UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sábado, 13 de setembro de 2025
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O cuidado coletivo das crianças é uma tarefa dos comunistas

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Numa sociedade individualista, a criação de uma criança é um peso individual; na sociedade socialista, a criação de uma criança passa a ser uma construção coletiva.

Tami Tahira, educadora e militante do Movimento de Mulheres Olga Benario


Se já sabemos que as jornadas de trabalho para a nossa classe são extenuantes – em contratos terceirizados ou informais para mais da metade da população com um salário que não corresponde ao mínimo necessário para viver – então podemos imaginar qual o nível de exploração que recai sobre as costas das mães, a quem é relegada a carga de trabalho do cuidado de crianças. Frente a isso, qual é o dever dos comunistas na luta por um novo mundo em relação às mães e às crianças?

Superar o individualismo para coletivizar o cuidado com crianças

Às mulheres, o destino social imposto no sistema capitalista é a maternidade como obrigação individual. O cuidado diário e intenso que deveria ser provido pelo Estado é suprido pela mulher com seu trabalho produtivo (na venda de sua força de trabalho) e improdutivo (cuidados domésticos e familiares) que a leva à exaustão física e mental em duplas e triplas jornadas de trabalho.

Na União Soviética, outras políticas foram implementadas para garantir a participação da mulher na construção de uma sociedade igualitária. Alexandra Kollontai relata em “O Comunismo e a Família” (1920): “Já existem casas para as crianças em fase de amamentação, creches, jardins de infância, colônias e lares para crianças, enfermarias e postos de saúde para os doentes ou que precisam de cuidado especial, restaurantes, refeitórios gratuitos, roupas e calçados para as crianças dos estabelecimentos de ensino. Tudo isso não demonstra suficientemente que a criança sai do marco estreito da família, passando o peso de sua criação e educação dos pais à coletividade?”.

Numa sociedade individualista, a criação de uma criança é um peso individual; numa sociedade socialista, a criação de uma criança passa a ser uma construção coletiva em que todos se responsabilizam por alimentação e lavanderias coletivas, por educação de qualidade e acessível perto do trabalho da mãe. Essa era a realidade da URSS, em que a cada 3h de jornada de trabalho a mãe tinha 45 minutos para ir à creche amamentar seu filho. 

2º Congresso Nacional da Unidade Popular (Foto: Manuelle Coelho)

Devemos esperar o socialismo para começar a cuidar das crianças?

A resposta categórica é não. Além de ser necessário desmantelar as ideias individualistas e opressoras do antigo mundo para dar lugar às novas desde já, coletivizar o cuidado das crianças é, na realidade, um catalisador da conquista do socialismo, já que as mulheres poderão se dedicar mais e melhor à atividade política e lutar com mais combatividade pela libertação da nossa classe. 

Se já são exploradas vendendo sua força de trabalho – se dedicando aos cuidados domésticos e familiares conciliando por muitas vezes com os estudos – quem, senão as mães que vivem longas jornadas de trabalho, serão as mais interessadas e fervorosas lutadoras para acabar com o capitalismo? É necessário criar condições para que esse ímpeto revolucionário possa se desenvolver e formar quadros entre as nossas mães trabalhadoras.

Como cuidar coletivamente?

No dia a dia, a responsabilidade de assumir a frente pelo cuidado das crianças é principalmente ideológica: todos os militantes, da base à direção, do mais recente ao mais antigo, podem e devem ter como uma grandiosa tarefa assumir um turno de creche nas atividades militantes para garantir uma participação de qualidade às mães.

Não é uma atividade menor cuidar da criança de outra militante, pelo contrário: a formação de nossas crianças seguindo os princípios da nossa organização é revolucionária.

Paulo Freire disse: “Educar é um ato político. Ninguém pode estar no mundo, com o mundo e com os outros de forma neutra”. As creches que fazemos em nossos congressos e reuniões são tão políticas quanto as atividades em si.

Se a atividade é um encontro de lideranças indígenas, por exemplo, por que não fazer uma creche colocando músicas dos artistas originários de hoje em dia e desmistificar a ideia racista de “índio” de um currículo escolar datado? Pode-se pegar o mapa do território e descobrir com as crianças quais são as terras originárias ou falar de indígenas em contextos urbanos – assim, se constrói terreno para que a retomada e a demarcação de terras seja um assunto presente na vida da criança.

Se é uma atividade do Movimento de Mulheres Olga Benario a creche pode apostar em perguntar às crianças o que pensam da divisão de brinquedos de menina e de menino levantando repertório para identificar quais assuntos precisam ser aprofundados para quebrar estereótipos de gênero.

Bola é brinquedo de menino e panelas são brinquedos de menina? Que então, na creche, se ensine a brincar com a bola em diversos jogos para que todos tenham familiaridade com a dinâmica e se entenda que brinquedo é de criança. Que se pergunte como normalmente são divididas as tarefas da cozinha na escola e na casa dos amigos para se comparar com como é a dinâmica na família da criança e nesses espaços de militância.

Se entre os nossos pais e mães, entre a nossa militância, as tarefas não forem equilibradas, não teremos condições de formar pelo exemplo, camaradas! As crianças são sujeitos de direito, com capacidade de comunicar, criticar, pensar e podemos aprender no trato com elas. 

Devemos organizar nossos militantes em turnos para dividir o trabalho do cuidado. É preciso chegar antes da atividade começar para pegar o contato da responsável pela criança e receber as orientações (se é permitido o uso de telas, quais as restrições alimentares, qual a frequência da amamentação, se faz uso de algum medicamento, quais brincadeiras mais gosta – pois cada criança é única), ter paciência e formar outro militante mais novo nesta atividade para que mais e mais pessoas possam assumir as creches com a responsabilidade que devem ser construídas.

Isso tudo é coletivizar o cuidado com as crianças. Nossas mães não serão vencidas pelo cansaço! A construção da creche é tarefa de todos que lutam por um mundo justo.

Ministério Público aciona justiça contra 42 torturadores da Ditadura Militar Fascista

Entre os acusados estão Carlos Alberto Brilhante Ustra e Sérgio Paranhos Fleury, réus pela tortura, assassinato e desaparecimento de ao menos 19 lutadores durante a Ditadura. Lei da Anistia não se aplica aos crimes praticados pelos agentes.

Redação


BRASIL – Na última segunda (18/03), o Ministério Público Federal abriu uma ação na justiça contra 42 torturadores e assassinos que eram agentes da Ditadura Militar Fascista (1964-1985). O órgão de acusação pede pagamento de multa e responsabilização dos agentes ainda vivos e no caso dos que já morreram, pede que o pagamento das multas seja efetivado pelos herdeiros.

O MPF também pede a suspensão de qualquer pagamento de aposentadoria feito pelo Estado brasileiro a esses torturadores ou seus herdeiros. Além disso, pede a perda de quaisquer cargos públicos que os agentes tenham ocupado. A multa que os procuradores pedem pode passar de 2 milhões de reais, sem correção monetária.

