UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sexta-feira, 18 de abril de 2025
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Iraque: o fim de uma guerra injusta, ilegal e covarde

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No último dia 15 de dezembro o governo norte-americano anunciou o encerramento oficial da guerra do Iraque e a retirada do país dos últimos soldados da coalisão imperialista encabeçada pelos Estados Unidos e a Inglaterra, dando fim a uma guerra injusta, ilegal e covarde cujo único objetivo era a conquista e a escravização do Iraque e de seu povo.

Oficialmente, a decisão foi tomada depois que o parlamento iraquiano rejeitou a proposta dos Estados Unidos para que fosse concedida total imunidade jurídica e criminal aos soldados norte-americanos dentro do país. Entretanto, o enorme desgaste internacional provocado pela guerra, a impotência das forças invasoras frente à resistência iraquiana e a necessidade de se focar na preparação de uma possível invasão do Irã foram os verdadeiros motivos que levaram o imperialismo a “teoricamente” saírem do Iraque.

“Teoricamente” porque mesmo com a retirada das tropas milhares de “civis” norte-americanos permanecerão no Iraque para, supostamente, ajudarem na reconstrução do país que eles mesmos destruíram.

Tentando confundir a opinião pública dos reais motivos que levaram à retirada, o secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, disse durante a cerimônia de anúncio da decisão que “depois de muito sangue derramado por americanos e iraquianos, a missão de chegar a um Iraque que pode se governar e garantir sua segurança se tornou real. O custo foi alto, em sangue e recursos do Tesouro dos EUA, e para o povo iraquiano. Mas essas vidas não foram perdidas em vão”.

Uma farsa, pois, o Iraque deixado pelos imperialistas após a guerra está longe de ser um país “que pode se governar e garantir sua segurança”. De fato, de acordo com o levantamento feito por Michael O’Hanlon, da ONG BrookingsInstitution, o número de civis iraquianos mortos em 2011 foi até agora de 1.215, o que não é o que se espera de um país onde supostamente a guerra acabou. Além disso, ainda são registrados por mês mais de 200 ataques armados promovidos por rebeldes em várias regiões do país.

Entretanto, o que não se pode negar é que o custo da guerra foi alto, principalmente para os iraquianos.Para estes, a fatura a ser paga depois de anos de invasão é composta pela morte de centenas de milhares de pessoas ea mutilação de outros milhares, pelo pesadelo das torturas e humilhações, pela insegurança, o desemprego, a fome e a falta de água potável e outros serviços básicos. Ao contrário do que pregou o imperialismo, a democracia e o desenvolvimento não chegaram juntos com as bombas e os tanques.

Os motivos e as mentiras da guerra

Durante os meses que antecederam a invasão do Iraque uma gigantesca campanha de mentiras e falsificações foi promovida pela imprensa burguesa e pelos governos imperialistas para justificar perante a opinião pública internacional uma nova guerra e esconder dos trabalhadores e dos povos seus verdadeiros objetivos. A principal e mais famosa dessas mentiras era a de que o Iraque possuía armas químicas e biológicas de destruição em massa e que, portanto, era preciso desarmá-lo.

Entretanto, nas mais de 700 inspeções realizadas pela ONU no país nenhuma dessas poderosas armas foi encontrada, pois como sabemos, se há um lugar no mundo onde podemos encontrar armas de grande poder de destruição esse lugar são os Estados Unidos, que não apenas as possui em grande quantidade, como também as usam frequentemente contra pessoas inocentes, como provam os covardes bombardeios contra Hiroshima, Nagasaki, Vietnã, Afeganistão, Líbia e Iraque.

Mas, mesmo sem argumentos convincentes que “justificassem” a guerra contra o Iraque, a sede de dinheiro e de petróleo dos imperialistas falou mais alto.

Passados oito anos e nove meses, até hoje não se tem com certeza a dimensão dos estragos causados pelos bombardeios imperialistas no país. Segundo dados do Departamento Defesa dos Estados Unidos, dos mais de 150 mil soldados enviados ao Iraque durante a guerra, 4.487 morreram e quase 32 mil foram feridos. A Inglaterra perdeu 179 militares e os demais países que fizeram parte da invasão somaram 139 mortes.

Entretanto, os números de vítimas entre os civis iraquianos são os que mais impressionam e revelam com clareza a crueldade e a covardia dessa guerra.De acordo com a organização IraqBodyCount (IBC)ocorreram entre 97.461 e 106.348 iraquianos morreram até julho de 2010.Outros relatórios e pesquisas apresentaram estimativas diferentes. A pesquisa sobre a Saúde da Família Iraquiana, que contou com o apoio da ONU, estimou que ocorreram 151 mil mortes violentas apenas no período entre março de 2003 e junho de 2006. Já a revista The Lancet publicou em 2006 uma estimativa de 654.965 mortes entre iraquianos relacionadas à guerra, das quais 601.027 foram causadas por violência.

Toda essa violência levou milhares de famílias iraquianas a abandonar suas casas e fugir do país. De acordo com a Organização Internacional de Migração, que monitora o número de famílias que abandonaram suas casas, nos quatro anos entre 2006 e 2010, mais de 1,6 milhão de iraquianos tiveram que deixar seus domicílios.

Bilhões de dólares foram gastos com a guerra, recurso esse várias vezes maior do que o necessário para acabar com a fome e com dezenas de epidemias no mundo. Segundo o Serviço de Pesquisa do Congresso dos EUA,o país gastou quase US$ 802 bilhões para financiar a guerra. No entanto, o economista vencedor do prêmio Nobel Joseph Stiglitzafirma que o custo real chega a US$ 3 trilhões se os impactos adicionais no orçamento e na economia dos Estados Unidos forem levados em conta.

Guerra destruiu o Iraque

Durante nove anos o Iraque e seu povo foram vítimas de uma guerra injusta, ilegal e covarde promovida pelas maiores potências do mundo.

