formada apenas por uma chapa. Isso só foi possível porque o Seepe conseguiu unificar os interesses da categoria em todo o Estado, além de elevar a discussão e politizar os debates.

A eleição ocorreu nos dias 12 e 13 de junho e, apesar de chapa única, houve uma votação recorde. Ao todo, participaram 457 enfermeiros e enfermeiras, número maior que na última eleição, que contou com disputa de chapas. Isso mostra que a categoria se sentiu representada e reconduziu a diretoria que mais fez lutas na história da entidade.

“Esse resultado nos impulsiona a crescer ainda mais nossa luta e politizar cada vez mais a categoria, pois sabemos que a luta econômica sem a luta política não traz avanços concretos pra a classe trabalhadora. E a próxima grande batalha já se avizinha: vamos com tudo defender a regulamentação da jornada de 30 horas semanais para a Enfermagem no Congresso Nacional”, declara Ludmila Outtes, presidente reeleita.

Matéria publicada na edição nº 294 do Jornal A Verdade.

Estado fascista de Israel confisca terras dos palestinos na Cisjordânia

Israel confiscou mais de mil hectares de terra na Cisjordânia ocupada. O êxodo de moradores de Gaza continua aumentando devido aos bombardeios e crescimento das invasões israelenses.

Jesse Lisboa


INTERNACIONAL – O Estado de Israel autorizou a apropriação de 12,7 km² de terra na Cisjordânia ocupada. A decisão, anunciada em junho, constitui uma grave violação dos direitos do povo palestino e agrava a já volátil situação política e social da região.

Contexto histórico

Desde a guerra árabe-israelense de 1967, Israel ocupou a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, e a Faixa de Gaza. Desde então, Israel construiu assentamentos na Cisjordânia, o que é considerado contrário ao direito internacional. Atualmente, quase 500 mil israelenses vivem em assentamentos na Cisjordânia, enquanto quase três milhões de palestinos residem na região.

O Vale do Jordão é a maior área de terra apropriada desde os Acordos de Oslo de 1993. Na prática, o povo palestino perde suas casas, plantações e bens materiais com a expropriação em andamento e a negação dos direitos humanos básicos.

Até este ano, a área de terras confiscadas na Cisjordânia chegou a mais de 20 quilômetros quadrados, parte de um plano maior para a apropriação de terras. As Nações Unidas alertaram que a construção intensiva de colônias ilegais desde o início do genocídio em Gaza, em 7 de outubro, torna impossível a perspectiva de um Estado palestino. 

A situação atual

O êxodo de dezenas de milhares de moradores do sul da Faixa de Gaza continua, em meio ao temor de uma grande ofensiva israelense na área, sujeita a bombardeios incessantes. O ditador Benjamin Netanyahu reiterou que o conflito não terminará até que seus objetivos sejam alcançados: “a destruição do Hamas e a libertação de todos os reféns.”

A verdade é que os Estados Unidos são os principais financiadores dessa guerra, lucrando com o conflito e as mortes, pois têm interesse em roubar o gás natural do território palestino. O Hamas está em Gaza, mas na Cisjordânia não há presença do grupo. Então, por que estão invadindo casas, aterrorizando moradores, expulsando-os de suas residências, ocupando essas casas e prendendo pessoas? 

No sul da Faixa de Gaza, dezenas de milhares de pessoas fugiram das áreas do leste de Rafah e de Khan Younis, após a ordem de evacuação de Israel em resposta ao lançamento de foguetes. Segundo a ONU, a ordem afeta cerca de 250 mil pessoas e um terço do território palestino, sendo a “mais importante desde outubro, quando os moradores do norte de Gaza receberam uma ordem para evacuar” nos primeiros dias de conflito.

Desde então, “nove a cada dez habitantes de Gaza foram deslocados ao menos uma vez”, representando 1,9 milhão de pessoas, afirmou Andrea De Domenico, chefe do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha). Além disso, “96% da população de Gaza está em situação de emergência alimentar ou catastrófica”, advertiu.

Pela autodeterminação e reconhecimento do povo palestino.
Pela autodeterminação e reconhecimento do povo palestino. Foto: Donavan Sampaio

Pela autodeterminação dos povos

Como afirmado pelo Jornal A Verdade no editorial publicado na edição nº 282, “o objetivo desse genocídio não é acabar com o Hamas, mas tomar posse das terras palestinas e das suas riquezas para tornarem-se propriedade privada de grandes empresas capitalistas israelenses e estadunidenses.”

A acumulação e concentração do capital gera conflitos entre capitalistas e oprime a classe trabalhadora com desemprego e baixos salários. O avanço do imperialismo resulta no saque das riquezas dos países, visando aumentar os lucros através da redução dos custos com matérias-primas.