Na peça de acusação, o MPF afirma que os agentes da repressão fascista são responsáveis pela morte e desaparecimento de ao menos 19 militantes revolucionários e patriotas. São eles: Manoel Lisboa de Moura, Emmanuel Bezerra, Vladimir Herzog, Luiz Eduardo da Rocha Merlino, Elson Costa, Alex de Paula Xavier Pereira, Antonio Benetazzo, Antônio Carlos Bicalho Lana, Aylton Adalberto Mortati, Carlos Roberto Zanirato, Dimas Antônio Casemiro, Francisco José de Oliveira, Gastone Lúcia Carvalho Beltrão, Gelson Reicher, Jayme Amorim de Miranda, João Carlos Cavalcanti Reis, Luiz Eurico Tejera Lisbôa, Raimundo Eduardo da Silva e Sônia Maria de Moraes Angel Jones.

Na ação o Ministério Público descreve as ações de tortura cometidas por cada um dos réus, além do conluio com o Instituto Médico Legal para omitir e fraudar as certidões de óbito dos militantes.

O Ministério Público também pede a responsabilização do Estado de São Paulo e da União por omissão em responsabilizar estes agentes, muitos mortos sem responder por nenhum de seus crimes. Além disso, eles pedem que o Estado adote medidas para preservar a memória e a verdade dos crimes da Ditadura Militar Fascista. Entre as medidas se encontram a abertura completa dos arquivos do período e a criação de novos espaços de memória para conscientizar a população sobre os crimes cometidos por agentes do Estado na época.

Ação do MPF é resultado da luta por memória, verdade, justiça e reparação

O pedido do Ministério Público é mais um capítulo na luta de milhares de militantes, familiares e amigos das pessoas vítimas da Ditadura. Apesar de não ser a primeira vez que o MPF entra com uma ação judicial contra estes agentes, é fato que, chegando o dia em que o Golpe de 1964 completa 60 anos, fica mais evidente que o Estado e os agentes da tortura e da repressão não podem mais ficar sem ser responsabilizados.

A falta de ação do Estado e dos sucessivos governos só tem servido para fortalecer militares e políticos fascistas, como Bolsonaro e seus comparsas generais golpistas. 60 anos depois, o país quase foi submetido a uma nova ditadura. A ação do MPF, com isso, possibilita a chance de se fazer justiça às milhares de pessoas que lutaram contra a Ditadura Militar Fascista.

Justiça espanhola pode libertar Daniel Alves por 1 milhão de euros após condenação por estupro

Daniel Alves, condenado a 4 anos e meio de prisão por estupro, poderá ser libertado mediante o pagamento de fiança de 1 milhão de euros à justiça espanhola. Decisão mostra o caráter machista e patriarcal da justiça burguesa.

Maíra Maximiano | Rio de Janeiro


MULHERES  – No dia 20 de março, Daniel Alves, ex-jogador da Seleção Brasileira de Futebol recebeu o direito à liberdade provisória pela justiça de Barcelona, após ter sido condenado a 4 anos e meio de prisão por estupro, mediante o pagamento de fiança de 1 milhão de euros. A sentença já havia sido atenuada meses antes, devido ao pagamento de 150 mil euros à vítima, ainda que ela nunca tenha pedido um centavo sequer. 

Antes, o Ministério Público Espanhol pediu 9 anos. A vítima, que até hoje buscou manter sigilo da própria identidade, pediu 12 anos de prisão. A atenuação da pena foi paga pelo pai de Neymar, outro jogador da Seleção Brasileira com uma vida recheada de escândalos onde deveria haver títulos e dedicação ao esporte que os consagrou e enriqueceu. Até agora o pai de Neymar negou que iria pagar também a fiança, apesar de jornais europeus terem confirmado essa informação.

Diz a justiça espanhola que é uma liberdade provisória, enquanto a defesa aguarda uma sentença definitiva, já que eles recorreram da condenação. A verdade, no entanto, é mais suja: Os advogados, sabendo ser impossível reverter a condenação com alguma prova de inocência de Daniel – afinal de contas, tal prova não existe – farão aquilo que eles são pagos para fazer nos casos em que um cliente rico comete um crime: soterrar o caso em recursos pautados em detalhes técnicos, a fim de evitar o máximo possível que seu cliente cumpra a pena devida.

É muito comum que, em casos de estupro cometidos por homens públicos e endinheirados, a opinião pública busque um motivo qualquer para inverter os papéis e dizer que a vítima é quem comete o crime. Se ela veio a público fazer a denúncia, quer fama; se exigiu indenização, quer dar um golpe, se engravidou, foi golpe da barriga; se não se encaixa no padrão de beleza, deveria ser grata por ter sido alvo. Mas a vítima de Daniel agiu da forma que os machistas dizem que deve se comportar uma vítima perfeita: buscou socorro imediatamente, fez questão de se manter no anonimato, não quis indenização, focou em conseguir a condenação de seu estuprador.

Quanto custa estuprar uma mulher? Na Espanha, é 1 milhão


E o que fez a justiça espanhola? Permitiu que Daniel pagasse por uma redução de 50% de sua pena, não puniu a mãe do criminoso por ter exposto seu rosto e nome nas redes sociais e, agora, permitiu que ele voltasse para a sua “liberdade provisória”. A mensagem às mulheres espanholas é clara: ao homem, todas as mulheres estão disponíveis, desde que ele possa pagar por elas. O Estado Espanhol age, portanto, como um cafetão, permitindo que mulheres tenham sua sexualidade violada e exigindo apenas dinheiro em troca, e a dignidade da mulher que se exploda.

A Espanha fez avanços na luta pelo fim da violência sexual. Lá, há uma lei que deixa claro que o consentimento tem que ser declarado, o que, em tese, facilita a condenação de estupradores. Mas setores da social-democracia e da direita espanhola se uniram para reduzir as penas, botando 70 estupradores de volta nas ruas, e reduzindo a pena de mais 700. E a dignidade da mulher que se exploda.

Apenas a luta organizada das mulheres pode mudar esse cenário, seja lá ou aqui. Afinal, se o status quo é masculino, a luta pelo Poder Popular tem que ser feminina e feminista! Lá, tanto como aqui, já temos muitas provas de que não basta “um governo de esquerda” dentro do capitalismo. Enquanto o lucro for quem determina quem tem sua dignidade protegida, homens ricos seguirão usando seu poder para se manterem longe da cadeia, por mais mulheres que estuprem. E a dignidade das mulheres, você já sabe.

No Movimento de Mulheres Olga Benário, nós nos organizamos para mudar isso de forma definitiva. Que nenhum homem acredite que nossos corpos estão disponíveis, independente de quanto dinheiro ele tenha.

Trabalhadores da educação do Paraná aderem à greve nacional

Após Assembleia realizada na Universidade Federal do Paraná (UFPR), cerca de 500 trabalhadores aprovaram a adesão à greve nacional. Até o fechamento desta matéria, 60 das 73 universidades federais do país tinham aderido à greve.

Diego Barbosa e Alice Wakai | Redação PR


CURITIBA – Conforme divulgado pelo Jornal A Verdade, se iniciou no dia 11 de março a greve nacional dos servidores técnico-administrativos em educação (TAEs) maior categoria do poder executivo federal, responsável pelas funções de administração, atendimento hospitalar, laboratórios, redes e diversas outras atividades do dia a dia das universidades.  

Em Assembleia promovida pelo SINDITEST PR e realizada no pátio da Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) no mesmo dia, cerca de 500 trabalhadores aprovaram a greve que reivindica a reestruturação da carreira e recomposição salarial pelas perdas impostas pela inflação nos últimos anos, além de lutarem para repôr o investimento que ficou congelado nos últimos anos.