Injusta porque se tratou de uma guerra imperialista, uma guerra de pilhagem cujo objetivo era tomar posse das riquezas iraquianas e explorar seu povo.Ilegal, pois desrespeitou os mais básicos princípios do direito internacional e da livre determinação e soberania dos povos, passando por cima de várias resoluções da ONU e da vontade da opinião pública mundial. E covarde porque se tratou de uma guerra dos maiores exércitos do mundo contra um país que durante anos foi vítima de um bloqueio econômico que, entre outras coisas, proibia-o de comprar qualquer tipo de material militar.

O resultado é que hoje o Iraque é um país arrasado. A economia está praticamente destruída, não há liberdade para o povo e o desemprego, a violência e a pobreza são maiores do que antes da guerra. De fato, enquanto que, antes de 2003, aproximadamente um em cada dez iraquianos vivia na pobreza, hoje a cifra é de um em cada quatro.

Os únicos beneficiados pela guerra foram as grandes companhias petrolíferas do mundo, que explorarão o petróleo iraquiano por longas décadas, e o imperialismo norte-americano, que assegurou ainda mais o seu controle das maiores reservas de petróleo do mundo, além de ampliar sua presença militar no Oriente Médio, preparando-se desde já para a próxima agressão, desta vez contra o Irã, como demonstram as inúmeras ameaças e sanções impostas ao país pelos Estados Unidos.

Há anos a economia capitalista atravessa uma profunda crise, resultado da concentração de riquezas nas mãos de uma minoria, enquanto a grande maioria da população vive com baixos salários. Assim, com a perda crescente de sua força econômica, resta ao imperialismo norte-americano o uso do seu poderio militar para impor seus interesses ao restante do mundo e conquistar mercados e matérias-primas estratégicas.

A guerra contra o Iraque foi uma importante experiência para os trabalhadores e os povos do mundo, que aos poucos compreendem que o imperialismo constitui, pela sua natureza, uma fonte de guerras, e queenquanto existir o imperialismo, mantém-se a base econômica das guerras de agressão e o perigo do seu surgimento. E mais importante: percebem que a única maneira de se conquistar o fim das guerras, a paz entre os povos, o fim das pilhagens e violências é lutando contra esse odioso sistema capitalista e pela edificação do socialismo.

Heron Barroso

MLB realiza Campanha Natal Sem Fome e conquista cestas básicas no Piaui

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No dia 23 de Dezembro de 2011, o Movimento de Luta Nos Bairros, Vilas e Favelas- MLB realizou na cidade de Teresina-Piauí, a Campanha Nacional Por um Natal Sem Fome e Sem Miséria.  A atividade teve como objetivo principal denunciar a fome e a exploração a que estão submetidas milhões de famílias no Brasil, não pela baixa produção de alimentos em nosso país, mas principalmente por conta da concentração de riquezas produzidas pela maioria do povo nas mãos de uma minoria de pessoas, enquanto essa maioria nada possui.

A manifestação ocorreu em frente a uma das principais lojas do Comercial Carvalho, maior rede de supermercados da cidade, aproveitando o natal, uma época de solidariedade e de amor ao próximo, para desmascarar o sistema capitalista que transforma essa importante ocasião em apenas mais uma oportunidade para vender seus produtos e gerar ainda mais lucro, e exigir as cestas básicas para que as famílias pudessem ter um natal sem fome . A manifestação recebeu apoio do Sindicato dos Urbanitários do Piauí e da União da Juventude Rebelião (UJR), além das demonstrações de apoio das pessoas que passavam pelo local, e após duas horas de muitas denúncias e indignação, uma comissão de cinco pessoas foi recebida pela administração da loja, que minutos seguintes anunciou que iria fazer a doação de trinta cestas básicas para as famílias presentes.

Isac ferreira, Teresina

 

Festa de A Verdade em São Paulo

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No dia 10 de dezembro, dezenas de pessoas se reuniram em São Paulo para comemorar os 12 anos do jornal A Verdade.

Com muito entusiasmo, participaram das atividades militantes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas, do Movimento Luta de Classes, do Movimento de Mulheres Olga Benário, da Associação Regional dos Estudantes do ABC paulista, da Associação Comunitária Olga Benário, da União da Juventude Rebelião e do Partido Comunista Revolucionário.

Com o tema “Pela abertura dos arquivos da ditadura”, vários militantes falaram da importância de manter o jornal A Verdade, comprometido com  a classe trabalhadora e o socialismo e de fortalecer a luta pela verdade, pela justiça e pela abertura dos arquivos da ditadura. Foi feito um breve balanço dos avanços dos trabalhos políticos realizados durante o ano e das importantes perspectivas que se apresentam para 2012.

Depois do ato político houve uma confraternização com muita música e animação.

Redação São Paulo

Congresso Extraordinário da UJR: o orgulho de ser comunista

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Nos dias 17 e 18 de dezembro de 2011 foi realizado o 1° Congresso Extraordinário da UJR de Pernambuco. O Congresso teve como objetivo aprofundar o nível de organização e avançar  entendimento da realidade política que ora se apresenta aos jovens do Brasil e do mundo.

Esta realidade está impregnada da indignação e da tomada de consciência dos povos, que não suportam mais viver explorados. Desde as passeatas contra o aumento de passagem em Recife até as quedas dos ditadores no Oriente Médio, passando por Wall Street e por uma Europa de pé ante as medidas dos governos capitalistas, fica escancarado o aprofundamento da luta de classes, uma luta que teve início quando do advento da propriedade privada e, consequentemente, terá seu fim com a derrubada desta forma de organização social.

Frente a este cenário político, a UJR cumpre o papel fundamental de ser a trincheira dos jovens trabalhadores do nosso país em sua luta contra a burguesia nacional e internacional e pela socialização dos meios de produção e a consequente libertação do povo brasileiro daquele que, segundo Lênin, é o único mal: a exploração do homem pelo homem.