Contudo, os países do capitalismo central abrigam os maiores monopólios mundiais e empregam todo o seu poder militar para manter a dominação global a favor desses monopólios. Quando seus interesses estão em jogo, desrespeitam a autodeterminação dos povos e a soberania nacional, como evidenciado por suas intervenções no Iraque, Síria, Afeganistão, e agora, na Palestina.

Somente a classe trabalhadora possui o potencial para conduzir uma luta eficaz contra o imperialismo. Ao lutar por seus próprios interesses, a classe trabalhadora é naturalmente levada a confrontar o imperialismo.

PF indicia Bolsonaro e aliados pelo roubo de joias da presidência da República

Indiciamento de Bolsonaro pelo roubo de joias é mais uma prova da corrupção existente durante o governo dos generais fascistas e golpistas.

Redação


BRASIL – Dezoito meses após o início das investigações, o ex-presidente fascista Jair Bolsonaro foi indiciado no esquema de roubo de joias do Estado brasileiro para a revenda no exterior. Junto com ele mais 11 aliados, entre militares e civis, foram indiciados pela Polícia Federal nesta quinta (04/07).

As acusações são de associação criminosa, peculato (apropriação ilegal de bens públicos) e lavagem de dinheiro. No final de 2022, enquanto planejava sua fuga para os Estados Unidos, Bolsonaro tentou enviar vários kit de joias da presidência da República para serem revendidas no exterior.

O esquema foi descoberto quando um dos kits foram apreendidos pela Receita Federal na fiscalização alfandegária do Aeroporto de Guarulhos. No entanto, nesta altura muitas outras joias tinham sido roubadas e levadas para o exterior em aviões da Força Aérea Brasileira.

Os presentes de príncipes árabes a Bolsonaro se tornaram um evento comum durante o seu governo. Em troca, fundos de investimento liderados por estes mesmos monarcas conseguiram ampliar sua presença na economia brasileira. Exemplo mais conhecido é da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), vendida a preço de banana pela Petrobras ao Fundo Mubadala, ligado à monarquia absolutista dos Emirados Árabes Unidos.

Veja quem são os outros indiciados no esquema do roubo de joias

  • Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia de Bolsonaro (peculato e associação criminosa);
  • José Roberto Bueno Júnior, ex-chefe de gabinete do Ministério de Minas e Energia (peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro);
  • Julio César Vieira Gomes, auditor-fiscal e ex-secretário da Receita peculato, associação criminosa, lavagem de dinheiro e advocacia administrativa);
  • Marcelo da Silva Vieira, chefe do gabinete de Documentação Histórica da Presidência da República no mandato de Bolsonaro (peculato e associação criminosa);
  • Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Bolsonaro (lavagem de dinheiro);
  • Marcos André dos Santos Soeiro, ex-assessor de Bento Albuquerque (peculato e associação criminosa);
  • Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro);
  • Fabio Wajngarten, advogado de Bolsonaro e ex-secretário de Comunicação (lavagem de dinheiro e associação criminosa);
  • Frederick Wassef, advogado do ex-presidente (lavagem de dinheiro e associação criminosa);
  • Mauro Cesar Lourena Cid, general da reserva do Exército (lavagem de dinheiro e associação criminosa);
  • Osmar Crivelatti, assessor de Bolsonaro (lavagem de dinheiro e associação criminosa).

Agora, a expectativa é para que a Procuradoria Geral da República (PGR), chefiada por Paulo Gonet, faça a denúncia formal de Bolsonaro e seus cúmplices dentro do inquérito aberto dentro do Supremo Tribunal Federal. Caso a denúncia seja aceita e Bolsonaro condenado, o ex-presidente fascista poderá levar mais de 20 anos de cadeia por ter roubado joias que pertenciam ao patrimônio público.

Operação da PF em Duque de Caxias (RJ) mira aliado de Bolsonaro nas fraude dos cartões de vacina

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Veja quem é Washington Reis, ex-prefeito de Duque de Caxias (RJ) investigado no esquema de fraude dos cartões de vacina de Bolsonaro.

Nathália Alcáçova | Redação RJ


BRASIL – Washington Reis (MDB-RJ), ex-prefeito de Caxias e aliado de Bolsonaro, foi alvo, na manhã do dia 4 de julho, de um mandado de busca e apreensão, parte da operação Venire, que examina fraude em cartões de vacina do ex-presidente fascista e de seus aliados.