O SINDITEST representa uma base de cerca de 10 mil trabalhadores que atuam na educação superior em 20 cidades do Estado do Paraná em instituições como UNILA, UTFPR, UFPR e Hospital de Clínicas. O sindicato está ativo desde o final dos anos 70 e esteve presente na luta pela redemocratização no País da luta contra a ditadura militar.

Para Evandro Castanga, um dos organizadores da greve e coordenador-geral do sindicato, os trabalhadores estão com muita força para exigir melhorias fundamentais à carreira, após anos de ataques e abandono pelo governo do golpista Temer e do fascista Bolsonaro. “É a pior carreira do executivo, em que, a cada 10 trabalhadores, mais de 7 abandonam. Isso gera uma rotatividade muito intensa que prejudica a qualidade do serviço e da luta. Tem trabalhador que entra com menos de dois salários mínimos, por exemplo. Ficamos sete anos sem reposição salarial e não vamos aceitar zero de reposição esse ano”, denuncia.

 

Ele explica que, apesar da PEC de transição implementada pelo governo Lula ter reajustado os salários em 9%, o valor ainda é irrisório perto das perdas de salário que somaram 40% nos governos anteriores. “Estamos cobrando do governo que atualize o nosso plano de carreira para fazer com que os trabalhadores ganhem minimamente suficiente para poder se aposentar e viver com dignidade”, diz.

Os trabalhadores reivindicam que o governo divida o reajuste dos salários em 3 etapas. O primeiro aumento de 10,34% a ser aplicado ainda este ano, depois 10,74% em 2025 e finalmente 10,34% em 2026. “O governo apresentou uma proposta de reajuste de 9% dividido em duas vezes, sendo o primeiro reajuste apenas para o ano que vem e o segundo em 2026. Essa proposta não atende as necessidades da categoria, as perdas e ainda nos deixa sem absolutamente nada este ano”, ressalta o grevista.

Ele ressalta também a importância do apoio de outros trabalhadores e da sociedade civil para fortalecer a luta dos técnicos. “A gente espera que a gente consiga construir uma greve unificada de toda educação superior federal. Estamos nos organizando para ir à sala de aula e conversar com estudantes, explicar porque que a gente está em greve, como está a nossa situação financeira, a nossa carreira e também lembrar qual a importância da nossa categoria dentro da Universidade. Sem os técnicos, que fazem tudo funcionar, desde a biblioteca até a enfermagem, a universidade não funciona”, completou.

Paulo*, técnico administrativo do campus Politécnico da UFPR, denunciou ao Jornal A Verdade suas condições precárias de trabalho. “O último aumento que tivemos foi de apenas 9%, que é insuficiente”, diz. Ele também ressaltou a importância da população apoiar a mobilização da categoria, “Acredito que temos que fortalecer as nossas lutas”, completa.

Na mesma Universidade, Flavio*, aluno de economia da UFPR disse que apoia a greve porque acredita que esta é a única forma de pressionar o governo por melhores condições na Universidade. Os alunos também são um dos mais afetados pelo sucateamento do ensino público e pela falta de investimentos na Universidade paranaense, conforme denunciado pelo Jornal A Verdade.

“Acho que tem que parar mesmo, pois se não parar agora, não vai adiantar nada parar no fim do ano, quando estiver a situação pior. Não tem como manter a universidade sem dinheiro, eu mesmo, quando vim fazer vestibular no ano passado, não tinha nem papel toalha”, relata.

Sabrina*, professora da UFPR disse que apoia a greve, mesmo sabendo de todos os riscos da paralisação. “Esses profissionais precisam ser valorizados e a melhor forma é parando e mostrando o quanto eles são essenciais. O poder de compra deles é mínimo e a carreira não tem valorização, acho também que todos professores deveriam parar”, diz.

Ela acredita que essa luta não é somente dos técnicos, mas também de todos os trabalhadores que recebem mal e não são valorizados. “E mais, um presidente que surgiu no cenário político devido a greves, não poderá passar por cima de uma, a hora é agora”, disse.

A greve é direito de todo trabalhador, garantida pelo artigo 9º da Constituição Federal e instrumento eficaz de enfrentamento contra toda exploração exercida pela burguesia por meio do sistema capitalista. Não podemos aceitar salários de fome, tampouco nos conformar com a precarização de nosso trabalho e carreiras. Somente a mobilização de todos os trabalhadores, técnicos e professores, e estudantes contribuirá para a conquista dos direitos dos trabalhadores. Valorização dos técnicos já!

*Os nomes são pseudônimos para preservar a identidade dos entrevistados.

Governo Brandão quer privatizar prédio histórico do Maranhão

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O governo de Carlos Brandão (PSB) pretende privatizar a Casa do Maranhão e transformar o edifício histórico em um hotel de luxo. A Casa do Maranhão é um prédio histórico, datado de 1873, que fica localizado no Centro Histórico de São Luís. 

Afonso Sodré | São Luís (MA)


Em mais uma ação que vai contra a história do estado do Maranhão, o governador Carlos Brandão (PSB) pretende ceder o prédio da Casa do Maranhão para empresários do ramo de hotelaria. A Casa do Maranhão é um prédio histórico, datado de 1873, que fica localizado no Centro Histórico de São Luís. O local abriga inúmeros prédios tombados e é um espaço que reúne um acervo histórico inestimável para a sociedade maranhense e brasileira.

O edifício onde fica hoje a Casa do Maranhão foi inaugurado no ano de 1873 e abrigava na época a alfândega de São Luís, por sua proximidade com os portos que funcionavam à época naquela região. Hoje o edifício, que em 2014 foi revitalizado pelo governo do estado, é um museu folclórico que iniciou suas atividades em 2002 e, desde então, realiza exposições sobre lendas, azulejos, embarcações, danças, gastronomia, festas religiosas e manifestações culturais do Maranhão.

A casa do Maranhão também abriga o CRESOL – Centro de Referência de Economia Solidária do Maranhão, que atualmente é um centro de formação, com salas de estudo, biblioteca e brinquedoteca. Cerca de 1.200 famílias são atendidas pelo Centro e mais de 70 grupos realizam a comercialização no espaço, em sua maioria grupos de economia familiar, marisqueiros e quebradeiras de côco. A privatização do espaço significa a retirada dessa importante fonte de renda e de difusão cultural do local.

Mas o que o governo quer de fato fazer com esse local histórico?

O governo maranhense pretende ceder o local para uma rede portuguesa de hotelaria, o grupo Vila Galé, que vem negociando nos últimos 2 anos a instalação de uma rede de hotéis de luxo na capital do estado. Esse grupo pretende instalar três unidades em São Luís, sendo que uma delas já vem sendo construída na antiga sede da Defensoria Pública do

Maranhão, na Rua do Comércio, também localizada no Centro Histórico de São Luís. A outra seria na Casa do Maranhão e a terceira em local ainda não divulgado. De qualquer forma, o plano do grupo é instalar 40 apartamentos no local e transformar em um hotel de luxo.

A ação do governo visa acabar com um monumento histórico do Maranhão, que abriga inúmeras manifestações culturais, e cumpre um papel importante na divulgação da cultura do estado e da capital e além disso é uma importante fonte de renda para muitas famílias pobres de São Luís. Mais uma vez Carlos Brandão demonstra que o lucro está acima da cultura, da história do estado e da fonte de renda de inúmeras famílias. 