Fortalecer os núcleos da UJR e crescer a nossa juventude é tarefa que está na ordem do dia dos jovens revolucionários do Brasil. Para tanto, precisamos crescer nosso trabalho de massas, chegar às escolas e universidades em que ainda não chegamos, dirigir os grêmios e DCEs que ainda não dirigimos, otimizar nosso trabalho com o jornal A Verdade e com as finanças, aumentar nossa campanha de recrutamentos, libertando cada vez mais jovens da ilusão na sociedade burguesa.

  É preciso também crescer nosso trabalho de cultura, visto que uma cultura revolucionária é uma arma poderosíssima na educação do povo. Tivemos oportunidade de assistir a peças, ouvir poemas e músicas de autoria de nossos companheiros que ora agitaram e até fizeram chorar de emoção vários companheiros. Isso só prova o poder da arte de despertar no ser humano aquilo que a ideologia burguesa tenta reprimir em nós, mas não consegue – o amor pelo ser humano e a confiança na sua capacidade de transformar a realidade.

   Reafirmamos os princípios do Programa da Revolução Socialista Brasileira, o Programa do PCR, e nossa decisão pela causa revolucionária. Nossas palavras de ordem ressaltaram, como sempre, nossa admiração pelos nossos herois: Marx, Engels, Lênin, Stálin, Che, Olga Benário, Manoel Lisboa e tantos outros dos quais somos herdeiros de luta e de ideal. Aprovamos o apoio ao recém-fundado Movimento de Mulheres Olga Benário e elegemos a nova Coordenação Estadual. Saímos do Congresso felizes e orgulhosos de fazer parte da UJR, conscientes de que, como disse Che, “o que mais deve orgulhar um jovem comunista é ser um jovem comunista”.

Abaixo uma poesia recitada para o plenário numa das intervenções culturais do congresso. Ela, por acaso, é de minha autoria, espero que gostem!

Sobre a beleza

O que existe de mais bonito em mim

é a minha indignação,

é a minha raiva,

é o meu choro crítico,

é a minha firmeza crítica,

é a minha esperança na vinda do novo, na certeza da mudança geral,

é o meu amor pelo que há de bonito nas pessoas e na natureza –

pelo que as pessoas produzem na natureza e vice-versa.

 

Estive notando que

uma maçã é tão mais bonita e saborosa

quando você imagina a chuva irrigando o chão em que ela se desenvolve,

as mãos do agricultor na enxada desde bem cedo até tarde,

a hora do almoço dele, na sombra, saboreando a quentinha já fria como fosse um verdadeiro banquete,

o tempo de espera pela maçã, as crianças correndo em torno da casa,

as crianças correndo em torno da casa pobre enquanto esperam,

a chaleira esquentando água pro café de tardezinha,

as panelas poucas, o barro

o vestido da mulher,

a alegria do agricultor ao constatar o sucesso da safra

suas mãos – sua alegria, sua esperança, medos, dor, seus amores – em contato com a maçã,

o caminho na carroça de burro até a feira,

o assobio do condutor do burro até, seus pensamentos pelo caminho

a maçã em contato com a madeira da barraca,

a maçã tocada, medida, apreciada, pelas mãos dos trabalhadores,

a maçã com o cheiro da manhã e das vozes dos vendedores, dos seus lamentos

a maçã que tem o preço do trabalho do homem –

que carrega, também, inocente, o sujo da mais-valia. Sim, porque nem a mais inocente maçã escapa às leis econômicas de seu tempo. –

 

E, enquanto pensava, me ocorreu que,

assim como as maçãs e as tesouras,

eu, também produto de meu meio e de minha biologia,

eu também posso ser bonita:

 

Por exemplo, minha boca pode ser muito bonita quando fala das qualidades humanas, quando diz a verdade, seja sobre arte ou sobre política – neste caso quando denuncia porque os senhores do mundo esforçam-se tanto para distanciar o povo da arte, financiando a produção de obras tão pobres de sentido que ininteligíveis.

Por exemplo, minhas mãos podem ser muito bonitas quando afagam uma criança ou acodem um passarinho na chuva e quando escrevem a verdade, seja sobre cultura ou sobre política – nesse caso quando denunciam quem são os que impedem o acesso a cultura ao povo pobre.

Ocorreu-me, pois, que todos os homens e mulheres podem ser muito bonitos. Quando comem maçãs, quando deslizam a faca sobre a manteiga, quando enfiam as mãos nos bolsos, quando enamorados, quando compram sabão, quando abotoam a camisa e calçam sandálias, quando trabalham e quando discutem política – nesse caso perguntando-se e respondendo-se uns aos outros com quem fica a riqueza que com suas mãos produz o povo -, desde que o façam com o genuíno amor dos indignados, dos que não se contentam, com a altivez dos que preocupam-se com a demora da mudança mas que não desistem de engendrar o mundo novo. E não desistem porque, assim como as xícaras, mesmo as mais finas, perdem a sua nobreza de coisa se uma mulher ou homem não lhe derrama e lhe sorve café, completando-lhe assim de significado, realizando-lhe a função de xícara, Assim também os homens, mesmo os mais elegantes, perdem a sua nobreza de pessoa  se as coisas bonitas do mundo não lhe tocam profundamente o espírito, fazendo-o deveras feliz, ou se, da mesma forma, não lhe corre nas veias profunda indignação com o que é reprovável e injusto. De forma que cheguei à conclusão de que, assim como cabe às xícaras comportar líquidos, é função última do homem o amor à justiça. E a beleza de seus membros e palavras está contida, portanto, em sua entrega à causa da justiça. Perguntar se um homem é justo é pergunta idêntica a inquirir sobre sua beleza.