Para se esconder da derrota eleitoral e antes do próprio povo o chutar para fora do Brasil, Bolsonaro foi para os Estados Unidos 2 dias antes do fim de seu governo corrupto e assassino. Porém, não podia fazê-lo sem se vacinar contra a COVID-19 o que motivou a falsificação dos certificados de vacinação através dos dados emitidos pelo governo segunda maior cidade da Baixada Fluminense, Duque de Caxias.

Washington Reis, durante seu último mandato como prefeito de Caxias, nada fez pela população durante a pandemia. O ex-prefeito deixou comércios abertos, causando aglomerações, e sabotou a vacinação contra a Covid. Reis saiu da prefeitura de Duque de Caxias em 2022 para concorrer como vice-governador na chapa do fascista Cláudio Castro (PL), mas teve sua candidatura impugnada pelo TRE. No lugar, o político do centrão deixou seu tio como prefeito da cidade.

Hoje, ele é secretário estadual de transportes, fazendo um grande espetáculo de seu cargo para eleger seu sobrinho como prefeito de Caxias. Enquanto isso, o povo continua sofrendo com a passagem de trem e metrô de mais de 7 reais e falta de um transporte intermunicipal decente.

Nada de novo para um aliado de um ex-presidente fascista que entregou o país com 700 mil mortos de COVID e mais de 100 milhões de pessoas em insegurança alimentar. A operação da Polícia Federal tem como objetivo ampliar a coleta de provas para possibilitar o indiciamento de Bolsonaro e seus cúmplices no esquema da fraude de cartões de vacinação.

O resultado dessa operação mostra o porquê é necessário a prisão de Bolsonaro e seus cúmplices. Mesmo com o fascista fora do Planalto, seus aliados ocupam vários cargos de poder nos estados e municípios, portanto, a prisão dos fascistas e seus aliados do Centrão é importante para garantir a derrota completa do golpismo fascista no Brasil.

Após pressão popular, Governo Lula recria Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos

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Um ano e meio depois do início do seu terceiro mandato, o presidente Lula assinou decreto, publicado nesta quinta (04/07), que recria a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.

Redação


BRASIL – Destituída pelo governo do fascista Bolsonaro, no último dia de seu governo antes dele fugir para os EUA, a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos é responsável pela identificação e reconhecimento das vítimas da Ditadura Militar Fascista (1964-1985).

Criada em 1995, após uma ampla luta dos familiares das vítimas e movimentos políticos e sociais, a comissão teve sua composição alterada em 2019 após o reconhecimento do assassinato político de Fernando Santa Cruz, militante da Ação Popular morto em 1974 por agentes do DOI-Codi.

Desde o início do governo Bolsonaro, a nova composição imposta pelo governo, amplamente favorável aos agentes da Ditadura Militar Fascista, tentou rever várias decisões até sua extinção definitiva em 2022. No entanto, os familiares dos assassinados e desaparecidos, junto aos movimentos sociais e organizações políticas sempre mantiveram a bandeira da recriação da comissão na estrutura definida pela lei de 1994.

Com a entrada do novo governo Lula, após a derrota eleitoral do ex-presidente fascista, os movimentos em defesa da recriação da Comissão se ampliaram. O Governo Federal, entretanto, buscando conciliar com os generais golpistas após o golpe do 8 de janeiro se recusava a criar. O Governo Lula chegou ao ponto de proibir atos oficiais em repúdio aos 60 anos do Golpe Militar Fascista de 1964.

Nova comissão retoma estrutura anterior ao governo Bolsonaro

Em março deste ano, o Ministério Público Federal recomendou a retomada das atividades da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) dentro do prazo de 60 dias. Essa recomendação atendeu a uma demanda antiga dos familiares de vítimas da ditadura. O decreto assinado pelo presidente Lula restabelece a comissão nos mesmos moldes previstos quando foi criada em 1995, após o início do seu terceiro mandato.

A luta dos familiares das vítimas pela reabertura da comissão foi constante. Nos 60 anos do Golpe Militar, a Marcha pela Democracia organizou um ato no 1º de abril que, entre suas diversas pautas, foi colocada a necessidade de reabertura da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos e o cumprimento das recomendações da Comissão Nacional da Verdade.

Outro exemplo dessa luta foi o surgimento, em maio deste ano, do Comitê Estadual de Memória, Verdade e Justiça no Rio Grande do Norte, que funciona por meio da Secretaria de Mulheres, Juventude, Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEMJIDH).