Mesmo após o período colonial, a capital do Maranhão continua sendo explorada pelo capital internacional e sua população desrespeitada, enquanto problemas gravíssimos do estado seguem sendo jogados para debaixo do tapete.

Batalhas de rimas como organização cultural e política da juventude

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As batalhas de rima são muito mais do que apenas eventos culturais de lazer. São espaços extremamente enriquecedores e politizantes, nos quais a vivência de rua mistura nossa ancestralidade à atualidade em rimas cada vez mais criativas. 

Higor Paula e Izabel Cardoso | Belém (PA)


CULTURA – Nos últimos tempos, por todo Brasil, houve um perceptível crescimento de popularidade acerca das batalhas de rima, atraindo principalmente jovens de periferia que encontram na arte de rimar uma forma de se expressar. Também conhecidas como duelos de MCs ou batalhas de freestyle, as batalhas de rima são muito mais do que apenas eventos culturais de lazer. São espaços extremamente enriquecedores e politizantes, nos quais a vivência de rua mistura nossa ancestralidade à atualidade em rimas cada vez mais criativas. 

Os artistas que se arriscam nesse duelo devem improvisar versos que façam o público clamar pela sua vitória. Isso se dá pela identificação com a vivência do rapper, pela mensagem que ele passa ou simplesmente por ter conseguido arrancar riso da plateia afetando seu adversário, afinal, diversão também faz parte da cultura.

Assim, tendo em vista que um dos nossos principais objetivos enquanto revolucionários, sendo artistas ou militantes, é alcançar um grande número de pessoas com nosso trabalho, esta matéria visa compreender como as batalhas podem ser locais de boa convivência entre política e arte, enquanto meio de expressão e libertação do nosso povo.

“O Hip-Hop salvou a minha vida”

Desde sua origem, nos guetos de Nova York, o movimento Hip Hop conquistou o mundo com o RAP. As batalhas chegam ao Brasil por volta dos anos 90, com a febre das Disstracks, faixas que tem como função atacar e criticar algo ou alguém. Esses eventos tomaram forma e, mais recentemente, ganharam ainda mais popularidade por meio das redes sociais.

Mesmo buscando atacar o seu adversário, via de regra os rappers fazem isso ao improvisar o que chamam de “ideologia”. Estes, por sua vez, são versos que abordam problemas reais como racismo, pobreza, crime e o abuso de drogas. Como essas rimas são mais valorizadas do que insultos — inclusive havendo modalidades próprias para isso—, estes duelos se tornam lugares propícios para expressão ao estimular o crescimento pessoal e artístico dos participantes.

Muitas das batalhas nascem de maneira orgânica e organizada, com regras e um código moral implícito, seguindo a conduta da cultura Hip Hop. Há assim uma maior liberdade para que os artistas improvisem rimas como preferirem. Ao mesmo tempo, as regras evitam maiores problemas, como preconceito e ofensas pessoais, no intuito de criar um espaço acolhedor para todos.

A arte liberta

Uma boa forma de explicar como é possível relacionar política e arte são justamente as rimas improvisadas nessas rodas. As vivências de luta, expressas nas rimas pelos artistas, são uma clara demonstração de como a falta de políticas públicas afeta a vida de milhões de jovens que vivem sob esse sistema capitalista. A fome, a miséria, o racismo e drogas são assuntos frequentes nas letras, problemas ainda persistentes mesmo nos governos ditos “progressistas”.

Tal como Don L, uma nova leva de artistas revolucionários vem surgindo, fruto da desilusão com a realidade inalterada em que vivemos. Para falar mais sobre isso, conversamos com um dos artistas que consideramos parte dessa leva: o rapper nortista Sumano. Com rimas intensas e críticas contando com um grande repertório histórico e cultural, o rapper lançou recentemente o álbum “Nortes”.

A Verdade: No seu trabalho, podemos ver que você cita diversas figuras históricas revolucionárias, além de claro, citar uma revolução ocorrida aqui na nossa região norte, a Cabanagem. Por que você resolveu utilizar esses elementos?

Sumano: Porque eu sou fruto desses processos, e não os conheci na escola formal, os livros não falavam disso. A TV não fala disso, e os poucos conteúdos mais acessíveis tratam esses fatos de forma deturpada ou romantizada ao extremo. Quisemos ser uma das poucas experiências artísticas a falar de nós para os nossos e para o Brasil, por que até o atual momento a nossa história é contada por outros, e somos descritos a partir do olhar do estranho. E o rap tem em seu escopo esse paralelo entre arte e a realidade de forma mais incisiva, dando margem para a transformação ou não dela.

Como você esperava que as pessoas recebessem sua mensagem?

Sumano: Eu, enquanto artista preto, ribeirinho da Amazônia, quis contribuir com a cultura e a arte brasileira através do rap, com base nas minhas percepções do lugar que pertenço. A intenção é que os ouvintes se aprofundem no que tá sendo dito e cheguem a novas reflexões para que essas temáticas sigam em debate independente se for por meio do nosso disco.

Agitação nas batalhas

Uma boa forma de nos aproximar da cultura Hip-Hop é simplesmente estar presente e fazer parte dessas rodas culturais. Por mais que sejam eventos abertos, é importante utilizar dos espaços que tem o “mic aberto” para realizar nossa agitação e propaganda. Mic aberto significa que com a permissão dos organizadores você pode anunciar algo a todos, podendo ser utilizado, por exemplo, para divulgação de projetos, ações e eventos.

Um exemplo de aproximação foi a Batalha da Ocupação aqui em Belém, realizada em uma ocupação do Movimento de Mulheres Olga Benário. Esse evento reúne desde artistas que duelam até artistas que apresentam suas próprias criações no formato de “Pocket Shows” ou recitações. Ao ser realizada em conjunto com organizadoras de batalhas locais, a Batalha da Ocupação tem potencial para se tornar um evento renomado na cultura popular.

Como meio de compreender melhor como essas batalhas mudam a vida dos artistas que vivem essa cultura diariamente, entrevistamos Eloise Sousa, de vulgo Kaipora MC, artista local de Belém e militante da Unidade Popular, que com frequência disputa nas batalhas da capital paraense:

A Verdade: Nas batalhas a gente vê que você concilia sua vivência junto a sua militância, aproveitando do espaço para realizar agitação política, como e por que você faz isso?

Kaipora MC: Eu utilizo principalmente minha habilidade de rimar para fazer essa agitação durante as batalhas, aproveitando o local de evidência. Quando estou na batalha sei que tenho atenção de toda a plateia e do meu adversário, aproveito disso para transmitir a nossa linha política, por entender que as batalhas fazem parte da cultura Hip Hop e que é uma cultura que nasce com um viés político de resistência.

De que forma as batalhas surgem para que você possa expressar a sua arte?

Kaipora MC: Antes de me entender como MC, eu já era militante da Unidade Popular, quando encontrei a cultura Hip Hop e as batalhas de MC’s as coisas se complementaram, pois senti que tinha encontrado um lugar onde poderia me expressar livremente, utilizando a arte do freestyle como uma ferramenta de transformação social e colocando em prática uma arte revolucionária que a muito tempo vivia em mim. Então as coisas naturalmente se conciliaram, visto que nós somos o partido do povo preto e periférico que busca uma nova sociedade.