Thaynnara Queiroz, militante da UJR.

MLB entrega cestas básicas em Belém

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Foi com muita animação que o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) realizou no dia 23 em Belém, Pará, o ato de entrega das cestas básicas.

O ato aconteceu na sede do movimento e participaram 150 famílias beneficiadas com as cestas conquistadas pela luta das famílias esquecidas pelos poderes públicos.

Durante o evento varias pessoas se manifestaram. Dona Izaura Miranda disse: “O MLB me ensinou que coletivamente é possível garantir nossos direitos, viva o MLB!”

Fernanda Lopes, representando o Movimento ressaltou que foi uma vitória muito importante, mais que a luta precisa continuar não só para garantir as cestas básicas para 150 famílias, mais para garantir que todos os homens e mulheres do mundo possam ter seus direitos em especial o direito de se alimentar.

Redação Pará

MLB denuncia fome no país e conquista cestas básicas

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Sem comida, aguardam liberação de cestas

A jornada nacional do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) por um Natal sem fome e sem miséria, em Pernambuco, ocorreu no Shopping Center Recife, maior centro de compras da cidade, localizado em Boa Viagem, bairro nobre da capital.

O ato teve inicio às 10:30h do dia 23 de dezembro quando cerca de 300 pessoas se aglomeraram em frente a loja do Bompreço (WalMart) do shopping, onde foi feito o ato com distribuição de panfleto e intervenções dos coordenadores e coordenadoras. Falando na manifestação Serginaldo Santos afirmou “ .. é uma denúncia da situação da população pobre nesse período de compra que não pode comprar”. O panfleto do MLB denunciava o capitalismo em que “ De fato, no Brasil, os pobres pagam mais imposto que os ricos. Entre os anos 2000 e 2006, os bancos recolheram somente R$ 51,9 bilhões de Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica, enquanto os trabalhadores pagaram R$ 233,8 bilhões.”

Imediatamente, a administração do Shopping acionou os seguranças e o Batalhão de Choque da Policia Militar, mas como as famílias se mostraram firmes e decididas a só saírem com as cestas básicas, a administração do Shopping recuou e providenciou as cestas, uma vez que devido o tumulto algumas lojas estavam fechando e avaliaram que seria mais barato pagar as cestas do que tentar tirar as famílias à força.

Em entrevista à imprensa, o presidente da CDL, Eduardo Catão”…acho que esse tipo de movimento deve ter sido orquestrado por alguém que sabe das coisas. Ele foi estratégico e planejado para isso”.  Assim por volta das 13:00h após a garantia da administração do shopping de doar as cestas, as famílias concordaram em aguardar as cestas na área do estacionamento do shopping, que só entregou 250 cestas básicas por volta das 16:30h.

Nesta ação do MLB participaram as famílias das ocupações Mércia de Albuquerque I e II, de Jaboatão dos Guararapes, Mulheres de Tejucupapo, campo grande e do condomínio Dom Helder Camara, em Recife, além das famílias de Olinda das ocupações Fernando Santa Cruz e Padre Henrique.

Hinamar Araújo, Recife

A Verdade comemora 12 anos no Ceará

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Em um clima de muita combatividade e rebeldia cerca de 180 trabalhadores, jovens, adultos, crianças, mulheres, realizaram um ATO POLÍTICO-CULTURAL no Auditório da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (FACED/UFC). O evento contou com diversas representações da sociedade civil, em especial o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB); a Central dos Movimentos Populares (CMP); o Movimento de Luta Índigena, o Movimento Luta de Classes, o Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal no Ceará; a Associação de Professores do Ceará (APEC), o Sindicato dos Petroleiros CE/PI, entre outros.

A mesa foi presidida pelo coordenador do Jornal ‘A Verdade’ no Ceará, Francisco Correia (Bita), que, de imediato abriu o evento com a Internacional Comunista, hino dos trabalhadores de todo o mundo. Logo após, uma apresentação do estudante Alisson Silva, do Instituto Federal do Ceará, abordou na forma de ‘teatro mudo’ a necessidade de abrir os arquivos da ditadura fascista.

Em seguida foi composta a mesa de debate na qual  foram chamados o advogado Márcio Aguiar, representando a Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (RENAP), a Defensora Pública do Estado do Ceará Amélia Rocha, o diretor da Associação Anistia 64/68 (jurídico e memória) Mário Albuquerque, o presidente do Centro Cultural Manoel Lisboa de Pernambuco, Edival Nunes Cajá, membro também do Partido Comunista Revolucionário (PCR), e o Membro da Comissão de Direito Sindical OAB/CE Clovis Renato Costa Farias.

Todas as intervenções reafirmaram a necessidade de transformar a atual Comissão da Verdade num instrumento de luta pela justiça, não apenas da memória e verdade. Foi também ressaltado o fato do nosso país ter sido condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA em relação aos mortos da Guerrilha do Araguaia e até hoje a maioria dos mortos não terem sido encontrados. Para Cajá, nossa luta é muito importante: “Nós já fomos julgados e condenados nos tribunais deles, militares fascistas. O que nós queremos não é vingança. O que queremos é que os criminosos sejam julgados na forma da lei desse país e dos tratados internacionais. Não queremos colocar os generais no pau-de-arara, nem dar choques elétricos em todo o corpo. Mas, que paguem pelos crimes que cometeram. Eles sequestraram, torturaram, assassinaram e ainda ocultaram os cadáveres desses jovens revolucionários. São vários crimes. Que sejam julgados”.

Várias intervenções do plenário reforçaram essa luta. Em todas ficou claro ainda a necessidade do nosso povo conhecer sua história e dar um passo em frente à sua luta por democracia verdadeira. Ao final, foram chamados nomes de alguns companheiros assassinatos, em especial alguns ceareses, que honraram com seu sangue o dever de lutar por um país melhor.