Por meio de decreto publicado no Diário Oficial da União, o presidente Lula designou como membros da comissão: Eugênia Augusta Gonzaga, representante da sociedade civil que presidirá a comissão; Maria Cecília de Oliveira Adão, também representante da sociedade civil; Rafaelo Abritta, representante do Ministério da Defesa; e a deputada federal Natália Bastos Bonavides (PT), representante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

Manoel Lisboa: 80 anos de imortalidade

Manoel Lisboa de Moura, fundador e dirigente máximo do Partido Comunista Revolucionário, foi militante desde os tempos de escola, ator e diretor de teatro. Iniciou o curso de medicina na UFAL, mas o abandonou para se dedicar à luta clandestina contra a ditadura militar fascista. Foi exemplo do “Homem Novo” preconizado pelo Comandante Ernesto Che Guevara

Bluma | Redação GO


HERÓIS DO POVO – A luta contra o imperialismo capitalista e a opressão do Estado burguês brasileiro requer estudo, atuação, dedicação, vigilância, disciplina e, acima de tudo, fidelidade aos princípios e práticas do marxismo-leninismo, além de uma vontade férrea de se aprimorar e aprimorar o Partido Comunista Revolucionário. Tal foi a vida e a luta do seu fundador e dirigente máximo, que dedicou seus melhores anos a esse combate: o herói Manoel Lisboa de Moura, que tombou aos 29 anos de idade nos porões da ditadura militar fascista.

Infância e adolescência

Como recontado de forma emocionante no livro A vida e a luta do comunista Manoel Lisboa – Depoimentos, das Edições Manoel Lisboa, nosso herói se dedicou à organização de seus iguais desde cedo. Atuando no movimento estudantil como diretor da União dos Estudantes Secundaristas de Alagoas (UESA), era amante das artes e cultura popular, dirigia e atuava em peças de teatro inspiradas pelo Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE) e era apaixonado por futebol. Manoel era “calmo, introspectivo, alegre, avesso à violência pessoal, transmitia confiança e a impressão de estar sempre um pouco adiante de nós“, lembra Valmir Costa, seu colega de juventude e de partido.

O jovem alagoano iniciou sua militância na juventude do Partido Comunista Brasileiro (PCB) aos 16 anos, em 1960. Dois anos depois, percebendo o oportunismo revisionista de direita no PCB, ingressou no Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Porém, não notando uma diferença substancial na prática entre os dois partidos, decide por fundar em 1966, junto de outros camaradas, o Partido Comunista Revolucionário (PCR) a partir do paradigmático documento Carta de 12 Pontos aos Comunistas Revolucionários.

Galego, Celso, Zé, Miguel, Mário: o marxista-leninista

Estudante dedicado, Manoel Lisboa foi aprovado no curso de medicina de primeira, mas não hesitou em abandonar a faculdade para passar à clandestinidade, uma dura necessidade da luta contra a repressão feroz da ditadura. Adotou vários codinomes e se dedicou inteiramente à construção do Partido por todo o Nordeste, comandando desde atividades clandestinas de agitação e propaganda até operações militares como o assalto ao Parque da Aeronáutica de Recife realizando para obtenção de armas em março de 1973, além de cursos de formação e congressos estudantis do PCR.

Apesar de todas as condições adversas, era um jovem alegre e de brincadeiras perspicazes. Das anedotas presentes no livro de Depoimentos, uma destaca essa sua característica:

Numa dessas viagens, discutíamos a chegada do socialismo Zé [Manoel Lisboa], eu [José Nivaldo Júnior] e outro companheiro. Eu argumentava que o socialismo no Brasil era um sonho distante. Zé, então, contou a seguinte fábula, que nunca esqueci e já citei muitas vezes. Ele disse: ‘Imagine, companheiro, os trabalhadores na construção de uma pirâmide, lá no Egito. Tinha um socialista que tentava ganhar companheiros para o partido. Aí, dizia: ‘Companheiro, vem aí o escravismo, logo depois vem o feudalismo, depois o mercantilismo, aí, depois, vem o capitalismo, e aí vem o socialismo’. Realmente, na época das pirâmides o socialismo estava distante. Mas hoje, companheiro, já passou o escravismo, passou o feudalismo, passou o mercantilismo, chegou o capitalismo, o socialismo já existe em ⅓ do mundo e você tá achando longe, companheiro?”

Homem humilde e carinhoso, apenas uma coisa o enraivecia: a opressão e exploração cometidas pela burguesia. E a única coisa que o aborrecia era a falta de atenção e de responsabilidade de companheiros e companheiras.

“Vencer as torturas é dever de todo revolucionário”

Desde antes da vida clandestina, Manoel já havia enfrentado a repressão e o cárcere. A primeira foi aos 20 anos de idade, em 1965, “por vender livros e revistas em uma pequena livraria”. Sua última prisão ocorreu em 15 de agosto de 1973, ao anoitecer, quando foi surpreendido por dezenas de agentes da ditadura na Praça Ian Fleming, em Recife. Por cerca de duas semanas, Manoel Lisboa sofreu as mais brutais torturas que as mentes fascistas dos militares, muitíssimo bem treinados na Escola Superior de Guerra sob comando da CIA, poderiam conjurar.