Kaipora MC faz parte do coletivo Nortx Ground, junto com Sara Nortx e Djay, também militante da Unidade Popular e organizadora da Batalha da Ocupação. Recentemente o coletivo lançou sua primeira faixa autoral intitulada “Chora Boy”, iniciando sua caminhada na indústria musical do RAP, o single está disponível no YouTube pelo canal “Banca Da Nortx”.

“A prática é o critério da verdade”

Incentivar nossa cultura por meio de eventos, ações e atividades são fundamentais para que nossa militância chegue até o povo. Devemos garantir que nosso trabalho seja levado a sério, assim como nunca subestimar o poder popular que reside nas Batalhas. Parcerias pontuais são sempre bem-vindas, assim como é preciso caminhar para um futuro em que estejamos de maneira contínua nesses espaços, atuando para sermos reconhecidos como parte essencial desse movimento.

Povo exige justiça após assassinato de jovem pela Polícia Militar no Recife

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No último sábado, 16 de março, um crime abalou a comunidade do Jordão Baixo, no Recife. Enquanto a Polícia Militar (PM) perseguia suspeitos de roubo de um veículo, na Rua Professora Arcelina Câmara, um jovem de apenas 13 anos, Darik, foi alvejado pela Polícia. No dia 18, moradores do bairro do Jordão Baixo organizaram uma manifestação pedindo justiça por Darik.

Pedro Rodrigues | Recife – PE


Segundo relatos dos pais da vítima, os policiais estavam perseguindo os suspeitos e, de forma irresponsável, teriam atirado pela rua. O jovem Darik, que se assustou com a situação e com o latido do cachorro, correu para se proteger e a Polícia, sem pensar duas vezes, atirou no menino.

Darik, um talentoso jogador de futsal do Sport Club do Recife, cujo sonho incluía uma futura viagem para o Rio de Janeiro para jogar pelo Vasco, teve sua vida ceifada de forma brutal e repentina. Assim como Darik, muitos jovens, principalmente da periferia, são vítimas da violência institucional que cresce em ritmo acelerado no Estado de Pernambuco.

A PM, ao longo da história do Brasil, sempre serviu como instrumento de controle social em favor da classe dominante, da burguesia, e consequentemente, do Estado Burguês, servindo como um mecanismo de repressão aos que sustentam o país: o proletariado. Lênin, ao analisar a natureza da polícia e do aparato repressivo do Estado, critica a ideia equivocada de que essas instituições surgem naturalmente devido à complexidade social. Pelo contrário, ele argumenta que essas instituições são mantidas para proteger os interesses das classes dominantes, agindo como o braço armado pronto para manter a ordem estabelecida e preservar a hegemonia da classe dominante.

Manifestação e luta popular

Moradores segurando cartazes escrito: “Justiça por Darik”
Moradores segurando cartazes escrito: “Justiça por Darik”. Foto: Pedro Rodrigues (JAV/PE)

Na tarde de 18 de março, os moradores dos bairros de Jordão Baixo, Ibura e Jardim Jordão uniram suas vozes em protesto, clamando por justiça para Darik e pela punição dos seus assassinos. Os gritos de “Justiça por Darik! Ele não era ladrão, era inocente! Sistema covarde! Sistema falido!” ecoaram pelas ruas. 

Isso mostra que a população, tanto da Zona Sul do Recife quanto do Brasil, está revoltada com as ações da PM nos bairros e nas favelas. Não é coincidência o fato de a PM, no Recife, matar apenas pessoas negras por dois anos consecutivos, é projeto político. O povo está consciente de que o culpado é o sistema capitalista que utiliza do aparato da violência, da repressão de caráter fascista da PM, para controlar a população a obedecê-lo. 

Por isso, é urgente construir um novo sistema, em que os filhos da classe trabalhadora não tenham medo de sair na rua, de jogar bola e de sonharem. É preciso que tenhamos um novo horizonte de que é possível a população conquistar uma vida digna. Esse novo horizonte se chama socialismo, e precisamos estar organizados para lutar por ele todos os dias. Não há outro meio, a juventude das periferias não pode continuar tendo sua vida ceifada, o capitalismo precisa acabar por meio das nossas próprias mãos. 

Pelo fim do capitalismo! Pelo poder popular! Pela memória de Darik!

DARIK, PRESENTE! AGORA E SEMPRE!

A volta às aulas e o sucateamento das escolas públicas

Isabella Gandolfi (RJ) e Isabelle Vaz (SP) | Diretoras da UBES

Ao longo do mês de fevereiro, milhões de alunos do ensino básico começaram a retornar às salas de aula após as férias. Apesar de ingressarem num novo ano letivo, encontraram velhos problemas ao chegarem às escolas.

O Brasil ocupa os últimos lugares nos rankings internacionais de Educação. Em 2023, o país foi um dos mais mal avaliados pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), ligado à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que avalia o desempenho dos estudantes na faixa etária dos 15 anos em áreas como leitura, matemática e ciências. Segundo o estudo, 73% dos alunos tinham conhecimento de matemática abaixo do nível 2, o que significa que 7 em cada 10 jovens de 15 anos não sabem resolver problemas simples de matemática, como converter moedas ou comparar distâncias.

Mas esse desempenho fraco não é por que nossos estudantes são incapazes ou menos inteligentes que os de outros países. Ao contrário, é resultado de décadas de negligência do Estado em relação à educação pública, que se comprova no baixo orçamento destinado às escolas, nos problemas de estrutura, na ausência de políticas eficazes de assistência estudantil e em inúmeros projetos que pioram a qualidade do ensino, como o famigerado “novo” ensino médio, que abre portas para a privatização da educação pública.

Escolas sucateadas

Em outubro de 2022, o Tribunal de Contas da União avaliou nacionalmente a infraestrutura das escolas e contabilizou que 57% das salas de aula são inadequadas. Exemplo disso é a Escola Estadual Jaime Alencar de Oliveira, em Fortaleza (CE). No último dia 10 de fevereiro, após fortes chuvas, os estudantes encontraram quase todas as 12 salas completamente danificadas. Mesmo com o forro do teto rompido, os alunos foram submetidos a assistir às aulas sob o risco de que mais partes do teto caíssem sobre suas cabeças. 

“Algumas lâmpadas estão quase caindo sem o forro e temos muita infiltração nas paredes e goteiras no teto. Sem contar o medo que temos de que, se chover durante uma aula, um pedaço do forro pode simplesmente cair sobre nossa cabeça”, disse, revoltada, a estudante Darlin Paredes.

Segundo o Grêmio Estudantil, a Secretaria de Educação do Ceará foi acionada e chegou a visitar a escola para avaliar a estrutura, tirando algumas partes do teto. Entretanto, após a visita, o refeitório foi interditado pela direção escolar por risco de desabamento do teto.