Bergson Gurjão Farias- PRESENTE

David Capistrano – PRESENTE

José Montenegro de Lima – PRESENTE

Jana Barroso – PRESENTE

AGORA E SEMPRE!!

Francisco Correa e Serley Leal, Fortaleza

Ditadura do capital financeiro desemprega milhões no mundo

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Fila de desempregados na Espanha

Desde setembro de 2008, e, em particular ao longo deste ano, o mundo vive a agonia do sistema capitalista e o desenvolvimento de sua crise. Como todos já perceberam, não se trata da crise de um país, os EUA, ou de um grupo de países, a União Europeia, ou de uma moeda, o dólar ou o euro, como insistentemente os grandes meios de comunicação da burguesia divulgam, mas de uma crise geral do capitalismo, a maior desde a Segunda Guerra Mundial, e  que afeta todas as economias. Até a economia chinesa já mostra sinais de desaceleração e uma possível crise no mercado imobiliário com os bancos chineses reconhecendo que de 23% dos créditos sofrem um risco sério de não serem pagos. É a globalização, não a tão cantada em prosa e verso pelos apologistas da economia de mercado, mas sim a da pobreza e do desemprego.

A destruição provocada por essa crise é gigantesca. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), nos últimos anos, 80 milhões de trabalhadores foram demitidos em todo o mundo. Somente nos EUA, maior economia do planeta, e, outrora a locomotiva do capitalismo, são 22 milhões de desempregados. O Reino Unido, 3ª maior economia do mundo, tem 8,3% da população desempregada, mas entre os jovens de 16 a 24 anos, o desemprego é de 21,9%. Na Espanha, 45,8% dos jovens não têm emprego. Na Itália, metade das mulheres estão fora do mercado de trabalho e 29% dos jovens estão desempregados. No total, ainda segundo a OIT, os desempregados no mundo já somam mais de 205 milhões e 1,6 bilhão de pessoas estão em situação de emprego vulnerável. .

Até setores da economia que registram aumento de lucros, demitem. Relatório da consultoria Gartner informa que no terceiro trimestre deste ano foram vendidos 440,5 milhões de telefones celulares no mundo, crescimento de 5,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Entretanto, a joint-venture Nokia Siemens Networks, segunda maior fabricante de aparelhos para telecomunicação sem fio, anunciou em 25 de novembro, que vai demitir 17 mil, 23% do quadro de funcionários da empresa.

Assim é o sistema capitalista: produz a crise, mas joga sobre os trabalhadores todo o seu ônus. Por isso, cresce em todo o planeta o número de familias sem teto, de prostituição e do comércio mundial de drogas.

Em 2008, disseram os governos e os economistas burgueses que o caminho para sair da crise era  o Estado utilizar os recursos públicos para salvar os bancos e monopólios. E assim foi feito. Trilhões de dólares foram injetados no sistema financeiro internacional. No Brasil, lembremos que o governo salvou da falência os bancos Votorantim, de Antonio Ermirio de Morais, e o Panamericano, de Silvio Santos e financiou a juros baixíssimos as  montadoras de automóveis.

Portanto, para salvar a oligarquia financeira ou “essa gentalha”, como diria Quico, personagem do programa Chaves, os Estados se endividaram, tomando dinheiro emprestado exatamente do capital financeiro a juros altíssimos e entregaram quase de graça para os bancos. Resultado, as dívidas públicas dispararam: a Alemanha deve 83% do PIB; a França, 86%; a Itália, 121%; Portugal, 106%, a Espanha, 65% e a Grécia 151,9%. A dívida do Japão atinge 200% do seu PIB e a dos EUA, 100%, cerca de 14,5 trilhões de dólares.

Golpe de mestre

O mecanismo do capital financeiro para fazer dinheiro fictício na crise é bastante engenhoso.

Primeiro, as agências de risco, empresas que têm os bancos entre seus proprietários, avaliam negativamente um país e reduzem sua nota. Em seguida, como o risco para investir nos papéis desse país passou a ser maior, os bancos cobram uma taxa de juros mais elevada pelos títulos colocados à venda. Com a recessão, consequência da queda do poder de compra dos trabalhadores, os governos arrecadam menos e têm menos recursos para fazer investimentos, manter os serviços sociais, os gastos com as Forças Armadas e com a Polícia. Estimulados pelo mercado financeiro, os Estados pagam altas taxas de juros pelos novos empréstimos. Seguem assim até que todos descobrem que o rei está nu, ou seja, que estão inadimplentes e suas dívidas se tornam impagáveis. Para se ter uma ideia, a dívida da Itália supera a  2,5 trilhões de euros, mas o Fundo de Estabilização Europeu criado para atender os países sem dinheiro para pagar dívidas, só tem em caixa 250 bilhões de euros. Aí, entram em ação, os representantes oficiais da oligarquia financeira – o FMI, o Banco Mundial, o Banco Central Europeu e, de resto os bancos centrais dos países, que em troca de novos empréstimos para refinanciar as dívidas exigem medidas antipopulares.

Por isso, os títulos dos governos da Espanha (6,6%), da Itália (7,3%), Portugal, Reino Unido, (3,7%) não param de subir.  A França também entrou na roda. As agências de risco ameaçam tirar a nota AAA do país e que já paga juros de 3,7%. E a Alemanha, que ria à toa, no final de novembro, tentou vender 6 bilhões de euros em títulos mas só conseguiu compradores para 3,6 bilhões.  Mesmo o Brasil, país que segundo o governo está imune à crise, paga juros de 11% por seus títulos e até outubro, gastou a pequena fortuna de R$ 197 bilhões com juros da dívida pública.

Para pagar esses juros, os governos cortam investimentos, verbas da educação e da saúde, arrocham o salários dos servidores, aumentam a idade para o trabalhador se aposentar e demite trabalhadores. Agem assim, mesmo sabendo que essas medidas só pioram a situação, pois, como mostra a Grécia, o receituário recomendado pelo FMI e pelo Banco Central Europeu, está levando o país para o quinto ano seguido de recessão.