Espancado por todo o corpo, submetido a choques elétricos e queimaduras, violentado física e psicologicamente de todas as formas, acabou perdendo a sensibilidade dos membros inferiores e chegando ao estado de semi-paralisia. Porém, sua vontade era inquebrantável. Sua firmeza, uma verdadeira fortaleza bolchevique. Munido da mais profunda teoria revolucionária, Manoel Lisboa de Moura incorporou verdadeiramente um dos princípios fundamentais do PCR: “Delação é traição, e traição é pior do que a morte”. Assim, transformando a teoria em profunda e invencível força material, a estrutura do Partido permaneceu intacta e os fascistas foram verdadeiramente derrotados no mais sombrio e adverso campo de batalha da luta de classes.

Nascido em 21 de fevereiro de 1944 no bairro do Farol em Maceió, no estado de Alagoas, Manoel Lisboa brilhou por toda a sua vida e militância revolucionárias. Suas últimas semanas foram de um brilho tão intenso de fidelidade ao marxismo-leninismo, ao Partido e ao povo trabalhador oprimido do Brasil, que os brutais torturadores jamais o esqueceriam, assim como todos e todas que o conheceram. Em 4 de setembro de 1973, com menos de 30 anos, Manoel passou para a imortalidade, se transformando em um verdadeiro farol para a luta revolucionária contra o fascismo e pelo socialismo, ao regar com o próprio sangue a semente para o amanhã de liberdade.

Continuar o trabalho do partido

Em cada atividade e tarefa, em cada brigada, panfletagem, pedágio, conversa, reunião de estudo e planejamento, passagem em sala, eleição estudantil e sindical, seguimos e devemos seguir o exemplo de Manoel Lisboa. A sociedade capitalista emprega de todas as formas sua mais obstinada campanha contra a organização da classe trabalhadora, pois sabe sobre e teme a maior arma que a História já apresentou contra a sua existência: o Partido Comunista Revolucionário, instrumento dos trabalhadores e das massas exploradas e oprimidas pelo regime da propriedade privada dos meios de produção.

Sustentados pelo imperialismo, propagandeados pela mídia burguesa e seus aliados da direita, os falsários da social-democracia arrancam o povo da vida política com sua proposta estritamente parlamentar e eleitoreira. Desmobilizando e imobilizando a luta de classes, estes traidores da classe trabalhadora buscam a manutenção do status quo do Estado capitalista, agora já em altos cargos de funcionários do governo. Porém, o povo brasileiro sente na pele a miséria e os crimes cometidos por este modo de produção podre e putrefato: a violência policial, a violência no campo, os baixos salários, o machismo, o racismo, a LGBTfobia, o desemprego, o aumento de preços, a incapacidade de se ter uma vida digna.

Portanto, é nosso dever honroso e histórico seguir os princípios do marxismo-leninismo pela verdadeira e consequente luta contra a opressão e exploração. Para a pergunta dos policiais que invadiram a casa de sua irmã em uma certa madrugada (“Como um rapaz tão inteligente se mete em comunismo?”), nós respondemos com as palavras do nosso herói: “Essa burguesia tem que acabar“. E faremos exatamente isso. Com fervor e ardor, renovados a cada pequena vitória, com apoio e camaradagem em todos os momentos, com estudo da teoria e aprimoramento das práticas e ações revolucionárias, levaremos a cabo seu pedido final de continuar o trabalho do Partido.

Israel destrói saúde de Gaza para matar mais palestinos, diz Samah Jabr

Samah Jabr, chefe da unidade de saúde mental do Ministério da Saúde da Palestina, conta em entrevista ao jornal A Verdade sobre a campanha de Israel para assassinar os trabalhadores da saúde de Gaza. “Destruir o sistema de saúde significa que os palestinos vão continuar morrendo mesmo que os bombardeios parem amanhã”, ela denuncia

Guilherme Arruda | São Paulo (SP)


O grande número de trabalhadores da saúde assassinados desde o começo do massacre de Israel contra o povo palestino não é obra do acaso. Eles são um dos alvos preferenciais da violência sionista, revela Samah Jabr, psiquiatra e chefe da unidade de saúde mental do Ministério da Saúde da Autoridade Palestina. “O mundo inteiro deve dirigir seu olhar” para os crimes que Israel está cometendo neste momento, ela diz.