No Rio de Janeiro, a situação não é diferente. Na Zona Oeste, os estudantes do Colégio Estadual Colecchio, estão enfrentando dificuldades relativas à climatização. Localizada em Bangu, um dos bairros mais quentes da cidade, a escola não possui ar-condicionado nas salas de aula, fazendo com que muitos professores e alunos passem mal de tanto calor. Segundo o presidente do Grêmio Estudantil, Davi Nascimento, que também é diretor da Associação Municipal dos Estudantes do Rio de Janeiro (Ames-Rio), “essa semana estava tão quente que tivemos que chamar a ambulância para um aluno. O Grêmio está organizando um abaixo-assinado para entregar à Secretaria de Educação. A maior parte dos estudantes da escola já assinou. Além disso, queremos mostrar para comunidade o que está acontecendo”. 

Em Minas Gerais, uma das maiores escolas do Estado, o Instituto Estadual de Educação de Minas Gerais (Iemg), teve salas de aula incendiadas devido à ausência de manutenção nas estruturas de uma das salas que servia de depósito de carteiras escolares e móveis velhos. Ao todo, 39 alunos foram levados ao hospital por inalarem a fumaça.

Infelizmente, esses não são casos isolados, ocorrem cotidianamente de norte a sul com muitos estudantes em nosso país. Por outro lado, temos quase metade do dinheiro público sendo pago para os banqueiros e grandes ricos acionistas através da dívida pública.

Educação não é mercadoria!

Como se não bastassem todos esses os problemas, a reforma do ensino médio, vendida como a “solução” para os problemas da educação brasileira, intensificou o sucateamento do ensino público em todos os seus pilares. De acordo com pesquisa do Sesi/Senai, em parceria com o Instituto FSB Pesquisa, a evasão escolar cresceu desde a pandemia e apenas 15% dos estudantes brasileiros com idade acima de 16 anos afirmam estar na escola. O “novo” ensino médio, proposto pelo deputado federal Mendonça Filho (DEM) durante o governo do golpista Michel Temer, foi financiado por grupos capitalistas que lucram com o ensino privado.

Em defesa da Educação!

Os estudantes secundaristas precisam avançar em sua organização e nas lutas para transformar essa realidade. Por isso, a formação de grêmios, a participação em congressos e manifestações é fundamental para transformar o ambiente escolar num espaço mais acolhedor para os alunos, através da realização de atividades culturais, esportivas, debates e palestras. O movimento estudantil tem como principal objetivo organizar a luta pelo direito de todos terem um ensino de qualidade, sendo os estudantes os protagonistas dos verdadeiros avanços na educação dentro das escolas.

Precisamos, assim, aumentar a mobilização nas escolas para conquistar a construção de uma escola que seja um espaço livre das opressões, um espaço em que os estudantes possam opinar no seu funcionamento, que tenha condições dignas de estrutura para estudar, que proporcione mais políticas de permanência estudantil, que prepare os estudantes para ingressar na universidade e desenvolva seu pensamento crítico.

Matéria publicada na edição nº 287 do Jornal A Verdade

O que eram as Reformas de Base do Governo João Goulart

O Comício da Central completa seus 60 anos sem o nosso país ter aplicado nada do programa defendido por Jango.

José Levino e Redação


HISTÓRIA – Era uma sexta-feira e, como todos os dias, centenas de milhares de trabalhadores se deslocavam dos bairros da periferia do Rio e da Baixada Fluminense para o Centro. Mas aquele 13 de março de 1964 não era uma sexta qualquer. Aqueles trabalhadores, na sua maioria pobres, negros, moradores das favelas e muitos analfabetos não estavam indo para o trabalho, mas para uma das maiores manifestações populares da história do nosso país.

As dificuldades nos trens urbanos da Central do Brasil, que vemos até hoje no Rio de Janeiro, já existiam naquela época. Superlotados e em condições precárias, os trens já levavam a classe trabalhadora dos bairros da Zona Norte, Oeste e da Baixada Fluminense para trabalhar no Centro e na Zona Sul. Mas nada disso impediu aqueles operários, lavadeiras, professores, metalúrgicos, ferroviários e tantas outras categorias de estarem no famoso Comício da Central, convocado pelo presidente João Goulart com o apoio dos sindicatos e dos movimentos sociais.

Foi neste ato que Jango apresentou as propostas das Reformas de Base: fim do analfabetismo, Reforma Agrária, Urbana, Bancária e estatização dos setores estratégicos. 

“O Governo reafirma seus propósitos inabaláveis de lutar com todas as suas forças pela reforma da sociedade brasileira. Não apenas pela Reforma Agrária, mas pela Reforma Tributária, pela Reforma Eleitoral ampla, pelo voto do analfabeto, pela elegibilidade de todos os brasileiros, pela pureza da vida democrática, pela emancipação econômica, pela justiça social e ao lado do povo pelo progresso do Brasil”. Esta declaração de Jango às 200 mil pessoas presentes mostrava o caráter daquela mobilização histórica.

Mas a classe dominante brasileira, o imperialismo estadunidense e os generais fascistas nunca permitiram que este programa fosse posto em prática.

Além de mostrar disposição de avanço, Goulart deu provas concretas. Com um decreto já assinado que dizia: “Declara de interesse social, para fins de desapropriação, as áreas rurais que ladeiam os eixos rodoviários federais, os leitos das ferrovias nacionais, e as terras beneficiadas ou recuperadas por investimentos exclusivos da União em obras de irrigação, drenagem e açudagem, atualmente inexploradas ou exploradas contrariamente à função social da propriedade”.

Era tarde, porém. Até então, não apenas o Governo não pôs a mobilização popular como fundamental para as reformas, como a esquerda, em sua maioria, mantinha ilusão no caminho institucional, apelando para a participação das massas como forma de apoio, mas não como centro de uma estratégia de criação de um poder popular. 

As forças progressistas estavam apenas no Governo Federal e em alguns estados, como Pernambuco, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Mas o poder continuava nas mãos das classes dominantes, a burguesia nacional e internacional e os latifundiários, tendo ao seu lado, como ficou devidamente comprovado, as Forças Armadas.

Logo após o comício da Central do Brasil, a direita fascista convocou a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que mobilizou milhares de pessoas em todo o país contra o Governo Goulart e as Reformas de Base. Eram marchas financiadas pela grande burguesia e com a presença maciça da alta classe média do Rio de Janeiro (então Estado da Guanabara) e São Paulo.

A origem das marchas foi a Cruzada do Rosário, que, sob o pretexto de homenagear a Virgem Maria e rezar o terço em família, tratava-se de propaganda ideológica convencendo o povo de que os que defendiam a reforma eram comunistas e ateus, que queriam destruir a religião e a família.

O que eram as Reformas de Base?

Eram reformas perfeitamente possíveis e até exigidas pelo desenvolvimento capitalista, desde que de caráter nacional, soberano, como já acontecera nos países centrais, chamados, na época, de “Primeiro Mundo”.

Era apenas o programa de governo do antigo PTB, dando sequência à linha varguista de consolidação de um capitalismo menos dependente dos países dominantes. Suas principais bandeiras eram a Reforma Agrária, a Reforma Urbana, Educacional e Fiscal. Em essência, tratava-se de:

  1. Reforma Agrária – Desapropriação do Latifúndio, mediante indenização com títulos da dívida pública, com distribuição para os camponeses sem terra ou com pouca terra (minifúndios).
  2. Reforma Bancária – Para concessão de crédito aos pequenos produtores rurais e urbanos, visando ao seu crescimento econômico. O eixo seriam os bancos estatais.
  3. Reforma Urbana – Regulamentação do uso e da posse do solo urbano, para desenvolvimento organizado das cidades, garantindo moradia digna para todas as famílias.
  4. Reforma Educacional – Valorização do Ensino Público e Gratuito, do Magistério, abolição da cátedra vitalícia nas universidades. Erradicação do analfabetismo, utilizando-se o método Paulo Freire.
  5. Reforma Fiscal – Promoção da justiça fiscal, com tributação progressiva e taxação das grandes fortunas.