Por esta razão, os lucros dos bancos, mesmo com a crise, aumentam. Segundo o The Wall Street Journal, os bancos norte-americanos tiveram entre julho e setembro deste ano, lucro de US$ 35 bilhões, o maior dos últimos quatro anos. No Brasil, entre janeiro e setembro de 2011, o Itaú registrou o maior lucro da história, R$ 10,9 bilhões e o Bradesco, R$ 8,30 bilhões no mesmo período.

Em Portugal, por exemplo, o governo pegou emprestado do BCE e do FMI e de bancos internacionais 79 bilhões de euros. Deste montante, 12 bilhões de euros vão para salvar bancos portugueses, operação chamada elegantemente de recapitalização dos bancos. Por esse empréstimo, o estado português, portanto o povo, pagará de juros 34,40 bilhões de euros. Ou seja, socializa os prejuízos e privatiza os lucros. Grécia, Portugal e Irlanda passaram pela mesma via crucis.

Para a continuidade dessa política, é necessário que a oligarquia tenha total e absoluto controle sobre os governos. Por isso, a intervenção da troika, Banco Central Europeu, FMI e a União Europeia nos governos da Europa impondo primeiros-ministros e planos econômicos.  Dizem que são técnicos que entendem mais de economia, mas, na verdade, são interventores do capital financeiro internacional para assegurar que os recursos públicos sigam direto para os bolsos dessa minoria que se apoderou do mundo.

Eles são surdos

Contra essa política, mas ainda não contra esse sistema, os trabalhadores e a juventude, não param de lutar para que os ricos paguem a conta da crise.  Em outubro ocorreram manifestações em 85 países contra a política dos governos capitalistas de sacrificar o povo para salvar banqueiros e monopólios. No dia 24 de novembro, Portugal realizou sua maior greve geral da história. Na Grécia, só este ano foram realizadas cinco greves gerais. Na última, mais de meio milhão de pessoas ocuparam as ruas centrais de Atenas contra o governo dos lacaios do FMI e do Banco Central Europeu. Na Itália, no dia 17 de novembro, milhões foram às ruas contra o desemprego e as medidas do governo de corte dos direitos. Nos EUA, aumenta o número de movimentos como o Ocupa Wall Street, o Ocupe Califórnia; o Ocupe San Francisco e o Ocupe Oakland.  Na América Latina, também no dia 24, a juventude foi às ruas na maioria dos países contra a privatização e em defesa da educação publica e gratuita.

Ora, o capitalismo é um sistema econômico que tem como único objetivo garantir o enriquecimento da burguesia, da classe capitalista. Acontece que a burguesia, uma classe reduzidíssima de pessoas, centraliza o conjunto das riquezas produzidas na sociedade em suas mãos, enquanto a maioria da população vive com baixos salários e na pobreza. Em virtude dessa contradição, o consumo das massas populares, os principais consumidores de uma sociedade, é cada dia menor, ocasionando a crise de superprodução: tem mercadorias mas não têm compradores.

Logo, para resolver a crise, seria necessário recuperar o poder de compra das massas trabalhadoras, garantir salário digno e trabalho para todos, mas o capitalismo não tem nenhum objetivo social, seu objetivo é obter o lucro para a classe capitalista, não importa a que custo ou que conseqüências isso provoque.  Resultado, as massas veem, a cada ano, seu poder de compra diminuir e o desemprego crescer. Com efeito, segundo estudo da OIT, de 118 países, 69 registraram aumento da piora das condições de vida da população e nunca o mundo teve tanta gente passando fome. Por outro lado, o mercado global de luxo, voltado para a elite mundial, cresce e movimenta 191 bilhões de euros.

Para agravar esse quadro, com a crise, acelera o processo de concentração do capital, isto é, diminui  ainda mais o número de capitalistas proprietários dos meios de produção. De fato, segundo o estudo The network of global corporate control (rede de controle global das transnacionais), realizado pelo Instituto  Federal de Tecnologia de Zurique,  após exame de 43.000 empresas mundiais, 80% dessas empresas são controladas por somente 737 outras empresas, bancos, grandes grupos industriais ou fundos de investimentos e pensões. Entre essas 737 empresas ou entidades, estão o banco britânico Barclays, os norte-americanos JP Morgan, Merrill Lynch, Goldman Sachs, Morgan Stanley e grupos bancários franceses, alemães e ingleses.

Em resumo, o mercado nada mais é que menos de 800 bancos e monopólios que controlam a economia mundial e nomeia primeiroS-ministros, decidem as guerras, para que bolsa ou paraíso fiscal deve ir o capital finaceiro, qual deve ser o país a ser esfolado e espalham a fome e destroem o meio-ambiente.

A propósito, vale a pena lembrar as palavras de Lênin escritas em 1917, quase um século atrás, mas de grande atualidade: “Há meio século, quando Marx escreveu O Capital, a livre concorrência era, para a maior parte dos economistas, uma “lei natural”. A ciência oficial procurou aniquilar, por meio da conspiração do silêncio, a obra de Marx, que tinha demonstrado, com uma análise téorica e histórica do capitalismo que, a livre concorrência gera a concentração da produção, e que a referida concentração, num certo grau do seu desenvolvimento, conduz ao monopólio. Agora, o monopólio é um fato. ”

(…)

“O capitalismo na sua fase imperialista, conduz à socialização integral da produção nos seus mais variados aspectos; arrasta, por assim dizer, os capitalistas, contra a sua vontade e sem que disso tenham consciência, para um certo novo regime social, de transição entre a absoluta liberdade de concorrencia e a socialização completa.”