Samah esteve no Brasil no fim de junho para lançar seu livro “Sumud em tempos de genocídio”, em uma programação organizada pelo coletivo Desorientalismos. O jornal A Verdade conversou com a autora durante um encontro com a imprensa promovido pelo Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP).

A médica e defensora da libertação da Palestina também compartilhou uma série de reflexões sobre o futuro da saúde mental em seu país e detalhes sobre casos de prisão, tortura e morte que envolvem trabalhadores da saúde, que serão apresentadas em nova matéria do jornal A Verdade. Confira, agora, as reflexões da psiquiatra sobre a situação do sistema de saúde de Gaza e o papel da imprensa no genocídio em curso.

Matar trabalhadores para destruir o sistema de saúde

Para Samah Jabr, a própria quantidade de trabalhadores da saúde mortos desde o início da guerra já revela que Israel busca deliberadamente atingi-los. Segundo as estatísticas do Ministério de Saúde da Palestina, a cifra chegou a 500 profissionais assassinados até o domingo passado (24/6), quando Hani al-Jafaraawi, chefe do serviço de emergência e ambulâncias da Faixa de Gaza, foi morto em um ataque aéreo a uma clínica pediátrica.

A onda de mortes, ela explica, faz parte de uma estratégia arquitetada por Israel para tornar ainda mais difícil a sobrevivência do povo palestino: a destruição do sistema de saúde. Desde que as forças israelenses começaram a bombardear hospitais, centros comunitários de saúde e ambulâncias, pessoas com doenças crônicas não têm conseguido acessar os remédios de que precisam e pacientes de câncer pararam de receber tratamento em Gaza, alerta a psiquiatra.

Na prática, “destruir o sistema de saúde significa que os palestinos vão continuar morrendo mesmo que os bombardeios parem amanhã”, denuncia Samah.

Ela defende que seus colegas de profissão não se restrinjam a tratar silenciosamente dos feridos e façam mais denúncias sobre a situação em Gaza. “As condições políticas é que estão produzindo sofrimento entre os palestinos. A violência [de Israel] também é uma crise de saúde pública”, ressalta a médica.

Mídia burguesa contra imprensa popular

Além disso, a psiquiatra avalia que o governo Netanyahu e do Exército sionista não podem ser considerados os únicos perpetradores do genocídio contra o povo palestino, cujo saldo de vítimas já se aproxima de 38 mil mortos e 10 mil desaparecidos. A imprensa internacional, em sua visão, também cumpre um papel central na organização do massacre.

“A mídia contribui com a visão orientalista de meu povo como bárbaro e selvagem”, ela critica. Só disseminando essa visão preconceituosa, que leva à ideia de que as vidas palestinas são descartáveis, é que se pode apresentar como “resgate humanitário” a operação militar que matou 280 palestinos e feriu outros mil para retirar quatro israelenses da Faixa de Gaza no dia 8 de junho, ela frisa.

Por essa razão, Samah Jabr opina que “os donos dos grandes meios de comunicação também deveriam ser condenados pelo Tribunal Penal Internacional”, assim como foram o primeiro-ministro e os generais israelenses.

Nesse cenário de cumplicidade da mídia comercial com o genocídio, a médica acredita que a imprensa popular tem um papel decisivo na denúncia dos crimes que estão acontecendo na Faixa de Gaza. “Só os cidadãos palestinos com seus celulares nas mãos e os jornalistas ativistas confrontaram as mentiras de Israel”, ela lembra.

Exército brasileiro fecha contrato de R$ 1 bilhão com empresa militar israelense

Em meio ao genocídio em Gaza, exército brasileiro compra 36 veículos blindados de empresa militar israelense.

Heron Barroso | Redação


INTERNACIONAL – Em meio à matança promovida pelo Exército de Israel contra o povo palestino, que já tirou a vida de mais de 35 mil pessoas (a maior parte delas, mulheres e crianças), as Forças Armadas do Brasil não tiveram o menor pudor em anunciar o fechamento de um contrato com a empresa militar israelense Elbit Systems para a compra de 36 veículos blindados de combate obuseiros, um negócio que pode chegar a R$ 1 bilhão.

Esses equipamentos são considerados armamentos pesados e têm alto poder destrutivo. O modelo comprado pelo Brasil possui o chamado “padrão Otan”, com projéteis de 155 mm, maior poder de fogo e “testado em campo”, ou seja, já foi utilizado em confrontos reais contra a resistência palestina. Como o nosso país não está em guerra com ninguém, essas armas serão usadas pelo Exército contra o próprio povo, nas favelas e periferias, como já aconteceu em inúmeras operações de Garantia da Lei e da Ordem (LGO), e para reprimir greves e protestos.