O projeto previa ainda universalização do voto, incluindo analfabetos e soldados de baixa patente e, no campo da economia, o controle das multinacionais e regulamentação da remessa de lucros para o exterior. A remessa, por sinal, foi regulamentada por Goulart, via decreto. Determinava também a nacionalização de setores estratégicos da economia, em vista do desenvolvimento nacional soberano, a exemplo do elétrico, refino do petróleo, indústria químico-farmacêutica.

Mas nem isso a burguesia brasileira e os latifundiários poderiam aceitar. Num país que ainda não superou as marcas de quatro séculos de escravidão, as elites, filhas dos donos de escravizados, não poderiam admitir que este povo trabalhador assumisse quaisquer direitos ou posições de poder.

As Reformas de Base não tinham nada de revolucionárias e tampouco de socialistas. Mas a mobilização popular que era exigida para colocá-las em prática era inaceitável ao imperialismo e aos militares fascistas. Eles sabiam que se o povo na rua conseguisse estas reformas poderiam muito bem avançar até derrubar, por completo, o poder dos latifundiários e burgueses no país.

O problema dos reacionários com o Comício da Central, portanto, não era com Jango, que estava no palanque. Mas com aquelas centenas de milhares de trabalhadores espalhadas pelas pistas da Av. Presidente Vargas e a Praça da República, que exigiam suas reivindicações econômicas e políticas, expressas em milhares de faixas e cartazes, incluindo a legalidade para o Partido Comunista.

Golpe contra o povo trabalhador

É nesse contexto que no dia 1º de abril, dia da mentira, sintomático, pois o golpe adota o nome de Revolução, Jango está deposto. Até o general de sua confiança, Assis Brasil, não moveu uma palha para defender o Governo. Ele confessou que o tal dispositivo militar em que Jango e as forças da esquerda reformistas tanto acreditavam, nunca existiu. Foi mais uma mentira.

O governador gaúcho Leonel Brizola garantiu o levante do II Exército (Rio Grande do Sul), mas Jango se opôs. “Não queria derramamento de sangue”, disse o presidente. Preferiu ir para o exílio no Uruguai. A proposta de greve geral feita pelo Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) não teve êxito. Houve apenas paralisações isoladas, como a da Mina de Morro Velho. A noite de agonia se instalaria por 21 anos e seus efeitos permanecem até hoje. 

Se as esquerdas e os movimentos sociais e populares não tirarem as lições, não aprenderem com a História, não fizerem autocrítica e redefinirem suas estratégias, poderá mesmo acontecer tudo de novo. Como tragédia ou como farsa, o que, de nenhuma forma interessa ao povo brasileiro.

O Comício da Central completa seus 60 anos sem o nosso país ter aplicado nada do programa defendido por Jango. As Reformas de Base continuam por serem feitas no nosso país. Aqui, o capitalismo conseguiu se desenvolver sem cumprir sequer com essas mudanças realizadas em outras potências capitalistas. Apesar de a Constituição de 1988 ter dado direito de voto aos analfabetos, o analfabetismo continua a ser a realidade de 10 milhões de pessoas, a Reforma Agrária não foi feita e os camponeses foram expulsos do campo com a expansão do agronegócio, filho dos latifundiários de 1964 que hoje ganham bilhões todos os anos do governo.

O ato histórico mostra também o real caráter do fascismo no Brasil. Assim como o ato do fascista Bolsonaro, no último dia 25 de fevereiro, as tais Marchas da Família de 1964 não eram movimentos da classe trabalhadora, mas de pessoas pertencentes a setores privilegiados da sociedade brasileira. O Comício da Central do Brasil, por sua vez, mostra quem sempre teve compromisso com o desenvolvimento e o avanço dos direitos sociais no Brasil: a classe trabalhadora, os moradores das periferias, os analfabetos e aqueles que nunca estiveram no poder.

Matéria publicada na edição nº 287 do Jornal A Verdade.

Mulheres vão às ruas em toda América Latina e Caribe

Comitê Coordenador do 4º Encontro de Mulheres da América Latina e do Caribe


MULHERES – Hoje, mais do que nunca, devemos levantar as bandeiras do Congresso das Mulheres Socialistas de 1910, realizado na Dinamarca, no qual Clara Zetkin propôs a comemoração de um dia internacional da mulher trabalhadora.  Neste 08 de março, em toda a América Latina e Caribe, nos encontraremos unidas nas ruas de diferentes países denunciando a situação alarmante que estamos vivendo. A partir das nossas organizações e movimentos, trabalhamos pela unidade das mulheres nos nossos países, nos organizando em bairros, escolas, universidades, sindicatos, fábricas e comunidades, expressando nosso compromisso político e nosso protagonismo para que possamos triunfar diante das duras batalhas que temos travado e nas que virão.

O sistema capitalista-imperialista oprime cada vez mais os seres humanos, sua decadência na crise atual tornou as condições de vida e trabalho de homens e mulheres cada vez mais precárias para manter seus lucros. A oligarquia financeira e a grande burguesia dos países da América Latina e do Caribe tentam fortalecer seu sistema econômico por meio de políticas neoliberais, implementando governos de extrema-direita e fascista; em outros casos, exerce o poder por meio de governos inoperantes e corruptos, que se subordinam às indústrias poluentes, corporações exploradoras ou máfias narco-criminosas e grupos paramilitares. Mas, em todos os casos, esses governos têm um sério impacto na vida de mulheres, das jovens e crianças, através de formas particulares de violência e precariedade.

De acordo com o relatório da ONU Mulheres de 2023, se a mesma tendência continuar, 340 milhões de mulheres e meninas em todo o mundo viverão em extrema pobreza até 2030 e, se as mudanças climáticas continuarem, outras 158,3 milhões serão empurradas para a mesma condição. Na América Latina e no Caribe, apenas 66% das mulheres estão empregadas, com uma diferença salarial média de 17% a menos para o mesmo trabalho realizado; 22% de meninas e jovens se dedicam ao trabalho doméstico e de cuidado; esses números são ainda mais graves à medida que aumenta a idade das mulheres, se seu nível de escolaridade é mais baixo, se elas têm filhos, se são migrantes, negras ou indígenas.

Nesta região do mundo, 58% das mulheres rurais sofrem de pobreza e 19% das mulheres urbanas sofrem de pobreza multidimensional – que inclui, além de renda, a falta de acesso a todos os serviços sociais necessários à garantia da dignidade humana: saúde, educação, moradia, saneamento, cultura, lazer, etc. No que diz respeito à violência baseada em sua condição de gênero, 34% das mulheres na América Latina e no Caribe sofreram algum tipo de agressão e 30% das mulheres se tornam mães antes dos 20 anos.