“A produção passa a ser social, mas a apropriação continua a ser privada. Os meios sociais de produção continuam a ser propriedade privada de um reduzido número de individuos. Mantêm-se o quadro geral da livre concorrência formalmente reconhecida, e o jugo de uns quantos monopolistas sobre o resto da população torna-se cem vezes mais duro, mais sensivel, mais insuportavel.”

 Para abolir esse sistema, não basta, pois, medidas macroprudenciais; é preciso acabar com a  ditadura da oligarquia financeira sobre os governos e a economia, é preciso nacionalizar os bancos e as companhias de seguros, cancelar as dividas públicas e, principalmente,  socializar os meios de produção. Enfim, para resolver a crise, é preciso acabar com sua verdadeira causa, a contradição entre apropriação das riquezas por uma minoria e o caráter social da produção. Portanto, a própria crise capitalista colocou o dilema: ou se tem governos impostos pelo mercado, pela oligarquia financeira, ou se tem governos a favor dos trabalhadores.

Lula Falcão, membro do Comitê Central do PCR e diretor de Redação de A Verdade

Dados do IBGE revelam necessidade de transformação social

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Ao longo deste ano o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou alguns dados preliminares acerca do último Censo. O desenvolvimento deste estudo, que é realizado a cada decênio, é fundamental para que os governos mapeiem as principais mudanças e/ou permanências verificadas nas áreas social, econômica, política e cultural que ocorreram no país nos últimos dez anos. Além disso, este tipo de estudo ajuda na elaboração e implementação das políticas públicas, seja no combate à miséria ou mesmo na elevação do nível educacional do País, por exemplo.

 Prestes a se tornar a sexta maior economia do mundo, superando inclusive uma das maiores potências mundiais, o Reino Unido, o Brasil amarga diversas permanências socioeconômicas. Uma análise pouco aprofundada do desempenho do País nos últimos dez anos nos revelou alguns dados positivos e outros extremamente negativos e duramente persistentes para a riqueza que é gerada no país. Na educação, por exemplo, houve uma redução importante, mas pouco significativa, do analfabetismo; ou seja, se em 2000 o Censo registrava uma média de 12,8% de analfabetos no Brasil, em 2010 os dados registraram uma redução de apenas 3,8%. Isso significa que 9% da população brasileira continua analfabeta; em termos absolutos, são 14,6 milhões de brasileiros com mais de 10 anos de idade que não sabem ler nem escrever.

Os números mostram ainda um envelhecimento gradual da população, uma vez que pessoas com 65 anos ou mais representam agora 7,4% nos dados de 2010, em contraposição aos 5,9% de 2000. O envelhecimento da população é um indicador que pode demonstrar uma melhora da qualidade de vida da população, mas é preciso analisar estes dados com profundidade, conhecendo a realidade de cada região, pois alguns dados são apresentados com uma média global, distorcendo, assim, a realidade. Além disso, é preciso saber se o País está preparado para realizar o atendimento, a partir das políticas governamentais, dessa mesma população.

Por outro lado, os dados trazem alguns números preocupantes e bastante corriqueiros quando nos referimos às características socioeconômicas do Brasil. Os serviços públicos e infraestrutura continuam a desejar. Para se ter uma ideia, no que se refere ao saneamento básico apenas 55,4% dos 57,3 milhões de domicílios são ligados à rede de esgoto; dos restantes, 11% utilizavam fossa séptica e os outros 32% utilizavam formas alternativas; isso significa que os rios, os córregos e as fossas rudimentares ainda são utilizados em substituição à rede de esgoto.

Mais: cerca de 10% da população brasileira ainda utiliza mecanismos no mínimo antiquados para a época atual, em função da tecnologia de que dispomos, ou seja, para que a água chegue ao lar de quase 20 milhões de brasileiros, a alternativa continua sendo o poço artesiano, os rios etc. Os números mais amargos continuam sendo os da desigualdade de renda entre os domicílios.

O país continua apresentando também uma grande desigualdade. Os 20% mais ricos do país têm um patamar de renda semelhante ao de países como Canadá e Alemanha, ao passo que o restante da população vive numa condição muito parecida com a dos países pobres.

O índice de Gini foi utilizado para medir o grau de desigualdade. Quanto mais próximo de 0, menor desigualdade; quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade. Apesar de a taxa média do Brasil sofrer uma queda, cerca de 11,5%, o País ainda apresenta um índice de desigualdade superior a muitos países do Terceiro Mundo.

De acordo com o IBGE, a parcela dos 10% com os maiores rendimentos ganhava 44,5% do total de renda (recebia em média R$ 9.501 ao mês) e a dos 10% com os mais baixos rendimentos, apenas 1,1%. Em outra estimativa, agora com os 50% de menores rendimentos, chegou-se à conclusão de que este grupo concentrava apenas 17,7% do total (recebendo em média R$ 225 ao mês). Em termos práticos, isso significa que os ricos ganham 42 vezes mais que os pobres no Brasil.

Os dados mostraram ainda que metade da população recebeu, durante o ano de 2010, cerca de R$ 375, valor bem abaixo do salário mínimo pago na época, que era R$ 510. Por outro lado, a desigualdade de gênero e racial permanece, pois os maiores salários ainda são pagos a homens, cerca de 42% a mais que o das mulheres, e, ao mesmo tempo, os números mostram que a população negra e parda ganha 3,2 menos que a população branca.

Desta forma, a divulgação desses dados assinala a necessidade de uma permanente reflexão e luta pela transformação social. As reduções verificadas são insignificantes quando nos deparamos com o tamanho do país e a riqueza que possuímos. O que se vê é uma concentração regional, resultado de uma permanência histórica. Ao mesmo tempo, as ações públicas caminham a passos lentos.