A Elbit Systems é uma das principais fornecedoras de equipamentos militares e sistemas de vigilância de Israel, que hoje são empregados diretamente na guerra contra a Palestina e na ocupação ilegal que o governo sionista promove em Gaza e na Cisjordânia. No Brasil, a empresa israelense possui uma subsidiária chamada AEL, com sede em Porto Alegre, e tem diversos contratos com governos e instituições públicas e privadas do país. Desde o início da guerra em Gaza, os lucros da Elbit dispararam.

A compra feita pelo Exército foi autorizada pelo governo federal e contou com o aval direto do presidente Lula (PT), a despeito dos protestos e alertas sobre o significado de financiar uma empresa envolvida com os crimes cometidos por Israel. Nem mesmo o fato de o governo israelense ter declarado Lula persona non grata, por comparar o massacre em Gaza ao Holocausto ocorrido na Segunda Guerra Mundial, parece ter sido levado em consideração pelo presidente para o fechamento do contrato.

O anúncio do negócio causou revolta em todos que defendem os direitos humanos e o fim do massacre. O coletivo Vozes Judaicas por Libertação e a Anistia Internacional enviaram uma carta à Presidência da República pedindo a suspensão imediata de todos os acordos no âmbito da Defesa e das licenças de exportação e importação de equipamento militar mantidos com Israel e empresas israelenses. “Cremos que o Governo brasileiro deve tomar medidas concretas e imediatas no sentido de evitar a perpetuação das violações ao Direito Internacional por Israel, afastando-se de qualquer cooperação com tais violações”, afirma o documento, que também exige o encerramento “imediato de todas as transações comerciais com empresas israelenses para a compra ou venda de armas” e que o Brasil “coloque em prática um embargo de armamentos a Israel”.

Já Maren Mantovani, integrante do Movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), que articula o boicote econômico ao Estado de Israel, criticou a falta de coerência do Governo brasileiro. “De um lado, temos a condenação do que Israel está fazendo, mas, do outro, temos o fato de que o Brasil está firmando dois contratos israelenses militares novos, de quase R$ 1 bilhão. Um dinheiro que poderia ser convertido aos salários para os professores brasileiros”, disse. Para ela, “financiar essas empresas e a máquina militar israelense, no mesmo momento em que se reconhece que há um genocídio, é no mínimo uma dissonância entre o que se fala e o que se faz. O grande problema que temos que resolver agora é que, se o Brasil realmente é um amigo da Palestina, é preciso acabar com essa cumplicidade”.

De fato, é inaceitável o presidente criticar os governos dos países ricos que se comportam como cúmplices do genocídio palestino, ao fornecerem armas e apoio financeiro para Israel, enquanto seu próprio governo financia empresas que colaboram e lucram com o massacre de milhares de pessoas inocentes.

É preciso que as palavras correspondam às ações. O Brasil não precisa de armas de guerra, mas sim de mais recursos para a saúde, habitação, creches, escolas e para ajudar a população gaúcha atingida pelas fortes chuvas a reconstruir suas vidas. Usar dinheiro público para financiar a máquina de guerra fascista de Israel é sujar as próprias mãos com o sangue palestino.

Matéria publicada na edição nº 294 do Jornal A Verdade.

Governador Eduardo Leite despeja famílias da Ocupação Sarah Domingues

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A ocupação Sarah Domingues, organizada por famílias sem-teto do MLB, foi brutalmente reprimida por policiais militares, sob ordens do governador Eduardo Leite (PSDB). Apesar das violências sofridas, as famílias resistem, exigindo justiça social e dignidade habitacional enquanto enfrentam as consequências devastadoras das enchentes do Rio Grande do Sul.

Redação RS


LUTA POPULAR – Na madrugada do dia 15 de junho, mais de 100 famílias sem-teto organizadas pelo Movimento de Lutas nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), vítimas das enchentes em Porto Alegre e Eldorado, ocuparam o antigo prédio da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) fechado há mais de dez anos no centro da cidade, sem cumprir nenhuma função social. Mesmo assim, já no dia seguinte, policiais militares, a mando do governador Eduardo Leite (PSDB), despejaram violentamente as famílias do prédio.

A ocupação foi batizada de “Sarah Domingues”, em homenagem à companheira que foi militante da União da Juventude Rebelião (UJR), diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE) e do Diretório Central dos Estudantes da UFRGS, onde estudou Arquitetura e Urbanismo. Ela foi assassinada a tiros, em janeiro deste ano, quando fazia seu trabalho de conclusão de curso sobre as enchentes no bairro Ilha das Flores.