Nestas condições, é prioritário enfrentar as grandes calamidades que se avizinham e que descarregam todos os seus efeitos nas costas dos nossos povos. Para um futuro com respeito e dignidade, é indispensável a recuperação da soberania nacional, dos territórios dos povos originários, dos nossos recursos naturais e a industrialização dos nossos países, para fazer avançar o propósito da libertação de todo o povo e da emancipação da opressão imperialista, que não será possível sem a eliminação de todas as formas de exploração e opressão das mulheres e a derrota definitiva do patriarcado.

Defender cotidianamente a eliminação das barreiras econômicas, sociais, culturais e judiciais que tornam as mulheres mais expostas à pobreza e à violência. Uma vez que as mulheres, independentemente da sua idade, passam a maior parte do seu tempo a realizar trabalhos não remunerados: no ambiente doméstico e de cuidado dos filhos, idosos e os doentes crônicos e, por isso, vivem em maior precariedade. Quando, na verdade, essas tarefas deveriam ser de responsabilidade pública, cabendo ao Estado assegurar, através de políticas sociais, os orçamentos suficientes para investimentos em saúde, educação, centros de desenvolvimento infantil e creches para as crianças, além de um maior cuidado dos idosos e doentes crônicos, além de refeitórios e lavanderias públicas em todas as cidades e bairros.

O aumento geral dos salários é uma demanda de trabalhadoras e trabalhadores que vendem sua força de trabalho cotidianamente, mas não conseguem prover às suas famílias uma vida digna com alimentação saudável e de qualidade, moradia adequada, lazer e cultura. Particularmente, nos nossos países, uma em cada três casas são sustentadas pelo trabalho das mulheres, muitas delas mães solteiras. Apesar disso, as mulheres continuam a serem discriminadas por não terem acesso a empregos mais bem remunerados; as leis trabalhistas desses países não protegem a saúde reprodutiva, a maternidade ou amamentação das mulheres trabalhadoras, pelo contrário, são vítimas de assédio laboral, que se soma a todas as políticas que aumentam a exploração do trabalho.

Por causa da dupla exploração e opressão, as mulheres são as que mais sofrem com o peso das necessidades sofridas por nossos povos. Por isso, afirmamos nosso compromisso de defender todos os nossos direitos, de resistir através de muitas lutas a todas as políticas fascistas, neoliberais, opressoras e discriminatórias. Organizar e construir opções de governo centradas nos interesses da classe trabalhadora e do povo sem qualquer forma de exploração.

No Brasil mulheres vão às ruas

Em nosso país, a fome já atinge 20% dos lares chefiados por elas e, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), já são 32 milhões de crianças e adolescentes sem ter o que comer.

A violência atinge três a cada dez mulheres todos os dias e o resultado é que, a cada ano, mais de 1.300 são assassinadas e milhares são estupradas.

Nesse sentido, ações de luta e denúncias contra a fome e a violência, como as desenvolvidas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e pelo Movimento de Mulheres Olga Benario são fundamentais, seja através das ocupações de grandes redes de supermercados seja ocupando imóveis para implantar casas de referência e assegurar a vida das mulheres.

Assim, no último dia 05 de março, mais uma jornada nacional de lutas contra a fome foi realizada, com o tema “Mulheres contra a Fome”, parceria do MLB com o Movimento Olga denunciando a carestia, a fome, e reivindicando acesso a gêneros alimentícios básicos.

Contra as guerras imperialistas

Neste ano, além de levantar as demandas não resolvidas da América Latina e do Caribe, queremos levantar nossas vozes contra as guerras imperialistas. As contradições entre os países imperialistas causaram a morte de mais de um milhão de civis de 2001 até hoje e o deslocamento de mais 54 milhões de pessoas devido às invasões no Afeganistão, Iraque, Líbia, Paquistão, Síria, Ucrânia e outras 85 operações ou ataques militares. 

O caso mais grave é o genocídio executado pelo Estado fascista de Israel contra o povo palestino. Já são mais de 30 mil assassinatos, dos quais, 70% são de mulheres e crianças. Todos os meses, cerca de 5 mil mulheres palestinas terminam suas gestações em condições extremas e sem assistência médica. São mais de dois milhões de pessoas, sobretudo mulheres e crianças, que não têm o que comer e beber e dependem unicamente de ajuda humanitária externa.

Não há duvidas que se trata de um genocídio perpetrado pelo imperialismo norte-americano e europeu através de seu instrumento no Oriente Médio, o sionismo israelita. Por isso, devemos lutar e exigir o cessar-fogo imediato e o respeito à soberania do povo palestino de constituir seu próprio Estado independente.

Por tudo isso, temos consciência do importante papel que jogam as mulheres nas derrotas daqueles que querem manter o povo sob as botas do capitalismo. Não baixar a cabeça e seguir organizando as mulheres é o nosso compromisso cotidiano e, justamente por isso, fomos parte importante nas vitórias eleitorais sobre os candidatos da extrema-direita, como na Colômbia, Brasil, Chile e Peru.

Mas sabemos que há muito por fazer. Por isso, venha conosco lutar por uma América Latina e Caribe livres e soberanos!

Viva a luta libertadora das mulheres por um mundo justo, igualitário, sem explorados e nem oprimidos!

Pelo respeito a todos os direitos das mulheres, jovens e crianças!

Avancemos firmemente na organização dos amplos setores de mulheres!

Viva o 8 de Março, Dia Internacional da Mulher Trabalhadora!

Declaração publicada na edição nº 287 do Jornal A Verdade.

Governo de São Paulo segue privatizando

Marcelo Viola | Diretor do Sintaema – SP


BRASIL – Desde o início de seu mandato, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), vem promovendo uma grande ofensiva sobre o patrimônio público do povo paulista, prometendo vender tudo o que fosse possível.

No dia 29 de fevereiro, foi realizado o leilão que privatiza a Linha 7 – Rubi do trem, que abrange o trecho Barra Funda/Jundiaí. No mesmo leilão, também foi concedida a construção do trem intercidades até Campinas, arrematado por R$ 8 bilhões pelo consórcio C2 Mobilidade sobre Trilhos, que uniu os grupos Comporte (dono da Gol Linhas Aéreas) e CRRC (companhia chinesa que fabrica e opera trens).

Assim, fica evidente, mais uma vez, que o compromisso de Tarcísio com as elites nacionais e internacionais supera a expressão da vontade do povo de São Paulo. Em 2023, quase um milhão de paulistas se manifestou no plebiscito popular, com 95% dos participantes se opondo às privatizações, mas o governador só tem olhos para a burguesia.

A experiência com as privatizações anteriores do transporte sobre trilhos no Estado de São Paulo é mais um motivo para que não tivesse continuidade esse projeto, uma vez que as quatro linhas hoje privatizadas são acometidas por falhas diárias, superlotação e descarrilamentos, além de dar prejuízo, que é compensado pelos repasses públicos para as operadoras privadas.

Portanto, o recente leilão é mais um crime de Tarcísio, uma vez que só beneficia o grande capital e ignora a vontade e as necessidades dos trabalhadores.

Agora, a próxima investida do governador fascista, já com data marcada para 10 de abril, é sobre a Empresa Metropolitana de Água e Energia (Emae), empresa estratégica na produção de energia e controle da vazão das represas.

Diante dessa situação, é muito importante mobilizar a classe trabalhadora e construir uma grande greve geral que impeça a continuidade dos leilões e reverta as privatizações que já aconteceram.

Matéria publicada na edição nº 287 do Jornal A Verdade