Se a população está envelhecendo, quais as ações desenvolvidas que protegem o direito do idoso na atualidade? Será que o País está preparado para atendê-los em sua plenitude? Se há uma redução do analfabetismo. por que não questionar a qualidade da educação que é oferecida e a formação que é dada ao professor? O fato é que a materialização dessa desigualdade está refletida nas zonas rurais, nas cidades médias e nos grandes centros urbanos do País. Os espaços urbanos, por exemplo, dispõem de espaços para os pobres e espaços para os ricos: lojas, áreas de lazer, escolas, faculdades, condomínios privados e lugares. Cada dia eles segregam mais, aumentando o fosso de desigualdade que ainda persiste no Brasil.

Por isso, cada vez mais é fundamental o questionar permanente da atual sociedade capitalista, pois em todos estes anos ela foi incapaz de resolver os principais males que afligem nossa população, pois se houve mudanças, como eles apontam, todas vieram da luta dos povos oprimidos e subjugados que são responsáveis por produzir a riqueza deste País, mas que não usufruem do que eles mesmos produzem.

Cleiton Ferreira, geógrafo

Fontes: IBGE, Folha de S.Paulo, 29/04/2011; Agência Carta Maior, 16/11/11.

Fontes: Folha de S.Paulo, 29/04/2011; Agência Carta Maior, 16/11/11.

Menucci, um maestro de luta

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Da esquerda para direita: Abelardo da Hora, Germano Coelho e o maestro Menucci

Violinista e maestro, Geraldo Menucci é uma importante personalidade artística nacional. Nascido no Rio de Janeiro (3/6/1929), em 1951 foi morar no Recife, onde vive até hoje. É amigo do artista plástico Abelardo da Hora, com quem trabalhou na Casa das Artes e no Movimento de Cultura Popular (MCP),  na década de 1960.

Fundador do Coral Bach (1952), Menucci recebeu a honra de ter a ação reconhecida por Heitor Villa-Lobos, pioneiro do canto coral no Brasil: “Considero um verdadeiro milagre”. Emocionou o mundo quando da participação do coral no 6º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, em 1957, em Moscou. Acabou por estender as apresentações do coral a vários outros países, como a Polônia, a Bulgária e a então Tchecoslováquia. Na volta, foi preso por ter visitado países socialistas.

Defensor da cultura popular, foi responsável por diversas ações no sentido de fortalecer a cultura e o gosto do povo pela música erudita. Organizou a Serenata Fluvial, no Rio Capibaribe, no Recife, aproveitando os músicos do MCP; para isso utilizou dez canoas com seis cantores em cada. Ainda pelo MCP, baseado em Paulo Freire, forjou centros de alfabetização populares. “Que sentido tem a letra ‘c’, de castelo, para um favelado? É melhor você botar um ‘b’, de barraco. (…) Dá uma conjuntura, há semântica, do que ele vive”, conta Menucci.

Musicou o Hino do Camponês, de autoria do então deputado Francisco Julião, importante personalidade das Ligas Camponesas. Por essas e outras proximidades e trabalhos com personalidades populares e comunistas, foi perseguido e expulso da Prefeitura do Recife quando do golpe de 1964. Ainda perseguido, foge para o Rio de Janeiro com a ajuda de Dom Helder. Lá é preso e torna-se amigo do – também preso político – ator Mário Lago. Quando solto, funda dezena de corais pelo Brasil.

Menucci é anistiado pela Lei de Anistia, de 1980, e ainda hoje trabalha como maestro e luta para estruturar e fortalecer a Orquestra Sinfônica de Olinda, Pernambuco.

Eduardo Augusto e João Henrique

Morte e Vida Severina: retrato da desigualdade

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Capa de Morte e Vida Severina

Um clássico é sempre um clássico. Não importa os anos que passam. Essa regra pode e deve ser usada para o filme feito para a TV Morte e vida severina, baseado no também clássico livro homônimo do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto, publicado pela primeira vez em 1955.

Sem cair na mesmice de outras produções que, apesar de muito caras, não têm o dom de transmitir a realidade em poesia. Afinal, histórias como a de Severino são mais comuns do que se possa imaginar

A obra dirigida por Zelito Viana em 1971 consegue retratar os sentimentos presentes no poema de João Cabral e os contrastes da vida real que se faz presente durante todo o enredo do personagem principal: o Severino.

A luta constante do povo sertanejo castigado pela seca e por seus governantes e pela ganância de poucos que possuem tudo, transforma muitos Severinos em retirantes que se embrenham na mesma jornada dolorosa em busca de esperança. O caminho é quase sempre de desgraça, fome e morte. No final, nem todos têm a mesma sorte do protagonista que vê no nascimento de uma criança desconhecida o sonho de dias melhores desistindo de encerrar a própria vida.

O filme abre então a possibilidade de refletirmos sobre a realidade de muitos Severinos dos dias de hoje.  Não é apenas a seca que os flagela. É o desemprego que é muito alto no Sertão e a falta de investimentos que terminam gerando o êxodo rural quando pessoas como o Severino do filme tentam ir aos grandes centros em busca de oportunidades. A maioria deles encontra mais desigualdade ainda. Aliás, a falta d’água no Sertão não é só natural, pois há tecnologia avançada para levar água para essas regiões. Prova disso é lugares desérticos já possuírem mar e rios artificiais, já que esses lugares são de interesse comercial.

Ao nos depararmos com os versos de João Cabral em imagens, os sentimentos surgem: tristeza; raiva; pena; empatia e às vezes até a mesmo impotência diante de tanta injustiça, mas também alegria e a esperança de dias felizes. Com grandes atuações de Luiz Mendonça, José Dumont, Elba Ramalho e Jofre Soares, o filme mostra nossa realidade nua e crua que, apesar de terem se passado mais de 50 anos, pouco ou quase nada mudou.

Ver está obra-prima comove e encanta e é uma boa opção para quem gosta de refletir sobre a realidade social de nosso país.

Lene Correa, Recif