“O MLB ocupou para mostrar para a sociedade que existem milhares de imóveis públicos que não têm nenhuma função social e que, por isso, devem ser destinados para moradia popular. A ocupação é uma forma de organização coletiva fundamental para as famílias que perderam tudo nas enchentes. Lutamos pelo mesmo sonho que Sarah lutou na vida, por uma sociedade sem desigualdades sociais, onde todas as pessoas tenham teto para morar e viver dignamente”, afirmou o coordenador do MLB, Luciano Schafer.

A catástrofe que afeta o Rio Grande do Sul poderia ser evitada se o governo do PSDB não tivesse ignorado todos os alertas ambientais e submetido o Estado nem alterado cerca de 500 normas e leis ambientais.

E a situação ainda é grave. Após as enchentes, milhares de pessoas tiveram que deixar os abrigos e não têm para onde ir. O último boletim da Defesa Civil do Estado revelou que quase 2,4 milhões foram impactadas, sendo que mais de 572 mil ainda estão desalojadas e mais de 30 mil em abrigos, que estão em processo de fechamento pelos governos. Os dados demonstram a questão da moradia digna como tema central para a discussão das ações de reconstrução.

Repressão

Em vez de resolver essa situação, pelo contrário, o Governo Estadual tem criminalizado os movimentos sociais e atacado as famílias abandonadas pelo poder público. O despejo da Ocupação Sarah Domingues teve início às 12h, debaixo de chuva e sem nenhum mandado judicial. Autorizados pelo governador Eduardo Leite, centenas de policiais do Batalhão de Choque da Brigada Militar entraram e despejaram as famílias.

Na operação foram usados diversos meios de violentos, como spray de pimenta, cassetete, estrangulamento, agressões físicas, psicológicas e morais, inclusive em pessoas com crianças de colo e em pessoas indígenas. A ação teve um aparato militar de guerra, incluindo cavalaria, caveirão, centenas de policiais com armas de fogo empunhadas exibidas para intimidar apoiadores e desabrigados. Algumas mulheres idosas e crianças precisaram ser socorridas pelo Samu e pelo Corpo de Bombeiros, que estavam no local.

“Nossas crianças não morreram afogadas na enchente. Estamos aqui lutando pela nossa moradia digna no prédio que está há dez anos fechado, que só tinha baratas, ratos, lama da enchente e muito lixo. Nós, seres humanos, conseguimos sobreviver à enchente e o que recebemos do Governo? Spray de pimenta em nós e nossas crianças”, denuncia Shirley Diones, trabalhadora que perdeu tudo em Eldorado do Sul. 

Taís Sousa relata que estava com o filho, de oito anos e que a Brigada ordenou que saíssem do prédio. “Estávamos saindo pacificamente, quando eles jogaram uma grande quantidade de spray de pimenta. Meu filho inalou e começou a vomitar, como outras crianças também. A todo momento, ficaram intimidando todos nós do MLB. Jogaram a gente debaixo de chuva, jogaram nossos pertences pessoais na rua, fomos tratados como lixo”.

As famílias ficaram na Avenida Mauá por várias horas, antes de serem levadas para a delegacia. O companheiro Guilherme Brasil, que acompanhava a ocupação na capital gaúcha pela Coordenação Nacional do MLB chegou a ser preso ilegalmente.

Foram levados cinco ônibus com as famílias para o Palácio da Polícia, com intuito de serem notificadas e com único objetivo de criminalizar individualmente quem luta, deixando clara a face mais fascista do Estado. Nessa situação, centenas de apoiadores e militantes da Unidade Popular estiveram à frente à delegacia e só saíram depois da libertação de todas as famílias e de Guilherme Brasil. 

A luta continua

Após a ação truculenta, as famílias foram para a porta da Secretaria de Habitação Estadual, onde uma comissão foi recebida pelo subsecretário Roger Vasconcelos. A comissão apresentou várias denúncias e possibilidades de solução para moradia das famílias. Depois de duas horas de reunião, foi acordado com o Estado que, no dia 24 de junho, uma nova reunião será realizada. O estado se comprometeu a apresentar uma proposta que contribua para uma solução digna para as famílias, deixando claro, mais uma vez, que o caminho para mudar a situação de vida do nosso povo é a luta. 

A mobilização e a organização das famílias continuam com a realização de plenária de apoiadores, reuniões dos núcleos e assembleia das famílias. O MLB defende que a primeira medida que deveria ter sido tomada por um governo sério diante da calamidade pública instaurada no Rio Grande do Sul deveria ser a destinação de imóveis que não cumprem função social para as famílias sem-teto. Exigimos que a reparação do Estado vá além da moradia, mas que também puna quem ordenou e comandou a ação ilegal de despejo.

Matéria publicada na edição impressa nº294 do jornal A Verdade